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ARTICULAÇÃO DO JOELHO As faces articulares da articulação do joelho são caracterizadas pelo seu grande tamanho e pelas suas complicadas e incongruentes formas, as quais têm uma importante influência nos movimentos desta articulação. As faces articulares são os côndilos do fêmur, os côndilos da tíbia e a patela. O fêmur inclina-se medialmente ao joelho, enquanto a tíbia é quase vertical. O ângulo entre os eixos longitudinais do fêmur e da tíbia é de aproximadamente 10 a 12 graus, encontrando-se exagerado no joelho valgo (joelho em X). A cápsula articular que reveste a articulação é, em geral, muito delgada e deficiente em algumas áreas. A membrana fibrosa da cápsula articular fixa-se ao fêmur, superiormente à fossa intercondilar, às margens dos côndilos femorais, às margens da patela e do ligamento da patela, e às margens dos côndilos tibiais. A patela e o ligamento da patela servem como membrana fibrosa anteriormente. À medida que a membrana fibrosa se estende do fêmur à tíbia, ela se fixa à periferia dos meniscos. A parte da membrana fibrosa entre os meniscos e a tíbia é, às vezes, denominada ligamento coronário. Na face medial da articulação, a membrana fibrosa geralmente se funde com a parte posterior do ligamento colateral tibial. Na face lateral da articulação, um forte espessamento da membrana fibrosa (ligamento lateral curto) estende-se do epicôndilo lateral do fêmur à cabeça da fíbula, situando-se profundamente ao ligamento colateral fibular. A membrana fibrosa é reforçada em ambos os lados pelos retináculos medial e lateral da patela que são constituídos, respectivamente, por expansões aponeuróticas da fáscia suprajacente e dos músculos vastos, medial e lateral. Na face posterior da articulação, a membrana fibrosa forma uma delgada camada, profundamente às cabeças do músculo gastrocnêmio. Em geral, há uma bolsa entre cada cabeça e a membrana fibrosa. Entre as cabeças do músculo gastrocnêmio, a membrana fibrosa é espessada por uma forte expansão do tendão do músculo semimembranáceo, o ligamento poplíteo oblíquo, que se estende superior e lateralmente, cruzando a face posterior da articulação, em direção ao côndilo lateral do fêmur e à cabeça lateral do músculo gastrocnêmio. Além deste ligamento, reforçando a membrana fibrosa posteriormente existe o ligamento poplíteo arqueado que se estende do epicôndilo lateral do fêmur à cabeça da fíbula, sobrepondo-se à origem do músculo poplíteo. Ligamentos extracapsulares. O ligamento colateral tibial é uma faixa larga, achatada, que se estende do epicôndilo medial do fêmur à face medial da tíbia, próximo à sua tuberosidade. Situa-se externamente à membrana fibrosa da cápsula articular, a qual se fixa medial e posteriormente. Fixa-se também à face externa do menisco medial e à tíbia, sendo que uma ou mais bolsas podem estar presentes profundamente ao mesmo. Em conjunto com as amplas expansões do tendão do músculo semimembranáceo, constitui um importante suporte para o lado medial da articulação. O ligamento colateral fibular, mais arredondado e em forma de cordão, estende-se do epicôndilo lateral do fêmur à cabeça da fíbula. Sua face profunda está relacionada ao ligamento lateral curto. Sua extremidade inferior é coberta pelo tendão do músculo bíceps femoral (interpondo-se uma bolsa), e é separada do menisco lateral pelo tendão do músculo poplíteo. As estruturas estabilizantes de importância na face lateral da articulação são: o ligamento colateral fibular, o tendão do músculo bíceps femoral, o tendão do músculo poplíteo e o trato iliotibial. Componentes intra-articulares. Estes consistem dos ligamentos cruzados, dos meniscos e do ligamento meniscofemoral (posterior e anterior). O tendão do músculo poplíteo também é intra-articular em uma parte de seu curso. Os ligamentos cruzados impedem o deslocamento da tíbia e do fêmur no plano sagital. O ligamento cruzado anterior estende-se da face medial do côndilo lateral do fêmur à área intercondilar anterior da tíbia, impedindo a rotação medial e o deslocamento anterior da tíbia. O ligamento cruzado posterior estende-se da face lateral do côndilo medial do fêmur à área intercondilar posterior da tíbia, estabilizando a articulação, quando flexionada, e impedindo o deslocamento posterior da tíbia. Os dois ligamentos cruzam-se aproximadamente como as pernas da letra X. Posteriormente, os ligamentos cruzados são contínuos com a cápsula articular, cuja membrana sinovial se prolonga ao redor deles, podendo, ainda, haver entre estes ligamentos uma bolsa sinovial. Os meniscos medial e lateral são estruturas em forma de meia-lua, densamente fibrosas, que repousam sobre as faces articulares dos côndilos tibiais. Aprofundam a face articular dos côndilos, medial e lateral, da tíbia e agem como coxins ou estabilizadores absorventes de choques. As extremidades dos meniscos estão fixadas à tíbia, anterior ou posteriormente à eminência intercondilar, sendo que, anteriormente, os meniscos também podem estar unidos por uma faixa fibrosa, o ligamento transverso, às vezes, ausente. Cada menisco é de seção cuneiforme, com uma periferia espessa, que se funde com a cápsula articular, e uma margem interna delgada e livre. Enquanto o menisco medial, com formato semicircular, não é muito móvel porque se funde com o ligamento colateral tibial, o menisco lateral, com formato quase circular, é relativamente móvel porque não se funde com o ligamento colateral fibular. Às vezes, o menisco lateral é sulcado póstero-lateralmente pelo tendão do músculo poplíteo, que se origina, em parte, de sua porção posterior. São comuns as variações de forma e arranjo dos meniscos, e ligamentos intermeniscais oblíquos podem estar presentes. É raro um dos meniscos, geralmente lateral, apresentar a forma discóide. Comumente, uma faixa fibrosa estende-se da parte posterior do menisco lateral até o côndilo medial do fêmur. Pode passar posteriomente ao ligamento cruzado posterior, como ligamento meniscofemoral posterior ou, anteriormente a ele, como o ligamento meniscofemoral anterior. A membrana sinovial da cápsula articular reveste a membrana fibrosa e, como esta, fixa-se às margens dos meniscos. A partir da parede posterior da articulação, é refletida anteriormente em direção aos ligamentos cruzados, formando uma cobertura comum para ambos os ligamentos. Entre a patela e a tíbia, ela reveste o corpo adiposo infrapatelar. Uma prega mediana, ou pregas, de tela sinovial, a prega sinovial infrapatelar, estende-se, posteriormente, a partir do corpo adiposo infrapatelar até a fossa intercondilar do fêmur. Uma prega alar de cada lado diverge da prega sinovial infrapatelar para as margens laterais da patela. A cavidade articular do joelho, considerada a maior do corpo, é prolongada por 5 cm, ou mais, acima da patela, como a bolsa suprapatelar. Esta bolsa está situada profundamente aos músculos: articular do joelho e vasto intermédio; às vezes, pode estender-se um pouco mais em direção superior, anteriormente ao fêmur. É possível também, prolongar-se distalmente ao longo do tendão do músculo poplíteo como recesso subpoplíteo. Inervação. A articulação do joelho é inervada por ramos musculares do nervo femoral e pelo nervo safeno. Recebe um número variável de ramos dos nervos tibial, fibular comum e obturatório. Movimentos na articulação do joelho. O fato da articulação do joelho ser, em geral, considerada como uma dobradiça, implica em que seus movimentos sejam de flexão e extensão em torno de um eixo transversal. Contudo, a articulação do joelho é, mais verdadeiramente, uma articulação bicondilar, sendo complexos seus movimentos. As formas e curvaturas das faces articulares são tais que os movimentos de flexão e extensão são combinados com deslizamento, rolamento e rotaçãoem torno de um eixo longitudinal. No membro estendido, o eixo de rotação estende-se da cabeça do fêmur ao côndilo medial da tíbia. Por esta razão, o côndilo lateral do fêmur desliza ao redor deste eixo longitudinal. Quando a coxa é flexionada no joelho e a perna permanece fixa (como quando se assume a posição sentada), a coxa roda lateralmente durante a primeira parte da flexão e o fêmur rola posteriormente e desliza anteriormente sobre a tíbia. De modo inverso, quando a coxa é estendida, ela roda medialmente durante a última parte da extensão e o fêmur rola anteriormente e desliza posteriormente sobre a tíbia. No final da extensão, diz-se que a articulação está “trancada” ou “aparafusada”. Pode ser que, na realidade, não seja assim, mas o caso é que, no final da extensão, as faces articulares estão mais congruentes e, a articulação, mais estável mecanicamente. Se a coxa estiver fixa e a perna estiver livre para se mover (como quando se balança a perna enquanto está sentado numa cadeira), a tíbia roda sobre o fêmur. A rotação medial da tíbia é equivalente à rotação lateral do fêmur. Por isto, a primeira parte da flexão da perna no joelho é acompanhada de rotação medial da perna e, a parte terminal da extensão, pela rotação lateral da perna. Quando o joelho se encontra totalmente estendido, todos os ligamentos estão tensos. O ligamento cruzado posterior limita o deslizamento anterior do fêmur sobre a tíbia; o ligamento cruzado anterior limita o deslizamento posterior. Na flexão completa, o ligamento colateral fibular esta relaxado; ele se estende com a rotação em qualquer direção. Músculos. O músculo quadríceps femoral estende a perna. Os flexores são os músculos do jarrete ou isquiotibiais (músculos: bíceps femoral, semitendíneo e semimembranáceo), auxiliados pelos músculos grácil, sartório e gastrocnêmio. É improvável que o músculo poplíteo contribua para a flexão da perna. O músculo bíceps femoral é o principal rotador lateral da perna sobre a coxa, especialmente quando o joelho está flexionado; os músculos semitendíneo, semimembranáceo e grácil são rotadores mediais. O músculo poplíteo, agindo a partir de um fêmur fixo, também é rotador medial da tíbia. Agindo a partir de uma tíbia fixa, ele pode rodar o fêmur lateralmente, e é considerado importante para “destrancar” a articulação. * “Represente os ligamentos pelos seus próprios membros inferiores, estando de pé; isto é, cruze sua perna direita (ligamento cruzado anterior direito) em frente a sua perna esquerda. Rode seu tronco para direita e para esquerda” (Mainland) Profª Drª Cíntia Bovi Binotti – 09/10/14 Referências Bibliográficas: MOORE, K. L.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R. Anatomia orientada para a clínica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. FENEIS, H.; DAUBER, W. Atlas de bolso de anatomia humana: baseado na Terminolologia Anatômica Internacional. 4. ed. Barueri: Manole, 2002. GARDNER, E.; GRAY, D. J.; O’RAHILLY, R. Anatomia: estudo regional do corpo humano. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.
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