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Keohane e Nye Interdependência Complexa Vão repensar o modelo de estrutura do Waltz e ver se ele dá conta de explicar o que está acontecendo na década de 70. Eles dizem que não é preciso jogar fora, mas é preciso ponderar e repensar nas premissas do Realismo Estrutural. Eles propõe um modelo de pensamento diferente. Contexto pra ganhar destaque: (1) A Crise do Petróleo, que mostra que as grandes potências militares, aka EUA, foram afetadas pelo aumento do preço do petróleo, evidenciando a importância também dos termos de baixa política. (2) O fato das questões de segurança terem decaído em importância também tem a ver com a retirada dos EUA na Guerra do Vietnã. (3) A Guerra Fria também era marcada pelo período da Détente, em que uma série de acordos entre EUA e URSS promove um contexto de cooperação, que contribuiu para tirar os focos da questão de segurança. (4) O fim da conversabilidade dólar-ouro, com a desvalorização do dólar. (5) As crescentes batalhas comerciais entre os EUA e o Japão. O Japão exportava muito mais do que importava para os EUA (principalmente no setor automobilístico). E isso tem a ver com a teoria da interdependência porque chama atenção pros temas de baixa política e que por mais que os EUA fossem uma potência miilitar, esse poder não era decisivo para as negociações comerciais (choque com o Realismo). (6) Influência das Organizações não- governamentais e atores não estatais. (7) Independência dos países afro-asiáticos e a busca por uma nova agenda, defendendo uma reforma do sistema econômico. Conclusão: essa vai sera conjuntura para a teoria da interdependência. Influências da teoria da interdependências: A Teoria da Interdependência não era "nova", já tinha influência do Norman Angell no início do século XX. Principais obras: Transnational Relations and World Politics (1971) e Power and Interdependence World Politics in Transition (1977). São obras conjuntas do Keohane do Nye. Questão: Quais são as características da política internacional sob a condição de interdependência? Como e por que regimes internacionais mudam? Interdependência como um conceito analítico: Interdependência refere-se a uma situação onde os Estados ou outros atores são influenciados por eventos externos em uma relação recíproca com outros Estados e atores, onde ambos limitam sua autonomia. É criada pela expansão das transações internacionais, na medida em que os custos a eles associados restringem a atividade política. Enquanto essas relações impõem custos, os benefícios podem excedê-los. Teoria: Eles falam que na década de 70 os Estados estariam de tal forma interconectados, interelacionados, que a ação de um ou uns deles teria um impacto para além de suas fronteiras, teria um impacto sobre os demais. Daí a ideia que eles nos trazem é a ideia das redes, redes interconectando diferentes Estados e suas sociedades. Exisitira uma interconexão entre essas unidades que uma ação de uma ou de um grupo, teria um impacto para além delas. Fundamental para explicar essa interconexão, pros teóricos da interdependência, vai ser justamente o desenvolvimento das comunicações, o desenvolvimento dos transportes, o aumento dos fluxos comerciais e financeiros, não só o adensamento, mas também a instantaniedade, que passam a criar essa rede de interconexão. O ponto de partido dos teóricos da interdependência é o próprio sistema vestfaliano, porque pra eles chegou a existir um dia em que essas unidades políticas eram completamente independentes, isoladas, desconectadas. Mas aos poucos elas vão se interconectando. Eles analisam o Realismo e observam três características: 1. Estado: ator principal 2. Força: poder militar 3. Hirarquização da agenda: high politics e low politics A partir disso eles utilizam-se dessas três características para criticá-las: Poder (esse seria a característica 2 do Realismo): A visão tradicional de poder (definida como força militar) é muito limitada nesse contexto. Poder pode ser coerção militar ou a abilidade de controlar resultados, que é relacionado a interdependência assimétrica, onde os atores que dependem menos, em uma relação de interdependência, podem usar essa vantagem para influenciar os outros. Para os teóricos da interdependência o poder não é fungível. Uma face do meu poder não necessariamente vai se sobrepor em todas as questões. O poder militar estaria se tornando obsoleto, estaria declinando na sua importância. O poder militar se torna obsoleto por causa da pressão da opinião pública no Vietnã, maior resistência dos Estados fracos e oprimidos e o uso do poder militar se tornou mais custoso. A força militar nem sempre vai ser a sua melhor ferramenta de política externa. Poder como controle de resultados, os que dependem menos nessa interdependência tem um poder maior, podem usar essa vantagem para influenciar os outros. Podem manipular os custos da dependência. Conceitos de Sensibilidade e Vulnerabilidade: Dois conceitos centrais na teoria da interdependência são os conceitos de sensibilidade e vulnerabilidade. Esse autores dizem que o fato de um Estado ser sensível a um determinado tema ou acontecimento, não quer dizer que ele seja vulnerável. Ou seja, os conceitos são distintos. A sensibilidade diz respeito a algo de curto prazo e a vulnerabilidade a algo de longo prazo. A sensibilidade seria o grau de afetação, de impacto, de uma ocorrência. A vulnerabilidade é a capacidade de você se ajeitar àquela situação, sua capacidade de resposta, se adaptar à nova situação. Na vulnerabilidade o poder que um Estado detém importa. International Regime Change: relações interdependentes ocorrem, algumas vezes, dentro das redes de regras, normas e procedimentos, para regular comportamento e controlar os efeitos - regimes. Enquanto o direito internacional e as organizações estão, em geral, bastante fracos, em áreas específicas, regimes (formais ou informais) tem tido bastante influência. Esse regimes são os fatores imediatos entre estrutura de poder do sistema internacional "and the political/economy bargaining within it."; mas eles são claramente produtos da estrutura de poder do sistema. Mudanças rápidas ou graduais dos regimes, portanto, são importantes em interpretar suas influências. Hierarquia Temática (característica 3 do Realismo): Não existe uma hierarquia temática para eles. Não se pode dizer que as questões de alta política são prioritárias as questões de baixa política. Depende da situação. Todos os temas são centrais, importantes pra política internacional. Críticas aos Realistas (característica 1 do Realismo): Existem múltiplos canais de negociação e comunicação. Então as relações podem ser interestatais, transgovernamentais e transnacionais. Os realistas só considerariam as relações interestatais. A ideia de transnacionais é a ideia de que atravessam as fronteiras nacionais, são relações entre atores não controlados pelos Estados. São relações entre empresas transnacionais, organizações não-governamentais etc. Então os teóricos da interdependência estão considerando o papel desses atores no sistema (diferente dos Realistas). Para entender as relações transgovernamentais teria que se abrir a caixa preta. Olhar para o Estado. Eles consideram o Estado um conjunto de agências burocráticas, imperfeitamente coordenadas. As agências podem ter autonomia face ao Estado, o que coloca em xeque a noção da ideia de interesse nacional. (ex: as relações entre prefeituras e estados de outros países e não só diretamente entre os países). Crítica dos teóricos da dependência: Eles tentam mostrar que a interdependência é essa dependência mútua ou recíproca. É por isso que os teóricos da interdependência vão se ver sujeitos a críticas por partes de teóricos marxistas, por exemplo os teóricos da dependência. Eles vão questionar a própriaideia do "inter". Eles diriam que essa ideia sugeriria que o processo não é um processo de via única, mas um processo de duas vias, ou seja, a minha ação tem um impacto, mas o outro também tem um impacto sobre a minha unidade. Então, enquanto os teóricos da dependência enfatiam um processo de via única, unilateral. Os teóricos da interdependência estariam enfatizando um processo mútuo, recíproco. Daí os teóricos da dependência vão afirmar que esse começo da palavra sugeriria a ideia de um subterfúgio neoimperialista, um processo benígno. Eles vão dizer que na verdade o norte submete o sul, através da sua capacidade tecnológica, através do estabelecimento das relações comerciais. O que acontece pros teóricos da dependência é que não existe uma dependência mútua, mas uma dependência do mais fraco, estabelecida pelo mais forte. Resposta da teoria da interdependência aos teóricos da dependência: A teoria da interdependência responde no texto de 77. Eles vão dizer que não é simétrica a dependência, que ela é assimétrica. Nesse sentido, eles vão argumentar que todos os Estados implicados nessa situação de interdependência, o isolamento não é uma escolha, ao estarem ligados, todos tem custos. A autonomia é reduzida, porque eu já não tenho condições de alcançar os meus objetivos por uma lógica unilateral. Então, eles vão dizer que a partir dessa lógica da interdependência, eles vão ter custos, nem que seja a redução da autonomia. "Eu preferiria a autonomia, mas com o mundo globalizado eu não conseguiria". Eles vão dizer que não dá pra definir a priori se os benefícios vão exceder os custos, ou o contrário. Eles vão dizer que nem sempre a interdependência é positiva, as vezes os custos vão ser maiores que os benefícios. Não dá pra definir a priori, tem que ser observado empiricamente, em cada situação. Essa perda da autonomia, não quer dizer que alguém é mais soberano que alguém, no sentido judicial da palavra. Essa perda da autonomia seria similar aos votos matrimoniais. Ele está querendo mostrar que essa relação dos Estados vai ter momentos positivos e negativos e não dá pra definir a priori se vai ser mais positiva ou negativa. Resumo feito por Victor Miranda IRiscool 2012.1
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