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Parte 2- Dicionário de Verbetes- Termos centrais em RI-

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
LÍVIA BORGES DE SOUSA
Exercício B
Goiânia, 9 de Novembro de 2018
SUMÁRIO:
1. “Segundo grande debate das RI” (ver Waltz e Nunes)
2. Tradicionalismo (ver Waltz e Nunes)
3. Positivismo (ver Waltz e Nunes)
4. Racionalismo (ver Waltz e Nunes)
5. Behaviorismo (ver Waltz e Nunes)
6. Teoria (ver Waltz e Nunes)
7. Nível de análise (ver Waltz e Nunes)
8. Objeto de análise (ver Waltz e Nunes)
9. Teoria do Neorrealismo (agenda, premissas e argumentos)
10. Estrutura da política internacional (Waltz B)
11. Teoria do Liberalismo nas RI (agenda, premissas e argumentos)
12. Teoria da Paz Democrática (agenda, premissas e argumentos)
13. Teoria do Neoliberalismo nas RI (agenda, premissas e argumentos)
14. Interdependência complexa (ver Keohane e Nye) 
15. High Politics (ver Keohane e Nye)
16. Low Politics (ver Keohane e Nye)
17. Cooperação (ver Keohane e Nye)
18. Regimes internacionais (ver Keohane e Nye)
19. Globalismo (ver Keohane e Nye) 
20. Globalização (ver Keohane e Nye)
21. Sensibilidade (ver Keohane e Nye)
22. Vulnerabilidade (ver Keohane e Nye)
23. Hard Power (ver Nye)
24. Soft Power (ver Nye)
Referências 
1- Segundo Grande Debate das RI
O segundo grande debate das RI foi protagonizado por aqueles autores que buscavam aperfeiçoar os métodos científicos de pesquisa na teoria das relações internacionais, para explicar a realidade e aqueles que a abordavam numa perspectiva mais histórica/interpretativa para compreender a realidade, seria em ambos os casos, uma abordagem de “relações internacionais científicas”. É um debate que se inicia nas décadas de 50/60 e também pode ser chamado de realista x behaviorista ou tradicionalismo x cientificismo. O tradicionalismo engloba realismo, liberalismo, escola inglesa e o behaviorismo as raízes do neorrealismo e neoliberalismo. Os behavioristas também podem ser chamados de sistêmicos, e o segundo grande debate das Relações Internacionais e conhecido como metodológico, ou seja, aquele debate os meios usados para conhecer as relações entre os Estados. Segundo Waltz (2002), a distinção entre essas duas correntes de pensamento se apoia na diferença entre a política conduzida numa situação de normas estabelecidas e a política conduzida pela anarquia. O trecho abaixo discute essas ideias: 
Por duas razões, a junção de tradicionalistas orientados pela história e modernistas orientados pela ciência pode parecer estranha. Primeiro, a diferença nos métodos que usam obscurece a similaridade da sua metodologia, isto é, da lógica que seguem as suas investigações. Segundo, as suas diferentes descrições dos objectos, das suas investigações reforçam a impressão que a diferença de métodos é uma diferença de metodologia. Os tradicionalistas enfatizam a distinção estrutural entre política interna e internacional, uma distinção que os modernistas normalmente negam.(WALTZ, 2002, p.90) 
2- Tradicionalismo 
Os autores tradicionalistas clássicos escrevem no contexto das Grandes Guerras, e um dos mais citados ao se discutir o realismo clássico é Hans Morghentau, que pauta sua teoria e delimitam o objeto de estudo do realismo com relação ao interesse pelas relações de poder entre os Estados, excluindo as questões relativas à economia e propondo o estudo do comportamento dos Estados a partir das leis da natureza humana, segundo Pereira e Rocha, 2014.
Os tradicionalistas analisam o sistema internacional como sendo anárquico, e distinguem dessa forma o meio interno e externo, ao contrário dos modernistas. Os tradicionalistas pautam-se na análise das unidades comportamentais, que as resultantes políticas internacionais podem ser explicada pelas interações de nações e outros atores. e além de considerarem a natureza humana em parte de suas análises, eles partem de premissas filosóficas e historiográfica para a construção de ideias, além de método indutivo, ficam conhecidos também como interpretativistas. Sobre o tema, cita-se Waltz: 
Os tradicionalistas enfatizam a distinção entre política interna e internacional, uma distinção que os modernistas normalmente negam. A distinção apoia-se na diferença entre a política conduzida numa condição de regras estabelecidas e a política conduzida numa condição de anarquia. [...] Modernistas e tradicionalistas saem da mesma escola. Partilham a crença de que explicações das resultantes políticas internacionais podem ser delineadas através do exame das ações e interações das nações e outros actores. [...] Entre os cientistas políticos, Morgenthau e Kissinger são considerados tradicionalistas – eruditos voltados para a história e mais preocupados com a política do que com métodos teóricos e científicos. (WALTZ, 2002, p. 90-92)
3- Positivismo:
O positivismo nas relações internacionais busca imprimir uma relação cientificista de análise, baseada em quantificação e que tem grande influência das ciências exatas, que trabalham com essa abordagem. Ao analisar as palavras de Waltz no excerto abaixo, podemos perceber tal característica de cientifização quando o autor busca definir sua análise não em torno das unidades de uma sistema, mas na abordagem estrutural e sua influência no comportamento das unidades e até onde se desenrola essas elasticidade de ações provocadas. Ao analisar tal estrutura, o autor discute que as pressões sistêmicas convergem para determinados resultados comuns e repetidos, o que novamente salienta o caráter das ciências exatas ao se analisar o comportamento de variáveis sociais, como a interação no sistema internacional. 
Conforme discute Smith(1996), é possível observar o positivismo nas relações internacionais através de certos pontos centrais, como i) naturalismo, isto é, (a tese da existência de uma unidade metodológica nas ciências; ii) distinção entre fatos e valores; fatos seriam teoricamente neutros, logo, seria possível o conhecimento objetivo apesar da observação ser subjetiva; iii) existência de regularidades no mundo - mesmo social - que possibilitaria a construção de modelos teóricos ; iv) a validação, via experimentação, determinaria o real, o objeto de estudo válido. 
Uma teoria tem poder explanatório e preditivo. Uma teoria tem também elegância. Elegância em teorias científico-sociais significa que as explicações e as predições serão gerais. Uma teoria das relações internacionais, por exemplo, explicará por que motivo a guerra reaparece, e indicará algumas das condições que fazem da guerra algo mais ou menos provável; mas não irá prever a eclosão de guerras específicas. Dentro de um sistema, uma teoria explica continuidades. Diz-nos o que devemos esperar e por que o devemos esperar.(WALTZ, 2002, p. 100-101)
4- Racionalismo
O racionalismo enquanto característica de um Estado Moderno é enormemente citado em diversas correntes teóricas. O racionalismo conceitua uma forma de pensamento/prática no qual o ator mais importante do Sistema, em geral os Estados, buscam agir de modo utilitarista, resgatando aqui uma referência a Bentham no sentido de maximizar aquilo que traz benefício, seja aumento de poder, de segurança ou demais, variando conforme o debate teórico e corrente de pensamento. O racionalismo, como se percebe na citação de Waltz, é a caraterística que determina o sucesso de um Estado pois ele é marca de um Estado bem sucedido que se sai melhor que os demais pela sua racionalidade. 
Os comportamentos são selecionados em função das suas consequências. Os sistemas competitivos são regulados, por assim dizer, pela «racionalidade» dos mais bem-sucedidos competidores. O que significa racionalidade? Significa que apenas alguns são melhores que outros – quer através da inteligência, habilidade, muito trabalho ou pura sorte. [...] ou os seus competidores os emulam ou ficam pelo caminho. (WALTZ, 2002, p. 110)
5- Behaviorismo
O Behaviorismo é um método de análise, corrente teórica e forma de pensamento que caracteriza a cientifização da construção teórica, e é abordada por diversos autores dentro das ciências sociais,como a famosa Simone de Beauvoir. Dentro das Relações Internacionais o próprio Waltz pode ser considerado um behaviorista, visto que busca explicar a regra e não as exceções. Essa “regra” é caraterística marcante dentro do debate behaviorista nas RI, pois busca estabelecer um certo valor comum e padrão de comportamento e consequência das interações interestatais, ou seja, estabelecer leis para as RI que possam ser cientificamente comprovadas. No Excerto abaixo, Waltz discute a perspectiva behaviorista ao comparar tradicionalistas e modernistas:
As diferenças entre as escolas tradicional e moderna são suficientemente vastas para obscurecer a sua similaridade fundamental. [...] Membros de ambas a escolas revelam-se seguidores do behaviorismo. Membros de ambas as escolas oferecem as explicações em termos das unidades enquanto deixam de lado o efeito que suas situações podem gerar.(WALTZ, 2002, p. 93)
6- Teoria
Teoria é um conjunto de explicações e considerações iniciais que buscam conceituar determinados acontecimentos partindo de determinadas premissas ou valores bases e que visa explicar o acontecimento que motivam sua criação, no caso das ciências sociais e relações internacionais, através da observação, de modo a descrever e/ou explicar. Como discute Nunes, nada mais é do que uma ferramenta de análise: 
No estudo da política internacional, a teoria é frequentemente vista como um mero preâmbulo à análise propriamente dita. [...] A teoria fica assim circunscrita ao seu propósito mais imediato: o de servir de ferra menta de análise. Neste contexto, a teoria pode ser vista em primeiro lugar como um espelho que reflete a realidade. Observando o mundo, construímos uma teoria que nos explica o seu funcionamento. A teoria pode ser então aplicada para facilitar futuros procedimentos analíticos. Neste caso, a teoria descreve as coisas tal como elas são. [...]Para além da descrição, focalização ou sistematização, o propósito analítico da teoria inclui normalmente outros objetivos – o de previsão e prescrição. (NUNES, 2012, p.11-12)
7- Nível de análise
Um nível de análise é como um recorte da teoria, uma ramificação que se utiliza para simplificar o estudo de alguma variável dentro das RI, como descreve a primeira citação referente a Nunes. Nas Relações Internacionais os níveis de análise são: individual, estatal ou societal e estrutural ou sistêmico. Waltz define os níveis de análise como imagens: primeira imagem(nível individual), segunda imagem(nível estatal) e terceira imagem(nível sistêmico). Na segunda citação abaixo, pode-se ver como Waltz estabelece seu nível de análise ao dividir a análise entre 2 formas : reducionistas ou sistêmicas.
A teoria permitenos descrever a realidade, mas a mesma realidade pode ser vista de vários ângulos mediante a aplicação de lentes diferentes. Ainda assim, a esta ideia de teoria enquanto lente subjaz o pressuposto de que existem lentes que nos permitem ver melhor a realidade, e ainda que é possível criar lentes cada vez mais perfeitas para que a realidade nos seja revelada tal como ela é. Se em vez de lente virmos a teoria como uma moldura, uma outra função tornase aparente. Uma moldura não reflete exatamente a realidade, mas permitenos organizar as nossas impressões de forma a sistematizar uma versão tão completa quanto possível da realidade. (NUNES, 2012, p.12)
De uma forma ou de outra, as teorias das relações internacionais, quer sejam reducionistas ou sistêmicas, lidam com acontecimentos de todos os níveis, do subnacional ao supranacional. As teorias são reducionistas ou sistêmicas, não em função daquilo que lidam, mas de acordo com a forma como organizam os seus materiais. As teorias reducionistas explicam as resultantes internacionais através de elementos e combinações de elementos localizados a nível nacional ou subnacional.(Waltz, 2002, p.88)
8- Objeto de Análise
O objeto de análise é aquilo que a teoria Estuda. Como no caso das RI esse objeto de estudo que por vezes é o Estado ou o Sistema de Estados e portanto algo muito grande, o objeto é analisado dentro de distintas perspectivas e níveis de análise. No trecho a baixo, Waltz explicita os 3 objetos de análise que adota em sua teoria:
As três imagens são, por assim dizer, parte da natureza. São tão fundamentais o homem, o Estado e o sistema de Estados em toda tentativa de compreender as relações internacionais que é raro um analista, por mais comprometido que seja com uma determinada imagem, desconsiderar por completo as outras duas. (WALTZ, 2004, p. 198-199)
9- Teoria do Neorrealismo
O neorrealismo é uma corrente teórica que busca explicar os acontecimentos do Sistema Internacional partindo da análise sistêmica. Também chamado de realismo estrutural, o neorrealismo mantém as mesmas premissas teóricas do realismo, tais quais sistema de auto-ajuda, sistema internacional anárquico, agenda de segurança como sendo central na preocupação dos Estados, atores racionais.
O que muda desse modelo para o anterior (realismo clássico), são suas premissas metateóricas (agora científicas e não mais filosóficas e históricas), adoção do dedutivismo em vez do indutivismo e conforme Waltz, uma análise sistêmica, que leva em conta o comportamento dos agentes internacionais e do sistema de Estados e não mais da natureza humana como causa da guerra. Além disso, eles analisam os Estados como sendo atores unitários, fechados e indivisíveis, dos quais as características internas não importam na constituição da política externa, racionais e utilitaristas(agem de forma racional para minimizar perdas).
 No entanto, Waltz afirmou que era preciso estabelecer o realismo em bases mais sólidas e cientificas. A teoria, que para Waltz precisa permitir ao analista explicar o que ocorre e fazer previsões do que vai ocorrer, deve também ser elegante. Por todos esses motivos, estabeleceu uma teoria à qual ele mesmo se referia como uma teoria neorrealista: sem rejeitar as raízes, as premissas e as influências realistas, mas, ao mesmo tempo, tornando-a mais vigorosa, mais eficiente e mais elegante. Além disso, por providenciar uma análise estrutural da política internacional, Waltz dizia, também, que seu realismo era um realismo neoestrutural. (NOGUEIRA E MESSARI, 2005, p.42)
10- Estrutura da Política Internacional
	A estrutura da política internacional funciona de modo a direcionar, por meio de incentivos, constrangimentos e limitações, as ações dos atores internacionais. É dotada de um principio ordenador (anarquia ou hierarquia), característica das unidades (realizam funções iguais ou diferentes) e distribuição de capacidades (bipolar ou multipolar).
Um sistema é composto por uma estrutura e por unidades em interação. Waltz busca conceber um tipo de estrutura que não está ligado com as interações das unidades.
Quando se assume a análise da estrutura, se deixa de lado fatores das unidades, como interações culturais, econômicas, políticas e militares dos Estados. Logo, o objetivo de análise aqui seria ignorar como as unidades interagem e prestar atenção na posição que existe entre uma e outra, como estão organizadas. Como a estrutura é uma abstração e não coisa concreta, ela não assume características materiais do sistema. Em vez disso ela é definida pela disposição das partes do sistema e pelo princípio dessa disposição; 
É interessante não analisar essas características individuais dos Estados, mas sim como cada um deles assume a posição que assume referente ao sistema
A estrutura define a disposição, ou o ordenamento das partes de um sistema. A estrutura não é uma coleção de estruturas políticas, mas, em vez disso, a forma como estão dispostas.[...] Porque os Estados se constrangem e limitam uns aos outros, as relações internacionais podem ser vistas em termos organizacionais rudimentares. Estrutura é o conceito que torna possível dizer quais são os efeitos organizacionais esperados e como as estruturas e as unidades interagem e se afectam umas às outras.(WALTZ, 2002, p.116-141)
11- Teoria do Liberalismo nas RI
O Liberalismo, em umaabordagem generalista, é uma perspectiva filosófica e política que prega a liberdade dos indivíduos e suas implicações. Dentro do contexto das relações internacionais, destacam-se alguns autores que o transformam em corrente de análise, como Joseph Nye, David Mitrany, Karl Deutsch e demais outros. 
Nessa corrente teórica, os indivíduos não são agressivos e motivadores da guerra como no realismo, mas sim cooperativos e pacíficos. Aqui, o Estado ainda é o agente central e mais importante do sistema, sendo regido todo o sistema de Estados pelo princípio ordenador anárquico, algo que muda aqui é a crença liberal de que seja possível uma cooperação real entre os Estados e que a guerra não é necessária nem inevitável, desde que hajam mecanismos para evitar isso. O liberalismo nas Relações internacionais pressupõe as ligações entre as nações de modo a evitar a guerra, ideia de uma sociedade cosmopolita, baseada por vezes em um livre comércio. Também, ao contrário do realismo, que considera como atores apenas os Estados, o liberalismo passa a considerar os demais atores e organizações internacionais, as quais cada vez mais ganham importância, em um mundo que passa a ser gerido não somente pelos Estados. 
Só podemos falar em teorias liberais de RI a partir do século XX, mais especificamente, após a Primeira Guerra Mundial. A tradição liberal caracterizava-se, principalmente, por sua preocupação com as relações entre indivíduos, sociedade e governo no âmbito doméstico. Apenas alguns pensadores liberais dedicaram-se ao estudo dos problemas internacionais, suas contribuições influenciam os debates em nossa disciplina até os dias de hoje. (NOGUEIRA E MESSARI, 2005, p.58) 
12- Teoria da Paz Democrática
Com raízes em Immanuel Kant, a teoria da Paz Demorática pressupõe que quanto maior o número de Democracias no mundo, menos guerras haverão. Tem como premissas para tal ainda na perspectiva Kantiana: «1) os cidadãos têm de ter a oportunidade de formular as suas preferências; 2) os cidadãos têm de ter a oportunidade para indicar essas preferências aos seus concidadãos e ao governo pela ação individual e coletiva; e 3) as preferências dos cidadãos têm de pesar, com equanimidade, na condução da governação, isto é, serem recebidas sem discriminações, qualquer que seja o teor ou a origem dessas preferências(PEREIRA,2007).
O Estado é o ator principal, mas não unitário e que define sua política externa com base na sua estrutura interna, daí a ligação com o sistema de governo democrático, pois as populações não estariam dispostas a arcar com a guerra. Apesar de democracias não entrarem em guerra com outras democracias, elas devem combater autocracias, que podem ameaça-las. 
A Teoria da Paz Democrática traz à tona importantes temas teóricos, como a controvérsia quanto a Estados democráticos comportarem-se de uma determinada forma entre si, e de uma forma diferente em relação a Estados não democráticos. Este tema remete-se ao âmago da teoria das relações internacionais, enfocando a relevância de aspectos secundários (de política interna) e terciários (estruturais) no desenrolar das questões de política internacional. (LAYNE, 2005, p.7)
13- Teoria do Neoliberalismo nas RI
A corrente neoliberal tem entre seus representantes Robert Keohane, com sua obra Depois da Hegemonia(1984). O Neoliberalismo cria a problemática da cooperação e do conflito entre as nações, mas se aproxima do discurso neorrealista, dando origem à síntese neo-neo e a corrente racionalista, conhecida por utilizar conceitos da microeconomia e de que os atores são atomísticos, imutáveis, com interesses predeterminados e que buscam maximizar seus ganhos, sendo possível prever suas ações. Dentre suas referências filosóficas, o uso do ideal iluminista de que a razão humana pode organizar todos os âmbitos sociais.
O neoliberalismo conceitua os Estados como agentes racionais e egoístas, concebe o sistema internacional como anárquico e parte de análises empíricas. Nessa perspectiva, o neoliberalismo discute a interdependência complexa entre os Estados e demais atores internacionais(ONG’S e OIG’S, até mesmo Empresas Transnacionais). A anarquia sistêmica é a causa da guerra, mas com as ações adequadas dos atores internacionais isso pode ser evitado.
Nos anos 1970, se criou um espaço para uma nova abordagem teórica liberal. [...] A détente criou a percepção de que as questões tradicionais de segurança, que dominaram as atenções dos analistas internacionais durante a Guerra Fria até então, perderiam importância – em termos relativos, claro – diante de outros temas emergenciais, em particular os de natureza econômica, como o desenvolvimento e a interdependência. (NOGUEIRA E MESSARI, 2005, p.80)
14- Interdependência complexa
A base da argumentação dessa teoria se dá partindo-se de um mundo interdependente, buscando analisar quais as consequências dessa interdependência complexa para a liderança política e manutenção e mudança de regimes.
A interdependência complexa, descreve um processo pelo qual os Estados estão cada vez mais interconectados por processos de transnacionalização, políticos e econômicos que incluso afetam a outros Estados, levando a uma reciprocidade. Além dos Estados, considera outros atores internacionais, a exemplo de multinacionais e organizações internacionais, uma espécie de síntese entre fluxos realistas e liberais. 
Keohane e Nye a definem como sendo caracterizada de três pontos: maior intercomunicação e negociação, agenda múltipla e cada vez mais os Estados não precisam utilizar a violência para agir. Para Nye e Keohane, a interdependência pode ser uma fonte de conflitos e é assimétrica: alguns atores dependem bem menos que outros, e essa assimetria de relações configura o sistema internacional. 
As três principais características da interdependência complexa dão origem a processos políticos distintivos, que traduzem recursos de poder em poder como controle de resultados. [...] Sob condições de interdependência complexa, a tradução será diferente do que sob condições realistas e nossas predições terão que ser ajustadas de acordo. [...] Num mundo de interdependência complexa, entretanto, se espera que alguns oficiais, particularmente em níveis mais baixos, deem ênfase à variedade de objetivos de estado que devem ser perseguidos. Na ausência de uma clara hierarquia de problemas, objetivos variam de acordo com problema, e podem não estar nem proximamente relacionados. (KEOHANE E NYE, 2001 p. 25-26, tradução nossa)
15- High Politics
As High Politics fazem oposição a ideia de Low Politics, sendo caracterizada por elementos que efetivamente e materialmente determinam o poder de um Estado, sendo correspondente as esferas da diplomacia, do poder, da guerra, segurança nacional, interesses estratégicos, ordem social e poder militar. Para a consolidação do Estado, o “poder duro” ou high politics estava no núcleo das preocupações, mas com a evolução de suas dinâmicas e a maior complexidade do cenário, o brando ganhou espaço, superando a condição secundária da baixa política (reconhecendo a multidimensionalidade do poder).
A orientação tradicional na direção de assuntos militares e econômicos implica que os problemas cruciais de política estrangeira são impostos aos estados pelas ações ou ameaças de outros estados. Esses são high politics em oposição a low politics dos assuntos econômicos. (KEOHANE E NYE, 2001, p. 28, tradução própria)
16- Low Politics
As Low Politics simbolizam um poder mais sofisticado e de menor uso da força quando comparado com High Politics. Em geral se identifica com esferas de economia e cultura, questões sociais, e por abrangerem tais temas são tidas como não-essenciais e secundárias.
 No entanto, hoje, algumas questões não militares são enfatizadas nas relações interestatais de uma só vez, enquanto outras de importância aparentemente igual são negligenciadas ou silenciosamente manipuladas em nível técnico. Política monetária internacional, problemas em termos de commodities do comércio, petróleo, comida, e corporações multinacionaisforam todos importantes no decorrer da última década, mas nem todas foram high nas agendas interestatais durante aquele período. [...] Esses são high politics em oposição a low politics dos assuntos econômicos.(KEOHANE E NYE, 2001, p. 28, tradução própria)
17- Cooperação
A cooperação entre os Estados descreve um processo pelo qual os Estados alinham seus interesses em face de garantir o cumprimento dos mesmos. Os múltiplos canais de comunicação e os demais atores internacionais são os responsáveis pela criação dos caminhas de cooperação( como se observa no excerto abaixo).
Por meio de negociações e regimes internacionais, os Estados estabelecem alianças e agem conjuntamente, o que diminui os efeitos ruins que a anarquia pode vir a ter e ainda protege os interesses nacionais. 
Finalmente, a existência de múltiplos canais de comunicação leva a prever uma diferença e significância no papel das organizações internacionais na política mundial. Realistas na tradição de Hans J. Morgenthau retrataram um mundo em que os estados, agindo de interesse próprio, lutam por “poder e paz”. Questões de segurança são dominantes, como guerra ameaça. Em tal mundo, pode-se supor que as instituições internacionais terão um papel menor, limitado pela rara congruência de tais interesses. As organizações internacionais são claramente periféricas na política mundial. Mas em um mundo de múltiplas questões imperfeitamente ligadas, coalizões são formadas transnacionalmente e transgovernamentalmente, o potencial papel das instituições internacionais na negociação política é grandemente aumentado. Em particular, eles ajudam a definir a agenda internacional e atuam como catalisadores para a formação de coalizões e como arenas para iniciativas políticas e vinculação por estados fracos. Os governos devem se organizar para lidar com o fluxo de negócios gerados por organizações internacionais. Ao definir as questões salientes, e decidindo quais questões podem ser agrupadas, as organizações podem ajudar a determinar prioridades governamentais e a natureza dos comitês interdepartamentais e outros arranjos dentro dos governos.(Keohane e Nye, 2001, pag 29, tradução própria)
18- Regimes Internacionais
São compostos por normas informais, regras e procedimentos que, compondo o regime internacional, o permitem alterar e afetar a negociação política e a tomada de decisões dos Estados e demais atores. Os regimes internacionais funcionam em um modelo de incentivos e constrangimentos de modo a garantir que cada uma das partes cumpra seu papel nas negociações.
Regimes internacionais são fatores intermediários entre a estrutura de poder de um Sistema Internacional e a barganha política e econômica que se passa dentro dele. A estrutura do Sistema (a distribuição de recursos de poder entre estados) afeta profundamente a natureza do regime (O conjunto mais ou menos solto de regras formais e informais, regras e procedimentos relevantes para o sistema). O regime, por sua vez, afeta e até certo ponto governa a barganha política e a tomada de decisões diária que ocorre no sistema.(KEOHANE E NYE, 2012, p.18, tradução nossa)
19- Globalismo
Se refere a um processo que descreve um panorama mundial cada vez mais interconectado, refere-se a situações caracterizadas por reciprocidade de efeito entre países ou entre atores de diferentes países. É um tipo de interdependência, mas com 2 diferenças centrais: primeiramente refere-se a conexões (múltiplos relacionamentos) e não as ligações simples. E segundo, Para que uma rede de relacionamentos seja considerada “global”, ela deve incluir distâncias multicontinentais, não simplesmente redes regionais.
Nós definimos globalismo como um estado do mundo envolvendo redes de interdependências a distancias multicontinentais, relacionadas através de fluxos e influencias de capital e mercadorias, informações e ideias, pessoas e força, bem como substâncias ambientalmente e biologicamente relevantes (como chuva ácida e ou patógenos). Globalização ou Desglobalização se referem ao aumento ou declínio do globalismo.(KEOHANE E NYE, 2012, p. 225, tradução própria)
20- Globalização
As relações de interpendência entre os atores internacionais, cada vez mais interligados economicamente, culturalmente e informacionalmente, processos esses cada vez mais aprofundados pelo avanço tecnólogico, recebe o nome de Globalização. Mantém relações com o conceito de globalismo.
Interdependência se refere a uma condição, um estado de coisas. Pode ser crescente, como tem sido na maioria das dimensões desde o fim da Segunda Guerra Mundial, ou pode declinar, como foi, pelo menos em termos econômicos, durante a Grande Depressão dos anos 1930. Globalização, entretanto, implica que algo está crescendo: há mais disso. [...] Globalização ou Desglobalização se referem ao aumento ou declínio do globalismo. (KEOHANE E NYE, 2012, p.225, tradução própria)
21- Sensibilidade
A sensibilidade descreve o quanto uma nação pode ser afetada em termos de interconectividade. Revela-se um conceito ligado e proporcional à interdependência, pois quanto mais um país for sensível ao outro, maiores serão os impactos. Compreende as dimensões do papel do poder na interdependência, e se se define como a velocidade e magnitude com a qual uma mudança em um país é sentido pelo outro, dentro de um quadro político, assumindo que o quadro político é constante.
Sensibilidade se refere aos efeitos dispendiosos de fluxos além-fronteiras sobre sociedades e governos, dentro de um quadro inalterado de políticas básicas. É um passo além do que interconexão: interconexão com efeitos dispendiosos. Pode ser causada por fluxos reais, ou por percepções de fluxos potenciais. (KEOHANE E NYE, 2012, p.232, tradução própria)
22- Vulnerabilidade
Mede o custo das alternativas disponíveis para fazer frente diante do impacto externo, sendo mais importante em prover recursos de poder para tores. Em outras palavras, quanto maior a vulnerabilidade, mais difícil será para aquele país fazer frente aos efeitos externos.
Vulnerabilidade é outro passo além em custos. Se refere ao custo de ajustamento à mudança indexada pela sensibilidade, por mudar as próprias políticas de alguém [...] vulnerabilidade pode ser definido como a responsabilidade de um ator de sofrer custos impostos por eventos externos mesmo depois que políticas tenham sido alteradas. Se aumentos externamente induzidos em taxas de juros levam a efeitos adversos na atividade econômica, respostas efetivas estão disponíveis e caso estejam, quão dispendiosas elas seriam? (KEOHANE E NYE, 2012, p. 233, tradução nossa)
23- Hard Power
Hard Power (poder duro), são as formas que um ator influencia outro ator a agir de forma favorável aos seus interesses através da coerção militar e/ou econômica ou até mesmo da guerra.
Mesmo que o uso direto da força fosse banido entre um grupo de países a força militar continuaria representando um papel importante como pano de fundo. Por exemplo o papel militar americano de intimidar as ameaças a seus aliados ou de assegurar o acesso a um recurso decisivo como o petróleo no Golfo Pérsico, significa que a provisão de força protetora pode ser usada em situações de barganha [...] coagir os outros Estados a mudar é um método direto ou imperioso de exercitar o poder. Esse poder duro pode repousar em um incentivo (“a cenoura”) ou em uma ameaça (“o chicote”). (NYE, 2009, p.76)
24- Soft Power
Soft Power (poder brando), são os métodos pelos quais um ator influencia outro ator por meio da influência cultural e ideológica, exercendo uma espécie de manipulação para que esse ator queira imitá-lo ou agir de acordo com seus interesses.
Esse aspecto do poder – isto é, fazer com que os outros queiram o que você quer – é chamado de poder atrativo ou poder brando. O poder brando pode repousar em recursos como a atração de suas ideias ou a capacidade de estabelecer a pauta política de maneira a expressar as preferências dos outros. [...] A capacidade de estabelecer preferências tende a estar associada com recursos de poderintangíveis como a cultura, a ideologia e as instituições que os construtivistas enfatizam. (NYE, 2009, p.76-77)
Referências
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NYE, Joseph S. Jr. Cooperação e conflito nas relações internacionais. Gente, 2009. 
PEREIRA, Demetrius Cesario; ROCHA, Rafael Assumpção. Debates Teóricos em Relações Internacionais: Origem, Evolução e Perspectiva em “Embate” Neo-Neo. Revista de Relações Internacionais da UFGD, Dourados, v.3. n.6, jul./dez., 2014
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