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www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo Tradução livre do livro “Explicando a Dor” de David Butler e Lorimer Moseley, por Rodrigo Rizzo. www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 2 Sobre a tradução: Essa é uma tradução livre do livro “Explicando a Dor” escrito por David Butler e Lorimer Moseley. Esse livro tem sido usado como guia para educar pacientes com dor crônica em pesquisas cientificas e no ambiente clinico ao redor do mundo. Atualmente a educação mais moderna sobre dor para pacientes com dor crônica é sobre neurofisiologia da dor. E esse livro é uma das referências mais completas sobre o assunto. E pode ser lido e entendido facilmente por profissionais da saúde e principalmente por pacientes. Infelizmente sua tradução para o português não foi divulgada por algum motivo especifico. Dessa forma eu, Rodrigo Rizzo, tomei a liberdade de traduzir as partes essenciais do livro para minha pesquisa de mestrado. Sabendo da importância desse assunto, decidi tornar o acesso dessas informações público! Lembre-‐se que eu não sou tradutor, por isso não espere que a tradução seja exatamente igual ao original. Além disso, exclui algumas partes igualmente importantes por isso essa tradução não substitui a leitura completa do livro. Certamente terão erros de português ou digitação. Eu realmente não utilizei muito meu tempo para corrigir isso, mas eu acho que essa tradução livre pode ser bem proveitosa uma vez que muitas pessoas não falam inglês ou não conhecem o conteúdo excelente desse livro. Eu poderia ter traduzido esse material para minha pesquisa de mestrado e ter usado somente para essa finalidade. Mas eu acho que posso contribuir muito mais para a sociedade. Meu pai, minha mãe ou minha filha podem ser atendidas um dia por algum profissional. E eu gostaria que esse profissional tivesse esses conhecimentos. Além disso, é muito mais fácil para mim atender um paciente que tenha aprendido essas informações previamente do que aquele que nunca soube disso! E caso você queira saber mais sobre o assunto ou expandir seus conhecimentos na área da dor, pode entrar em contato comigo pelo site www.mapadador.com.br ou e-‐mail rodrigorizzo@mapadador.com.br. Bom proveito!! www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 3 Parte 1 Resumo: -‐ Toda experiência da dor é uma resposta normal para “o que” o seu cérebro acha que é ameaçador. -‐ A quantidade de dor que você experimenta não necessariamente está relacionada com a quantidade de tecido acometido. -‐ A construção da experiência da dor no cérebro é baseada em muitas dicas sensoriais. -‐ Dor fantasma pode nos lembrar que existe um membro virtual no cérebro. 1 -‐ Dor é normal Embora a dor seja uma sensação desagradável inicialmente ela existe para nos proteger de alguma possível ameaça ao nosso corpo. De forma mais comum, a dor acontece quando o sistema de alarme do corpo alerta o cérebro de uma possível ou real ameaça nos tecidos. A dor nos protege, nos alerta de alguma ameaça, frequentemente antes mesmo de uma lesão ou quando estamos com uma lesão. A dor faz nos movimentarmos diferente, pensar diferente e se comportar diferente. E tudo isso faz, de alguma forma, nos recuperarmos. A dor pode ser tão eficiente que você não consegue pensar, sentir ou focar em nada além disso. Se o cérebro achar que experimentar dor não é a melhor coisa para sua sobrevivência (imagine um soldado ferido na guerra) você pode não sentir dor naquele momento mesmo com uma lesão severa. Existem muitos mitos, falta de entendimento e medos desnecessários sobre dor. Muitas pessoas inclusive profissionais da saúde não tem os conhecimentos modernos sobre a dor. Isso é desapontador porque o entendimento sobre dor ajuda você gerenciar a dor de forma mais www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 4 eficiente. Duas coisas importantes que sabemos sobre o entendimento da dor: 1-‐ o conhecimento da fisiologia pode ser facilmente entendido por qualquer homem ou mulher que esteja passando pela rua, e o entendimento de fisiologia da dor muda a maneira da pessoa pensar sobre a dor, reduz o valor de ameaça e melhora o seu gerenciamento. Por exemplo: A dor pode estar presente em muitos momentos da nossa vida. Pode surgir depois de um tempo prolongado usando o computador. Essa sensação é importante porque faz a pessoa a levantar e se mover. Agora, as vezes o sistema da dor parece funcionar de forma estranha. Por exemplo, um prego no pé não iria doer ate você ver o sangue escorrendo pelo seu pé. Outras vezes o sistema da dor falha.Pacientes com câncer grave não sentem dor. E essa é uma das razões que essa condição pode não ser detectada e colocar em grande risco a vida da pessoa. Por isso podemos dizer que a experiência da dor é normal e embora desconfortável, é uma excelente resposta àquilo que o seu cérebro julga ser uma situação de ameaça. Hoje em dia nós acreditamos que mesmo havendo realmente um problema nas suas articulações, músculos, ligamentos, nervos, sistema imune, ou qualquer outro lugar, isso não iria doer se o seu cérebro julgar que você não esta em perigo. Da mesma forma se não existir nenhum problema nos tecidos do seu corpo, você pode ainda sentir dor se o seu cérebro julgar existir alguma ameaça. Sentir dor por muito tempo é muito desconfortável, mas é importante saber que você não está sozinho. Cerca de 20-‐30% da população tem dor por mais de 3 meses. E de 10 pessoas que você parar na rua, é provável que 3 delas sintam dor por mais de 3 meses!! Ao longo de muito tempo, muitos cientistas tentam explicar como nós sentimos dor. Há 400 anos existia um rapaz chamado Rene Descartes. Um dia sentado na sua mesa, desenhou uma imagem mostrando como ele entendia a dor. Para ele, o corpo era separado da mente. Essa maneira de pensar é antiga e frente aos novos conhecimentos sobre dor deve ser Descartada! www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 5 Atualmente como nós vamos ver com mais detalhes, as mensagens do que está acontecendo no corpo, são levadas por nervos, primeiro, até a medula espinal. Na medula espinal, a mensagem de uma possível ameaça para o corpo, pode aumentar ou diminuir de intensidade dependendo da atividade do cérebro. A mensagem de ameaça sobe para as diferentes áreas do cérebro. Essa mensagem ainda não é a dor! É uma mensagem que pode ser julgada pelo cérebro como ameaçadora ou não, e o cérebro pode responder fazendo você sentir dor ou não; podendo você sentir muita dor ou pouca dor; podendo você parar tudo que está fazendo ou continuar fazendo algo que seja ainda mais importante. Isso não quer dizer que você não tenha nada que possa ser melhorado na sua coluna, mas atualmente nós sabemos que a experiência da dor de uma pessoa está relacionada com a atividade do cérebro. 1.1 Fantásticas histórias que mostram que é o cérebro quem julga a quantidade de dor que sentimos Para ficar mais fácil de entender eu vou contar algumas historias que podem ampliar a maneira que entendemos a dor. Historias fantásticas que mostram como o cérebro pode participar muito mais ativamente da experiência da dor de uma pessoa. Existem relatos de médicos recebendo no hospital, pessoas com grandes lesões, como uma flecha atravessada no ombro e mesmo assim conversando calmamente com a atendente, sem sentir nenhuma ou pouca dor. Existem soldados veteranos de guerra que vão fazer um exame de imagem de rotina quando descobrem que tem uma bala na sua coluna há 60 anos! Eles nunca souberam disso!! Muitas historias de soldados que durante a batalha tem uma lesão severa, perdem até a perna e dizem não ter sentido www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 6 nenhum dor! Agora, por outro lado uma lesão muito pequena pode causar uma dor grande! Uma folha de papel que passa pela ponta do seu dedo! Não tem nada muito grande acontecendo, mas machuca bastante! Mesmo sem achar direito o corte, sentimos uma dor muita chata! Esses exemplos mostram que a quantidade da dor que você experimenta não necessariamente está relacionada a quantidade ou tamanho do tecido comprometido. Existem mais historias para eu contar para vocês. Dor lombar é uma condição muito comum e as pesquisas mostram que a quantidade de comprometimento do disco e do nervo raramente está associada com a experiências da dor. Muitas pessoas apresentam hérnias de disco e mesmo assim não apresentam nenhum sintoma de dor! Quando vemos um exame de imagem com todas aqueles nomes, pode ser amedrontador, mas ao mesmo tempo pode ser confortante saber que muitas desses sinais fazem parte do processo de mudança por estarmos vivos. Essas mudanças não necessariamente tem que fazer uma pessoa parar de levar uma vida completamente ativa! É comum ver nomes como “artrose, “degeneração” no exame de imagem de um praticante de Yoga, que faz todos aqueles movimentos contorcidos, e mesmo assim ele funciona muito bem!! Então se não existe dor, simplesmente significa que essas mudanças existem nos tecidos, mas não são percebidas como ameaça pelo cérebro! www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 7 Equando vemos um jogador fazendo um gol, todo o time o derruba e sobe em cima para comemorar! Depois o jogador se levanta sorrindo, pulando talvez com mais energia que antes! Por outro lado, uma lesão pequena pode ser suficiente para levar uma pessoa a uma vida com dor crônica. Existe um caso de um surfista Australiano que estava sentado na sua prancha esperando a onda. Ele sentiu um beliscão na sua perna e quando foi ver tinha sido mordido por um tubarão que arrancou seu membro! Talvez você já tenha ouviu falar de alguns homens que experimentam a dor do parto! Em alguns lugares do mundo acredita-‐se que quanto mais dor o papai sentir, melhor pai ele será! Algumas esposas costuma cuidar do marido enquanto elas estão dando a luz! Acupuntura pode aliviar a dor, mas nem sempre funciona. Na verdade existem indícios que a acupuntura funciona melhor quando é feita por uma mulher ou por um homem chinês e na china. E funciona menos quando é feita por alguém não chinês e fora da china. Mesmo quando feita da mesma forma. Pesquisas mostram o formato da aspirina pode influenciar o efeito do medicamento. Capsulas transparentes com grânulos coloridos funcionam melhor do que com grânulos brancos. Grânulos bancos funcionam melhor do que tablete colorido, que funcionam melhor do que tabletes quadrados sem pontas, que funcionam melhor do que tabletes redondos. Tudo isso mostra que existem muitas dicas que podem chegar no cérebro e influenciar a dor. Mas sempre o cérebro que decide se alguma coisa vai doer ou não! 100% das vezes, sem exceção! www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 8 O contexto da experiência da dor é muito importante. Uma lesão no mesmo dedo indicador vai causar mais dor em um violinista do que em um dançarino porque o problema no dedo tem um valor muito maior de ameaça para o violinista. Esse evento gera consequências maiores para a vida do violinista e para sua identidade. Isso acontece porque muitas informações sensoriais (visão, audição..., inclusive do corpo) chegam no cérebro e são avaliadas levando em consideração o que temos na memoria, a razão, a emoção. Por exemplo, levamos em consideração as consequências desse problema na nossa vida e a consequência das nossas respostas frente ao problema. Uma pessoa que está jardinando e tem no seu pé um prego pode sentir dor imediatamente ou não. O cérebro decide se a dor é apropriada naquele momento. Muitas outras dicas podem existir ao mesmo tempo: o medo de ter uma infecção, medo de uma lesão seria, a necessidade de proteger outras pessoas, ter que terminar o serviço o mais rápido possível. Sabe, para o cérebro não existe tanta diferença entre uma dor por um problema físico e emocional. Problemas como lesão ou uma doença apresenta também emoção envolvida que pode tornar a experiência da dor mais desconfortável. Uma pessoa que é rejeitada pelo seu amor, apresenta também mudanças na tensão muscular, e no trabalho de reparação das células. Da mesma forma que uma pessoa que sente uma dor no trabalho ao levantar uma caixa e não é valorizada pelo seu supervisor ou pelo profissional da saúde, pode ter um componente muito forte emocional e físico. Para lidar bem com a dor, é importante identificar essas dicas sensoriais. Podemos chamar de dicas (ou nódulos) de ignição. Que “dão partida” a uma experiência de dor mais desconfortável. Dor no trabalho é comum. Dependendo da relação que se tem com o chefe, a dor pode ser piorada. Podem ter muitas dicas sensoriais que fazem a dor incomodar mais. Posição do corpo no computador, muito tempo na mesma posição, quanto nos sentimos cobrados, erro no www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 9 trabalho (senso de controle). Uma espinha não é muito desagradável, mas pode ser horrível quando aparece próxima de uma evento importante. A dor também depende daquilo que entendemos como fator causador. Uma mulher que retirou a mama por causa de um câncer, apresenta dor mais intensa e desconfortável quando ela atribui a dor com um possível retorno do câncer. Independente do que realmente está acontecendo nos tecidos do corpo. Outro exemplo é de um experimento em que voluntários recebem um choque na região da cabeça por um estimulador. Eles vão sentido mais dor a medida que dizem para eles que a intensidade está aumentando. No entanto a intensidade permanece a mesma. Além disso, a falta de informação e de entendimento também produz impulsos para aumentar o medo. Por exemplo, dor inexplicável e continua, e imaginar lesões em tecidos profundos que você não podem ser vistos, aumentam o valorde ameaça da dor. Existem estudos que mostram que quanto mais uma pessoa souber do procedimento cirúrgico menos medicamentos eles precisarão depois da cirurgia. A quantidade da dor pode depender até de quem está do seu lado. Pesquisadores perceberam que os homens sentem mais dor quando recebiam um estimulo doloroso de uma mulher do que de outro homem. Também isso acontece quando estão acompanhados de uma esposa atenciosa e cuidadora. Um outro exemplo é sobre a dor de dente. Estamos sentindo uma dor terrível no dente. Marcamos hora com o e quando já na sala de espera a dor parece ter desaparecido. Esse é um bom exemplo que a dor nos faz agir para resolver o problema. Quando agimos, o cérebro fica satisfeito e entende que não existe mais perigo. A ameaça diminui e a dor passa. www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 10 Você já deve ter ouvido falar em dor fantasma. Uma dor em um membro que fisicamente não existe. Cerca de 70% das pessoas que sofreram uma amputação já apresentaram dor fantasma. E a dor aumenta quando a pessoa fica estressada. A dor pode aumentar quando alguém chega perto da perna onde deveria estar. A dor fantasma nos ensina que em nosso cérebro tem um mapa de todas as partes do corpo inclusive do membro que foi amputado. Portanto mesmo com a ausência de uma parte do corpo, a perna ainda existe no cérebro. Pesquisas descobriram que essa organização do mapa corporal no cérebro muda quando o membro é retirado e quando a pessoa sente dor. Na verdade essa organização muda em casos de dor crônica. A dor não é proporcional a idade. A dor lombar acontece mais em pessoas abaixo de 60 anos do que acima de 60 anos. E isso é mais uma prova de que a dor não tem a ver com a degeneração dos tecidos. A dor, de alguma forma é aprendida porque vamos atribuindo significados a dor. Um bebe bate a cabeça no chão e primeiro olha para sua mãe. Dependendo da sua reação, começa a chorar ou continua brincando. Os profissionais da saúde também ensinam os pacientes sobre o significado das informações que sentimos. Gênero: Existe um mito que as mulheres sentem mais dor do que os homens até o momento de terem o parto. Nesse momento a tolerância à dor magicamente aumenta. É mais provável que as mulheres relatem dor mais honestamente antes de ter o filho. Depois elas tem a obrigação de ser duronas. www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 11 Cultura: Muitas culturas apresentam rituais de iniciação envolvendo lesões severas e raramente são descritos como dolorosos. Porque sentir dor ao ser picado por milhares de formigas quando o resultado será entrar na fase adulta? Parte 2 Resumo: -‐ Sensores de ameaça estão espalhados por todo o corpo e estão sentados nos neurônios; -‐ Quando o nível de excitabilidade de um neurônio chega ao nível critico, a mensagem de ameaça é enviada para a medula espinal; -‐ Quando a mensagem de ameaça alcança a medula espinal, causa liberação de substancias químicas excitatórias da sinapses (facilitam a conversa entre os neurônios); -‐ Na medula espinal, sensores de neurônios são ativados pelas substancias químicas e quando o nível de excitabilidade dos neurônios chegam ao nível critico, uma mensagem de ameaça é enviada para o cérebro. -‐ Antes da mensagem de ameaça seguir caminho ao cérebro, o próprio cérebro pode enviar analgésicos naturais; -‐ A mensagem é processada dentro do cérebro e se o cérebro concluir que você está em perigo e você precisar tomar uma ação, ele vai produzir dor; -‐ O cérebro ativa diferentes sistemas que trabalham juntos para tirar você do perigo. 2-‐ O fantástico sistema de alarme Temos um fantástico sistema sensorial que informa ao cérebro sobre as mudanças nos tecidos do corpo. Um componente desse sistema sensorial é o “sistema de alarme à ameaças”. Um sistema sofisticado construído para alarmar o cérebro quando estamos sendo ameaçados. www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 12 O sistema de alarme tem um centro de comando que é o cérebro. Existem outros centros que também tem um certo comando – a medula espinal (dentro da coluna vertebral). Quando colocamos o dedo numa superfície quente, o aumento da temperatura começa a tocar algumas campainhas localizadas na ponta do dedo. Mensagens de ameaça são enviadas da pele. Mas o processo pelo qual transforma essa mensagem em dor é mais complexo do isso. 2-‐1 Olhando de perto os sinais de alarme Sentados na extremidade das células nervosas existem sensores que tem a habilidade de transmitir informações para a medula espinal. Alguns sensoressão especializados em responder a forças mecânicas como pressão, agulhada. Outros respondem a mudanças de temperatura como quente e frio. Alguns outros respondem a presença de mudanças químicas que podem vir de fora do corpo como uma picada ou de dentro do próprio corpo como liberadas pelas células quando inflamação e acido lático. Quando os sensores respondem aos estímulos, eles se abrem trocando partículas com a parte de fora dos neurônios. Isso cria o impulso elétrico nos neurônios. Assim como os sensores são especializados, os neurônios que eles estão sentados também podem ser especializados. Por exemplo, impulsos elétricos em alguns neurônios viajam a 150 quilômetros por hora e em outros neurônios viajam somente a 1 quilometro por hora. Isso significa que essas informações são muito limitadas. A medula espinal é apenas informada “aumentou a temperatura no meu dedo”, ou “aumentou o acido lático nos meus braço” ou “Perigo! Na minha coluna”! Nada mais do que isso. Todo o restante da experiência que temos de repuxar, pressão, alongar, agonizar é www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 13 produzido pelo cérebro e está baseado em TODAS as informações disponíveis. Não só as mensagens de ameaça. Algumas informações vitais sobre os sensores: 1-‐ Assim como existem sensores na pele, músculos e ossos, muitos sensores estão no cérebro. Os sensores dos cérebro são especializados em responder a estímulos químicos. Todos os tipos de pensamentos podem fazer as campainhas de alarme tocar no cérebro, da mesma forma que uma irritação na pele por uma picada faz campainhas de alarme tocarem nos nervos periféricos. 2-‐ Quando olhamos esses sensores em um microscópio podemos ve-‐los em atividade. Eles podem se fechar e abrir. Quando você vai ao dentista e toma uma injeção de anestesia, as substancias da droga fazem os sensores mecânicos se fecharem. É por isso que eles não conseguem detectar estímulos mecânicos. Nenhum impulso chega na sua medula espinal. O cérebro não aprende com a ameaça. Outros estímulos químicos podem deixar os sensores abertos como uma ferroada de uma Raia e gera uma dor bem forte. 3-‐ A vida dos sensores é curta. Eles vivem só por poucos dias e eles são substituídos por sensores frescos. Isso significa que sua sensibilidade está continuamente em mudança. Lembre desse ponto. Se você está sofrendo por dor, isso pode lhe dar uma esperança. Seu nível de atual de sensibilidade não está fixo. 4-‐ Sensores são proteínas feitas pelos neurônios que tem um livro de receitas chamado DNA. Existem muitas receitas no DNA incluindo aqueles diferentes tipos de sensores. Os sensores especializados feitos por um neurônio particular depende de qual receita foi escolhida ou “ativada”. Qual receita é ativada depende do que está acontecendo no momento. O mix de sensores é relativamente estável, mas podem mudar muito rapidamente. Se o seu cérebro decide que o aumento da sensibilidade é o melhor a se fazer para sobreviver, o DNA pode aumentar a produção dos sensores que se abrem a química do estresse como adrenalina. 5-‐ Similarmente, a quantidade de sensores que são feitos é relativamente estável, mas pode mudar rapidamente. A mudança na quantidade de sensores produzidos aumenta ou diminui a sensibilidade dos neurônios aos estímulos particulares. Se você tem www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 14 uma dor persistente, você pode ter esperança porque a quantidade de fabricação dos sensores pode ser reduzida se a necessidade de produção for reduzida. Como os sensores e a atividade dos sensores estão relacionadas com a dor? Apesar de estarmos falando sobre dor, não existem receptores de dor, nervos de dor, caminhos da dor, ou centros de dor. Existem neurônios espalhados pelos tecidos do corpo que respondem se os estímulos forem suficientes para serem perigosos aos tecidos. Ativação desses neurônios especiais enviam sinais de alarme com prioridade para a medula espinal que são enviadas para o cérebro. Esse tipo de atividade dos nervos é chamada de nocicepção (recepção de ameaças). A todo tempo está acontecendo mensagens de ameaças, mas somente as vezes elas terminam em dor. Nocicepção é o percursor mais comum da dor, mas isso não significa que é o único. Por exemplo, alguns pensamentos podem ativar sinais de alarme dentro do cérebro sem nocicepção em nenhum lugar. Lembre que nocicepção não é suficiente e nem necessária para gerar dor. 2.3 -‐ Enviando as mensagens Os neurônios são ativados eletricamente. Toda vez que os sensores se abrem, são carregados por partículas positivas que correm para dentro deles. Quanto mais sensores se abreme a excitabilidade dentro do neurônio alcança um nível critico, uma onda rápida de corrente elétrica viaja pelo neurônio. Isso é chamado de impulso ou mais tecnicamente de potencial de ação. Os impulsos são a maneira que os nervos carregam mensagens. Um impulso é uma simples mensagem. www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 15 No gráfico, o eixo horizontal representa o tempo e o vertical representa o nível de excitabilidade. Note no começo do gráfico, como o nível da excitabilidade varia, principalmente devido o numero de sensores que estão abertos. Note também que existe um momento critico (de tudo ou nada; limiar) que a mensagem ocorre. Quando o nível de excitabilidade chega no nível critico de excitabilidade, mesmo pequenos eventos que abrem apenas poucos sensores, podem disparar a mensagem. Então se esse neurônio for especializado em carregar mensagem de ameaça, somente estímulos pequenos como movimentos leves ou mudança na temperatura podem ser suficientes para fazer a quantidade de íons positivos alcançarem o ponto critico de excitabilidade e fazer sentir uma dor (dependendo é claro da conclusão do cérebro). Lembre que quando estamos falando de recepção de ameaça, a mensagem que é enviada, pelo seu nervo para a medula espinal só diz “ameaça”. Isso não diz “dor”. De alguma maneira a medula espinal e o cérebro recebe e analisa esses impulsos e cria uma experiência significativa que pode ou não incluir a dor. 2.4 -‐ A mensagem de ameaça chega na medula espinal Quando a mensagem alcança a outra extremidade do neurônio (dentro da coluna vertebral), também despejada substancias químicas que ficam ao redor de neurônios vizinhos. Muitos neurônios que vem dos tecidos do corpo chegam eu um neurônio que sobe para o cérebro. Cada neurônio libera um certo mix de substancias químicas. No ponta do outro neurônio existem sensores químicos especializados em www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 16 responder a algumas das substancias químicas que foram liberadas, mas não todas. Basicamente, substancias químicas com formato redondo encaixam-‐se nos sensores redondos, as substancias químicas quadradas encaixam-‐se nos sensores quadrados... Se eles se encaixarem, os sensores se abrem. Isso é chamado de principio “chave -‐ fechadura”. A mensagem de ameaça vai liberar substancias químicas. As substancias químicas são as chaves para abrir os sensores redondos do segundo neurônio. Da mesma forma que antes, quando o nível de excitabilidade do segundo neurônio alcançar o nível critico... um potencial de ação surge! O segundo neurônio envia a mensagem para o cérebro. Essa mensagem diz “ameaça!” Essa comunicação entre um neurônio e outro chama-‐se “sinapse”. A sinapse é mais ou menos como um correio. O ponto de partida e a saída do correio está sempre mudando. Se existir uma festa no correio e todos estão agitados, qualquer tipo de mensagem vai passar. No entanto, esse é apenas um correio regional e, de alguma forma, essa atividade é controlada pela central dos correios (cérebro). Na verdade, a central dos correios (cérebro) pode até mesmo fechar o correio regional (medula espinal) se for necessário. Através de um interno e poderoso sistema de controle de ameaça. Como isso é feito? Neurônios do cérebro descem para encontrar qualquer impulso de chegada. Não existe duvida da força dessa via e já foi mostrada nas historias sobre dor. Na verdade é aproximadamente 60 vezes mais poderoso do que qualquer droga injetada ou tomada por que você. Isso permite uma enxurrada de substancias químicas (hormônios da felicidade) tais como opióides e serotonina que tem formatos diferentes. E por ter formatos diferentes podem ativar diferentes sensores. Esses sensores fazem as partículas positivas do neurônio saírem de dentro dele, tornando-‐os menos excitável. Ou seja, os neurônios ficam menos propensos a enviar a mensagem de ameaça. Então o impulso descendente amortece o sinal de alarme. Sim, com esse sistema, você pode vencer uma grande final ou um campeonato mundial ou cozinhar por vinte enquanto ainda tem uma lesão. www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 17 2.5 -‐ A mensagem é processada no cérebro O nervo mensageiro da ameaça leva a mensagem de ameaça da medula espinal para o cérebro. A mensagem de ameaça chega junto com muitas outras mensagens e todas elas são processadas no cérebro. O desafio para o cérebro é construir uma historia da melhor forma possível, baseada em todas as informações que estão chegando. O cérebro “da peso” àquilo que acontece e responde fazendo muitas coisas. Uma delas é dando a você uma percepção do que esta acontecendo. Uma maneira de pensar sobre a dor é queela é parte da resposta do cérebro à informação que está chegando. Uma das coisas mais importantes que nós aprendemos com exames de imagem do cérebro, é que na experiência da dor, muitas parte do cérebro estão envolvidas simultaneamente. Embora podemos ver padrões consistentes de atividade no cérebro durante a experiência da dor das pessoas, a quantidade de atividade varia entre as pessoas e em diferentes momentos na mesma pessoa. Cada experiência da dor é única. Não existe um único centro da dor no cérebro, como as pessoas costumam pensar. Existem muitos! Nós chamamos essas áreas de “nódulos de ignição”. Essas partes do cérebro incluem aglomerados de nódulos usados para sensação, movimento, emoções e memoria. A dor apenas pega emprestado essas partes para se expressar. Na dor crônica, alguns desses nódulos são quase que escravizados pela experiência da dor. É quase como um vicio a sentir dor. Na imagem é possível identificar as partes do cérebro que são normalmente ativadas durante a experiência da dor. Essas partes estão todas ligadas uma com as outras elétrica e quimicamente. É mais ou menos a figura que se vê em revistas aéreas mostrando as rotas que são feitas por todo o pais. O padrão de atividade que cria a percepção da dor pode ser considerado uma assinatura da dor. Agora nós sabemos que a mensagem de ameaça que vem dos tecidos pela medula espinal é apenas um impulso. Embora essa mensagem seja uma parte importante no processamento no cérebro, especialmente na dor aguda, isoladamente ela não é suficiente para causar dor. Lembre das historia da dor fantasma. A parte do corpo www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 18 não existe, mas dói e ainda estudos de imagem conseguem mostrar atividade em todas as mesmas áreas do cérebro incluindo o membro virtual. Possíveis partes da assinatura da dor 1-‐ Córtex pré-‐motor e motor: organiza e prepara o movimento 2-‐ Córtex cingulado: concentração e foco 3-‐ Córtex pré-‐frontal: resolução de problemas e memoria 4-‐ Amidala: medo, vicio 5-‐ Córtex sensorial: discriminação da sensação 6-‐ Hipotálamo/ Tálamo: resposta ao estresse, regulação autônoma, motivação. 7-‐ Cerebelo: movimento e cognição 8-‐ Hipocampo: memoria, cognição espacial, medo 9-‐ Medula espinal: portão das informações que vem da periferia. 2.6 -‐ A orquestra no cérebro Uma maneira de entender como o cérebro funciona, incluindo como produz dor, é pensar em uma orquestra. Uma orquestra habilidosa pode tocar milhares de melodias. Pode tocar as mesmas melodias em tempos, notas e ênfases diferentes, usando instrumentos diferentes. Novas melodias podem aparecer, velhas melodias podem ser revividas, varias improvisadas, dependendo da audiência. A dor pode ser entendida como uma melodia que é tocada pela orquestra. Uma boa orquestra pode tocar todas as melodias. E pode facilmente aprender muitas melodias. No entanto, se a orquestra toca a mesma e a mesma melodia... Torna-‐se automática, passa pela memoria, torna-‐se mais e mais difícil de tocar qualquer outra coisa. Curiosidade e criatividade tornam-‐se perdidas. A audiência fica longe... www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 19 E essa orquestra é inspiradora. É como uma porção amarelada de neurônios com consistência de um ovo cozido e macio. Que contem bilhões de neurônios e cada um deles fazendo milhares de conexões. Existem mais conexões possíveis no cérebro que partículas no universo. Neurônios são tão bons em fazer conexões que um simples neurônio colocado em uma banheira de água salgada vai se espichando cerca de 30% do seu comprimento buscando um novo neurônio. Bebes fazem milhões de sinapses por segundo, 3 milhões de sinapses podem existir em uma cabeça de alfinete. Você, o leitor, tem um cérebro em constante mudança; milhões de sinapses se juntando e se separando a cada segundo. Você poderia doar 10.000 sinapses para qualquer homem, mulher ou criança desse planeta, e ainda funcionar de forma sensata! 2.7 -‐ Sistemas que livram você de problemas Mensagens de dentro do cérebro não terminam no cérebro. Em um sistema dinâmico o que acontece dentro vai para fora de alguma forma. O cérebro faz um julgamento do valor dos impulsos e responde a eles. Quando você sente frio existem muitas maneiras que o seu cérebro e corpo podem responder. Quando você está em perigo, o cérebro chama muitos sistemas para livrar você do problema. Esses sistemas estão trabalhando todo o tempo. Os exemplos mais óbvios são: o sistema muscular, que faz você sair correndo, segurar uma parte do corpo, se esconder ou lutar, e o sistema simpático, que controla o suor e a distribuição de sangue. Outros sistemas taiscomo os sistemas imunes e endócrinos trabalham silenciosamente, mas focados em seus trabalhos. Juntos, todos esses sistemas ajudam criar a experiência da dor, ou experiência motora, ou experiência do estresse. Todos esses sistemas podem ajudar você a se livrar do perigo. Em uma situação de ameaça, e especialmente durante a dor, esses sistemas vão trabalhar muito por você. Eles são os melhores em um curto prazo. Durante a dor, a atividade dos sistemas é como um corredor de 100 metros rasos que tem um desempenho em alto nível de atividade em um curto período de tempo. No entanto se você tem dor por um período prolongado, a atividade dos sistemas começa a causar outros problemas. Eles não podem correr uma maratona. Depois vamos ver as consequências da ativação prolongada desses sistemas de proteção. www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 20 Sistemas de proteção: 1-‐ Sistema nervoso simpático: aumenta o batimento cardíaco, mobiliza a reserva de energia, aumenta a vigilância e suor. 2-‐ Sistema motor: corre, luta, protege a área com dor ou lesada. 3-‐ Sistema endócrino: mobiliza a reserva de energia do corpo, reduz a atividade intestinal e reprodutiva. 4-‐ Sistema de produção da dor: motiva a escapar e procurar ajuda, aumenta a atenção na dor. 5-‐ Sistema imune: tardiamente -‐ luta com invasores do corpo, sensibiliza neurônios, produz febre, sonolência para promover a cura. 6-‐ Sistema parassimpático: tardiamente – nutre as células, tecidos para cura. Parte 3 Resumo: -‐ Quando a dor persiste, o sistema de alarme de ameaça se torna mais sensível; -‐ O cérebro começa ativar neurônios que liberam substancias químicas que descem para a medula espinal e facilitam o envio da mensagens vindas dos tecidos; -‐ O neurônio mensageiro de ameaça torna-‐se mais excitável e produz mais sensores para receberem sustâncias químicas excitatória; -‐ O cérebro começa ativar neurônios que liberam substancias químicas na medula espinal; -‐ Sistemas de respostas tornam-‐se mais envolvidos e começam contribuir com o problema; -‐ Pensamentos e Crenças tornam-‐se mais envolvidas e começam a contribuir com o problema; -‐ O cérebro se adapta para ficar melhor em produzir uma assinatura da dor (melodia da dor); www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 21 -‐ Sensores de ameaças nos tecidos contribuem menos e menos para chegada da mensagem de ameaça ao cérebro. 3 -‐ Sistema de alarme central alterado A dor comum do dia a dia, muito frequentemente envolve inflamação, processo de cura lentificado ou tecidos mal condicionados ou não usados. Mas é muito importante saber que todas essas coisas, enviadas pelos nervos, isoladamente, não são suficientes para gerar dor. Somente se o cérebro julgar essas informações ameaçadores, a dor surge. Então você está dizendo que a dor está toda no meu cérebro? Essa é uma das perguntas mais frequentes das pessoas que estão aprendendo sobre fisiologia da dor. Nós temos que ser honestos e dizer “sim”. TODA dor é produzida pelo cérebro – “sem cérebro, sem dor!” Isso não significa que a dor não seja real, muito pelo contrario. Na verdade qualquer pessoa que dizer que “tudo acontece na sua cabeça” e implicar que isso não é real, não entende sobre fisiologia. Entender sobre isso oferece um grande empoderamento. Saber sobre a medula espinal e os processos do cérebro pode oferecer um enorme controle. Nós admitimos que tudo isso é um pouco novo. A ciência por traz do entendimento é muito nova. Olhando o gráfico, as lesões do tecido corporal tem tempo de cura razoavelmente definido. No entanto o tempo de cura do tecido pode variar de acordo com o processo do problema, como o tecido é usado, e das coisas que as pessoas fazem na vida. Levando em consideração aquelas fantásticas historias sobre dor, o comprometimento do corpo e o processo de cura não necessariamente relaciona-‐se com a dor. Nós sabemos que em muitos casos, a dor persiste mesmo quando a lesão inicial já teve seu tempo para se curar. www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 22 Nessas situações, o cérebro conclui que a ameaça continua e que você precisa de toda a proteção que você pode ter. Existem muitas explicações do porque isso acontece. Muitas dessas explicações envolvem mudanças da maneira em que o sistema de alarme funciona. Nós vimos as mudanças na periferia, mas mudanças também acontecem na medula espinal e no cérebro. 3.1 -‐ Medula Espinal Antes de chegar no cérebro, vamos olhar para a medula espinal. O essencial da neurociência -‐ O sistema nervoso é altamente adaptável e vai se acomodar a maioria das demandas que lhe são dadas. Então quando impulsosdos tecidos inflamados, lesados, fracos, cansados chegam na medula espinal ou quando os neurônios do cérebro liberam substâncias químicas excitatórias, os neurônios da medula espinal se adaptam para suprir a demanda. A medula espinal vai ficando melhor em enviar mensagens de ameaças para o cérebro. Essa adaptação começa a acontecer em segundos quando a demanda aumenta. -‐ A curto prazo o neurônio mensageiro de ameaça aumenta sua sensibilidade para a chegada de substancias químicas excitatórias. Isso significa que coisas que costumavam doer começam a doer mais agora. Isso é chamado de hiperalgesia. Também significa que coisas que não causavam dor antes, agora doem. Isso é chamado de alodinia. Hiperalgesia e alodinia significa aumento de sensibilidade. www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 23 -‐ Os sensores mudam sua maneira de trabalhar, eles ficam abertos por mais tempo quando se abrem, permite a entrada de mais partículas de cargas positivas para dentro do neurônio mensageiro de ameaça. Finalmente, o neurônio mensageiro de ameaça aumenta sua produção de sensores para as substancias químicas excitatórias incluindo sensores que ficavam dormindo até serem requisitados. Todas essas coisas mudam a sensibilidade do neurônio mensageiro de ameaça. Seu sistema de alarme está realmente alerta por você. -‐ Alguns processos a mais acontecem a longo prazo. A “enchente” de substâncias químicas que aumentam a sensibilidade pode “encharcar” as sinapses e alguns neurônios podem começar a brotar. Por exemplo, neurônios que nem mesmo carregam mensagem brotam perto do neurônio mensageiro de ameaça. Então as substancias químicas que eles liberam começam a ativar o neurônio mensageiro de ameaça. Isso significa que somente o toque na pele ou uma mudança leve da temperatura pode fazer mensagem de ameaça ser enviada para o cérebro. De alguma maneira o seu cérebro está sendo enganado. Está operando com informação enganosa sobre as condições dos seus tecidos. Mas lembre que seu corpo e cérebro estão agindo para o seu maior interesse – que é proteger você. -‐ O aumento de sensibilidade do sistema de alarme é sempre o principal fator de uma dor persistente. Lembre que a dor é normal, mas o processo por traz dela está alterado. 3.2 -‐ A medula espinal como amplificadora da realidade dos tecidos Quando existem mudanças na medula espinal o cérebro não recebe informações acuradas do que está acontecendo nos tecidos. Ao invés de uma visão clara dos tecidos, existe agora uma visão amplificada ou distorcida da coluna espinal. Para muitas pessoas com dor persistente, isto também uma questão critica para entender e vale a pena repetir. Nesse estado sensibilizado, o cérebro está sendo alimentado de informação que não reflete mais a verdade sobre a saúde dos tecidos conectados as extremidades dos neurônios. Colocando de uma outra forma, o cérebro está recebendo a informação que existe mais ameaça nos tecidos do que realmente existe. As respostas dos cérebro como movimento, pensamentos, respostas autonômicas e endócrinas estão www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 24 baseadas em informações erradas sobre a saúde dos tecidos no final dos neurônios. Algumas metáforas que podem ajudar você a entender o aumento da sensibilidade: -‐ é como um amplificador do som ligado; -‐ é um pouco como se alguém tivesse entrado na sua casa algumas vezes e você instalou um super-‐sistema de alarme, capaz de detectar qualquer movimento até mesmo no escuro. -‐ Talvez tenha sido instalado um motor de Ferrari no seu Fusca. Um pequeno toque no acelerados faz o carro se mover. -‐ A medula espinal tem uma lente de aumento dentro dela. Esse aumento de sensibilidade deveria terminar uma vez que a estrutura comprometida fica sob controle, e/ou quando você tem um profundo entendimento sobre o que está acontecendo. 3.3 -‐ O cérebro se adapta e tenta ajudar A mudança na medula espinal gera uma mudança no cérebro. A mesma mudança que acontece na medula espinal com a dor persistente também acontece nas áreas de ignição no cérebro. Além do cérebro processar e se adaptar a todas as informações sobre a ameaça, ele pode mudar a si mesmo. Não fique em pânico, nosso cérebro está mudando todo o tempo, essa mudança tem como objetivo de aumentar a sensibilidade para nos proteger. A principal mudança que ocorre no cérebro é a produção de mais sensores nas áreas de ignição da dor e mais substância químicas no corpo para ativar os sensores. Isso significa que fica mais fácil dar ignição, por exemplo na área da memoria. Se você tivesse um acidente na esquina de uma rua, toda a vez que você passar por aquelaárea, você vai lembrar, talvez só um tremor, ou talvez uma assinatura possa ser construída no seu cérebro. Ainda bem que você está começando a ver como esse mecanismo de proteção sofisticado pode ficar. Outra mudança conhecida ocorre na parte mais externa do cérebro, o córtex. Áreas do cérebro que normalmente fazem parte de diferentes www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 25 áreas do corpo ou diferentes funções, começam a se sobrepor – fica mais parecida com um borrão do que algo pontual e bem definido. Associada a isso, áreas de uso repetido ficam mais largas. Na verdade, quanto mais a dor cronifica, mais mudanças acontecem no cérebro. Nós acreditamos que ambos os tipos de mudança provavelmente são estratégias do cérebro ficar atento por você – deixando mais difícil o uso de uma parte do corpo (borrando a áreas motoras do cérebro), ou fazendo partes do corpo próximas sensíveis também (borrando áreas sensoriais no cérebro). Mas não entre em pânico, isso está sempre mudando de alguma forma. Se você ficar batendo na cadeira com o seu dedo indicador, a área do cérebro relacionada com o seu dedo indicador vai ficar mais larga. Cegos tem dedos indicadores mais largos no cérebro, músicos com uma dor sem poder mexer a mão podem ter distorções na mão virtual no cérebro. O borrão parece serio. Provavelmente isso reflete as mudanças que são parte das mais avançadas em experiência da dor crônica. A boa noticia é que isso é reversível. Da mesma maneira que músculos e articulações podem ficar mais saudáveis e robustos, a parte do homúnculo no cérebro também pode. 3.4 -‐ A orquestra toca a melodia da dor Nós podemos usar a metáfora do cérebro como uma orquestra para mostrar as mudanças no cérebro que estamos falando. É como se a orquestra do seu cérebro tivesse tocando a mesma melodia da dor de novo, de novo e de novo... Não conseguindo mais tocar um repertorio mais amplo de melodias. Não sendo mais criativo, curioso ou procurando novos desafios musicais. Músicos que tocam instrumentos de teclas deixam a orquestra porque eles não tem mais nada para tocar. Outros músicos ficam cansados e doentes porque tocam o tempo todo. Outros músicos fazem o papel de outros (os músicos de percussão vão para a parte dos violinistas). A melodia da dor não é um melodia feliz. Tours são cancelados enquanto a orquestra fica em casa. Audiência para de vir. As vendas caem. Você entendeu, a dor começa a dominar todos os aspectos da vida – www.mapadador.com.br Rodrigo Rizzo 26 trabalho, amizades, vida familiar, lazer, pensamentos, esportes, emoções, devoção, e crenças. É importante enfatizar aqui que quando o cérebro está sensibilizado, não é só a experiência da dor que é persistentemente produzida. Leva uma mudança persistente no sistema nervoso simpático e parassimpático, sistema endócrino, imune e motor. Esses sistemas podem se combinar para perpetuar a melodia da dor, que nós chamamos de neuroassinatura – a ativação constante das áreas de ignição da dor. 3.5 -‐ Pensamentos e crenças são impulsos nervosos também O cérebro é responsável em fazer a decisão final se alguma coisa é ameaçadora para os tecidos do corpo e em dar a ação necessária. Nós humanos temos uma tremenda vantagem de não-‐humanos porque podemos nos planejar para um evento, podemos aprender rapidamente com as experiências e usar a logica para prever o futuro. Isso significa que podemos identificar uma situação como potencialmente ameaçadora antes de existir algum impulso no nível do tecido. Isso é ótimo, mas quando o sistema está sensível (como na dor crônica), impulsos não relacionados com tecido comprometido, mas julgados pelo cérebro como ameaçadores, podem ser suficientes para causar dor. Isso acontece sem mesmo você estar ciente disso. Sabemos que algumas pessoas com dor persistente precisam somente pensar em um movimento ou observar alguém fazer um movimento para produzir uma dor. Na verdade, em alguns pacientes, somente imaginar o movimento pode causar suor na parte dolorida. Muitos pacientes já nos disseram que “alguma coisa dói só de pensar”. Isso é completamente compreensível. Você não está louco. Na verdade isso faz muito sentido se você lembrar que seu cérebro aprendeu a ser muito bom em proteger você de qualquer coisa que pode ser ameaçador para seus tecidos. Até pensamentos como “esse medico acha que eu estou supervalorizando a dor”; “o exame não pode achar o que está acontecendo então isso deve ser realmente grave e profundo”, e “Fulano tem dor na coluna e ele está agora na cadeira de rodas”, estão ameaçando o cérebro preocupando-‐o em sobreviver. Esses pensamentos e o medo de
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