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DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS – Parte 1 HIPEREMIA: É um processo ativo através do qual uma maior quantidade de sangue necessária a uma área é levada até ela. Os vasos se dilatam, há aumento do aporte sanguíneo a uma determinada área. A área torna-se visivelmente vermelha. CAUSAS: Por mecanismos centrais – aumento da atividade metabólica (por exemplo na digestão). Por mecanismo periféricos – ação de substâncias vasoativas (nas inflamações). CONGESTÃO: É um processo passivo que resulta de obstrução ou falha do fluxo sanguíneo, causando acúmulo de sangue na circulação venosa. Quanto à extensão pode ser localizada ou generalizada e quanto à duração pode ser aguda ou crônica. Macroscopicamente o órgão pode apresentar-se avermelhado escuro (cianótico). Microscopicamente, os capilares e vênulas estão dilatados. Congestões generalizadas: podem ser causadas por lesões em válvulas, em miocárdio, ou pericárdio, ou também obstruções na circulação pulmonar. *Na insuficiência cardíaca congestiva direita (ICCD), o sangue que se acumula na circulação venosa, congestão da veia porta e hepática, pode gerar acúmulo de líquido nos tecidos (edema). Usualmente resulta de acúmulo de líquido no tecido subcutâneo, nas extremidades corporais e nas principais cavidades do organismo (por exemplo, no abdomem – ascite). Fígado de noz moscada: A congestão crônica do fígado pode levar a hipóxia ou anóxia ao redor das veias centrolobulares. Se a anóxia persiste e é intensa, os hepatócitos podem tornar-se necróticos. À medida que os hepatócitos morrem e desaparecem, as hemácias se acumulam nos sinusóides dilatados e podem ocupar o espaço anteriormente ocupado pelos hepatócitos. As regiões centrolobulares apresentam uma cor intensa que varia do vermelho ao marrom e estão levemente deprimidas (devido à morte celular), destacando-se das zonas circunjacentes do fígado não congestionado e com cor que varia do amarelo ao castanho. Este aspecto vermelho mosqueado de castanho lembra a noz moscada. * Na insuficiência cardíaca congestiva esquerda (ICCE), o acúmulo de sangue e o aumento da pressão hidrostática ocorrem nos pulmões. Haverá acúmulo de líquido nos pulmões (edema pulmonar). Células do vício cardíaco: Hemácias escapam dos capilares para os alvéolos e são fagocitados pelos macrófagos alveolares. Com a degeneração das hemácias ocorre acúmulo de hemossiderina (produto resultante da degeneração das hemácias de cor amarelo-dourada a marrom-dourada) nos macrófagos alveolares, essas células então são chamadas de células do vício cardíaco. HEMORRAGIA: Saída de sangue dos vasos sanguíneos, decorrente de inúmeras causas. As hemácias podem sair através da parede celular intacta num processo chamado diapedese (per diapedese) Pode haver um dano físico à parede vascular, causando ruptura, por onde as hemácias saem (per rhexis). TIPOS DE HEMORRAGIAS: Petéquias - pequenas hemorragias de até 1 ou 2 mm. Equimoses – maiores que petéquias – de até 2 a 3 cm. Sufusões – com aspecto de pinceladas. Hematomas – coleção de sangue. Hemorragias em cavidades: hemoperitônio (cavidade abdominal), hemopericárdio (saco pericárdico), hemotórax (cavidade torácica) EDEMA: É o acúmulo anormal de líquido nos espaços teciduais. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DO EDEMA: O edema é morfologicamente caracterizado por um fluido transparente a levemente amarelo que geralmente contém pequena quantidade de proteína (transudato), que aumenta e expande o interstício afetado. Histologicamente, o edema é amorfo, com fluido eosinofílico pálido (coloração de hematoxilina e eosina [H&E]) em função do conteúdo proteico. TIPOS DE EDEMA: Fluido no interior da luz alveolar (edema pulmonar), na cavidade torácica (hidrotórax), no saco pericárdico (hidropericárdio) ou na cavidade abdominal (ascite ou hidroperitônio); na pele (edema sulcante); generalizado (anasarca); nas partes inferiores do corpo causado pelos efeitos da gravidade (edema dependente). CAUSAS DE EDEMA/EQUILÍBRIO DE STARLING: As forças de Starling são as responsáveis pelo movimento de fluido entre os compartimentos. Entre as forças de Starling existe a pressão hidrostática e a pressão oncótica. A PRESSÃO HIDROSTÁTICA é uma força exercida pelos líquidos que tende a expulsar o líquido de dentro dos vasos. A PRESSÃO ONCÓTICA é uma força que atrai água para dentro dos vass. Ambas as pressões existem nos compartimentos intravascular e intersticial. A resultante entre elas é que determina se o líquido irá entrar ou sair de cada compartimento, com objetivo de manter o equilíbrio. O edema ocorre através de quatro mecanismos principais: (1) aumento na permeabilidade vascular; (2) aumento na pressão hidrostática intravascular; (3) diminuição na pressão osmótica intravascular; e (4) diminuição na drenagem linfática. QUESTÕES DE PROVA 1 - Cite qual parâmetro do equilíbrio de Starling está alterado ocasionando edema nas diferentes lesões: a) Insuficiência cardíaca congestiva: AUMENTO DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA. *Explicação: O aumento na pressão hidrostática intravascular é mais frequente em função de um aumento do volume de sangue na microvasculatura, neste caso, criado por uma pressão retrógrada na circulação venosa. Como o coração não consegue bombear os volumes normais de sangue, a circulação se torna “congesta” (acumula sangue na circulação venosa) então a força ou pressão hidrostática intravascular estará aumentada, “forçando” a saída de líquido dos vasos para o espaço intersticial, provocando edema. b) Glomérulo nefrite difusa: DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO ONCÓTICA (osmótica) *Explicação: Distúrbios na filtração glomerular permitem a perda da proteína pela urina. A perda de proteína (gerando hipoproteinemia) resulta em diminuição da pressão osmótica do sangue (poucas proteínas para “atrair” água para dentro dos vasos sanguíneos) e consequentemente mais líquido é empurrado para fora dos vasos, causando edema. c) Linfomas: DIMINUIÇÃO DA DRENAGEM LINFÁTICA (ou obstrução linfática) *Explicação: Tumores nos linfonodos alteram a drenagem linfática, obstruindo e impedindo que o excesso de líquido tecidual produzido (linfa) seja drenado, o que gera acúmulo. d) Desnutrição: DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO ONCÓTICA (osmótica) *Explicação: A falta de aminoácidos numa dieta pobre, ou desbanleceada, resulta em falha na formação de proteínas plasmáticas (gerando hipoproteinemia) o que, por sua vez, causa a diminuição na pressão oncótica, causando edema. e) Inflamações: AUMENTO DA PERMEABILIDADE VASCULAR *Explicação: O aumento na permeabilidade vascular está associado a uma reação vascular inicial a estímulos inflamatórios ou imunológicos. Esses estímulos induzem a liberação localizada de mediadores químicos (histamina, bradicinina, leucotrienos e substância P) que causam vasodilatação e o aumento na permeabilidade vascular. Com o aumento da permeabilidade há o extravasamento de plasma e proteínas para os tecidos. f) Reação anafilática: AUMENTO DA PERMEABILIDADE VASCULAR *Explicação: A interação de uma substância estimulante com a imunoglobulina E ligada aos mastócitos resulta em degranulação generalizada dos mastócitos e liberação de histamina e outros mediadores vasoativos. Subsequentemente, ocorre vasodilatação sistêmica e aumento na permeabilidade vascular. g) Intervenção cirúrgica: DIMINUIÇÃO DA DRENAGEM LINFÁTICA *Explicação: **Provavelmente por lesões, ou obstruções aos vasos, ou gânglios, linfáticos durante o procedimento cirúrgico (incisõese cicatrização). h) Insuficiência hepática: DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO ONCÓTICA (osmótica) *Explicação: Em doenças hepáticas graves há uma redução na produção de albumina (gerando hipoproteinemia) o que diminui a pressão oncótica. i) Linfangite: DIMINUIÇÃO DA DRENAGEM LINFÁTICA (ou obstrução linfática) *Explicação: Ocorre a compressão dos vasos linfáticos por inchaço inflamatório. O que obstrui o fluxo linfático. j) Hemoncose: DIMINUIÇÃO DA PRESSÃO ONCÓTICA (osmótica) *Explicação: A perda da albumina do plasma pode ocorrer em doenças gastrointestinais caracterizadas por perda severa de sangue, tal como aquelas causadas por parasitismo. O Haemonchus (parasito nematódeo) se alimenta de sangue (hematófago), uma perda severa de sangue resulta em perda de proteína (gerando hipoproteinemia) e consequentemente em diminuição da pressão oncótica. k) CID: AUMENTO DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA *Explicação: Os vasos são obstruídos, impedindo o fluxo sanguíneo o que leva ao aumento da pressão hidrostática. l) Obstrução de veia por trombo: AUMENTO DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA *Explicação: Os vasos são obstruídos, impedindo o fluxo sanguíneo venoso (causa acúmulo de sangue) o que leva ao aumento da pressão hidrostática. m) Torção intestinal: AUMENTO DA PRESSÃO HIDROSTÁTICA *Explicação: Fluxo venoso é obstruído por compressão dos vasos o que leva ao aumento da pressão hidrostática. * Pressão oncótica, pressão osmótica, ou pressão coloidosmótica significam a mesma coisa.