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Processo Civil - Principios Constitucionais do Processo Civil

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1 
 
TEXTO 03 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
DO PROCESSO CIVIL 
 
 
Emerson Baptista da Silva 
Advogado em São Paulo, pós-graduado em Direito Civil e Processo Civil pela EPD - Escola 
Paulista de Direito e Diretor do site www.advogadovirtual.com.br 
25/11/2008 
 
 
 
01. Introdução 
 
Os princípios constitucionais do processo civil que moldam a “forma de ser” do 
processo, explicitados fundamentalmente na Constituição Federal, não exclusivamente, no 
Artigo 5º da Constituição Federal, prescindem de Lei para existirem juridicamente. É que o 
referido dispositivo deve ser lido, interpretado e aplicado rente ao que dispõe seus dois 
primeiros parágrafos. De acordo com eles, todos os direitos e garantias lá previstos não 
exigem nenhuma regra que os implemente concretamente. São para empregar nomenclatura 
que vem cunhada pela doutrina mais recente. “Direitos Fundamentais”. 
Significa dizer que os Princípios são as premissas que determinam a “forma de ser” do 
processo, constituindo-se em raízes alimentadoras de seus conceitos e de suas propostas. O 
professor Miguel Reale os define como sendo os verdadeiros pontos de partidas de uma 
ciência. Nenhum princípio constitui um objetivo em si mesmo e todos eles, em seu conjunto, 
devem valer como meios de melhor proporcionar um sistema processual justo, capaz de 
efetivar a promessa constitucional de acesso à justiça, entendida como a obtenção de soluções 
justas – acesso à ordem jurídica justa. 
Feitas as considerações iniciais é hora de expor os Princípios Constitucionais do 
Processo Civil, viabilizando, no decorrer da exposição, sua individualização e significado. 
 
 
02. Acesso a Justiça 
 
Também conhecido como Inafastabilidade da Jurisdição é o primeiro dos princípios que 
deve ser exposto, significa o grau de abertura imposto pela Constituição Federal para o 
Processo Civil. Grau de abertura no sentido de ser amplamente desejável, no plano 
constitucional, o acesso ao Poder Judiciário. É o que se lê no Artigo 5º, XXXV da Constituição 
Federal: “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. 
 
 
03. Devido Processo Legal 
 
 Se o Princípio do Acesso a Justiça representa a idéia de que o Judiciário está aberto, o 
Devido Processo Legal volta-se a indicar as condições mínimas em que deverá ocorrer o 
desenvolvimento do processo, ou seja, o método de atuação do Estado-juiz para lidar com a 
afirmação de uma situação de ameaça ou lesão a direito deve se dar. 
 
 
2 
 
04. Contraditório 
 
O núcleo essencial do Princípio do Contraditório compõe-se, de acordo com a doutrina 
tradicional, de um binômio: “ciência e resistência” e “informação e reação”, o primeiro é 
sempre indispensável e o segundo, eventual ou possível. 
Este princípio vem expresso no Artigo 5º, LV da constituição Federal, onde: “aos 
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o 
contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. 
 
 
05. Ampla Defesa 
 
O mesmo inciso LV do Artigo 5º da Constituição Federal que faz expressa referência ao 
Princípio do Contraditório, lista também o da ampla defesa com os recursos a ela inerentes. 
Dessa forma a referência de que trata o aludido inciso no que diz respeito aos “recursos 
nela inerentes”, devem ser entendidos como a criação de mecanismos, de formas, de técnicas 
processuais, para que a ampla defesa seja exercida. 
 
 
06. Juiz Natural 
 
Por vezes também chamado de Princípio da Vedação dos Tribunais de Exceção, está 
fundamentado expressamente em dois dispositivos da Constituição Federal, nos incisos 
“XXXVII – Não haverá juízo ou tribunal de exceção” e “LIII – ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente”. 
Significa que a autoridade judiciária que julgará um determinado caso deverá preexistir 
ao fato a ser julgado. 
Tão importante o princípio, mormente quando analisado no seu contexto histórico de 
perseguições pretensamente legitimadas pelas demais garantias do processo. 
 
 
07. Imparcialidade 
 
 O Princípio da Imparcialidade não tem precisão expressa na Constituição Federal. 
Contudo, a doutrina, não hesita em entendê-lo como decorrência do Princípio do Juiz Natural 
ou mais corretamente, como fator que o complementa. 
O que há na Constituição Federal de mais próximo do Princípio da imparcialidade são as 
prerrogativas que o Artigo 95 reconhece ao magistrado, forma garantística de viabilizar a ele 
o exercício pleno de suas funções processuais, ao lado das vedações arroladas no parágrafo 
único do dispositivo e por sua vez o próprio Código de Processo Civil ocupa-se de fornecer 
instrumental para garantir esta imparcialidade em seus Artigos 134, que estão arrolados os 
casos de impedimento, e o 135, que ocupa-se dos casos de suspeição. 
 
 
08. Duplo Grau de Jurisdição 
 
 É o mais difícil de ser identificado, basicamente por que não há consenso na doutrina 
sobre sua extensão e significado, o que é agravado, pois a Constituição Federal não se refere a 
ele expressamente. 
3 
 
Não obstante, por duplo grau de jurisdição deve ser entendido o modelo no qual se 
garante a revisibilidade ampla das decisões, por magistrados preferencialmente diversos e 
localizados em nível hierárquico diverso. Por revisibilidade ampla deve ser entendida a 
oportunidade de tudo aquilo que levou o órgão “a quo” a proferir uma decisão e ser revisado 
pelo magistrado “Ad quem”. 
 
 
09. Isonomia 
 
É princípio basilar na organização do Estado brasileiro e está previsto no Artigo 5º, I da 
Constituição Federal que diz: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza". 
A isonomia ou igualdade deve ser entendida no sentido de que o Estado-juiz (o 
magistrado que o representa) deve tratar de forma igualitária os litigantes, seja dando-lhes 
igualdade de condições de manifestação ao longo do processo, seja criando condições para 
que esta igualdade seja efetivamente exercitada. 
 
 
10. Publicidade 
 
 Vem expresso no inciso LX do Artigo 5º da Constituição Federal: “a lei só poderá 
restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse 
social o exigirem”. 
Este princípio também consta dos incisos “IX- todos os julgamentos dos órgãos do Poder 
Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo 
a lei limitar a presença, em determinados atos, as próprias partes e a seus advogados, ou 
somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no 
sigilo não prejudique o interesse público à informação.” e “X- as decisões administrativas dos 
tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da 
maioria absoluta de seus membros.” da Constituição Federal, ambos com a redação que lhes 
deu a emenda Constitucional nº 45/2004. 
 
 
11. Motivação 
 
Também chamado de Princípio da Fundamentação, tem previsão expressa nos mesmos 
incisos IX e X do Artigo 93 da Constituição Federal, que também expressam o Princípio da 
Publicidade. Contudo não é o suficiente para tratar as duas figuras, como se eles fossem a 
mesma uma coisa só, embora é certo que haja inegável correlação entre ambos. 
O Princípio da Motivação expressa a necessidade de toda e qualquer decisão judicial ser 
explicada, fundamentada, justificada pelo magistrado que a prolatou. 
Com isto o princípio assegura não só a transparência da atividade judiciária, mas 
também viabiliza que se exercite o adequado controle de todas e quaisquer decisões 
jurisdicionais. 
 
 
12. Vedação das Provas Ilícitas ou Obtidas por Meios Ilícitos 
 
4 
 
Este princípio é expresso no Artigo 5º, LVI da Constituição Federal: "são inadmissíveis,no processo, as provas obtidas por meios ilícitos". O que o princípio que proteger, acima de 
tudo, é a intimidade das pessoas, nos termos amplos do Artigo 5º, X da Constituição Federal. 
Artigo 5º, LVI da Constituição Federal permite a distinção entre provas ilícitas e obtidas 
por meios ilícitos. Prova ilícita é aquela que, em si mesma considerada, fere o ordenamento 
jurídico. Prova obtida por meios ilícitos é aquela que, em si mesmo considerada, é admitida ou 
tolerada pelo sistema, mas cuja forma de obtenção, de constituição, de formação, fere o 
ordenamento jurídico. 
 
 
13. Assistência Jurídica Integral e Gratuita 
 
 Consagrado no Artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal; “O Estado prestará assistência 
jurídica integral e gratuita aos que provarem insuficiência de recursos”. 
Este princípio vai muito mais além do que a obrigação do Estado na prestação de 
assistência jurídica integral e gratuita, significa portanto que também fora do plano do 
processo, o Estado tem o dever de atuar em prol da conscientização jurídica da sociedade, 
orientado-a com relação aos seus direitos. Este é um passo decisivo para desenvolvimento e 
fortalecimento do sentimento de cidadania de um povo. 
É fundamental que se saiba que se tem direitos até como pressuposto lógico e 
indispensável para se pretender exercê-los, se for o caso, inclusive jurisdicionalmente. 
 
14. Economia e Eficiência Processual: A duração Razoável do Processo e 
os Meios que Garantem a Celeridade Processual 
 
O Princípio da Economia Processual encontra sustentação expressa mais apropriada na 
Constituição Federal, na assistência jurídica integral e gratuita, conforme já tratado no item 
anterior, seja também na sua formulação mais recente introduzida pela Emenda 
Constitucional nº 45/2004, por meio do inciso LXXVIII do Artigo 5º: “a todos, no âmbito 
judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que 
garantam a celeridade de sua tramitação”. 
Tradicionalmente, o Princípio da Economia Processual era visto como a necessidade do 
processo civil levar em conta o menos dispêndio possível de recursos financeiros para que o 
acesso a justiça pelos mais pobres não fosse comprometido. 
Tal princípio deve ser entendido como aquele segundo o qual a atividade jurisdicional 
deve ser prestada sempre com vistas a produzir o máximo de resultados com o mínimo de 
esforços. 
Mesmo antes da Emenda Constitucional nº 45, não havia como negar que o Princípio da 
Razoável Duração do Processo já constituía direito vigente no ordenamento jurídico, por que 
era ele positivado expressamente pelo Artigo 8º, n. 1, do Pacto de San José da Costa rica, 
promulgado pelo Decreto 678/1992 e, por isto, norma integrante do sistema processual civil. 
De qualquer forma, o relevante é que a iniciativa da Emenda Constitucional nº 45 acaba 
por significar que não há como pensar no processo civil brasileiro sem levar em consideração 
o princípio da duração razoável do processo e os meios que garantam a celeridade de sua 
tramitação, independentemente dos resultados práticos produzidos por este processo, campo 
mais propício para o Princípio da Efetividade do Processo, o qual veremos ao próximo item. 
É importante destacar que o inciso LXXVIII do Artigo 5º da Constituição Federal, mesmo 
que possa ser lido sob o nome comum de “economia processual”, pelas razões expostas nos 
parágrafos anteriores, traz duas diretrizes diversas, embora complementares. Uma é a 
5 
 
relativa à duração razoável do processo e a outra é a relativa aos meios que garantam a 
celeridade de sua tramitação. 
 
 
15. Efetividade do Processo 
 
 O Princípio da Efetividade do Processo também repousa na locução contida no Artigo 5º, 
XXXV, de que a lei não excluirá nenhuma lesão ou ameaça a direito da apreciação do Poder 
Judiciário, o mesmo que no item 2, supra, rendeu ensejo a apresentação do “Princípio do 
Acesso à Justiça”. Este princípio por vez é enunciado como efetividade da jurisdição. 
Sua noção nuclear repousa em verificar que, uma vez obtido o reconhecimento do 
direito indicado como ameaçado ou lesionado, e que, por isto mesmo, justifique a atuação do 
Estado-juiz, seus resultados devem ser efetivos, isto é, concretos, palpáveis, sensíveis no plano 
exterior do processo, isto é, fora do processo. 
Vale destacar que para bem compreender o significado do Princípio da Efetividade do 
Processo, que enquanto o Princípio do Acesso à Justiça e o do Devido Processo Legal e o dos 
que dele derivam que pelas razões expostas no item 3, supra, são praticamente todos os 
princípios expostos até aqui, voltam-se basicamente à criação de condições efetivas de 
provocação do Poder Judiciário e de obtenção da tutela jurisdicional, isto é, ao 
reconhecimento do direito (ameaçado ou lesionado) de alguém pelo Poder Judiciário. 
O Princípio da Efetividade do Processo volta-se mais especificamente aos resultados 
práticos deste reconhecimento do direito, na exata medida em que ele o seja, isto é, aos 
resultados da tutela jurisdicional no plano material, exterior ao processo. 
 
 
16. Conclusão 
 
Este pequeno estudo, ainda que de forma sintética, buscou tratar dos princípios 
processuais, em especial àqueles aplicáveis ao processo civil, inseridos na Constituição 
Federal de 1988. 
Os Princípios Constitucionais do Processo Civil estabelecem regras que norteiam a 
relação jurídica processual, assegurando direitos, atribuindo ônus às partes e deveres ao 
Estado, com o intuito de assegurar o regular desenvolvimento do processo. 
Durante a exposição, foi possível perceber, em todo momento, a proteção dos litigantes 
dentro do processo, perante o Estado. 
Em síntese, os princípios consagrados constitucionalmente, garantem ao cidadão, dentre 
outros direitos, o livre acesso ao Poder Judiciário, a fim de proteger ou reparar dano a seu 
direito, dentro do devido processo legal, utilizando-se dos mecanismos de contraditório e 
ampla defesa, sendo julgado por órgão competente juiz natural, através de tratamento 
igualitário com atos públicos, tudo consubstanciado em provas lícitas e legítimas e com 
decisão fundamentada, dentro de um processo eficiente, econômico, celere e efetivo. 
Por fim, é sempre bom lembrar, após a conclusão de qualquer que seja o trabalho 
jurídico efetuado, o dito pelo Professor Tércio Sampaio Ferraz Junior em seu livro Introdução 
ao Estudo do Direito, publicado pela Editora Atlas, a seguinte mensagem: 
"Estudar o direito é, assim, uma atividade difícil, que exige não só acuidade, inteligência, 
preparo, mas também encantamento, intuição, espontaneidade. Para compreendê-lo é 
preciso, pois, saber e amar. Só o homem que sabe pode ter-lhe o domínio. Mas só quem o 
ama é capaz de dominá-lo rendendo-se a ele".

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