Buscar

sgc enem extensivo redacao i 07

Prévia do material em texto

• Proposta de intervenção 
 
 
 
 
• Texto I - Redação de Carlos Eduardo Lopes 
Marciano, 19 anos, do Rio. Divulgado pelo 
jornal O Globo. 
 
 
O verdadeiro preço de um brinquedo 
É comum vermos comerciais direcionados ao 
público infantil. Com a existência de 
personagens famosos, músicas para crianças e 
parques temáticos, a indústria de produtos 
destinados a essa faixa etária cresce de forma 
nunca vista antes. No entanto, tendo em vista a 
idade desse público, surge a pergunta: as 
crianças estariam preparadas para o 
bombardeio de consumo que as propagandas 
veiculam? 
 
 
Há quem duvide da capacidade de convencimento 
dos meios de comunicação. No entanto, tais 
artifícios já foram responsáveis por mudar o curso 
da História. A imprensa, no século XVIII, 
disseminou as ideias iluministas e foi uma das 
causas da queda do absolutismo. Mas não é 
preciso ir tão longe: no Brasil redemocratizado, as 
propagandas políticas e os debates eleitorais são 
capazes de definir o resultado de eleições. É 
impossível negar o impacto provocado por um 
anúncio ou uma retórica bem estruturada. 
• O problema surge quando tal discurso é 
direcionado ao público infantil. Comerciais 
para essa faixa etária seguem um certo 
padrão: enfeitados por músicas temáticas, as 
cenas mostram crianças, em grupo, utilizando 
o produto em questão. Tal manobra de 
“marketing” acaba transmitindo a mensagem 
de que a aceitação em seu grupo de amigos 
está condicionada ao fato dela possuir ou não 
os mesmos brinquedos que seus colegas. Uma 
estratégia como essa gera um ciclo 
interminável de consumo que abusa da pouca 
capacidade de discernimento infantil. 
 
Fica clara, portanto, a necessidade de uma 
ampliação da legislação atual a fim de limitar, 
como já acontece em países como Canadá e 
Noruega, a propaganda para esse público, 
visando à proibição de técnicas abusivas e 
inadequadas. Além disso, é preciso focar na 
conscientização dessa faixa etária em escolas, 
com professores que abordem esse assunto de 
forma compreensível e responsável. Só assim 
construiremos um sistema que, ao mesmo 
tempo, consiga vender seus produtos sem obter 
vantagem abusiva da ingenuidade infantil. 
 
• Texto II - Redação de Nathalia Cardozo, 19 
anos, de São João de Meriti – divulgado pelo 
jornal O Globo. 
 
 
Produtos e serviços são necessários a qualquer 
sociedade. Dentre eles, estão serviços de planos 
de saúde, financiamento de moradias, compra de 
roupas e alimentos, entre outros elementos 
presentes no âmbito social. A publicidade e a 
propaganda exercem papel essencial na 
divulgação desses bens. No entanto, é preciso 
atenção por parte dos consumidores para analisar 
e selecionar que tipos de propagandas são 
fidedignas, e no caso de publicidade direcionada a 
crianças e adolescentes, essa medida nem sempre 
é possível. 
 
Em um primeiro plano, é importante constatar que as 
crianças não possuem capacidade de analisar os prós e 
contras da compra de um produto. Nesse sentido, os 
elementos persuasivos da propaganda têm grande 
influência no pensamento dos indivíduos da Primeira 
Idade, já que personagens infantis, brinquedos e 
músicas conhecidas por eles estimulam uma ideia 
positiva sobre o produto ou serviço anunciado, mas 
não uma análise do mesmo. Infere-se, assim, que a 
utilização desses recursos é abusiva, uma vez que vale-
se do fato de a criança ser facilmente induzida e do 
apego às imagens de caráter infantil, considerando 
apenas o êxito do objetivo da propaganda: persuadir o 
possível consumidor. 
 
Além disso, observa-se que as ações do Conselho Nacional 
de Autorregulamentação Publicitária (Conar) são 
importantes, porém insuficientes nesse quesito. O Conar 
busca, entre outros aspectos, impedir a veiculação de 
propagandas enganosas, porém respeita o uso da 
persuasão. Assim, ao longo dos anos, pode-se perceber 
que o Conar não considera o apelo infantil abusivo e 
permitiu a transmissão de propagandas destinadas ao 
público infantil, já que essas permanecem na mídia. Diante 
desse raciocínio, é possível considerar a resolução do 
Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente 
(Conanda) válida e necessária para a contenção dos abusos 
propagandísticos evidenciados. 
 
Tendo em vista a realidade abusiva da propaganda 
infantil, é necessário que o Conar e o Conanda 
trabalhem juntos para providenciar uma análise ainda 
mais criteriosa dos anúncios publicitários dirigidos à 
primeira infância, a fim de verificar as técnicas de 
indução utilizadas. Ademais, a família e o sistema 
educacional brasileiro devem proporcionar às crianças 
uma educação relacionada a questões analíticas e 
argumentativas para que, já na adolescência, possam 
distinguir de maneira cautelosa as intenções dos órgãos 
publicitários e a validez das propagandas. Dessa forma, 
será possível conter os abusos e estabelecer justiça 
nesse contexto.

Continue navegando