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www.cers.com.br PRÁTICA EM FAMÍLIA E SUCESSÕES Poder Familiar e União Estável Marcos Ehrhardt 1 MARCOS EHRHARDT JÚNIOR PODER FAMILIAR E UNIÃO ESTÁVEL Recebendo o cliente e definindo necessidades Recebendo o cliente • Necessidade de buscar informações: • O que aconteceu? • Qual o tipo de relacionamento existente entre os envolvidos? • Já buscaram o Judiciário antes? • É possível buscar uma forma alternativa de resolução do conflito? • O que seu cliente pretende? • Verificação da documentação e solicitação de documentação complementar • Contratação dos serviços (contrato de honorários e procuração) Análise das possibilidades do caso • Quais os fundamentos jurídicos da pretensão do seu cliente? • Quais os principais argumentos contrários a sua tese ? • A situação fática permite formulação de pedido de antecipação dos efeitos da tutela? • Qual o entendimento jurisprudencial? ELABORANDO A PETIÇÃO INICIAL Quais os itens obrigatórios? Art. 282. A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; Quais os itens obrigatórios? IV - o pedido, com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citação do réu. Qual o juízo competente? Art. 100, CPC. É competente o foro: I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento; www.cers.com.br PRÁTICA EM FAMÍLIA E SUCESSÕES Poder Familiar e União Estável Marcos Ehrhardt 2 II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; Enunciado 523, CJF: As demandas envolvendo união estável entre pessoas do mesmo sexo constituem matéria de Direito de Família. Nome e qualificação das partes • Verifique os dados que constam da certidão de nascimento/casamento • Informar o endereço de modo mais completo possível, incluindo o CEP • • Lembrar das questões de representação (<16) e assistência (>16<18) de filhos menores Qual o valor da causa? Art. 258, CPC. A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediato. Art. 259, CPC. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será: VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor; Quais as provas que necessitam ser apresentadas? • Prova documental • Prova pericial • Depoimento pessoal das partes • Prova Testemunhal Fundamentação jurídica ANTECEDENTES HISTÓRICOS: Qual tratamento do instituto antes da CF/88? • União não matrimonial (união livre), Concubinato, casamento “inferior”... • Entre a discriminação (relação moral e ilícita que ia de encontro a sacralidade do casamento e desconsideração legal – mero estado de fato EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL Se o “concubinato” não era reconhecido como entidade familiar, a solução dos Tribunais, diante da realidade social e repercussão das uniões não matrimoniais, foi aplicar, por equidade, soluções do direito obrigacional. Surge então teses sobre SOCIEDADES DE FATO aplicáveis as relações concubinárias. Súmula 380, STF Súmula 382, STF Súmula 380, STF COMPROVADA A EXISTÊNCIA DE SOCIEDADE DE FATO ENTRE OS CONCUBINOS, É CABÍVEL A SUA DISSOLUÇÃO JUDICIAL, COM A PARTILHA DO PATRIMÔNIO ADQUIRIDO PELO ESFORÇO COMUM. DJ de 8/5/1964 Súmula 382, STF A VIDA EM COMUM SOB O MESMO TETO, "MORE UXORIO", NÃO É INDISPENSÁVEL À CARACTERIZAÇÃO DO CONCUBINATO. DJ de 8/5/1964 SOCIEDADE DE FATO www.cers.com.br PRÁTICA EM FAMÍLIA E SUCESSÕES Poder Familiar e União Estável Marcos Ehrhardt 3 • Desnecessidade de coabitação; • Em caso de dissolução, partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum; E se o esforço comum não fosse demonstrado? Só restava pleitear “indenização por serviços prestados” Como provar o esforço comum ? A melhor solução encontrada foi presumi-lo pela própria convivência familiar O ESTATUTO JURÍDICO DA UNIÃO ESTÁVEL Após o advento da CF/88, surgiram duas leis para disciplinar o instituto da União Estável: • Lei 8.971/94 • Lei 9.278/96 Mas coube ao Código Civil disciplinar a matéria (arts. 1.723 a 1.727) Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil. Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. REQUISITOS E NATUREZA JURÍDICA São requisitos para configuração da UNIÃO ESTÁVEL: I. RELAÇÃO AFETIVA SEM NECESSIDADE DE DIVERSIDADE DE SEXOS; II. CONVIVÊNCIA PÚBLICA CONTÍNUA E DURADOURA; III. FINALIDADE DE CONSTITUIÇÃO DE “FAMÍLIA”; IV. POSSIBILIDADE DE CONVERSÃO PARA CASAMENTO. UNIÃO ESTÁVEL COMO ATO-FATO JURÍDICO A POSIÇÃO DE PAULO LUIZ NETTO LÔBO “Por ser ato-fato jurídico (ou ato real), a união estável não necessita e qualquer manifestação de vontade para que produza seus jurídicos efeitos. Basta sua configuração fática, para que haja incidência das normas constitucionais e legais cogentes e supletivas e a relação fática converta-se em relação jurídica. Pode até ocorrer que a vontade manifestada ou íntima de ambas as pessoas – ou de uma delas – seja www.cers.com.br PRÁTICA EM FAMÍLIA E SUCESSÕES Poder Familiar e União Estável Marcos Ehrhardt 4 a de jamais constituírem união estável; de terem um relacionamento afetivo sem repercussão jurídica e, ainda assim, decidir o Judiciário que a união estável existe...” (Familias, p. 152) UNIÃO ESTÁVEL ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO - DECISÃO DO STF ADI 4277 Dando por suficiente a presente análise da Constituição, julgo, em caráter preliminar, parcialmente prejudicada a ADPF nº 132-RJ, e, na parte remanescente, dela conheço como ação direta de inconstitucionalidade. No mérito, julgo procedentes as duas ações em causa. Pelo que dou ao art. 1.723 do Código Civil interpretação conforme à Constituição para dele excluir qualquer significado que impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo sexo como “entidade familiar”, entendida esta como sinônimo perfeito de “família”. Reconhecimento que é de ser feito segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da união estável heteroafetiva. RECURSO ESPECIAL Nº 1.183.378 - RS (2010/0036663-8) (...) 5. Portanto, retomando o curso do raciocínio, fincado nessas premissas, tenho que a interpretação conferida pelo acórdão recorrido aos arts. 1.514, 1.521, 1.523, 1.535 e 1.565, todos do Código Civil de 2002, observada a máxima vênia, não é a mais acertada. Os mencionados dispositivos não vedam expressamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e não há como se enxergar uma vedação implícita ao casamento homoafetivo sem afronta a caros princípiosconstitucionais, como o da igualdade, o da não discriminação, o da dignidade da pessoa humana e os do pluralismo e livre planejamento familiar. Enunciado 525, CJF: É possível a conversão de união estável entre pessoas do mesmo sexo em casamento, observados os requisitos exigidos para a respectiva habilitação. DIREITO À CONVIVÊNCIA • “A separação dos cônjuges (separação de corpos, separação de fato ou divórcio) não pode significar separação de pais e filhos” (Paulo Lobo, 2011, p. 189); • Na nova ordem constitucional, o princípio do melhor interesse da criança colocou-a no centro da tutela jurídica, o que faz com que suas necessidades e interesses prevaleçam sobre os interesses dos pais em conflito; • O término do relacionamento conjugal, vale dizer, a cessação da convivência entre os pais, não faz cessar a convivência familiar entre os filhos e seus pais, ainda que estes passem a vive em residências distintas. COMO SE DEFINE A GUARDA ? • Na definição da guarda, deve-se, sempre que possível, preferir ao que os pais dos menores acordaram, ou seja, a preferência é pelo consenso entre os genitores. www.cers.com.br PRÁTICA EM FAMÍLIA E SUCESSÕES Poder Familiar e União Estável Marcos Ehrhardt 5 • Compete ao magistrado verificar se o acordo celebrado pelos pais consulta ao melhor interesse da criança, já que o art. 1.586 do CC/02 autoriza ao magistrado a regular a guarda de modo diferente MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA Enunciado 102 CJF – Art. 1.584: a expressão “melhores condições” no exercício da guarda, na hipótese do art. 1.584, significa atender ao melhor interesse da criança. DIREITOS DO GENITOR NÃO GUARDIÃO • Art. 1.583. § 3º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos. • Direito de visita ou direito de convivência? Deve-se preferir o segundo: a visita é episódica enquanto que a convivência, ou melhor, o contato, deve ser permanente. • Como se trata de direito recíproco, não será exercido contra a vontade do filho. Art. 1.586. Havendo motivos graves, poderá o juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos, regular de maneira diferente da estabelecida nos artigos antecedentes a situação deles para com os pais. Enunciado 337 CJF – O fato de o pai ou a mãe constituírem nova união não repercute no direito de terem os filhos do leito anterior em sua companhia, salvo quando houver comprometimento da sadia formação e do integral desenvolvimento da personalidade destes. Enunciado 338 CJF – A cláusula de não- tratamento conveniente para a perda da guarda dirige-se a todos os que integrem, de modo direto ou reflexo, as novas relações familiares. ALIENAÇÃO PARENTAL LEI Nº 12.318, DE 26 DE AGOSTO DE 2010. Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros: www.cers.com.br PRÁTICA EM FAMÍLIA E SUCESSÕES Poder Familiar e União Estável Marcos Ehrhardt 6 PEDIDOS Para a união estável 1) Citação do companheiro ou de seus herdeiros 2) Intervenção do MP 3) Reconhecimento da união estável com declaração do período de ocorrência 4) Determinação da pensão alimentícia (se necessário) e de questões relativas à guarda 5) Partilha de bens (se houver) 6) Condenação em honorários advocatícios 7) Assistência judiciária gratuita, se necessário. Para ação de regulamentação de guarda/convivência 1) Citação do genitor ou de quem exerça a guarda 2) Intervenção do MP 3) Alteração da guarda com estabelecimento do direito de visitas, considerando: a. Período de aulas b. Férias, finais de semana e feriados c. Festa de final de ano e datas importantes (aniversário) d. Horário de exercício do direito e período de tolerância MATERIAL COMPLEMENTAR WWW.MARCOSEHRHARDT.COM.BR CONTATO E-mail: contato@marcosehrhardt.com.br Twitter: @marcosehrhardt
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