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Noções de Macroeconomia Juliana Veiga

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Liga do Mercado Financeiro PUC Minas 2017 
 
*Material elaborado pela aluna do curso de Ciências Contábeis 
Juliana de Araújo Veiga dos Santos 
https://br.linkedin.com/in/julianaveiga 
 
Noções de Macroeconomia* 
Sumário 
CONTABILIDADE NACIONAL .......................................................................................................... 3 
Agentes Econômicos ...................................................................................................................... 4 
Conceitos Importantes .................................................................................................................. 5 
Renda e Produto ......................................................................................................................... 5 
Consumo das Famílias (C) ....................................................................................................... 6 
Poupança (S) e Investimento (I) ........................................................................................... 6 
Governo .......................................................................................................................................... 6 
Setor Externo ............................................................................................................................... 7 
Produto Interno Bruto (PIB) ...................................................................................................... 7 
Produto Nacional Bruto (PNB) .................................................................................................. 7 
Outras medidas agregadas .......................................................................................................... 8 
Líquido x Bruto ............................................................................................................................ 8 
Custos de Fatores x Preços de Mercado ............................................................................ 9 
MERCADOS DE BENS E MERCADO MONETÁRIO .................................................................... 9 
Equilíbrio no mercado de bens .................................................................................................. 9 
Inclinação da Curva IS ............................................................................................................10 
Deslocamento da Curva .........................................................................................................11 
Política Fiscal .............................................................................................................................13 
Exemplo Real – Política Fiscal ..................................................................................................14 
Equilíbrio no Mercado Monetário ..........................................................................................15 
Inclinação da Curva LM ..........................................................................................................17 
Deslocamento da Curva LM ..................................................................................................18 
Política Monetária ....................................................................................................................19 
Exemplo Real – Política Monetária .........................................................................................20 
OFERTA AGREGADA E DEMANDA AGREGADA .....................................................................23 
Demanda Agregada ......................................................................................................................24 
Política Fiscal e Monetária ....................................................................................................25 
Oferta Agregada .............................................................................................................................27 
Curva de Oferta Clássica ........................................................................................................29 
Curva de Oferta Keynesiana .................................................................................................30 
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Política Fiscal ..................................................................................................................................31 
Política Monetária .........................................................................................................................33 
Teoria Quantitativa Da Moeda .................................................................................................34 
Monetaristas ...............................................................................................................................34 
Novos Keynesianos ..................................................................................................................35 
Ciclos Reais ......................................................................................................................................35 
INFLAÇÃO .............................................................................................................................................36 
O que é Inflação ..............................................................................................................................36 
Efeitos da Inflação ....................................................................................................................37 
Causas da Inflação .........................................................................................................................39 
Inflação de Demanda ...............................................................................................................39 
Inflação de Oferta .....................................................................................................................39 
Introdução Curva de Phillips ....................................................................................................40 
 
 
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Introdução 
 
A longo prazo, todos estaremos mortos. 
Jonh Keynes 
 
A frase acima citada por Keynes demostra a necessidade de tomarmos decisões 
a todo o momento a fim de modificarmos o nosso futuro com ganhos na qualidade de 
vida no presente. A ciência econômica, em especial a Macroeconomia, que será 
superficialmente explanada neste material, é um instrumento de análise para orientar 
nossas decisões, especialmente em relação aos investimentos. 
A Macroeconomia é a ciência que procura explicar a economia como um todo. 
É um estudo de fatos por meio de dados que constituem modelos, para explicar 
relacionamento entre variáveis proporcionando projeção do futuro assim como indica 
ações para chegar-se a determinado objetivo. 
Nas páginas abaixo você terá a oportunidade de ver brevemente os principais 
conceitos e modelos da teoria macroeconômica a fim de orientá-lo na interpretação da 
realidade que o cerca. É válido lembrar que este material não dispensa a necessidade 
estudo por livros didáticos, nas referências você poderá encontrar algumas indicações. 
Boa leitura! 
 
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CONTABILIDADE NACIONAL 
 
A Contabilidade Nacional foi desenvolvida após a Segunda Guerra Mundial por 
Kuznetz e padronizada por Stone com o objetivo de organizar as transações 
econômicas reais realizadas pelas economias em determinado período de tempo. 
 
Agentes Econômicos 
 
Quem são os agentes envolvidos em uma economia? São aqueles capazes de 
realizar trocas e gerar produto: famílias, empresas (firmas), governo e resto do mundo 
(setor externo).Ou seja, vivemos em um mundo em que famílias são proprietárias dos 
fatores de produção1. Porém, quem necessita desses fatores para produzir são as 
empresas. Dessa forma, as famílias ofertam tais fatores de produção e recebem como 
remuneração (aluguéis, juros, lucros e salários). Posteriormente, as empresas ofertam 
sua produção no mercado de bens e serviços às famílias. O GOVERNO atua entre esses 
dois agentes prestando serviços às EMPRESAS e às FAMÍLIAS, recebendo impostos e 
realizando transferências. O RESTO DO MUNDO são todas as entidades externas que 
afetam o fluxo do País de alguma maneira. 
 
 
1 São recursos que, por meio de um processo produtivo, são transformados em bens e serviços finais. 
Segundo Adam Smith (1723-1790), os fatores de produção são: terra, capital e trabalho. Adam Smith é 
considerado quase sempre como pai das Ciências Econômicas, autor do clássico A riqueza das nações, 
livro que discute, dentre outros assuntos, a riqueza, suas causas e a atuação do Estado. 
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FIGURA 1 – Fluxo circular da renda. 
 
Conforme demonstrado na FIGURA 1, temos de um lado o fluxo monetário 
representado pela remuneração dos fatores de produção; e de outro lado, o fluxo real, 
que é dado pela produção resultante da utilização dos fatores de produção. 
 
Conceitos Importantes 
 
Renda e Produto 
 
Então, como podemos medir o desempenho dessa economia? Podemos medir 
o valor monetário dos produtos finais transacionados no mercado de bens e serviços 
em determinado período de tempo, o que é chamado PRODUTO NACIONAL. Ou ainda, 
podemos medir o total dos pagamentos feitos aos fatores de produção que foram 
utilizados para a obtenção desse produto, o que é chamado de RENDA NACIONAL. 
Sendo assim, podemos dizer que: Renda Nacional (RN) = Produto Nacional (PN) = Y. 
 
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Consumo das Famílias (C) 
 
Representa o gasto em bens e serviços pelas famílias, visando satisfazer as suas 
necessidades e os seus desejos. 
 
Poupança (S) e Investimento (I) 
 
Até aqui, consideramos somente as transações com o consumo corrente, 
porém sabemos que as famílias nem sempre gastam toda a sua renda imediatamente. 
Parte não é gasta e é guardada para o consumo futuro, o que é chamado de 
POUPANÇA: Poupança (S) = Renda Nacional (RN) – Consumo (C) 
 Sabemos também que, algumas vezes, nem tudo que foi produzido é 
consumido, o que é chamado de ESTOQUE (E). Ainda, temos uma parte da renda que é 
utilizada para compra de bens de capital2, o que nas contas nacionais é chamado de 
FORMAÇÃO BRUTA DE CAPITAL FIXO (FBKF). O ESTOQUE somado à FORMAÇÃO BRUTA 
DE CAPITAL FIXO é igual a INVETIMENTO: I = FBKF + ∆ E. 
Governo 
 
Os GASTOS DO GOVERNO (G) representam tudo que o governo gasta e 
consome na sua administração, provendo com bens e serviços as famílias e empresas. 
Além disso, o governo realiza TRANFERÊNCIAS (T) de renda para população. Hoje, 
temos como exemplo de transferências o Programa Bolsa-Família. Ainda, concede 
SUBSÍDIO (Sub), ou seja, financia parte dos custos de produção de alguns produtos. 
Por outro lado, o governo recebe das empresas e famílias IMPOSTOS (I), que 
podem ser recebidos de forma direta: os chamados IMPOSTOS DIRETOS (ID), como, 
por exemplo: Imposto de Renda (IR), Imposto sobre Propriedade Veicular (IPVA), 
Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU); os IMPOSTOS INDIRETOS (II), que 
são aqueles pagos indiretamente, como, por exemplo, os que pagamos na compra de 
um produto: Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS). 
 
2
 Máquinas e equipamentos: utilizados na fabricação de outros bens, mas que não se desgastam nesse 
processo. 
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Setor Externo 
 
Uma economia aberta tem relação comercial com outros países, o chamado 
setor externo. Essa relação comercial inclui: EXPORTAÇÃO (X) atribuída aos bens e 
serviços produzidos internamente e enviados ao exterior; e a IMPORTAÇÃO (M) 
atribuída aos bens e serviços que compramos do setor externo. 
Produto Interno Bruto (PIB) 
 
O PIB corresponde à soma de todos os bens e serviços finais produzidos em 
país em determinado período de tempo. 
Em um pequeno país fechado sem a presença do governo, toda a renda e todos 
os bens e serviços produzidos são consumidos no presente ou no futuro, logo: 
PIB = Y = C + I 
Agora, vamos imaginar que essa economia desse pequeno país cresceu, tem 
um governo e realiza trocas com o setor externo. Dessa forma, seu PIB passa a ser 
composto por: 
PIB = Y = C + I + G + (X - M) 
 
Produto Nacional Bruto (PNB) 
 
Sabemos que, em uma economia aberta, nem tudo que é produzido dentro do 
país pertence a essa nação, ou seja, podem existir dentro desse país empresas 
estrangeiras que a receita dos bens e serviços produzidos por ela deve ser envida ao 
país de origem – RENDA ENVIADA AO EXTERIOR. 
Por outro lado, existem empresas nacionais que produzem no exterior a receita 
dos bens e serviços produzidos fora que deve ser recebida pelo país – RENDA 
RECEBIDA DO EXTERIOR. 
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Unindo esses dois conceitos, temos a RENDA LÌQUIDA ENVIADA AO EXTERIOR3 
(RLE) definida pela diferença entre a renda liquida enviada ao exterior e a renda liquida 
recebida do exterior. 
Notamos, então, que o PIB contabiliza o lucro enviado ao exterior, porém não 
exclui o que é recebido do exterior. Em outras palavras, o PIB inclui tudo que é 
produzido no país. 
O que significa Produto Nacional Bruto? O PNB representa tudo que é do país, 
contabilizado que recebido do exterior e excluindo o que é enviado ao exterior. 
PIB = PNB – RLE 
O que você consegue deduzir desses conceitos? Que em países em 
desenvolvimento como o Brasil, o PIB > PNB, porque temos mais produtos produzidos 
no país do que produtos do país. Em outras palavras, países como o Brasil enviam mais 
renda ao exterior do que recebem, ou seja o RLE < 0. 
 
Outras medidas agregadas 
 
Até aqui, estudamos o conceito de Produto Nacional Bruto e Produto Interno 
Bruto, porém existem outras medidas derivadas desses conceitos que são amplamente 
utilizadas. 
 
Líquido x Bruto 
 
As medidas utilizadas até agora incluem a produção de bens de capital 
produzidos em determinado período de tempo. Porém, parte dessas máquinas e 
equipamentos tem por objetivo repor os bens que foram desgastados no período 
anterior o que é chamado de DEPRECIAÇÃO. 
Então, ao medir os bens e serviços finais produzidos em determinado período 
de tempo, nós podemos considerar o valor bruto ou líquido, incluindo ou excluindo a 
depreciação respectivamente. Produto Nacional Líquido (PNL) = PNB – Depreciação. 
 
3
 RLE < 0 significa que o país recebeu mais renda do que enviou. RLE > 0 significa que o país enviou 
mais renda do que recebeu. 
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Custos de Fatores x Preços de Mercado 
 
Podemos ainda definir o produto a CUSTOS DE FATORES (CF) ou a PREÇO DE 
MERCADO (PM): 
 Custos de Fatores – não vamos contabilizar os impostos indiretos, porém 
iremos contabilizar os subsídios recebidos. 
 Preço de mercado – incluímos os impostos indiretos e excluímos os subsídios. 
 
PIBpm = PIBcf + Impostos Indiretos (II) – Subsídios. 
 
MERCADOS DE BENS E MERCADO MONETÁRIO 
 
Equilíbrio no mercado de bens 
 
Iniciamos pelo modelo keynesiano simples, taxade juros e determinação do 
investimento, para deduzir o equilíbrio no mercado de bens e serviços. 
A curva IS (Investiment-Saving) representa o equilíbrio no mercado de bens 
quando a despesa agregada é igual à renda agregada, conforme demonstrado na aula 
22 da disciplina Teoria Macroeconômica I. Como você já sabe, a renda de uma 
economia, em uma economia fechada, é composta pelo consumo das famílias mais os 
investimentos mais os gastos do governo, conforme a equação Y = C + I + G. 
Ampliando nossa visão sobre o modelo, percebemos que existem outras 
variáveis que determinam o Consumo e o Investimento. O CONSUMO das famílias está 
em função da renda disponível4, e o INVESTIMENTO depende da taxa de juros (r) e da 
renda (Y) da economia: Y = C (Y-T) + I (Y, r) + G 
Podemos dizer que quanto maior a renda disponível mais as famílias vão 
consumir, logo maior o produto. Enquanto isso, quanto maior for a taxa de juros 
 
4
 RENDA DISPONIVÉL (Yd) é a RENDA (Y) que os consumidores têm disponível após o pagamento dos 
TRIBUTOS (T). 
Yd = Y - T 
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menos as pessoas vão investir, como (certamente, você se recorda) na aula 15 de 
Teoria Macroeconômica I. Por isso dizemos que existe uma relação direta entre 
consumo e renda e uma relação inversa entre investimento e taxa de juros. 
A curva IS representa a combinação entre renda e taxa de juros (Y, r) que 
equilibra o mercado de bens. Sabendo que o investimento compõe o produto e guarda 
uma relação inversa com a taxa de juros, deduzimos que quanto maior a taxa de juros 
(r), menor o investimento e consequentemente menor o produto. Isso explica a 
inclinação negativa da curva IS. 
 
GRÁFICO 1 – Curva IS. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
Inclinação da Curva IS 
 
A inclinação (elasticidade) da curva IS vai refletir a variação da renda em função 
da taxa de juros. Essa variação vai depender de dois fatores: 
 Da sensibilidade do investimento à taxa de juros – quanto o investimento varia 
quando há alteração na taxa de juros. Quanto maior a sensibilidade do 
investimento em relação à taxa de juros, mais horizontal será a curva IS, o que 
significa menor inclinação. 
 Propensão marginal a consumir5, se a propensão marginal a consumir for 
elevada, isso significa que pequenas variações na demanda agregada6 
 
5
 Efeito de um unidade monetária adicionada à renda disponível sobre o consumo, valor entre 0 e 1. 
Exemplo, se a propensão marginal de um indivíduo é 0,75, significa que ele consome 75% da renda. Isso 
significa que um aumento de $ 10 na renda disponível desse indivíduo implica $ 7,50 a mais em seu 
consumo. E você já parou para pensar na sua propensão marginal a consumir? 
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implicarão uma grande expansão da renda. Com raciocínio análogo ao anterior, 
você pode deduzir que a curva IS será quase horizontal, com inclinação 
pequena. 
No GRÁFICO 2, temos uma IS quase horizontal, ou seja, pouco inclinada. 
Notamos que pequenas variações na taxa de juros implicam grande alteração na 
renda. Já no GRÁFICO 3, a curva IS é quase vertical, muito inclinada. Isso significa que 
grande variação na taxa de juros leva a uma pequena variação da renda. 
 
GRÁFICO 2 – Curva IS pouco inclinada. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
GRÁFICO 3 – Curva IS muito inclinada. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
Deslocamento da Curva 
 
 
6
 Demanda Agregada é como chamamos toda demanda de uma economia. Então, já sabemos que ela é: 
consumo, investimento e gastos do governo. 
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A posição da Curva IS depende dos gastos gerais de uma economia. Como você 
já sabe, o mercado de bens é composto pelas seguintes variáveis: consumo das 
famílias, investimentos e gastos do governo. Quanto maior for a demanda agregada, 
mais à direita localiza-se a curva IS. 
Perceba que, no GRÁFICO 4, para a Curva IS’, o produto é maior do que para IS’’ 
para a mesma taxa de juros. Assim, você pode concluir que, para qualquer alteração 
nos componentes da demanda agregada, haverá um deslocamento da curva IS. 
Atenção: mudanças na taxa de juros ou na renda levam a um deslocamento na 
Curva e não da Curva! 
 
GRÁFICO 4 – Deslocamento da curva IS. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
Exemplo 1 
 
O GRÁFICO 5 demonstra um aumento dos gastos do governo. Como sabemos, a 
alteração dessa variável implica diretamente o produto, como vemos na equação a 
seguir: 
↑Y = C + I + ↑G. 
Um maior produto à mesma taxa de juros implica o deslocamento da IS. 
 
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GRÁFICO 5 – Curva IS e aumento dos gastos públicos. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
Exemplo 2 
 
Agora, vamos supor que o governo aumentou os impostos visando aumentar a 
arrecadação do governo. Por experiência, você já sabe qual impacto dessa política. O 
aumento dos impostos diminui sua renda disponível. Logo, você vai poder consumir 
menos. Menor consumo leva necessariamente a um menor nível de produto com a 
mesma taxa de juros. Logo, há o deslocamento da IS para esquerda, conforme 
GRÁFICO 6. 
 
GRÁFICO 6 – Curva IS e aumento dos tributos. 
Fonte: Elaboração Própia 
 
Política Fiscal 
 
Política Fiscal é a atuação do governo visando alterações no nível de renda da 
economia, podendo realizar política fiscal por meio de: 
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 gastos públicos – causando alterações diretamente no produto, como no ex. 1 . 
 nível de impostos – o que altera indiretamente o produto por meio do 
consumo, como no ex. 2. 
Essas políticas são denominadas: 
 “políticas fiscais expansionistas” – quando visam o aumento do produto, 
podem ser o aumento dos gastos do governo ou a redução dos impostos. 
 “política fiscal contracionista” – quando visam a redução do produto, são a 
diminuição dos gastos públicos e maior tributação. 
 
Exemplo Real – Política Fiscal 
 
Como de conhecimento, o Brasil têm enfrentado uma crise econômica que 
afeta todos os ramos da economia. A equipe econômica que comanda o Brasil no 
segundo semestre de 2016 têm elaborado reformas e políticas que visam a 
recuperação da econômica, entre essas políticas fiscais e monetárias, abaixo exemplo: 
 
23/12/2016 às 08h13 – Valor Econômico - 
MP que permite saque do FGTS de contas inativas é publicada 
SÃO PAULO - O "Diário Oficial da União" (DOU) desta sexta-feira traz a medida 
provisória que eleva a rentabilidade das contas vinculadas do trabalhador por meio da 
distribuição de lucros do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e dispõe 
sobre a possibilidade de movimentação de conta do Fundo vinculada a contrato de 
trabalho extinto até 31 dezembro de 2015. As mudanças no FGTS foram anunciadas 
ontem pelo presidente Michel Temer durante café da manhã com jornalistas, no 
Palácio da Alvorada, em Brasília. De acordo com a medida, o Conselho Curador vai 
autorizar a distribuição de parte do resultado positivo auferido pelo FGTS, mediante 
crédito nas contas vinculadas de titularidade 
dos trabalhadores. A apuração do resultado auferido pelo FGTS, para fins de 
distribuição, será iniciada no exercício de 2016. Entre os critérios, a medida estabelece 
que o valor de distribuição do resultado auferido será calculado posteriormente ao 
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desembolsado com o desconto realizado no âmbito do Programa Minha Casa, Minha 
Vida. O valor creditad 
creditado nas contas vinculadas a título de distribuição de resultado, acrescido de juros 
e atualização monetária, não integrarão também a base de cálculo do depósito da 
multa rescisória. Sobre o saque das contas inativas do FGTS não foi publicado um 
calendário, mas, na quinta-feira. o Ministério do Planejamento informou que as 
operações começarão em fevereiro e que um calendário será anunciado com base na 
data de nascimento de cada um. Com potencial para injetar até R$ 30 bilhões na 
economia, a decisão do governo permitirá que cerca de 10,2 milhões de trabalhadores 
retirem todo o saldo das contas inativas até 2015. 
 
Você deve ter percebido que acima temos claramente uma política fiscal 
expansionista, na qual o governo pretende aumentar o consumo das famílias, e 
consequentemente estimular outros setores aumentando o PIB do país. 
 
Equilíbrio no Mercado Monetário 
 
O equilíbrio7 no mercado monetário significa a igualdade entre a oferta e a 
demanda por moedas que pode ser ilustrada pela Curva LM (Liquidity Money), 
representando a combinação de renda e taxa de juros que equilibram esse mercado. 
A demanda por moeda8 depende da renda e da taxa de juros de uma 
economia. No modelo, consideramos que a oferta de moeda é fixa, não depende da 
taxa de juros e é determinada pela autoridade monetária. Sendo assim, o equilíbrio no 
 
7
 Consideramos que se o mercado monetário estiver em equilíbrio, caso a oferta de títulos seja igual à 
demanda por títulos, podemos afirmar que o mercado de moedas também está em equilíbrio. Essa 
afirmação é conhecida na Teoria Econômica como Lei de Walras, que permite a análise de um mercado 
para saber o que está acontecendo no outro, já que o desequilíbrio em um dos mercados implica 
necessariamente o desequilíbrio do outro. 
8
 Na Teoria Econômica, a demanda de moeda é explicada de duas formas: motivo de transação e motivo 
de portfólio. Pelo motivo de transação, as pessoas demandam moeda para realizar trocas. Por essa razão, a 
demanda por moeda está ligada à relação renda/produção da economia. Já pelo motivo portfólio os 
indivíduos demandam moeda comparando a rentabilidade dos títulos para tomar a decisão de como 
guardar a riqueza que eles adquiriram. 
 
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mercado, igualdade de oferta e demanda por moeda, pode ser representado por M = Y 
L (r): 
 M = estoque nominal de moeda, oferta de moeda pelas autoridades 
monetárias. 
 Y = renda nominal 
 L = demanda por moeda 
 r = taxa de juros 
Conhecendo o estoque nominal de moeda como “M”, como você pode representar o 
estoque real? O estoque real está ligado ao poder aquisitivo, representa a quantidade 
de bens que conseguimos adquirir com o estoque nominal. Então, o estoque real é 
igual ao estoque nominal divido pelos preços dos bens e serviços. Juntando esses 
conceitos, podemos representar a Curva LM pela equação a seguir: 
. 
Percebemos que, de um lado, a oferta de moeda é fixa; e de outro, a demanda 
guarda uma relação com a renda e com a taxa de juros. Imagine que haja um aumento 
da renda que ocasione um aumento na demanda por moeda, como representado no 
GRÁFICO 7. Se não há variação na oferta de moeda, então ocorre necessariamente um 
aumento da taxa de juros. 
 
 
GRÁFICO 7 – Aumento da Demanda por Moeda. 
Fonte: BLANCHARD, Oliver, capitulo 4, slide 9. 
LM = 
M 
P 
= YL r ( ) 
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Por esse gráfico, você pode concluir que: maior renda gera maior demanda por 
moeda, o que leva a uma maior taxa de juros. Logo, o equilíbrio do mercado monetário 
pode ser representado por uma curva de inclinação positiva entre renda e taxa de 
juros, conforme ilustrado no GRÁFICO 8. 
 
 
GRÁFICO 8 – Equilíbrio no mercado monetário e Curva LM. 
Fonte: BLANCHARD, Oliver, capitulo 5, slide 9 
 
Inclinação da Curva LM 
 
Você já sabe que a Curva LM tem inclinação positiva devido à relação positiva 
entre renda e taxa de juros – maior nível de renda, maior demanda por moeda e 
consequentemente maior taxa de juros. Logo, a inclinação da Curva LM pode ser 
afetada por alguma alteração na elasticidade da demanda, por moeda em relação à 
taxa de juros ou ainda por alteração na elasticidade da demanda por moeda em 
relação à renda. 
Por exemplo, quando pequenas variações na renda implicarem grande variação 
na demanda por moeda levando a um grande aumento na taxa de juros, teremos uma 
LM mais inclinada, conforme GRÁFICO 3, devido à maior elasticidade demanda por 
moeda em relação à renda. 
 
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GRÁFICO 9 – Curva LM muito inclinada. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
 
Caso a demanda por moeda seja muito sensível à taxa de juros, teremos uma 
LM pouco inclinada, porque uma pequena variação da taxa de juros leva a uma grande 
variação na renda. Em outras palavras, quando a renda varia muito, a demanda por 
moeda não altera tanto, implicando leve aumento na taxa de juros, conforme GRÁFICO 
10. 
 
 
GRÁFICO 10 – Curva LM pouco inclinada. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
Deslocamento da Curva LM 
 
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A posição da Curva LM é determinada pela oferta de moeda das autoridades 
monetárias. Considerando constantes os níveis do preço, quanto maior a oferta de 
moeda, mais para direita está localizada a curva. Logo um aumento na oferta de 
moeda desloca a Curva LM para a direita e para baixo, conforme apresentado no 
GRÁFICO 11. 
 
 
GRÁFICO 11 – Deslocamento da LM. 
Fonte: BLANCHARD, Oliver, capitulo 5, slide 13 
 
 
Política Monetária 
 
A política monetária é a ação das autoridades monetárias (Banco Central) 
visando a redução ou o aumento da oferta de moeda. Essas políticas são denominadas 
políticas contracionista e expansionistas respectivamente. 
 Política Monetária Expansionista – considere um aumento na oferta de 
moeda, mantida a renda constante. Assim, um excesso na oferta de 
moeda implica menores taxas de juros para o mesmo nível de renda, 
com deslocamento da LM para a direita e para baixo. 
 Política Monetária Contracionista – menor oferta de moeda implica 
escassez de moeda, elevando a taxa de juros, deslocando a curva para a 
esquerda e para cima. 
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A autoridade monetária pode aumentar o estoque de moeda realizando 
operação no mercado aberto. Se o Banco Central oferta títulos à sociedade, está 
colocando títulos no mercado e retirando moeda – política monetária contracionista. 
Pode haver também resgate de títulos pelo Banco Central, retirando os títulos do 
mercado e injetando moeda – política monetária expansionista. Existem dois outros 
mecanismos comuns de controle de moeda utilizadas pelas autoridades: 
 taxa de compulsório – compulsório é a parte dos depósitos à vista que 
os bancos comerciais devem manter como reserva. Quando as 
autoridades aumentam essa taxa, diminuem a quantidade de moeda 
em circulação. 
 taxa de redesconto – o Banco Central concede empréstimos aos bancos 
comerciais a uma taxa de juros chamada redesconto. Quando as 
autoridades aumentam essa taxa, os bancos comerciais diminuem a 
oferta de moeda à população. 
 
Exemplo Real – Política Monetária 
 
Com o mesmo objetivo da política fiscal citada acima, em maio de 2016 a 
Conselho Monetário Nacional realizou uma política monetáriaexpansionista, com o 
objetivo de aumentar a aumentar a comprar de imóveis e assim estimular o setor de 
construção civil, veja a reportagem abaixo. 
 
CMN eleva compulsório sobre depósitos, liberando R$ 22,5 bi para compra 
da casa própria 
Objetivo da mudança é estimular os bancos a financiar habitação 
 
 
BRASÍLIA - Preocupado com a falta de dinheiro para os financiamentos imobiliários, o 
Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou mudanças nas regras bancárias que 
liberam nada menos que R$ 22,5 bilhões para a compra da casa própria. Para isso, o 
colegiado alterou — por dois anos — as normas do chamado depósito compulsório 
sobre a poupança, uma parte do que os bancos recebem dos depósitos na aplicação 
mais popular do país que os bancos não podem usar e têm de deixar parada no Banco 
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Central. 
No Brasil, o financiamento habitacional é feito pelos bancos com recursos depositados 
pela poupança e – com a renda mais apertada – o brasileiro economiza cada vez 
menos. Assim, minguam os recursos para os bancos emprestarem em crédito 
imobiliário. 
Atento a isso, o CMN resolveu punira instituição financeira que não empresta. Reduziu 
a parcela de 10% para 5,5% sobre a parte do compulsório que é remunerada pela Selic. 
E aumentou de 20% para 24,5% o compulsório que rende menos, pois é corrigido pela 
poupança. 
Para o ex-diretor de Política Monetária do BC Carlos Thadeu de Freitas, a medida deve 
ter pouco efeito, pois as incertezas da economia ainda freiam a demanda por crédito. 
Ele destaca que o volume de recursos pode até aumentar, mas a situação não deve 
mudar até que os consumidores estejam mais dispostos a tomar empréstimo e os 
bancos, a emprestar. 
— É uma tentativa válida, mas não vai adiantar nada. O que vai adiantar é aumentar a 
demanda, que caiu muito, dentro dessa expectativa de que a economia está numa fase 
depressiva e que vai ter perda de emprego. É como o ditado: você pode levar o cavalo 
para tomar água, mas não pode forçá-lo a tomar água — afirmou. 
As instituições financeiras que fizerem novos financiamentos poderão ainda deduzir 
18% do que deveriam recolher ao BC no compulsório remunerado pela poupança. Isso 
deve estimular novos contratos. Assim, o BC espera que os bancos emprestem mais 
para a compra da casa própria porque não valerá a pena deixar o recurso parado no 
BC. 
— A queda dos depósitos da poupança preocupou o Banco Central — confessou o 
diretor de Política Monetária, Aldo Mendes. — É uma medida estudada já há algum 
tempo. 
Na mesma reunião, o CMN decidiu fazer regras semelhantes para o crédito rural. A 
medida colocará R$ 2,5 bilhões no mercado para empréstimos agrícolas. Aumentou o 
compulsório corrigido pela poupança de 13% para 15,5%. E ainda reduziu a parcela 
atrelada à Selic de 10% para 5,5%. E também elevou a exigência dos bancos para 
emprestar em crédito agrícola das captações da poupança rural de 72% para 74% dos 
recursos. 
Essas duas medidas tem o potencial total de injetar R$ 25 bilhões na economia. No 
entanto, essa expansão monetária não é bem-vinda em tempos de inflação alta. 
Colocar dinheiro em circulação seria contraditório com a política do BC de aumento de 
juros para conter os preços. 
Para compensar esses R$ 25 bilhões, o CMN resolveu aumentar o compulsório para 
22 
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depósitos a prazo de 20% para 25%. E voltará a remunerar esse dinheiro todo à taxa 
Selic. É uma reversão de medida tomada no ano passado. No entanto, o abatimento 
desse compulsório com empréstimos de veículos, motos e capital de giro está 
mantido. Essa medida entrará em vigor daqui 90 dias. É mais ou menos o tempo que 
leva para que os primeiros financiamentos habitacionais sejam concretizados. 
— Não fazia sentido aumentar a liquidez porque temos de ser coerente com o 
movimento de política monetária (alta dos juros que tira recursos do mercado) — 
ressaltou Aldo. 
O conselho ainda mudou regras para alguns papéis para estimular o financiamento 
habitacional. Antes, os bancos poderiam abater do montante a ser usado em 
financiamento habitacional qualquer tipo de certificados de recebíveis imobiliários 
(CRI). Agora, só pode ter o benefício com CRIs feitos com financiamentos habitacionais 
no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Entre outras medidas, ainda 
aumentou o prazo mínimo de vencimento e resgate das Letras de Crédito Imobiliário 
(LCI) de 60 para 90 dias. 
Carlos Thadeu de Freitas, destaca que a mudança nas regras para aplicações nas LCI 
não devem ter impacto sobre o financiamento imobiliário. Isso porque, na avaliação 
dele, ao investir em letras lastreadas a empreendimentos do SFH, existe um risco de 
inadimplência, inexistente quando a instituição financeira deixa o dinheiro parado. 
— Em um momento que a economia estivesse bem, poderia até estimular. O Banco 
Central está correta ao tentar ativar mais a economia, mas, como os bancos hoje têm 
sobra de recursos devido à demanda fraca, porque emprestar ao financiamento 
imobiliário com LCI, se ele sabe que pode ter inadimplência. É melhor deixar parado — 
afirma. 
O CMN aprovou ainda o refinanciamento de parcelas de operações do programa 
Procaminhoneiro. A taxa de juros mínima dos contratos será de 6% ao ano. 
 
 
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/cmn-eleva-
compulsorio-sobre-depositos-liberando-225-bi-para-compra-da-casa-propria-
16294919#ixzz4Uv0xE3c2 
 
 
Pelos conhecimentos adquiridos, você percebe que, aumentando a taxa de 
redescontos, as autoridades chinesas visam a diminuição da quantidade de moeda no 
país, caracterizando essa política monetária como contracionista. 
23 
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OFERTA AGREGADA E DEMANDA AGREGADA 
 
Para compreender superficialmente esses conceitos, podemos dizer que: 
 Demanda agregada: é quantidade de bens e serviços que a totalidade 
dos consumidores deseja e está disposto consumir em determinado 
período de tempo por determinado preço. Logo, considerando os 
conhecimentos adquiridos em Contabilidade Nacional, que a demanda 
agregada representa o gasto total em outras palavras o Produto Interno 
Bruto Real. 
 Oferta Agregada – representa o que os agentes econômicos estão 
dispostos a produzir e vender para cada nível geral de preços. 
Abaixo ao decorrer dente material veremos o desdobramento deste conceito, vale 
lembrar que é importantíssimo o estudo pelos livros didáticos para melhor 
compreensão. Abaixo gráfico que representam os dois conceitos. 
 
 
GRÁFICO 12 – Oferta e demanda agregada. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
O modelo de oferta e demanda agregada é o macroeconômico básico, para 
entender a determinação do nível de preços. 
 
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Demanda Agregada 
A curva de demanda agregada mostra as combinações do nível de preços e do 
nível de produção aos quais os mercados de bens e monetários estão 
simultaneamente equilibrados. 
É isso mesmo que você está pensando. A demanda agregada é baseada no 
modelo IS-LM estudado acima. A curva de demanda agregada representa o preço para 
cada nível de produção do mercado de bens e do mercado monetário. 
 
 
GRÁFICO 13 – Preços e produto de equilíbrio. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
Em qualquer um dos pontos sobre a curva de demanda agregada, você pode 
ver que, para um dado nível de preços, existe um nível de produto de equilíbrio. Com 
todos os seus conhecimentos macroeconômicos, você sabe dizer-me por que a curva 
tem inclinação negativa? 
Vamos supor o equilíbrio no modelo IS-LM e que haja uma queda no nível de 
preços, com um dado estoque nominal de moeda, a diminuição dos preços significaaumento dos encaixes reais. Lembre-se de que a Curva LM pode ser representada por 
M/P. Um aumento dos encaixes reais diminui a taxa de juros (deslocando LM para a 
direita/baixo). Quanto menor a taxa de juros, maior o investimento, ou seja o 
deslocamento da Curva IS. Em outras palavras: quanto maior o nível de preços, menor 
a demanda agregada. As variáveis guardam uma relação inversa. 
25 
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A inclinação da Curva DA reflete a extensão pela qual uma variação nos 
encaixes reais modifica o nível de gastos de equilíbrio. Em outras palavras, a inclinação 
demonstra quanto a demanda varia em relação ao preço, lembrando que mudanças no 
preço implicam alterações dos encaixes reais e consequentemente a alteração no 
equilíbrio no mercado de bens e no monetário: 
 Curva DA menos inclinada – quanto menor a sensibilidade-juro da demanda 
por moeda e quanto maior a sensibilidade e juro da demanda por 
investimento. 
 A curva DA é menos inclinada – quanto maior o multiplicado dos gastos 
autônomos e quanto menor a sensibilidade-renda da demanda por moeda. 
 
 
GRÁFICO 14 – Inclinação da DA 
Fonte: Elaboração Própria 
 
Nesse gráfico, você consegue visualizar duas curvas DA. Perceba a Curva DA’’, a 
qual indica que uma variação nos preços implica pequeno efeito sobre os 
gastos/produto. A Curva DA’’ corresponde ao caso no qual as variações nos encaixes 
reais (M/P) têm um pequeno impacto sobre a renda. Na Curva DA’, pequenas 
alterações nos preços implicam grandes variações sobre o produto. 
 
Política Fiscal e Monetária 
 
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Você já sabe que o equilíbrio no mercado de bens e no mercado monetário é 
determinante na posição da curva de demanda agregada. Logo, as políticas fiscais e 
monetárias podem alterar a posição dessa curva. Vamos ver como isso acontece: se o 
governo decidir aumentar os próprios gastos, você já sabe que isso vai provocar o 
deslocamento da Curva IS para a direita, o que implica um equilíbrio em um maior 
nível de renda e maior taxa de juros. 
 
GRÁFICO 15 – Política Fiscal e Demanda Agregada. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
Veja que, nessa situação, em qualquer nível de preço dado, como Po, existe um 
maior nível de renda/gastos. Por isso, a Curva DA desloca-se para a direita. 
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Agora, vamos supor que o governo decida aumentar a oferta de moeda. Isso 
deslocaria a Curva LM para a direita/baixo em um maior nível de renda e menor taxa 
de juros. 
 
GRÁFICO 16 – Política Monetária e Demanda Agregada. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
Como na política fiscal, podemos esperar um deslocamento da Curva DA para a 
direita. Porém, não podemos nos esquecer de que o aumento na oferta de moeda 
provoca elevação no nível de preços P1. 
 
Oferta Agregada 
 
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Vamos agora nos aprofundar no assunto da aula anterior: oferta agregada. A 
oferta agregada descreve as combinações do nível de produção e do nível de preços, 
nos quais, as empresas estão dispostas, em um dado nível de preços, a oferecer uma 
dada quantidade de produção. 
A curva de oferta agregada tem inclinação positiva. Para chegar a essa 
conclusão, você pode usar o raciocínio análogo ao que usamos para deduzir a 
inclinação negativa da curva de demanda. Mas o que determina o quanto o nível de 
preço aumenta e quanto a produção aumenta? A inclinação da curva de oferta 
agregada (OA). 
 
GRÁFICO 17 – OA Pouco Inclinada. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
 
GRÁFICO 18 – OA Muito Inclinada. 
Fonte: Elaboração Própria 
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Nos gráficos anteriores, você percebe que, quando a curva de oferta agregada é 
relativamente pouco inclinada, o deslocamento da Curva DA aumenta muito a 
produção e pouco os preços. Por outro lado, vemos que, quando a curva de oferta 
agregada é quase vertical, um incremento na oferta monetária (que causa o 
deslocamento da DA) provoca uma grande elevação nos preços e um aumento 
insignificante na produção como um todo. 
 
Curva de Oferta Clássica 
 
No caso clássico, a curva de oferta agregada é vertical, indicando que o mesmo 
volume de bens será oferecido em qualquer nível de preços. 
 
 
GRÁFICO 19 – OA Clássica. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
A curva se baseia na hipótese de que o mercado de trabalho está sempre em 
equilíbrio com o pleno emprego da força de trabalho. Se toda a força de trabalho está 
empregada, então a produção não pode ser aumentada acima do nível atual mesmo se 
o preço subir. Por isso, a curva vertical. 
Nesse modelo, considera-se equilíbrio no mercado de trabalho, que delineia a 
curva vertical. Por exemplo, suponha que a economia esteja em equilíbrio e a curva de 
30 
Liga do Mercado Financeiro PUC Minas 2017 
 
 
demanda agregada se desloque para a direita. Para um mesmo nível de preço, haverá 
maior gastos. Para atender essa maior demanda, as empresas deverão obter mais 
mão-de-obra a maiores salários. Mas a economia está no pleno emprego dos fatores 
de produção. Logo, não há mais quem contratar. Isso implica a elevação do preço dos 
produtos, devido a maiores custos, com o mesmo nível de produção, como demonstra 
o GRÁFICO 19. 
 
Curva de Oferta Keynesiana 
 
A curva de oferta keynesiana considera que há desemprego na economia. Por 
isso, as empresas podem obter o quanto de trabalho que desejarem. Supõe-se que os 
custos médios de produção não se alteram. Quando seu nível de produção varia, as 
empresas estão dispostas a oferecer o que for demandado ao nível de preços 
existente. 
 
 
GRÁFICO 20 – OA Keynesiana. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
A diferença entre a curva clássica e keynesiana é que a curva de oferta clássica 
é baseada na crença de que o mercado de trabalho opera eficientemente, sempre 
mantendo o pleno emprego da força de trabalho; enquanto a curva de oferta 
31 
Liga do Mercado Financeiro PUC Minas 2017 
 
 
keynesiana baseia-se na hipótese de que o salário não varia, quando há desemprego e, 
portanto, o desemprego pode continuar por algum tempo. 
Na próxima aula, veremos um pouco da história econômica e das discussões 
sobre a oferta agregada. Até mais! 
 
Política Fiscal 
 
Você já sabe que o caso keynesiano é representado por uma curva de oferta 
horizontal, conforme GRÁFICO 21. 
 
GRÁFICO 21 – Política Fiscal para a Keynesiana. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
Considere uma expansão fiscal que implica no deslocamento da Curva DA para 
a direita em um novo equilíbrio com maior produto/gastos. Veja que o preço continua 
fixo, não há alteração nessa variável. Isso porque os keynesianos consideram que há 
desemprego no mercado. Logo, o aumento de produção não implica aumento dos 
preços. Como conhecedor do modelo IS-LM, você ainda pode concluir que haverá 
aumento na taxa de juros. 
Entretanto, vale frisar que a extensão do deslocamento da Curva DA, a 
magnitude do aumento da produção, depende somente do multiplicador da política 
monetária (a inclinação da Curva LM). 
No caso clássico, a curva de oferta é vertical no nível produtivo de pleno 
emprego. A produção Y* será oferecida para qualquer nível de preços. 
 
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GRÁFICO 22 – Política Fiscal Caso Clássico. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
A expansão fiscal desloca a curva para a direita. Porém, isso implica aumento 
dos preços e não da produção. O aumento dos preços reduz o estoque real de moeda, 
desloca a Curva LM para a esquerda/cima,aumentando a taxa de juros de equilíbrio e 
consequentemente reduz os gastos. Isso significa um deslocamento sobre a Curva DA 
linha, fazendo com que a produção volte ao pleno emprego. 
Você se lembra do efeito deslocamento? Podemos dizer que ele está presente 
nesse processo. Veja que os gastos do governo aumentaram, porém não houve 
aumento da produção. Podemos supor que houve substituição dos gastos privados 
pelos gastos públicos. Você já sabe como isso ocorreu: o aumento da taxa de juros 
desestimulou os investimentos. Podemos concluir dizendo que, no caso clássico, o 
aumento dos gastos do governo leva a um efeito deslocamento completo. 
 
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GRÁFICO 23 – Efeito Deslocamento no caso Clássico. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
Política Monetária 
 
Para uma curva de oferta keynesiana, um incremento no estoque nominal de 
moeda implica aumento no estoque monetário real. Lembre-se de que os preços são 
fixos nessa situação. Isso acontece porque a diminuição da taxa de juros aumenta o 
investimento e consequentemente a produção. 
No caso clássico, o equilíbrio inicial ocorre na interseção da Curva OA com a 
Curva DA. O efeito de um aumento no estoque monetário, a Curva DA, desloca-se para 
direita, conforme estudado na aula anterior. Como a oferta não se desloca, pois a 
economia está no pleno emprego, os preços sobem por um excesso de demanda. 
Podemos concluir que, no caso clássico, um aumento na moeda nominal 
aumenta o nível de preços na mesma proporção, porém deixa a taxa de juros e 
produção real fixas. 
 
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GRÁFICO 24 – Política Fiscal para OA Clássica. 
Fonte: Elaboração Própria 
 
Teoria Quantitativa Da Moeda 
 
Você já aprendeu, a teoria clássica considera a produção no nível fixo de pleno 
emprego. Por esse motivo, as políticas econômicas não são capazes de afetar o 
produto. 
O fato de a política monetária não ser capaz de gerar produto é consistente 
com a teoria quantitativa da moeda. A teoria quantitativa da moeda, na sua forma 
mais forte, considera que o nível de preços é proporcional ao estoque monetário. 
A teoria econômica considera que, quando as variações no estoque monetário 
levam a variações no nível de preços com nenhuma variação real, a moeda é neutra. 
Isso tem fortes implicações políticas, pois, se a moeda não fosse neutra, seria muito 
fácil resolver vários problemas econômicos, não é mesmo? 
 
Monetaristas 
 
A teoria quantitativa da moeda é muito antiga, porém poucos acreditam nela 
de forma estrita, ou seja, poucos acreditam na proporcionalidade exata entre estoque 
monetário e preços. Irving Fisher e Milton Friedman desenvolveram a teoria 
quantitativa da moeda e ficaram conhecidos como monetaristas. O primeiro acredita 
que somente as variações na quantidade de moeda afetam o nível de preços. 
35 
Liga do Mercado Financeiro PUC Minas 2017 
 
 
Friedman é mais claro e argumenta que outros fatores podem afetar os preços com 
menor importância. 
Os teóricos quantitativos modernos, como Fisher, discordam da teoria estrita, 
não acreditando que a curva de oferta seja vertical no curto prazo. Os monetaristas, 
como Friedman, argumentam que uma redução no estoque monetário, 
primeiramente, reduz a produção e posteriormente reduz o preço. 
Logo, há uma grande diferença nos efeitos de curto e longo prazo. No longo 
prazo, a moeda é considerada mais ou menos neutra; e, no curto prazo, as políticas 
monetárias têm efeito real. 
 
Novos Keynesianos 
 
As teorias keynesianas modernas argumentam que salários e preços variam 
muito vagarosamente, mas não são fixos como pensado inicialmente. A curva de 
oferta agregada é vista como algo próximo de plana em curto prazo e vertical no longo 
prazo. 
Os salários variam vagarosamente, porque existem contratos que não podem 
ser reajustados de forma repentina. A não neutralidade da moeda pode ser 
considerada pela dificuldade de coordenação das variações de preços quando esses 
não são ajustados simultaneamente. 
 
Ciclos Reais 
 
A teoria dos ciclos reais, também conhecida como teoria do ciclo de negócios, 
considera que os mercados estão sempre em equilíbrio. Os teóricos do ciclo real 
reconhecem que a produção flutua ao longo do tempo, porém argumentam que essa 
variação são resultados de choques reais sobre a economia. 
São considerados choques reais: 
 pelo lado da oferta: variações no clima, preço do petróleo ou novas 
tecnologias; 
36 
Liga do Mercado Financeiro PUC Minas 2017 
 
 
 pelo lado da demanda: variações nos gastos do governo. 
Por tudo que você já estudou, é fácil pensar como essas flutuações alteram a 
produção. Vamos imaginar uma nova tecnologia capaz de produzir algodão com mais 
eficiência na economia. Isso aumentaria a produção de algodão e seus derivados. 
A teoria dos ciclos reais não descreve exatamente porque o estoque monetário 
não afeta a produção, mas defende que as variações na produção provocam variações 
na quantidade de moeda. Isso é explicado pelo fato de quanto a demanda agregada 
aumenta as pessoas necessitam de maior quantidade de encaixes reais. 
 
 
INFLAÇÃO 
 
O que é Inflação 
 
O que é inflação? Você que convive com esse problema e escuta discussões 
sobre o assunto nos jornais diários conseguiria conceituar esse termo? A inflação é o 
aumento contínuo e generalizado dos níveis de preço em uma economia. Perceba bem 
o termo “generalizado”: estamos falando do aumento dos preços de todos os bens 
produzidos e não só produto isoladamente. Além disso, a alta deve ser continua. Um 
fenômeno inflacionário não é uma alta esporádica dos preços. 
A inflação é processo monetário, representa a perda de valor da moeda na 
economia. Você pode perceber esse processo no seu dia a dia. Vamos supor que, há 
quatro anos, você utilizasse R$ 20 para comprar cinco bananas, quatro litros de leite e 
quatro pães; e hoje, com esses mesmos R$ 20 você comprasse apenas três bananas, 
dois litros de leite e três pães. Perceba que se o dinheiro perdeu o valor real, o poder 
aquisitivo da moeda caiu. Por isso, a teoria diz que a inflação é um processo 
monetário. Vale lembrar que, apesar de ser conceituada como fenômeno monetário, a 
solução desse não depende somente do controle do estoque de moeda como veremos 
à frente. 
37 
Liga do Mercado Financeiro PUC Minas 2017 
 
 
Existe um consenso na economia que um dos motivos da inflação é um conflito 
distributivo em uma economia com distorções na distribuição de renda. É uma disputa 
dos agentes econômicos pela posse da renda. Esses aumentam os preços 
continuamente, procurando se apoderar de maior parte da riqueza. 
Um exemplo comum é o desequilíbrio financeiro do setor público, fato comum 
na história brasileira. Para sanear as finanças, o setor público eleva o estoque de 
moeda acima do nível de produto. O excesso de moeda na economia gera excesso de 
demanda por produtos. Você já sabe que quanto maior a demanda maior o preço. 
Devido a isso, o aumento na oferta monetária gera inflação. Nesse processo, podemos 
notar um conflito entre o setor privado e público. 
Outro conflito que pode ser destacado é o estudado na aula anterior, entre 
salários e preços ou entre trabalhadores e empresários. Suponha que haja pressões 
coletivas para aumento dos salários e os trabalhadores conquistem esse aumento, 
considerando o alto poder de negociação desses. Você já sabe que esse salário é uma 
pressão sobre o custo do produto, o que implicará os aumentos nos níveis dos preços. 
Não podemos deixar de citar o conflito entre economia nacionale 
internacional. Vamos nos lembrar de um fato que acontece, algumas vezes, em nosso 
País: o aumento do pão francês decorrente do aumento do preço do trigo na 
Argentina. Esse é um conflito distributivo entre os produtores de trigo argentinos e os 
consumidores brasileiros. 
Perceba que a inflação é um fenômeno de muitas facetas e, 
consequentemente, um processo difícil de se eliminar. 
 
Efeitos da Inflação 
 
A inflação, além de distorcer os termos de troca em uma economia, influencia 
também outras variáveis, causando dificuldades nas formulações de políticas públicas 
devido à imprevisibilidade dos indicadores. 
Uma das distorções mais sérias provocadas pelo processo inflacionário é a 
distorção na renda, principalmente pela redução relativa do poder aquisitivo daqueles 
que vivem de rendimentos fixos. 
38 
Liga do Mercado Financeiro PUC Minas 2017 
 
 
Se você viveu no processo inflacionário da década de 1980, deve se lembrar da 
contínua remarcação de preços nos mercados, da desvalorização da moeda de um dia 
para outro, o que incorporou na cultura brasileira o hábito de estocar produtos, a 
corrida para comprar os produtos antes que o dinheiro perdesse poder aquisitivo. 
Imagine o salário que chegavam uma vez ao mês. O dinheiro recebido não 
representava mais o trabalho do assalariado durante o mês. Por isso que consideramos 
que a inflação prejudica mais aqueles que são assalariados. 
A inflação também distorce o balanço de pagamentos, quando a taxa de 
inflação nacional supera o aumento dos preços internacionais, pois tendem a estimular 
a importação e desestimular as exportações. Isso geralmente provoca um círculo 
vicioso se o país estiver enfrentando um déficit cambial. Nesse caso, as autoridades 
monetárias devem lançar mão de desvalorização cambial depreciando a moeda 
nacional, com o objetivo de minimizar o déficit. Como você já estudou em aulas 
anteriores, essa política deve estimular a exportação. 
Além do efeito citado na conta do governo, ainda existe um efeito sobre as 
receitas públicas conhecido como Efeito Oliveira-Tanzi. Esse efeito ocorre em períodos 
de aceleração inflacionária. Como há uma defasagem entre o fato gerador do imposto 
e o momento do seu recolhimento, a inflação tende a corroer, em termos reais o valor 
da arrecadação fiscal do governo, assim como acontece com o salário dos 
trabalhadores. 
Devemos, ainda, destacar o efeito sobre o mercado de capitais. Devido à rápida 
deteriorização do valor da moeda, ocorre um desestímulo à aplicação de recursos no 
mercado financeiro, o qual estimula a aplicação de recursos em bens reais, como, por 
exemplo, bens imóveis. Para amenizar esse problema no Brasil, foi criado a correção 
monetária. Nesse mecanismo, alguns papéis passaram a ser reajustados ou indexados 
por índices que refletiam a inflação. 
Por último, dentre outros efeitos, devemos nos lembrar de que ocorre uma 
alteração nas expectativas dos agentes econômicos. O setor empresarial, por exemplo, 
não consegue prever os seus lucros e, nesse sentido, fica em estado de espera, sem 
tomar iniciativas de investimentos, o que acarreta em uma relativa desaceleração 
nacional. 
39 
Liga do Mercado Financeiro PUC Minas 2017 
 
 
Enfim, podemos concluir que, no curto prazo, alguns podem ganhar com o 
processo inflacionário. Mas, no longo prazo, todos saem perdendo. 
 
Causas da Inflação 
 
Tradicionalmente, a literatura econômica considera duas causas para a inflação: 
excesso de demanda agregada e a inflação de custos. Porém, sabemos que existem 
outros motivos entre esses. 
 
Inflação de Demanda 
 
A inflação de demanda diz respeito ao excesso de demanda agregada não 
acompanhada pelo aumento do produto. Podemos dizer que, quanto mais perto do 
pleno emprego dos fatores de produção, mais provável a inflação de demanda, pois, 
caso haja um aumento da demanda agregada em uma economia em que ainda haja 
desemprego (considerando mão-de-obra como único fator de produção no modelo), 
esse aumento de demanda provoca aumento dos níveis de produção sem pressão 
sobre os custos. 
Considera-se que no curto prazo, a demanda é mais sensível, por isso as 
políticas econômicas9 utilizadas para amenizar o processo inflacionário são focadas 
nessa variavél. Além disso, o governo pode restringir a quantidade de moeda em 
circulação e ainda pode aumentar a carga tributária para reduzir a renda disponível. 
 
Inflação de Oferta 
 
A inflação de oferta pode ser associada a uma inflação tipicamente de oferta, 
pois os preços dos insumos aumentam e consequentemente o preço dos produtos 
também, conforme estudamos na aula anterior. 
 
9
 No Brasil, ultimamente, a política mais comum é via taxa de juros. Ao promover aumento da taxa básica 
de juros (SELIC), o governo pretende desestimular o crédito e assim conter a demanda agregada. 
40 
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Podemos também relacionar a inflação de custos com o fato de algumas firmas 
terem poder de monopólio e oligopólio e aumentarem demasiadamente preços dos 
insumos em busca de lucros extraordinários. Esse tipo de inflação de custos também é 
chamada inflação de lucro. 
 
Introdução Curva de Phillips 
 
Vamos, agora, estudar uma pequena parte da evolução da história econômica, 
como forma de introduzir a teoria da Curva de Phillips desenvolvida em 1958. 
Voltemos ao ano de 1930, quando Jonh Maynard Keynes publicou o livro Teoria 
geral do emprego, juros e moeda, insatisfeito com a teoria clássica de tendência 
automática ao pleno emprego e a consequente inexistência de desemprego. Keynes 
provou o contrário da teórica neoclássica que dizia que as economias capitalistas não 
seriam capazes de promover o pleno emprego. Assim, abriu-se a oportunidade (na 
opinião de Keynes, uma necessidade) da ação governamental para direcionar o rumo 
da economia. 
Essa nova visão dada por Keynes construiu um terreno fértil para estudos mais 
profundos da teoria econômica, fazendo surgir assim teorias que começaram a 
questionar a visão keynesiana principalmente sobre a rigidez salarial. Em 1937, logo 
após a publicação do livro de Keynes (1936), Hicks publica o artigo “Mr. Keynes and 
classics: a suggested interpretation.” Esse artigo pretendia esclarecer algumas 
controvérsias e lacunas deixadas no livro de Keynes. Foi esse artigo que introduziu 
ideias do modelo IS-LM, que você já conhece com detalhes, chamado de síntese 
neoclássica. A partir de todas as formulações, surgiu espaço para formulações de 
políticas fiscais e monetárias com resultados razoáveis. Ainda ficaram no ar algumas 
questões da década de 1950, pois o modelo daquela época apresentava uma possível 
dicotomia entre o comportamento da economia no pleno emprego e abaixo do pleno 
emprego. Abaixo do pleno emprego, seguiria a tradição keynesiana com preços rígidos 
e mudanças dadas exogenamente, os quais afetavam apenas variáveis reais. Por outro 
41 
Liga do Mercado Financeiro PUC Minas 2017 
 
 
lado, no pleno emprego, as variáveis permaneceriam inalteradas, e choques de 
demanda alteravam apenas o lado monetário, o aumento dos preços. 
Em 1958, William Phillips foi remover essa dicotomia: no curto prazo, qualquer 
alteração promoveria alterações no lado real e monetário. Assim, surgiu a Curva de 
Phillips, a qual expressava uma curva de oferta positivamente inclinada e relacionava o 
crescimento dos preços (inflação) com a taxa de desemprego. Quanto maior a taxa de 
inflação, menor seria o desemprego, assunto que vamos estudar na próxima aula. 
Essa idéia de variável nominal (inflação) afetar o desemprego (variávelreal) não 
agradava a corrente neoclássica, pois seria contra a racionalidade dos agentes. Essa foi 
a principal crítica feita por Phelps (1967) e Hicks (1958). Esses, então, propõem que, na 
equação explicativa na taxa e crescimento dos salários, seja introduzido, além da taxa 
de desemprego, a taxa de inflação esperada. Assim, para cada taxa de inflação 
esperada, temos uma Curva de Phillips que veremos adiante. 
Na próxima aula, aprofundaremos nossos estudos sobre a Curva de Phillips. Até 
mais! 
 
REFERÊNCIAS 
 
BLANCHARD, Oliver. Macroeconomia. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Prentice Hall, 
2004. 
 
DORNBUSH, Rudiger; FISHER Stanley. Macroeconomia. 5. ed. São Paulo: 
MAKRON Books, 2002. 
 
 
GORDON, Robert J. Macroeconomia. 7. ed. São Paulo: Editora Bookman, 2000. 
 
PINHO, Diva B.; VASCONCELOS, Marco A. S. Manual de economia da USP. 5. ed. 
São Paulo: Editora Saraiva, 2006. 
 
MAWKIW, N Gregory. Macroeconomia. 3. Ed. Rio de Janeiro. Livros Técnico 
Cientifica Editora S.A. 1997.

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