Buscar

Revolução Industrial: Transformações e Mudanças

Prévia do material em texto

Aula 2 – Revolução Industrial
Quando pensamos no termo “revolução”, imediatamente nos vêm à mente imagens de batalhas, soldados e conflitos. No entanto, embora essa seja nossa associação imediata, revolução não é sinônimo de guerra ou conflito, mas sim de transformação. Esse é o sentido da expressão “revolução industrial”, surgida no século XIX para designar o conjunto de transformações no sistema produtivo pelo qual passara a Inglaterra no século anterior. A expressão utilizada por intelectuais como Arnold Toynbee e Friedrich Engels popularizou-se a partir de então para descrever não só esse momento específico da história, mas também outros surtos industriais que envolveram mudanças políticas, econômicas e desenvolvimento tecnológico.
As Revoluções
Primeira Revolução ( Se caracterizou pela mudança no modo de produção ― de artesanal para manufaturado ― e pela progressiva alteração da energia utilizada, que deixou de ser somente humana ou animal para ser substituída pelo carvão e, mais tarde, pela eletricidade.
Segunda Revolução ( Embora a Inglaterra tenha sido pioneira, durante o século XIX, outros países ― não apenas na Europa ― também viveram suas revoluções industriais. Foi o caso da França, da Alemanha, do Japão e dos Estados Unidos. Esse desenvolvimento industrial foi chamado de Segunda Revolução Industrial, a qual foi um aprimoramento das tecnologias da Primeira.
Terceira Revolução ( Atualmente, o desenvolvimento tecnológico, a mecanização da produção e a utilização da robótica (Com as fábricas tendo várias etapas da produção totalmente automatizadas, sem a necessidade de intervenção dos operários.), originaram a Terceira Revolução Industrial, que designaria o momento de desenvolvimento produtivo em que vivemos.
Por que Revolução?
Vamos agora entender melhor por que chamamos o conjunto de transformações, vistos anteriormente, de revolução. Durante a Idade Média, a mão de obra era servil e o centro da vida econômica estava no feudo, já que a economia era marcadamente agrária. Na Idade Moderna, temos uma ruptura com o modelo feudal: há o renascimento das cidades, a mão de obra livre e a produção artesanal, que alimentava o comércio.
Na produção artesanal, o artesão era dono de sua força de trabalho e dos meios de produção. O que isso quer dizer? Quer dizer que o artesão moderno não tinha um patrão. Podia pertencer ou não a uma corporação de ofício, em que os preços e as negociações pelo produto seriam feitos coletivamente, mas ele era, sobretudo, independente.
Também não havia divisão do trabalho. Um mesmo artesão estava presente em todas as etapas de confecção de um produto. Se estivermos falando de um alfaiate, então temos que esse trabalhador é dono de tudo aquilo de que necessita para fazer seu produto: linhas, agulhas, botões. Ele também fará a peça de roupa completa: mangas, gola e assim por diante.
Como funciona hoje na chamada linha de montagem de uma fábrica? O trabalhador é responsável por uma única etapa da produção. Se ele for um trabalhador ― como era aquele artesão da era moderna ―, fará apenas uma parte do produto. Se considerarmos uma camisa, ele fará apenas a manga ou somente a gola e assim por diante. Cada trabalhador faz um pedaço, que é montado no final da linha de produção.
Pioneirismo Inglês
Mas que razões explicariam o pioneirismo inglês nesse processo?
Destaque político da classe burguesa, que ocupava cadeiras no Parlamento inglês;
Acumulação primitiva de capital;
Existência de um exército de mão de obra;
Processo de cercamento dos campos;
Jazidas de carvão mineral, o que possibilitava o desenvolvimento de fábricas movidas a esse combustível.
Essas condições, encontradas em seu conjunto unicamente na Inglaterra, permitiram seu pioneirismo no processo industrial.
Modo de Produção
Com a Revolução Industrial, o capitalismo se consolida como o modo de produção predominante no século XX. Se fizéssemos uma linha do tempo, ela seria assim:
Dessa forma, a partir do século XVIII, a indústria substitui o comércio como principal fonte de riqueza. A burguesia permanece, mas surge uma nova classe, o proletariado. Então, se na Idade Moderna havia uma burguesia comercial, na Idade Contemporânea nasce a burguesia industrial. Na definição de Karl Marx, o burguês seria o dono dos meios de produção, e o operário aquele que vende sua força de trabalho.
Mudanças
O que muda? Absolutamente tudo! As cidades crescem como nunca. ( Esse crescimento desordenado, provocado pelo intenso e constante êxodo rural, não é acompanhado de obras de infraestrutura na mesma proporção. ( Assim, as cidades industriais (A precariedade do saneamento básico permite a proliferação de uma série de doenças. A falta de emprego para todos estimula a fome, a miséria, a prostituição e o crime.) são caóticas: há problemas de habitação, transporte, saúde e educação.
Essa realidade foi retratada em diversas obras, pinturas, livros, filmes. A Londres do século XIX é sombria e cinzenta. Não é à toa que obras como as que foram escritas por Charles Dickens retratem essa atmosfera. Entre os anos de 1750 e 1801, a população urbana inglesa mais do que quadruplicou, conforme vemos na tabela a seguir:
Esse crescimento populacional se reflete não somente nos problemas estruturais que ele causa, mas também no esgarçamento das relações sociais. Nas palavras de Dickens: “Parar para apertar a mão de um conhecido ou tocar em seu braço está fora de questão ― eles acreditam que isso não está incluído em seus salários e que não têm o direito de fazê-lo.”
Operariado
Por que é importante entendermos as precárias condições de vida do operariado? Antes de seguirmos, vejamos as palavras de um operário do século XIX: “Nosso período regular de trabalho ia das cinco da manhã até as nove ou dez da noite. No sábado, até as onze, às vezes meia-noite, e então éramos mandados para a limpeza das máquinas no domingo. Não havia tempo disponível para o café da manhã e não se podia sentar para o jantar ou qualquer tempo disponível para o chá da tarde. Nós íamos para o moinho às cinco da manhã e trabalhávamos até as oito ou nove horas, quando vinha o nosso café, que consistia de flocos de aveia com água, acompanhado de cebolas e bolo de aveia, tudo amontoado em duas vasilhas. Acompanhando o bolo de aveia, vinha o leite. Bebíamos e comíamos com as mãos e depois voltávamos para o trabalho sem que pudéssemos nem ao menos nos sentar para a refeição”
Em primeiro lugar, é fundamental compreendermos que os direitos trabalhistas que usufruímos hoje são o resultado de uma longa trajetória de luta operária. Em segundo lugar, as duas (capitalismo e socialismo) principais correntes do pensamento econômico dos séculos XIX e XX foram gestadas por meio do entendimento das relações entre o trabalho e os meios de produção. Conhecer as condições de vida do operariado e situar seu nascimento na Revolução Industrial significa compreender o mundo do trabalho contemporâneo. Se a ideia de Revolução Industrial nos remete de imediato à questão da produção e, portanto, à economia, perceber o surgimento da classe operária e a mudança nos hábitos sociais, mostra que o alcance dessa revolução transcende em muito o aspecto meramente econômico.
Embora estejamos falando de uma sociedade patriarcal, em que os homens têm mais direitos e privilégios, os baixos salários obrigavam todos os membros da família a procurar trabalho. Quando falamos em sociedade patriarcal, estamos nos referindo aos privilégios concedidos ao homem, em uma clara discriminação de gênero que norteou a sociedade ocidental durante séculos. Vejamos alguns exemplos de uma sociedade patriarcal: os sistemas eleitorais de quase todos os países do mundo consideravam inicialmente apenas o voto masculino; os homens em geral ganhavam e, em alguns casos, ainda ganham um salário maior que o das mulheres pelos mesmos serviços prestados.
Produtividade
Buscando aumentar a produtividade nas fábricas, o trabalho passa a ser dividido em etapas. Essa divisão daria origem à linhade montagem, da qual Henry Ford foi o pioneiro ao aplicá-la à indústria automobilística. Cada trabalhador é responsável apenas por uma etapa da produção, ou seja, é encarregado de um único processo. Dessa forma, o trabalhador perde a dimensão de seu trabalho como um todo, já que não participa da confecção de um produto, mas sim de uma pequena fração dele. Além disso, esse tipo de divisão gera uma especialização da mão de obra, característica que pode ser percebida até nas linhas de montagem das fábricas atuais.
A estrutura das linhas de montagem dará origem ao que chamamos de produção em série. Quanto maior o número de produtos, mais barato ele custa. Logo, maiores serão sua capacidade de venda e sua procura. Vamos pensar nisso como uma economia circular:
Do ponto de vista econômico, podemos dizer que o preço varia conforme a quantidade. Quanto mais mercadoria, menor será seu preço. Se analisarmos todas as crises de superprodução, como a que ocorreu em 1929, ou a queima do café no Brasil no período da República Velha, partiremos sempre desta premissa: quanto maior o número de mercadorias no mercado, menos custarão. 
O que Isso quer Dizer quando Falamos sobre Revolução Industrial? 
 Quer dizer que, quando a mão de obra era artesanal, o consumidor pagava por um sapato levando em consideração o trabalho do artesão, o material e o tempo que o indivíduo havia levado para confeccioná-lo. Agora o preço desse sapato, produzido junto a milhares de outros, cairá radicalmente. Isso provoca a criação de um mercado consumidor em larga escala, o que não podemos dizer que tenha existido durante a Idade Moderna. Todas essas mudanças promoveram também um amplo desenvolvimento tecnológico, percebido na utilização de diferentes formas de energia, como o carvão, e no investimento em transportes e em comunicação. Os transportes, como as ferrovias, tinham como objetivo sobretudo o escoamento das mercadorias, agora produzidas em grande quantidade e destinadas ao mercado externo, o que acabou por tornar a Inglaterra uma das maiores economias exportadoras de seu tempo.
Resultados da Revolução Industrial
De acordo com o que vimos, como resultados do processo de Revolução Industrial inglesa, temos então:
Urbanização
Transformação do mundo do trabalho
Produção em larga escala
Desenvolvimento da Infraestrutura
Essas características ― que tiveram início na Inglaterra ― se espalhariam pela Europa no século seguinte e configurariam a Segunda Revolução Industrial.
�PAGE \* MERGEFORMAT�2�

Continue navegando