Buscar

Literatura - Sentimento do Mundo - atividade de leitura - CJSP - 3ª Série Ensino Médio - 2015

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

ATIVIDADE SOBRE SENTIMENTO DO MUNDO
 
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
�
Texto para as duas próximas questões:
Mãos Dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme a realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista 
[da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os
homens presentes, a vida presente.
(FUVEST – Adaptada) O que se entende por mundo caduco?
Como se define o tipo de poesia que o eu lírico diz rejeitar?
(FUVEST 2013) Leia o seguinte poema.
TRISTEZA DO IMPÉRIO
Os conselheiros angustiados
ante o colo ebúrneo
das donzelas opulentas
que ao piano abemolavam
“bus-co a cam-pi-na se-re-na
pa-ra-li-vre sus-pi-rar”,
esqueciam a guerra do Paraguai,
o enfado bolorento de São Cristóvão,
a dor cada vez mais forte dos negros
e sorvendo mecânicos
uma pitada de rapé,
sonhavam a futura libertação dos instintos
e ninhos de amor a serem instalados nos arranha-céus 
de Copacabana,
[com rádio e telefone automático.
Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo.
a) Compare sucintamente “os conselheiros” do Império, tal como os caracteriza o poema de Drummond, ao protagonista das Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
b) Ao conjugar de maneira intempestiva o passado imperial ao presente de seu próprio tempo, qual é a percepção da história do Brasil que o poeta revela ser a sua? Explique resumidamente.
O excerto abaixo foi extraído do poema Ode no Cinquentenário do Poeta Brasileiro, de Carlos Drummond de Andrade, que homenageia o também poeta Manuel Bandeira. 
(...) Por isso sofremos: pela mensagem que nos 
[confias 
entre ônibus, abafada pelo pregão dos jornais e mil 
[queixas operárias; 
essa insistente mas discreta mensagem 
que, aos cinquenta anos, poeta, nos trazes; 
e essa fidelidade a ti mesmo com que nos apareces 
sem uma queixa no rosto entretanto experiente, 
mão firme estendida para o aperto fraterno 
– o poeta acima da guerra e do ódio entre os homens- 
o poeta ainda capaz de amar Esmeralda embora a 
 [alma anoiteça, 
 o poeta melhor que nós todos, o poeta mais forte 
– mas haverá lugar para a poesia? 
Efetivamente o poeta Rimbaud fartou-se de escrever, 
o poeta Maiakovski suicidou-se, 
o poeta Schmidt abastece de água o Distrito Federal... 
Em meio a palavras melancólicas, 
ouve-se o surdo rumor de combates longínquos 
(cada vez mais perto, mais, daqui a pouco dentro 
[de nós). 
E enquanto homens suspiram, combatem ou 
[simplesmente ganham dinheiro, 
ninguém percebe que o poeta faz cinquenta anos, 
que o poeta permaneceu o mesmo, embora alguma 
[coisa de extraordinário se houvesse passado, 
alguma coisa encoberta de nós, que nem os olhos 
[traíram nem as mãos apalparam, 
susto, emoção, enternecimento, 
desejo de dizer: Emanuel, disfarçado na meiguice 
[elástica dos abraços, 
e uma confiança maior no poeta e um pedido 
[lancinante para que não nos deixe sozinhos nesta 
[[cidade 
em que nos sentimos pequenos à espera dos maiores 
[acontecimentos. (...) 
Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo. 
a) O que, no poema, leva o eu lírico a perguntar: “mas haverá lugar para a poesia?” 
b) É possível afirmar que a figura de Manuel Bandeira, evocada pelo poeta, se contrapõe ao sentimento de pessimismo expresso no poema e no livro Sentimento do mundo. Explique por quê.
(UFJF) Leia o poema abaixo, retirado do livro Sentimento do mundo, de Carlos Drummond de Andrade.
CONGRESSO INTERNACIONAL DO MEDO
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
a) No poema, as únicas ações realizadas pelo homem são cantar o medo e morrer de medo. Explique a relação entre essas duas ações e o verso final – “e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas”.
b) No último verso há o som da sibilante contínuo /s/. Qual o nome dessa figura de linguagem?
Texto para as questões de 6 a 8.
É preciso casar João,
é preciso suportar Antônio,
é preciso odiar Melquíades,
é preciso substituir nós todos.
É preciso salvar o país,
é preciso crer em Deus,
é preciso pagar as dívidas,
é preciso comprar um rádio,
é preciso esquecer fulana.
É preciso estudar volupaque,
é preciso estar sempre bêbedo,
é preciso ler Baudelaire,
é preciso colher as flores
de que rezam velhos autores.
É preciso viver com os homens,
é preciso não assassiná-los,
é preciso ter mãos pálidas
e anunciar O FIM DO MUNDO.
No texto acima, “Poema da necessidade”, a figura de linguagem usada de forma intensa no poema é a
a) hipérbole: expressão exagerada de uma ideia.
b) prosopopeia: atribuição de qualidades humanas a
seres inanimados.
c) anáfora: repetição enfática de um termo ou expressão no início de frases.
d) sínquese: inversão brusca dos termos da oração capaz de dificultar sua compreensão.
e) paronomásia: trocadilho, trabalho entre palavras de
som parecido.
A utilização da figura de linguagem apontada na
questão anterior serve para 
a) enfatizar a defesa do poeta quanto às obrigações listadas.
b) indicar a ligação afetiva do eu lírico às necessidades apresentadas.
c) expressar o caráter enfadonho que as obrigações do cotidiano impõem à vida.
d) dificultar a leitura do poema, constituindo uma paródia ao estilo de Baudelaire.
e) garantir maior sonoridade ao verso, aumentando,
portanto, sua poeticidade.
Do poema acima, só não se pode afirmar que
a) contém obrigações impostas pelo círculo social mais próximo (família, amigos, conhecidos).
b) estão presentes necessidades exigidas pela vida social em seu contexto mais amplo (nação, religião, moral, consumo).
c) há na terceira estrofe referência a obrigações existenciais ligadas à cultura.
d) existe a defesa do apego à vida materialista para superar as necessidades físicas humanas.
e) a última estrofe expressa de maneira humorística a
exigência de coexistência e tolerância.
�
�
RESOLUÇÃO
1. Nesse poema, “mundo caduco” refere-se ao passado, a valores ultrapassados, que já não estão de acordo com as aspirações sociais do momento.
2. O eu lírico recusa a poesia escapista, ou seja, que foge do tempo presente e dos seus problemas.
3. a) Os conselheiros do império são caracterizados no poema de Drummond como uma elite alienada, uma vez que esquecida de acontecimentos sociais importantes como a guerra do Paraguai e a escravidão; e exclusivamente interessada em aproveitar a vida de forma hedonista, no desfrute de seus desejos sexuais.
A personagem Brás Cubas, da obra de Machado de Assis, tem um comportamento semelhante ao desses conselheiros, na medida em que possui uma visão pessoal das questões sociais de seu tempo, além de permanecer conectado com seus instintos, desde seus encontros juvenis com a interesseira Marcela até o longo caso amoroso que mantém com a adúltera Virgília, na casa do bairro da Gamboa, um verdadeiro “ninhode amor”, como citado no poema.
b) A percepção do autor é a de que o comportamento da elite brasileira continua o mesmo, marcado pela alienação e busca desenfreada do prazer, desde a época imperial até a década de 30 do século XX (época do poeta). As duas épocas se aproximam quando se faz referência a “arranha-céus de Copacabana, com rádio e telefone automático”, elementos característicos do século XX, no poema que aborda, desde o título, o século XIX.
4. a) O livro Sentimento do mundo, publicado em 1940, é marcado pela impotência do eu lírico frente ao tenso contexto histórico: o regime de exceção política que levou ao Estado Novo, no governo de Getúlio Vargas, e o crescimento do nazifascismo, que culminou com a eclosão da Segunda Guerra Mundial. No poema, especificamente, o eu lírico menciona a existência da “guerra e do ódio entre os homens” em referência a esse contexto, o que seria indício de um tempo pouco propício para a realização da poesia. Um tempo em que os “homens suspiram, combatem ou simplesmente ganham dinheiro”, sem dedicar qualquer tempo ao lirismo e à relação humana.
b) Manuel Bandeira é evocado no poema como um artista que se manteve fiel à sua condição de poeta. Em contraponto com as figuras de Rimbaud, que “fartou-se de escrever”, de Maiakovski, que “suicidou-se” e de Schmidt que se tornou funcionário público, Bandeira continuou escrevendo e capaz de amar, apesar da noção de que havia pouco lugar para a poesia em um tempo de opressão e morte. Nesse sentindo, a poesia de Manuel Bandeira evocada por Drummond pode ser considerada uma demonstração de otimismo que se contrapõe ao sentimento pessimista predominante na obra.
5. a) O eu lírico, por meio das ações “cantar” e “morrer”, chama atenção para o sentimento generalizado de medo, em que só é possível cantar o medo, ou seja, falar sobre ele, e morrer de medo, intensificando a ideia. Assim, sobre os túmulos, só se podem nascer “flores amarelas e medrosas”, já que as únicas ações realizadas remetem ao medo. Sendo assim, critica-se a apatia política e social advinda desse sentimento, ressaltando que será o medo a herança das futuras gerações.
b) A figura de linguagem é a aliteração.
6. c
7. c
8. d

Continue navegando