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RESUMO Myers 6

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RESUMO - Sensação e Percepção (MYERS - 6) 
> Caso da mulher com visão boa, mas a percepção tem um problema (não reconhece rostos). “Visão perfeita” e cegueira facial ilustra a distinção entre sensação e percepção. Quando ela olha para um amigo, sua sensação é normal: seus receptores sensoriais detectam a mesma informação que os nossos detectariam, e eles transmitem essa informação para o cérebro. E sua percepção - a organização e a interpretação de informações sensoriais que lhe possibilitam reconhecer objetos conscientemente – é quase normal.
Graças a uma área do lado inferior do hemisfério direito do cérebro, podemos reconhecer uma face humana em um sétimo de segundo. Assim que detecta uma face, você a reconhece, pois seu corpo é bombardeado por todo tipo de estímulo exterior o tempo todo. Enquanto isso, em um mundo interior, o cérebro, por si só, não vê/ouve/sente nada. Como o mundo lá de fora entra?
Assimilando o Mundo: Alguns Princípios Básicos: O que são sensação e percepção? O que queremos dizer com processamento bottom-up (de baixo para cima) e processamento top-down (de cima para baixo)?
Em nossas experiências cotidianas, sensação e percepção fundem-se em um processo contínuo. Os psicólogos referem-se à análise sensorial que começa em seu ponto de entrada como processamento bottom-up (de baixo para cima). Porém, a mente também interpreta o que os sentidos detectam. Construímos percepções com base tanto nas sensações que vêm de baixo para cima até o cérebro como em nossa experiência e nossas expectativas, o que os psicólogos chamam de processamento top-down (de cima para baixo).
Usando o processamento top-down, levamos em conta o título do quadro, notamos as expressões apreensivas e então dirigimos a atenção para aspectos da pintura que darão significado a essas observações. Os dotes sensoriais da natureza se adaptam às necessidades de quem as recebe. Habilitam cada organismo a obter informações essenciais.
Limiares: O que são os limiares absoluto e diferencial? Os estímulos abaixo do limiar absoluto exercem alguma influência?
Existimos em um mar de energia. As sombras que incidem sobre nossos sentidos têm apenas uma pequena abertura, permitindo-nos somente uma consciência restrita desse vasto mar de energia. Vejamos o que a psicofísica descobriu a respeito da energia física que podemos detectar e seu efeito sobre nossa experiência psicológica.
Limiares Absolutos: Nossa consciência desses tênues estímulos ilustra nossos limiares absolutos - a estimulação mínima necessária para detectarmos uma luz, um som, uma pressão, um sabor ou um odor específicos em 50% das vezes. Limiares absolutos podem variar de acordo com a idade. A sensibilidade a sons agudos declina com o envelhecimento normal, causando aos ouvidos mais idosos a necessidade de um som mais alto para ouvirem um toque agudo de um celular.
Detecção de Sinais
Detectar um estímulo fraco, ou sinal, depende não apenas de sua intensidade (como o tom do teste de audição), mas também de nosso estado psicológico - nossa experiência, expectativas, motivação e vigilância. A teoria da detecção de sinais prevê quando iremos detectar sinais fracos (medidos como nossa proporção de “acertos” para “alarmes falsos”). Os teóricos da detecção de sinais buscam entender por que as pessoas reagem de forma diferente aos mesmos estímulos e porque as reações do mesmo indivíduo variam com a mudança das circunstâncias. Pais exaustos irão notar o mais leve gemido vindo do berço de um recém-nascido, ao passo que não irão perceber sons mais altos e desimportantes. Em uma situação de guerra repleta de horror, não detectar um intruso pode ser fatal.
Estimulação Subliminar
Na esperança de penetrar em nosso inconsciente, empresários oferecem gravações que supostamente falam direto com
o cérebro para nos ajudar a perder peso, parar de fumar ou aprimorar a memória: (1) Podemos perceber de modo inconsciente estímulos subliminares (literalmente, “abaixo do limiar”), e (2) sem nos darmos conta, esses estímulos têm extraordinários poderes sugestivos. Podemos? Eles têm mesmo? 
Podemos perceber estímulos abaixo de nossos limiares absolutos? Em certo sentido, a resposta é clara: sim. Lembre-se de que um limiar “absoluto” nada mais é que o ponto em que detectamos um estímulo na metade das vezes. Nesse limiar ou um pouco abaixo dele, ainda detectamos o estímulo eventualmente.
Podemos ser afetados por estímulos tão fracos que sequer são notados? Sob certas condições, a resposta é sim. Uma imagem ou uma palavra invisível pode pré-ativar (prime) ( a ativação, muitas vezes inconsciente, de certas associações, predispondo assim a percepção, a memória ou a reação) em um breve momento sua resposta a uma pergunta posterior. Em um experimento típico, a imagem ou palavra é exibida rapidamente e, em seguida, substituída por um estímulo mascarador que interrompe o processamento cerebral antes da percepção consciente.
Limiares Diferenciais
Para funcionar de maneira efetiva, precisamos de limiares absolutos baixos o bastante para nos permitir detectar visões, sons, texturas, sabores e odores importantes. É preciso também detectar pequenas diferenças entre estímulos. Um músico deve detectar minúsculas discrepâncias na afinação de um instrumento. Pais devem detectar o som da voz de seu próprio filho entre as de outras crianças.
O limiar diferencial, também chamado diferença apenas perceptível (DAP), é a diferença mínima que uma pessoa (ou uma ovelha) pode detectar entre dois estímulos quaisquer em metade das vezes. Essa diferença detectável aumenta com o tamanho do estímulo.
- Lei de Weber: para que sua diferença seja perceptível, dois estímulos devem diferir em uma proporção constante - não em uma quantidade constante.
Adaptação Sensorial: Qual é a função da adaptação sensorial?
A adaptação sensorial - a diminuição de nossa sensibilidade a um estímulo constante - vem para salvá-lo. Após a exposição contínua a um estímulo, nossas células nervosas disparam com menos frequência. Por que, então, se olharmos fixamente para um objeto, sem piscar, ele não desaparece da vista? Porque, sem que percebamos, nossos olhos estão sempre se movendo, indo de um ponto para outro o suficiente para garantir que a estimulação sobre os receptores oculares mude de maneira contínua. 
Embora a adaptação sensorial reduza nossa sensibilidade, ela oferece uma importante vantagem: liberdade para focar mudanças informativas no ambiente sem sermos distraídos pelo constante burburinho da estimulação de segundo plano, que não traz informações. Adapta-se ao que é constante e detecta-se mudanças. Percebemos o mundo não exatamente como ele é, mas como é útil para nós percebê-lo.
> Nossa sensibilidade à estimulação em constante mudança ajuda a explicar o poder que a televisão tem de prender a atenção.
OS SENTIDOS
Visão: O que é a energia que vemos como luz?
Como nosso corpo material constrói nossa experiência visual consciente? Como transformamos partículas de energia luminosa em imagens coloridas? Parte desse talento é nossa capacidade de converter um tipo de energia em outro. Nossos olhos, por exemplo, recebem energia luminosa e a transduzem (transformar uma energia em outra) em mensagens neurais que o cérebro então processa, formando aquilo que vemos conscientemente.
A Entrada do Estímulo: Energia Luminosa
Cientificamente falando, o que atinge nossos olhos não é cor, mas pulsos de energia eletromagnética que nosso sistema visual percebe como cor. O que vemos como cor nada mais é que uma fina fatia de todo o espectro de radiação eletromagnética, que estende-se de ondas imperceptivelmente curtas de raios gama, passando pela estreita faixa que vemos como luz, às longas ondas de transmissão de rádio e circuitos de corrente alternada. Outros organismos são sensíveis a diferentes faixas do espectro.
Duas características físicas da luz ajudam a determinar a experiência sensorial que temos dela. Seu comprimento de onda - a distância de um pico de onda para o seguinte - determina o matiz (a cor que experimentamos,como azul ou verde). A intensidade, a quantidade de energia nas ondas luminosas (determinada pela amplitude ou altura de uma onda), influencia o brilho.
> O espectro de energia eletromagnética Este espectro estende-se de raios gama, curtos como o diâmetro de um átomo, a ondas de rádio de mais de 1,5 quilômetros.
O Olho: Como o olho transforma energia luminosa em mensagens neurais?
A luz entra no olho através da córnea, que protege o olho e desvia a luz para prover foco. A luz então passa pela pupila, uma pequena abertura ajustável rodeada pela íris, um músculo colorido que ajusta a entrada de luz. A íris dilata-se ou contrai-se em resposta à intensidade da luz e mesmo a emoções. Cada íris é tão distinta que um escaneamento dela pode confirmar a identidade de uma pessoa.
> Quando temos um sentimento amoroso, nossas pupilas dilatadas e nossos olhos escuros, indiscretos, subitamente sinalizam nosso interesse.
Atrás da pupila encontra-se o cristalino, que focaliza os raios luminosos que entram, formando uma imagem na retina, um tecido de múltiplas camadas sensível à luz, na superfície interna do globo ocular. O cristalino focaliza os raios alterando sua curvatura, em um processo denominado acomodação.
> Quando a imagem de uma vela passa por uma pequena abertura, sua imagem espelhada aparece invertida em uma parede escura localizada atrás. A retina de fato recebe imagens invertidas do mundo. Ela não “vê” uma imagem completa. Em vez disso, seus milhões de células receptoras convertem partículas de energia luminosa em impulsos neurais e os passam adiante para o cérebro. Lá, os impulsos são reunidos em uma imagem percebida de cabeça para cima.
Retina
PROCESSO: A luz que penetra no olho desencadeia uma reação fotoquímica nos bastonetes e cones na parte posterior da retina >>> A reação química por sua vez ativa células bipolares >>> As células bipolares, assim, ativam as células ganglionares, cujos axônios convergem para formar o nervo óptico. Esse nervo transmite informações para o córtex visual (via tálamo) no cérebro.
> No local em que o nervo óptico deixa o olho não há células receptoras (sensíveis à luz) - criando um ponto cego. Feche um olho e, no entanto, você não verá um buraco negro na tela da TV. Sem pedir sua aprovação, o cérebro preenche o buraco. 
Bastonetes e cones diferem quanto à geografia e às tarefas que lhes são designadas. Os cones aglomeram-se dentro e em torno da fóvea, a área de foco central da retina. Muitos deles têm sua própria linha direta para o cérebro. Os bastonetes não dispõem dessa linha direta. Se você focar em uma palavra daqui, as que estão alguns centímetros para o lado parecem borrada, pois sua imagem atinge a região mais periférica da retina, onde os bastonetes predominam.
Os cones também permitem perceber cores. Na penumbra eles se tornam ineficazes. Os bastonetes, que possibilitam a visão em preto e branco, permanecem sensíveis na penumbra, e em grande quantidade irão canalizar sua energia na direção de uma única célula bipolar. Assim, cones e bastonetes fornecem, cada um, uma sensibilidade especial - aqueles a detalhes e cores, estes à luz fraca. Quando você entra em um teatro escuro ou apaga as luzes à noite, suas pupilas dilatam-se para permitir que mais luz alcance a retina. Em geral demora pelo menos 20 minutos para que seus olhos se adaptem inteiramente. 
Alguns animais noturnos têm retinas feitas quase inteiramente de bastonetes. É provável que essas criaturas tenham uma visão de cores muito pobre.
Processamento de Informações Visuais: Como o cérebro processa informações visuais?
A informação visual infiltra-se em níveis progressivamente mais abstratos. No nível de entrada, a retina processa a informação antes de encaminhá-la via tálamo ao córtex cerebral. As camadas neurais da retina não apenas passam adiante impulsos elétricos como também ajudam a decodificar e analisar a informação sensorial. Após ser processada pelos quase 130 milhões de bastonetes e cones receptores de sua retina, a informação viaja para os milhões de células ganglionares, através de seus axônios, que formam o nervo óptico, até o cérebro.
Qualquer área retiniana transmite sua informação a um local correspondente no córtex visual, no lobo occipital situado na parte posterior do cérebro. A mesma sensibilidade que habilita as células retinianas a disparar mensagens pode levá-las a falhar. Vire os olhos para a esquerda, feche-os e suavemente esfregue o lado direito da pálpebra direita com a ponta do dedo. Perceba a mancha luminosa à esquerda, movendo-se de acordo com o dedo. Por que você vê uma luz? Por que à esquerda? As células retinianas são tão responsivas que até mesmo a pressão as dispara. Mas o cérebro interpreta esse disparo como luz. Além disso, ele interpreta a luz como vinda da esquerda - a direção normal da luz que ativa o lado direito da retina.
1.5 Detecção de Características: Hubel e Wiesel demonstraram que neurônios do córtex visual no lobo occipital recebem informações de células ganglionares individuais da retina. Essas células detectoras de características têm seu nome derivado da capacidade de responder às características específicas de uma cena - bordas, linhas, ângulos e movimentos particulares.
Os detectores de características do córtex visual passam essas informações para outras áreas corticais onde equipes de células (aglomerados de supercélulas) respondem a padrões mais complexos. Uma área do lobo temporal logo atrás do ouvido direito, por exemplo, permite que você perceba faces. Se essa região sofrer algum dano, você não reconhecerá faces familiares. 
Para objetos e eventos biologicamente importantes, o cérebro dos macacos (e certamente o nosso também) dispõe de uma “vasta enciclopédia visual” distribuída na forma de células que se especializam em responder a um tipo de estímulo - como um olhar, uma posição da cabeça, uma postura ou um movimento corporal específicos. Outros aglomerados de supercélulas integram essa informação e disparam apenas quando as pistas indicam coletivamente a direção da atenção e da aproximação de alguém. Essa análise instantânea, que favoreceu a sobrevivência de nossos ancestrais, também ajuda um goleiro a prever a direção de um chute.
Processamento Paralelo: 
Ao contrário da maioria dos computadores, que realizam um processamento serial, passo a passo, nosso cérebro encarrega-se de um processamento paralelo: faz várias coisas ao mesmo tempo. Ele divide uma cena visual em subdimensões, como cor, movimento, forma e profundidade e trabalha em cada aspecto simultaneamente. Então construímos nossas percepções integrando o trabalho separado, mas paralelo, dessas diferentes equipes visuais.
Para reconhecer uma face, por exemplo, o cérebro integra informações que a retina projeta em diversas áreas do córtex visual, compara-a com informações armazenadas e habilita a pessoa a reconhecer a imagem como, digamos, sua avó. Todo o processo de reconhecimento de faces requer um tremendo poder cerebral. Se os pesquisadores interromperem temporariamente as áreas de processamento de faces do cérebro com pulsos magnéticos, as pessoas se tornariam incapazes de reconhecer faces. Seriam, porém, capazes de reconhecer casas; o processo de percepção de faces no cérebro difere do de percepção de objetos.
Destruir ou debilitar a estação de trabalho neural de outras subtarefas visuais produz resultados diferentes e peculiares. Pessoas que sofreram lesões no córtex cerebral visual após um AVC ou uma cirurgia experimentaram visão cega. Ao ser-lhes mostrada uma série de varetas no campo cego, elas relatam não ver nada. No entanto, solicitadas a adivinhar se as varetas estavam na vertical ou na horizontal, sua intuição visual geralmente oferece a resposta correta. Quando lhes dizem: “Você acertou todas”, elas ficam impressionadas. 
Existe, ao que parece, uma segunda “mente” - um sistema de processamento paralelo - operando às escondidas. Não apenas pessoas com lesões cerebrais têm dois sistemas de informação visual, quando você olha para alguém,a informação visual é transduzida e enviada ao seu cérebro na forma de milhões de impulsos neurais, sendo então construída em seus aspectos componentes e, enfim, de algum modo que permanece um mistério, composta em uma imagem significativa, que você compara com outras já armazenadas e reconhece. Enquanto você lê esta página, as letras impressas são transmitidas por raios de luz refletidos para sua retina, a qual desencadeia um processo que envia impulsos nervosos sem forma para diversas áreas do seu cérebro, que integra a informação e decodifica o significado, completando assim a transferência de informação através do tempo e do espaço da minha mente para a sua.
Resumo de P. P: Cena > Processamento retiniano: Bastonetes e cones receptores » células bipolares > células ganglionares > Detecção de características: As células detectoras do cérebro respondem a características específicas - contornos, linhas e ângulos > Processamento paralelo: Equipes de células cerebrais processam informações combinadas sobre cor, movimento, forma e profundidade > Reconhecimento: O cérebro interpreta a imagem construída com base em informações de imagens armazenadas.
Visão de Cores: Que teorias nos ajudam a entender a visão de cores?
Falamos como se os objetos possuíssem cor: "Um tomate é vermelho.” Se ninguém vê o tomate, ele é vermelho? A resposta é não. Em primeiro lugar, o tomate é tudo menos vermelho, porque rejeita (reflete) os longos comprimentos de onda dessa cor. Em segundo, a cor do tomate é construção mental nossa. “Os raios [de luz] não são coloridos”. A cor, como todos os aspectos da visão, reside não no objeto, mas no teatro de nossos cérebros, como evidenciam nossos sonhos em cores. “Apenas a mente possui visão e audição: tudo o mais é surdo e cego”.
No estudo da visão, um dos mistérios mais fundamentais e intrigantes é como vemos o mundo em cores. Como, a partir da energia luminosa que atinge a retina, o cérebro fabrica nossa experiência de cor - e de tamanha profusão de cores? 
Sabendo que qualquer cor pode ser criada combinando-se as ondas de luz de três cores primárias - vermelho, verde e azul -, inferiram que o olho deve ter três tipos correspondentes de receptores de cores. Anos depois, pesquisadores mediram a resposta de vários cones a diferentes estímulos de cores e confirmaram a teoria tricromática, a qual implica que os cones fazem sua mágica em equipes de três. 
De fato, a retina possui três tipos de receptores para cor, cada um especialmente sensível a uma de três cores. E elas são, de fato, vermelho, verde e azul. Ao estimularmos combinações desses cones, vemos outras cores. Por exemplo, não existem receptores sensíveis ao amarelo. No entanto, quando os cones sensíveis ao vermelho e os sensíveis ao verde são estimulados, vemos o amarelo. A maioria das pessoas que têm visão de cores deficiente não é na verdade “cega às cores”. Elas apenas carecem de cones sensíveis ao vermelho ou ao verde, às vezes ambos, que sejam funcionais. 
Porém, a teoria tricromática não é capaz de resolver todas as partes do mistério. Por exemplo, vemos amarelo ao misturarmos luzes vermelha e verde. Mas como aqueles que são cegos a essas duas cores muitas vezes ainda podem ver o amarelo? E por que o amarelo parece uma cor pura e não uma mistura do vermelho e do verde, como o roxo é do vermelho e do azul? Hering, um fisiologista, encontrou uma pista na conhecida ocorrência de pós-imagens. Quando você olha para um quadrado verde por alguns instantes e depois para uma folha de papel branca, vê o vermelho, a cor oponente do verde. Hering presumiu que deve haver
dois processos cromáticos adicionais, um responsável por perceber a oposição entre vermelho e verde e outro pela oposição entre azul e amarelo. Um século mais tarde, pesquisadores confirmaram a teoria do processo oponente. Conforme a informação visual deixa as células receptoras, nós a analisamos em termos de três conjuntos de cores oponentes: vermelho-verde, amarelo-azul e branco-preto. Na retina e no tálamo (onde impulsos da retina são transmitidos para o córtex visual), alguns neurônios são “ligados” pelo vermelho, mas “desligados” pelo verde. Outros são ligados pelo verde, mas desligados pelo vermelho. 
A solução presente para o mistério da visão de cores é, portanto, basicamente esta: o processamento de cores ocorre em dois estágios. Os cones retinianos sensíveis ao vermelho, ao verde e ao azul respondem em graus variados a diferentes estímulos cromáticos, como sugerido pela teoria tricromática de Young-Helmholtz. Seus sinais são então processados pelas células nervosas do processo oponente, a caminho do córtex visual.
Audição
Para os humanos, a visão é o sentido principal. O cérebro dedica uma parte maior do córtex a ela do que a qualquer outro sentido. Ainda assim, sem a audição, o tato, a posição e o movimento do corpo, o paladar e o olfato, nossa capacidade de experimentar o mundo seria enormemente diminuída.
Como nossos outros sentidos, a audição é altamente adaptativa. Ouvimos uma grande variedade de sons, mas ouvimos melhor aqueles cuja frequência tem extensão correspondente à da voz humana. Também temos uma aguda sensibilidade a sons fracos, uma óbvia vantagem para a sobrevivência de nossos ancestrais quando caçavam ou eram caçados, ou para detectar uma criança choramingando. 
Somos também notavelmente sintonizados com variações sonoras. Detectamos com facilidade diferenças entre milhares de vozes humanas: ao atendermos ao telefone, reconhecemos um amigo ligando desde o momento em que ele diz “oi”. Uma fração de segundo após tais eventos estimularem receptores no ouvido, milhões de neurônios terão se coordenado de modo simultâneo para extrair as características essenciais, comparando-as a experiências passadas e identificando o estímulo. Para a audição, assim como para a visão, vamos considerar a questão fundamental: como o fazemos? 
2.1 A Entrada do Estímulo: Ondas Sonoras: Quais são as características das ondas de pressão do ar que ouvimos como som?
Passe um arco por um violino e a energia de estímulo resultante são ondas sonoras - moléculas de ar que se empurram, umas se chocando contra as seguintes, como um empurrão transmitido através do túnel de saída lotado de uma sala de concertos. As consequentes ondas de ar comprimido e expandido são como a água de uma lagoa reverberando em círculos no ponto em que uma pedra foi atirada. Enquanto nadamos em nosso oceano de moléculas de ar que se movimentam, nossos ouvidos detectam essas breves mudanças de pressão do ar. 
Expostos a um som bastante grave e alto - talvez de um contrabaixo ou de um violoncelo -, também podemos sentir a vibração, e ouvimos por condução tanto aérea como óssea. Os ouvidos então transformam o ar vibrante em impulsos nervosos, que o cérebro decodifica como sons. A força, ou amplitude, das ondas sonoras determina seu volume. As ondas também variam em comprimento e, portanto, em frequência. Esta determina a altura que experimentamos: ondas longas têm frequência baixa - e altura também baixa. Ondas curtas têm frequência alta - e altura também alta. Um violino produz ondas muito mais curtas e rápidas que um violoncelo. 
Medimos sons em decibéis. O limiar absoluto da audição é definido arbitrariamente como zero decibel. Cada 10 decibéis correspondem a um aumento de 10 vezes na intensidade do som. Assim, uma conversa normal (60 decibéis) é 10.000 vezes mais intensa que um sussurro de 20 decibéis.
O Ouvido: Como o ouvido transforma a energia sonora em mensagens neurais?
Para ouvir, devemos de alguma forma converter ondas sonoras em atividade neural. O ouvido humano cumpre essa tarefa por intermédio de uma intrincada reação mecânica em cadeia. Primeiro, o ouvido externo envia as ondas sonoras através do canal auditivo para o tímpano, uma estreita membrana que vibra com elas. O ouvido médio então transmite as vibrações do tímpano por um êmbolo feito de três minúsculos ossos para a cóclea, um tubo em formato de caracol no ouvido interno. As vibrações que entram fazema membrana da cóclea vibrar, impulsionando o líquido que preenche o tubo. Esse movimento provoca ondulações na membrana basilar, curvando as células ciliadas que revestem sua superfície, de modo não muito diferente do vento que faz curvar um trigal. O movimento das células ciliadas desencadeia impulsos nas células nervosas adjacentes, cujos axônios convergem para formar o nervo auditivo, que envia mensagens neurais (por meio do tálamo) ao córtex auditivo, no lobo temporal. Da vibração do ar, para o movimento do êmbolo, para as ondas fluidas para os impulsos elétricos, até o cérebro: voiíà! Estamos ouvindo.
[Frequência: o número de comprimentos de onda completos que passam por um ponto em um dado período 
Altura: o volume percebido de um tom; depende da frequência.
Ouvido médio: a câmara localizada entre o tímpano e a cóclea, contendo três minúsculos ossos que concentram as vibrações do tímpano na janela oval da cóclea.
Cóclea: um tubo ósseo espiralado e preenchido por líquido, localizado no ouvido interno, através do qual ondas sonoras desencadeiam impulsos sonoros.
Ouvido interno: a parte mais interna do ouvido, contendo a cóclea, os canais semicirculares e os sacos vestibulares.]
Esses “trêmulos feixes que nos permitem ouvir possuem extremas sensibilidade e velocidade. Uma cóclea possui 16.000 dessas células. A célula ciliada, quando ativada, dispara uma resposta neural, graças a uma proteína especial em sua membrana. Lesões as células ciliadas são a maior causa de perda auditiva. Elas já foram comparadas a fibras de um tapete felpudo. Se caminharmos sobre esse tapete e, em seguida, passarmos nele o aspirador de pó suas fibras voltarão rapidamente a posição inicial. Porém, se deixarmos um móvel pesado sobre ele, isso nunca acontecerá. Como regra geral, se não pudermos falar mais alto que um determinado ruído, ele é potencialmente prejudicial, especialmente se prolongado e repetido. Tais experiências são comuns quando o som excede 100 decibéis, como acontece em animadas arenas esportivas, bandas de gaitas de foles e iPods tocando quase no último volume. 
O zumbido nos ouvidos após a exposição ao ruído alto de máquinas ou de música indica que tratamos mal nossas desafortunadas células ciliadas. Como a dor nos alerta para possíveis ameaças físicas, esse zumbido nos alerta para possíveis danos auditivos. É o equivalente auditivo do sangramento. A maior exposição dos homens ao barulho pode ajudar a explicar por que sua audição tende a ser menos aguçada do que a das mulheres. Porém, homem ou mulher, quem passa várias horas em uma casa noturna barulhenta, atrás de um cortador de grama elétrico ou sobre uma britadeira deveria usar protetores auriculares. Seja gentil com as células ciliadas de seu ouvido interno!
Como transformamos ondas sonoras em impulsos nervosos que nosso cérebro interpreta: O ouvido externo canaliza as ondas sonoras para o tímpano. Os ossos do ouvido médio amplificam e transmitem as vibrações do tímpano através da janela oval para a cóclea, preenchida de líquido >> as mudanças de pressão resultantes no líquido codear provocam ondulações na membrana basilar, fazendo as células ciliadas se curvarem. Os movimentos das células ciliadas desencadeiam impulsos na base das células nervosas, cujas fibras convergem para formar o nervo auditivo, que envia mensagens neurais para o tálamo e em seguida para o córtex auditivo.
Percebendo o Volume: Então, como detectamos o volume? 
Não é pela intensidade da resposta de uma célula ciliada. Em vez disso, um tom suave e puro ativa apenas as poucas células ciliadas sintonizadas com sua frequência. Para sons mais altos, suas vizinhas também respondem. Assim, o cérebro pode interpretar o volume a partir do número de células ciliadas ativadas. 
Se uma célula ciliada perder a sensibilidade a sons suaves, ainda poderá responder a sons altos. Isso ajuda a explicar outra surpresa: sons realmente altos podem parecer altos tanto para pessoas com perda auditiva como para as que têm audição normal. Como integrante do primeiro grupo, eu costumava me perguntar, quando exposto a música muito alta, como ela deveria soar para quem tinha audição normal. Agora percebo que pode ser muito semelhante; a diferença está nos sons suaves. É por isso que nós, que ouvimos com dificuldade, não desejamos todo som (alto ou baixo) amplificado. Gostamos de som comprimido – o que significa que sons mais difíceis de ouvir devem ser mais amplificados que os altos (uma característica dos atuais aparelhos auditivos digitais).
Percebendo a Altura: Que teorias nos ajudam a compreender a percepção da altura do tom? Como sabemos se um som é o gorjeio agudo e de alta frequência de um pássaro ou o ronco grave de baixa frequência de um caminhão? 
O pensamento atual acerca da discriminação da altura, como o da discriminação da cor, combina duas teorias. A teoria da codificação de lugar de Hermann von Helmholtz supõe que ouvimos alturas diferentes porque ondas sonoras diferentes desencadeiam atividade em locais diferentes ao longo da membrana basilar da cóclea. Assim, o cérebro determina a altura de um som ao reconhecer o local específico (na membrana) que está gerando o sinal neural. Quando Békésy fez furos nas cócleas de porquinhos-da-índia e de cadáveres humanos para observar seu interior com um microscópio, descobriu que elas vibravam, semelhantemente a um lençol quando sacudido, em resposta ao som. Frequências altas produziam intensas vibrações perto do início da membrana da cóclea; frequências baixas, perto do fim.
Há, porém, uma falha na teoria da codificação de lugar. Ela pode explicar como ouvimos sons agudos, mas não como ouvimos os graves, pois os sinais neurais gerados por estes não têm uma localização tão precisa na membrana basilar. A teoria da frequência sugere uma explicação alternativa: o cérebro identifica a altura ao monitorar a frequência dos impulsos neurais que atravessam o nervo auditivo. Toda a membrana basilar vibra com a onda sonora que entra, desencadeando impulsos neurais para o cérebro no mesmo ritmo da onda sonora. Se esta tiver uma frequência de 100 ondas por segundo, então 100 pulsos por segundo viajarão pelo nervo auditivo. 
[ Teoria da codificação de lugar: Liga a altura que ouvimos ao local onde a membrana da cóclea é estimulada.
Teoria da frequência: A qual a taxa de disparos dos impulsos nervosos que viajam pelo nervo auditivo equivale à frequência de um tom, permitindo assim a detecção de sua altura.]
A teoria da frequência pode explicar como percebemos sons graves, mas também é problemática: um neurônio individual não pode disparar mais do que 1.000 vezes por segundo. Como, então, podemos assimilar sons com frequências acima de 1.000 ondas por segundo (aproximadamente a terça maior do teclado de um piano)? 
Entra o princípio de Volley: como soldados que se alternam nos disparos para que uns possam atirar enquanto outros recarregam, células neurais podem alternar seus disparos. Ao disparar em rápida sucessão, elas podem alcançar uma frequência combinada superior a 1.000 ondas por segundo. Assim, a teoria da codificação de lugar explica melhor como percebemos tons agudos, e a teoria da frequência explica melhor como percebemos tons graves, e uma combinação de lugar e frequência parece dar conta de tons intermediários.
Localizando Sons: Como localizamos sons? Por que não temos apenas uma grande orelha?
Assim como a localização dos olhos nos ajuda a perceber a profundidade visual, a de nossos dois ouvidos permite-nos desfrutar a audição estereofônica ( “tridimensional”). Dois ouvidos são melhor que um por pelo menos duas razões: se o carro à direita buzinar, seu ouvido direito recebe um som mais intenso, e o recebe um pouco antes que o esquerdo. 
A diferença de intensidade e o atraso de tempo são extremamente pequenos. No entanto, nosso supersensível sistema auditivo pode detectar essas diminutas diferenças. Podemos perceber uma abelha zumbindo alto em um ouvido, depois voando pela sala e voltando a zumbir próximo ao outro ouvido.
Então,como você supõe que nos saímos ao tentar localizar um som equidistante dos dois ouvidos, como aqueles que vêm diretamente da frente, de trás, de cima ou de baixo de nós? Não muito bem. Por quê? Porque ele atinge os dois ouvidos ao mesmo tempo. Sente-se com os olhos fechados enquanto um amigo estala os dedos em torno de sua cabeça. Você apontará com facilidade o som quando ele vier de um dos lados, mas é provável que erre algumas vezes quando vier diretamente da frente, de trás, de cima ou de baixo. É por isso que, quando tenta localizar com exatidão um som, você ergue a cabeça, para que os dois ouvidos recebam mensagens ligeiramente diferentes.
Perda Auditiva e Cultura Surda: Quais são as causas comuns de perda auditiva, e por que os implantes cocleares são cercados de controvérsia?
A complexa e delicada estrutura do ouvido torna-o vulnerável a danos. Problemas com o sistema mecânico que conduz ondas sonoras até a cóclea causam perda auditiva condutiva. Se o tímpano for perfurado ou se os pequenos ossos do ouvido médio perderem a capacidade de vibrar, a capacidade do ouvido de conduzir vibrações diminui.
Danos aos receptores das células ciliadas da cóclea ou a seus nervos associados podem causar a perda auditiva neurossensorial (ou surdez nervosa), mais comum. Esta é ocasionalmente provocada por doenças, porém com mais frequência a culpa é das mudanças biológicas ligadas à hereditariedade, ao envelhecimento e à exposição prolongada a barulhos ou música ensurdecedores. Por ora, a única maneira de restaurar a audição para quem tem surdez nervosa é uma espécie de ouvido biônico – um implante coclear (dispositivo para converter sons em sinais elétricos e estimular o nervo auditivo por Intermédio de eletrodos introduzidos na cóclea).
Defensores da cultura Surda preferem escrever “Surdo” com letra maiúscula quando se referem a pessoas com surdez e à comunidade Surda em geral. Ao se referir a crianças sem audição, a palavra costuma ser escrita com letra minúscula porque, nessa idade, ainda não tiveram a oportunidade de tomar uma decisão informada quanto a sua participação na comunidade Surda. Os defensores da cultura Surda às vezes chegam a afirma: que a surdez tanto poderia ser considerada “aprimoramento da visão” como “prejuízo da audição”. Pessoas que perdera, um canal de sensação de fato parecem compensá-lo com um pequeno aprimoramento das outras capacidades sensoriais. Feche os olhos e imediatamente você também notará sua atenção sendo atraída para os outros sentidos
Outros Sentidos Importantes
Embora nosso cérebro dê à visão e à audição prioridade de distribuição no tecido cortical, acontecimentos
extraordinários se dão no âmbito dos outros quatro sentidos – o tato, a posição e o movimento corporais, o paladar e o olfato. Sem nossos próprios sentidos do tato, da posição e do movimento corporais, do paladar e do olfato, nós humanos também ficaríamos em séria desvantagem, e nossa capacidade de desfrutar o mundo seria diminuída de modo devastador.
Tato: Como percebemos o tato, a posição e o movimento de nosso corpo? Como experimentamos a dor?
Embora não seja o primeiro que nos vem à mente, o tato poderia ser o sentido prioritário. Desde o início, ele é essencial para o desenvolvimento. bebês humanos prematuros ganham peso mais rápido e vão para casa mais cedo se forem estimulados por massagem com as mãos. Como amantes, ansiamos por tocar - beijar, acariciar, aconchegar-nos. E mesmo estranhos, tocando-se apenas nos antebraços e separados por uma cortina, podem comunicar raiva, medo, desgosto, amor, gratidão e simpatia em níveis bem acima das expectativas.
Dave Barry diz que nossa pele “priva as pessoas de ver o interior do corpo, que é repulsivo, e impede que os órgãos caiam no chão”. Porém, ela tem muitas outras utilidades. Nosso “sentido do tato” é na verdade uma mistura de sentidos distintos, com diferentes tipos de terminações nervosas dentro da pele. Tocá-la em vários pontos com cabelos macios, um fio aquecido ou frio e a ponta de um alfinete revela que alguns locais são especialmente sensíveis à pressão, outros à tepidez, outros ao frio e outros ainda à dor.
Surpreendentemente, não há uma relação simples entre o que sentimos em um determinado ponto e o tipo de terminação nervosa especializada encontrada nele. Apenas a pressão tem receptores identificáveis. Outras sensações na pele são variações das quatro básicas (pressão, tepidez, frio e dor): afagar pontos de pressão adjacentes causa cócegas; afagar suave e repetidamente um ponto de dor gera uma sensação de coceira; tocar pontos de frio e de pressão adjacentes desencadeia uma sensação de umidade, que você pode experimentar tocando um metal seco e frio; estimular pontos de frio e de calor próximos produz sensação de calor. No entanto, as sensações de toque envolvem mais do que estimulação tátil. Cócegas autoinfligidas produzem menor ativação do córtex somatossensorial do que se fossem provocadas por outra coisa ou pessoa (o cérebro é sábio o bastante para ser mais sensível a estímulos inesperados). 
Essa influência de processamento de cima para baixo (top-down) sobre a sensação de toque aparece também na ilusão da mão de borracha. Imagine-se olhando para uma realística mão de borracha enquanto a sua própria mão está escondida. Se um experimentador tocar as duas mãos ao mesmo tempo, você provavelmente perceberá a mão de borracha como a sua própria e a sentirá ser tocada. Mesmo apenas um “afago” na mão falsa com um laser produz, na maioria das pessoas, uma sensação ilusória de aquecimento ou de toque na mão verdadeira oculta. O tato não é apenas uma propriedade com processamento de baixo para cima (bottom-up) de seus sentidos, mas também um produto processamento de cima para baixo (top-down) de seu cérebro e de suas expectativas.
Importantes sensores nas articulações, nos tendões, nos ossos e nos ouvidos, bem como na pele, possibilitam a cinestesia - o sentido da posição e do movimento das partes do corpo. Fechando os olhos ou tampando os ouvidos, você pode momentaneamente imaginar estar sem visão ou audição. Mas como seria viver sem tato ou cinestesia - sem, portanto, ser capaz de sentir a posição de seus membros ao despertar durante a noite? Mesmo para as outras pessoas, a visão interage com a cinestesia. Fique de pé com o calcanhar direito à frente dos dedos do pé esquerdo. Fácil. Agora feche os olhos e provavelmente você perderá o equilíbrio.
Se você girar em torno de si mesmo e então parar abruptamente, nem o líquido em seus canais semicirculares nem
seus receptores cinestésicos retornarão de imediato ao estado neutro. Os pós-efeitos de tontura enganam o cérebro com a sensação de que você ainda está rodando. Isso ilustra um princípio subjacente às ilusões perceptivas: mecanismos que normalmente nos dão uma experiência precisa do mundo podem, sob condições especiais, nos enganar. Compreender como nos enganamos fornece pistas sobre como nosso sistema perceptivo funciona.
[ Sentido vestibular: o sentido do movimento e da posição do corpo, incluindo o sentido de balanço.]
Dor
A dor é a maneira de seu corpo lhe dizer que algo está errado. Atraindo sua atenção para uma queimadura, uma fratura ou uma distensão, ela ordena que você mude seu comportamento. As raras pessoas que nasceram sem a capacidade de sentir dor podem sofrer lesões graves ou mesmo morrer antes da idade adulta. Sem o desconforto que nos faz mudar eventualmente de posição, suas articulações começam a falhar devido ao excesso de esforço, e sem os avisos da dor, os efeitos de infecções e lesões não percebidas se acumulam.
Mais numerosos são aqueles que vivem com dor crônica, o que é similar a um alarme que nunca para de tocar. O sofrimento desses indivíduos e dos que têm persistentes ou recorrentes dores lombares e de cabeça, artrite e dores relacionadas ao câncer suscita duas questões: o que é a dor? Como poderíamos controlá-la?
4.1 Compreendendo a Dor: Nossas experiências de dor variam amplamente, dependendo de nossa fisiologia, de nossas experiências enossa atenção e da cultura que nos rodeia. Assim, nossas dores combinam sensações bottom-up e processos top-down.
4.2 Influências Biológicas O sistema da dor, diferentemente da visão, não está localizado em um simples tubo neural que sai de um dispositivo sensitivo até uma área definível no cérebro. Ademais, não há um tipo específico de estímulo que desencadeia a dor (como a luz desencadeia a visão). Em vez disso, existem diferentes nociceptores - receptores sensoriais que detectam temperaturas, pressões ou substâncias químicas prejudiciais.
4.3 O circuito da dor: Receptores sensoriais (nociceptores) respondem a estímulos potencialmente danosos enviando um impulso à medula espinhal, a qual passa a mensagem para o cérebro, que interpreta o sinal como dor.
Embora nenhuma teoria da dor explique todas as descobertas disponíveis, a clássica teoria do portão de controle da dor fornece um modelo interessante. A medula espinhal contém pequenas fibras nervosas que conduzem a maioria dos sinais de dor e fibras maiores que conduzem a maior parte dos outros sinais sensoriais. Ela contém um “portão” neurológico. Quando um tecido é lesionado, as fibras pequenas são ativadas, abrem o portão e você sente dor. A atividade das fibras maiores fecha o portão, bloqueando os sinais de dor e impedindo-os de atingir o cérebro. Assim, uma forma de tratar a dor crônica é estimular (por massagem, estimulação elétrica ou acupuntura) a atividade de “fechamento do portão” nas fibras neurais maiores. Esfregar a área em volta de um dedo do pé machucado gera uma estimulação competidora que bloqueia algumas mensagens de dor.
No entanto, a dor não é meramente um fenômeno físico de nervos lesionados que enviam impulsos para o cérebro - como puxar uma corda para tocar um sino. As mensagens transmitidas do cérebro para a medula espinhal também podem fechar o portão, ajudando a explicar algumas impressionantes influências sobre a dor. Quando estamos distraídos dela (uma influência psicológica) e anestesiados pela liberação de endorfinas, nossos analgésicos naturais (uma influência biológica), a experiência da dor pode ser bastante reduzida. 
"A dor é aumentada pela atenção que lhe damos.” - Charles Darwin.
O cérebro também pode criar dor, como ocorre em experiências de sensações de membros fantasma, ao interpretar equivocadamente a atividade espontânea do sistema nervoso central que ocorre na ausência de entrada normal de informações sensoriais. O cérebro vem preparado para prever “que receberá informações de um corpo que possui membros”.
Um fenômeno semelhante ocorre com outros sentidos. Pessoas com perda auditiva frequentemente experimentam o som do silêncio: sons fantasma - uma sensação de campainha nos ouvidos conhecida como zumbido ou tinido. Aquelas que perdem a visão por glaucoma, catarata, diabetes ou degeneração da mácula podem experimentar visões fantasma - alucinações não ameaçadoras. Alguns indivíduos que sofrem danos neurais sentem sabores fantasma, como uma água gelada que parece enjoativamente doce. Outros relatam odores fantasma, como o de um alimento estragado que não existe. O ponto a ser lembrado: sentimos, vemos, ouvimos, saboreamos e cheiramos com o cérebro, que pode assimilar sensações mesmo
sem os sentidos funcionarem.
4.4 Influências Psicológicas: Os efeitos psicológicos da distração ficam claros nos casos de atletas que, focados na vitória, continuam jogando apesar da dor. Há outra versão da ilusão da mão de borracha: curvaram levemente para trás um dedo nas mãos ocultas de 16 voluntários, ao mesmo tempo “machucando” (curvando acentuadamente) um dedo em uma mão falsa de borracha. Os voluntários sentiram como se seu dedo verdadeiro estivesse sendo internamente curvado e responderam com elevada transpiração cutânea.
Parecemos também editar nossas memórias da dor, que muitas vezes diferem da dor que de fato experimentamos. Em experimentos, e após procedimentos médicos, foi demonstrado que as pessoas não prestam atenção à duração de uma dor. Sua rápida memória, em contrapartida, registra dois fatores: primeiro, as pessoas tendem a registrar o momento do pico da dor, o que pode levá-las a lembrar de uma dor variável, com picos, como sendo pior. Segundo, elas registram quanta dor sentiram no final. 
Ao pedirem a pessoas que imergissem uma das mãos em água dolorosamente gelada por 60 segundos e depois a outra mão na mesma água pelo mesmo tempo, seguido por mais 30 segundos ligeiramente menos dolorosos. Qual dessas experiências você esperaria recordar como mais dolorosa? Ao ser-lhes perguntado qual teste prefeririam repetir, a maioria escolheu o mais longo, com mais dor no total - porém menos dor no final. Embora o desconforto mais brando estendido se somasse a sua experiência total de dor, os pacientes que passaram por esse tratamento redutor recordaram mais tarde o exame como menos doloroso que aqueles cuja dor foi interrompida abruptamente. 
4.5 Influências Socioculturais: A percepção da dor também varia de acordo com a situação social e as tradições culturais.
Tendemos a perceber mais dor quando os outros também parecem experimentá-la. Isso pode ajudar a explicar outros aparentes aspectos sociais da dor, como quando grupos de digitadores australianos sofreram graves surtos de dor em meados da década de 1980 devido ao trabalho repetitivo - sem nenhuma anormalidade física observável. Às vezes, a dor de uma entorse está, acima de tudo, no cérebro - literalmente. Ao sentirmos empatia pela dor alheia, nossa própria atividade cerebral pode, em parte, espelhar que o cérebro do outro está em dor. Dessa forma, nossa percepção da dor é um fenômeno biopsicossocial. Vê-la dessa forma pode nos ajudar a entender melhor como lidar com a dor e tratá-la.
4.6 Controlando a Dor: Se a dor é tanto físico como psicológico, então deveria ser tratável tanto física como psicologicamente. Dependendo do tipo de sintomas, clínicos do controle da dor selecionam uma ou mais terapias de uma lista que inclui medicamentos, cirurgias, acupuntura, estimulação elétrica, massagem, exercícios, hipnose, relaxamento e distração do pensamento.
Mesmo um placebo pode ser útil, por diminuir a atenção e as respostas do cérebro a experiências dolorosas – mimetizando drogas analgésicas. 
Distrair pessoas com imagens prazerosas (“Pense em um ambiente ameno e confortável”) ou atrair sua atenção para longe do estímulo doloroso ( “Conte de trás para a frente de 3 em 3”) é uma maneira especialmente eficaz de aumentar a tolerância à dor. Uma enfermeira bem treinada pode distrair pacientes que tenham aversão a agulhas conversando com eles e pedindo-lhes que olhem para longe enquanto aplica a injeção. A realidade virtual também tem um grande poder de distrair a atenção, reduzindo assim a dor e a resposta cerebral a estímulos dolorosos.
Paladar: Como experimentamos o paladar?
Como o tato, nosso sentido do paladar envolve diversas sensações básicas. Outrora se pensava que essas sensações eram o doce, o azedo, o salgado e o amargo, com todas as outras se originando de misturas dessas quatro. Porém, encontraram um receptor para aquela que agora conhecemos como a quinta - o sabor condimentado e substancial do umami, mais reconhecido como o realçador de sabor glutamato monossódico.
O paladar tem mais propósitos do que nosso simples prazer. Sabores prazerosos atraíam nossos ancestrais para alimentos ricos em energia ou proteína, que permitiram a sobrevivência deles. Gostos aversivos mantinham-nos distantes de alimentos novos que podiam ser tóxicos.
As toxinas das carnes e das plantas tinham um perigoso potencial de intoxicação alimentar para nossos antepassados, principalmente para as crianças. Estas, porém, ao receberem repetidas vezes pequenas quantidades de alimentos de que não gostam, em geral começam a aceitá-los. 
O paladar é um sentido químico. Dentro de cada pequena saliência na parte de cima e nos lados da língua encontram-se pelo menos 200 papilas gustativas, cada uma contendo um poro que capta as substâncias químicas dacomida. Em cada um desses poros, de 50 a 100 células receptoras gustativas projetam cílios em forma de antena que apreendem as moléculas do alimento. Alguns receptores respondem principalmente às moléculas doces, outros às salgadas, às azedas, às umami ou às amargas. Não é preciso muito para desencadear uma resposta que ative o lobo temporal de seu cérebro.
Receptores gustativos reproduzem-se a cada uma ou duas semanas; por isso, se você queimar a língua com comida quente, não é grave. No entanto, à medida que envelhecemos, o número de papilas gustativas diminui, bem como a sensibilidade do paladar. (Não é de admirar que adultos apreciem alimentos de sabor forte, aos quais as crianças resistem.) O fumo e o consumo de álcool aceleram esse declínio. 
Por mais que as papilas gustativas sejam essenciais, o paladar envolve mais do que tange à língua. Como ocorre com outros sentidos, nossas expectativas influenciam a resposta do cérebro. Quando somos prevenidos de que um sabor desagradável está por vir, o cérebro responde de modo mais ativo a sabores negativos, que são classificados como muito desagradáveis. Quando levados a crer que o mesmo sabor será apenas ligeiramente desagradável, a região cerebral que responde a gostos repulsivos torna-se menos ativa, e o classificamos como menos desagradável. Da mesma forma, ser informado de que um vinho custa 90 dólares, em vez de seu preço real de 10 dólares, faz uma bebida barata parecer mais saborosa e desencadeia mais atividade em uma área cerebral que responde a experiências prazerosas. Como acontece com o efeito do placebo em relação à dor, os lobos frontais pensantes oferecem informações sobre as quais outras regiões do cérebro vão agir.
Olfato: Como experimentamos o olfato?
As experiências resultantes do olfato são surpreendentemente íntimas: você inala algo de qualquer coisa ou pessoa que você cheire. O olfato é um sentido químico. Sentimos o cheiro de algo quando as moléculas de uma substância transportada pelo ar alcançam um minúsculo aglomerado de pelo menos 5 milhões de células receptoras localizadas no topo de cada cavidade nasal. Esses receptores olfativos, ondeando como anêmonas do mar em um recife, respondem de forma seletiva - ao aroma de um bolo no forno, à fumaça, ao perfume de um amigo. Instantaneamente, eles ativam o cérebro por meio de suas fibras axonais.
Mesmo bebês lactentes e suas mães dispõem literalmente de uma química em sua relação. Ambos aprendem com rapidez a reconhecer os odores um do outro. Com o auxílio do olfato, uma mãe foca, retornando a uma praia repleta de filhotes, irá encontrar o seu. Nosso próprio sentido olfativo não é tão impressionante quanto a precisão da nossa visão ou da nossa audição. Ao olharmos para um jardim, vemos suas formas e cores em mínimos detalhes e ouvimos uma variedade de pássaros cantando; no entanto, pouco sentimos de seu cheiro se não aproximarmos o nariz das flores.
As moléculas odoríficas têm muitos formatos e tamanhos - tantos, na verdade, que é preciso vários receptores diferentes para detectá-las. Assim como uma chave entra na fechadura, as moléculas odoríficas entram nesses receptores. No entanto, parece que não possuímos um receptor distinto para cada odor detectável. Isso sugere que alguns odores disparam uma combinação de receptores, em padrões interpretados pelo córtex olfativo. Da mesma maneira que as letras do alfabeto podem se combinar para formar inúmeras palavras, as moléculas odoríficas se ligam a diferentes conjuntos de receptores, produzindo os 10.000 odores que somos capazes de detectar. São as combinações dos receptores olfativos, as quais ativam diferentes padrões neuronais, que nos permitem distinguir entre os aromas do café recém-passado ou já frio.
A capacidade de identificar odores chega ao auge no início da vida adulta e declina gradualmente a partir de então. A despeito de nossa habilidade de discriminá-los, não somos muito bons em descrevê-los. Palavras retratam de forma mais imediata o som da preparação do café do que seu aroma. Em comparação com nossa experiência e nossa memória de imagens e sons, cheiros são quase primitivos e com certeza mais difíceis de descrever e de recordar.
Como qualquer cão ou gato com um bom faro poderia nos dizer, cada um de nós tem sua própria assinatura química identificável. (Uma exceção digna de nota: um cão seguirá o rastro de um gêmeo idêntico como se o rastro tivesse sido deixado pelo outro.) Animais que têm muito mais receptores olfativos do que nós também usam esse sentido para se comunicar e se guiar. Muito antes de o tubarão visualizar sua presa, ou a mariposa seu parceiro, os odores lhes informam o caminho a seguir.
6.1 O sentido do olfato
Para você sentir o cheiro de uma flor, moléculas de sua fragrância transportadas pelo ar devem alcançar receptores localizados no topo do nariz. A inalação leva o ar a esses receptores, realçando o aroma. As células receptoras enviam mensagens para o bulbo olfatório do cérebro e em seguida para o córtex olfativo primário, no lobo temporal, e para as partes do sistema límbico relacionadas à memória e às emoções.
Para os humanos, a atratividade dos odores também depende de associações aprendidas. Bebês não nascem com uma preferência embutida pelo cheiro do seio da mãe; ela é construída durante a amamentação. Depois que uma experiência boa é associada a um aroma particular, passa-se a gostar dele, o que ajuda a explicar por que as pessoas nos Estados Unidos tendem a gostar do cheiro de gaultéria (que associam a balas e chicletes) mais do que aquelas na Grã-Bretanha (onde ela é frequentemente associada a remédio). 
Embora seja difícil recordar aromas pelo nome, temos uma notável capacidade de reconhecer aqueles há muito esquecidos e as lembranças a eles associadas. O cheiro do mar, de um perfume ou da cozinha de um parente querido pode trazer à mente uma época feliz.
Os circuitos do cérebro ajudam a explicar esse poder de evocar sentimentos e lembranças. Há uma linha direta entre a área cerebral que recebe informações do nariz e os centros límbicos antigos associados à memória e à emoção. O olfato é primitivo. Milhões de anos antes de as elaboradas áreas analíticas do córtex cerebral se desenvolverem totalmente, nossos ancestrais mamíferos já farejavam alimentos - e predadores.
O cérebro olfativo: A informação das papilas gustativas é transmitida até uma área do lobo temporal não muito longe de onde a informação olfativa, que interage com o paladar, é recebida. Os circuitos olfativos do cérebro (seta preta) também se conectam com áreas envolvidas no armazenamento de memória, o que ajuda a explicar por que um odor pode desencadear uma explosão de lembranças.
Interação Sensorial
Para saborear algo, normalmente sentimos o aroma pelo nariz - é por isso que comer não tem muita graça quando se está com um resfriado forte. O cheiro pode também alterar nossa percepção do sabor: o odor de morango de uma bebida aumenta nossa percepção de sua doçura. E a interação sensorial em ação - o princípio de que um sentido pode influenciar outro. Olfato mais textura mais paladar é igual a sabor. 
De maneira semelhante, a interação sensorial influencia aquilo que ouvimos. Se eu (como uma pessoa com perda auditiva) assisto a um vídeo com legendas simultâneas, não tenho problemas para ouvir as palavras que estou vendo (e assim posso pensar que não preciso das legendas). Se então as desligo, subitamente percebo que necessito delas. Mas o que você supõe que acontece se vemos uma pessoa pronunciar uma sílaba enquanto ouvimos outra? Surpresa: podemos ouvir uma terceira sílaba que misture ambas. Ao vermos a boca se movimentar dizendo ga enquanto ouvimos ba podemos perceber da - um fenômeno conhecido como efeito McGurk. Basicamente, o mesmo vale para a visão e o tato. Uma luz fraca que temos dificuldade de perceber torna-se mais visível quando acompanhada de um curto estrondo. Ao detectar eventos, o cérebro pode combinar sinais visuais e táteis simultâneos, graças aos neurônios que se projetam do córtexsomatossensorial para o córtex visual.
Assim, os sentidos interagem: a visão, a audição, o tato, o paladar e o olfato não são canais totalmente separados. Ao interpretar o mundo, o cérebro integra as informações trazidas por eles. Em alguns raros indivíduos, os sentidos se unem em um fenômeno chamado sinestesia, em que um tipo de sensação (como ouvir um som) produz outro (como ver cores). Dessa forma, ouvir música ou ver um número específico pode ativar regiões do córtex sensíveis a cores e desencadear uma sensação de cor. Ver o número 3 pode evocar uma sensação gustativa. O mesmo pode ocorrer, para muitas pessoas, com um odor, digamos de menta ou de chocolate, que pode evocar a sensação gustativa correspondente a esses estímulos.
1. Atenção Seletiva: Para quantas informações atentamos conscientemente ao mesmo tempo?
Por meio da atenção seletiva, sua atenção consciente focaliza, como um feixe de luz, apenas um aspecto muito limitado de tudo aquilo que você vivência. Até ler esta frase, por exemplo, você não havia percebido que seus sapatos estão fazendo pressão sobre seus pés ou que seu nariz está em sua linha de visão. Agora, de súbito, o foco de sua atenção muda de direção. 
Ao prestar atenção a essas palavras, você também bloqueou da consciência informações vindas de sua visão periférica. Porém, você pode mudar isso. Enquanto olha para o X, repare no que rodeia o livro (as bordas da página, a superfície da mesa e daí por diante). 
Outro exemplo de atenção seletiva, o efeito coquetel, que é a habilidade de prestar atenção a apenas uma voz em meio a várias (deixe uma dessas vozes dizer seu nome, e seu radar cognitivo, operando na outra via de sua mente, trará instantaneamente essa voz à sua consciência). Essa audição focada tem um preço. Imagine ouvir duas conversas por um par de fones de ouvido, um em cada orelha, e ser solicitado a repetir a mensagem da esquerda enquanto ela é pronunciada Ao prestar atenção ao que é dito ao ouvido esquerdo, você não perceberá o que é dito ao direito. Ao ser perguntado depois que língua o ouvido direito escutou, você pode ter um branco (embora possa informar o sexo da pessoa e o volume da voz atenção seletiva a focalização da percepção consciente em um estímulo particular).
Atenção Seletiva e Acidentes 
Fale ao telefone enquanto estiver dirigindo e sua atenção seletiva mudará para lá e para cá, da estrada para o telefone. Porém, quando uma situação demandar e requerer sua atenção plena, você provavelmente parará de falar. 
Esse processo de alteração de engrenagem atentivas, especialmente quando elas se voltam para tarefas complexas, pode propiciar um ligeiro e às vezes fatal atraso na ação. Em experimentos de simulação de direção, estudantes conversando em telefones celulares foram mais lentos em detectar sinais de trânsito, outdoors e outros carros e reagir a eles. Como a atenção é seletiva, atentar para um telefonema provoca desatenção a outros eventos. Descobriu-se que usuários de celulares (mesmo com equipamento para deixar as mãos livres) corriam quatro vezes mais risco. A presença de um passageiro aumentava o risco em apenas 1,6 vezes. Mesmo com as mãos livres, falar ao celular distrai mais que conversar com passageiros, que podem ver as exigências do tráfego e interromper a conversa. Caminhar enquanto se conversa também pode ser perigoso: metade das pessoas que falavam ao celular e apenas um quarto das que não tinham essa distração exibiram imprudência ao atravessar.
Desatenção Seletiva 
No nível da percepção consciente, somos “cegos” a tudo exceto um minúsculo fragmento do imenso gama de estímulos visuais constantemente à nossa frente. 
Exemplo: um vídeo em que três homens de preto trocando passes com uma bola eram sobrepostos à de três de branco. Os espectadores deviam pressionar uma tecla a cada vez que um jogador de preto passasse a bola. A maioria concentrou a atenção tão completamente no jogo que nem notou uma moça com uma sombrinha passear pela tela no meio do vídeo. 
Com a atenção direcionada para outro lugar, eles exibiram cegueira de desatenção. Os mágicos exploraram nossa cegueira para mudança por meio da fixação de nossa atenção na movimentação drástica de uma de suas mãos aliada à desatenção para mudança realizada pela outra mão. 
Também pode ocorrer a surdez para mudança. Em um experimento, 40% das pessoas concentradas em repetir uma lista de palavras às vezes desafiadoras não perceberam a mudança da pessoa que falava. 
Uma forma de desatenção igualmente espantosa é a cegueira de escolha. Mostraram a 120 voluntários dois rostos femininos durante 2 a 5 segundos e perguntaram a eles qual achavam mais atraente. Depois viraram as fotos para trás e entregaram aos participantes a que não haviam escolhido como se o tivessem feito, convidando-os a explicar a opção. Não apenas as pessoas raramente notavam o truque, como logo explicavam por que preferiam o rosto que na verdade rejeitaram. 
Certos estímulos, no entanto, são tão poderosos, tão marcantemente distintos, que experimentamos o pop-out (o que se destaca), como ver um único rosto sorridente numa imagem com rostos tristes. Não escolhemos atentar para esses estímulos: eles atraem nosso olho e exigem nossa atenção. 
Nossa atenção seletiva estende-se mesmo em nosso sono, quando ficamos alheios à maior parte, mas não a tudo que se passa ao redor. Podemos nos sentir “mortos para o mundo”, mas não estamos. 
2. Organização Perceptiva: Como os psicólogos da Gestalt compreendiam a organização perceptiva? 
Como vemos não apenas formas e cores, mas uma rosa florescendo, o rosto de uma pessoa amada, um belo pôr do sol? Como ouvimos não somente uma mistura de alturas e ritmos, mas uma criança chorando de dor, o ruído do tráfego distante, uma sinfonia? Em resumo, como organizamos e interpretamos nossas sensações para torná-las percepções significativas? 
> Gestalt: um todo organizado.
Os psicólogos da Gestalt enfatizavam nossa tendência a integrar partes de informações em um todo significativo. Observou-se que, ao receber um amontoado de sensações, a tendência das pessoas é de organizá-las em uma gestalt, uma “forma”, um “todo”. Por exemplo, o cubo de Necker: Perceba que os elementos individuais da figura não passam de oito círculos cinza, cada um contendo três linhas brancas convergentes. No entanto, quando visualizamos todos juntos, vemos um todo, um cubo. 
Os gestaltistas diziam que, na percepção, o todo pode exceder a soma das partes. Da combinação de sódio, um metal corrosivo, e cloro, um gás venenoso, emerge algo muito diferente - o sal de cozinha. Analogamente, uma forma única percebida emerge dos componentes de um estímulo. Eles demonstraram e descreveram princípios pelos quais organizamos nossas sensações e percepções, que ilustram uma verdade fundamental: o cérebro faz mais do que registrar informações a respeito do mundo. A percepção não se resume a abrir uma janela e deixar uma imagem ser impressa no cérebro. Constantemente filtramos informações sensoriais e inferimos percepções de maneiras que fazem sentido para nós. A mente faz diferença. 
2.1 Percepção de Forma: Como os princípios de figura e fundo e de agrupamento contribuem para nossas percepções? 
Imagine projetar um sistema de vídeo/computador que, como seu sistema ocular/cerebral, possa reconhecer faces a um olhar. Que habilidades seriam necessárias? 
Figura e Fundo
Para começar, o sistema precisaria reconhecer as faces como distintas do fundo. Da mesma forma, nossa primeira tarefa perceptiva é identificar qualquer objeto (a figura) como distinto de seus arredores (o fundo). Entre as vozes que você ouve em uma festa, aquela a que você presta atenção torna-se a figura; todas as outras, fundo. Enquanto você lê, as palavras são a figura; o papel branco, o fundo. Há figuras onde a relação figura-fundo inverte-se continuamente - mas sempre organizamos o estímulo em uma figura vista contra um fundo. Essas ilustrações de figura e fundo reversíveis demonstram mais uma vez que o mesmo estímulo pode desencadear maisde uma percepção. 
Agrupamento 
Após discriminar a figura do fundo, nós (e nosso sistema) temos que organizar a figura em uma forma significativa. Processamos algumas características básicas de uma cena - como cor, movimento e contraste - instantânea e automaticamente. Para dar ordem e forma às sensações básicas, a mente segue certas regras para agrupar estímulos. Essas regras, identificadas pelos psicólogos da Gestalt e aplicadas até por bebês, ilustram a ideia de que o todo percebido difere da soma de suas partes.
Proximidade: Agrupamos figuras próximas.
Semelhança: Agrupamos figuras semelhantes. Vemos os triângulos e os círculos como colunas verticais com formas parecidas, não como fileiras horizontais de formas diferentes. 
Continuidade: Percebemos padrões suaves e contínuos em vez de descontínuos. O desenho no canto inferior esquerdo poderia ser uma série de semicírculos alternados, mas nós o percebemos como duas linhas contínuas - uma ondulada, a outra reta.
Conectividade: Por serem uniformes e ligados, percebemos cada conjunto de dois pontos e a linha entre eles como uma unidade. 
Fechamento (ou closura): Preenchemos lacunas para criar um objeto completo, inteiro. Assim, presumimos que os círculos (acima à esquerda) são completos, mas parcialmente bloqueados pelo triângulo (ilusório). Adicione nada mais que pequenos segmentos de linha que fechem os círculos (acima à direita), e o cérebro deixa de construir um triângulo. 
Tais princípios geralmente auxiliam nossa construção da realidade. Algumas vezes, porém, desviam nossa atenção.
2.2 Percepção de Profundidade: Como vemos o mundo em três dimensões? 
A partir das imagens bidimensionais que chegam à retina, de alguma forma organizamos percepções tridimensionais. A percepção de profundidade, ver objetos em três dimensões, habilita-nos a estimar a distância entre eles e nós. Estimamos imediatamente a distância de um carro vindo em nossa direção ou a altura de uma casa. Essa habilidade é em parte inata. Descobriram isso quando colocaram crianças na beira de um cânion seguro - um abismo visual - e a maioria se recusou, indicando que eram capazes de perceber a profundidade. Animais recém-nascidos respondem de modo semelhante. 
Cada espécie, na época em que ganha mobilidade, tem as habilidades perceptivas de que necessita. Porém, se o amadurecimento biológico predispõe nossa cautela quanto a alturas, a experiência a amplifica. A cautela dos bebês aumenta com a experiência de engatinhar, não importa em que idade eles comecem. Em bebês humanos a percepção de profundidade cresce com a idade. 
Como fazemos isso? Como transformamos duas imagens retinianas bidimensionais distintas em uma única percepção tridimensional? O processo tem início com indicadores de profundidade.
Indicadores Binoculares (com os dois olhos)
Tente isto: com os dois olhos abertos, segure duas canetas ou lápis a sua frente e encoste a ponta de um na do outro. Agora faça o mesmo com um olho fechado. Com um olho, a tarefa torna-se nitidamente mais difícil, o que demonstra a importância dos indicadores binoculares para o julgamento da distância entre objetos próximos. 
Dois olhos são melhores que um. Como nossos olhos estão a cerca de 6 cm de distância um do outro, as retinas recebem imagens ligeiramente diferentes do mundo. Quando o cérebro compara ambas as imagens, a diferença entre elas - sua disparidade retiniana - fornece um importante indicador binocular da distância relativa entre objetos diferentes. Quando se põem os dedos diretamente à frente do nariz, as retinas recebem visões bastante distintas. A uma distância maior, a disparidade é menor. 
Os criadores dos filmes 3D simulam ou exageram a disparidade retiniana fotografando uma cena com duas câmeras posicionadas a poucos centímetros de distância uma da outra. Quando assistimos ao filme usando óculos que permitem ao olho esquerdo ver a imagem da câmera esquerda e o olho direito ver a imagem da câmera direita, o efeito 3D imita ou exagera a disparidade retiniana normal. De forma semelhante, câmeras gêmeas em aviões podem fotografar o relevo para integração em mapas tridimensionais.
Indicadores Monoculares (disponíveis para cada olho separadamente)
Como julgamos se uma pessoa está a 10 ou a 100 metros de distância? Em ambos os casos, a disparidade retiniana, ao olharmos para frente, é pequena. A essas distâncias, dependemos de indicadores monoculares. Esses indicadores também influenciam nossas percepções cotidianas. O Gateway Arch de St. Louis é mais alto ou mais largo? Para a maioria das pessoas, ele parece mais alto. Na verdade, a altura e a largura são iguais. A altura relativa possivelmente contribui para essa inexplicável ilusão horizontal-vertical - percebermos verticais como maiores que horizontais idênticas. Não é de se admirar que as pessoas (mesmo barmen experientes) botem menos suco quando recebem um copo alto e estreito do que ao receberem um copo baixo e largo. 
Outro indicador monocular de profundidade, o efeito de luz e sombra, pode ter contribuído para inúmeros acidentes quando os degraus do novo ginásio de nossa faculdade foram impropriamente pintados de preto nas extremidades (fazendo-as parecer mais distantes) e de prateado na superfície plana abaixo (fazendo-as parecer mais próximas). 
> Indicadores monoculares:
Altura relativa: Percebemos objetos mais altos em nosso campo de visão como se estivessem mais longe. 
Tamanho relativo: Se supusermos que dois objetos são semelhantes em tamanho, a maioria das pessoas irá perceber aquele que tiver a menor imagem retiniana como mais distante. 
Interposição: Se um objeto bloqueia parcialmente nossa visão de outro, nós o percebemos como mais próximo. 
Perspectiva linear: Linhas paralelas, tais como trilhos ferroviários, parecem convergir a distância. Quanto mais convergem, maior sua distância percebida.
Movimento relativo: À medida que nos movemos, objetos na realidade estáveis podem parecer se mover. 
Luz e sombra: Objetos próximos refletem mais luz em nossos olhos. Assim, dados dois objetos idênticos, o mais escuro parece mais distante. A sombra também produz um sentido de profundidade condizente com nossa pressuposição de que a luz vem de cima. 
2.3 Percepção de Movimento: Como percebemos o movimento? 
Imagine que você fosse capaz de perceber o mundo como dotado de cor, forma e profundidade, mas que não pudesse ver movimento. Você não apenas seria incapaz de andar de bicicleta ou de dirigir, como também teria dificuldade para escrever, comer e caminhar.
Normalmente, seu cérebro calcula o movimento baseado em parte na suposição de que objetos que encolhem estão se afastando (e não diminuindo) e aqueles que aumentam estão se aproximando. No entanto, você é imperfeito na percepção de movimento. Objetos grandes, como trens, parecem mover-se com mais lentidão do que os pequenos, como carros andando à mesma velocidade. 
Para pegar uma bola que tenha sido lançada, jogadores buscam uma colisão ela, por uma regra inconsciente: correr para manter a bola em um ângulo de visão constantemente crescente. 
O cérebro também perceberá o movimento contínuo em uma rápida série de imagens sutilmente variáveis (um fenômeno chamado movimento estroboscópico). Como bem sabem os artistas de animação, pode-se criar essa ilusão projetando-se 24 imagens estáticas por segundo. O movimento que vemos então em populares filmes de aventura e ação não está na tela, que apresenta simplesmente uma sucessão de imagens de forma extremamente rápida. O movimento é construído em nossas mentes. 
Propagandas luminosas criam outra ilusão de movimento utilizando o fenômeno fi: Quando duas luzes estacionárias adjacentes acendem e apagam em uma rápida sequência, percebemos uma única luz movendo-se para lá e para cá entre elas. Sinais luminosos exploram o fenômeno fi com uma sucessão de luzes que cria a impressão de algo como uma flecha em movimento. Todas essas ilusões reforçam uma lição fundamental: a percepção não é uma mera projeção do mundo sobre o cérebro. Em vezdisso, as sensações são desmembradas em porções de informação que o cérebro então reúne, segundo seu próprio modelo funcional do mundo externo. Nosso cérebro constrói nossas percepções. 
> No fenômeno phi, uma sequência de imagens causa a percepção de movimento.

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