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Sexualidade na adolescência Prof. Ms. Sâmya Lôbo A sexualidade, uma das características mais importantes do ser humano, está presente desde os primórdios da vida. Manifestações sexuais podem ser visualizadas em imagens ultrassonográficas de fetos do sexo masculino, como por exemplo, a ereção peniana. Já as meninas, desde os primeiros dias de vida, apresentam lubrificação vaginal. Desse modo, sensações sexuais estão presentes durante todo o desenvolvimento da criança, desde a amamentação até o início pubertário. É justamente com a chegada da puberdade que o ser humano se torna apto a concretizar a sexualidade plena através do ato sexual propriamente dito, que permite tanto obter prazer erótico, como procriar. Apesar disso, no processo de adaptação cultural do ser humano, o controle da sexualidade é um dos aspectos centrais. Praticamente todas as culturas impõem alguma forma de restrição ao comportamento sexual. Motivos religiosos Motivos econômicos Tabus DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL Freud, o pai da psicanálise, elaborou uma teoria sobre a sexualidade, até hoje referida pela maioria dos autores. Ele classificou o desenvolvimento sexual em cinco fases: oral, anal, fálica, latência e genital, conforme a idade do indivíduo e a localização corporal da principal fonte de sentimentos prazerosos. Segundo Freud, no curso do desenvolvimento, a criança passa por uma série de diferentes estágios psicossexuais. Em cada estágio, a energia sexual se focaliza (é investida, como diz Freud) em uma determinada parte do corpo, que ele chamou de zona erógena, como a boca, o anus e os genitais. DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL PRINCÍPIOS À PARTIR DE SEUS PRESSUPOSTOS TEÓRICOS: Todo comportamento é energizado por impulsos instintivos fundamentais, determinadas por três (3) forças motivacionais básicas: os impulsos sexuais que Freud determinou de libido; os impulsos de preservação à vida ou instintos como a fome e a dor; e os impulsos agressivos. Dos três, ele considerava como mais importante, o impulso sexual. OS ESTÁGIOS PSICOSSEXUAIS ESTÁGIO ORAL: 1º ANO DE VIDA O primeiro contato do bebê com o mundo é através da boca e aí ele tem grande sensibilidade. Freud enfatizou que a região oral, a boca, língua e lábios, tornam-se centro de prazer para o bebê. Sua primeira ligação afetiva é com o que lhe proporciona prazer na boca, geralmente sua mãe. Ações: morder, chupar, pôr objetos na boca, sugar, chorar... ESTÁGIO ANAL: 2º ANO DE VIDA Na medida em que prossegue o processo de maturação, a parte inferior do tronco torna-se mais desenvolvida e mais sob controle voluntário (esfincteres). A criança concentra grande parte de sua energia na aprendizagem deste controle e fica atenta à manipulação de seu corpo, quando é higienizada. O bebê torna-se cada vez mais sensível na região anal e começa a conseguir prazer nos movimentos dos intestinos. ESTÁGIO FÁLICO: 3 A 6 ANOS Passagem do prazer da região anal para a zona do falus genital. Fase marcante de descoberta dos genitais (presença do pênis nos meninos e ausência nas meninas – inferioridade e imitação). Grande curiosidade sexual. É também nesta fase que percebemos uma ligação afetiva preferencial da criança com o genitor do sexo oposto – Complexo de Édipo (conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança experimenta relativamente a seus pais). As crianças se masturbam por sentir prazer neste ato. ESTÁGIO DA LATÊNCIA: 7 A 12 ANOS Nesta idade as crianças já estão na escola, iniciando seu aprendizado formal. Grande parte da energia libidinal é deslocada para este aprendizado. Muitas atividades novas surgem. A criança passa a conviver com muitas outras crianças e sente muito prazer nestas atividades, desligando-se parcialmente das questões relativas a seus genitais. 12 ESTÁGIO GENITAL: 12 A 18 ANOS O início da puberdade, com o estímulo dos hormônios sexuais, propicia uma intensificação das emoções sexuais. Com o desenvolvimento do corpo e dos órgãos genitais, há um aumento do desejo sexual, que agora tem um órgão sexual pronto para consumá-lo. Na fase pubertária, em que os órgãos genitais estão em desenvolvimento, os adolescentes se masturbam pensando em alguém, imaginando um ato sexual. É nesta fase que ocorre o início da atividade sexual genital propriamente. Também há uma reativação do complexo de Édipo. DESENVOLVIMENTO DA SEXUALIDADE Adolescência precoce (10 aos 14 anos) Esta é a fase da grande transformação biológica, em que o comportamento sexual depende destas mudanças físicas. Os adolescentes ficam se comparando uns aos outros e, como há uma grande variabilidade no desenvolvimento pubertário, os que ainda não se desenvolveram se sentem inferiorizados e os que já têm um corpo formado se angustiam com a nova postura que têm de assumir, sem ter ainda maturidade. Eles se sentem envergonhados e já não trocam de roupa na frente dos pais e irmãos e têm dificuldade de conversar com adultos. Nesta etapa, a masturbação é a conduta sexual mais frequente. As mudanças do corpo, neste período, são rápidas. Sintomas hipocondríacos e psicossomáticos são freqüentes, como: bulemia, anorexia, cefaléias, alergias, depressão, etc. DESENVOLVIMENTO DA SEXUALIDADE Adolescência média (15-16 anos) O relacionamento amoroso (namoro ou o ficar com alguém) geralmente se inicia nesta fase. Já há uma aceitação maior das transformações físicas, resultando em um corpo adulto com capacidade reprodutiva. As meninas tendem a usar roupas que expõem seu corpo sedutoramente. No namoro, as carícias são progressivas até culminar com a relação sexual genital, que ocorre geralmente nesta fase. Pode haver relacionamentos e fantasias homossexuais que não implicam uma homossexualidade futura e sim uma experimentação sexual. DESENVOLVIMENTO DA SEXUALIDADE Adolescência tardia (17 a 19 anos) Nesta etapa a identidade sexual já está definida e a maior estabilidade afetiva favorece a busca de um objeto amoroso único. O namoro apaixonado é frequente. À medida em que há maior maturidade psicológica e social, o jovem evolui para a independência econômica da família e para um relacionamento afetivo mais duradouro. OBS: Freud diz que é somente após a puberdade que o comportamento sexual assume sua forma definitiva. A identidade sexual só é consolidada no final da adolescência, com a passagem para a idade adulta!! ABORDAGEM DA SEXUALIDADE Quando um/uma adolescente procura um serviço de saúde, por qualquer motivo, é uma grande oportunidade para que se possa orientá-lo (la) sobre questões sexuais e identificar se há algum problema nesta área. ABORDAGEM DA SEXUALIDADE É necessário orientar o adolescente e sua família sobre: * As transformações que ocorrem em seu corpo, as sensações sexuais, o caráter normal da masturbação, da curiosidade sexual, do tamanho dos órgãos genitais e sobre o ato sexual propriamente dito e suas consequências. * Enfatizar que o ato sexual envolve duas pessoas, é de caráter íntimo e privado e que ambas têm que estar de acordo com o que está sendo feito e, portanto, prontas para assumir as responsabilidades advindas deste. * No caso de adolescentes que já tenham atividade sexual genital, ou estejam prestes a iniciá-la, estes devem ser orientados quanto à anticoncepção e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção em Saúde. Departamento de AçõesProgramáticas Estratégicas. Saúde do adolescente: competências e habilidades. Brasília : Ministério da Saúde, 2008. REFERÊNCIA
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