Buscar

PRINCÍPIOS DE ECONOMIA POLÍTICA E TRIBUTAÇÃO resumo

Prévia do material em texto

A assim chamada acumulação primitiva
1. O segredo da acumulação primitiva
Todo o processo que envolve a mais-valia e a acamulação de capital, trata-se, na verdade, de um circulo dependente que resulta na chamada acumulação primitiva que é o ponto de partida do modo capitalista e que antecede à acumulação capitalista.
"Dinheiro e mercadoria, desde o princípio, são tão pouco capital quanto os meios de produção e de subsistência.'' O dinheiro e a mercadoria precisam de uma "transformação" para o capital. Para que essa transformação aconteça é necessário um detentor de dinheiro, aquele que compra a força de trabalho, e o trabalhador, o que vende a força de trabalho. Essas são as condições primordiais da produção capitalista. Esse processo é responsável pela separação do trabalhador das condições de seu trabalho. A acumulação primitiva é, portanto, o modo como o produtor e o meio de produção se separam historicamente. 
O ponto de partida do desenvolvimento que produziu tanto o trabalhador assalariado quanto o capitalista foi a servidão do trabalhador. O que faz época na história da acumulação primitiva são todos os revolucionamentos que servem de alavanca à classe capitalista em formação. Sua história apresenta aspectos diferentes nos países em que aparece, mas apenas na Inglaterra apresenta sua forma pura.
2. Expropriação do povo do campo de sua base fundiária
"O prelúdio da revolução que criou a base do modo capitalista de produção ocorreu no último terço do séc. XV e nas primeiras décadas do séc. XVI. Com a dissolução das vassalagens feudais, é lançado ao mercado de trabalho uma massa de proletários, de indivíduos sem direitos."
O processo de expropriação violenta da massa do povo recebeu novo e terrível impulso, no século XVI, pela Reforma e, em conseqüência dela, pelo roubo colossal dos bens da Igreja. A propriedade legalmente garantida a camponeses empobrecidos de uma parte dos dízimos da Igreja foi tacitamente confiscada. A expropriação de terras foi a grande medida que impulsionou o desenvolvimento do comércio, assim como o acúmulo de capital. Os ricos, que já possuíam capital, precisavam de mão de obra assalariada e conseguiram isso ao retirarem as terras dos camponeses para que eles se sujeitassem a diversas condições de trabalho. Inúmeras medidas desumanas foram tomadas em prol dos interesses econômicos daqueles que possuíam grande quantidade de capital. 
3. Legislação sanguinária contra os expropriados a partir do século XV. Leis para rebaixar os salários
"Os que foram bruscamente arrancados de seu modo costumeiro de vida não conseguiam enquadrar-se de maneira igualmente súbita na disciplina da nova condição. Eles se converteram em massas de esmoleiros, assaltantes, vagabundos, em parte por predisposição e na maioria dos casos por força das circunstâncias."
O povo do campo, tendo sua base fundiária expropriada à força e dela sendo expulso e transformado em vagabundos, foi enquadrado por leis grotescas e terroristas numa disciplina necessária ao sistema de trabalho assalariado, por meio do acoite, do ferro em brasa e da tortura. 
Por conta do processo de expropriação, os que não conseguiram se adequar ao sistema de trabalho assalariado eram vistos como vagabundos e uma legislação específica entrou em vigor para que eles se mantivessem nos trilhos. Legislação essa que foi adotada por vários monarcas e as medidas eram empregadas por meio de força bruta. 
No século seguinte, a situação dos trabalhadores só piorou. O salário aumentou, mas não na mesma proporção das mercadorias, que também subiram. As leis que determinavam o rebaixamento so salário permaneciam em vigor.
4. Gênese dos arrendatários capitalistas
Pois a expropriação do povo do campo cria, diretamente, apenas grandes proprietários fundiários. No que concerne à gênese do arrendatário, podemos, por assim dizer, tocá-la com a mão, por que ela é um processo lento, que se arrasta por muitos séculos. Os próprios servos, ao lado dos quais houve também pequenos proprietários livres, encontravam-se em relações de propriedade bastante diferentes e foram, por isso, emancipados também sob condições econômicas muito diferentes. 
Os arrendatários eram a intermédio dos camponeses e dos grandes proprietários. A revolução que aconteceu no século XV favoreceu o arrendatário, da mesma forma que empobreceu o camponês. O aumento frequente dos preços dos produtos agrícolas inchou o capital monetario do arrendatário e isso acentuou mais ainda essa desigualdade. 
5. Repercussão da revolução agrícola sobre a indústria. Criação do mercado interno para o capital industrial
A expropriação e a expulsão de parte do povo do campo liberam, com os trabalhadores, não apenas seus meios de subsistência e seu material de trabalho para o capital industrial, mas criam também o mercado interno.
Assim, com a expropriação de camponeses antes economicamente autônomos e sua separação de seus meios de produção, se dá no mesmo ritmo a destruição da indústria subsidiária rural, o processo de separação entre manufatura e agricultura. E somente a destruição do ofício doméstico rural pode proporcionar ao mercado interno de um país a extensão e a sólida coesão de que o modo de produção capitalista necessita.
Antes da expropriação, a família camponesa produzia o que ela mesmo consumia, ou seja, sua sobrevivência. Depois, as matérias primas produzidas por elas tornaram-se mercadorias. Essa separação dos camponeses e dos seus meios de subsistência ocorre no mesmo ritmo da separação entre o manufaturamento e a agricultura, o que é fundamental para o mercado interno que surge por conta da decadência da indústria doméstica. 
6. Gênese do capitalista industrial
A gênese do capitalista industrial não seguiu a mesma maneira gradativa da do arrendatário. Sem dúvida, alguns pequenos mestres corporativos e mais ainda pequenos artesãos independentes ou também trabalhadores assalariados transformaram-se em pequenos capitalistas e, mediante exploração paulatinamente mais ampliada do trabalho assalariado e a correspondente acumulação, em capitalistas sanas phrase.
Os diferentes momentos da acumulação primitiva repartem-se então, mais ou menos em ordem cronológica, a saber pela Espanha, Portugal, Holanda, França e Inglaterra. Na Inglaterra, em fins do século XVII, são resumidos sistematicamente no sistema colonial, no sistema da dívida pública, no moderno sistema tributário e no sistema protecionista. Esses métodos baseiam-se, em parte, sobre a mais brutal violência, por exemplo, o sistema colonial. Todos, porém, utilizaram o poder do Estado, a violência concentrada e organizada da sociedade, para ativar artificialmente o processo de transformação do modo feudal de produção em capitalista e para abreviar a transição. A violência é a parteira de toda velha sociedade que está prenhe de uma nova. Ela mesma é uma potência econômica. 
Com o começo das navegações, um grande impulso foi dado para a acumulação de capital, por conta dos ''novos recursos". Dentre eles: o comércio de especiarias entre países, empréstimos dos bancos, descobertas das colônias e os metais da américa, etc. Junto com os avanços mercantilistas também vieram o tráfico de escravos, trabalho infantil, mulheres com longas jornadas de trabalho e com salários miseráveis. O que importava, na realidade, era o lucro que os fabricantes obtinham em cima desses atos desumanos.
7-
Propriedade privada, como antítese da propriedade social, coletiva, existe apenas onde os meios de trabalho e suas condições externas pertencem a pessoas privadas. Porém, conforme estas pessoas privadas sejam trabalhadores ou não-trabalhadores, a propriedade privada assume também caráter diferente. 
 A propriedade privada obtida com trabalho próprio, baseada, por assim dizer, na fusão do trabalhador individual isolado e independente com suas condições de trabalho, é deslocada pela propriedade privada capitalista, a qual se baseia na exploração do trabalho alheio, mas formalmente livre. O que está agora para ser expropriado já não é o trabalhadoreconomicamente autônomo, mas o capitalista que explora muitos trabalhadores. 
A prorpriedade privada que antes pertencia ao próprio trabalhador, passou a se tornar propriedade privada capitalista, na qual seu proprietário não trabalha, mas sim explora os demais. A propriedade privada capitalista, é, segundo Marx, o que sustenta o modo de produção capitalista. 
Na medida que o numero de capitalistas que extorquem todas as vantagens desse processo diminui, a miséria, opressão, exploração e servidão só aumentam. Porém, Karl Marx vê na classe trabalhadora a ferramenta que pode expropriar os capitalistas pois a revolta da classe trabalhadora, sempre numerosa e unida, também aumenta.

Continue navegando

Outros materiais