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EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA PROFESSORA Me. Naline Cristina Favatto 2 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Head de Produção de Conteúdos Celso L. Filho, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo R. Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard, Coordenador(a) de Conteúdo Coordenador, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional Amanda Peçanha Dos Santos, Revisão Textual Ariane Andrade Fabreti, Érica Fernanda Ortega, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; FAVATTO, Naline Cristina. Educação Física Inclusiva. Naline Cristina Favatto. Maringá - PR.:Unicesumar, 2018. 166 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1. Deficiência . 2. Acessibilidade . 3. EaD. I. Título. CDD - 22ª Ed. 796 CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Impresso por: Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas Janes Fidélis Tomelin Diretoria Executiva de Ensino Kátia Solange Coelho Diretoria Operacional de Ensino autora Me. Naline Cristina Favatto Mestre em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação Associado da Universidade Estadual de Maringá e Universidade Estadual de Londrina - UEM/ UEL (2016); Especialista em Educação Especial com ênfase em defi ciência visual pelo Instituto Efi caz (2014); Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucio- nal pela Faculdade do Centro do Paraná, UCP/ASSESPI (2011); Especialista em Educação Especial com ênfase em Libras pela Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí - FAFIPA (2011); Graduada em Educação Física Licenciatura e Bachareladopelo Centro Universitário de Maringá - UNICESU- MAR (2011). Doutoranda em Educação Física pelo Programa de Pós-Graduação Associado da Universidade Estadual de Maringá e Universidade Estadual de Londrina - UEM/UEL. Para mais informações, acesse: <http://lattes.cnpq.br/5241937170211496>. apresentação do material EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA Naline Cristina Favatto Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) aos estudos sobre a Educação Física Inclusiva! Este material é fruto de reflexões e pesquisas acerca da inclusão, organizado de modo especial para você, a fim de contribuir para que as aulas de educação física escolar possam avançar cada vez mais no que diz respeito à inserção do aluno com deficiência! De maneira especial, gostaria de agradecer à APAE da cidade de Santa Fé e ao Colégio Estadual Marechal Arthur da Costa e Silva pela oportunidade de poder- mos realizar diversas atividades inclusivas no campo da educação física, seja na rede regular de ensino ou em Instituições Especializadas. A disponibilidade das instituições em conceder seu espaço para a aplicação e registro destas atividades será de grande relevância para o trabalho com a disciplina de Educação Física Inclusiva. Desta forma, venho em nome de toda a equipe, bem como da coorde- nação do curso de Educação Física, estender os agradecimentos a estas instituições referenciadas. Estejam certos que nosso objetivo caminha para que a construção de novos conhecimentos e trabalho com habilidades levando em consideração a realidade desafiadora pela qual se deparam alunos e corpo docente que são pri- mados a todo momento. Neste livro, apresento-lhes propostas de atuação e intervenção por meio das quais você poderá construir um planejamento para as aulas de educação física a partir da compreensão da deficiência visual, intelectual e motora e suas diversas formas de adaptação. O intuito é levá-lo(a) a um estudo sistematizado acerca do universo da Educação Física Inclusiva para que você possa pensar nas ações coti- dianas, resultantes dos desafios escolares encontrados, a fim de auxiliá-los na busca por alternativas reais de uma atuação que permita desenvolver as potencialidades e autonomia dos alunos com deficiência. A Unidade I propõe-se a discutir as questões históricas e segregacionistas que envolveram a pessoa com deficiência, assim como a evolução do conceito da pes- soa com deficiência ao longo da história. Além disso, apresentarei apontamentos históricos relacionados às Políticas Públicas para a Educação Especial e Inclusiva. Na Unidade II, trabalharemos o conceito de acessibilidade na educação básica e realizaremos um amplo e interessante estudo sobre as principais deficiências que ocasionam danos intelectuais, motores, auditivos e visuais. Por meio da Unidade III, iremos refletir de maneira específica sobre a inclusão de alunos com deficiência nas aulas de educação física, as características da educação física adaptada, assim como apresentarei diversas possibilidades de aplicação pedagógica para alunos com deficiência motora leve, moderada e severa. Na Unidade IV, trataremos essas mesmas adaptações e aplicações pedagógicas para alunos com deficiência intelectual leve, moderada e severa, assim como para a deficiência visual. E por fim, na Unidade V, com o tema Jogos Paralímpicos, passamos a discutir a origem dos jogos, seu estímulo e aplicação no contexto escolar, com enfoque central nas características das diversas modalidades esportivas adaptadas que compõem atu- almente os Jogos Paralímpicos. Espero que este material colabore na sua formação, e que você avance cada vez mais nas suas reflexões e ações profissionais acerca desta temática. Lembre-se, caro(a) aluno(a), que o material apresentado não esgota todas as possibilidades de pensar e refletir sobre a Educação Física Inclusiva, mas propiciará momentos importantes para a compreensão sobre o assunto. Boa aula! sumário UNIDADE I HISTÓRICO DA DEFICIÊNCIA E POLÍTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS 14 A Defi ciência ao Longo da História 18 Políticas Para a Educação Especial e a Edu- cação Inclusiva no Brasil 26 A Pessoa com Defi ciência 28 Considerações fi nais 34 Referências 36 Gabarito UNIDADE II DEFICIÊNCIA E ACESSIBILIDADE 42 Acessibilidade na Educação Básica e no Ensi- no Superior 48 Caracterizando as Defi ciências: Intelectual, Visual, Auditiva e Motora 61 Considerações fi nais 69 Referências 72 Gabarito UNIDADE III EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA 78 Educação Física na Perspectiva da Educação Inclusiva 82 A Educação Física Escolar Adaptada 86 A Educação Física e a Defi ciência Motora. 101 Considerações fi nais 109 Referências 109 Gabarito UNIDADE IV A EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA PARA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E VISUAL 114 A Educação Física e a Defi ciência Visual 122 A Educação Física e a Defi ciência Intelectual 132 Considerações fi nais 139 Referências 139 Gabarito UNIDADE V A DEFICIÊNCIA E OS JOGOS PARALÍMPICOS 144 Origem dos Jogos Paralímpicos 146 Caracterização dos Esportes Paralímpicos Adaptados 157 Considerações fi nais 163 Referências 164 Gabarito 165 CONCLUSÃO GERAL Professora Me. Naline Cristina Favatto Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • A defi ciência ao longo da história • Políticas para Educação Especial e a Educação Inclusiva no Brasil • A pessoa com defi ciência Objetivos de Aprendizagem • Contextualizar a defi ciência ao longo da história e analisar as questões segregacionistas que envolvem a educação da pessoa com defi ciência. • Conhecer as políticas educacionais e as Leis que amparam a Educação Especial e a Educação Inclusiva no Brasil. • Compreender a evolução do conceito da pessoa com defi ciência. HISTÓRICO DA DEFICIÊNCIA E POLÍTICAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS unidade I INTRODUÇÃO O lá, aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Educação Fí- sica Inclusiva! Iniciaremos nossos estudos com o intuito de compreender uma série de elementos que proporcionem um entendimento sobre a deficiência. Para tanto, trabalharemos a deficiência ao longo da história, o conceito de pessoa com deficiência na atualidade e as Políticas para a Educação Especial e Educação Inclu- siva no Brasil. Dessa forma, gostaria questioná-los: quando falamos em pessoas com deficiência, o que vem em sua mente? As discussões acerca desta temática serão constituídas por três tópicos. Revisitar alguns fatos importantes e marcantes sobre a pessoa com deficiência nos possibilita compreender como essa relação se estabelece e entender os traços de luta e preconceito que ainda observamos forte- mente em nossa sociedade. Historicamente, a luta em defesa dessa classe é uma constante e se fez primordial para a inserção de Políticas que aten- dessem às suas necessidades, tanto no âmbito social quanto educacional. Esta unidade torna-se relevante devido a necessidade de se conhecer de elementos importantes que estruturaram o que hoje observamos nas es- colas de todo o país: a inclusão de alunos com deficiência, assim como a existência de escolas especiais para o atendimento desses alunos. Os assuntos abordados nesta unidade permitirão uma aproximação e compreensão dos principais aspectos históricos acerca dessa temática, assim como as conquistas da pessoa/aluno com deficiência no âmbito educacional e social, a fim de que você futuro profissional da Educação Física, se familiarize com a prática pedagógica especializada e inclusiva. Tenham todos uma boa leitura! 14 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA A Defi ciência ao Longo da História EDUCAÇÃO FÍSICA 15 Provavelmente a maioria de vocês já deve ter lido ou ouvido falar algo sobre a dificuldade e o preconceito com o qual as pessoas com determinadas deficiên- cias eram tratadasna Antiguidade. E isso é verdade! Para traçar um panorama claro sobre a deficiên- cia ao longo da história, farei uso dos estudiosos da área da Educação Especial Kirk e Gallagher (1987), Mendes (1995) e Sassaki (1997). Esses autores iden- tificam por meio de suas pesquisas quatro fases no desenvolvimento do atendimento à pessoa com defi- ciência por meio de uma perspectiva histórica. Den- tro desse contexto, na primeira fase, datada na Idade Média, muitas pessoas acreditavam que o fato de nascer uma criança com deficiência na família esta- va ligado ao pecado, isto é, que os pais dessa criança teriam cometido algo muito grave que desagradava a Deus, e, como forma de pagar por seus pecados, uma criança com deficiência nascia nessa família. Adams, Bell e Griffin (2007) destacam que a defi- ciência era vista como atuação de maus espíritos e do demônio, sob o comando das bruxas, e também resultado da ira celeste e castigo de Deus. Observa-se, nesse momento, que essa criança era entendida como castigo, não somente aos olhos da família, mas de toda a sociedade. Essa concep- ção de deficiência fazia que as famílias escondes- sem da sociedade essas crianças, pois ao expô-la mostravam-se também os pecados que estavam as- sociados a elas. Outro exemplo claro de negligência pode ser evidenciado na Grécia, por volta de 480 a.C., em que as crianças ao nascer eram examina- das e, quando apresentavam alguma deficiência, eram atiradas de um cume de 2400m de altitude por não estarem dentro do padrão físico adequado (SULLIVAN, 2001). O relato de Platão evidenciado nos estudos de Silva (1987) retrata a realidade da época: E no que concerne aos que receberam corpo mal organizado, deixa-os morrer [...]. Quanto às crianças doentes e as que sofreram qualquer deformidade, serão levadas, como convém, a paradeiro desconhecido e secreto (PLATÃO apud SILVA, 1987, p. 124). O desprezo para com a criança que apresentava de- ficiência também pode ser observado no discurso de Sêneca (4 a.C.- 65 d.C, p. 46): Não se sente ira contra um membro gangre- nado que se manda amputar; não o cortamos por ressentimento, pois, trata-se de um rigor salutar. Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros bravios; cortam-se as ca- beças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam contaminadas; matamos os fetos e os recém-nascidos monstruosos; se nascerem de- feituosos e monstruosos afogamo-los; não de- vido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos as coisas inúteis das saudáveis. Assustador não é mesmo? O termo monstro e/ou monstruosidade utilizado para denominar a pessoa com deficiência durante quase toda primeira fase nos mostra como eles foram tratados nesse período e nos faz refletir os motivos pelos quais o preconcei- to instaurado nas diversas sociedades ainda se faz tão presente em nosso meio. A segunda fase dessa análise histórica caracteri- za-se pela institucionalização de pessoas com defici- ências. Inicialmente na Alemanha nos séculos XVIII se expandiu para o Brasil e permaneceu até meados do século XIX. Nesse momento, a deficiência pas- sa a ser institucionalizada, onde essas pessoas eram segregadas e protegidas em instituições residenciais. Zavareze (2009) relata que essas instituições eram consideradas como “depósitos” de pessoas que apre- sentam deficiências. 16 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA Dentro dessa temática, entre os séculos XVII, XVIII e XIX outra questão relevante sobre a pessoa com deficiência se deu por meio de suas apresen- tações em circos e em praças públicas. Você pode perceber que essa realidade não esteve tão distante de nós. Quem já foi ao circo e assistiu a apresentação de anões, pessoas com gigantismo ou alguma carac- terística tida como “diferente” para a sociedade? A imagem abaixo ilustra exatamente a realidade dos circos nesse período; nela, podemos identificar pes- soas com nanismo, microcefalia, assim como pesso- as com outras características, como extremamente magras, mulheres com barba, entre outros. Perceba que o preconceito não estava somente ligado às pes- soas que apresentam deficiência, mas também na- quelas que fugiam do padrão de normalidade insti- tuído na época. Parece até que estamos falando dos dias atuais, não é mesmo? Nesse período, a exposição dessas pessoas ocorria em praças públicas, sendo motivo de estranheza e zombaria de toda a sociedade. Muitos pais vendiam seus filhos para o circo, ou até mesmo os colocavam em exposição em praças pública, motivados pelo in- teresse financeiro. Figura 1 - Equipe de filmagem de “Freaks, de Tod Browning”, retratava o trabalho de diversas pessoas que apresentavam deficiências em circos Fonte: Tendimag (2014, on-line)1. Figura 2 - Myrtle se tornou famosa por ter quatro pernas e começou a se apresentar no circo aos treze anos de idade. Fonte: Wikipedia ([2018], on-line)2. Você já parou para pensar no sofrimento que as pessoas com deficiência passaram e ainda passam até os dias atuais? Qual o impacto disso nas relações humanas? REFLITA EDUCAÇÃO FÍSICA 17 A terceira fase é marcada, já no final do século XIX e meados do século XX, pelo desenvolvimento de es- colas e turmas especiais em escolas públicas, visando a oferecer à pessoa com deficiência uma educação à parte. O “Instituto dos Meninos Cegos” foi fun- dado na cidade do Rio de Janeiro no final de 1854, sendo a primeira escola especializada no Brasil para deficientes visuais. Atualmente, o “Instituto dos Me- ninos Cegos” é chamado de “Instituto Benjamin Constant Botelho de Magalhães”. Após esse período, diversas outras escolas especializadas para o aten- dimento de deficientes físicos, visuais e intelectuais foram criadas em todo Brasil. Na quarta fase, no final do século XX, por volta da década de 70, observa-se um movimento de inte- gração social dos indivíduos que apresentavam de- ficiência, cujo objetivo era inseri-los em ambientes escolares os mais próximos possíveis daqueles ofe- recidos às pessoas que não apresentavam deficiên- cias. Zavareze (2009) menciona que, nesse período, o intuito passa a ser educar essas pessoas em sua capacidade máxima de aprendizagem. É importante destacar que essa é a fase atual em que nos encon- tramos, observe como ainda se faz muito presente a luta pela valorização e inclusão de crianças e jovens com deficiência em nosso cotidiano. Essa distinção em fases é importante para que você possa compreender e contextualizar histori- camente a deficiência, diante disso, falaremos mais sobre a terceira e a quarta fase no tópico a seguir, no qual abordaremos com maior riqueza de detalhes o processo de estruturação das políticas educacionais voltadas à pessoa com deficiência. Figura 3 - Primeira escola especializada no Brasil para deficientes visuais Fonte: Wikipedia ([2018], on-line)3. Você sabia que na década de 50 e 60 ainda era possível observar pessoas com deficiência mantidas trancadas dentro de suas casas? Os pais mantinham essas crianças e adultos em segurança, em muitos casos, sendo bem tratados, contudo, faltava conhecimento e ins- trução adequada para atender efetivamente seus filhos com deficiência. Fonte: a autora. SAIBA MAIS 18 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA Lembram-se da terceira fase destacada no tópico anterior sobre o atendimento às pessoas que apre- sentam defi ciências? Essa fase, certamente, foi o pri- meiro passo para a valorização e luta pela igualdade de direitos no âmbito educacional voltado à pessoa com defi ciência. O período foi compreendido pela criação de escolas que pudessem atender de manei- ra específi ca essas crianças, não somente com fi ns assistencialistas, mas no sentido de educá-las e es- timulá-las em sua aprendizagem tanto intelectual quanto motora. Contudo, esse processo se deu de maneiragradativa, como veremos no decorrer de nossos estudos. Por meio de uma análise histórica, podemos verifi car que médicos como Jean Marc Itard, Edward Seguin e a médica e educadora Maria Montessori destacaram-se pelo desenvolvimen- to e aplicação de métodos de aprendizagem para diversos tipos de defi ciências. As experiências pedagógicas elaboradas por eles contribuíram para a compreensão do processo de constituição da própria educação especial a partir do século XVIII. Contudo, é importante destacar que pes- quisas apontam que a negligência para com essas pessoas se perdurou até os anos de 1950 no Brasil (MIRANDA, 2004). Políticas Para a Educação Especial e a Educação Inclusiva no Brasil EDUCAÇÃO FÍSICA 19 Em 1933, o Decreto n. 5.884, sobre a educação em geral, estabeleceu o direito à educação especiali- zada, para crianças ou adolescentes que dela necessi- tavam por suas condições peculiares, ministrada nas seguintes escolas (SÃO PAULO, 1933): • Escolas para débeis físicos; • Escolas para débeis mentais; • Escolas de segregação para doentes contagiosos; • Colônias escolares; • Escolas para cegos; • Escolas para surdo-mudos; • Escolas ortofônicas; • Escolas de educação emendativa dos delin- quentes. Por meio desse decreto, podemos verificar pon- tos importantes, tais como o atendimento dessas pessoas de maneira especializada, o que se desta- cou como um avanço, mas também a forma ina- dequada da época de se referir à pessoa com de- ficiência, característica essa que estudaremos no tópico seguinte. Durante o século XX, a Educação Especial foi, aos poucos, se constituindo na Educação Brasileira. A Lei de Diretrizes e Bases da Edu- cação Nacional n. 4.024/61, art. 88, promulgada em 1961, destaca que “a educação de excepcio- nais, deve, no que fôr possível, enquadrar-se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade” (BRASIL, 1961). Essa lei é com- preendida como um dos primeiros passos para o atendimento da pessoa com deficiência no Brasil de forma inclusiva. Dez anos depois, em 1971, a Lei Educacional n. 5.692/71, art. 9º, explana que “os alunos que apresentem deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrí- cula e os superdotados deverão receber trata- mento especial, de acordo com as normas fixa- das pelos competentes Conselhos de Educação” (BRASIL, 1971). Nesse momento, observam-se algumas especifi- cações das deficiências, assim como de crianças superdotadas, sobre a relevância de um atendi- mento especializado. Todavia, apesar do acesso ao ensino regular, não é organizado um atendimento especializado que considere as singularidades de aprendizagem de estudantes com superdotação (MEC/SEESP, 2007). Em 1973, foi criada pelo Ministério da Edu- cação o Centro Nacional de Educação Especial — CENESP, responsável pela gerência da educação especial no Brasil, que, sob o respaldo integracio- nista, ocasionou ações educacionais voltadas às pessoas com deficiência e superdotação, porém, ainda apresentavam características assistenciais e iniciativas isoladas do Estado (MEC/SEESP, 2007). Em 1978, foi publicada a Portaria Inter- ministerial n. 186/78, cujo objetivo consistia na ampliação de oportunidades de atendimento es- pecializado, de natureza médico-psicossocial e educacional para excepcionais, com o intuito de promover sua integração social (BRASIL, 1978). De acordo com a referida portaria, o direciona- mento de alunos para o atendimento especializa- do deveria ser feito por meio de um diagnóstico, compreendendo a avaliação das condições físicas, mentais, psicossociais e educacionais do excep- cional (BRASIL, 1978). 20 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA Oito anos depois, em 1986, a Portaria n. 69/86, publicada pelo CENESP, estabelece que a educa- ção especial deveria proporcionar o desenvolvi- mento pleno das potencialidades do educando com necessidades especiais, como fator de autorrealiza- ção, qualificação para o trabalho e integração so- cial por meio de atendimento educacional espe- cializado. Este consistia na utilização de métodos, técnicas, recursos e procedimentos didáticos de- senvolvidos por professores devidamente qualifi- cados (BRASIL, 1986). Um marco importante para a Educação Inclu- siva e a Educação Especializada se deu por meio da Constituição Federal de 1988. Em seu art. 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” (BRASIL, 1988). como um dos princípios para o ensino, assim como o art. 208, inciso III, garante como dever do Estado o atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino. No- vamente observamos o amparo da Lei, a qual es- timula o atendimento desses alunos de maneira a incluí-los na rede regular de ensino, e não somente em escolas especializadas. Em meio às lutas pela garantia à educação, em 1990, a Unesco estabelece A Declaração Mundial de Educação para Todos. A declaração teve por objeti- vo garantir a Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem para todas as crianças, adolescentes e adultos. Os Art. 3 a 7 desta Declaração contemplam: Universalizar o acesso à educação e promover a equidade; Concentrar a atenção na aprendizagem; Ampliar os meios e o raio de ação da educação básica; Propiciar um ambiente adequado à apren- dizagem; Fortalecer alianças (BRASIL, 1990). De maneira específica para as pessoas com deficiên- cia, o art. 3 enfatiza que as necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deficiências requerem atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiên- cia, como parte integrante do sistema educati- vo, pautado nos cuidados básicos e atividades de desenvolvimento infantil, direcionadas es- pecialmente às crianças pobres, desassistidas e portadoras de deficiências (BRASIL, 1990). Outro momento histórico para o processo de estru- turação de políticas educacionais se deu por meio da Conferência Mundial sobre Necessidades Educa- tivas Especiais, representado por 92 países e 25 or- ganizações internacionais, ocorrida no ano de 1994 em Salamanca, na Espanha. Tal conferência ficou Mundialmente conhecida como Declaração de Sala- manca sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais, a qual esta- beleceu que todas as crianças e jovens com neces- sidades educativas especiais deveriam ter acesso às escolas regulares e, além disso, enfatizou que as es- colas devem adequar-se por meio de uma pedagogia centrada na criança, capaz de ir ao encontro destas necessidades. A Declaração de Salamanca reconhe- ceu a necessidade e a urgência de garantir a educa- ção dessas crianças no quadro do sistema regular de educação (BRASIL, 1994). Pautada nessa reflexão, a orientação inclusiva, por meio da inserção dessas crianças em escolas re- gulares, constitui-se em uma das ferramentas mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, cons- EDUCAÇÃO FÍSICA 21 truindo uma sociedade inclusiva e atingindo a edu- cação para todos. Dessa forma, os governos deverão: Conceder a maior prioridade, através das me- didas de política e através das medidas orça- mentais, ao desenvolvimento dos respectivos sistemas educativos, de modo a que possam in- cluir todas as crianças, independentemente das diferenças ou dificuldades individuais. Adotar como matéria de lei ou como política o prin- cípio da educação inclusiva, admitindo todas as crianças nas escolas regulares, a não ser que haja razões que obriguem a proceder de outro modo. Desenvolver projetos demonstrativos e encorajar o intercâmbio com países que têm experiência deescolas inclusivas, estabelecer mecanismos de planeamento, supervisão e ava- liação educacional para crianças e adultos com necessidades educativas especiais, de modo descentralizado e participativo. Encorajar e facilitar a participação dos pais, comunidades e organizações de pessoas com deficiência no planejamento e na tomada de decisões sobre os serviços na área das necessidades educativas especiais. Investir um maior esforço na identifi- cação e nas estratégias de intervenção precoce, assim como nos aspectos vocacionais da edu- cação inclusiva. Garantir que, no contexto de uma mudança sistémica, os programas de for- mação de professores, tanto a nível inicial como em serviço, incluam as respostas às necessida- des educativas especiais nas escolas inclusivas (BRASIL, p. 38, 1994). A Declaração de Salamanca é reconhecida até os dias atuais como uma das conferências mais impor- tantes realizadas em benefício da pessoa com defi- ciência no contexto educacional, incentivando não somente a inclusão, mas também o investimento dos países para a ampliação do acesso à educação inclu- siva. Pela primeira vez, também observamos a pre- ocupação em formar professores capacitados para o atendimento dessas crianças e adolescentes, fato que ainda não havia sido destacado como prioridade em nosso estudos. Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Edu- cação Nacional n. 9.394, vigente até os dias atuais, apresenta, no art. 59 que “os sistemas de ensino asse- gurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”: I - currículos, métodos, técnicas, recursos edu- cativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específi- ca para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamen- tal, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em so- ciedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o res- pectivo nível do ensino regular (BRASIL, 1996). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) presume, quando preciso, os serviços de aten- dimento especializado, na escola regular, para aten- der às necessidades da clientela de educação especial. Especifica, também, que o atendimento educacional desses alunos será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das suas con- dições específicas, não for possível a sua integração 22 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA em classes comuns dentro do ensino regular (BRA- SIL, 1996). Ainda assim, Souza e Prieto (2007) men- cionam que esse direito não vem sendo assegurado, pois, nos dias atuais, a presença de um professor au- xiliar para o melhor acompanhamento dos alunos no ensino regular é ofertado apenas a uma parcela deles. motoras, mas o requisito para estar nessas escolas de maneira específica se dá pela avaliação intelectual. Em 1999, o Decreto n. 3.298/99, que regulamen- ta a Lei n. 7.853/89, estabelece em seu art. 2o que cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público assegurar à pessoa portadora de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusi- ve dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à previdência social, à assistência social, ao transporte, à edifi- cação pública, à habitação, à cultura, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, de- correntes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. Sendo assim, a educação especial passa a ser defi- nida como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atu- ação complementar da educação especial ao ensino regular (BRASIL, 1999). Caros alunos, é importante frisar que os êxitos conquistados no campo educacional para a pessoa com deficiência ocorreram paulatinamente. Lem- bram-se, no ínicio de nossa unidade, quando estas pessoas não tinham direito algum de frequentar uma escola? Pois bem, essa situação foi se modificando durante todo o século XX. No final do século XX e início do século XXI, nota-se o aprimoramento de Leis que passaram a amparar não somente alunos no ensino regular, mas também alunos no ensino supe- rior. Em 1996, o Ministério da Educação e Cultura — MEC — organizou o primeiro documento — Aviso Curricular n. 277 — direcionado às pessoas com de- ficiência no Ensino Superior (BRASIL, 1996). Santos e Hostins (2015) relatam que este documento nor- teava os reitores de instituições superiores a se ade- quarem ao processo de acesso e inclusão de pessoas com necessidades especiais, sobre os processos sele- A LDB/1996 destaca o atendimento especiali- zado “quando preciso”. Entretanto, se o aluno já apresenta uma deficiência, presume-se que ele necessita desse atendimento! REFLITA A inclusão de alunos com deficiência irá ocorrer so- mente quando suas condições físicas e/ou intelectuais possibilitarem a sua integração. Um exemplo claro desse contexto são as APAES (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais). Para o aluno ser matricula- do nessas escolas, é necessária a comprovação median- te uma avaliação diagnóstica que indique a deficiência e/ou comprometimento intelectual. Esse aluno poderá ou não ter outras complicações, sejam elas visuais ou EDUCAÇÃO FÍSICA 23 tivos, bem como a oferta de materiais adaptados. O documento também enfatiza a necessidade de pro- fissionais preparados, estruturas físicas adaptadas e flexibilidade pedagógica, garantindo, assim, o acesso e a permanência desse aluno. Dessa maneira, essas instituições deveriam se organizar para a garantia da: utilização de textos ampliados, lupas ou outros recursos ópticos especiais para as pessoas com vi- são subnormal/reduzida; - utilização de recursos e equipamentos específicos para cegos: provas orais e/ou em Braille, sorobã, máquina de datilografia comum ou Perkins/Braille, DOS VOX adaptado ao computador. - Colocação de intérprete no caso de Língua de Sinais no processo de avaliação dos candidatos surdos; - utilização de provas orais ou uso de computadores e outros equipamentos pelo portador de deficiência física com comprometi- mento dos membros superiores; - ampliação do tempo determinado para a execução das provas de acordo com o grau de comprometimento do candidato (BRASIL, 1996, p. 1). No entanto, apenas em 2002 as Diretrizes Curricu- lares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, por meio da Resolução CNE/CP n. 1/2002, estabelecem que as instituições de ensino su- perior devem prever, em sua organização curricular, formação docente voltada para a atenção à diversida- de e que contemple conhecimentos sobre as especi- ficidades dos alunos com necessidades educacionais especiais. Nesse mesmo ano, a Portaria n. 2.678/02 do MEC aprova diretrizes e normas para o uso, o en- sino, a produção e a difusão do sistema Braille em to- das as modalidades de ensino em território nacional. Dentro dessa temática, a preocupação com a inclusão de alunos respeitando suas especificidades se destaca também com a Lei n. 10.436/2002, que dispõe sobre a inclusão da Libras comodisciplina curricular dos professores visando o acesso à escola dos alunos surdos e a formação e a certificação de professor, instrutor e intérprete de Libras. Houve, também, a implantação, no ano de 2005, dos Núcle- os de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação – NAAH/S em todos os estados do país, de forma a garantir esse atendimento aos alunos da rede públi- ca de ensino (MEC/SEESP, 2007). Essa constante evolução das políticas voltadas à pessoa com deficiência também ganha destaque no ano de 2007 na Educação a Distância. Nesse ano, foi criado o documento Referencial de Qualidade para o Ensino Superior a Distância (BRASIL, 2007), no qual prevê a inclusão no ensino superior de alunos com deficiência. Sobre essa perspectiva, as institui- ções de ensino superior deverão: Dispor de esquemas alternativos para atendi- mento de estudantes com deficiência; Para a instalação de polos, dois outros requisitos ne- cessitam ser atendidos. O primeiro diz respeito às condições de acessibilidade e utilização dos equipamentos por pessoas com deficiências, ou seja, deve-se atentar para um projeto arquitetô- nico e pedagógico que “garanta acesso, ingresso e permanência dessas pessoas”, acompanhadas de ajudantes ou animais que eventualmente lhe servem de apoio, em todos os ambientes de uso coletivo (BRASIL, 2007, p. 15-16). Observem o quanto evoluímos até aqui em relação aos direitos de acesso e permanência tanto na edu- cação básica quanto no ensino superior de alunos com deficiência! Contudo, será que realmente todas essas escolas e instituições apresentam esse supor- te para auxiliá-los em seu processo de formação? E esses professores, realmente estão capacitados para determinado ofício? Esses são questionamentos di- ários que você, como futuro professor, poderá ob- servar ao seu redor, na escola onde seu filho estuda 24 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA e/ou nas instituições que conhece! Vejam que ainda estamos falando de políticas criadas no ano de 2007: e agora, será que muita coisa mudou? É o que vamos continuar discutindo ao findar essa unidade. Em 2008, o documento da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva na Educação In- clusiva enfatiza que a educação deve se iniciar na infância, tendo como objetivo desenvolver as bases necessárias para a construção do conhecimento e desenvolvimento global do aluno. Nessa perspec- tiva, deve-se priorizar o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a variedade de estí- mulos nos aspectos físicos, cognitivos, emocionais, psicomotores e sociais e a convivência com as di- ferenças que favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança (BRASIL, 2008). Perceba que a educação inclusiva e especial foi ga- nhando força e suas leis passaram a apresentar maio- res especificações quanto ao acesso, permanência, recursos necessários, necessidades específicas para determinadas deficiências, adequação dos espaços físicos, trato pedagógico, entre outras questões. Entre os anos de 2009 e 2010, verificou-se a cria- ção de salas de recursos multifuncionais. Essas salas apresentam características diferenciadas das demais salas do ensino regular, sendo uma grande ferra- menta de ensino para alunos incluídos: o Programa disponibiliza às escolas públicas de ensino regular, conjunto de equipamentos de informática, mobiliários, materiais pedagógi- cos e de acessibilidade para a organização do espaço de atendimento educacional especia- lizado. Cabe ao sistema de ensino, a seguinte contrapartida: disponibilização de espaço físico para implantação dos equipamentos, mobili- ários e materiais didáticos e pedagógicos de acessibilidade, bem como, do professor para atuar no AEE (MEC, 2010). As salas de recursos multifuncionais são separadas de acordo com a deficiência que o aluno apresen- ta ou superdotação. Os Estados se organizam e no- meiam essas salas na educação básica de formas di- ferenciadas, no entanto, segue abaixo a organização das salas de atendimento educacional especializado do Estado do Paraná: • Sala de Recursos Multifuncional Tipo I, atendi- mento educacional especializado, de natureza pedagógica que complementa a escolarização de alunos que apresentam deficiência Intelec- tual, deficiência física neuromotora, transtor- nos globais do desenvolvimento e transtornos funcionais específicos, matriculados na Rede Pública de Ensino (PARANÁ, 2011). • Sala de Recursos Multifuncionais Tipo II e/ou o Centro de Atendimento Educacional Especiali- zado na Área da Deficiência Visual – CAEDV destinado para alunos cegos, de baixa visão ou outros acometimentos visuais (ambliopia fun- cional, distúrbios de alta refração e doenças pro- gressivas), que funcionam em estabelecimentos do ensino regular da Educação Básica, das re- des: estadual, municipal e particular de ensino, em contra turno escolar, não sendo substitutivo às classes comuns (PARANÁ, 2010). • O atendimento Educacional Especializado para alunos surdos apresentam três momen- tos: atendimento Educacional Especializado em Libras, atendimento Educacional Es- pecializado para o ensino da Libras e aten- dimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa. Além disso, o aluno contará com um professor intérprete em suas aulas, além do professor da turma (NOGUEIRA; CARNEIRO; SOARES, 2018). • O atendimento para alunos com Altas Habilida- des/Superdotação é um espaço organizado com materiais didático-pedagógicos, equipamentos e profissionais especializados onde é ofertado o EDUCAÇÃO FÍSICA 25 atendimento educacional especializado que visa atender às necessidades educacionais dos alu- nos superdotados na Rede Pública de Ensino. • Serviço de Atendimento à Rede de Escolari- zação Hospitalar (Sareh): oferece atendimen- to educacional aos alunos que estão impos- sibilitados de frequentar a escola devido à internação hospitalar ou tratamento de saúde domiciliar. O objetivo é que os alunos pos- sam continuar o processo de escolarização e voltem ao ambiente escolar sem perdas de conteúdo das disciplinas. Dentre essas especificações, é importante que você entenda algumas questões: • O aluno com deficiência que se encontra in- cluído no ensino regular em classes comuns sempre que preciso, deverá ter uma professo- ra auxiliar ao seu lado durante todo o ano le- tivo, visto que esse aluno necessitará de maior atenção durante seu processo formativo. • O aluno com deficiência que se encontra in- cluído no ensino regular tem direito ao aten- dimento educacional especializado em salas de recursos multifuncionais. No entanto, quando a deficiência intelectual des- se aluno caracterizar-se como moderada e severa, é possível que ele seja matriculado em Centros de Atendimento Educacional Especializado. Acredi- to que em sua cidade ou proximidades exista uma escola para o atendimento exclusivo de crianças e adolescentes com deficiência. Atualmente, podemos verificar instituições especializadas públicas, priva- das, fundações, associações, instituições do terceiro setor. Dentro dessas escolas, podemos destacar: • APAEs: Associação de Pais e Amigos de Ex- cepcionais, destinada a alunos com deficiên- cia intelectual moderada e severa. • ANPR: Associação Norte Paranaense de Rea- bilitação, destinada a alunos com deficiência motora severa. • Associação Brasileira de Autismo, AMA – Associação de Pais e Amigos do Autista, que estão presentes em diversas capitais, são escolas especiais para alunos que apre- sentam autismo. Você sabia que a Associação de Pais e Ami- gos dos Excepcionais (APAE) nasceu em 1954, no Rio de Janeiro? A APAE é uma or- ganização social cujo objetivo é promover a atenção integral à pessoa com deficiência intelectual e múltipla. A Rede APAE se desta- capor seu pioneirismo e capilaridade. Atu- almente, existem 2.172 APAEs e entidades filiadas, coordenadas por 24 Federações Estaduais, abrangendo todos os estados brasileiros para atender cerca de 250.000 pessoas com deficiência intelectual e múl- tipla diariamente. Fonte: adaptado de APAE ([2018], on-line)4. SAIBA MAIS Dentre essas escolas, associações e institutos es- pecializados, é importante salientar que alunos cegos e surdos sem comprometimento intelectual poderão frequentá-las, no entanto, também deve- rão estar matriculadas na rede regular de ensino. No decorrer deste material, trataremos com maior especificidade os tipos de deficiência e suas prin- cipais características para que você, aluno, com- preenda com mais clareza quem são esses alunos e suas reais necessidades frente ao ambiente escolar. 26 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA Antes de darmos continuidade aos nossos estudos sobre a pessoa com defi ciência, necessitamos com- preender como elas foram chamadas no decorrer da história, isto é, as nomenclaturas utilizadas, bem como aprender como hoje exatamente precisamos nos referenciar à pessoa que apresenta alguma de- fi ciência. Em nosso tópico anterior, vocês puderam notar que, durante a estruturação de Leis de Decre- tos, essas nomenclaturas foram se modifi cando a fi m de atender de maneira integral a pessoa com defi ci- ência. Então, vamos lá! Em nossas leituras anteriores, pudemos eviden- ciar que fi lósofos da Antiguidade, como, Sêneca, se referiam à pessoa com defi ciência como “monstru- osidade”. O conceito de monstruosidade atribuído às crianças com deformidades físicas se perdurou até o século XX na literatura anatômica, no entanto, essa nomenclatura vem sendo substituída a fi m de caracterizar as defi ciências e respeitar essas pessoas. Nessa perspectiva, a chamada monstruosidade não se referia apenas às pessoas com características mui- to diferentes, mas também àquelas defi ciências que A Pessoa com Defi ciência EDUCAÇÃO FÍSICA 27 poderiam resultar em dificuldades severas para que conseguissem realizar as tarefas ao longo de suas vi- das (SILVA, 2006). Em relação a essa temática, farei uso da análise de Sassaki (2002) sobre nomenclaturas utilizadas ao referenciar as pessoas com deficiência. O autor des- taca que o termo inválido e/ou incapacitado pode ser encontrado em diversas Leis e Decretos nacio- nais e internacionais até os anos de 1960. Entre os anos de 1960 a 1980, o termo defeituoso foi difundi- do em diversos países. Uma característica deste perí- odo se dá pela nomenclatura do centro de reabilita- ção e integração AACD, que, ao ser fundada no final da década de 50, recebeu o nome de “Associação de Assistência à Criança Defeituosa” na qual modifi- cou-se anos depois e passou a ser chamada de “As- sociação de Assistência à Criança Deficiente”, como é conhecida nos dias atuais. Nesse período, também observou-se o termo excepcional, com o surgimen- to das primeiras unidades da APAE, “Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais”. Vale destacar que esse termo ainda é utilizado em todo país pela exis- tência dessas instituições. A partir do ano de 1981, a Organização das Nações Unidas passou a utilizar o termo “pessoa deficiente”. Momento em que, pela primeira vez, o substantivo “deficiente” passou a ser utilizado como adjetivo, sendo-lhe acrescentado o substan- tivo “pessoa”. Todavia, o termo “pessoa deficiente” foi contestado por líderes, alegando que ele aponta- va que a pessoa inteira é deficiente, o que, para eles, era inconcebível, e o termo “pessoas portadoras de deficiência” começou a ser utilizado e perdurou até os anos de 1993. Sassaki (2002) retrata que o termo “portar uma deficiência” passou a ser um valor agregado à pes- soa. Nessa perspectiva, compreende-se a deficiência como um detalhe da pessoa. O termo foi adotado nas Constituições federal e estadual e em todas as leis e políticas pertinentes ao campo das deficiên- cias. Contudo, será que esse termo está correto? Al- guns críticos questionam o significado de portador, uma vez que pode-se portar e deixar de portar, por exemplo, um objeto, como uma caneta. Dando continuidade a essa reflexão, o autor revela que termos como “pessoas com necessida- des especiais”, “crianças especiais”, “alunos espe- ciais”, “pacientes especiais” começaram a ser uti- lizados a partir de 1990 e são utilizados até hoje. Contudo, a literatura evidencia que o termo “pes- soas com deficiência” é o mais correto a ser utili- zado atualmente. Esse termo também destacou-se nos anos de 1990 e se difundiu com a Declaração de Salamanca, se manifestando até os dias atuais. Sendo assim, é de fundamental importância que você, futuro professor, aprenda e passe a utilizar esse termo “pessoa com deficiência” para nossos próximos estudos! 28 considerações finais N ossa primeira unidade foi um convite a uma viagem no tempo que nos permitiu compreender a pessoa com deficiência ao longo da his- tória em diversos aspectos, como sua aceitação social, conceituação e o direito ao atendimento educacional de qualidade tanto em institui- ções especializadas quanto na rede regular de ensino. Vimos que a conquista do direito à educação de pessoas com deficiência foi um marco em nosso país, no qual pudemos estabelecer quatro fases na educação inclusiva brasileira: a rejeição, a segregação, o atendimento em escolas especia- lizadas e, por fim, a inclusão em escolas regulares. A perspectiva de contar com professores especializados proporcionou a essas crianças e jovens a possibilidade de estimulação e inserção na sociedade como qualquer outra pessoa. Também pudemos aprender como o conceito da deficiência foi se modificando, a fim de referenciá-lo de maneira adequada, sem resquícios de preconceito ou inferiori- dade. Nesse momento, constatamos as diversas nomenclaturas pejorativas que foram utilizadas em determinados períodos, e como, com o passar dos anos, es- ses termos se modificaram até os dias atuais, ao referenciá-los apenas como “pes- soa com deficiência”. Outro ponto crucial dessa unidade foi constatar o quão importante é estudar a história, visto que, por meio dela, pudemos notar o quanto e o porquê o pre- conceito para com as pessoas com deficiência está enraizado em nossa sociedade até os dias atuais. Fato esse que nos faz entender que o preconceito é passado de geração em geração sem ao menos nos dar conta, pois quem dita os padrões de “normalidade” de uma sociedade é a própria sociedade. Tendo essa compreensão, é possível que se tenha chegado ao final desta uni- dade com o entendimento e a reflexão sobre essas questões que farão parte de seu cotidiano escolar e que tenha assimilado que incluir também faz parte de seu trabalho como futuro professor! 29 atividades de estudo 1. Sabemos que a história da pessoa com deficiên- cia foi marcada por diversas manifestações de preconceito, segregação e desvalorização da figu- ra humana. Contudo, a partir século XX, podemos constatar as primeiras iniciativas para o desenvol- vimento de escolas e turmas especiais em escolas públicas. Sob esse prisma, avalie as afirmativas abaixo, considerando as fases descritas por Kirk e Gallagher (1987); Mendes (1995) e Sassaki (1997): I - A primeira fase compreende o período em que as crianças frequentavam esco- las especializadas. II - A segunda fase compreende a institucio- nalização de pessoas com deficiências. III - A terceira fase compreende a criação de escolas e turmas especiais. IV - A quarta fase compreende o período de inclusão de alunos com deficiência em es- colas regulares. V - A terceira fase compreende o período em que pessoas com deficiências eram segrega- das e protegidas em instituições residenciais. É correto o que se afirma em:a) I e II, apenas. b) II, III e IV, apenas. c) I, III e V, apenas. d) III e IV, apenas. e) II e III, apenas. 2. Por meio de nossos estudos, aprendemos que, por volta dos séculos XVII, XIII e XIX as pessoas com deficiência se apresentavam em circos e praças públicas. Essa relação se esta- belece até os dias atuais, pois observamos que as características do deficiente ainda chamam a atenção da sociedade. Sobre esse tocante, avalie as afirmativas abaixo e assinale a alter- nativa correta: I - As pessoas com deficiência causavam es- tranheza perante a sociedade. II - Nesse período, muitos pais de crianças com deficiência vendiam seus filhos para os circos. III - Nesse período, apenas as pessoas com de- ficiência se apresentam em circos. IV - Muitos pais de crianças com deficiência colocavam seus filhos em exposição em praças públicas, motivados pelo interesse financeiro. É correto o que se afirma em: a) I, e II, apenas. b) II, III e IV, apenas. c) III e IV, apenas. d) I, II e IV, apenas. e) II e III, apenas. 30 atividades de estudo 3. Ao longo da história, a forma de conceituar a pessoa com deficiência passou por diversas mudanças. Inicialmente, em nossas leituras, constatamos que eles eram chamados como “monstruosidade”; contudo, esses termos fo- ram se modificando ao passar dos séculos com o objetivo de entendê-los como membros inte- grante de uma sociedade. Considerando essas conceituações, assinale a alternativa que cor- responde à forma mais adequada e atual de conceituá-los: a) Pessoa com necessidade especial. b) Portador de necessidade especial. c) Pessoa portadora de deficiência. d) Pessoa com deficiência. e) Criança especial. 4. De acordo com as Políticas Educacionais estuda- das nesta unidade, leia as afirmativas abaixo e assinale (V) para Verdadeiro e (F) para Falso. I - O Centro Nacional de Educação Especial, responsável pela gerência da educação especial no Brasil, foi criado em 1973 pelo Ministério da Educação. II - A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 4.024/61, art. 88, promulga- da em 1961, previa o atendimento de qualidade para pessoas com deficiência e superdotados por professores espe- cializados. III - Desde de 1933, o Decreto n. 5.884 já pre- via a obrigatoriedade de professores es- pecializados para o atendimento da crian- ças e jovens com determinada deficiência. IV - As Diretrizes Curriculares Nacionais esta- beleceram, em 2002, que as instituições de ensino superior, em sua organização curricular, deveriam contemplar as espe- cificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais. V - A Lei Educacional n. 5.692/71, art. 9º, pre- via o atendimento de alunos que apresen- tavam deficiências físicas ou mentais, e o atendimento de crianças superdotadas. As afirmações I, II, III, IV e V são, respectivamente: a) V; F; F; V; V. b) F; F; F; F; V. c) V; V; F; V; V. d) V; F; F; V; F. e) V; V; V; V; V. 5. A partir da década de 70, observou-se, no Bra- sil, a estruturação de fato de políticas voltadas às crianças e jovens com deficiência. Em meio a essa luta, destacou-se “A Declaração Mundial de Educação para Todos” e a “Declaração de Sala- manca”. Nessa perspectiva, disserte sobre a im- portância e os objetivos de ambas para as políti- cas de inclusão. 31 LEITURA COMPLEMENTAR O Censo Escolar da Educação Básica é uma pesquisa realizada anualmente pelo Insti- tuto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) em articula- ção com as Secretarias Estaduais de educação das 27 unidades da federação, sendo obrigatória aos estabelecimentos públicos e privados de educação básica, conforme determina o art. 4º do Decreto n. 6.425/2008. De acordo com a Portaria n. 264, de 26 de março de 2007, a data de referência para as escolas informarem seus dados ao Censo Escolar é a última quarta-feira do mês de maio. No fi nal de maio, o sistema educacional brasileiro encontra-se mais estabilizado e os dados verifi cados nessa data são conside- rados válidos e referenciais para cada ano. Dados do Censo Escolar de 2016 indicam que 57,8% das escolas brasileiras têm alunos com defi ciência, transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades incluídos em classes comuns, destes, 796.486 estudantes especiais estão matriculados em clas- ses comuns. É importante destacar o crescimento em relação às matrículas de alunos com defi ciência na educação básica regular quando comparado aos anos anteriores. Estatísticas indicam que, no ano de 2014, cerca de 698.768 estudantes que apresentam defi ciência estavam matriculados no ensino regular. No ano de 1998, porém, apenas 200 mil pessoas estavam matriculadas na educação básica, sendo apenas 13% em clas- ses comuns. Dentro dessa temática, o censo revela que as regiões Nordeste e Norte apresentam os maiores percentuais de alunos com defi ciência, transtornos globais do desenvolvi- mento ou altas habilidades incluídos em classes comuns, com 94,3% e 90,7%, respecti- vamente. Por outro lado, no estado do Paraná, 18,2% dos municípios possuem menos de 50% dos alunos de quatro a dezessete anos com defi ciência, transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades incluídos em classes comuns. Fonte: adaptado de Censo Escolar/INEP (2016, on-line)5. 32 material complementar Extraordinário R. J. Palacio Editora: Intrínseca Sinopse: o livro conta a história de Auggie, um menino que nasceu com uma sín- drome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial. Em um manifesto em favor da gentileza, ele enfrenta uma missão nada fácil quando começa a fre- quentar a escola pela primeira vez: convencer os colegas de que, apesar da apa- rência incomum, ele é um menino igual a todos os outros. Indicação para Ler Inclusão Escolar. O Que É? Por quê? Como Fazer? Maria Teresa Eglér Mantoan Editora: Summus Editorial Sinopse: dividido em três capítulos, o livro reúne as ideias da autora sobre o ensi- nar e o aprender. Nele, ela compartilha o que viveu em sua caminhada educacio- nal, dialogando com o leitor sobre problemas, questões e dúvidas que carrega no dia a dia de trabalho. “As transformações da escola dependem de um compromis- so coletivo de professores, gestores, pais e da sociedade em geral. É difícil o dia a dia da sala de aula. Esse desafi o que enfrentamos tem limite – o da crise educacio- nal que vivemos, tanto pessoal como coletivamente, deste ofício que exercemos”, complementa. Indicação para Ler 33 material complementar Extraordinário Ano: 2017 Sinopse: Auggie Pullman (Jacob Tremblay) é um garoto que nasceu com uma de- formação facial, o que fez que passasse por 27 cirurgias plásticas. Aos 10 anos, ele, pela primeira vez, frequentará uma escola regular, como qualquer outra criança. Lá, precisa lidar com a sensação constante de ser sempre observado e avaliado por todos à sua volta. Indicação para Assistir Freaks, de Tod Browning Ano: 1932 Sinopse: a história passa-se em um circo com defi cientes (anões, siameses, ho- mens sem braços nem pernas, microcefálicos). Cleópatra é uma bela trapezista que gosta de Hércules, o levantador de pesos. É também a paixão do charmoso anão Hans. Ao saber que Hans é herdeiro de uma fortuna, Cleópatra, de conluio com Hércules, projeta casar com Hans, envenená-lo e fi car com a fortuna. Contu- do, os amigos de Hans descobrem o plano e entregam-se à vingança. A moral da história não é nova: seres humanos fi sicamente perfeitos podem ser monstruo- samente desumanos; em contrapartida, seres humanos fi sicamente imperfeitos podem ser um exemplo de humanidade. Indicação para Assistir Neste vídeo, você poderá acompanhar um documentário sobre a História do Movimento Político das Pesso- as com Defi ciênciano Brasil. Acesse o conteúdo em: <https://www.youtube.com/watch?v=oxscYK9Xr4M>. _______________________________________________________________________________________________________ Neste vídeo, você poderá acompanhar um documentário sobre Segregação e Inclusão na América do Sul. Acesse o conteúdo em: <https://www.youtube.com/watch?v=A313DJml1Uo>. Indicação para Acessar 34 referências ADAMS, M.; BELL, L. A.; GRIFFIN, P. Teaching for diversity and social justice: A Sourcebook. New York: Routledge, 2007. BRASIL. Decreto n. 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outu- bro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras pro- vidências. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm>. Acesso em: 17 maio 2018. ______. Lei n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/cci- vil_03/Leis/l4024.htm>. Acesso em: 17 maio 2018. educacional especializado em Sala de Recursos Mul- tifuncional Tipo I, na Educação Básica – área da de- ficiência intelectual, deficiência física neuromotora, transtornos globais do desenvolvimento e transtor- nos funcionais específicos. Curitiba: SEED, 2011. ______. Lei n. 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. Disponível em: <http:// www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei- -5692-11-agosto-1971-357752-publicacaooriginal- -1-pl.html>. Acesso em: 17 maio 2018. ______. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/cci- vil_03/Leis/l9394.htm>. Acesso em: 17 maio 2018. ______. Ministério da Educação. Ministério da Pre- vidência e Assistência Social. Portaria Interministe- rial n. 186, de 10 de março de 1978. 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A Declaração de Salamanca destacou a primordialidadedas escolas em adequar-se às necessidades desses alunos, por meio de investimento necessá- rio e a formação de professores capacitados para o atendimento. Tais orienta- ções constituem os meios mais capazes para combater as atitudes discrimina- tórias, por meio da inclusão. Referências on-line: 1 Em: <https://tendimag.com/2014/03/01/os-monstros-somos-nos/>. Acesso em: 17 maio 2018. 2 Em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Myrtle_Corbin>. Acesso em: 17 maio 2018. 3 Em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_Benjamin_Constant>. Acesso em: 17 maio 2018. 4 Em: <http://apae.com.br>. Acesso em: 18 maio 2018. 5 Em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/notas_esta- tisticas/2017/notas_estatisticas_censo_escolar_da_educacao_basica_2016.pdf>. Acesso em: 18 maio 2018. UNIDADEUNIDADE II Professora Me. Naline Cristina Favatto Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Acessibilidade na educação básica e no ensino superior • Caracterizando as defi ciências: Intelectual, Visual, Auditiva e Motora Objetivos de Aprendizagem • Compreender o conceito de acessibilidade e sua relevância nas instituições de ensino. • Distinguir e estudar as diversas características das defi ciências intelectuais, visuais, auditivas e motoras. DEFICIÊNCIA E ACESSIBILIDADE unidade II INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), nossa segunda unidade tem como objetivo discutir o conceito de acessibilidade de crianças e adolescen- tes com deficiência dentro das instituições de ensino públicas e privadas. No entanto, para compreender quais são essas adap- tações do ambiente, é primordial que você, futuro professor, tenha co- nhecimento das principais características que cada deficiência apresenta. Para tanto, essas questões serão analisadas no decorrer desta unidade, constituída de dois tópicos. Compreender a necessidade das instituições de ensino em se ade- quar nos diversos âmbitos físico, metodológico, atitudinal, pragmático e instrumental para promover a acessibilidade e inclusão de alunos com deficiência é fundamental para que a inclusão não esteja presente apenas nas Leis que regulamentam o acesso e a permanência na educação, mas que, de fato, esteja efetivada nas diversas instituições. O entendimento do professor acerca das adaptações necessárias beneficiará as instituições em relação à promoção e incentivo à inclusão, além de ser uma ferramenta para o planejamento escolar. Além disso, essa unidade proporcionará a você uma importante imersão sobre os principais síndromes e transtornos que ocasionam da- nos intelectuais, comportamentais e motores, assim como as deficiên- cias que apresentam apenas relação com a capacidade motora e visual, sem prejuízos ao intelecto. O entendimento das características das defi- ciências mais comuns é primordial para que a escola seja acessível e para que você, futuro professor, possa desenvolver suas aulas com segurança e qualidade, respeitando as potencialidades de cada aluno. Ao vislumbrar uma atuação no campo escolar, estas reflexões certamente propiciarão o entendimento acerca da real acessibilidade da pessoa/aluno com defici- ência na escola e na Educação Física. Vamos aos estudos! 42 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA Por meio da primeira unidade, pudemos observar pon- tos relevantes para a estruturação de políticas educa- cionais para alunos que apresentam defi ciências. Nesse momento, veremos as questões que permeiam a acessi- bilidade de crianças e adolescentes tanto no ensino regu- lar quanto na educação especial. O Decreto n. 5.296/04 conceitua a acessibilidade em seu 8º artigo como: I – condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edifi - cações, dos serviços de transporte e dos dispo- sitivos, sistemas e meios de comunicação e in- formação, por pessoa portadora de defi ciência ou mobilidade reduzida (BRASIL, 2004). Conforme Ribeiro (2011), as principais leis que trata- ram a acessibilidade foram: a Lei n. 4.767/98, que indica normas gerais e critérios básicos para a acessibilidade das pessoas com defi ciência; a Lei n. 10.098, que incluiu a adequação de instalações e equipamentos esportivos; a NBR 9050 (2004), a qual trata da acessibilidade física e de comunicação; e o Decreto n. 5.296/04, que regu- lamentou as Leis n. 10.048/00 e n. 10.098/00, estabe- lecendo normas gerais e critérios para a promoção da acessibilidade às pessoas com defi ciência ou mobilida- de reduzida. Essas leis foram estruturadas e ampliadas para atender às necessidades da pessoa com defi ciên- cia, não somente no ambiente escolar, mas nos diversos ambientes públicos e privados de nossa sociedade. Contudo, nesse tópico, iremos nos ater à acessibi- lidade de crianças e adolescentes no ambiente escolar, uma vez que esse é o nosso material de estudo. Nessa perspectiva, convido você a refl etir sobre esse assunto! O que signifi ca acessibilidade para você? Tornar apenas a estrutura física e o material didático da escola ade- quados ao aluno? É o que vamos discutir neste tópico! A escola precisa ser e estar acessível a esses alu- nos, ou seja, precisa atender às diversas necessidades que as crianças e jovens com defi ciência apresenta- rão no decorrer de sua formação escolar e acadêmi- ca. No entanto, para isso, precisamos compreender as características específi cas das defi ciências para, assim, entendermos suas reais necessidades. Por exemplo, quando nos referimos à acessibilidade ar- quitetônica, a necessidade de um usuário de cadeiras de rodas será diferente da necessidade arquitetônica Acessibilidade na Educação Básica e no Ensino Superior EDUCAÇÃO FÍSICA 43 de um aluno deficiente visual. Da mesma forma que a acessibilidade metodológica e pedagógica de alu- nos com deficiência auditiva será diferente de alunos deficientes visuais. Perceba que não é tão simples as- sim, e que apenas rampas e pisos táteis não são sufi- cientes para tornar a escola, de fato, acessível. De maneira específica, Dischinger e Machado (2006) apresentam dimensões que possibilitam a compreensão de acessibilidade. • Acessibilidade arquitetônica, sem barreiras am- bientais físicas em todos os recintos internos e externos da escola e nos transportes coletivos. • Acessibilidade comunicacional, sem barreiras na comunicação interpessoal (face-face, lín- gua de sinais, linguagem corporal, linguagem gestual etc.), na comunicação escrita...e na co- municação virtual (acessibilidade digital). • Acessibilidade metodológica, sem barreiras nos métodos e técnicas de estudo (adaptações curriculares, aulas baseadas nas inteligências múltiplas, uso de todos os estilos de aprendi- zagem, participação de todos, de cada aluno, novo conceito de avaliação de aprendizagem, novo conceito de educação, novo conceito de didática), de ação comunitária (metodologia social, cultural, artística etc. baseada em parti- cipação ativa) e de educação dos filhos (novos métodos e técnicas nas relações familiares etc.). • Acessibilidade instrumental, sem barreiras nos instrumentos e utensílios de estudo (lá- pis, caneta, régua, teclado do computador, materiais pedagógicos), de atividade da vida diária, esporte e recreação (dispositivos que atendam às limitações sensoriais, físicas e mentais etc.). • Acessibilidade programática, sem barreiras invisíveis embutidas em políticas públicas, em regulamentos e normas de um modo geral. • Acessibilidade atitudinal, por meio de pro- gramas e práticas de sensibilização e de cons- cientização das pessoas em geral e da convi- vência na diversidade humana resultando em quebra de preconceito, estigmas, estereótipos e discriminações (DISCHINGER; MACHA- DO, 2006, p. 105). 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