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Instagram: @bizupmmg 
E-mail: bizupmmg@hotmail.com 
Apostila @bizupmmg 
( Edital Verticalizado PMMG 2019 ) 
Concurso PMMG / 2019 
@bizupmmg 
 
 
“ Deus ajuda, quem senta e estuda ! ” 
 
Edital Verticalizado: SD Gustavo Silva 
Apostila: Marialice Rodrigues e CB Souza Junior 
 
 
TÓPICOS: 
Direito Penal:______________________________________________ 
 
1. Princípios Constitucionais do Direito Penal. 
2. Da aplicação da lei penal. 
3. Do crime. 
4. Da imputabilidade penal. 
5. Das espécies de pena. 
6. Infração penal: espécies. 
7. Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal. 
8. Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade. 
9. Concurso de pessoas. 
10. Crimes contra a pessoa. 
11. Crimes contra o patrimônio. 
12. Crimes contra a administração pública. 
 
Direito Constitucional:___________________________________________________ 
 
1. Dos princípios fundamentais. 
2. Dos direitos e garantias fundamentais (direitos e deveres individuais e coletivos). 
3. Da organização do Estado (organização político-administrativa, União, Estados 
Federados, Municípios, Distrito Federal e Territórios, militares dos Estados, Distrito Federal 
e Territórios). 
4. Da organização dos poderes (poder legislativo, poder executivo, poder judiciário). 
5. Da defesa do Estado e das Instituições Democráticas (estado de defesa e estado de sítio, 
Forças Armadas, segurança pública). 
6. Da administração pública. 
 
Direito Penal Militar:_________________________________________________________________ 
 
1. Aplicação da lei penal militar. 
2. Do Crime. 
3. Concurso de agentes. 
4. Das penas principais. 
5. Das Penas acessórias. 
6. Ação penal. 
7. Extinção da punibilidade. 
8. Dos crimes militares em tempo de paz. 
9. Dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar. 
10. Dos crimes contra o serviço e o dever militar. 
11. Dos crimes contra a Administração Militar. 
 
Direitos Humanos:___________________________________________________________________ 
 
1. DUDH Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU, em 10 de dezembro de 
1948. 
2. Convenção Americana Sobre Direitos Humanos. 
(Assinada na Conferência Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos, San José, Costa 
Rica, em 22 de novembro de 1969) 
3. CF - Constituição da República Federativa do Brasil: 
Art. 1º 
3º ao 17 
197 ao 232. 
4. Preconceito de raça e de cor 
Lei nº 9.459, de 10 de março de 1997, define os crimes de preconceito de raça e de cor. 
5. Tortura 
Lei nº 9.455, de 07 de abril de 1997, define os crimes de tortura e dá outras providências. 
6. Proteção a vítima e testemunha 
Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, estabelece normas para a organização e a manutenção de 
programas especiais de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas: 
Art. 1º ao 15. 
7. Estatuto do Idoso 
Lei nº 10.741, de 01 de outubro de 2003, Estatuto do Idoso, Art. 1º ao 10, 15 ao 25, 33 
ao 42 e 95 ao 118. 
8. Orientação sexual 
Lei Estadual nº 14.170, de 15 de janeiro de 2002, determina a imposição de sanções a 
pessoa jurídica 49 por ato discriminatório praticado contra pessoa em virtude de sua orientação sexual. 
9. Decreto nº 43.683, de 10 de dezembro de 2003, regulamenta a Lei Estadual nº 14.170 de 
15/01/2002. 
10.Feminicídio 
Lei nº 13.104, de 09 de março de 2015, altera o art. 121 do Decreto-Lei no 2.848, de 07 
de dezembro de 1940 - Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do 
crime de homicídio, e o art. 1º da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990,para incluir o feminicídio no rol 
dos crimes hediondos. 
11.Igualdade Racial 
Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010, que institui o Estatuto da Igualdade Racial, Art. 1º ao 26. 
 
Legislação Extravagante:_____________________________________________________________ 
 
1. DESARMAMENTO 
Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03). 
2. PRECONCEITO RAÇA E COR 
Crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor (Lei nº 7.716/89). 
3. ECA 
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90). 
4. JECRIM 
Juizados Especiais Criminais (Lei nº 9.099/95 e 10.259/2001). 
5. LEI DE DROGAS 
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Lei nº 11.343/06). 
6. CEDM 
Código de Ética e Disciplina dos Militares do Estado de Minas Gerais – Lei Estadual 14.310/2002. 
7. ABUSO DE AUTORIDADE 
Lei nº 4.898, de 09 de dezembro de 1965, Regula o Direito de Representação e o processo de 
Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de autoridade. 
8. CRIMES HEDIONDOS 
Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, dispõe sobre os crimes hediondos. 
9. MARIA DA PENHA 
Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006, cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar 
contra a mulher: Art. 1º ao 7º, 10 ao 12, 22 ao 24 e 34 ao 45. 
 
Estatística:_________________________________________________________________________ 
 
• 1. Visão Conceitual Básica 
• 1.01. População ou Universo; 
• 1.02. Amostragem x Amostra; 
• 1.03. Experimento Aleatório; 
• 1.04. Amostragem Aleatória; 
• 1.05. Método Estatístico 
 
• 2. Variáveis Aleatórias 
• 2.01. A Variável Aleatória Discreta, 
• 2.02. A Variável Aleatória Contínua, 
• 2.03. A Variável Qualitativa. 
 
• 3. Normas de Apresentação Tabular 
• 3.01. Modelo de uma Tabela; 
• 3.02. Séries/Tabelas Estatísticas; 
• 3.03. Tipos de Séries Estatísticas; 
• 3.04. Estudo elementar de uma série temporal; 
• 3.05. As variações percentuais). 
 
• 4. Medidas de Tendência Central 
• 4.01. Média Aritmética, simples e ponderada; 
• 4.02. Propriedades da Média Aritmética; 
• 4.03. Vantagens da Média Aritmética; 
• 4.04. Desvantagens da Média Aritmética; 
• 4.05. Média Típica; 
• 4.06. Média Atípica; 
• 4.07. Mediana; 
• 4.08. Moda). 
 
• 5. Análise e Interpretação Matemática de Gráficos Estatísticos 
• 5.01. Gráfico de Colunas; 
• 5.02. Gráfico Pictórico; 
• 5.03. Gráfico de Setores; 
• 5.04. Gráfico de Linhas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal 
Princípios Constitucionais Do Direito Penal. 
 
Tem por objetivo trazer uma visão geral e objetiva sobre os princípios de direito penal. 
Os princípios poderão estar explícitos ou implícitos na Constituição Federal. 
Os explícitos são os que estão escritos, expressos em lei, os implícitos, ainda que não 
expressos, figuram subentendidos no ordenamento jurídico. 
No direito penal brasileiro encontramos os seguintes princípios: 
 
Dignidade da Pessoa Humana 
 
Artigo 1º, inciso III da Constituição Federal. 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem 
como fundamentos: 
III – Dignidade da pessoa humana. 
Considerado o princípio vetor, o alicerce, a base de onde se emanam os demais 
princípios. 
A doutrina diverge quanto a Dignidade da Pessoa Humana ser um princípio, defendendo 
a idéia de que seria uma meta a ser alcançada no estado democrática de direito. 
Garantidor da defesa da dignidade do ser humano, protegendo o indivíduo de ações 
arbitrárias e indevidas do por parte do Estado. Limitador do poder do Estado ou 
daqueles que detém poder sobre outrem. 
 
Princípio da Legalidade 
 
Artigo 5º Inciso XXXIX da Constituição Federal – Garantia Individual Constitucional 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal; 
Artigo 1º do Código Penal 
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação 
legal. (Redação dada pelaLei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Estabelece que o Estado deva se submeter ao império da Lei. No direito Penal desdobra-
se em outros dois princípios, o da Reserva Legal e o da Anterioridade. 
I. O postulado (sub-princípio) da Reserva Legal significa a necessidade de Lei Formal 
que determine o fato típico e a respectiva pena, destacando a formalidade legal prevista, 
só podendo ser criados pelo processo legislativo previsto na Constituição Federal. 
II. Princípio da Anterioridade – necessidade de uma lei anterior ao fato que se quer punir. 
“nullun crimem, nulla poena sine lege praevia” 
 
Princípio da Retroatividade da Lei mais Benéfica ou da 
Irretroatividade da Lei Penal 
 
Artigo 5º XXXIX da Constituição Federal 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação 
legal; 
 
Artigo 2º Parágrafo Único do Código Penal 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, 
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se 
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em 
julgado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
A Lei penal não pode retroagir salvo quando para beneficiar o Réu. De regra a Lei Penal 
não retroagirá, porém quando a nova lei beneficiar o réu, mesmo que transitada em 
julgado sentença condenatória, poderá este ser beneficiado. 
Não podemos deixar de abordar o instituto da “abolitio criminis”, Art. 2º caput do 
Código Penal. Ocorre quando um fato deixa de ser crime em virtude de lei posterior. 
Nessa situação, o agente não poderá ser ou permanecer condenado, pois o fato, 
anteriormente praticado, deixou de ser crime. Apagam-se assim os efeitos penais, 
persistindo os civis (ex. dever de indenizar). 
Será possível combinar leis utilizando as partes mais benéficas (parte boa da lei 
revogada + parte boa da lei nova posterior) a determinado fato sob a égide do princípio 
da retroatividade da lei mais benéfica. 
Princípio da Personalidade ou (Princípio da Responsabilidade 
Pessoal, Princípio da Pessoalidade da Pena, da 
Intransmissibilidade) 
 
Artigo 5º Inciso XLV da Constituição Federal 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar 
o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 
Significa que a lei não poderá ultrapassar a pessoa do condenado. Não podem os seus 
familiares, seus herdeiros responder por algo que não fizeram. 
Não se inserem neste princípio a indenização civil e o confisco de produto do crime. 
Princípio da Individualização da Pena 
 
Artigo 5º Inciso XLVI da Constituição Federal 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
 
A pena não deve ser padronizada, o que significa seguir os parâmetros da lei, mas 
considerando as circunstâncias individuais do agente bem como as do fato em si. 
Objetivamente cada um terá a pena exata que lhe cabe. 
Princípio da Humanidade (Princípio da Humanidade das Penas) 
 
Artigo 5º, Incisos III, XLVI, XLVII e XLIX da Constituição Federal. 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
 
XLVII - não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; 
b) de caráter perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
e) cruéis; 
 
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
 
Decorre também da Declaração dos Direitos do Homem - ONU (1948), do Pacto de San 
José da Costa Rica. 
O Direito Penal deve tratar com benignidade vislumbrando sempre a coletividade social. 
Seria inaceitável tratar de forma desumana o indivíduo mesmo quando tenha sido 
condenado por transgredir o ordenamento penal. 
Não se admitem penas cruéis como as penas de caráter perpétuo, de morte (salvo em 
caso de guerra declarada), de trabalhos forçados, de banimento ou toda e qualquer pena 
de castigos corporais. 
Qualquer pena que possa atingir a condição físico -psicológica do ser humano é 
inconstitucional. 
Este princípio não vem sendo cumprido na atualidade brasileira. O simples fato do não 
cumprimento da Lei de Execuções Penais demonstra esta realidade. A conseqüência é 
que o STF e o STJ têm mitigado, relativizado alguns institutos da LEP por não haver 
possibilidade de cumprimento. Exemplo é a possibilidade de prisão domiciliar na falta 
de albergue para cumprimento da sua pena no regime semi-aberto (Informativo nº 512 
do STF- Não pode o Estado impor regime prisional mais rigoroso do que a pena 
permite). 
Princípio da Intervenção Mínima 
 
É princípio implícito também conhecido como da subsidiariedade ou da 
fragmentariedade. Alguns autores dizem que a Intervenção Mínima se subdivide em 
duas dimensões, a subsidiariedade e fragmentariedade. 
O Princípio da subsidiariedade traz a idéia de que o direito penal só deverá ser utilizado 
quando não houver alternativa, quando já tiverem se esgotado todas as outras hipóteses 
de solução, afirmando ser o direito penal a “ultima ratio” 
O Direito Penal não deve ser a primeira opção “prima ratio”, existem outros ramos do 
direito preparados para solucionar as lides, as desavenças, compondo-as sem maiores 
conseqüências. 
Na dimensão da Fragmentariedade interessa ao direito Penal punir as ações mais graves 
praticadas contra os bens jurídicos mais importantes, aquelas verdadeiramente lesivas a 
vida em sociedade. É constante nos julgados do STF e do STJ a utilização da 
Fragmentariedade como razão para a aplicação do Princípio da Insignificância. 
Princípio da Culpabilidade (Princípio da Responsabilidade 
Subjetiva). 
 
Artigo 18 do Código Penal. 
Art. 18 - Diz-se o crime: 
Crime doloso 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
Crime culposo 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou 
imperícia. 
Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato 
previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
 
Ninguém poderá ser punido se não houver agido com dolo ou culpa. A responsabilidade 
no direito penal deverá ser subjetiva “nullun crimem cine culpa”. O parágrafo do Art. 18 
do Código Penal ainda estabelece que, ninguém poderá ser punido se não agir com 
dolo, salvo se houver previsão expressa em lei. De regra só se pune aquele que agiu 
com dolo, a condenação por crime culposo é exceção e só cabe quando prevista em lei. 
É uma exigência do estado democrático de direito. Inadmitindo a responsabilidade penal 
objetiva (que dispensa o exame do elemento subjetivo, culpando o sujeito pelo mero 
nexo causal de sua conduta). 
Em hipóteses extremas previstas em lei se aceita a responsabilidade penal objetiva. 
Princípio da Taxatividade 
 
As leis Penais devem ser claras, precisas e bem elaboradas de forma que seus 
destinatários possam compreendê-las, Não podem aqueles que devem cumprir a Lei 
terem dúvidas pelo modo como foram elaboradas.Não se admite a criaçãode tipos que 
contenham conceitos vagos ou imprecisos. 
Impõe-se ao Poder Legislativo, na elaboração das leis, que redija tipos penais com a 
máxima precisão de seus elementos. É nitidamente decorrente da legalidade, logo, 
Constitucional Implícito. 
Princípio da Proporcionalidade (Princípio da Proibição do 
Excesso) 
 
Princípio implícito, embora não esteja expresso na constituição, está nos fundamentos 
da Constituição Federal que em seu artigo 1º, III como forma de garantir a dignidade da 
pessoa humana e também nos objetivos da República Federativa do § 2º do art. 5º . 
Por esse princípio, a aplicação de uma pena deve estar adequada, de acordo com a 
gravidade da infração penal. O “quantum” de pena deve ficar estabelecido de forma 
proporcional à gravidade do delito cometido. Não se pode aceitar o exagero, tampouco a 
generosidade da pena, ela deve ser proporcional. 
 
Princípio da Vedação da Punição pelo mesmo Fato 
 
Previsão implícita na Convenção Americana de Direitos Humanos. 
Conhecido como “ne bis in idem” e significa que ninguém deve ser processado e punido 
duas vezes pela mesma infração penal. 
Este princípio veda a dupla incriminação, assim, não se pode punir alguém duas vezes 
pelo mesmo fato. Encontra-se fundamento no artigo 8.º, 4 da Convenção Americana 
sobre Direitos Humanos: “O acusado absolvido por sentença passada em julgado não 
poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos”. 
Da aplicação da Lei Penal 
Anterioridade da Lei 
Art. 1º – Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação 
legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Comentário: O princípio da legalidade diz que ninguém será obrigado a fazer ou deixar 
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. É uma garantia constitucional do direito 
individual do cidadão perante o poder punitivo do Estado. 
Lei penal no tempo 
Art. 2º – Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, 
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único – A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se 
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em 
julgado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Comentário: Aqui verificamos três princípios: Princípio da legalidade no sentido de 
anterioridade, princípio da irretroatividade, ou seja, não pune os atos ilícitos cometidos 
antes da lei e a retroatividade da lei mais benigna que determina que os efeitos 
benéficos e favoráveis de uma lei penal retroagem ilimitadamente e indiscriminadamente 
para todos os fatos anteriores à sua entrada em vigência. 
Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Art. 3º – A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou 
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua 
vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
Comentário: É uma norma que tem tempo de vigência prefixado para atender um 
determina momento excepcional como uma guerra por exemplo. Pelo fenômeno da 
ultratividade, os fatos praticados dentro deste período (mesmo que já extintas) 
continuam a produzir efeitos. Os efeitos dos atos praticados não desaparecem com elas. 
 
Tempo do crime 
Art. 4º – Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que 
outro seja o momento do resultado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
Comentário: O que importa é o momento da conduta do delito, pouco importando em 
que momento se deu o resultado. Exemplo: – Homem esfaqueado morre no hospital três 
dias depois. É considerado o momento em que foi esfaqueado e não o momento que 
morreu. 
 
Territorialidade 
Art. 5º – Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de 
direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 1984) 
§1º – Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo 
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no 
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
§2º – É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou 
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no 
território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar 
territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 
Comentário: Independentemente da nacionalidade do autor e da vítima do delito, aplica-
se a lei brasileira ao crime praticado no território nacional. Com exceção de casos 
previstos em convenções ou tratados, tipo imunidades diplomáticas. 
O mar territorial compreende a faixa de 12 milhas náuticas medidas a partir da linha de 
baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro. Para as aeronaves se compreende 
como espaço aéreo nacional a coluna atmosférica, até o limite do mar territorial. 
 
Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
Art. 6º – Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no 
todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 
Comentário: Teoria da Ubiquidade ou mista significa que o lugar do crime é tanto onde 
ocorre a conduta (dolosa ou culposa) e onde se se deu o resultado. 
 
Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
Art. 7º – Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 1984) 
I – os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 
1984) 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de 
Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou 
fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 
7.209, de 1984) 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 1984) 
II – os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 
7.209, de 1984) 
b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 
7.209, de 1984) 
§1º – Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que 
absolvido ou condenado no estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
2º – Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das 
seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 
1984) 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
e) não tersido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta 
a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
§3º – A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra 
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 
Comentário: Este dispositivo é sobre fatos que apesar de ocorrerem fora do território 
nacional o Brasil diz que tem direito de julgar, mesmo que já tenha sido julgado no outro 
país. As hipóteses do inciso I são conhecidas como extraterritorialidade incondicionada. 
Já as hipóteses do inciso II também punem os fatos ocorridos fora do Brasil, mas 
depende das condições previstas no §2.º do art. 7.º do Código Penal. É o que doutrina 
chama de extraterritorialidade condicionada. 
 
Pena cumprida no estrangeiro (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Art. 8º – A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo 
crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Comentário: Conforme o artigo anterior tem crimes que apesar de já terem sidos 
julgados no estrangeiro, serão processados novamente aqui no Brasil. Se tiver nova 
condenação aqui, a pena já cumprida no estrangeiro abaterá na pena daqui. Se forem 
idênticas as penas será abatida do que restar no Brasil. Se forem diversas – aquela 
cumprida no estrangeiro deve atenuar a pena imposta no Brasil. 
 
Eficácia de sentença estrangeira (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
Art. 9º – A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie 
as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I – obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; 
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II – sujeitá-lo a medida de segurança.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único – A homologação depende: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; (Incluído pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja 
autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do 
Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Comentário: Em determinadas hipóteses, o Brasil reconhece os efeitos da sentença 
proferida por outro país. Alguns desses efeitos são incondicionais, já que não 
dependem de qualquer provimento judicial para que se tornem efetivos. O objetivo da 
homologação da sentença é obrigar o condenado à reparação dos danos civis, 
restituições e outros efeitos civis, ou, ainda, quando se pretende sujeitar o condenado à 
imposição de medida de segurança. A homologação do inciso I (reparação de danos 
civis, etc)depende de requerimento da parte interessada e a do inciso II (imposição de 
medida de segurança), impõe a existência de tratado de extradição entre o Brasil e o 
país de origem da sentença ou requisição do Ministro da Justiça. 
 
Contagem de prazo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Art. 10 – O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses 
e os anos pelo calendário comum. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Comentário: Os prazos começam sua contagem no mesmo dia em que os fatos 
aconteceram, independentemente de tratarem-se de dia útil ou feriado, encerrando-se 
também da mesma maneira. 
 
Frações não computáveis da pena (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
Art. 11 – Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, 
as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 
Comentário: As horas, os minutos e os segundos (frações de dias) não são 
considerados para efeito de contagem da pena, ou seja, considera apenas os dias 
descartando o momento do dia que ocorreu. Nas penas de multa, as frações de Reais 
(R$), seus centavos, também não são consideradas. 
 
Legislação especial (Incluída pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Art. 12 – As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei 
especial, se esta não dispuser de modo diverso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Comentário: O Código Penal, no Brasil, não é o único que disciplina condutas 
delituosas. Outras leis (legislação especial: Lei de drogas, Código de Transito Brasileiro 
e etc.) podem descrever crimes e determinar penas. Se não dispuserem de modo diverso 
utiliza o princípio da especialidade, ou seja, se tem uma norma mais específica ela é que 
será aplicada. 
____________________________________________________________________________ 
 
Do Crime 
Relação de Causalidade 
Art. 13. - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a 
quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não 
teria ocorrido. 
Superveniência de causa independiente 
1o - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, 
por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os 
praticou. 
Relevância da omissão 
2o - A omissão é penalmente relevante quando o emitente devia e podia agir para evitar 
o resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
Comentário: O problema da teoria da equivalência dos antecedentes causais é que o 
regresso é infinito, aí surge a teoria da imputação objetiva, que é o freio. Por isso, para 
se saber se determinado aspecto é causa do resultado deve ser utilizado o processo de 
eliminação hipotética de Thyrén. Para chegar as causas efetivamente, deve-se somar a 
Teoria da equivalência dos antecedente causais ao processo da eliminação hipotética, 
que é: no campo mental da cogitação e suposições, o aplicador deve proceder a 
eliminação da conduta do sujeito ativo para concluir pela persistência ou 
desaparecimento do resultado. Persistindo o resultado não é causa, desaparecendo é 
causa. Sem precisar recorrer a análise do dolo ou culpa, limitam o nexo causal objetivo, 
outorgando-lhe um conteúdo jurídico e não meramente naturalístico. A verificação da 
causalidade natural seria apenas uma condição mínima, mas não suficiente para a 
atribuição de um resultado. A teoria da imputação representa um complemento à 
causalidade material, mas em breve ser-lhe-á o sucedâneo (Qualquer coisa que pode 
substituir outra) natural. A teoria da causalidade adequada - a causa é o antecedente não 
a penas im prescindível, mas também o m ais adequado para a produção do resultado . 
Isto significa que não devem ser considerados todos os antecedentes necessários e 
imprescindíveis à produção do resultado, mas aqueles que, além disso, forem úteis, ou 
seja, com probabilidade de produzir em o resultado, segundo uma valoração posterior 
do fato naturalístico. 
Art. 14. - Diz-se o crime: 
Crime consumado 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
Tentativa 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à 
vontadedo agente. 
Pena de Tentativa 
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena 
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. 
Comentário: O crime será consumado quando a conduta do autor se amoldar 
inteiramente ao tipo penal previsto em lei como criminoso. Será tentado quando a 
conduta dele não realizar inteiramente o tipo penal criminoso, sendo frustrada por 
circunstâncias alheias à sua vontade. A vontade do agente é importante na 
caracterização da tentativa, pois, se seu agir foi interrompido por sua própria iniciativa, a 
tentativa não se caracteriza, sendo o caso, então, de desistência voluntária ou de 
arrependimento eficaz. No crime culposo não se cogita a hipótese de tentativa. Para a 
punição da tentativa se considera a extensão da conduta do autor até o momento em 
que foi interrompida. Quanto m ais próxima da consumação, menor deve ser a redução 
(1/3). De outro lado, quanto mais longe a conduta do autor ficou da consumação delitiva, 
maior deve ser a redução da pena (2/3). O Juiz deve fixar a redução dentro desses 
limites, de modo justificado. 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz 
Art. 15. - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede 
que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 
Comentário: Aqui o delito não se realiza pela vontade do próprio autor, em hipóteses 
que se denominam desistência voluntária e arrependimento eficaz. 
A desistência voluntária, prevista na primeira parte do artigo ("... desiste de prosseguir 
na execução..."), ocorre no curso da ação criminosa promovida pelo delinquente. 
O arrependimento eficaz, mencionado na segunda parte do artigo 15 ("... impede que o 
resultado se produza..."), verifica-se em momento posterior aos atos de execução 
perpetrados pelo autor, mas antes de o delito se consumar. 
Nessas situações a desistência do autor não pode ser motivada por embaraços que 
encontrou no curso da ação criminosa, que, pelo impedimento que causariam à 
consumação do crime, fizeram-no desistir da conduta. Nesta situação deve se 
considerar a figura da tentativa, já que foram circunstâncias alheias à sua vontade que 
provocaram a desistência. 
Arrependimento posterior 
Art. 16. - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o 
dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato 
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. 
 
Comentário: Há cinco requisitos para o arrependimento. – Necessário o cumprimento de 
todos os requisitos. 
1. Ser o crime é praticado sem violência ou grave ameaça. Ex.1. Furto (Art.155), 
Estelionato (Art.171). 
2. Reparação do Dano. O que importa é o sentimento pessoal da vítima a reparação. 
3. Voluntariedade. Aquele que não tem coação física. Posso devolver a coisa apenas 
para redução da pena. O CP não exige arrependimento moral e ético. 
4. Ato Próprio. Quem precisa reparar dano é o agente. O importante é a vontade do 
agente em reparar o dano. Tem que partir do agente, não pode ser feito por 
outrem. Salvo em caso em que precise de um representante no exato momento da 
reparação dodano. 
5. Momento. Momento da reparação é até o recebimento da denúncia.Ação penal é 
no momento em que o MP faz a denúncia ao Juiz e começa a ouvir testemunhas e 
analisará as provas. Se o agente restituir até o recebimento da denuncia, ele tem o 
direito (redução de 2/3 a 1/2). 
Como decido se a redução é de 1/3 ou 2/3, por isso vou analisar o motivo, se realmente 
ele se arrependeu moralmente, eticamente, religiosamente. Outra avaliação para a 
redução é o momento da reparação; ele pode devolver um dia depois do fato, um dia 
antes da denúncia ou no ultimo dia da denúncia. Essa será dosimetria. 
Crime impossível 
Art. 17. - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por 
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. 
Comentário: Situações de Crime Impossível: 
 
1. Meio absolutamente ineficaz – Meio, é entendido como forma escolhida para 
prática criminosa; Ineficaz é aquele que não é apto a alcançar o resultado 
pretendido. 
 
Exemplo 1. Não tem como matar alguém com tiros de bala de festim. 
Exemplo.2. Apertar o gatilho de uma arma sem munição, o agente não irá morrer. 
Consequência é que a conduta é considerada atípica. 
(ATENÇÃO AO CASO 3) 
Exemplo.3. Furto a estabelecimento comercial com vigilância. Quando a conduta 
do agente (agente conhecido pelos vigilantes) é sempre monitorada por câmeras e 
vigias, quando o agente sair do supermercado com o produto de furto e for pego 
pelos seguranças, não poderá ser caracterizado crime, segundo a doutrina, pois 
não havia chance do agente sair com o produto de furto do supermercado sem ser 
percebido, tal fato conhecido como: Objeto Absolutamente Improprio-. Quando o 
agente (não conhecido pelos vigilantes) por acaso foi abordado com o produto de 
furto, ele poderia ter consumado o crime e poderá ser caracterizado pela posse 
mansa e pacifica, responde por tentativa, – Objeto Relativamente Impróprio -
diferente do caso anterior, que não responde. 
 
2. Objeto absolutamente impróprio – Objeto é o elemento sobre o qual recai a 
conduta criminosa, ou contra o que se volta à conduta criminosa. Impróprio é 
aquele objeto que não carrega em si o bem jurídico tutelado. *Diferenciar objeto 
Absolutamente improprio e objeto Relativamente impróprio. Conduta é 
considerada atípica 
Exemplo.1. Atirar em um cadáver, não dá para lesionar a vida de quem não tem vida. 
Exemplo.2. Furtar lixo da lixeira de alguém. O lixo não tem valor material. Nos dois 
exemplos acima, é o caso de objeto absolutamente impróprio. 
 
3. Agente provocador, ou flagrante provocado, ou flagrante forjado, ou flagrante 
preparado. – Situação na qual um individuo provoca a prática e um ilícito penal. 
Conduta é considerada atípica 
 
Exemplo.1 O policial descaracterizado pede para que o agente compre drogas 
ilícitas para ele, depois de insistir e de dar mais dinheiro para ele, pelo trabalho de 
buscar a droga ilícita, quando volta é preso em flagrante. Atenção Tem diferença! 
Crime Forjado, é quando um policial implanta droga no carro do agente. 
Art. 18. - Diz-se o crime: 
Crime doloso 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
Crime culposo 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou 
imperícia. 
Parágrafo único. Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato 
previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
 
Comentário: DOLO 
Dolosamente quem pratica a ação consciente e voluntariamente. 
O dolo ele se divide em algumas espécies: 
Dolo direto: quando o evento corresponde à vontade do sujeito ativo, quando o agente 
quer o resultado. 
Dolo indireto: quando, apesar de querer o resultado, a vontade não se manifesta de 
modo único e seguro em direção a ele. 
O dolo indireto subdivide-se em: 
Dolo alternativo: quando o agente quer um dos eventos que sua ação pode causar. 
Exemplo: atirar para matar ou ferir 
Dolo eventual: o sujeito ativo prevê o resultado e, embora não seja este a razão de sua 
conduta, aceita-o. 
 
 
Comentário: CULPA 
 
A culpa pode então ser definida como a voluntária omissão de diligência em calcular as 
consequências possíveis e previsíveis do próprio fato. 
 
A essência da culpa esta toda nela prevista. 
 
Previsibilidade: Há previsibilidade quando o indivíduo, nas circunstâncias em que se 
encontrava, podia ter-se representado como possível a consequência de sua ação.Distingue-se da previsão, porque esta a contém. O previsto é sempre previsível. A 
previsão é o desenvolvimento natural da previsibilidade. 
 
Espécies de Culpa 
 
Culpa consciente: ou com previsão, o sujeito ativo prevê o resultado, porém espera que 
não se efetive. 
 
Culpa inconsciente: ou sem previsão, o sujeito ativo não prevê o resultado, por isso não 
pode esperar que se efetive. 
 
Culpa imprópria: é de evento voluntário. O agente quer o evento, porém sua vontade 
está lastreada por erro de fato vencível ou inescusável. 
 
O Preterdolo: 
No caso em que uma pessoa desfere em outra um soco, com intenção de machuca-la, se 
ela cair e, batendo com a cabeça na guia da calçada, fratura a base do crânio, vindo a 
falecer. Consequentemente, no crime preterdoloso, há dolo no antecedente e culpa no 
consequente. Há dolo porque há má fé do agente passivo. Há culpa porque há 
previsibilidade do efeito mais grave. 
 
 
Agravação pelo resultado 
Art. 19. - Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o 
houver causado ao menos culposamente. 
 
Comentário: EX. Lesão corporal seguida de morte. 
Resultado inicial é lesão corporal e o resultado final a morte. (Começo querendo bater, 
para machucar, mas não quero matar, apenas até desmaiar. A hora que eu acho que 
desmaiou eu paro, e quando da chegada da ambulância se viu que a vítima está morta). 
Resultado Antecedente (inicial) e Resultado Consequente (final). 
 
 
CRIME QUALIFICADO PELO RESULTADO 
Dolo Antecedente + Culpa Consequente à CRIME PRETERDOLOSO. Além do Dolo, ainda 
tem um resultado culposo qualificador. Crime Preterdoloso é espécie. (Lesão Corporal 
seguido de Morte). 
Quando falamos em CULPA, lembrar que o resultado consequente de Culpa, só poderá 
ser imputado ao agente se no mínimo o resultado for previsível (previsibilidade). à 
Lembra-se de Culpa Consciente. 
OBS: Não é possível, pelo art. 19, não pode se punir pelo resultado qualificador da 
responsabilidade penal objetiva. 
Apenas se pune pelo resultado qualificador de responsabilidade penal Subjetiva. 
Exemplo 1. O homem que espancou a mulher por ela ter chegado atrasada em casa, ela 
foi ao hospital, e lá se viu que além das lesões, ela teve um abordo, porém o marido não 
sabia que estava gravida. Ele responde por Dolo no Antecedente e Culpa no 
Consequente. 
Exemplo 2. – Art. 258 – Latrocínio – Roubo é doloso, porém o resultado morte pode ser 
doloso ou culposo. 
Dolo Antecedente + Dolo Consequente à Quando o agente pratica o roubou e por motivo 
qualquer, fútil, mata a vítima. / O Juiz aproxima a pena do máximo. (Art. 157, §3) 
Dolo Antecedente + Culpa Consequente à Quando o agente pratica o roubo e em troca 
de tiros com a Polícia e o policial atinge a vítima do roubo. / O Juiz aproxima a pena do 
mínimo. 
Erro sobre elementos do tipo 
Art. 20. - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas 
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
Discriminantes putativas 
1o - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe 
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena 
quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. 
Erro determinado por terceiro 
2o - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
Erro sobre a pessoa 
3o - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se 
consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa 
contra quem o agente queria praticar o crime. 
 
Comentário: Ocorre quando, numa situação concreta, o autor do fato não acredita na 
existência de algum elemento do tipo que, na verdade, está presente. Caso reste 
verificado o efetivo engano, advindo de imprudência, negligência ou imperícia, afasta-se 
o dolo de sua conduta, remanescendo, contudo, a culpa. 
Neste caso, ele será punido como incurso na prática de crime culposo, caso haja 
previsão legal nesse sentido. 
De outro lado, ainda que não haja expressa menção no caput do artigo 20 do Código 
Penal, tem-se que a absoluta imprevisibilidade do erro é apta para exclui tanto o dolo 
como a culpa. Nesta hipótese, contudo, o erro deve ser reconhecido como inevitável. 
Ex: - TJRGS - VIOLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS. PROVA. RECONHECIMENTO DE 
ERRO DE TIPO. INVIABILIDADE. DESCLASSIFICAÇÃO. LEI DE SOFTWARES. 
ILEGITIMIDADE ATIVA. INOCORRÊNCIA. Réu que expôs à venda DVDs de jogos de 
videogames falsificados, mídias que são abrangidas pela proteção da propriedade 
intelectual de programa de computador, prevista em Lei Especial, assim atraindo 
infração penal própria, que não aquela preconizada no artigo 184, 2º, do Código Penal. 
Hipótese, outrossim, de ação penal pública, tendo em vista a perda de arrecadação 
tributária representada pela conduta, segundo exceção constante do § 3º do artigo 12 da 
Lei 9608, no qual previsto o crime. A existência de outras pessoas perpetrando a mesma 
espécie de infração não traz consigo a descriminalização da conduta prevista em figura 
legal típica. Inviável o reconhecimento do erro de tipo na medida que a falsidade é 
visível a olho nu e que transparece até dos preços por que vendidos. Apelo parcialmente 
provido para desclassificar o delito. (TJRGS - Apelação Crime n.º 70037821550, 4.ª 
Câmara Criminal, rel. Des. Marcelo Bandeira Pereira, j. em 09/09/2010). 
As descriminantes putativas, por sua vez, nascem igualmente de um erro do autor. Em 
face destas, contudo, ele acredita estar diante de uma verdadeira legítima defesa, um 
estado de necessidade, etc., enfim, de uma autêntica descriminante. Mas, na verdade, 
sua percepção dos fatos é equivocada e a descriminante foi apenas imaginada por ele, 
pois, de fato, ela não existe. 
Nestas hipóteses, se as circunstâncias justificavam de modo absoluto o engano do 
autor, estará ele isento de pena. No entanto, tratando-se de erro inescusável, ele 
responderá por crime culposo, se houver previsão de alguma modalidade culposa do 
delito. 
Na hipótese do §2.º do artigo 20 do Código Penal transfere-se a responsabilidade do fato 
ao terceiro que provocou o erro. No entanto, ele só responderá pelo erro se teve 
condições de determiná-lo como tal, de forma dolosa ou culposa. 
A disciplina do §3.º do artigo 20 do Código Penal, por sua vez, estabelece que, na 
hipótese de erro sobre a pessoa ofendida, prevalece, para efeitos penais, as condições 
ou qualidades daquela que o autor pretendia lesar. 
 
Erro sobre a ilicitude do fato 
Art. 21. - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se 
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a 
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou 
atingir essa consciência. 
 
Comentário: O dispositivo em análise destaca já no início que o desconhecimento da lei 
é injustificável. Segue, assim, a regra do art. 3.º da Lei de Introdução às Normas do 
Direito Brasileiro, de que ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a 
conhece. 
O erro aqui previsto não repousa sobre os elementos do tipo penal, presentes na 
situação concreta, e tampouco há equívoco sobre alguma descriminante. O que se 
verifica é uma situação de fato na qual não é possível perceber o caráter ilícito da 
conduta, se tal ausência/impossibilidade de perceber o ilícito é inevitável, o autor ficará 
isento de pena, pois, pelas circunstâncias, ele acreditará que está agindo licitamente. Se 
ela for evitável, contudo, haverá apenasuma diminuição da pena, de 1/6 a 1/3, a critério 
do Juiz. O que a doutrina menciona é que, aqui, fica ausente a culpabilidade do autor, ou 
ela será reduzida. 
Como exemplo de erro de proibição, eis um acórdão do Tribunal de Justiça do Estado 
do Rio Grande do Sul - 
APELAÇÃO-CRIME. ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO 
AUTOMOTOR. ERRO DE PROIBIÇÃO. INOCORRÊNCIA. Como mecânico não é crível que 
o réu não soubesse que a adulteração de sinal identificador de veículo automotor 
necessita de autorização da autoridade competente. Condenação mantida.Erro de 
proibição afastado. Apelo improvido. Unânime. (TJRGS - Apelação Crime n.º 
70040694531, 4.ª Câmara Criminal, rel. Des. Aristides Pedroso de Albuquerque Neto, j. 
em 17/03/2011).) 
No caso, a defesa réu pode ter sustentado que a circunstância da adulteração de sinal 
identificador de veículo automotor não parecia ilícita aos olhos do réu, quiçá pelo seu 
cotidiano manuseio e reparo em veículos. No entanto, tal entendimento não foi acolhido 
pela Câmara Criminal. 
 
Coação irresistível e obediência hierárquica 
Art. 22. - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, 
não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da 
ordem. 
Comentário: Ou seja, a coação, quando irresistível, exclui o crime. Contudo, há que se 
delinear a diferenciação entre a coação moral e a coação física, uma vez que a atuação 
delas dá-se de modo diverso. 
Inicialmente, importa entender o que compõe o crime. 
Segundo a teoria finalista tripartida, o crime é composto pelos seguintes elementos: fato 
típico, ilicitude e culpabilidade. Decorrentemente, a falta de um desses elementos enseja 
a inexistência de crime. 
O fato típico é composto pela conduta, pelo resultado naturalístico, pelo nexo causal e 
pela tipicidade. 
Já o terceiro elemento do crime, a culpabilidade, é composto por: imputabilidade penal; 
potencial consciência da ilicitude da conduta praticada; exigibilidade de conduta 
diversa. 
A conduta, primeiro elemento do fato típico, é composta pela voluntariedade (domínio da 
vontade sobre a ação) e pela consciência da conduta praticada, o que nada mais é que 
“o comportamento humano consciente e voluntário, dirigido a um fim”.[1] 
A coação pode ser irresistível ou resistível. A irresistível divide-se em coação física 
irresistível e coação moral irresistível. 
A coação física irresistível (vis absoluta) dá-se por atrito motor, contato físico. A coação 
moral (vis compulsiva) ocorre em âmbito psicológico. 
A coação moral irresistível vicia a vontade do sujeito, não a elimina, portanto. Vontade 
viciada ainda é vontade, logo, não está excluída a voluntariedade. 
Diante da coação moral irresistível, o sujeito - mantendo o controle da sua vontade 
sobre a ação - pratica a conduta que lhe foi exigida pelo coator, mesmo sem ter o ânimo 
de praticá-la. 
Por exemplo, um sujeito imputável que abre a porta do cofre da empresa que gerencia e 
subtrai os bens ali guardados para atender exigência de sequestrador que mantém sua 
filha em cativeiro sob ameaça de morte possuía voluntariedade (embora não tivesse 
vontade), estava consciente de que abria o cofre de terceiro, subtraindo-lhe bens. 
Presentes a voluntariedade e a consciência, consubstanciada está a conduta. 
A sua conduta provocou um resultado - a subtração dos bens, havendo nexo causal 
entre este e aquela. Presente também a tipicidade, uma vez que o ato de subtrair coisa 
alheia móvel com abuso de confiança está previsto em lei como furto qualificado (art. 
155, § 4º, II, do CP). 
Não havia no tempo da ação praticada qualquer causa que diminuísse ou suprimisse a 
imputabilidade penal do sujeito. Este sabia que subtrair bens de terceiros configurava 
crime (consciência da ilicitude). No entanto, a coação, ao viciar-lhe a vontade, suprimiu 
sua liberdade, não restando, portanto, exigibilidade de conduta diversa. 
Sem a exigibilidade de conduta diversa, não há culpabilidade; sem culpabilidade não há 
crime. 
Já a coação física irresistível elimina a deliberação volitiva, logo, a vontade é totalmente 
suprimida, restando abolida, por consequência, a voluntariedade, elemento da conduta, 
que, por sua vez, é elemento do fato típico. Desse modo, quando a coação irresistível for 
física, exclui-se o crime pela falta de fato típico. 
Concluindo, tanto a coação física irresistível quanto a coação moral irresistível são 
causas de exclusão do crime e, por consequência, da pena. 
No entanto, cada uma opera sob razões distintas. A coação moral elimina a 
culpabilidade; a coação física elimina o fato típico. 
É de se anotar que em ambos os casos o coator responderá pela conduta praticada pelo 
coagido, por ser autor mediato (aquele que pratica crimes por intermédio de terceira 
pessoa inculpável). 
Ressalta-se que o artigo considerou as duas espécies de coação irresistível. Se o 
coagido tivesse condição de resistir incidiria somente uma atenuante penal, a saber, a 
prevista no art. 65, III, c, do CP. 
Exclusão de ilicitude 
Art. 23. - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
Excesso punível 
Parágrafo único. O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo 
excesso doloso ou culposo. 
 
Estado de necessidade 
Art. 24. - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de 
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito 
próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
1o - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o 
perigo. 
2o - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser 
reduzida de um a dois terços. 
Comentário: Características elementares para a configuração do estado d e 
necessidade: 
a) Perigo atual: é o perigo presente, concreto, perceptível sensorialmente, isto é, 
aquele que está acontecendo, embora nã o precise ter atingindo o agente. 
b) Ameaça de direito próprio ou alheio: o termo d ir eito, nesse caso, está aplicado 
em sentido amplo, abrangendo qualquer be m jurídico, a vida, a liberdade, o 
patrimônio; a intervenção necessária poderá ocorrer tanto para salvar o be m 
jurídico próprio quanto de terceiro. 
 
c) Situação não causada voluntariamente pelo sujeito: não existe estado de 
necessidade se o su jeito procurar a situação de perigo; ao contrário, a situação de 
perigo que se lhe apresenta deve ser inevitável. 
 
d) Inexistência do dever legal de evitar ou enfrentar perigo: não existe, da mesma 
forma, o estado de necessidade se o sujeito tem, por força de lei, o dever de 
enfrentar o perigo (ex : não pode o capitão do navio salvar sua vida ás custas da 
vida d e um passageiro). 
 
e) Inevitabilidade da conduta lesiva: diante da probabilidade de dano, o agente não 
tem outro meio d e evitar o perigo ao be m jurídico próprio ou de terceiro a não ser 
praticando o fato necessário. 
 
f) Inexigibilidade de sacrifício do interesse ameaçado: impõe a proporcionalidade 
entre a gravidade do perigo e a gravidade da lesão causada. 
 
g) Conhecimento da situação de fato justificante: o sujeito deve ter conhecimento 
de que age p ara salvar interesse próprio ou de terceiro; a o contrario, o estado de 
necessidade nã o s e justifica 
 
O Estado de Necessidade define uma situação de perigo atual para um bem jurídico em 
que um agente deve lesar o interesse de outrem para afastar este perigo. Por exemplo: 
uma pessoa quefurta um automóvel para transportar uma pessoa urgentemente ferida 
para um hospital. Aqueles que possuem o dever de enfrentar o perigo (como policiais, 
bombeiros, militares, etc) não podem invocar o estado de necessidade para deixar de 
executar suas funções. Por exemplo, um policial que se recusa a perseguir um bandido 
por não querer ser alvejado por armas de fogo. 
 
 
Legítima defesa 
Art. 25. - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios 
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
Quem age em legitima defesa está repelindo agressão, atual ou iminente, a direito s eu 
ou de outrem. Aqui é indispensável utilizar moderadamente d os meios necessários. 
Quando for possível, a legitima defesa deve ser procedida através da utilização do meio 
menos ofensivo. Além disso, deve gozar de inevitabilidade, ou se ja, tem que ser o 
ultimo recurso do agente na busca da preservação do bem jurídico. 
III. Estrito Cumprimento do Dever Legal. Não pratica crime quem faz exatamente o que a 
lei determina. 
Exemplo: Policial que usada força para prender indivíduo que tem mandado de prisão e 
m seu desfavor. 
Exercício regular de Direito: A norma concede um direito a pessoa. Logo não há de se 
responsabilizar alguém que pratico ação ou omissão amparada pela norma. 
Regime Fechado 
O regime fechado é aquele imposto numa determinada prisão onde existe rigorismo 
durante o cumprimento da pena. Os estabelecimentos prisionais que obedecem a esse 
regime são os presídios de segurança máxima, como as penitenciárias, CDP’s e RDD’s, 
onde estão os condenados por crimes gravíssimos. 
 
Regime Semiaberto 
O regime semiaberto é aquele cumprido em Colônias Penais Agrícolas. Tais 
estabelecimentos são locais onde condenados trabalham durante o dia em comum e se 
recolhem durante o período noturno, assim como nos feriados e finais de semana. 
Não existe rigorismo, apesar de existir segurança, a qual não é máxima, havendo até 
possibilidade de fuga do condenado. 
Todavia, no caso do condenado não fazer jus à confiança que o Estado deposita na sua 
pessoa durante o cumprimento de pena, se ele fugir ou tentar fuga ou, ainda, praticar 
alguma falta disciplinar grave, perderá essa regalia legal e será transferido para o regime 
mais grave, que é o fechado. Esse procedimento, durante o cumprimento da pena é 
chamado de regressão prisional. 
Regime Aberto 
O regime aberto é aquele em que o condenado não vai para a prisão, sendo ela 
substituída pela casa do albergado. A Casa do Albergado é uma casa comum onde o 
condenado deve permanecer aos feriados, sábados e domingos, bem como no período 
noturno, saindo para trabalhar no meio social, durante o dia (das 6 as 18h). 
É destinado àqueles que praticam condutas brandas. Pode também ser o condenado 
transferido para regime mais rigoroso, que pode ser o semiaberto ou fechado, no caso 
de cometimento de outro crime ou qualquer falta disciplinar grave. Neste caso, é 
possível a transferência direta do regime aberto para o fechado, não havendo 
necessidade de se passar primeiro pelo regime semiaberto. 
Observação .: Nos casos previstos em lei, o juiz pode decretar a pena em regime 
fechado, semiaberto ou aberto sem ter que justificar o porquê. Mas, na maioria dos 
casos, terá que justificar sua decisão baseados em fatos do processo. 
Da Imputabilidade Penal 
 
Imputabilidade 
É o conjunto de condições ( pessoas ) que dão ao agente capacidade para lhe ser 
juridicamente imputadas a prática de um fato punível. 
Encontrado no artigo 26, Caput, do código penal, visa tratar dos inimputáveis. 
Imputável é o sujeito mentalmente são e desenvolvido, Capaz de entender o caráter lícito 
do fato e determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Em princípio todos são imputáveis, exceto aqueles abrangidos pelas hipóteses de 
inimputabilidade enumeradas na lei que estas são as seguintes: 
 
Pode ser a inimputabilidade absoluta ou relativa 
Se absoluta, Significa que não importa as circunstâncias, o indivíduo definido como 
inimputável não poderá ser penalmente responsabilizado pelos seus atos. 
Se relativa, Indica que o sujeito pertencente a certas categorias definidas em lei poderá 
ou não ser penalmente responsabilizado por seus atos, dependendo da análise 
individual de cada caso na justiça, segundo a avaliação da capacidade do acusado, as 
circunstâncias atenuantes ou agravantes, as peculiaridades do caso e as provas 
existentes. 
A imputabilidade possui dois elementos: 
- intelectivo (capacidade de entender); 
- volitivo (capacidade de querer). Faltando um desses elementos, o agente não será 
imputável. 
 
Critérios par a a definição d a inimputabilidade: 
- Biológico: leva e m conta apenas o desenvolvimento mental do acusado (quer em face 
de problemas mentais ou da idade do agente). 
- Psicológico: considera apenas s e o agente, ao temp o da ação ou omissão, tinha a 
capacidade de entendimento e autodeterminação. 
- Biopsicológico: considera inimputável aquele que, em razão de sua condição mental 
( causa), era, ao temp o da ação ou omissão, totalmente incapaz de entender o caráter 
ilícito do fato e de determinar-se de acordo com tal entendimento (consequência). 
Distúrbios Mentais 
- Doença mental: É a perturbação mental d e qualquer ordem (exemplos: p s ic os e, 
esquizofrenia, paranoia, epilepsia e tc.). A dependência patológica de substância 
psicotrópica configura doença mental. 
- Desenvolvimento mental incompleto: É o desenvolvimento que a inda nã o se concluiu. 
É o caso d o menor de 18 anos e do silvícola inadaptado à sociedade. 
- Desenvolvimento mental retardado: É o caso dos oligofrênicos, que s e classificam em 
débeis mentais , imbecis e idiotas, dotados de reduzidíssima capacidade mental, e d os 
surdos -mudos que, em consequência da anomalia, não têm qualquer capacidade de 
entendimento e de autodeterminação. Adotou-se, quanto aos doentes mentais, o critério 
biopsicológico. 
Inimputáveis 
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Redução de pena 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude 
de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 
Menores de dezoito anos 
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos 
às normas estabelecidas na legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 
Emoção e paixão 
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Embriaguez 
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso 
fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, 
proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou daomissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de 
acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
 
Das Espécies De Pena 
 
Conceito 
As penas no direito penal são punições definidas pelo legislador e normatizadas na 
parte especial do Código Penal. É necessário que haja a regulamentação para que a 
convivência em sociedade não ultrapasse os direitos e os limites dos cidadãos. 
Tem a finalidade de corrigir, de remediar o comportamento social. Dessa forma, a lei 
sem punição se torna ineficaz, sendo necessário que a lei estabeleça uma forma de 
punição para cada ato ilícito que possa ser praticado. 
 
De caráter preventivo, serve de exemplo para que outros não realizem aquele 
comportamento. São específicas ao tipo que se refere à lei e não pode ser aplicada, por 
exemplo, a pena de estelionato a quem pratica um roubo. 
 
O Código Penal não possui todas as condutas ilícitas nele inseridas, por isso são 
criadas leis que se fazem valer do código para aplicação de suas penas. 
 
A imposição da perda ou diminuição de um bem jurídico, tem previsão legal e sua 
aplicação é determinada pelo poder judiciário. 
A sanção penal tem finalidade, retributiva (imposição de privação da liberdade), 
preventiva (visa evitar a prática de crime) e ressocializadora (objetiva a readaptação 
social). 
Dessa forma, pelo conceito de pena delineado deve se concluir que a lei, sem punição 
se tornaria ineficaz, sendo imprescindível que se estabeleçam punições para os atos 
ilícitos praticados. 
As penas são específicas a tipificação penal, ou seja, a lei determina a cada tipo penal a 
sanção a ser aplicada. 
As penas em espécies se encontram regradas em nosso Código Penal e assim são 
consideradas: 
Artigo 32 - As penas são: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - privativas de liberdade; 
II - restritivas de direitos; 
III - de multa. 
 
Penas Privativas de Liberdade 
A pena privativa de liberdade fazendo uma analogia ao próprio nome, deve ser 
considerada como limitadora da liberdade de ir e vir daquele que comete um ilícito 
penal. 
A referida pena deve ser cumprida em tese nos estabelecimentos prisionais (cadeias, 
penitenciárias de uma formar geral). 
As penas privativas de liberdade estão previstas, para os crimes ou delitos e são as de 
reclusão e detenção. Cumpre salientar que a lei das contravencoes penais também 
prevê pena privativa de liberdade que é a de prisão simples. 
As penas privativas de liberdade se dividem em: 
Artigo 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou 
aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de 
transferência a regime fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). (grifo 
nosso). 
Lei de Contravenção Penal: 
Decreto-Lei 3.688 de 03 de outubro de 1941: 
Artigo 5º- As penas principais são: 
I – prisão simples. 
II – multa. 
 
Penas Restritivas De Direito 
As penas restritivas de direitos são as sanções penais impostas em substituição à pena 
privativa de liberdade e consistente na supressão ou diminuição de um ou mais direitos 
do condenado. Trata-se de espécie de pena alternativa. Irá ser aplicado aos crimes com 
menores grau de responsabilidade, com penas mais brandas. 
 
Artigo 43. As penas restritivas de direitos são: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) 
I - prestação pecuniária; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) 
II - perda de bens e valores; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) 
III - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; (Incluído pela Lei nº 
9.714, de 25.11.1998) 
V - interdição temporária de direitos; (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) 
VI - limitação de fim de semana. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 25.11.1998) 
 
Pena de multa 
Pena de Multa ou pecuniária é a terceira das três espécies de sanções prevista no 
Código Penal, e consiste na imposição ao condenado da obrigação de pagar ao fundo 
penitenciário determinada quantia em dinheiro, calculada na forma de dias-multa. Ela 
atinge, o patrimônio de condenado. 
Artigo 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia 
fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no 
máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo 
do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) 
vezes esse salário.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção 
monetária. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
 
Infração Penal; Elementos 
 
Infração Penal 
Infração Penal é toda conduta previamente tipificada pela legislação como ilícita, 
imbuída de culpabilidade, isto é, praticada pelo agente com dolo ou, ao menos, culpa 
quando a Lei assim prever tal possibilidade. O Estado tem o poder/dever de proibir e 
impor uma sanção a quem a praticar. 
 
Elementos da infração penal 
Qualquer infração penal possui os seguintes elementos: 
 
Tipicidade: o fato (evento) deve ser enquadrado plenamente no tipo (modelo) descrito na 
legislação penal. 
 
Ilicitude: isto é, o fato (evento) deve ser contra o Direito. Por vezes, mesmo que uma 
pessoa cometa uma conduta típica, há na lei exceções permissivas para sua conduta, de 
modo que não há ilicitude da ação. Por exemplo: matar alguém como legítima defesa 
estrita, a lei considera que a conduta não é ilícita. 
As causas de exclusão de ilicitude são previstas no Artigo 23 do Código Penal onde está 
escrito: 
 
“Art. 23 – Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I – em estado de necessidade; 
II – em legítima defesa; 
III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.” 
 
Culpabilidade: isto é, o fato (evento) deve ter sido praticado pelo agente ativo com 
intenção reprovável. 
 
Punibilidade: dispõe sobre a possibilidade jurídica de o Estado impor a sanção ao 
responsável pela infração penal. 
 
Assim, praticada a infração penal, nasce a punibilidade. Contudo, é importante destacar 
que esta possibilidade do Estado não é eterna, daí porque existem causas que 
extinguem a punibilidade, o direito de punir estatal (jus puniendi). 
 
São causas de extinção da punibilidade: morte do agente; anistia, graça ou indulto; 
abolitio criminis (lei deixa de considerar fato como criminoso); prescrição, decadência 
ou perempção; renúncia do direito de queixa; perdão do ofendido; retratação do agente 
e perdão judicial. 
 
Espécies de infração penal 
A legislação brasileira define duas espécies de infração pena: crime (ou delito) e 
contravenção. 
 
Crime: infração de maior potencial ofensivo, punida com pena de reclusão ou detenção, 
podendo incluir multa cumulativa ou alternativa. Crimes e tentativas de crimes são 
punidos (Código Penal Art. 14, II). 
 
Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à 
vontade do agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Salvo disposiçãoem contrário, pune-se a tentativa com a pena 
correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços (Incluído pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Contravenção: infração de menor potencial ofensivo, punida com prisão simples ou 
multa. A tentativa de contravenção, em geral, não é punida. 
 
Desta forma, infração penal não é sinônimo de crime. 
 
Os principais tipos de crime são: 
Crime comum: é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa. 
 
Crime próprio: é aquele que exige que o agente a cometê-lo possua condição especial 
que permita cometer o crime. Por exemplo, o Código Penal nos Art. 312 a 327 define os 
crimes praticados por funcionários públicos contra a Administração, o que exige que o 
sujeito ativo seja funcionário público. 
 
Peculato 
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem 
móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em 
proveito próprio ou alheio: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
§ 1.º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do 
dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito 
próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de 
funcionário. 
 
Peculato culposo 
§ 2.º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
§ 3.º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença 
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. 
 
Peculato mediante erro de outrem 
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, 
recebeu por erro de outrem: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Inserção de dados falsos em sistema de informações 
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, 
alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos 
de dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou 
para outrem ou para causar dano: ) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
 
Modificação ou alteração não autorizada de sistema de informações 
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de 
informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. As penas são aumentadas de um terço até a metade se da modificação 
ou alteração resulta dano para a Administração Pública ou para o administrado. 
 
Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento 
Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão 
do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não constitui crime mais grave. 
 
Emprego irregular de verbas ou rendas públicas 
Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
 
 
 
Concussão 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da 
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
 
Excesso de exação 
§ 1.º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber 
indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei 
não autoriza: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 
 
§ 2.º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu 
indevidamente para recolher aos cofres públicos: 
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. 
 
Corrupção passiva 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que 
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar 
promessa de tal vantagem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
§ 1.º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, 
o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo 
dever funcional. 
§ 2.º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de 
dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
Facilitação de contrabando ou descaminho 
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou 
descaminho (art. 334): 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n.º 8.137, de 
27.12.1990) 
 
Prevaricação 
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo 
contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever 
de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a 
comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei n.º 
11.466, de 2007). 
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
 
 
Condescendência criminosa 
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que 
cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o 
fato ao conhecimento da autoridade competente: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
Advocacia administrativa 
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração 
pública, valendo-se da qualidade de funcionário: 
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
 
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. 
 
Violência arbitrária 
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência. 
 
Abandono de função 
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
§ 1.º - Se do fato resulta prejuízo público: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
§ 2.º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: 
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 
 
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado 
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, 
ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi 
exonerado, removido, substituído ou suspenso: 
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 
 
Violação de sigilo funcional 
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em 
segredo, ou facilitar-lhe a revelação: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais 
grave. 
§ 1.º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: 
I - permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou 
qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações 
ou banco de dados da Administração Pública; 
II - se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 
§ 2.º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
Violação do sigilo de proposta

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