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FICHAMENTO TEORIA PSICANALITICA

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PÓS - GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL
Fichamento de Artigo
Thaís Fernanda Fuzaro
Trabalho da disciplina Teoria Psicanalítica
 Tutor: Profª Ana Lucia Ribeiro
Matão/SP
2019
Artigo do Fichamento 
“Quando o vínculo é doença: A influência da dinâmica familiar na modalidade de aprendizagem do sujeito.” 
 
I. Referência Bibliográfica 
Almeida, Ana Paula Decnop de Almeida. Quando o vínculo é doença: A influência da dinâmica familiar na modalidade de aprendizagem do sujeito. Minas Gerais. 2011. 
 
 
II. Resumo 
Este artigo tem como objetivo evidenciar o vínculo que o sujeito tem com seu grupo familiar e como isso influencia consideravelmente em seu desenvolvimento de aprendizagem e formação. Esse tema foi baseado na Epistemologia Convergente (Jorge Visca), que de forma conjunta e dinâmica trabalha o cognitivo, o afeto e social do individuo e é composta por três linhas da psicologia, sendo elas: Escola de Genética (Psicogenética de Piaget), Escola Psicanalítica (Freud) e Psicologia Social (Enrique Pichon-Riviére).
Quando falamos da inteligência, na visão da Epistemologia Convergente, acredita-se que é o resultado das interações das pré-construções do sujeito ao seu meio social. A criança ao nascer é indiferente a si própria, mas durante seu crescimento vai se desenvolvendo a partir de suas interações com o meio e experiências. O primeiro contato que o sujeito tem com interações é dentro de casa, enquanto bebê depende-se totalmente dos pais, mas quando não há frustação por parte do individuo não existe a percepção do outro. Por isso é de extrema importância as ações dos pais na independência de seus filhos, pois a família é a matriz que os forma para o papel de adulto, ou seja, seu filho se espelhará em você para ações futuras enquanto adulto.
O artigo lido nos mostra duas perspectivas sobra os vínculos; histórica e a-histórica. A primeira destaca a gênese e evolução das relações vinculares, já a segunda perspectiva através de um corte transversal em relação aos interesses no presente. 
A Psicologia Social traz como importante, para a análise da aprendizagem do sujeito, o vínculo­patológico ou saudável­estabelecido com os grupos sociais nos quais convive. Uma estrutura dinâmica em contínuo movimento, constituído pela totalidade da pessoa, é chamado de vínculo. O estudo psicossocial, sociodinâmico e institucional coleta uma série de informações que são dados sobre o paciente e permite detectar as causas que provocaram a ruptura do equilíbrio psicológico ou do não­aprender. (Almeida, p.2)
Na Psicanálise é possível investigar o psíquico do sujeito para descobrir o que leva alguém a gostar de aprender. As primeiras relações psicossociais que o individuo tem não vem da escola, mas sim de seus pais e/ou familiares que convivem com ele e essas interações tem influencia em sua aprendizagem e desempenho escolar. A família não é necessária o pai ou a mãe, mas sim pessoas que estão ligadas ao um vínculo. Mas temos ainda, os aspectos hereditários que podem influenciar na personalidade e também no modo de aprender do sujeito. As condições psíquicas, para o aprender, tem relações direta com seu desenvolvimento dos primeiros vínculos afetivos e com o próprio desenvolvimento de personalidade. 
Se pensarmos em família como um sistema, temos que a função psicossocial dela é proteger seus membros e ajuda-los na adaptação cultural em que vivem. Cada uma, cria sua identidade e ideologia, forma de agir, crenças e também histórias. A estrutura de família é a partir de normas transacionais, ou seja, a base de todas é convencional, porém o modo como se desenvolvem como família e como se comunicam é o que diferencia e a torna única.
O vínculo possui dois campos psicológicos e os quais se comunicam e são complementarem, são eles o interno e o externo. O vínculo interno começa sendo objeto de estudo da psicanalise e da psicologia; fruto de uma percepção subjetiva, esse tipo de vínculo está ligado ao aspecto externo e visível do sujeito. Quando falamos do vínculo externo, queremos dizer que é o resultado da observação do comportamento que também é gerado por um vinculo interno, esse vínculo é estável e visível.
Ainda sobre os tipos de vínculos. As relações entre as pessoas podem ser definidas por três: depência, modelo intergeracional entre pais e filhos. Outro vínculo é o da modalidade e mutualidade, que se caracteriza por um modelo intersexual, entre casal e fraterno. Além de um vínculo de competição ou rivalidade intergeracional, sexual ou fraterno. Segundo o autor de “A psicopatia do vínculo”, Bohoslavsky, aprendemos esses três vínculos no seio familiar, já que ela é o “primeiro contexto socializante”.
Para definirmos o que é vínculo normal relacionamos a um objeto que seja diferenciado e não diferenciado. Se existir alteração no vínculo este poderá ser chamado de patológico. 
Na análise de uma família são considerados três níveis simultaneamente: o nível individual, centrando-se no paciente, com sua particular inter-relação organismo­corpo­ inteligência­ desejo; o nível vincular, focalizado na modalidade de circulação do conhecimento e da informação entre os membros da família e o nível dinâmico, aquele que é destinado a esclarecer o sistema de papéis necessários para o funcionamento estrutura familiar e os modelos de interação possíveis. Além de analisar a família em três níveis também pode ser classificada em diferentes tipos: família suficiente sadia, família simbótica, família dissociada, família narcisista, família com perda de limites, família depressiva, entre outras.
Podem ser vistas ainda, outros tipos de família como, por exemplo, obessessiva, aonde acontecem cobranças excessivas e controle exagerado, paranoide em que a desconfiança é sua marca e também a hipocondríaca, cultua doenças, exames, médicos e abusa dos medicamentos, dentre outras.
	Há também família que não sabem viver em harmonia, não conseguem viver com as diferenças, afastando-se de quem “ameaça” sua união. Nesse momento o psicopedagogo tende a provocar uma reflexão e trazer uma resposta do grupo, mostrando que a diferença complementa e não divide ou diminui. 
E expressão “normal” refere-se ao que é padrão, forma funcional e um paradigma a ser seguido. Para a Patologia tal expressão é sinônimo de saudável, quem goza de saúde. Porém não se pode apenas pautar a diferenças entre “normal” e patológico na doença, mas existem aspectos abstratos envolvidos que devem ser considerados. Mas aquilo que hoje é normal em uma determinada época não será mais. Temos que examinar o contexto do sujeito, sua parte afetiva, social, seu meio e sua formação e como o individuo considera a doença em relação a si.
Os critérios para diferenciar o normal do patológico são: subjetivo (consciência da dor); estatístico (diagnósticos de deficiência mental e psicosensorial); normativo (aspectos sociais); sofrimento e o anormal (estado de sofrimento do sujeito que interfere no seu meio); adaptadilidade (capacidade de se adaptar a ambiente e situações); exercício da liberdade (defesa do ajuste da visão do mundo do sujeito).
Todos nós temos um molde característico de aprendizagem e o trabalho da psicopedagogia estuda essas modalidades e busca a melhor forma para trabalhar-las. Os grupos seguintes, são os que dificultam a aprendizagem: hipoassimilação-hipoacomodação, é o déficit lúdico; hiperassimilação-hipoacomodação, se trata da internalização prematura dos esquemas, por causa do excesso de conteúdos a serem estudados. Quando falamos de hipoassimilação-hipoacomodação estamos expressando o incentivo de uma imitação excessiva, sem experiência, e por último a alternância variável entre assimilação-acomodação que é quando o sujeito aprende de maneira saudável. Assimilação e acomodação são termos na teoria de Piaget (genético-cognitiva).
Aaprendizagem estende do ambiente familiar para a escola, e sua composição e influência das relações vivenciadas, e em muitos casos quando a criança tem alguma modalidade de que dificulta a aprendizagem a família reage com uma serie de sentimentos, confusão, desapontamento, tristeza, frustração, critica dentre outros. Logo, as ferramentas para promover o olhar da família na saúde, o potencial do sujeito em questão, é não enfatizar suas dificuldades, deve ser pautada de forma que mostre as diferenças com respeito e que ainda há maneiras de aprendizagem.
III. Citações
“A família é o grupo primário do qual o indivíduo participa. Sua dinâmica impõe determinados tipos de vínculos particulares, vínculos esses que irão interferir na formação da identidade do sujeito [...]” (p.202)
“A inteligência é vista pela Epistemologia Genética como o resultado de uma construção e da interação das pré­condições do sujeito às circunstâncias do meio social e entende que a criança ao nascer se encontra em um estado de adualismo, ou seja, indiscriminação de si mesma e do mundo que a rodeia, a partir do qual vai construindo futuramente níveis sucessivos ou etapas de desenvolvimento.” (p.202)
“A Psicanálise vem investigar determinantes psíquicos que levam alguém a ser um desejante de saber e mostra que os educadores, investidos da relação afetiva primitivamente dirigida ao pai, se beneficiarão da influência que este último exerce sobre a criança.” (p.202)
“A frustração é que permite tomar contato com o senso de realidade e começar a perceber que existe o outro.” (p.203)
“A família, como sistema, assume a função psicossocial de proteger seus membros e de favorecer a adaptação à cultura existente.” (p.203)
“Vínculo “é um conceito instrumental em Psicologia Social que assume determinada estrutura e que é manejável operacionalmente”a. Ele é sempre social, mesmo sendo com uma só pessoa; por meio da relação com este sujeito, repete­se uma história de vínculos determinados em um tempo e em espaços próprios”. (p.204)
“O que se pode considerar é que existem características que geralmente dizem respeito a famílias com pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem, entre estas características está aquela em que a família não sabe lidar com as diferenças e as vê como aspecto destruidor da sua harmonia.” (p.205)
“Em seu sentido mais extenso, a expressão normal se refere a padrão, regra de funcionamento, sendo um paradigma que serve de modelo e guia. Em patologia, a palavra normal é melhor traduzida por higidez (de higéia­ deusa da mitologia grega que protege a saúde), porque normal é sinônimo de saudável, próprio àquele que goza saúde.” (p.206)
“É importante destacar o caráter relativo implícito na diferenciação entre o que é normal e patológico: que é normal em uma pessoa numa certa época de sua vida pode ser anormal noutra.” (p.206)
“Cada um de nós tem uma modalidade de aprendizagem particular, uma forma pessoal para aproximar­se do conhecimento e conformar seu saber. Ela é construída desde o nascimento num processo contínuo de conhecer­desconhecer.” (p.208)
“A condição essencial para que o sujeito adquira novos conhecimentos é o desejo de aprender.” (p.208)
“Existe uma expectativa da família para com aquele que aprende. Essa expectativa interfere diretamente na aprendizagem[...]” (p.208)
“A forma como a pessoa se relaciona com a aprendizagem não é fixa, ou seja, pode mudar ao longo da vida. Entretanto, quando isso não ocorre surgem grupos de modalidades (organizações) que perturbam o aprender” (p.209)
“Vale lembrar que a escola é uma extensão da sua casa, no sentido de que as relações tenderão a ser reproduzidas e projetadas na figura do professor, que naquele papel representa a autoridade.” (p.211)
“A escola estabelece uma relação que pode ser vista como uma continuidade dos vínculos familiares, quando se diz, por exemplo, que no ensino a professora é a segunda mãe.” (p.212)
IV. Comentários
O artigo nos mostra que os problemas de aprendizagem não estão individuo de forma particular, mas é preciso se atentar ao cognitivo e social do sujeito.
O texto também traz uma ótima reflexão sobre o psicossocial da aprendizagem e deixa claro que ele não começa na escola mas sim, com suas primeiras interações sociais, a família.
Esse grupo social o qual é o primeiro contato que temos, é o principal e os primeiros ensinantes são os pais, ou os responsáveis, ou seja, esse grupo tem papel fundamental na formação do sujeito. O modo de aprender se apresenta a partir dos vínculos estabelecidos. O psicopedagogo tem a função de compreender essa dinâmica familiar.
A psicopedagogia não pode deixar de investigar a história do individuo e também de sua família e hereditariedade, precisa ser analisada integralmente então a família passa a ser o foco dessa investigação. 
No texto também podemos entender a diferença entre o normal e o patológico mostrando a dificuldade para o psicopedagogo em conseguir diferenciar os dois conceitos com relação aos vínculos familiares. 
Os vínculos também foram citados nos texto e como eles interferem na formação psicossocial do sujeito e quais são os tipos de vínculos que temos.
Esse artigo nos fala sobre as dificuldades e aprendizagem e como elas podem expressar o meio familiar que o sujeito vive. O presente artigo é uma tentativa de elucidar ate onde a família influencia na aprendizagem do individuo.
V. Ideação
Em outro tempo quando uma criança tinha dificuldade na escola atribuía a ela a responsabilidade total e também em muitos casos acreditava-se que era falta de esforço ou então competência. Hoje, através de estudos, sabemos que essas dificuldades não são de total responsabilidade do aluno, entendemos que fatores inesperados podem influenciar a vida escolar do sujeito. 
Com tais estudos forma-se então a Psicopedagogia que tem intuito de auxiliar esses indivíduos e trabalhar suas dificuldades para melhor sua aprendizagem.

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