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DIREITO PENAL 1 LESÕES CORPORAIS - ARTIGO 129 DO CÓDIGO PENAL Prof. Jesus Romão - Ano :- 2018 • LESÃO CORPORAL 2 • Lesão corporal • Art. 129. • Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: • Pena – detenção, de três meses 3 • Lesão corporal é a ofensa humana direcionada à integridade corporal ou à saúde de outra pessoa. • É prescindıv́el a produção de dores ou a irradiação de sangue do organismo do ofendido. A dor, por si só, não caracteriza lesão corporal. • Não é necessário seja a vıt́ima portadora de saúde perfeita. • São exemplos de ofensa à integridade fıśica as fraturas, fissuras, escoriações, queimaduras e luxações, a equimose e o hematoma. • O corte de cabelo ou da barba sem autorização da vıt́ima pode configurar, dependendo da motivação do agente, lesão corporal ou injúria real, se presente a intenção de humilhar a vıt́ima. • A pluralidade de lesões contra a mesma vıt́ima e no mesmo contexto temporal caracteriza crime único. 4 • Núcleo do tipo: • Verbo “ofender” – prejudicar alguém no tocante à sua integridade corporal ou à sua saúde • Pode ser praticado por ação e, excepcionalmente, por omissão, quando presente o dever de agir para evitar o resultado (art. 13, § 2o, do CP). • Admite qualquer meio de execução (crime de forma livre). Sujeito ativo: Qualquer pessoa (crime comum). Se o agente for autoridade pública e praticar o delito no exercício das suas funções, responderá também por abuso de autoridade (Lei 4.898/1965, art. 3o, i) 5 • Sujeito passivo: Qualquer pessoa. • Em alguns casos o tipo penal exige uma situação diferenciada em relação à vıt́ima – na lesão corporal grave ou gravıśsima a vıt́ima deve ser mulher grávida (para possibilitar a aceleração do parto ou o aborto – CP, art. 129, § 1o, IV, e § 2o, V); • na lesão qualificada pela violência doméstica a vıt́ima precisa ser ascendente, descendente, irmã, cônjuge ou companheira do agressor. 6 • Consumaçaõ: • Consuma-se com a efetiva lesão à integridade corporal ou à saúde da vıt́ima (crime de dano). • Tentativa: É possıv́el nas modalidades dolosas. • Incabıv́el na lesão culposa e na lesão corporal seguida de morte • A tentativa de lesão corporal não se confunde com a contravenção penal de vias de fato (Decreto-lei 3.688/1941, art. 21), em que a vontade do agente limita-se a agredir o ofendido, sem lesioná-lo. 7 • Açaõ Penal: • Na lesão corporal dolosa de natureza leve e na lesão corporal culposa a ação penal pública é condicionada à representação do ofendido (Lei 9.099/1995, art. 88). • As demais espécies de lesões corporais dolosas são crimes de ação penal pública incondicionada. 8 • Lei 9.099/1995: • A lesão leve e a lesão culposa são infrações penais de menor potencial ofensivo. • Admitem transação penal e seu processo e julgamento seguem o rito sumarıśsimo (arts. 77 e seguintes da Lei 9.099/1995). • As hipóteses do § 1o do art. 129 autorizam a suspensão condicional do processo (art. 89). • A lesão corporal gravıśsima e a lesão corporal seguida de morte são incompatıv́eis com as disposições da Lei 9.099/1995. 9 • Princıṕio da insignificância ou criminalidade de bagatela: • • É possıv́el sua incidência na lesão corporal dolosa de natureza leve e na lesão corporal culposa (CP, art. 129, caput, e § 6o), quando a conduta acarreta em ofensa ıńfima à integridade corporal ou à saúde da pessoa humana, acarretando na atipicidade do fato. •␣ Autolesaõ: • Não se pune a autolesão (princıṕio da alteridade), salvo se caracterizar crime autônomo como a fraude para recebimento do valor de seguro (art. 171, § 2o, V, do CP) • ou a criação ou simulação de incapacidade fıśica (art. 184 do CPM – Decreto-lei 1.001/1969). 10 • Lesão corporal leve ou simples (art. 129, caput): • toda e qualquer lesão corporal dolosa que não seja grave, gravıśsima ou praticada com violência doméstica e familiar contra a mulher. • A prova da materialidade é feita com o exame de corpo de delito. • Para o oferecimento da denúncia é suficiente o boletim médico ou prova equivalente (art. 77, § 1o, Lei 9.099/1995). • Para a condenação exige-se a perıćia, sob pena de nulidade (CPP, art. 564, III, b). • Se os vestıǵios houverem desaparecido será aceito o exame de corpo de delito indireto (CPP, art. 167). 11 • Lesão corporal de natureza grave (art. 129, § 1o): • Trata-se de figura qualificada. A lesão corporal é considerada grave se dela resultar: • a) Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias (I) – • ocupação habitual é qualquer atividade, fıśica ou mental, do cotidiano da vıt́ima. • Não precisa ser lucrativa. • E irrelevante a idade do ofendido. A atividade deve ser lıćita, sendo indiferente se moral ou imoral. • Subsiste a qualificadora quando a vıt́ima pode com sacrifıćio retornar às suas ocupações habituais. • Não incidirá a qualificadora na hipótese em que a vıt́ima puder desempenhar regularmente suas ocupações habituais, embora não o faça por vergonha. 12 • A incapacitação é objetiva, e não subjetiva. • Cuida-se de crime a prazo, pois somente se verifica depois do decurso do prazo estabelecido em lei. • São exigidos dois exames periciais: um inicial, realizado logo após o crime, para constatar a existência das lesões, e um complementar, efetuado após 30 dias, contados da data do crime, para comprovar a duração da incapacidade das ocupações habituais em razão dos ferimentos provocados pela conduta criminosa. • O exame complementar pode ser suprido por prova testemunhal (art. 168, § 3o, CPP); 13 • b) Perigo de vida (II) – • possibilidade grave, concreta e imediata de a vıt́ima morrer em consequência das lesões sofridas. • Trata-se de perigo concreto, comprovado por perıćia médica, que poderá ser substituıd́a por prova testemunhal quando os depoimentos emanarem de especialistas; 14 • c) Debilidade permanente de membro, sentido ou funçaõ (III) – • debilidade é a diminuição ou o enfraquecimento da capacidade funcional. Há de ser permanente (duradoura e de recuperação incerta). • Não se exige perpetuidade. • Membros são os braços, pernas, mãos e pés. • Os dedos integram os membros, e a perda ou a diminuição funcional de um ou mais dedos acarreta na debilidade permanente das mãos ou dos pés. Sentidos são: visão, audição, tato, olfato e paladar. • Função é a atividade inerente a um órgão ou aparelho do corpo humano. • 15 • Na hipótese de órgãos duplos a perda de um deles caracteriza lesão grave pela debilidade permanente e a perda de ambos configura lesão gravıśsima pela perda ou inutilização. • A perda de um ou mais dentes pode ou não caracterizar lesão corporal grave, dependendo da comprovação pericial acerca da debilidade ou não da função mastigatória, e, indiretamente, também da função digestiva. • A recuperação do membro, sentido ou função por meio cirúrgico ou ortopédico não acarreta a exclusão da qualificadora, pois a vıt́ima não é obrigada a submeter-se a tais procedimentos;" 16 • D) Aceleraçaõ de parto (IV) – • é a antecipação do parto (parto prematuro) em decorrência da lesão corporal produzida na gestante. • A criança nasce viva e continua a viver. • Exige-se o conhecimento da gravidez da vıt́ima. • Se o agente a ignorava, responderá por lesão corporal leve, afastando-se a responsabilidade penalobjetiva. • Se o feto for expulso morto do ventre materno o crime será de lesão corporal gravıśsima em razão do aborto. • Se a criança nascer viva, mas falecer logo em seguida ao nascimento, haverá lesão corporal gravıśsima em razão do aborto. 17 • Lesões corporais gravıśsimas (art. 129, § 2o): • É a segunda forma qualificada prevista no artigo. • A lesão corporal é considerada gravıśsima se dela resultar: • a) Incapacidade permanente para o trabalho (I) – • é toda e qualquer incapacidade longa e duradoura, que não permita fixar seu limite temporal. • Relaciona-se com a atividade remunerada exercida pela vıt́ima, que resta prejudicada em seu aspecto financeiro em razão da conduta criminosa. • Trata-se de incapacidade genérica para o trabalho (a vıt́ima fica impossibilitada de exercer qualquer tipo de atividade laborativa), bastando seja parcial ou relativa 18 • b) Enfermidade incurável (II) – • alteração prejudicial da saúde por processo patológico, fıśico ou psıq́uico, que não pode ser eficazmente combatida com os recursos da medicina à época do crime. • Deve ser provada por exame pericial. • Também é considerada incurável a enfermidade que somente pode ser enfrentada por procedimento cirúrgico complexo ou mediante tratamentos experimentais ou penosos, pois a vıt́ima não pode ser obrigada a enfrentar tais situações. • Não se aplica a qualificadora se houver tratamento ou cirurgia simples para solucionar o problema e a vıt́ima se recusar injustificadamente a adotá-lo. • Não se admite revisão criminal se, posteriormente à condenação definitiva por esse crime, surge na medicina um meio eficaz para curar a enfermidade; 19 • c) Perda ou inutilizaçaõ de membro, sentido ou funçaõ (III) – • Perda é a destruição ou privação de membro, sentido ou função. • Pode concretizar-se por mutilação (eliminação direta pela conduta criminosa) ou por amputação (resulta da intervenção médico-cirúrgica realizada pela necessidade de salvar a vida do ofendido ou impedir consequências ainda mais danosas). • Inutilização, por sua vez, é a falta de aptidão do órgão para desempenhar sua função especıf́ica. • O membro ou órgão continua ligado ao corpo da vıt́ima, mas incapacitado para de- sempenhar as atividades que lhe são inerentes. • A perda de parte do movimento de um membro caracteriza lesão grave pela debilidade; a perda de todo o movimento tipifica lesão corporal gravıśsima pela inutilização. • 20 • Na hipótese de órgãos duplos a afetação de apenas um deles tipifica lesão corporal grave pela debilidade de sentido ou função. • Quando os dois órgãos forem prejudicados haverá lesão corporal gravıśsima, caracterizando perda ou inutilização. • A correção corporal da vıt́ima por meios ortopédicos ou próteses não afasta a qualificadora, ao contrário do reimplante realizado com êxito; 21 • d) Deformidade permanente (IV) – • e o dano duradouro de alguma parte do corpo da vıt́ima, que não pode ser retificado por si próprio ao longo do tempo. • É suficiente a irreparabilidade por relevante intervalo temporal. • Prevalece o entendimento no sentido de ser esta qualificadora intimamente relacionada a questões estéticas, devendo ser visıv́el e causar impressão vexatória. • Desaparece a qualificadora quando a deformidade for corrigida por cirurgia plástica, mas subsiste se a vıt́ima se recusa a realizá-la. • A correção da deformidade com o emprego de prótese não exclui a qualificadora. • De igual modo, a ocultação da deformidade pelos cabelos ou por aparelhos também não a afasta. • Esta circunstância qualificadora deve ser atestada por exame de corpo de delito; 22 • e) Aborto (V) – • a interrupção da gravidez, com a consequente morte do feto, deve ter sido provocada culposamente (crime preterdoloso); • se a morte do feto foi proposital, o sujeito deve responder por lesão corporal leve (ou grave ou gravıśsima), em concurso formal impróprio ou imperfeito com aborto sem o consentimento da gestante (CP, art. 125). • É obrigatório o conhecimento do sujeito acerca da gravidez da vıt́ima, sob pena de responsabilidade penal objetiva. • Se o agente ignorava a gravidez da ofendida, a hipótese é de erro de tipo, com exclusão do dolo e da qualificadora. • Pode haver ocorrência simultânea de duas ou mais modalidades de lesão corporal gravıśsima, configurando-se crime único. 23 • Pluralidade de lesões corporais graves ou gravıśsimas: • Nada impede a ocorrência simultânea de duas ou mais modalidades de lesão corporal grave ou gravıśsima. • Configura-se crime único em face da unidade de ofensa ao bem jurıd́ico penalmente tutelado, mas tal circunstância deverá ser utilizada como circunstância judicial desfavorável ao réu na dosimetria da pena-base (CP, art. 59, caput). • Se o exame de corpo de delito indicar ter o ofendido suportado, como decorrência de uma mesma conduta criminosa, uma lesão corporal grave e uma lesão corporal gravıśsima, o sujeito responderá somente pelo crime mais grave. 24 • Causas de aumento da milícia ou grupo similar de extermínio • O art. 129, § 7.º, do Código Penal prevê o aumento de 1/3 na pena, quando houver atuação de milícia ou grupo de extermínio. • a causa de aumento relativa à lesão corporal somente terá aplicabilidade nos casos de desclassificação de tentativa de homicídio para lesão dolosa; • ou também nas situações de excesso em qualquer das excludentes de ilicitude, quando resulte lesão corporal dolosa, desde que advinda de milícia ou grupo de extermínio 25 • LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA • “se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço”. • cuida-se de uma causa de diminuição de pena, mas que passou a ser chamada, por costume forense, de privilégio. • Esta hipótese é aplicável às lesões graves, gravíssimas e seguida de morte. • À lesão simples, aplica-se o disposto no § 5.º. 26 • Há também a hipótese de agir o agressor movido pela violenta emoção logo em seguida à injusta provocação da vítima. • É uma forma de descontrole emocional, reconhecida pelo legislador, pois o ser humano não é herói, desde que ela decorra da injusta provocação da vítima. • Existe um curto lapso temporal para o agressor agir (logo em seguida), significando alguns minutos, quiçá horas. • A denominada injusta provocação deve ser lida como ilícita provocação, pois o termo injusto é muito aberto, sem possibilidade de conferir segurança à interpretação da lei penal (princípio da taxatividade). 27 • SUBSTITUIÇÃO DE PENA PARA A LESÃO SIMPLES • • Está é a autêntica lesão corporal privilegiada, pois permite que o julgador troque a pena privativa de liberdade pela de multa (art. 129, § 5.º). • é uma alteração da sanção penal para menor. • afastando-se a sua incidência às lesões graves, resta a simples. • Ocorrendo algum dos motivos elencados no § 4.º (relevante valor moral ou social; domínio de violenta emoção logo em seguida à injusta provocação da vítima) ou • a situação descrita no inciso II do § 5.º (lesões recíprocas), o juiz pode afastar a pena privativa de liberdade e fixar somente multa. 28 • LESÃO CULPOSA • • Trata-se da figura típica do caput (“ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem”), embora com outro • elemento subjetivo: a culpa. • É tratado no art. 129, § 6.º, do Código Penal, em tipo aberto, que depende, pois, da interpretaçãodo juiz para poder ser aplicado. • A culpa, conforme o art. 18, II, do Código Penal, é constituída de “imprudência, negligência ou imperícia”. • Portanto, lesionar alguém por imprudência, negligência ou imperícia concretiza este tipo penal incriminador. 29 • Não mais se aplica o tipo penal do art. 129, § 6.º, à lesão corporal cometida na direção de veículo automotor, • pois o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97), • no art. 303, estipulou um tipo incriminador específico 30 • Causas de aumento da milícia ou grupo similar de extermínio • O art. 129, § 7.º, do Código Penal prevê o aumento de 1/3 na pena, quando houver atuação de milícia ou grupo de extermínio. • desclassificação de tentativa de homicídio para lesão dolosa; 31 • As mesmas causas de aumento previstas no art. 121, § 4.º, são remetidas para aplicação neste tipo penal (art. 129, § 7.º, CP). • sem apontar exceção, o § 7.º, do art. 129, manda aplicar, ainda, o aumento de 1/3 se preenchida a hipótese do § 6.º do art. 121. • Trata-se do delito cometido por milícia, grupos de segurança ou extermínio, que, por óbvio, não agem para provocar lesão culposa. • No entanto, pode-se imaginar que, após ter dado cabo da vítima, a milícia, em fuga, machuque, culposamente, uma vítima qualquer. • Nessa rara hipótese, aplicar-se-ia, também, o aumento de 1/3 32 • PERDÃO JUDICIAL • • O § 8.º do art. 129 remete à aplicação na lesão culposa o disposto pelo art. 121, § 5.º, ambos do Código Penal. 33 • Lesão corporal e violência doméstica (art. 129, § 9o): • Trata-se de forma qualificada de lesão corporal que leva em conta o contexto em que é praticada. • A pena prevista ao caso, em razão da sua quantidade, somente deve ser aplicada na hipótese de lesão corporal leve. • Se a lesão corporal for grave, gravıśsima ou seguida de morte, aplicar- se-á o art. 129 do CP. Pode ser praticada: • a) contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro: o parentesco pode ser civil ou natural (o art. 227, § 6o, da CF proıb́e qualquer discriminação entre os filhos havidos ou não do casamento). • Exige-se prova documental da relação de parentesco ou do vıńculo matrimonial. • A união estável pode ser comprovada por testemunhas ou outros meios de prova que não exclusivamente os documentos; 34 • Menciona o § 9.º do art. 129 apenas a palavra lesão, remetendo, naturalmente, para o caput o entendimento do que signifique, ou seja, “ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem”. • A partir disso, inseriu: (Se a lesão) for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. • Ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro são as mesmas pessoas inseridas na agravante do art. 61, II, e, do Código Penal. • Inseriu-se, a mais, o termo companheiro. 35 • Amílcar, durante uma briga, tenta chutar seu adversário, mas sem querer acerta a própria esposa, que buscava apartar a contenda. Atingida no ventre, a mulher sofre ruptura do baço e é submetida a uma cirurgia de emergência, na qual tem o órgão extraído de seu corpo, medida que garante sua sobrevivência. Considerando que Amílcar em momento algum agiu com animus necandi, o comportamento do autor caracteriza crime de lesão corporal: • a) culposa. • b) gravíssima com aumento de pena em virtude da relação conjugal entre autor e vítima. • c) grave. • d) gravíssima. • e) grave com aumento de pena em virtude da relação conjugal entre autor e vítima. 36 • Houve um erro de execução. • O agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa. • É como se tivesse praticado o crime contra seu adversário. • Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. • No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. • • Art. 20 (...) • § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. 37 • § 2° Se resulta: • I - Incapacidade permanente para o trabalho; • II - enfermidade incuravel; • III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; • - Baço não é membro (de acordo com a divisão: Cabeça, Toráx e "membros"... ). • - Baço não é sentido (audição, visão, tato, paladar, olfato) • - Baço é um órgão que exerce uma função, qual seja, Filtragem do sangue e auxilia o sistema de defesa do corpo. • Deste modo, apesar de o baço ser orgão ímpar, sua retirada não implica em perda da função (Gravíssima) de Filtragem do sangue e imunidade corporal, mas sim em debilidade permanente da função (Grave) de filtragem do sangue, podendo-se assim dizer que a o baço é um orgão "fungível", não havendo então que se falar em inutilização de membro ou função, mas sim de debilidade. 38 • Lesão corporal gravíssima. • Desclassificação do crime por decisão do E. Tribunal do Júri. Condenação proferida pelo Juiz singular pelo delito não doloso contra a vida remanescente. • Preliminares rejeitadas, eis que não houve prejuízo. • Perda do baço após cirurgia de esplenectomia, consequência do golpe de canivete deferido na vítima. • Não se tratando de órgão duplo, há perda ou inutilização de membro, sentido ou função, pelo que a lesão é tipificada como gravíssima. Penas que comportam redução. • Apelante que faz jus à base mínima e não pode ser prejudicado com causa de aumento criada por lei posterior aos fatos. Apelo parcialmente provido, rejeitadas as preliminares. • (TJ-SP - APL: 90000056920028260624 SP 9000005-69.2002.8.26.0624, Relator: Diniz Fernando, Data de Julgamento: 15/06/2015, 2ª Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação: 17/06/2015) 39 • Sobre os crimes contra a pessoa, • a) o comportamento da vítima é incapaz de influenciar a pena no crime de lesão corporal. • b) o princípio da insignificância não se aplica ao crime de lesão corporal, pois sua desclassificação incide na contravenção de vias de fato. • c) a ofensa à saúde de outrem, por ser crime de perigo, não depende da produção do resultado para a configuração da tipicidade. • d) a lesão corporal culposa na direção de veículo automotor impede a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. • e) a prática de lesão corporal leve em situação de lesões recíprocas pode ensejar a substituição da pena de detenção pela de multa. 40 • A - Errado. O comportamento da vítima pode, sim, influenciar na pena cominada à lesão corporal. Há diminuição da pena se a lesão ocorre sob domínio de violenta emoção logo após injusta provocação da vítima (lesão privilegiada). Cabe, ainda, substituição da PPL por pena de multa se a lesão é leve e resulta de lesões recíprocas (a vítima é também agressora). • • B - Errada. O princípio da insiginificância é aplicado em lesões levíssimas. • • C - Errada. A ofensa à saúde de outrem é crime de dano, e não de perigo. • • D - Errada. O crime de lesão corporal culposa na direção de veículo automotor, desde que preenchidos os requisitos do artigo 44 do CP, admite substituição da PPL por PRD. • CTB - Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: Penas - detenção, de seis meses a dois anos esuspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. • CPB - Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo. 41 • • E - Correta. • O §5º do artigo 129 admite substituição da PPL por pena de multa quando a lesão corporal é leve e resulta de circunstância privilegiadora ou lesões recíproca 42 • De acordo com o Código Penal (CP), a lesão corporal será classificada como • a) grave, caso resulte em enfermidade incurável. • b) gravíssima, caso provoque debilidade permanente de membro, de sentido ou de função da vítima. • c) grave, caso provoque dano estético definitivo na vítima. • d) gravíssima, caso a vítima fique permanentemente incapacitada para o trabalho. • e) gravíssima, caso provoque a aceleração do parto da vítima. 43 • Grave: PIDA • P- perigo de Vida; • I - incapacidade p/ ocupações habituais por + de 30 dias; • D - debilidade permanente de mebro, sentido ou função; • A - aceleração para o parto. • GRAVISSÍMA: PEIDA • P - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; • E - enfermidade incurável; • I - incapacidade permanente para o trabalho; • D - deformidade permanente; • A - aborto. 44 • Dois veículos chocaram-se em um cruzamento. Em razão da colisão, um dos motoristas fraturou um braço, o que o impossibilitou de trabalhar por seis meses. O outro motorista teve uma luxação no joelho direito. O fato foi apurado pela delegacia local, restando cabalmente provado que os motoristas de ambos os carros concorreram para a colisão, pois um, em face da ausência de manutenção, estava sem freio, e o outro havia avançado o sinal e estava em velocidade acima da permitida. Assim, conclui-se que se trata de hipótese de: • a) autoria colateral. • b) compensação de culpa. • c) lesão corporal culposa, preceituada no artigo 129, § 6º do CP. • d) aberratio delicti . • e) culpa consciente. 45 • Quando mais de um agente realiza uma conduta sem que exista liame subjetivo entre eles, fica configurada a autoria colateral (ex.: A e B matam simultaneamente a vítima, sem que um conheça a conduta do outro). • Ante a falta de unidade de desígnios, cada um responderá pelo crime que cometeu, ou seja, no caso do enunciado da questão, cada um responderá pela lesão corporal que reciprocamente cometeu no outro, sendo importante registrar que nosso ordenamento jurídico não contempla a possibilidade de compensação de culpas. 46 • Autoria colateral em crimes culposos • exemplos: • Exemplo 1 (crimes culposos paralelos): 'A' e 'B', pedreiros, deixam um viga de concreto cair do alto da construção e matam um pedestre. Cada um cometeu um homicídio culposo. • Exemplo 2 (crimes culposos recíprocos): '!\ e 'B', cada um dirigindo seu veículo imprudentemente, se envolvem em acidente e causam lesões corporais recíprocas. • Cada um responde pelo seu crime. • Exemplo 3 (crimes culposos paralelos): 'N atropela culposamente 'B', derrubando-o ao solo. 'C', em seguida, causa a morte de 'B' por imprudência. • Cada um responderá pelo seu próprio delito. • pode ocorrer ainda autoria colateral incerta nos crimes culposos. • Exemplo: duas pessoas estão imprudentemente rolando pedras do alto de uma colina. Uma das pedras mata um pedestre e não se descobre de quem partiu a pedra. • Nenhum dos dois responderá por homicídio culposo (in dubio pro reo) 47 48 49
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