Buscar

Lesão Corporal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Lesão corporal é a ofensa direcionada à 
integridade corporal ou à saúde de outra pessoa. 
Depende que haja algum dano no corpo da vítima, 
englobando qualquer alteração prejudicial à sua saúde, 
inclusive problemas psíquicos. Além disso, não se exige 
o emprego de meios violentos para que o crime se 
consume. 
Se consuma com a efetiva lesão à integridade 
corporal ou à saúde da vítima. Trata-se de crime 
material ou causal e de dano. 
 
Ofender = prejudicar alguém no tocante à sua 
integridade corporal ou à sua saúde. 
 
Exemplos: fraturas, escoriações, queimaduras, 
luxações e hematomas // vômitos, paralisia 
momentânea, convulsão, depressão. 
 
Objetividade jurídica 
Integridade corporal e saúde da pessoa humana. 
 
Objeto material 
É a pessoa humana. 
 
Sujeitos 
❶ Ativo = qualquer pessoa (crime comum); 
❷ Passivo = qualquer pessoa. 
Em alguns casos, o tipo penal exige uma situação 
diferenciada em relação à vítima, como no caso da 
lesão grave ou gravíssima (art. 129, §1º, IV e §2º, V), e 
no caso da qualificadora da violência doméstica. 
 
Elemento subjetivo 
Dolo, direto ou eventual, geralmente. Mas pode ser a 
culpa, no caso do §6º e o preterdolo no caso do §3º. 
 
Tentativa 
É possível em todas as modalidades de lesão corporal 
dolosa. Atenção: não se confunde com a contravenção 
penal vias de fato, porque nesta, a vontade do 
indivíduo limita-se a agredir o ofendido, sem lesioná-lo 
(empurrão), enquanto naquela o dolo é ofender a 
integridade. 
 
 
 
 
 
 
 
→ crime comum 
→ crime material 
→ crime de dano 
→ crime unilateral, unissubjetivo ou de concurso 
eventual 
→ crime comissivo ou omissivo e instantâneo 
→ crime de forma livre 
→ crime plurissubsistente 
 
 
 O consentimento do ofendido pode ser 
causa supralegal de exclusão da ilicitude, 
desde que: o consentimento seja expresso, 
livre de coação ou ameaça, ser moral e respeitar os 
bons costumes, seja manifestado previamente, e 
manifestado por alguém capaz de consentir. 
É irrelevante o consentimento nos casos de lesão 
corporal grave, gravíssima e seguida de morte. 
 
Art. 129 – Lesão corporal dolosa 
 
 
 
 
 
 
 
Lesão corporal leve 
É toda e qualquer lesão corporal dolosa que não seja 
grave, gravíssima ou praticada com violência 
doméstica e familiar contra a mulher. 
 
É uma infração penal de menor potencial 
ofensivo, em razão da pena máxima cominada ao 
delito, que é de 1 ano. Portanto, admite transação 
penal e seu processo e julgamento seguem o rito 
sumaríssimo (lei 9.099/95). 
A prova da materialidade é através do exame 
de corpo de delito, mas para o oferecimento da 
Artigo 129 do Código Penal 
leve 
grave 
gravíssima 
seguida de morte 
denúncia é suficiente o boletim médico ou prova 
equivalente. Para a condenação é necessária a perícia. 
A ação penal é condicionada à representação. 
Nos casos de extorsão, estupro, dentre outros, 
a lesão corporal será absorvida pelo delito mais grave. 
 
Lesão corporal grave - §1º 
O Código Penal prevê as lesões dos §§ 1º e 2º. 
 
§1º, inciso I – incapacidade para ocupações 
habituais, por mais de 30 dias 
A referência à ocupação habitual não tem o 
mesmo sentido de trabalho diário como previa a lei 
anterior, se refere sim as suas ocupações da vida em 
geral, como trabalho, passeios, higiene, etc. 
A ocupação habitual deve ser lícita, não vigora 
a qualificadora deixa incapacitado o ladrão de pular 
muros. 
A relutância de voltar ao trabalho por 
vergonha, no caso de ter ferimentos no rosto, não 
qualifica o crime. 
Nos termos do art. 168 do CPP, a gravidade da 
lesão deve ser comprovada por exame complementar 
a ser realizado logo que decorrer o prazo de 30 dias, 
contando a data do crime. A ausência ou deficiência do 
exame complementar pode ser suprida por prova 
testemunhal, §3º do 168 do CPP. Tem-se decidido pela 
desclassificação da lesão para leve na ausência de 
laudo complementar. 
 
§1º, inciso II – perigo de vida 
Toda lesão corporal apresenta, a rigor, a 
possibilidade de complicações que podem ameaçar a 
vida do paciente (infecções, gangrena). 
A lei penal refere-se ao perigo efetivo, 
concreto, constatado em exame pericial, não deve ser 
prognóstico dos peritos, mas diagnóstico, 
manifestando-se sobre a possibilidade do perigo de 
vida, desde a produção da lesão até o instante do 
exame. O êxito letal deve ser provável e não 
meramente possível. 
O perito deve responder se houve perigo de 
vida e porque houve, analisando o caso concreto se 
houve o perigo efetivo. 
Hungria – é a probabilidade concreta e 
presente do resultado letal. 
Elemento Subjetivo: dolo na ação e culpa no 
resultado. 
ATENÇÃO: No caso do perigo de vida, existe 
somente o preterdolo, porque se estivermos diante do 
dolo em relação ao resultado mais grave, estaria diante 
do crime de tentativa de homicídio. O perigo de vida é 
uma das lesões corporais graves exclusivamente 
preterdolosa. 
 
§1º, inciso III – debilidade permanente de membro, 
sentido ou função. 
Nesse inciso a lei considera grave a lesão que 
causa debilidade permanente de membro, sentido ou 
função. Debilidade significa redução na capacidade 
funcional, uma diminuição das possibilidades 
funcionais da vítima. Membros são os apêndices do 
corpo, superiores (braços) e inferiores (pernas). 
Sentidos são todas as funções preceptivas do 
mundo exterior, ou seja, os mecanismos sensoriais por 
meio dos quais percebemos o mundo exterior 
(audição, visão, olfato, gosto, tato). 
Função é a atividade desempenhada por vários 
órgãos (respiratória, circulatória, digestiva, secretora, 
locomotora, reprodutora e sensitiva). Debilidade é 
uma diminuição. Ex.: sujeito perdeu a visão em função 
de uma lesão corporal grave. 
Exige o CP que seja permanente a debilidade, 
permanência não significa perpetuidade. Basta que 
seja duradoura. Não há necessidade de exame 
complementar. 
Elemento subjetivo: possibilidade de dolo na 
ação e dolo no resultado, bem como dolo na ação e 
culpa no resultado. 
 
§1º, inciso IV – aceleração de parto 
É grave a lesão quando há antecipação do 
parto, ou seja, o feto é expulso antes do termo final da 
gravidez, conseguindo sobreviver. Critica-se o termo 
aceleração, parece subentender-se que o parto já se 
processava, o CP quis referir-se à antecipação. 
OBS: Para que haja esta qualificadora é 
necessário que o sujeito tenha conhecimento do 
estado de gravidez da vítima. Se desconhece este fato 
responde por lesão leve. Essa causa torna grave a lesão 
porque o parto prematuro é perigoso tanto para a 
criança como para a mãe. Não se configura a 
qualificadora, porém, se o agente desconhecia o 
estado de gravidez da vítima e se sua ignorância a 
respeito era plenamente escusável. 
Elemento subjetivo: preterdoloso, ou seja, 
dolo na ação e culpa no resultado. 
 
Lesão corporal gravíssima - §2º 
 
§2º, inciso I – incapacidade permanente para o 
trabalho 
Incapacidade permanente é duradoura, longa, 
dilatada. Sempre que não se possa fixar o limite 
temporal da incapacidade deve ser considerada 
permanente. Aqui a lei não se refere as ocupações 
habituais, mas à atividade profissional remunerada. É 
pacífico na doutrina que a lei se refere a qualquer 
trabalho e não à atividade específica da vítima. 
Elemento subjetivo: possibilidade de dolo na 
ação e dolo no resultado; dolo na ação e culpa no 
resultado. 
 
§2°, inciso II – enfermidade incurável 
Enfermidade sinônimo de doença ou moléstia 
para a lei penal, é qualquer estado mórbido de 
evolução lenta. Incurável no sentido legal é a moléstia, 
que nos termos atuais da medicina não apresenta 
maiores probabilidades de cura integral, bastando, 
pois, um prognóstico negativo do perito para que se 
configure a causa que qualifica o crime. 
ATENÇÃO: A transmissão da AIDS, pelo coito 
ou por transfusão, enquanto não ocorre a morte da 
vítima, é crimede lesão corporal gravíssima. 
Elemento subjetivo: possibilidade de dolo na 
ação e dolo no resultado, bem como preterdolo (dolo 
na ação e culpa no resultado). 
 
§2°, inciso III – perda ou inutilização de membro, 
sentido ou função. 
Perda de um membro é a ablação do mesmo 
por mutilação (causada por violência) ou amputação 
(por cirurgia). A inutilização, embora o membro ou 
órgão continue ligado ao corpo, não tem mais 
capacidade funcional. A paralisia de um braço trata-se 
de inutilização de membro. Entretanto, vindo a perder 
um dedo da mão, a hipótese é de debilidade 
permanente. Se vem a perder todo o braço, o fato 
constitui perda de membro. 
Elemento subjetivo: dolo na ação e dolo na 
conduta ou preterdolo. 
 
§2º, inciso IV – deformidade permanente 
Deformidade permanente é o dano estético de 
certa monta, permanente, visível, irreparável e capaz 
de causar impressão vexatória. Pouco importa o tipo 
de lesão desde que ela seja percebível, visível num 
sentido amplo. O CP se refere a tudo que deforme uma 
pessoa de forma duradoura e grave. É a deformidade 
irreparável em si mesma. A vítima não está obrigada a 
submeter-se a intervenção cirúrgica a fim de afastar o 
mal da deformidade. O uso de olho de vidro, orelha de 
borracha, ou aparelhos ortopédicos não faz 
desaparecer a qualificadora. A deformidade deve ser 
positivada pela perícia. 
Elemento subjetivo: dolo na ação e dolo na 
conduta ou preterdolo. 
 
§2°, inciso V – aborto 
É o denominado aborto preterintencional. O 
agente que apenas causar lesões corporais mas faz 
com que a última aborte. Se o agente quer esse 
resultado responde pelo concurso de lesões com 
aborto. 
Nesse caso é necessário que o agente tenha 
conhecimento do estado de gravidez da vítima. Se o 
sujeito desconhecia a gravidez, a hipótese é de erro de 
tipo, excludente do dolo. Como o dolo constitui 
elemento subjetivo do tipo, não conhecendo ele a 
gravidez da vítima, pratica fato atípico (art. 20 caput, 
1ª parte). 
Necessário se faz a prova da gravidez anterior, 
não basta afirmar os peritos a mera probabilidade dela 
ter existido. 
A diferença entre o art. 125/127 e 129 § 1º do 
CP: No crime do 125/127, o sujeito age com dolo em 
relação ao aborto e culpa quanto a lesão corporal; no 
crime do 129 o sujeito com dolo em relação a lesão 
corporal e culpa no tocante ao resultado aborto. 
ATENÇÃO: Existe tentativa de lesão corporal 
qualificada pelo aborto? Não, pois se o agente desejar 
este resultado responderá pelo crime do art. 125 na 
forma tentada. 
Elemento Subjetivo: preterdolo (dolo-culpa). 
 
Lesão corporal seguida de morte - §3º 
Há, nesse caso, o denominado homicídio 
preterintencional ou preterdoloso. Trata-se de crime 
qualificado pelo resultado misto de dolo e culpa. Pune-
se primeiro o delito a título de dolo (lesão corporal); o 
resultado qualificado deve resultar da conduta culposa 
do sujeito (morte). É necessário que as circunstâncias 
do caso concreto evidenciem que o sujeito não quis o 
resultado morte da vítima e nem assumiu o risco de 
produzi-lo. 
Exemplo: empurrão onde a vítima sofre fratura 
de crânio, pauladas na cabeça, facadas na perna que 
seccionam a artéria, etc. 
 
Diferença entre lesão corporal seguida de morte e 
homicídio culposo → na lesão o antecedente é um 
delito doloso, e no 2º um fato penalmente indiferente 
de quando muito, contravencional. A lesão corporal 
seguida de morte não admite tentativa. Se o agente 
desejar a morte da vítima será homicídio tentado. O 
resultado qualificado culposo não permite esta figura. 
 
Lesão corporal dolosa privilegiada - §4º 
É uma causa de diminuição de pena que incide 
unicamente às lesões dolosas, qualquer que seja sua 
modalidade. Não é cabível, portanto, na lesão culposa. 
 
→ se o agente comete o crime impelido por motivo de 
relevante valor social ou moral; 
→ se o agente comete o crime sob o domínio de 
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação 
da vítima. 
 
A pena pode ser diminuída de 1/6 a 1/3. 
 
Substituição de pena - §5º 
Mais do que a redução da pena, permite a lei 
também a substituição da pena por outra menos grave. 
Nesse caso, não poderão ser graves as lesões. 
Ao invés de pena de detenção, pode o juiz aplicar 
somente a sanção pecuniária, se ocorrer qualquer das 
hipóteses do §4º. 
Quando as lesões são recíprocas (ambos são 
condenados pelas lesões, um em relação ao outro), só 
ocorrerá este privilégio quando os dois contendores 
forem culpados e nenhum agiu em legítima defesa: 
absolve-se um e condena-se o outro com o privilégio. 
Se ambos se ferem e dizem ter agido em legítima 
defesa, não havendo prova do início da agressão, 
ambos devem ser absolvidos. 
 
Aumento de pena - §7º 
Na hipótese de lesão corporal dolosa, qualquer que 
seja sua modalidade, a pena é aumentada de 1/3, se: 
❶ o crime é praticado contra menor de 14 ou maior 
de 60 anos, 
❷ for praticado por milícia privada, sob o pretexto de 
prestação de serviço de segurança, 
❸ praticado por grupo de extermínio, 
❹ resulta de inobservância de regra técnica de 
profissão, arte ou ofício, 
❺ o agente deixa de prestar imediato socorro à 
vítima, não procura diminuir as consequências do seu 
ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. 
 
Art. 129 §7º e 121 §§ 4º e 6º 
 
Lesão corporal culposa - §6º 
 
A lei pune a lesão corporal causada 
culposamente. Assim, se a imprudência, negligência ou 
imperícia do agente derivou, não a morte, mas a lesão 
corporal da vítima, o agente é punido com pena de 
detenção de 2 meses a 1 ano. 
No caso de lesão culposa não importa sua 
gravidade, pois somente será levado em conta na 
fixação da pena (artigo 59). Ex.: fumar perto de 
depósito de pólvora, negligenciar na guarda de cão 
bravio, não o mantendo sob vigilância. 
 
Perdão judicial - §8º 
O disposto no parágrafo 8º determina a 
incidência do perdão judicial ao crime de lesão corporal 
culposa. 
Os requisitos são exatamente os mesmos 
previstos no artigo 121 – o juiz pode deixar de aplicar a 
pena quando as consequências da infração atingirem o 
próprio agente de forma tão grave que a sanção penal 
se torne desnecessária. 
 
Lesão corporal e violência doméstica - §9º 
A lei Maria da Penha – 11.340/06 diminuiu o 
limite mínimo da pena e majorou a pena máxima em 
abstrato, preservando a espécie (detenção). 
Assim, a pena para quem pratica lesão contra 
“ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou 
companheiro, ou com quem conviva ou tenha 
convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das 
relações domésticas, de coabitação ou de 
hospitalidade”: a pena é de detenção, 3 meses a 3 
anos. 
Essa hipótese aplica-se somente as lesões 
corporais leves, uma vez que não faz sentido punir com 
detenção uma lesão grave, gravíssima ou seguida de 
morte. 
 
 
 
 
Causa de aumento de pena nas lesões graves, 
gravíssimas e seguidas de morte - §10º 
Se a lesão for uma dessas modalidades, e o crime for 
praticado com violência doméstica, incidirá o aumento 
de 1/3 imposto por esse parágrafo. 
 
 
 
 
Se a lesão corporal dolosa for cometida com violência 
doméstica, não se aplicam as agravantes genéricas 
previstas no artigo 61, inciso II, alíneas “e” e “f” do 
Código Penal – bis in idem. 
 
Lesão corporal contra integrantes dos órgãos de 
segurança pública - §12º 
Nesse caso, a pena é aumentada de 1 a 2/3. 
 
Lesão corporal praticada contra a mulher – §13º 
“Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da 
condição do sexo feminino, nos termos do § 2º-A do 
art. 121 deste Código: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 
(quatro anos).”

Outros materiais