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ARRAS E ADIMPLEMENTO

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INADIMPLEMENTO – 3ª parte
ADIMPLEMENTO
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5. Arras ou Sinal – 417 ao 420
Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal.
 Arras ou sinal é quantia ou coisa entregue por um dos contraentes ao outro, como confirmação do acordo de vontades e princípio de pagamento.
 É um contrato, acessório e real, pois aperfeiçoa-se com a entrega do dinheiro ou de coisa fungível. O simples acordo não é suficiente para caracterizar o instituto, que depende, para sua eficácia, da efetiva entrega do bem à outra parte.
 Podem ser confirmatórias ou penitenciais. Sua principal função é confirmar o contrato, que se torna obrigatório após a sua entrega. Prova o acordo de vontades, não mais sendo lícito a qualquer dos contratantes rescindi-lo unilateralmente.
Ex 1: obrigação de entregar dez bicicletas, entrega duas – é princípio de pagamento.
Ex 2: obrigação de entregar R$, entrega duas bicicletas – tem que devolver as bicicletas após o pagamento – não funciona como princípio de pagamento, mas como garantia.
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5. 1 Arras Confirmatórias – artigos 418 e 419.
Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado.
 Objetiva confirmar o fechamento do negócio, sendo um sinal, que funciona como princípio de pagamento, quando a cosia dada em arras for do mesmo gênero da prestação principal.
Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização.
 A parte inocente pode conformar-se com as arras, ou pedir indenização suplementar. As arras, nesse caso, representam um mínimo de indenização. –Ou seja, além do valor das arras tem direito de cobrar P e D, valendo as arras como taxa mínima. No silêncio do contrato presume-se que as arras são confirmatórias (pois não convencionado o direito de arrependimento).
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5. 2 Arras Penitenciais– artigo 420.
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente (cuidado ao ler “em dobro”). Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.
 Estabelece o preço para cobrar o arrependimento.
 Valerão as arras como uma indenização prefixada, a favor daquele que não se arrependeu. 
 Não há direito a cobrar perdas e danos e não se exige prova do prejuízo.
Súmula 412, STF: No compromisso de compra e venda com cláusula de arrependimento, a devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui indenização maior a título de perdas e danos, salvo os juros moratórios e os encargos do processo.
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5. 2 Arras Penitenciais– artigo 420.
 A jurisprudência estabeleceu casos em que a devolução deverá ser pura e simples:
Havendo acordo nesse sentido;
Havendo culpa de ambos os contratantes (inadimplemento recíproco);
Se o cumprimento do contrato não se efetiva em razão do caso fortuito ou força maior.
Nestes casos, quem deu as arras recebe de volta, acrescido de atualização monetária
TRÍPLICE FUNÇÃO DAS ARRAS:
a) confirmar o contrato
b) prefixação das perdas e danos
c) princípio de pagamento (exceto se não for de mesma natureza que a obrigação principal. Nesse caso, não é arras mas mera garantia).
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ADIMPLEMENTO
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NOÇÃO GERAL
A extinção da obrigação é o fim colimado pelo legislador. O devedor se libera pelo cumprimento da obrigação quando efetua a prestação tal como devida, ou seja, no tempo e lugar convencionados, de modo completo e pela forma adequada.
1.1 PRINCÍPIOS NORETADORES DO ADIMPLEMENTO
Princípio da pontualidade: o cumprimento deve se ajustar inteiramente à prestação devida, de que ao solvens cabe efetuá-la ponto por ponto, em todos os sentidos e não apenas no aspecto temporal.
Princípio da boa-fé objetiva: demarca a fronteira entre o adimplemento e o inadimplemento. Não basta executar as prestações devidas, pois o devedor só cumprirá quando se comportar conforme o que se convencionou atendendo a boa-fé exigida em cada caso específico
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2. PAGAMENTO
2.1 De quem deve pagar: o solvens – artigos 304 a 307, CCB.
Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.
A forma normal de extinção das obrigações se dá pelo pagamento = adimplemento (que não envolve só a entrega de numerário, mas o cumprimento da obrigação, que envolve prestação de dar, fazer e não fazer). Exemplo: o vendedor, quando transmite a propriedade, cumpre sua parte da obrigação, que é o seu pagamento.
É UM ATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO, DA CATEGORIA DOS ATOS LÍCITOS.
3° interessado: é aquele que pode perder seu patrimônio se não efetuar o pagamento, ou seja, tem interesse jurídico no cumprimento da obrigação. Ex: fiador, avalista, sublocatário, devedor solidário, herdeiro, quem adquire imóvel com hipoteca.
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2. PAGAMENTO
ATENÇÃO! Deve-se ler em conjunto o artigo 346, do CCB – o 3° interessado quando paga sub-roga-se nos direitos do credor. Por exemplo: sublocatário paga alugueis em contrato de locação garantido por fiança: assume lugar do credor podendo cobrar tanto do antigo locatário que devia, como do fiador (João locador, Pedro locatário, André fiador. Pedro devia 3 meses de aluguel e Joana, sublocatária, paga. Ela assume o lugar do credor (João) podendo cobrar tanto de Pedro como de André, pois na sub-rogação as garantias e privilégios acompanham a obrigação).
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.
Terceiro não interessado juridicamente é aquele que não está vinculado à relação obrigacional existente entre credor e devedor. Por ser uma doação em benefício, permite a oposição do devedor.
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2. PAGAMENTO
E se o credor recusar receber o pagamento do devedor ou do 3° interessado? consignação. O 3° não interessado também pode consignar, contanto que faça em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste: não é proibição para que o 3° interessado pague, mas, se o devedor se opuser, não pode o 3° interessado consignar. 
LEMBRE-SE: Só o devedor pode pagar se a obrigação é personalíssima.
Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.
Trata-se da ação de regresso (actio in rem verso), para evitar o enriquecimento sem causa do devedor. Mas, a pretensão se exaure no exato valor que desembolsou, sem cláusula penal, perdas e danos ou outros acréscimos.
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2. PAGAMENTO
Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação.
se o devedor se opôs ao pagamento de 3° ou este pagou sem o seu conhecimento e o devedor tinha como ilidir a ação de cobrança totalmente (alegando prescrição, nulidade, etc.) não tem que reembolsar o que pagou. 
Mas se poderia ilidir só parcialmente a dívida, subsiste o direito
a reembolso (posicionamento da doutrina majoritária). 
Se houve compensação e o terceiro pagou a dívida na totalidade e devedor se opôs ao pagamento, só haverá o direito de se reembolsar pelo faltante da dívida (ex: A deve 100 para B, mas passa a ser credor de 50 de B. C, o 3°, paga a totalidade dos 100. Só poderá cobrar 50).
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2. PAGAMENTO
2.2 Daqueles a quem se deve pagar – o accipiens – artigos 308 e seguintes, CCB
Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.
Pode pagar ao credor ou ao seu representante (espécies de representação: legal – pai, tutor ou curador; judicial – o juiz nomeia. Por exemplo: inventariante; convencional – mandato – nesta espécie pode pagar tanto ao credor como a representante.
Porém, pode pagar a terceiro e o credor ratificar o pagamento ou pode também o pagamento ser feito a terceiro, se isso reverteu em proveito do credor (daí a noção de proveito direto – terceiro recebeu e depositou na conta do credor).
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2. PAGAMENTO
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor.
É valido o pagamento realizado a credor putativo, que aos olhos de todos parece ser o verdadeiro credor. O critério para isso é a boa-fé de quem paga, acreditando ser aquele o credor legítimo. Exemplo: em cidade do interior morre o credor e deixa um herdeiro universal, seu sobrinho. Se o devedor pagou ao sobrinho, mesmo que depois se descubra que outra pessoa é herdeira testamentária, considera-se efetuado o pagamento e liberado o solvens. O mesmo para o locador que não é o legítimo proprietário.
Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.
Se solvens sabia da incapacidade (ex: louco ou menor) o pagamento é inválido e deverá pagar de novo, a não ser que o solvens prove que o pagamento reverteu em benefício do incapaz (ex: quando a prestação enriqueceu o patrimônio do incapaz). 
Se solvens pagou sem culpa, sem saber que o credor era louco ou porque o menor lhe enganou acerca da idade – pagamento válido.
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2. PAGAMENTO
Art. 311. Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí resultante.
É o mandato presumido ou tácito: o portador de quitação está presumidamente autorizado para receber. Por exemplo: quem porta recibo assinado pelo credor (observação: a doutrina também fala no empregado que cobra em nome da empresa). Trata-se porém, de presunção juris tantum, que admite prova em contrário.
Art. 312. Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor.
É o pagamento feito a credor, sendo que o crédito deste já estava garantido por penhora.
Vale a máxima do “quem paga mal, paga duas vezes”.
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2. PAGAMENTO
2.3 Do objeto do pagamento e da sua prova: artigos 313 a 326, do CCB.
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
o credor não é obrigado a receber coisa diversa da acordada. Dação em pagamento é exceção, e deve haver consentimento do credor.
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.
nas obrigações divisíveis, se há 3 devedores de R$ 100 cada, o credor não é obrigado a receber em partes, se assim não se convencionou.
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2. PAGAMENTO
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes.
Princípio do nominalismo - dividas em R$ - pelo valor nominal (que está indicado no título como valor). Ainda, cabe a correção monetária, conforme STJ – por não ser um plus sobre o valor mas mera atualização do débito.
Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.
Cláusula de escala móvel – Pré-fixação, pelas partes da possibilidade de variação do preço de determinados produtos e serviços conforme os índices gerais de custo de vida e salários.
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
Teoria da imprevisão, onerosidade excessiva, cláusula rebus sic stantibus.
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2. PAGAMENTO
Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial.
Desde o Decreto-lei 23.501, de 1933, não se aceita pagamento de dívida em dinheiro, em moeda estrangeira ou ouro e prata, só em moeda nacional, porque a captação de recursos é feita em moeda nacional.
Exceções: 
-contratos de importação e exportação em geral
-contratos de compra e venda de câmbio
-contratos celebrados com pessoa residente no exterior
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada.
É a declaração unilateral, por escrito, emitida pelo credor com o intuito de liberar o devedor da dívida e extinguir a obrigação. 
Comumente conhecido como recibo. Se o credor não quer dar recibo, consigna-se o pagamento.
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2. PAGAMENTO
2.4 Lugar do pagamento: artigos 327-330, do CCB.
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.
No silêncio das partes, as dívidas são quesíveis, ou seja, o pagamento é efetuado no domicílio do devedor – Princípio favor debitoris
2.5 Tempo do Pagamento: artigos 331-333, do CCB.
Se não se estipulou prazo para pagamento, pode cobrar imediatamente.
Artigo 333 – exceção à regra, com o direito do credor de cobrar a dívida antes de vencido o prazo
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Queridos alunos!
Nosso próximo encontro será a realização da prova para a nota do Grau A.
Vamos combinar de mantermos o mesmo empenho até aqui demonstrado para o estudo desta avaliação?
Qualquer dúvida, não esqueçam que podemos nos comunicar por e-mail.
Bons estudos e até lá!

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