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1 Dr. Carlos R. Caron Objetivos 1. Saber o que é Síncope. 2. Entender a fisiopatologia da sincope e seus tipos. 3. Como diferenciar síncope de evento epiléptico. 4. Quais exames são importantes. Qual é a definição de sincope? Síncope é a perda súbita e breve da consciência, com perda do tônus postural, havendo recuperação total e espontânea do quadro. O q u e d e v e s e r q u e s t i o n a d o n a anamnese? 1. Antes da Síncope: Se a síncope ocorreu com o paciente deitado, isto exclui hipotensão ortostática e síncope vasovagal. Questionar sobre sintomas de hipotensão, tais como tontura, tinitus bilateral, náusea, fraqueza, sudorese e obscurecimento visual por hipoperfusão retiniana. O que o paciente fazia antes da síncope? Identificar ocorrência de esforço físico (s. cardiogênica), estímulo doloroso ou emocional (s. vasovagal), mudanças rápidas de postura (s. ortostática) ou esforço miccional (s . situacional). 2. Durante a Síncope: Interrogar as testemunhas para obter um relato confiável. Questionar sobre abalos muscular, pois mioclonias podem ocorrer por hipoperfusão cerebral. Lembrar que incontinência urinária pode ou não ocorrer, na dependência de a bexiga estar repleta. Caso haja laceração de língua, isto geralmente indica crise convulsiva. 3. Após a Síncope: Em uma crise convulsiva o período de confusão e agitação permanece por 2 a 20 minutos após recuperar a consciência, sendo importante questionar o paciente sobre isto. Lesões e traumatismos sugerem crise convulsiva. Quais são as causas de sincope? Síncope Cardiogênica (18%): É a sincope que ocorre, na maioria das vezes, durante atividade física. Podemos duas grandes causas deste tipo de síncope: Causa Mecânica (4%): Estenose aórtica, estenose de válvula pulmonar, pericardite constritiva, cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva, mixoma atrial esquerdo obstruindo a válvula mitral. Arritmia (14%): É a causa mais comum de síncope cardiogênica, sendo causada por desordens de condução (BAV de 2º e 3º graus) ou taquiarritmias e Sd. do QT longo, entre outras. Síncope Neurogênica (24%): Cursa tipicamente com sintomas prodrômicos e de recuperação, tais como sensação de calor, diaforese e náuseas, palpitações, palidez, acentuada fadiga após recuperação e desconforto abdominal. A fisiopatologia deste evento é explicada pelo reflexo de Bezold-Jarisch, que segue os seguintes eventos: Desencadeamento da síncope → ↓ retorno venoso para o coração → ↑ das catecolaminas séricas → ↑ contração ventricular → reduzido volume de sangue intracavitário → estimulo de mecanorreceptores ventriculares na região ínfero-posterior do VE → (↓ simpático = vasodilatação reflexa e bradicardia / ↑ parassimpático = bradicardia reflexa com inibição sinusal) → Hipotensão arterial → ↓ pressão de perfusão cerebral → Síncope ⇒ Reflexo de Bezold-Jarisch. Os três grandes tipos de Síncope Vasovagal são: •Ataque Vasovagal: É o tipo mais comum de s í n c o p e e m a d u l t o s . G e r a l m e n t e desencadeado por forte estímulo emocional, medo, dor, fadiga, perda de sangue, ambientes quentes e aglomerados. Os pacientes referem náusea, tinitus, diaforese, salivação, palidez e obscurecimento visual. Taquicardia pode ser uma manifestação inicial. Podem apresentar abalos musculares mioclônicos se f icarem em posição ortostática. •Síncope Situacional: Também conhecida por Síncope do Reflexo Visceral. Pode ser acarretada por micturação, defecação, tosse, deglutição ou ainda pode ocorrer no período Neurologia Semiologia - GESEP SÍNCOPE pós-prandial (principalmente em idosos) e por neuralgia do glossofaríngeo. •Hipersensibilidade do Seio Carotídeo: Ocorre por estímulo do seio carotídeo acarretando bradicardia e vasodilatação. Afeta principalmente homens com mais de 60 anos, ocorrendo quando o paciente está se barbeando ou quando o mesmo gira a cabeça. Pode ser pesquisada com massagem de seio carotídeo, desde que não haja contra- indicações, co eficácia em 50% dos casos. Outros eventos desencadeadores de síncope são os seguintes: •Hipotensão Ortostática ou Postural: O paciente está em pé durante o início do evento, havendo melhora quando o mesmo s e d e i t a . É r e s p o n s á v e l p o r aproximadamente 30% das sincopes em idosos, sendo que o uso de antihipertensivos e antidepressivos facilitam a sua ocorrência. Ocorre queda de 30mmHg ou mais na pressão sistólica e/ou 10mmHg ou mais na pressão diastólica, ao se aferir a PA com o paciente deitado e em pé. As principais causas são: Insuficiência autonômica primária (Sd. Shy-Drager e Hipotensão Ortostát ica Idiopática) . Hipotensão Ortostática Secundária (Neuropatias autonômicas, medicamentos, hipovolemia, repouso prolongado em leito). •Medicações: É uma causa particularmente comum de sincope em idosos, estando associada a medicamentos tais como: fluoxetina, haloperidol e L-Dopa. Como diferenciar síncope de crise convulsiva? SÍNCOPE X CRISE CONVULSIVASÍNCOPE X CRISE CONVULSIVASÍNCOPE X CRISE CONVULSIVA Sincope Crise Epiléptica Fatores precipitantes Freqüente Ausente Postura no início do evento Ereta Qualquer Cor facial Palidez Rubor Inconsciência Geralmente < 30s M u i t o s minutos Laceração de língua Raro Freqüente Confusão pós- ictal Breve Prolongado Movimentos involuntários Habitualmente ausentes Geralmente presentes Liberação de esfíncter Incomum Comum Síncope x Crise ConvulsivaSíncope x Crise ConvulsivaSíncope x Crise Convulsiva Sincope Crise Fatores precipitantes Frequente Ausente Postura no início do evento Ereta Qualquer Cor facial Palidez Rubor Inconsciência Geral. < 30s Minutos Laceração de língua Raro Freqüente Confusão pós-ictal Breve Prolongado Movimentos involuntários Geralmente ausente Geralmente presentes Liberação de esfíncter Incomum Comum Quais são os exames mais importantes para o diagnóstico de síncope? Lembre que a história e o exame físico identificam a causa da síncope em 45% dos pacientes. Síncope Cardiogênica Eletrocardiograma: + em 5% dos pacientes com arritmia Ecocardiograma: + em 5 a 10% dos pacientes com síncope cardiogênica Holter: sintomas ocorrem junto com arritmias em 4% dos pacientes e em 17% dos pacientes sintomas ocorrem sem arritmias Estudo eletrofisiológico invasivo: + em 50% dos pacientes com arritmia. Síncope Neurogênica Tilt-test: O paciente é inclinado em 60º-80º para indução de síncope. Pode-se utilizar estresse ortostát ico e drogas como i s o p r o t e r e n o l e n i t r o g l i c e r i n a . A sensibilidade e especificidade destes métodos são respectivamente 65-80% e 75-85%. Pode-se fazer um teste passivo, mantendo o paciente em posição ortostática por até 45 minutos, para indução de síncope vasovagal. A sensibilidade do método e a sua e s p e c i f i c i d a d e s ã o d e 4 0 e 9 0 % respectivamente. Neurologia Semiologia - GESEP Tilt-test Outros Testes: EEG e TAC: dificilmente trazem alguma contribuição Doppler de carótidas e sistema vértebro- basilar: para que doença carotídea cause síncope, a hipoperfusão cerebral deve ser bilateral. Bibliografia: MUTARELLI, E. G. Propedêutica neurológica - do sintoma ao diagnóstico. São Paulo: Sarvier, 2000. PATTEN, J. Diagnóstico diferencial em neurologia. 2º edição. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. NITRINI, R.; BACHESCHI, L. A. A neurologia que todo médico deve saber. 2º edição. São Paulo: Atheneu, 2003. CAMPBELL, W. W. DeJong - O exame neurológico. Rio de Janeiro: Guanabara- Koogan, 2007. Neurologia Semiologia - GESEP
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