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Roteiro de Estudo Farmacologia AINES: Substâncias exógenas que são produzidas em laboratórios ou extraídas de plantas e aplicados em humanos contra a inflamação A inflamação se caracteriza como uma resposta do organismo em favor da proteção contra uma agressão que esteja localizada em tecidos vascularizados, principalmente os tecidos conjuntivos. A artrite reumatoide é uma doença de difícil tratamento porque ataca as articulações, e as articulações não são muito vascularizadas, então os agentes anti-inflamatórios não conseguem alcançar lá dentro. Outro motivo é por ser uma doença autoimune. Sinais cardinais da inflamação: rubor, calor, dor, tumor e perda da função Com a inflamação, existe a liberação de uma série de mediadores inflamatórios, que faz com que haja uma maior permeabilidade vascular e isso também causa uma vasodilatação (tumor, edema), que vai comprimir as terminações nervosas, causando dor. Além disso, há maior influxo de sangue no local, com hiperemia ativa, gerando calor e rubor. Tudo isso junto, leva a perda de função. Proteína G ativa fosfolipase A2, que por meio dos fosfolipídeos de membrana geram ácido araquidônico. O ácido araquidônico pode sofrer ação de duas enzimas no organismo: as lipoxigenases ou as cicloxigenases (COX). Quando ele é alvo das lipoxigenases, ele produz leucotrienos. E quando elas são alvo das cicloxigenases, produz prostaglandinas ou tromboxanos. Os AINES agem pela via da cicloxigenase, impedindo a cascata da inflamação. Existem dois tipos de cicloxigenase no nosso corpo, a COX do tipo 1 e a COX do tipo 2. A COX 1 é constitutiva, ou seja, ela faz parte de estruturas fisiológicas do nosso organismo, como participando da agregação plaquetária (tromboxanos TXA2), associada ao endotélio do estômago na produção do muco que protege o estômago do suco gástrico, e participa da fisiologia renal durante os processos de filtração do sangue. A COX 2 é induzida, porque ela só é produzida durante o processo inflamatório. Pode ser produzida por macrófagos, mastócitos ou células endoteliais. Uma vez produzidas, vão gerar inflamação. Citocinas são peptídeos de baixo peso molecular, glicoproteínas, ou seja, estão sempre associadas a uma molécula de glicídio, e participam da resposta imune, sendo produzidas e ativadas por diversos tipos celulares, especialmente, macrófagos, linfócitos e neutrófilos, mas também podem ser produzidas por células epiteliais, endoteliais e por fibroblastos, como é o caso da interleucina 1A. Podem ter atuação local ou sistêmica, e atuam sobre os receptores de membrana específicos (receptores do tipo 3). Apresentam uma grande rede de interação no organismo. Diversos tipos de citocinas: Interleucinas, fator de necrose tumoral, interferons (resposta primária a vírus), quimiocinas (fatores de crescimento de colônias celulares) Fármacos anti-inflamatórios Dentre os fármacos anti-inflamatórios, temos os glicocorticóides, os DAINES, imunossupressores, drogas para tratamento de gota e drogas para tratamento de artrite reumatoide. Roteiro de Estudo Farmacologia AINES: fármacos que inibem a produção de prostanoides pelo bloqueio das cicloxigenases (COX’s). A capacidade de inibir a COX do tipo 1 ou do tipo 2 é que vai diferir as classes de AINES. Mecanismo de ação: AINES se liga a cicloxigenase e a bloqueia, impedindo que haja a cascata de inflamação e produção de mediadores inflamatórios (tromboxanos e prostaglandinas). Os AINES diferem em relação as diferenças estruturais das COX’s. Existem três diferenças características: 1. Ausência de bolsa lateral hidrofílica na COX1. A COX2 tem bolsa lateral hidrofílica. Fármacos que são projetados pra se ligar a esses canais vão ser mais específicos para COX2. Ou seja, se eu projeto um AINE para se ligar somente à COX2, não vou ter efeito colateral ou efeitos colaterais mínimos, pois o fármaco vai agir somente sobre a inflamação e não sobre o organismo. Lembrar que a COX1 é constitutiva, fisiológica. 2. Isoleucina na posição 523 na COX1. Na COX2 é valina e não isoleucina. Então se tiver um fármaco que se ligue a valina, ele vai direto para COX2. 3. Tamanho do canal hidrofóbico na COX2 é maior do que o da COX1, isso também me faz projetar AINES que sejam de estrutura molecular maior, assim não caberia no canal da COX1. COX1= efeitos colaterais! Essas diferenças, portanto, impactam diretamente no mecanismo de ação dos AINES. Em geral, os efeitos dos AINES são: 1) efeito anti-inflamatório pois ao inibir produção das prostaglandinas (PGE2 e PGI2), não há vasodilatação, e sem vasodilatação não há chegada de células no local inflamado; 2) efeito anti- pirético, pois o AINE inibe a produção das COX, inibindo produção das prostaglandinas (PGEs) que agem no eixo hipotálamo-adrenal e impede o ajuste da temperatura corporal, assim a temperatura não fica elevada; 3) efeito analgésico, AINE inibe a produção da COX, que inibe a produção das prostaglandinas (PGEs e PGIs) e assim, não agem sobre nociceptores nos locais inflamados, impedindo ou diminuindo a dor. Efeitos colaterais Estômago: AINE que inibe a COX1 vai diminuir a produção de muco que protege o estômago do suco gástrico. Assim, pode apresentar dispepsia, náusea, vômito, doença ulcerosa, distúrbios gastrointestinais, hemorragias, etc. Rim: deficiência no processo de filtração do sangue. Pode ocorrer insuficiência renal aguda, distúrbios no sistema renina angiotensina, nefropatia analgésica, nefrite crônica e necrose papilar renal. Plaquetas: deficiência na agregação plaquetária com risco de hemorragia grave (AAS). Pacientes que tem hemofilia não podem usar AINES. Roteiro de Estudo Farmacologia Classificação de acordo com a seletividade para as COX’s: AAS por ser pequena, entra primeiro na COX1. Em maiores quantidades se agrupam e vão também para COX2, mas depois da COX1 estar lotada de AAS. Os não seletivos que agem tanto sobre COX1 quanto para COX2. Altamente seletivos para COX2 sãode terceira geração e mais caros. Tem poucos ou nenhum efeito colateral. Saliciatos - AAS: Promove inibição irreversível da COX1, assim o mecanismo fisiológico de produção de muco gástrico fica perdido. Efeitos analgésico, antipirético, anti-inflamatório. Também inibe agregação plaquetária como terapia em casos de infarto. Efeitos colaterais: gastrite, piora na asma pelo bloqueio da síntese de PGE2, causando aumento da síntese de leucotrienos (broncoconstrição). Mecanismo de feedback, pois como bloqueia a via da cicloxigenase, acaba ativando a via da lipoxigenase= leucotrienos. Derivados indólicos: Inibição das COX’s de forma não competitiva reversível. Inibe a fosfolipase A e C. São mais efetivos, uma vez que, inibindo fosfolipase A não há produção de ácido araquidônico, então bloqueia as duas vias: lipoxigenase e cicloxigenase. Efeitos analgésico, anti-inflamatório e antipirético. Efeitos adversos: anorexia, náusea, dor epigástrica, pancreatite e diarreia Roteiro de Estudo Farmacologia Derivados do ácido fenilacético Diclofenaco: inibição competitiva reversível das COX’s (não seletivo) e promove redução da concentração intracelular do ácido araquidônico. Assim, também afeta as duas vias: lipoxigenase e cicloxigenase. Efeitos analgésico, anti-inflamatório e antipirético Efeitos colaterais: distúrbios gastrointestinais, nervosismo, ansiedade, insônia, dano renal Derivados de ácido enólicoPiroxican, Meloxican: Inibição competitiva reversível da COX, sendo que o meloxican é mais seletivo para COX2. Assim, o meloxican é de melhor escolha. Meloxican=Melhor escolha Efeitos analgésico, anti-inflamatório e antipirético Efeitos colaterais do Piroxican: distúrbios gastrointestinais, nervosismo, ansiedade, insônia, dano renal Efeitos colaterais do Meloxican são quasenulos, mas ainda atuam na agregação plaquetária COXIBs Celecoxib, Rofecoxib: Altamente seletivos para COX2 Efeitos analgésico, anti-inflamatório e antipirético. Efeitos colaterais quase nulos. Alguns efeitos gastrointestinais relatados. Efeitos antitrombóticos consideráveis. Glicocorticóides: substâncias endógenas, produzidas no nosso corpo, mas também podem ser produzidas em laboratório e tem função anti-inflamatória. Porém, diferentemente dos AINES, que a função principal é antiinflamatoria, a capacidade anti-inflamatória dos glicocorticóides é um traço, ou seja, eles têm diversas outras funções, sendo a anti-inflamatória só um detalhe. Portanto, não é considerado um anti-inflamatório. Os glicocorticoides fazem parte de um grupo de hormônios que são produzidos no córtex da glândula supra-renal, pelo comando dos hormônios da hipófise. A adreno-hipófise libera e controlam diversas outras vias dentro do organismo, com um feedback de produção de glicocorticoides. Quando os glicocorticóides são produzidos, ativam outras cascatas hormonais que os inibem para que não sejam produzidos em excesso, caso contrário podem causar muitos efeitos colaterais. Hormônios que agem pela transcrição gênica (receptores do tipo 4), e por agirem assim tem atuação mais lenta, porém com efeitos mais longos e efeitos colaterais evidentes. Adrenocorticóides: permitem e facilitam ação de outros hormônios, permeiam ações em ambiente ameaçador e mantêm a homeostase. Mineralocorticóides: corticoides que estão associados ao equilíbrio hidro-eletrolítico do organismo, balanceamento do sódio e potássio na fisiologia renal. Ex: Aldosterona Glicocorticóides: corticoides associados ao metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas. São chamados assim pois estão acompanhados de uma molécula de glicídio na sua estrutura. Posseum atividade imunossupressora e efeito anti-inflamatório. Ex: hidrocortisona e corticosterona Síntese Derivados de Colesterol (PROVA!) Os glicocorticoides são produzidos a partir do colesterol que é captado do plasma circulante, vão pras células adrenais e são endocitados. Na mitocôndria dessas células, o colesterol por meio da enzima colesterol desmolase se transforma em pregnenolona, que é um precursor, ou seja, uma molécula inativa de glicocorticoide. Ela ainda vai sofrer outras ações no retículo endoplasmático para então se transformar em glicocorticoide. Roteiro de Estudo Farmacologia Glicocorticóide endógeno: esteroides, produzidos e secretados pelas glândulas supra-renais. Ação metabólica, anti- inflamatória e imunossupressora. Agem pela via anti-inflamatória, diminuindo a síntese de células associadas ao sistema imunológico, bem como diminuindo a expressão de receptores celulares associados a proliferação imunológica. Sua síntese e liberação dependem diretamente da ação de outros hormônios, assim como a parada da sua produção. Primeiro controle ocorre no hipotálamo, por meio do CRF (fator de liberação de corticotrofina), que induz a liberação de esteroides, e na hipófise pelo ACTH (hormônio adrenocorticotrófico) e ADH (hormônio antidiurético). Quando temos estresse ou ambiente ameaçador, o hipotálamo libera o CRF, que por sua vez, induz a adenohipófise a produzir ACTH, que vai lá na glândula adrenal e produz cortisol (glicocorticoide, hormônio do estresse). Ao mesmo tempo, quando o ACTH é produzido, retorna para o hipotálamo e bloqueia a síntese de CRF, num processo de feedback negativo, para parar de produzir cortisol. O próprio cortisol também volta para a adenohipófise e bloqueia a síntese de ACTH, para que ele pare de ser produzido. Em resumo, os glicocorticoides não são produzidos aleatoriamente, eles surgem de um estímulo e ao serem produzidos, eles retornam bloqueando a continuação da sua liberação. Feedback negativo. Glicocorticoide exógeno: produzidos por modificações moleculares, com adição ou retirada de OH dos corticoides endógenos. Utilizados na clínica, principalmente no tratamento de lúpus. Ex: prednisona, prednisolona, metilprednisolona, betametasona, dexametasona. Ações metabólicas no metabolismo de carboidratos, com estimulação da gliconeogênese no fígado. Com isso, diminui a utilização da glicose pelas células (inibição dos receptores Glut), e aumenta a disponibilidade de glicose no sangue, causando hiperglicemia. Diabetes adrenal é causado por neoplasias na adrenal, que é diferente do diabetes pancreático. O metabolismo das proteínas também fica alterado, com aumento do catabolismo no fígado e fazendo com que o paciente entre em estado hipercatabólico, perdendo muita massa magra. Além disso, mobilizam os ácidos graxos a se depositarem nos adipócitos e no sangue, promovendo deposição de gordura na cabeça (face de lua cheia) e tronco (giba de búfalo). Pacientes em tratamento com glicocorticoides adquirem aspecto de braços finos e barriga cheia, porque o corpo acumula gordura nos órgãos vitais para proteção e também pela perda de massa magra pelo estado hipercatabólico. No sistema imune, os glicocorticoides vão atuar diminuindo a vasodilatação e a exsudação de líquidos, com menor chegada de células inflamatórias no local inflamado. Na inflamação aguda diminui o número e a atividade de leucócitos, porque bloqueiam a expressão de alguns receptores associados a essas células. Na inflamação crônica, diminui a atividade dos linfócitos. Atuam inibindo o interferon, e interleucinas 2, 12, que atuam por meio do Th1, e interleucinas 4, 5, 6 e 10 que inibem a via Th2 (via associada a resposta parasitária). Inibem a COX induzida, não atuam sobre a COX1, e assim não produzem efeitos colaterais no estômago e rins como os AINES. Além disso, inibem a expressão das moléculas de adesão e faz com que as células não sofram diapedese e não cheguem ao local inflamado. Roteiro de Estudo Farmacologia São utilizados na prevenção de rejeição de transplantes e nos casos de doenças autoimunes, pois reduzem a liberação de antígenos do tecido enxertado, retardam a vascularização e interferem na sensibilização das células produtoras de anticorpos. Os glicocorticoides atuam através de três vias na transcrição gênica: via receptor esteroide dímero, via NFkB e via AP-1. Atuam via receptores do tipo 4, que são os receptores nucleares. Usos clínicos: Doença de Addison Asma Eczema LES Prevenir doença do enxerto x hospedeiro Doenças neoplásicas Efeitos Adversos: miopatia, degeneração muscular periférica, obesidade central, face de lua cheia, acne, hirsutismo, pletora, hipertensão, intolerância a glicose, hipocalcemia, arteriosclerose, osteoporose, distúrbios neuropsiquiátricos, psicose, irritabilidade, insônia. Ansiolíticos Ansiedade é um estado de tensão emocional, acompanhado do sentimento de apreensão e medo (cortisol), e consequentemente induz uma resposta fisiológica de proteção. Classificação das ansiedades: 1. Desordens fóbicas: medo duradouro de coisas ou situações Específica (aranha, barata): começa na infância, persiste na fase adulta ou desaparece Social: medo de se expor em publico 2. Ansiedade generalizada: estado de alerta com excessiva ansiedade por nenhuma razão específica. Nível de estresse sempre elevado. 3. Distúrbios do pânico: ataques de medo excessivo, reações psicossomáticas marcantes. Sensação de morte 4. Estresse pós-traumático: apresenta-se após situações de ameaças (assalto, soldados após guerra); Ansiedade generalizada, ataques de pânico, medo, insônia, depressão Roteiro de Estudo Farmacologia Efeitos dos Ansiolíticos: Primeira classe de ansiolíticos foi o de barbitúricos, porém foi um tiro no pé. Classificação dos Barbitúricos: Vias de administração: Oral – sedativo, hipnótico, anticonvulsivante Intravenoso- indutor anestésico Intramuscular– não utilizado, pelo risco de necrose muscular Distribuição: Drogas lipossolúveis (chegam mais rápido ao SNC- 30seg) e drogas hidrossolúveis (chegada retardada ao SNC- 20minutos) Efeitos Adversos: Tentativa de suicídio, dependência, elevada tolerância, intoxicação leve a elevada (coma) Benzodiazepínicos Agem sobre os receptores GABA, facilitando a abertura dos canais de cloro no SNC, fazendo com que as células diminuam a transmissão de impulsos nervosos. O ansiolítico potencializa a abertura dos canais de cloro por meio da associação com o GABA, consequentemente diminuindo a atividade cerebral. Principais Efeitos: Hipnótico, relaxamento muscular, anticonvulsivante. De forma direta afetam pouco a PA Efeitos Adversos: tolerância leve, fraqueza muscular, incoordenação motora, amnésia retrógrada (lorazepan maior risco) Roteiro de Estudo Farmacologia Colinérgicos Transmissão colinérgica é toda aquela que envolve a acetilcolina. A colina é a molécula básica para a síntese de acetilcolina, e a acetilcolina é 100mil vezes mais ativa que a colina. A colina diminui a PA. Os receptores são capazes de aumentar ou diminuir a PA. Os receptores muscarínicos diminuem a PA e a FC, já os nicotínicos aumentam a PA. Os receptores muscarínicos recebem esse nome, pois tem uma maior afinidade com a muscarina, que é produzida pela amanita (cogumelo) que é um alucinógeno. E os nicotínicos porque tem maior afinidade com a nicotina que é obtida através do tabaco. Os receptores muscarínicos participam da estimulação parassimpática e tem como antagonista a atropina. Os receptores nicotínicos atuam nos gânglios, e estão associados à contração da musculatura voluntária e à secreção de adrenalina, aumentando assim a PA. Muscarínicos (↓PA e ↓FC) Nicotínicos (↑PA) Muscarina – Amanita Gânglios Muscaria – cogumelo Musculatura voluntária Estimulação parassimpática Secreção de adrenalina Atropina – Antagonismo Existem 5 tipos de receptores muscarínicos: M1= receptores neurais M2= receptores cardíacos M3= glândulas e musculatura lisa M4 e M5= função desconhecida Todos eles são acoplados à proteína G, e por isso são metabotrópicos, e são capazes de ativar a fosfolipase C ou a adenilato ciclase. Promovem efeitos na Ach nas sinapses parassimpáticas pós-ganglionares. Os receptores neurais promovem excitação lenta dos gânglios e também das glândulas salivares. Uso clínico desses receptores é indicado pra quem tem secura na boca, uma vez que a ativação desses receptores promove salivação. Os receptores M1 atuam pela via da fosfolipase C, gerando IP3 ou DAG, que abrem os canais de cálcio, promovendo excitação do SNC, secreção do ácido clorídrico no estômago e maior motilidade do trato GI. Quando há maior motilidade do trato GI, o intestino não consegue absorver bem os alimentos, causando diarréia. Receptores M2 (cardíaco) uma vez ativados vão promover redução da contração, com conseqüente redução da freqüência cardíaca e da pressão arterial. O fármaco que ativa o receptor M1 não vai ativar o M2 devido à mudança conformacional que cada um tem. Os receptores M2 atuam pela via da adenilato ciclase como ativação do AMP cíclico, que diminuem o influxo de cálcio e aumentam a condutibilidade pelos canais de potássio, promovendo hiperpolarização da célula, inibição neural e inibição cardíaca. Os receptores M3, conhecidos como glandulares, participam da secreção das glândulas, pois promovem contração da musculatura lisa e também das células mioepiteliais que estão em volta das glândulas. Quando ativados, promovem a secreção. Contudo, na região dos vasos sanguíneos, promove relaxamento vascular. Nas glândulas promove contração, nos vasos promove relaxamento. Os receptores M3 atuam pela via da fosfolipase C. Portanto, os receptores M1 e M3 atuam pela via da fosfolipase C, enquanto os receptores M2 atuam pela via do adenilato ciclase. Classificação dos fármacos colinérgicos Colinérgicos: mimetizam o efeito da acetilcolina (Ach). Podem atuar de forma direta, se ligando ao receptor, ou de forma indireta, potencializando a ação da acetilcolina. Antagonista competitivo. Anticolinérgicos: antagonizam o efeito da Ach. Podem atuar de forma direta, quando se ligam ao receptor e bloqueiam a ação da acetilcolina, ou de forma indireta, impedindo a ação da acetilcolina. Antagonista não competitivo. Roteiro de Estudo Farmacologia Principais efeitos na ativação dos receptores muscarínicos Cardiovasculares: bradicardia, vasodilatação dos vasos periféricos, diminuição da PA (M2) Bexiga: contração da musculatura lisa (M3) Intestino: aumento da motilidade intestinal (M3) Brônquios: broncoconstrição (M2) Glândulas: estimulação gástrica (M3) e aumento da salivação (M1) Efeitos oculares: miose e redução da pressão intra-ocular (M3) Principais agonistas muscarínicos: carbacol, pilocarpina, neostigmina, betanecol Uso clínico dos receptores muscarínicos: Glaucoma, promovendo diminuição da pressão intra-ocular (pilocarpina) e, esvaziamento vesical (carbacol) em casos de pedras na vesícula. Efeitos colaterais: aumento na motilidade do TGI, má absorção dos alimentos devido a rápida passagem do bolo alimentar pelo intestino e secreção exacerbada. Antagonistas colinérgicos Atropina: promove bloqueio reversível das ações dos colinérgicos, porque ela se liga aos receptores muscarínicos de forma mais seletiva. Em doses baixas ela se liga aos receptores muscarínicos, e em doses elevadas se liga aos receptores nicotínicos. Como ela bloqueia a ação dos colinérgicos, também impede a formação dos segundos mensageiros – IP3, DAG e bloqueia a acetilcolina. Efeitos da atropina: taquicardia (M2), relaxamento da musculatura lisa visceral (M3) e diminuição das secreções exócrinas (salivar, lacrimal, gástrica) Usos clínicos: Pode ser usada em casos de overdose de fármacos com ação colinérgica, tratamento da bradicardia (atropina), dilatação da pupila (tropicamida ciclopentolato), doença de Parkinson (benzotropina), ação antiespasmódica, no tratamento para asma (ipratrópio), incontinência urinária (oxibutinina) e síndrome do cólon irritável (diciclomina). Efeitos colaterais: diminuição das secreções (tosse seca, ressecamento da pele), taquicardia, midríase e ciclopegia. No SNC pode provocar excitação (atropina) e depressão e amnésia no caso de uso de hioscina. Receptores Nicotínicos São receptores que formam canais iônicos e tem três subtipos: musculares, ganglionares e específicos do SNC. Ações dos receptores nicotínicos: taquicardia e aumento na secreção glandular. Por terem mais efeitos colaterais do que clínicos, não tem aplicação terapêutica. Não tem fármacos que atuem sobre os receptores nicotínicos. São mais potentes que os receptores muscarínicos e são mais rápidos por serem receptores do tipo 1. Portanto, os receptores muscarínicos são metabotrópicos ligados a proteína G, e os nicotínicos formam canais iônicos. Nos muscarínicos observa-se aplicação clínica e nos nicotínicos não.