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Aula 2 - Considerações Sobre Epidemiologia e Saneamento

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30/03/2015
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Considerações Sobre Epidemiologia 
e Saneamento
Prof. Tiago Marques dos Santos
tiagorural@gmail.com
Universidade Federal Rural do Rio de 
Janeiro
Curso de Zootecnia
Epidemiologia
Formação etimológica:
• Epi: sobre
• Demos: povo, população (humana, animal ou vegetal);
• Logus: estudo;
• Conceito: ciência que estuda a ocorrência de doenças em
populações, suas causas determinantes, medidas profiláticas
para seu controle e/ou erradicação (FORATTINI, 1980).
Objetivos da epidemiologia
Estuda:
• o meio no qual se desenvolve a doença;
• o mecanismo de transmissão das doenças;
• o risco de surgir novos casos;
• as medidas profiláticas aplicadas contra as doenças.
Termos utilizados na investigação 
epidemiológica
Agente etiológico:
• causador ou responsável pela origem da doença.
Exemplos:
(vírus, rickéttsias, bactérias, fungos, protozoários, algas,
ectoparasitos e endoparasitos).
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Infecção:
• Penetração e desenvolvimento ou multiplicação de um
agente infeccioso no homem ou animal.
Termos utilizados na investigação 
epidemiológica
Infestação:
• Alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes
na superfície do corpo.
Termos utilizados na investigação 
epidemiológica
Fonte de infecção:
• Hospedeiro vertebrado que alberga o agente etiológico e o
elimina para o meio exterior.
Termos utilizados na investigação 
epidemiológica
Reservatório:
• Animal ou um local que mantém um agente infeccioso na
natureza.
Termos utilizados na investigação 
epidemiológica
Solo, pastagens
Água
Foto: Secretaria da Agricultura
e do Abastecimento do Paraná
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Hospedeiro Susceptível:
• Indivíduo que pode contrair a doença.
Enfermidade exótica:
• Doença que não existe no país ou região estudada.
Termos utilizados na investigação 
epidemiológica
Vetor:
• São animais, geralmente artrópodes, que transmitem o
agente infeccioso ao hospedeiro susceptível.
Termos utilizados na investigação 
epidemiológica
Amblyomma cajennense Haematobia irritans
Veículos:
• Elementos ou objetos inanimados que veiculam
(transportam) agentes infecciosos.
Exemplos: Alimentos (água, leite, silagem, etc.), agulhas,
seringas, panos, tesoura de tosquia, etc.
Termos utilizados na investigação 
epidemiológica
Fômites
Conceito de saúde e doença
Organização Mundial da Saúde (O.M.S.):
• Saúde:
“Completo estado de bem‐estar físico, mental e social, e não
somente a ausência de enfermidade”.
• Doença:
Alteração do estado de equilíbrio de um indivíduo consigo
mesmo ou com o meio.
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Classificação das doenças
Quanto a etiologia:
• Infecciosas;
• Não infecciosas.
Quanto a duração:
• Agudas;
– Subagudas;
– Hiperagudas ou superagudas.
• Crônicas.
Doenças hereditárias
Doenças congênitas: mal formações desenvolvidas durante os
períodos embrionário e fetal, mas não herdáveis.
Interação entre o agente causal, ambiente 
e hospedeiro
Processo 
epidêmico
Doença
Características do ambiente
Fatores físicos:
• Temperatura;
• Calor;
• Umidade;
• Topografia;
• Solo.
Fatores biológicos:
• Artrópodes;
• Roedores;
• Reservatórios;
• Animais susceptíveis;
• Hospedeiros intermediários.
Características do ambiente
Doença de Aujeszky
(suíno é reservatório do vírus)
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Fatores sócio‐econômicos:
• Nível cultural e econômico da comunidade ou do criador;
• Condições higiênico‐sanitárias da propriedade;
• Tamanho e distribuição das propriedades;
• Manejo e tipo de sistema de produção animal;
• Nível de tecnificação agropecuária.
Características do ambiente Características do agente 
Infecciosidade (infectividade):
• È a capacidade do agente etiológico de penetrar, se instalar e
multiplicar‐se no hospedeiro.
• É fundamental na previsão da propagação da doença. Está
relacionada com a velocidade de transmissão da doença.
• Alta infecciosidade:
– vírus da febre aftosa nos animais;
– Vírus da raiva.
• Baixa infecciosidade:
– vírus da febre aftosa para o homem.
Patogenicidade:
• capacidade do agente etiológico de produzir lesões
específicas no hospedeiro.
• Alta patogenicidade:
– raiva, febre aftosa, manqueira (carbúnculo sintomático).
• Baixa patogenicidade:
– Brucelose.
Características do agente 
Virulência:
• É a capacidade em produzir uma doença mais grave ou
menos grave, com alta ou baixa letalidade.
• Alta virulência:
– raiva, tétano.
• Baixa virulência:
– gripe (homem), brucelose (animais).
Características do agente 
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Antigenicidade (poder imunogênico):
• É a capacidade do agente etiológico em induzir no
hospedeiro a formação de anticorpos (resposta
imunológica).
• Alta antigenicidade: sarampo (homem), febre amarela
(homem), tétano (homem e animais).
• Baixa antigenicidade: aftosa, salmonelose.
Características do agente 
Resistência (viabilidade):
• capacidade de resistir (sobreviver) no meio ambiente em
condições naturais e aos produtos químicos (desinfetantes),
por determinados períodos de tempo.
• Capacidade de sobreviver fora do hospedeiro.
• Altamente resistentes no ambiente:
– Bactérias do gênero Clostridium e Bacillus.
Características do agente 
Período de sobrevivência ambiental de 
bactérias patogênicas
ND*= dados não disponíveis.
Fonte: Smith, 1994.
Características do hospedeiro
Espécie, raça, sexo, idade, estado 
fisiológico, densidade (lotação de 
animais/área), resistência (natural e 
imunidade).
Espécie:
• Características genéticas determinam a
susceptibilidade.
• Equídeos: Anemia Infecciosa Equina;
• Aves: Doença de Newcastle;
• Animais bi‐ungulados: Febre Aftosa.
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Raça:
• Características genéticas determinam a susceptibilidade.
Características do hospedeiro
Sexo:
• Influenciado por características anatômicas.
• Brucelose: em bovinos a ocorrência é mais comum em
fêmeas.
Idade:
• Diarréia por rotavírus e coronavírus: mais frequente em
animais neonatos;
• Brucelose: animais púberes (sexualmente maduros);
• Mastite bovina: vacas mais idosas apresentam maior
susceptibilidade à infecção;
Características do hospedeiro
Estado fisiológico: pode influenciar na susceptibilidade.
• Deficiências nutricionais;
• Fadiga;
• Estresse;
• Gestação;
• Lactação.
Redução da resistência 
orgânica
Características do hospedeiro
Densidade (lotação de
animais/área):
• Relacionado com o manejo
dos animais.
• Excesso de animai por área:
maior risco de contaminação e
transmissão da doença.
Características do hospedeiro
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• Resistência: conjunto de defesas inespecíficas e
específicas.
Res. Inespecífica:
• Determinada pelas características anatômicas e fisiológicas
do animal, não depende de reações de tecidos ou
anticorpos.
• Exemplo: a galinha é refratária ao “carbúnculo”(Bacillus
anthracis).
Características do hospedeiro
• Resistência específica: relacionada a fatores humorais,
teciduais ou ambos. Pode ser passiva ou ativa.
• Imunidade passiva: os animais recebem anticorpos já
elaborados.
– Natural: colostro, transuterino, ovos (gema);
– Artificial: soros (anti‐tetânico).
Características do hospedeiro
• Imunidade ativa: o organismo do animal reage formando
anticorpos.
• Natural: contato natural com o agente;
• Artificial: vacinas.
Características do hospedeiro Mecanismo de propagação de doenças
Animais doentes e 
portadores
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Principal vias que o agente etiológico é eliminado
Vias de eliminação Doenças
Secreções oro‐nasais tuberculose, garrotilho, raiva, aftosa
Secreções vaginais brucelose, metrites
Urina Leptospirose
Fezes Verminose
Leite mastites, brucelose, tuberculose
Sangue babesiose, anemiainfecciosa equina
Placenta Brucelose
Cutânea Sarna, micose
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Principais vias pela qual o agente etiológico penetra 
no hospedeiro
Porta de entrada (vias) Forma de contaminação
Respiratória gotículas de poeira e aerossóis
Digestiva água e alimentos contaminados
Urinária contágio direto, vetores, mãos contaminadas
Conjuntiva vetores mecânicos, gotículas de poeira
Galactófora (canal do teto: duto 
papilar)
mãos contaminadas, equipamento de 
ordenha contaminado (teteiras), solo, 
fômites
Onfaloflébica (umbigo) solo, vetores, água
Cutânea contágio direto, vetores, solo, água, fômites
Hospedeiro susceptível:
Vertebrado susceptível de ser infectado.
O conhecimento da cadeia epidemiológica da
enfermidade é passo fundamental para que sejam
aplicadas as medidas de profilaxia adequados e
eficazes.

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