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marcia parte3 defesa liberdade religiosa

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CUIABÁ 
2018 
MARCIA BORGES LOURENÇO 
 
LIBERDADE RELIGIOSA 
 
 
 
CUIABÁ 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LIBERDADE RELIGIOSA 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
UNIC PANTANAL, como requisito parcial para a
obtenção do título de graduado em Direito. 
 
 
 
MARCIA BORGES LOURENÇO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARCIA LOURENÇO BORGES 
 
 
LIBERDADE RELIGIOSA 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à UNIC PANTANAL, como 
requisito parcial para a obtenção do título de 
graduado em Bacharelado em Direito. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
Prof.(ª). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
Prof.(ª). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
Prof.(ª). Titulação Nome do Professor(a) 
 
 
Cuiabá, 09 de abril de 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a Deus, a minha mãe 
o meu maior exemplo de vida, ao meu 
esposo, aos meus filhos, a minha família, 
aos amigos, a minha igreja e a todos os 
que preenchem o meu coração. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço a Deus por me dar força, ânimo coragem e sabedoria, pois sem Ele 
jamais conseguiria êxodo. 
Agradeço a minha mãe Antónia Borges Lourenço, que sempre me deu força, 
nunca me deixou desistir, quando em momentos ruins passei, ela ali esteve me dando 
apoio que precisava. 
À memória do meu padrasto Aldo, hoje falecido, mas que sonhou viver esse 
momento comigo, sempre acreditou em um futuro melhor pra mim, e por ter sido o pai 
que Deus escolheu para cuidar de mim. Obrigada. 
Agradeço aos meus filhos lindos, Poliana Borges Da Silva, Hendrel Ítalo de 
Oliveira e Kauã Borges do Nascimento, que amo incondicionalmente, meu melhor 
presente que Deus me confiou e me entregou para amar e cuidar. 
Agradeço ao meu esposo Lindolfo Victor do Nascimento, que esteve todos os 
dias me levando e buscando, me colocando pra cima quando desanimada estava, me 
dando broncas quando nas aulas não queria ir, por cansaço ou até desânimo, ali ele 
estava me animando e encorajando, obrigado. 
Agradeço aos meus familiares, que sempre acreditaram na minha capacidade 
intelectual e sempre sonharam os meus sonhos. 
Agradeço principalmente aos meus professores, que compartilharam de seus 
conhecimentos para comigo, e não desanimaram de cada um de seus alunos. 
Agradeço aos meus pastores Messias Francisco e Egna Fernandes, por me 
instruírem e me ensinarem princípios bíblicos e humanos que me tornaram uma 
pessoa melhor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BORGES, Marcia Lourenço. Liberdade Religiosa. 2018. 36. Trabalho de Conclusão 
de Curso Graduação em Direito – Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2018. 
 
RESUMO 
 
 
A liberdade religiosa é o ponto de partida deste trabalho, onde discute-se a situação 
desse tema no Brasil e as respostas para a sociedade dentro de um Estado onde 
todos são livres para praticarem ou não uma determinada crença. O tema abordado 
busca abordar a luta pela liberdade religiosa até sua consagração através da 
Constituição Federal de 1988, com destaque na liberdade individual de culto, crença, 
associação e assembleias, organização religiosa, liturgia e de consciência. Este 
trabalho procura expor de maneira breve, o tratamento atribuído à liberdade religiosa 
na Constituição Brasileira, bem como, as dificuldades para a conquista desta 
liberdade. A partir desse caminho, para que seja entendido especialmente como 
funciona a Laicidade, foi elaborado um breve resumo da história da religião e 
liberdades e de como os doutrinadores debatem esses conceitos na teoria e na 
prática. Abordaremos também casos concretos que envolvem a discussão da 
liberdade religiosa. Este trabalho tem a proposta de desenvolver temas que serão de 
grande valia para os estudos direcionados a área de interesse considerando então, a 
análise doutrinárias, legais e de casos concretos aqui apresentados. Há várias 
situações, muitas vezes vexatórias. A questão é, se a presença do símbolo de uma 
determinada religião por mais influente que ela seja na sociedade, pode se impor em 
detrimento de todas as outras crenças em um ambiente sustentado por verbas 
públicas. Aplicando decisões de tribunais e principalmente a opinião de juristas sobre 
o tema da Laicidade do Estado com base na metodologia qualitativa, este trabalho, 
procura observar se a permanência de símbolos religiosos em repartições públicas é 
apoiada pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
 
 
 
Palavras-chave: Liberdade Religiosa; Estado Laico; Símbolos Religiosos; Laicidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BORGES, Marcia Lourenço. Religious Freedom. 2018. 36. Completion of Course 
Work of Graduation in Law – Universidade de Cuiabá, Cuiabá, 2018. 
 
ABSTRACT 
Religious freedom is the starting point of this work, where I bring the discussion of the 
situation of this issue in Brazil and the responses to society within a state where all are 
free to practice a certain belief or not. The theme addressed seeks to address the 
struggle for religious freedom until its consecration through the Federal Constitution of 
1988, with emphasis on individual freedom of worship, belief, association and 
assemblies, religious organization, liturgy and conscience. This work seeks to briefly 
outline the treatment accorded to religious freedom in the Brazilian Constitution, as 
well as the difficulties to achieve this freedom. From this point of view, for a special 
understanding of how Laity works, a brief summary of the history of religion and 
freedoms has been elaborated, and how doctrinators debate these concepts in theory 
and practice. We will also address concrete cases involving the discussion of religious 
freedom. This work has the proposal to develop topics that will be of great value for 
the studies directed to the area of interest considering then, the doctrinal, legal analysis 
and of concrete cases presented here. There are several situations, often vexatious. 
The question is whether the presence of the symbol of a particular religion as influential 
as it is in society can be imposed at the expense of all other beliefs in an environment 
supported by public funds. Applying court decisions and mainly the opinion of jurists 
on the theme of state secularism based on qualitative methodology, this paper seeks 
to observe whether the permanence of religious symbols in public offices is supported 
by the Constitution of the Federative Republic of Brazil of 1988. 
Keywords: Religious Freedom, Lay State, Religious Symbols, Secularism. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
CRFB Constituição da República Federal do Brasil 
PSL Partido Social Liberal 
ADCT Ato das Disposições Constitucionais Transitórias 
STF 
LOI 
 
CNJ 
 
ONU 
Superior Tribunal Federal 
Carta de Intenção ou LetterofIntent 
Congresso Nacional de Justiça 
Organização das Nações Unidas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 INTRODUÇÃO .......................................................................................................190 
CAPÍTULO 1 - SURGIMENTO DO ESTADO LAICO..............................................12 
1.1 Laicidade no Brasil.............................................................................................14 
1.2 Laicidade x Laicismo..........................................................................................15 
1.3 Democracia ,,,,,,,,,,,,,..........................................................................................15 
CAPÍTULO 2 - LIBERDADE RELIGIOSA...............................................................182.1 Liberdade de Crença..........................................................................................19 
2.2 Liberdade de Culto.............................................................................................20 
2.3 Liberdade de organização Religiosa..................................................................21 
CAPÍTULO 3 - TRANSTORNO EM TORNO DA LIBERDADE RELIGIOSA..........23 
3.1 Invocação do nome de Deus na Constituição Federal.......................................23 
3.2 Uso de Símbolos Religiosos nas Repartições Públicas.....................................24 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................28 
5. REFERÊNCIAS.....................................................................................................30 
 ANEXO A.................................................................................................................33 
 
 
10 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 A presente pesquisa explana a respeito da discussão sobre a presença dos 
símbolos religiosos nas repartições públicas brasileiras. Em todas as pontas da 
discussão, encontramos argumentos e discursos bem embasados discutindo ainda 
sobre a influência da religião nas decisões políticas. O direito fundamental de 
liberdade religiosa descrito no artigo 5º da Constituição Federal de 1998 explicita o 
direito de escolha, ou seja, a liberdade que o indivíduo possui em uma sociedade 
denominada democrática. 
 
 Ao colocarmos tal direito frente às implicações constitucionais existentes, 
podemos notar que as garantias fundamentais relacionadas nos incisos VI e VIII, 
ainda no art. 5º da CRFB/88, são feridas, uma vez que não é levado em consideração 
o direito da minoria. 
 
A problemática que expomos a seguir é sobre analisar o quanto a liberdade 
religiosa e a postura do Estado em tal matéria, por ser um país laico, deve permanecer 
neutro quanto a manifestações religiosas relativas à exposição de símbolos de uma 
determinada religião nos órgãos públicos. 
 
 O objetivo geral deste trabalho é elucidar e apresentar questões polêmicas 
relacionadas ao direito de liberdade religiosa, e se esse princípio constitucional, 
tratado no artigo 5º, VI da Constituição Federal de 1988, vem sendo desrespeitada 
diante da visão prática. 
 
Além disso, trataremos como objetivo específico, a identificação do surgimento 
histórico no Brasil da Laicidade e suas definições, bem como estudar o direito 
fundamental do indivíduo, o exercício da liberdade religiosa e analisar os conflitos 
causados por utilização de símbolos religiosos em repartições públicas, questionando 
a neutralidade do estado com a religião e suas crenças. 
 
 No primeiro capítulo deste trabalho, expomos os tópicos ao contexto histórico 
em identificar o surgimento da Laicidade no Brasil, objetivamente demonstrando a 
necessidade de se haver um Estado verdadeiramente laico, onde todos os credos, 
 
 
bem como a ausência destes, serão realmente respeitados, por um o Brasil que 
observe seus preceitos constitucionais, assegurando à minoria uma igualdade em 
relação àqueles que representam a maioria. O Estado obrigatoriamente deve ser 
neutro, partindo do princípio da ruptura do Estado e da religião. Porém cabe lembrar 
que o princípio de neutralidade não pode se confundir com omissão. 
 
 A partir do segundo capitulo abordaremos a parte da pesquisa que trata sobre 
a Liberdade Religiosa onde o objetivo é estudar a relação entre o exercício da 
liberdade religiosa e o Estado democrático de direito, especialmente no tocante aos 
direitos individuais; verificar compatibilidade do exercício de direitos individuais que 
colidem com princípio e valores religiosos e suas definições. 
 
 Assim sendo, o fato do Estado zelar pelo respeito aos valores religiosos e 
culturais dos cidadãos não significa que ele perca sua neutralidade e confissão. O 
verdadeiro Estado é aquele que leva em consideração os anseios e as necessidades 
do povo, inclusive sua aspiração pelo Transcendente. 
 
Por fim encerraremos o terceiro capitulo deste trabalho mencionando a que 
se refere os aspectos gerais, relacionados à presença religiosa na esfera pública, 
sendo bem visível a ostentação de símbolos e outras referências religiosas em 
espaços comuns, bem como crucifixo no plenário do Congresso Nacional e do 
Supremo Tribunal Federal e em diversas repartições públicas. A questão ainda se 
estende quanto a menção em Deus no preâmbulo constitucional à presença de 
dizeres religiosos em documentos e cerimônias públicas, como escolas e ambientes 
de trabalho estatais. 
 
Este assunto é de suma importância na evolução dos direitos individuais e 
coletivos, que possa de fato garantir a liberdade irrestrita de crença a uma religião, 
sem que haja a interferência, seja do Estado ou dos próprios cidadãos. Um país 
desprendido de todo preconceitos e de intolerância, respeitando a diversificadas 
culturas e crenças. 
 
 
 
 
12 
 
CAPÍTULO 1 - O SURGIMENTO DO ESTADO LAICO 
 
 Com a Reforma Protestante e o Iluminismo, passou-se a afirmar a ideia de 
separação entre Estado e religião. Hegel (1997) apontou para a necessidade do ser 
humano de professar a uma fé, mas colocou o Estado acima de todos os credos. 
Deste modo, embora todos estivessem sujeitos ao poder estatal, esse poder tem a 
missão de estabelecer a possibilidade de existência das religiões, que devem tratar 
das questões humanas de foro íntimo. 
 
 A omissão e não interferência entre os poderes estatal e religioso geram o 
Estado laico. O artigo quarto da Declaração Universal da Laicidade no Século XXI 
(DECLARAÇÃO, 2008), conceitua Laicidade como: 
 
A harmonização, em diversas conjunturas sócio históricas e 
geopolíticas, dos três princípios já indicados: respeito à liberdade de 
consciência e à sua prática individual e coletiva; autonomia da política 
e da sociedade civil com relação às normas religiosas e filosóficas 
particulares; nenhuma discriminação direta ou indireta contra os seres 
humanos. (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE LAICIDADE, §4º, 2008) 
 
 
Conforme diz BLANCARTE a laicidade não é uma condição estática. Ela é na 
verdade um processo: 
 
A laicidade – como a democracia- é mais um processo do que uma 
forma fixa ou acabada em forma definitiva. Da mesma maneira que 
não se pode afirmar a existência de uma sociedade absolutamente 
democrática, tampouco existe na realidade um sistema político que 
seja total e definitivamente laico. (BLANCARTE, 2008, P. 20) 
 
 
 Todavia, essa situação se perpetua porque a religião continua existindo no 
cotidiano secular do Estado, não apenas na sociedade civil, mas nas estruturas 
estatais. Blancarte aponta a substituição da religião pelo civismo ou como denomina 
de religião cívica. “As cerimônias cívicas, no fundo, são nada mais que rituais 
substitutivos para integrar a sociedade através de valores comuns novos ou 
adicionais.” 
 
 Para Santos e Lucas, a modernidade não aposentou completamente os 
elementos medievais, como o uso da religião: 
 
 
 
Apenas trocaram-se as entidades. Substitui-se, parcialmente, Deus 
personalizado medieval pela Deusa Razão, pela Deusa Igualdade, pela 
Deusa Liberdade e, também, foi substituído o Diabo, o ser medonho, 
muito grande e forte, de aparência escura, com chifres na cabeça, 
pelos Diabos modernos, o Diabo-Irracionalidade, o Diabo-Outro, o 
Diabo-Diferente, o Diabo-Minoria, os Diabos de Galeano. (SANTOS E 
LUCAS, 2015, P. 23) 
 
 
 Desta forma o Estado, então, continua a utilizar-se dos aparelhos repressores 
da religião, porém de maneira diferenciada, já que 
 
Os santos foram substituídospor heróis independentistas e liberais, e, 
os altares religiosos foram trocados por altares da Pátria. A substituição 
dos rituais religiosos por cerimonias cívicas põe em evidencia tanto a 
vontade de mudar no plano dos símbolos, como a dificuldade para criar 
instituições verdadeiramente laicas, ou seja, dessacralizadas. 
(BLANCARTE, 2008, p. 23). 
 
 Portanto, em vista a existência da religião, travestida de estruturas estatais, 
questiona-se se o Estado laico estaria mesmo divorciado da religião. É necessário 
salientar que muitas vezes o Estado utiliza-se da religião. 
 
A volta da religião à esfera pública parece ocorrer nas sociedades de 
mercado principalmente em duas circunstancias: quando o sistema, 
mesmo funcionando a todo vapor, leva a um impasse e ressurgem os 
debates a respeito de fins (crise ecológica); e quando o sistema é 
incapaz de gerar a necessária “boa vontade desinteressada”. 
(FRESTON, 1993, p. 3) 
 
 Sendo assim, em âmbitos coletivos, a religião continua a cumprir seu papel, 
seja como aparelho repressor, seja como a salvação de alguma situação de crise. A 
religião continua não configurando uma infringência a laicidade estatal, nem um 
desrespeito a estrutura moderna do Estado. 
 
 O processo de laicidade de um Estado está embasado em sua legitimidade: 
se um Estado precisa da religião para legitimar-se em sua forma de governo ou 
atuação, ou mesmo justificar ou fundamentar as decisões que seus entes tomam tal 
Estado não será laico, mesmo que em seu ordenamento jurídico esteja assegurada a 
laicidade. 
 
 
 
14 
 
 De outra maneira, existem Estados que tem religião oficial, mas demonstra 
autonomia em sua gerência, sem depender da moral eclesiástica, então tal Estado, 
mesmo que confessional, será laico. 
 
 Elucidando esse pensamento, Blancarte propõe: 
 
De facto, existem muitos Estados que não são formados, mas estabelecem 
políticas públicas ajenas a la normativa doutrinária de Iglesias e sustentam a 
legitimação mais em la soberania popular em qualquer forma de consagração 
eclesiástica. Países como Dinamarca o Noruega, que têm iglesias nacionais, 
como a luterana, e os tribunais do culto, funcionários do Estado, filho do 
pecado, são os países em que são suspeitas de políticas legais e 
democráticas e adoptadas políticas públicas ajenas a la moral da própria 
igreja oficial. 
 
[...] 
 
 De alguma maneira, por sus próprias bandeiras históricas nos países de 
implantação protestante son bastante laicos, a pesar de ter Iglesias 
nacionales u oficiais. Por su parte, onde as Iglesias ortodoxas estão 
arraigadas, como Grecia o Rússia, o Estado é menos laico, já que está em 
constante medida na medida da legitimidade proveniente da instituição 
religiosa. O caso dos países maioritariamente católicos apresentam uma 
terceira variante, na que geralmente são muito diversos e uma relação entre 
o Estado, que busca uma autonomia de gestão e a Igreja Mayoritaria, que 
pretende moldar a política pública (BLANCARTE, 2005) 
 
 No entanto, Costa (2008, p. 99), afirma que durante o Estado Monárquico, os 
Estados confessionais católicos, seguem as normas da Igreja Romana: 
 
 “sem chegar a uma conclusão entre sociedade política e sociedade religiosa; 
já o Estado protestante alcançou uma união muito mais estreita, onde os 
magistrados civis detinham a autoridade religiosa”. (COSTA, 2008, p. 99) 
 
 
 1.1 LAICIDADE NO BRASIL 
 
 No período colonial, no ano 1500 em Coimbra, realizou-se a primeira missa a 
todos os navegadores portugueses, introduzindo aqui o catolicismo. No período 
imperial, a Igreja Católica foi oficialmente aceita, não existindo liberdade religiosa em 
nosso país. Como curiosidade, vale lembrar que a terra recém encontrada foi 
primeiramente chamada de Ilha de Vera Cruz, depois de Terra Santa Cruz, 
percebemos assim a importância que os portugueses davam a propagação de sua fé. 
 
 
 
 
 A Constituição do Império em 1824 conseguiu progresso rumo à liberdade 
religiosa dos cultos não provenientes da igreja católica, em especial a dos 
protestantes, sendo permitido que fosse expresso suas crenças em sua língua natal 
e só era permitido no âmbito doméstico. 
 
1.2 LAICIDADE X LAICISMO 
 
 A relação entre elas é diferente, a laicidade significa simplesmente que há 
separação entre o Estado e a Igreja, isto é, um Estado laico o Estado é completamente 
neutro em matéria de religião e as igrejas não detêm qualquer poder político. Santos 
Junior elucida isso a seguir: 
 
[...] laicismo é um sistema jurídico-político no qual há separação total entre o 
Estado e a Religião. Neste sistema, Estado e organizações religiosas não 
sofrem interferências recíprocas no exercício de suas atividades. Por outro 
lado, laicidade é o caráter de neutralidade religiosa do Estado. (SANTOS 
JUNIOR, 2007 p. 62). 
 
 Portanto, chegamos à conclusão que laicismo é um sistema jurídico - político 
caracterizado pela laicidade. Sendo assim a laicidade garante a liberdade de todos e 
a liberdade de cada um ao distinguir o domínio público, o domínio onde se exerce o 
poder do Estado e onde se cumpre a cidadania e o domínio privado, onde se exercem 
as liberdades individuais (de pensamento, de consciência, de convicção, de religião e 
de associação) e onde coexistem as diferenças (biológicas, sociais, culturais). 
 
 Portanto, com este sucinto relato histórico, confirma-se que a laicidade 
brasileira que espera a ruptura Igreja-Estado necessita ser transformada, sendo de 
fato exercida a democracia. 
 
1.3 DEMOCRACIA 
 
 Desejo da maioria e direitos das minorias, democracia não é só o governo da 
maioria, mas sim o governo da maioria do povo, a democracia no Brasil teve início no 
século XX, após a Ditadura Militar, período de repressão e de perseguição que 
impediam que o povo tivesse o livre-arbítrio. 
 
 
16 
 
 Foram 30 anos de luta para alcançar a igualdade de direitos que foi concebida 
com a implementação, de uma nova constituição da impossibilidade de que a vontade 
de todos esteja conforme a que prevalece na ordem social, a democracia adota o 
princípio da maioria, em virtude do qual se torna possível uma alteração no instante 
em que a quantidade dos que desaprovam a ordem é superior à quantidade daqueles 
que com ela aprovam. 
 
 Sobre o ponto democracia, há alguns fatores que devem ser considerados 
sobre o direito fundamental a liberdade religiosa. Inicialmente, a palavra democracia 
é o regime político em que a soberania é exercida pelo povo através do sufrágio 
universal. Tem sua origem no grego demokratía que é composta por demos (que 
significa povo) e kratos (que significa poder). 
 
 Sarmento (2006, p.6) verbaliza a respeito da democracia, afirmando que esta 
é a única maneira existente de se governar, a qual trata a todo e qualquer cidadão 
igualmente, conforme é atribuído ao cidadão um poder igual de dominação nas 
decisões gerais que alcançarão sua vida. 
 
 É na sua democracia que os indivíduos são tratados como cidadãos e não 
como objetos, uma vez que apenas no regime democrático se reconhece em cada 
indivíduo um cidadão livre, dotado da competência moral para, em igualdade com 
seus concidadãos, participar da adoção de decisões vinculativas para toda a 
comunidade. 
 
 O conceito de democracia, porém só é possível ser interpretado conforme 
uma determinada concepção de democracia. Segundo a desigualdade existente entre 
conceito e concepção. O conceito adotado pelo ex-presidente dos Estados Unidos 
Abraham Lincoln, a democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo. Desta 
maneira, a concepção de democracia existente explica três elementos necessários, 
os quais são: 
 
O sujeito da democracia(quem governa), o funcionamento da democracia 
(como se governa) e a finalidade da democracia (para quem se governa) 
(BARZOTTO, 2003). 
 
 
 
 
 Para Barzotto (2003) existiram três concepções que valem ser ressaltadas, 
pois contextualiza o que era considerado. Na concepção plebiscitária de Rousseau, a 
democracia é o governo de vontade geral. O indivíduo é gerado como cidadão. No 
que tange ao poder do povo é algo que não se discute, é soberano e não se limita 
pelo direito. É a população que determina os pontos de maior importância. 
 
 Para Kelsen, a democracia é o governo da maioria. O indivíduo é auto 
interessados e antissocial (a vontade do povo auxilia para formar a vontade do 
Estado). Domina a ideia da legalidade uma vez que este defende a minoria da maioria 
e a própria maioria de si mesma. Entende-se que o direito positivo é produto da 
maioria ou de um grupo de interesse de todos. 
 
 Por fim a terceira a concepção protegida por Aristóteles, este afirma que a 
democracia é o governo dos muitos. Os diversos pontos de vista sobre um 
determinado bem comum que comunicados no debate público dão à democracia um 
caráter deliberativo, racional, ou melhor, o direito é o produto da razão prática. 
 
 Desta forma, vale ressalta-se que em um verdadeiro estado democrático de 
direito, os direitos fundamentais devem estar garantidos e o poder ser exercido de 
maneira democrática (BOBBIO, 1986). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
CAPÍTULO 2 - LIBERDADE RELIGIOSA 
 
 Desde o limiar da Reforma Protestante e do Iluminismo, a questão da religião 
na vida do ser humano mudou. Bosch (2002) afirma que a religião, no Estado 
Absolutista dependia da crença de seu soberano, que muitas vezes controlava os 
poderes estatais (Legislativo, Executivo e Judiciário) bem como a Religião. Aos 
poucos, a religião foi mudando, se multiplicando, acompanhando o ritmo das 
alterações sociais que se apresentaram. 
 
 Rubem Alves (1984) aponta que a ausência de religião em um ser humano já 
foi sinônimo de anormalidade. Tal situação, no entanto, mudou e passou ser cada vez 
mais comum, não podendo mais tida como doença, praga, ou algo fora do normal. 
Mesmo diante de uma constante secularização da sociedade, a religião continua 
presente, viva e operante na comunidade global. 
 
 Pode se afirmar que a liberdade religiosa consiste em um dos princípios 
fundamentais da laicidade. Ainda que ela se apresente de maneira clara desde 1891 
em todas as Constituições brasileiras, necessita saber como, e até qual limite, ela 
acontece na prática. 
 
 Para que seja possível a sua compreensão a República Federativa do Brasil 
escolheu pelo Estado, para que os direitos e deveres presumidos na CF/88, a 
liberdade religiosa totalmente defendida no art. 5º incisos VI: 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de 
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, 
fixada em lei; (BRASIL, 1988) 
 
 Democrático de Direito, como se vê na presente Constituição Federal de 
1988. A obrigação do nosso Estado, e o seu dever é de garantir a liberdade religiosa, 
trata-se de um direito fundamental. Sendo assim, Bulos (2001, p.520) entende que a 
liberdade religiosa é um direito com caráter de primeira geração, tendo seu início ao 
 
 
fim do século XVII. 
 
 Tal direito fundamental de primeira geração deve ser assegurado pelo Estado, 
segundo a concepção de Bastos (1989, p.32), por “um dever de não fazer, de não 
atuar, de abster-se, enfim naquelas áreas reservadas ao indivíduo”. Sendo assim, a 
liberdade religiosa, sobre a qual o enfoque será incidente. Para que seja possível a 
compreensão, será dividida em Três formas mais específicas: Liberdade de Crença, 
Liberdade de Culto e Liberdade de Organização Religiosa. 
 
 
2.1 LIBERDADE DE CRENÇA 
 
 Já a Constituição Brasileira de 1969 garantia a liberdade de consciência e o 
livre exercício dos cultos religiosos. A liberdade de crença era assegurada somente 
como uma forma de liberdade de consciência. 
 
 Na Constituição Brasileira de 1988, a liberdade de crença passou a ser 
prevista de forma explicita, juntamente com a liberdade de consciência, conforme 
descrito no artigo 5º, inciso VI: 
 
“VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado 
o livre exercícios dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção 
aos locais de culto e a suas liturgias”. (BRASIL, 1988) 
 
 
 A diferença entre liberdade de consciência e de crença se faz necessária, uma 
vez que está incluída na liberdade de consciência. Conforme os ensinamentos de 
Celso Ribeiro Bastos e Ives Gandra Martins: 
 
A liberdade de consciência não se confunde com a de crença. Em primeiro 
lugar, porque uma consciência livre pode determinar-se no sentido de não ter 
crença alguma. Deflui, pois, da liberdade de consciência uma proteção 
jurídica que inclui os próprios ateus e os agnósticos. De outra parte, a 
liberdade de consciência pode apontar para uma adesão a certos valores 
morais e espirituais que não passam por sistema religioso algum. (RIBEIRO 
BASTOS E GANDRA MARTINS, 2001 p. 53). 
 
 Essa distinção permite concluir que ambas tratam do foro íntimo, no entanto, 
a liberdade de crença assegura a fé, a opção por uma crença ou religião. Sendo assim, 
 
20 
 
a Constituição Federal não permite a limitação ou restrição do direito de liberdade de 
crença, uma vez que se tratado foro íntimo do homem. 
 
2.2 LIBERDADE DE CULTO 
 
 A manifestação da liberdade de culto trata do direito de exprimir a crença ou 
sua descrença de uma religião. Uma maneira segura são os locais destinados à expor 
a liberdade de crença, isto é, os templos: 
 
 
“[...] a liberdade de culto, forma outra porque se extravasam as crenças 
íntimas (art. 5º, VI). A liberdade do culto religioso é garantida, bem como os 
locais de seu exercício e as liturgias, na forma determinada pela lei. Assim, a 
lei definirá o modo de proteção dos locais consagrados aos cultos e às 
cerimônias” 
 
“Liberdade de culto: a religião não é apenas sentimento sagrado puro. Não 
se realiza na simples contemplação do ente sagrado, não é simples adoração 
a Deus. Ao contrário, ao lado de um corpo de doutrina, sua característica 
básica se exterioriza na prática dos ritos, no culto, com suas cerimônias, 
manifestações, reuniões, fidelidades aos hábitos, às tradições, na forma 
indica pela religião escolhida.” (BRASIL, 1988) 
 
 Desta maneira a liberdade de culto fortalece a liberdade de crença, pois na 
vigência da Constituição Imperial em 1824, previa-se a liberdade de crença, mas se 
negava a liberdade de culto pública, já que a exteriorização da religião que não fosse 
a católica somente poderia ocorrer na privacidade do culto. 
 
 Com a Proclamação da República, passou-se a proteger não somente a 
liberdade de crença, mas também o local do culto. O artigo 5º, inciso VI, da atual 
Constituição trata taxativamente, a liberdade de culto e a proteção aos locais da 
exteriorização da liberdade de crença. Essa proteção inibe o ataque fiscal do Estado. 
Isto é, a liberdade de culto é assegurada pela Constituição de 1988, que veda qualquer 
obstáculo quanto à manifestação da liberdade de crença. 
 
 De acordo com os ensinamentos de José Afonso da Silva: 
 
[...] a religião nãoé apenas sentimento sagrado puro. Não se realiza na 
simples contemplação do ente sagrado, não é simples adoração a Deus. Ao 
contrário, ao lado de um corpo de doutrina, sua característica básica se 
exterioriza na prática dos ritos, no culto, com suas cerimônias, manifestações, 
reuniões, fidelidades aos hábitos, às tradições, na forma indicada pela religião 
escolhida. (AFONSO SILVA, 2007, p. 249). 
 
 
 O inciso VI do artigo 5º da Constituição Federal assegura o livre exercício dos 
cultos religiosos e a proteção, na forma da lei, aos locais de culto e suas liturgias. 
Acerca disto, dispõe José Afonso da Silva: 
 
É evidente que não é a lei que vai definir os locais do culto e suas liturgias. 
Isso é parte da liberdade de exercício dos cultos, que não está sujeita a 
condicionamento. É claro que não há locais, praças, por exemplo, que não 
são propriamente locais de culto. Neles se realizam cultos, mais no exercício 
da liberdade de reunião do que no da liberdade religiosa. A lei poderá definir 
melhor esses locais não típicos de culto, mas necessários ao exercício da 
liberdade religiosa. E deverá estabelecer normas de proteção deste e dos 
locais em que o culto normalmente se verifica, que são só templos, 
edificações com as características próprias da respectiva religião. (AFONSO 
SILVA, 2007, p. 250). 
 
 Destarte que a liberdade de culto abrange ainda a inviolabilidade dos templos 
e dos locais de culto, uma vez que esses locais são necessários para o exercício 
religioso e seus ritos. 
 
2.3 LIBERDADE DE ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA 
 
 Essa liberdade permitiu a constituição e funcionamento dos cultos sob a 
máscara da personalidade jurídica prevista pela legislação civilista, isto é, as 
organizações religiosas “funcionam sob o manto da personalidade jurídica que lhes é 
conferida nos termos da lei civil, conforme prescreve o § 1º, do artigo 44, do Código 
Civil: 
 
“Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: (...) 
 
IV - as organizações religiosas; (...) 
 
§ 1º - São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o 
funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público 
negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários 
ao seu funcionamento.” (BRASIL, 2002) 
 
 Com o reconhecimento dos cultos através da personalidade jurídica conferida 
pelo ordenamento jurídico, nasce o dever jurídico do Estado de não impor dificuldades 
e/ou embaraços na criação de organizações religiosas, haja vista a obrigação 
constitucional do Estado de não embaraçar a criação de entidades religiosas através 
da tributação de impostos sobre templos religiosos. 
 
 
22 
 
 Sendo assim a liberdade religiosa é um direito com caráter de primeira 
geração, tendo seu início ao fim do século XVII. Tal direito fundamental de primeira 
geração deve ser assegurado pelo Estado, segundo a concepção de Bastos (1989, 
p.32), por “um dever de não fazer, de não atuar, de abster-se, enfim naquelas áreas 
reservadas ao indivíduo”. 
 
 Entende-se, que o Estado, tem a obrigação de não permitir as supostas 
transgressões ao direito de desempenhar o credo religioso. Sobre este ponto a CF/88, 
em seu artigo 19, inciso I: 
 
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes 
o funcionamento ou manter com eles ou suas representantes relações de 
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de 
interesse público; (BRASIL, 1988) 
 
 Partindo da premissa a qual é vedado que o Estado mantenha aliança ou 
vínculo de dependência com qualquer que seja a religião (Igreja), é visível o trato 
excepcional do Estado em relação à Igreja Católica, através do Acordo bilateral 
alicerçado entre a República Federativa do Brasil juntamente com a Santa Sé em 
2008, enquanto se oficializava na audiência oficial na: 
 
 “biblioteca do Vaticano entre o papa Bento XVI e o ex-presidente Lula, e 16 
o mesmo foi aceito pela Câmara dos Deputados, no dia 26 de agosto de 2009, 
e em 08 de outubro de 2009” pelo Senado Federal (ORO, 2011, p. 222). 
 
 Cabe citar o que Mariano (2001) e Oro (2011) contextualizam referente às 
grandes críticas surgidas pela sociedade, onde este alega a violação do art. 19 da 
Constituição brasileira, onde veda ao Estado, possuir vínculos de subordinação ou 
aliança com devoções religiosas e igrejas e subsidiá-los. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 3 - TRANSTORNO EM TORNO DA LIBERDADE RELIGIOSA 
 
3.1 INVOCAÇÃO DE DEUS NO PREAMBULO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
 O Partido Social Liberal – PSL/AC – propôs uma ação direta de 
inconstitucionalidade contra ato da Assembleia Constituinte do Estado do Acre, 
alegando omissão, por ser o único estado da Federação que não repete em sua 
Constituição estadual a invocação a Deus existente no preâmbulo da Constituição 
Federal, alegando tratar-se de norma de repetição obrigatória, de acordo com o artigo 
25 da Constituição Federal e o artigo 11 do Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias – ADCT. O preâmbulo da Constituição Estadual do Acre é assim redigido: 
 
A Assembleia Estadual Constituinte, usando dos poderes que foram 
outorgados pela Constituição Federal, obedecendo o ideário democrático, 
com o pensamento voltado para o povo e inspirada nos heróis da Revolução 
Acreana, promulga a seguinte Constituição do Estado do Acre. (ACRE, 2013, 
página única). 
 
 Segue a ementa da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal acerca 
do tema: 
 
EMENTA: CONSTITUCIONAL. CONSTITUIÇÃO: PREÂMBULO. NORMAS 
CENTRAIS. Constituição do Acre. I. - Normas centrais da Constituição 
Federal: essas normas são de reprodução obrigatória na Constituição do 
Estado-membro, mesmo porque, reproduzidas, ou não, incidirão sobre a 
ordem local. Reclamações 370-MT e 383-SP (RTJ 147/404). II. - Preâmbulo 
da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: 
não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, 
não tendo força normativa. III. - Ação direta de inconstitucionalidade julgada 
improcedente. (acesso em 27abr. 2017) 
 
 
 A ação direta de inconstitucionalidade analisada foi julgada improcedente no 
ano de 2002, não tendo mais o tema sido pauta de debate da mais alta cúpula do 
órgão julgador do Brasil. 
 
Votação: unânime. Resultado: improcedente. Acórdãos citados: Rcl-370, 
Rcl-383 . Obs.: - impedido o Min. Gilmar Mendes. Número de páginas: (14). 
Análise:(ANA). Revisão:(VAS/RCO). Inclusão: 15/12/03, (MLR). 
Parte superior do formulário 
Parte inferior do formulário 
 
 
 
24 
 
 Nesse sentido, o STF entendeu que ele não possui eficácia jurídica (força 
normativa), tanto que as Constituições estaduais não estão obrigadas a transcrever a 
expressão sob a proteção de Deus em seu conteúdo. Nesse mister, Alexandre de 
Moraes versa sobre a subjetividade do preâmbulo: 
 
“[...] o Estado brasileiro, apesar de laico, não é ateu, como comprova o 
preâmbulo constitucional, e, além disso, trata-se de um direito subjetivo e não 
de uma obrigação, preservando-se, assim, a plena liberdade religiosa 
daqueles que não professam nenhuma crença” (MORAES, 2009, pg. 49) 
 
 O preâmbulo da Constituição de 1988 traduz o entendimento de que o Brasil 
não é um Estado ateu, isto é, há igualdade entre as diversas e diferentes religiões, 
enquanto o artigo 19, inciso I, do Texto Constitucional determina a laicidade do Estado, 
bem como a proibição de embaraço aos cultos religiosos, como esclarecem Gilmar 
Ferreira Mendes, Inocêncio Mártires Coelho e Paulo Gustavo Gonet Branco: “O 
Estado brasileiro não é confessional, mas tampouco é ateu, como se deduz do 
preâmbulo daConstituição, que invoca a proteção de Deus. 
 
 Admite igualmente, que o casamento religioso produza efeitos civis, na forma 
o disposto em lei (...) a laicidade do Estado não significa, por certo, inimizade com a 
fé.” Nesse mister, não há conflito entre o preâmbulo e o artigo 19, inciso I, da 
Constituição de 1988, visto que a expressão sob a proteção de Deus possui um 
caráter subjetivo. 
 
3.2 USO DE SOMBOLOS RELIGIOSOS EM REPARTIÇÕES PÚBLICAS 
 
 Seguindo a esta citação do art. 19 do código Civil, pode-se igualmente lembrar 
como violação da presença do crucifixo em órgãos públicos tais como: escolas, 
hospitais, prisões, parlamentos e até mesmo em tribunais, não mostrando então a 
separação Igreja-Estado permitindo desta forma um tratamento distinto frente às 
outras religiões. 
 
 Portanto, o Estado obrigatoriamente deve ser neutro, partindo do princípio da 
ruptura do Estado e da religião. Porém cabe lembrar que o princípio de neutralidade 
não pode se confundir com omissão. 
 
 
 
 Desta maneira o Estado quando houver violação a esse direito, é do Estado 
a prestação jurisdicional para não permitir, reparar e sanar o agravo à liberdade de 
religião. (BASTOS, 1989). 
 
 Ocorreram inúmeras manifestações em desacordo com o uso dos crucifixos, 
principalmente nos Tribunais, desde o advento da República, separação do Estado e 
igreja. 
 
 No Brasil, o assunto ressurgiu no ano de 2005, quando o Juiz de Direito 
gaúcho Roberto Arriada Lorea, propôs uma moção simbólica sugerindo a retirada dos 
crucifixos das salas de audiência do Rio Grande do Sul. Ainda, em 2007. A maioria 
dos magistrados votantes foi contra a moção, demonstrando o enraizamento da 
religião na cultura brasileira. 
 
 Em relação ao uso dos símbolos religiosos ganhou força na França, no ano 
de 2004, houve internacionalmente grande polêmica foi promulgada a lei LOI 2004-
228, proibição a utilização de símbolos religiosos ostensivos em escolas públicas do 
país. Maria Cláudia Bucchianeri escreveu o seguinte: 
 
“A fixação ou manutenção, pelo Estado ou por seus Poderes, de símbolos 
distintivos de específicas crenças religiosas representa uma inaceitável 
identificação do ente estatal com determinada convicção de fé, em clara 
violação à exigência de neutralidade axiológica, em nítida exclusão e 
diminuição das demais religiões que não foram contempladas com o gesto 
de apoio estatal e também com patente transgressão à obrigatoriedade 
imposta aos poderes públicos de adotarem uma conduta de não-ingerência 
dogmática, esta última a assentar a total incompetência estatal em matéria 
de fé e a impossibilidade, portanto, do exercício de qualquer juízo de valor 
(ou de desvalor) a respeito de pensamentos religiosos” (BUCCHIANERI, 
2009). 
 
 Outro argumento utilizado com frequência pelos religiosos favoráveis ao uso 
de símbolos cristãos em prédios públicos, especialmente nas dependências do Poder 
Judiciário, diz respeito ao fato de serem utilizados como “fontes de inspiração” para a 
correta atuação dos agentes estatais. Inspiração para quê? pergunta-se. Certa vez, 
Ives Gandra da Silva Martins chegou a escrever: 
 
 
26 
 
“No caso da magistratura, os valores cristãos se tornam ainda mais 
fortemente 'fonte de inspiração' para as decisões, uma vez que 'fazer justiça' 
é, de certo modo, exercer um atributo divino. A justiça humana será tanto 
menos falha quanto mais se inspirar na justiça divina”. (GANDRA SILVA 
MARTINS, artigo citado) 
 
 
 Na verdade, essa afirmação do eminente Ministro deveria causar 
preocupação e estranheza já que a chamada “justiça divina” nem sempre se 
assemelha ao ideal de justiça consagrado na Constituição Federal e tido como modelo 
para a sociedade em que vivemos hoje. 
 
 Pelo contrário, na leitura da Bíblia, um dos símbolos cristãos mais utilizados, 
é fácil encontrar atrocidades e massacres ordenados por Deus e perpetrados por seus 
seguidores, conforme relatado no “esquecido” Velho Testamento. De fato, a Bíblia 
possui modelos de comportamento ideais e não-ideais, mas a verdade é que ela não 
pode ser utilizada como “inspiração” ou tida como modelo de “justiça” a ser seguido. 
 
 Por outro lado, o Conselho Nacional de Justiça – CNJ já decidiu que o uso de 
símbolos religiosos em órgãos da Justiça não fere o princípio de laicidade do Estado. 
CNJ deixou a cargo dos juízes a decisão acerca da permanência de crucifixos nas 
paredes de suas salas de audiência. 
 
 O Supremo Tribunal Federal, dois ministros já se manifestaram contra a 
manutenção do crucifixo localizado no plenário: Celso de Mello e Marco Aurélio. 
Significa dizer que as salas de audiência e Tribunais não são locais de culto, assim 
como nenhum outro órgão estatal. De fato, a Cruz afigura-se, desde sempre, um 
símbolo religioso específico da fé cristã, não podendo dissociar-se desse seu 
significado, o que afronta a opção constitucional pelo Estado laico que já se esperava 
ver consolidada. 
 
 No plano internacional, recentemente a Itália foi condenada pela Corte 
Europeia de Direitos Humanos por ostentar crucifixos em Escolas Públicas no 
caso Lautsi v. Italy. Já na Alemanha, o Tribunal Constitucional decidiu que a coerção 
de participar de uma lide sob a cruz, contrariando as convicções religiosas ou 
ideológicas do litigante, caracteriza uma intervenção na liberdade de crença do 
 
 
mesmo, que acabou por enxergar ali uma identificação do Estado com a fé cristã. E 
em outra oportunidade, o Tribunal alemão decidiu que; 
 
“a colocação de cruzes nas salas de aula ultrapassa os limites aceitáveis, 
pois a cruz não pode ser separada de sua específica referência ao conteúdo 
religioso da fé cristã” (ALEMANHA) 
 
 Conclui-se que a provável maneira de sanar esse problema a qual gera a 
morte de muitos indivíduos é a tolerância religiosa é o Estado se manter neutro, 
conforme está na Constituição Federal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Após análise dos temas e dados expostos nesse estudo, podemos concluir 
que a Liberdade Religiosa é um Direito que custou a ser conquistado, surgindo no 
mundo durante a transição histórica entre Era Moderna e Contemporânea e que no 
Brasil só foi conquistado com o advento da República. Passa ser típico o 
comportamento do legislador quando o mesmo criou, no sistema legislativo, normas 
que impunham esse direito e outras que penalizavam a infração contra esse direito. 
 
 Todavia, há momentos em que conflitos de direitos e nessa situação se 
necessário um minucioso estudo para revelar em qual lado a balança deve suspender. 
Acima de tudo não se deve negar o direito a crença, e sim adaptá-lo. 
 
 Portanto, a Liberdade Religiosa é uma direto que não pode ser negado a 
ninguém e que se em algum momento esse direito entrar em conflito com algum outro 
será necessária uma análise minuciosa do caso concreto para saber sobre direito 
conflitante. Percebemos ainda que, apesar de ser um princípio basilar estar elencada 
entre os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos brasileiros, é suprimida, em 
detrimento à tradição e cultura do povo. 
 
 A religião mais presente na história do Brasil é o catolicismo desde os 
primórdios da nação brasileira. Deixando bem claro que a religião deixou suas marcas 
que não podem ser apagadas na cultura nacional e na nossa sociedade, que acaba 
interferindo na total separação entre Estado e a Religião. 
 
 Os símbolos católicos estão em repartições públicas, de todo o País, se 
tornando prejudicial para o desenvolvimento social da nação. Há adeptos de todasas 
religiões tanto da maioria como na minoria, ou até mesmo daqueles que preferem não 
crer em nenhuma religião, tendo assim seus direitos discriminados e não tolerados. 
 
 O Estado brasileiro se pauta nos princípios da igualdade e liberdade, 
princípios da nossa constituição Federal, para garantir o pluralismo religioso, para que 
todos escolham ter ou não uma religião. É preciso que haja a separação do Estado e 
 
 
a igreja como um sistema político, assumindo a posição Laica. Esta separação só é 
possível no âmbito da formalidade, uma vez que não tem como separar o Estado da 
sociedade. 
 
 A execução da liberdade religiosa se justifica nas discussões e nos debates 
acerca dos temas conflitante aqui exposto uma vez que ao falar sobre questões como 
uso dos símbolos religiosos, a invocação a Deus no preâmbulo da constituição Federal 
expõe o Estado Laico Brasileiro. 
 
 Sendo assim, demonstrando sua fragilidade do sistema laico do Brasil em um 
momento em que o pluralismo religioso vem aumentando a cada dia mais, um 
crescimento das igrejas evangélicas e também de quem tem o direito de não crer em 
nada como os ateístas, desta forma, se verifica, então, que enquanto a sociedade 
encarar a religião como fator determinante para a realização do bem comum, esse 
bem será distorcido: alguém será privilegiado e outro discriminado. É fundamental, 
novamente na atualidade, a defesa, por um lado, da liberdade religiosa de todos e, 
por outro, a afirmação virtuosa do Estado Laico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
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SANTOS, André Leonardo Copetti; LUCAS, Doglas Cesar. A (in)diferença no 
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STRECK, Lenio Luiz; MORAIS, José Luis Bolzan de. Ciência Política e Teoria Geral 
do Estado. 3. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003. 
FRESTON, Paul. Protestantes e a política no Brasil: Da Constituinte ao 
Impeachment f. Tese (Doutorado) Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da 
Universidade Estadual de Campinas HAYNES, Carlyle Boynton.ANEXO A 
 
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DA LAICIDADE NO SÉCULO XXIII. 
Preâmbulo. 
Considerando a crescente diversidade religiosa e moral no seio das sociedades atuais 
e os desafios encontrados pelos Estados modernos para favorecer a convivência 
harmoniosa; considerando também a necessidade de respeitar a pluralidade das 
convicções religiosa, ateias, agnósticas, filosóficas e a obrigação de favorecer, por 
diversos meios, a decisão democrática pacífica; e, finalmente, considerando a 
crescente sensibilidade dos indivíduos e dos povos com relação às liberdades e aos 
direitos fundamentais, incentivando os Estados a buscarem o equilíbrio entre os 
princípios essenciais que favorecem o respeito pela diversidade e a integração de 
todos os cidadãos com a esfera pública, nós, universitários, acadêmicos e cidadãos 
de diferentes países, propomos a reflexão de cada um e o debate público, sobre a 
seguinte declaração: 
Princípios fundamentais. 
Artigo 1º: Todos os seres humanos têm direito ao respeito à sua liberdade de 
consciência e à sua prática individual e coletiva. Este respeito implica a liberdade de 
se aderir ou não a uma religião ou a convicções filosóficas (incluindo o ateísmo e o 
agnosticismo), o reconhecimento da autonomia da consciência individual, da liberdade 
pessoal dos seres humanos e da sua livre escolha em matéria de religião e de 
convicção. Isso também implica o respeito pelo Estado, dentro dos limites de uma 
ordem pública democrática e do respeito aos direitos fundamentais, à autonomia das 
religiões e das convicções filosóficas. 
Artigo 2º: Para que os Estados tenham condições de garantir um tratamento 
igualitário aos seres humanos e às diferentes religiões e crenças (dentro dos limites 
indicados), a ordem política deve ter a liberdade para elaborar normas coletivas sem 
que alguma religião ou crença domine o poder e as instituições públicas. 
Consequentemente, a autonomia do Estado implica a dissociação entre a lei civil e as 
normas religiosas ou filosóficas particulares. As religiões e os grupos de convicção 
devem participar livremente dos debates da sociedade civil. Os Estados não podem, 
de forma alguma, dominar esta sociedade e impor doutrinas ou comportamentos a 
priori. 
Artigo 3º: A igualdade não é somente formal; deve-se traduzir na prática política por 
meio de uma constante vigilância para que não haja qualquer discriminação contra 
seres humanos no exercício dos seus direitos, particularmente dos seus direitos de 
cidadão, independentemente deste pertencer ou não a uma religião ou a uma filosofia. 
Para que a liberdade de pertencer (ou de não pertencer) a uma religião exista, poderão 
ser necessárias “acomodações razoáveis” entre as tradições nacionais surgidas de 
grupos majoritários e as de grupos minoritários. 
 
 
 
34 
 
A Laicidade como princípio fundamental do Estado de Direito. 
Artigo 4º: Definimos a laicidade como a harmonização, em diversa conjuntura sócio 
histórica e geopolítica, dos três princípios já indicado: respeito à liberdade de 
consciência e a sua prática individual e coletiva; autonomia da política e da sociedade 
civil com relação às normas religiosas e filosóficas particulares; nenhuma 
discriminação direta ou indireta contra os seres humanos. 
Artigo 5º: Um processo laicizador emerge quando o Estado não está mais legitimado 
por uma religião ou por uma corrente de pensamento especifica, e quando o conjunto 
de cidadãos puder deliberar pacificamente, com igualdade de direitos e dignidade, 
para exercer sua soberania no exercício do poder político. Respeitando os princípios 
indicados, este processo se dá através de uma relação íntima com a formação de todo 
o Estado moderno, que pretende garantir os direitos fundamentais de cada cidadão. 
Então, os elementos da laicidade aparecem necessariamente em toda a sociedade 
que deseja harmonizar relações sociais marcadas por interesses e concepções 
morais ou religiosas plurais. 
Artigo 6º: A laicidade, assim concebida, constitui um elemento chave da vida 
democrática. Impregna, inevitavelmente, o político e o jurídico, acompanhando assim 
os avanços da democracia, o reconhecimento dos direitos fundamentais e a aceitação 
social e política do pluralismo. 
Artigo 7º: A laicidade não é patrimônio exclusivo de uma cultura, de uma nação ou 
de um continente. Poderá existir em conjunturas onde este termo não tem sido 
utilizado tradicionalmente. Os processos de laicização ocorreram ou podem ocorrer 
em diversas culturas e civilizações sem serem obrigatoriamente denominados como 
tal. Debates sobre a laicidade 
Artigo 8º: A organização pública do calendário, as cerimônias fúnebres oficiais, a 
existência de “santuários cívicos” ligados a formas de religião civil e, de maneira geral, 
o equilíbrio entre o que surgiu da herança histórica e aquilo que se atribui ao pluralismo 
atual em matéria de religião e de convicção de uma determinada sociedade, não 
podem ser considerados solucionados de maneira definitiva, e lançar-se no terreno 
do inimaginável. Ao contrário, isto constitui o centro de um debate laico pacífico e 
democrático. 
Artigo 9º: O respeito concreto à liberdade de consciência e a não-discriminação, 
assim como a autonomia da política e da sociedade frente a normas particulares, 
devem ser aplicados aos debates necessários relativos às questões associadas ao 
corpo e à sexualidade, com a enfermidade e a morte, com a emancipação das 
mulheres, a educação dos filhos, os matrimônios mistos, a condição dos adeptos de 
minorias religiosas ou não religiosas, dos “não-crentes” e daqueles que criticam a 
religião. 
Artigo 10º: O equilíbrio entre três princípios constitutivos da laicidade também é um 
fio condutor para os debates democráticos sobre o livre exercício de culto, sobre a 
liberdade de expressão, a manifestação de convicções religiosas e filosóficas, o 
proselitismo e os limites decorrentes do respeito pelo outro, bem como as 
interferências e as distinções necessárias entre os diversos campos da vida social, as 
obrigações e os acordos razoáveis na vida escolar ou profissional. 
 
 
Artigo 11º: Os debates sobre estas diferentes questões colocam em jogo a 
representação da identidade nacional, as regras de saúde pública, os possíveis 
conflitos entre a lei civil, as representações morais particulares e a liberdade de 
decisão individual, como um marco do princípio da compatibilidade das liberdades. 
Em nenhum país e em nenhuma sociedade existe uma laicidade absoluta; tampouco 
as diversas soluções disponíveis em matéria de laicidade são equivalentes. 85 A 
Laicidade e os desafios do século XXI 
Artigo 12º: A representação dos direitos fundamentais evoluiu muito desde as 
primeiras proclamações de direitos (final do século XVIII). A significação concreta da 
dignidade dos seres humanos e da igualdade de direitos está em jogo nas soluções 
propostas. O limite estatal da laicidade enfrenta hoje problemas provenientes de 
estatutos específicos e de direito comum, de divergências entre a lei civil e 
determinadas normas religiosas e de crença, de compatibilidade entre os direitos dos 
pais e aquilo que as convenções internacionais consideram como direitos da criança, 
bem como direito à “blasfêmia” ou à liberdade de expressão. 
Artigo 13º: Nos diversos países democráticos, para numerosos cidadãos, o processo 
histórico de laicização parece ter chegado a uma especificidade nacional, cujo 
questionamento suscita receios. E, quanto mais longo e conflituoso tiver sido o 
processo de laicização, em maiores proporções se manifestará o medo de mudanças. 
Não obstante, na sociedade ocorrem profundas mutações, e a laicidade não poderia 
ser rígida e imóvel. Portanto, é necessário evitar tensões e fobias, para poder 
encontrar novas respostas aos novos desafios. 
Artigo 14º: Nos locais onde ocorrem, os processos de laicizaçãocorresponderam 
historicamente a uma época em que as grandes tradições religiosas dominavam os 
sistemas sociais. O sucesso de tais processos criou certa individualização do religioso 
e daquilo que se refere às crenças, o que se transforma em uma dimensão da 
liberdade de decisão pessoal. Contrariamente, o que se teme em determinadas 
sociedades, a laicidade não significa abolir a religião, mas a liberdade de decisão em 
matéria de religião. Isso também implica, nos dias de hoje, onde necessário, desligar 
o religioso daquilo que se encontra assentado na sociedade e de todas as imposições 
políticas. Sem embargo, quem fala de liberdade de decisão também se refere à livre 
possibilidade de uma autenticidade religiosa ou de convicção. 
Artigo 15º: Portanto, as religiões e convicções filosóficas se constituem socialmente 
em locais de recursos culturais. A laicidade do século XXI deve permitir articular 
diversidade cultural e unidade do vínculo político e social, da mesma maneira que as 
laicidades históricas tiveram que aprender a conciliar as diversidades religiosas e a 
unidade deste vínculo. É a partir deste contexto global que se faz necessário analisar 
o surgimento de novas formas de religiosidade, tanto de combinações entre tradições 
religiosas, de misturas entre o religioso e aquilo que não é religioso, de novas 
expressões espirituais, mas também de formas diversas de radicalismos religiosos. 
Igualmente, é no contexto da individualização que se deve compreender porque é 
difícil reduzir o religioso ao exclusivo exercício do culto, e porque a laicidade como 
marco geral da convivência harmônica é, mais do que nunca, desejável. 
Artigo 16º: A crença de que o progresso científico e técnico pode engendrar 
progresso moral e social encontra-se atualmente em declínio; isto contribui para tornar 
o futuro mais incerto, dificultar a sua projeção e tornar os debates políticos e sociais 
 
36 
 
menos legíveis. Depois das ilusões do progresso, corre-se o risco de privilegiar 
unilateralmente os particularismos culturais. Esta situação nos estimula a ser criativos 
com relação à laicidade, para inventar novas formas para o vínculo político e social, 
capazes de assumir esta conjuntura inédita e encontrar novas relações com a história 
que construímos em conjunto. 
Artigo 17º: Os diferentes processos de laicização correspondem aos diferentes 
desenvolvimentos dos Estados. As laicidade, por outro lado, tomaram diversas 
formas, dependendo do fato do Estado ser centralista federal. A construção de 
grandes conjuntos supra-estatais e o relativo, mas real, desprendimento do jurídico 
com relação ao estatal geram 86 uma nova situação. O Estado, sem embargo, 
encontra-se mais em uma fase de mutação do que em verdadeiro declínio. Tende a 
atuar menos na esfera do mercado, e perde, pelo menos de maneira parcial, o perfil 
de Estado Benfeitor que ocupou em muitos países em maior ou menor proporção. Por 
outro lado, intervém em esferas até agora consideradas como privadas, isto é, íntimas, 
e talvez responda mais do que no passado a demandas sobre segurança, algumas 
das quais podem ameaçar as liberdades. Portanto, necessitamos inventar novos 
vínculos entre a laicidade e a justiça social, assim como entre a garantia e a ampliação 
das liberdades individuais e coletivas. 
Artigo 18º: Ao mesmo tempo em que existe uma vigilância para que a laicidade não 
adote, neste contexto, aspectos da religião civil ou se sacralize de alguma forma, a 
aprendizagem dos seus princípios inerentes poderá contribuir para uma cultura de paz 
civil. Isso exige que a laicidade não seja concebida como uma ideologia anticlerical ou 
como um pensamento intangível. Além disso, em contextos onde a pluralidade de 
concepções do mundo se apresenta como uma ameaça, esta deverá aparecer como 
uma verdadeira riqueza. A resposta democrática aos principais desafios do século XXI 
chegará através de uma concepção laica, dinâmica e inventiva. Isso permitirá que a 
laicidade se mostre realmente como um princípio fundamental de convivência.

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