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Caderno de Direito Ambiental

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Renan Ioris
DIREITO AMBIENTAL
(revisado em 02.11.2016)
1) Direito Ambiental Internacional:
Nascimento do direito ambiental: Ocorre em 1972, em Estocolmo, com a Conferência sobre o ambiente humano. A Declaração de Estocolmo, já no seu princípio 01, reconheceu o meio ambiente como direito humano fundamental. 
Essa conferência foi marcada por 02 grupos:
A) Preservacionistas:formado pelos países ricos, pregavam a ideia de colocar um ponto final ao crescimento desordenado;
B) Desenvolvimentistas:formado pelos países em desenvolvimento, articulavamseu desinteresse na redução da poluição. Em outras palavras, o desenvolvimento justificaria a poluição(Brasil, v.g.).
Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (1983):Ao término dos trabalhos da Comissão, foi editado o Relatório “Nosso Futuro Comum”, também chamado deRelatório Brundtland(1987),em homenagem aGroBrundtland, ex Ministra da Noruega. Aqui surgiu o conceito clássico de desenvolvimento sustentável, no caso,“aquele que atende às necessidades das presentes gerações sem comprometer as necessidades das gerações futuras”.
Obs: esse conceito foi albergado pelo legislador constituinte brasileiro,na parte final do art. 225 da CF.
Adv:Em Estocolmo, em 1972, a discussão dizia com o ser humano. O relatório Brundtland, por sua vez, envolvia o meio ambiente e desenvolvimento sustentável.
Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável(Rio 92 ou “Cúpula da Terra”): A Rio 92 possibilitou a edição de 5 documentos, quais sejam:
a) Declaração do Rio: sem força jurídica normativa (soft law);
b) Agenda 21: sem força jurídica normativa (soft law); trata-se de um documento programático, um plano de ação, uma série de instrumentos e iniciativas para a proteção do meio ambiente, no âmbito internacional, nacional, regional e local. A pretensão da agenda 21 é a de que nós tenhamos sociedades sustentáveis. Programático porque tem várias medidas, instrumentos que articulam ações para o poder público e a sociedade civil. Para os ambientalistas é o documento mais importante; 
c) Convenção Quatro sobre Mudanças Climáticas: tem força jurídica normativa (hard law); O objetivo final dessa convenção é o de alcançar a estabilização dos gases de efeito estufa, decorrentes de atividades humanas/antrópicas (deve-se atentar que, embora as atividades humanas potencializem o aquecimento global, não são sua causa exclusiva, pois o processo natural também influencia). É uma convenção que abrange vários, protocolos, dentre os quais: 
Protocolo de Kyoto (COP 3 = convenção das partes = órgão máximo da convenção quadro = aprovou o protocolo de Kyoto): tem por objeto reduzir por cada um dos países ricos (países desenvolvidos) a emissão de CO2 em 5.2% de sua emissão referente ao ano de 1990. É um protocolo vinculado da Convenção Quatro sobre Mudanças Climáticas. Está em processo de substituição pela COP 21. (Obs.: o prazo de vigência do protocolo de Kyoto foi de 2008 a 2012); 
d) Convenção sobre Diversidade Biológica (conjunto de organismos vivos de todas as origens): tem força jurídica normativa (hard law); principal instrumento de proteção da biodiversidade,foi incorporada ao nosso ordenamento jurídico pelo DL n.º 02/08, tendo como objetivos a conservação da diversidade biológica, o uso sustentável dos recursos biológicos e a distribuição justa e equitativa dos benefícios do uso dos recursos genéticos; 
e) Declaração de Princípios sobre Florestas:visa ao consenso sobre o manejo, conservação e desenvolvimento sustentável para todos os tipos de florestas; sem força obrigatória (soft law).
Conferência/Cúpula Mundial Sobre Desenvolvimento Sustentável (RIO + 10):Ocorreu em Johanesburgo (2002). Dois documentos se destacam:
I) Declaração Política/Compromisso sobre desenvolvimento sustentável (análise da pobreza e da má distribuição de renda);
 II) Plano de Implementação (também discutiu a erradicação da pobreza, além de mudanças nos padrões insustentáveis de produção e consumo e proteção aos recursos naturais. Esse plano procurou estabelecer metas para que o desenvolvimento sustentável se aperfeiçoasse na prática).
Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável (RIO + 20):Realizada em 2012, tendo como objetivos: a) economia verde/capitalismo verde (não avançou, porque em 2012 o mundo estava no meio de uma grande crise); b) estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável; (ideia de ter um órgão específico para o meio ambiente em todo o planeta). A RIO + 20 elaborou, ao final, um documento chamado O Futuro Que Queremos, com 283 recomendações. Não houve nenhum documento com força vinculante, daí alguns autores dizerem que essa conferência foi um retrocesso.
2) Princípios:
2.1) Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado:
É um direito fundamental, previsto no caput do art. 225 da CF. Trata-se de um meio ambiente com saúde, sem poluição.Constitui um dos principais direitos fundamentais porque somente se efetivam os direitos humanos de 1ª e 2ª geração se presente um meio ambiente ecologicamente equilibrado (Declaração Rio 92, princípio 1: “o homem tem direito ao meio ambiente saudável”).
STF(MS 22.164):“O direito à integridade do meio ambiente, típico direito de terceira dimensão, constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do processo de afirmação dos direitos humanos, a expressão significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo identificado em sua singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente, à própria coletividade social” (oponível erga omnes, não só em face do Estado).
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
2.2) Desenvolvimento sustentável:
Desenvolvimento sustentável = compatibilizar as atividades econômicas e sociais com a proteção ao meio ambiente(art. 170, IV, CF - ordem econômica -c/c com o art. 225 CF).
Note que o relatório Brundtland traz um conceito de desenvolvimento sustentável diverso do Brasil.Para o aludido relatório, o desenvolvimento sustentável é a utilizaçãodos recursos naturais de hoje sem prejudicar as futuras gerações.
Num confronto entre o meio ambiente e atividade econômica, qual a solução a ser dada?ADI 3540: é necessário compatibilizar e, se não for possível, prevalecerá o meio ambiente.
Princípio 04 da Declaração do Rio: É necessário cotejar o desenvolvimento sustentável (econômico, social) com a proteção ao meio ambiente. Nenhum desenvolvimento deve estar afastado das questões ambientais, seja ele econômico ou social.
2.3) Princípio da Solidariedade Intergeracional e equidade no acesso aos recursos naturais:
Compromisso que têm as sociedades presentes com as futuras gerações, isto é, com um sujeito de direitos que ainda não nasceu, um sujeito indeterminado, mas que já pode ser tutelado (solidariedadesincrônica = presentes gerações; solidariedadediacrônica = futuras gerações).
Internacionalmente, o princípio da solidariedade se confunde com o do desenvolvimento sustentável.
Assenta-se no princípio 03 da Declaração do Rio.
É possível tutelar juridicamente esse sujeito de direitos que ainda não nasceu. O fundamento é a ética entre as gerações, uma ética intergeracional. Dito de outra forma, cuida-se de um diálogo que se faz com os futuros filhos e netos. Esse diálogo tem dois aspectos: a) o acesso desta geração não pode comprometer o das gerações futuras; b) a localização dos recursos naturais: primeiro devem ser acessados os que se encontram mais próximos(locais) e depois os de cunho regional, nacional, internacional.
2. 4) Princípio da Função Socioambiental da Propriedade (urbana e rural):
A propriedade, em nosso ordenamento, somente se legitimaquando atende à função social e à coletividade. Ocorre que a função social nãolimita o direito de propriedade; a função social é, em verdade, elementoessencial interno da propriedade (uso da propriedade conforme o direito). Em outras palavras, a função social não é o elemento externo, e sim interno do conceito de propriedade.
2.4.1) Função Socioambiental da Propriedade Rural: CF/88, art. 186, II:
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I: aproveitamento racional e adequado; (feição econômica)
II: utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; (feição ambiental)
III: observância das disposições que regulam as relações de trabalho; (feição social)
IV: exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. (feição social)
2.4.2) Função Socioambiental da Propriedade Urbana:
Atendimento aos requisitos do plano diretor (lembre-se que o plano diretor é exigido das cidades com mais de 20 mil habitantes).
O Estatuto das Cidades, contudo, amplia o rol das cidades em que é obrigatório o plano diretor (Art. 41 daLei n.º 10.257/2003).
Nas cidades que têm menos de 20 mil habitantes e não há plano diretor, deve-se verificar a partir de da Lei de diretrizes utilizada pelamunicipalidade.
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem estar de seus habitantes.
§ 1º: O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º: A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.
§ 3º: As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
§ 4º: É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I: parcelamento ou edificação compulsórios;
II: imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III: desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
Quando se fala em “função”, dois são os aspectos, tanto para propriedade urbana, como para a propriedade rural: 
a) negativo =umnão fazer: não poluir, não degradar, não desmatar; 
b) positivo = umfazer;ausente uma reserva legal, é dever institui-la. Se desmatada a área, exige-se o reflorestamento.
É pacífico no STJ o entendimento de que o passivo ambiental é transmitido ao adquirente, por se tratar de obrigação “Propter Rem”. Demais disso, a reparação do dano ambiental é imprescritível (STJ).
2. 5) Princípio da Prevenção:
Vem do verbo prevenir, que significa agir antecipadamente. O direito ambiental é essencialmente preventivo. EXISTE CERTEZA CIENTÍFICA, ou seja, o RISCO É CONHECIDO; é o risco que eu sei que pode ocorrer.
O princípio da prevenção diz com o dano certo/conhecido, pois há pesquisas, dados e informações ambientais; ou porque o dano já aconteceu anteriormente (ex: a atividade minerária causa degradação ambiental de forma significativa. Para realizar uma atividade econômica poluidora ou degradadora é necessário que o empreendedor adote medidas de mitigação e/ou compensatórias).
O que justifica o princípio da prevenção?a) a impossibilidade de retorno ao status quo ante; b) a eliminação de uma espécie da flora ou da fauna.
Instrumentos que efetivam o princípio da prevenção: a) poder de polícia ambiental: segue a mesma lógica do art. 78 do CTN (fiscalização ambiental);b) licenciamento ambiental: antes da atividade, faz-se uma análise ambiental; c) EIA/RIMA: toda obra que causar significativa degradação do meio ambiente (efetiva ou potencialmente).
2. 6) Princípio da Precaução:
Dano INCERTO, DESCONHECIDO; é o chamado perigo in abstrato. Trata-se do princípio da incerteza científica ou da interrogação. Não há pesquisas e informações conclusivas.
Enquanto na prevenção o dano é certo e conhecido, na precaução ocorre a interrogação (ex: alimentos transgênicos. Não temos dados, informações que façam crer que esses alimentos não causam interferência no meio ambiente).
A ausência de certeza científica, é bom dizer, não significa a possibilidade de intervir no meio ambiente.Essa ausência não permite a intervenção no meio ambiente para fins de degradação. É necessário esperar os estudos, dados para, só então, realizar a intervenção (“In dubio pro ambiente”: na dúvida, decida pelo meio ambiente) – Princípio 15 da Declaração do Rio.
Inversão do ônus da prova:O MP tem utilizado o princípio da precaução para justificar a inversão do ônus da prova. Cabe ao empreendedor provar que sua atividade não gera riscos ao meio ambiente e à saúde humana (STJ, REsp. n.º 972.902).
Exercício de Prognose negativa (conhecimento antecipado - probabilidade):O Juiz deve se utilizar do exercício de prognose em razão do princípio da precaução. Deve fazer um juízo de probabilidade. Na dúvida, o Juiz deve optar pelo meio ambiente: negar a continuidade da atividade ante o princípio da precaução porque não possui dados e informações sobre o impacto que a atividade pode causar ao meio ambiente.
Previsão legal: art. 1º da Lei de Biossegurança.
2. 7) Princípio do Poluidor Pagador (art. 225, §3º):
O empreendedor deve usar de todas as medidas possíveis para reduzir os impactos ambientais e, se mesmo assim ocorrer dano ambiental, deverá repará-lo.
Aspectos:
a) Preventivo: essência do princípio. Frase que identifica esse princípio:Internalização (o que acontece no processo produtivo) das externalidades negativas (o que está fora do processo produtivo) = caberá ao empreendedor tratar das externalidades, ou seja, não pode ficar com o lucro e socializar os prejuízos. O empreendedor deve internalizar os custos de prevenção, monitoramento e reparação dos impactos causados ao meio ambiente; 
b) Reparador: se, eventualmente, ocorrer o dano ambiental, o empreendedor deve repara-lo. É o princípio da responsabilidade do empreendedor.
2.8) Princípio do Usuário Pagador (Art. 4º, VII, parte final, da Lei 6.938/81):
Quantificar os recursos naturais (colocar preço), a fim de se evitar o seu custo zero, que gera a “hiperexploração” e, com ela, a escassez (água como um bem com valor econômico).
Outro exemplo é o solo, recurso tributável, por ITR ou IPTU, conforme o caso.
 (Obs.: a parte inicial do dispositivo trata do princípio do poluidor pagador).
2.9) Princípio do protetor recebedor:
Concedem-se benefícios econômicos, fiscais ou tributários aos agentes que optem por medidas de proteção ao meio ambiente.
2.10) Princípio da Participação Democrática:
Pode se dar na esfera administrativa (ex: audiências públicas, consultas públicas, direito de petição aos órgãos públicos, conselhos do meio ambiente), esfera legislativa (ex: plebiscito, referendo e iniciativas de projetos de lei) e na esfera judicial (ex: ação civil pública, ação popular, mandado de segurança, mandado de injunção ambiental).
O princípio da participação tem uma correspondência na Declaração do Rio (Princípio 10).
2.11) Princípio da Informação Ambiental:
Só pode haver Estado Democrático com informação, numparalelo com o direito do consumidor. É que a falta de informações ao consumidor, como cediço, pode lhe afetar a saúde e o meio ambiente etc.
A população tem o direito de ser informada das consequências de uma determinada obra/empreendimento, notadamente no que se refereà saúde e ao meio ambiente. De que forma? Tudo o que tem a ver com licenciamento deve ser publicadono diário oficial e no órgão de imprensa. Trata-se, em verdade, de uma manifestação do princípio da informação.
Cuidado: ao EIA deve ser dada publicidade. Em todos os casos? Não. Preserva-se o sigilo industrial.
A Lei n.º 10.650/2003 garante o acesso às informações dos bancos dos órgãos ambientais, garantia já antes preceituada pela CF, no seu art. 5º, XXXIII.
Outra manifestação do princípio da informação: SINIMA – Sistema Nacional de Informações Ambientais: banco de dados a ser formado por todos os órgãos ambientais (federais, estaduais e municipais).
O princípio da informação tem uma correspondência na Declaração do Rio (Princípio 10).
2.12) Princípio da Educação Ambiental (CF/88, art. 225, §1º, VI):
Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente (inclui-se a educação formal e não formal – Lei n.º 9.797/00, arts. 1º e 2º).
Obs:Não é necessário criar matéria específica sobre direito ambiental.
2.13) Princípio da Ubiquidade (ou da Variável Ambiental no Processo Decisório das Políticas de Desenvolvimento):
Ubiquidade: é colocar o meio ambiente no epicentro dos direitos humanos. Todas as decisões, projetos e políticas públicas devem contemplar a questão ambiental (ex: leis orçamentárias, programas governamentais (PAC), programas econômicos, políticas econômicas).
“Antes de avaliar economicamente, avalia-se ambientalmente”.
2. 14) Princípio do controle do poluidor pelo poder público (CF, art. 225, §1º, V):
Cabe ao poder público controlar o poluidor.
Formas de controle:a) Licenciamento Ambiental; b) Poder de Polícia Ambiental; c) Auditorias Ambientais.
2. 15) Princípio da Cooperação entre os povos:
Questões ambientais não se circunscrevem ao aspecto nacional, mas planetário. Assim, deve haver cooperação entre os povos para solucionar os problemas ambientais.
É possível também falar no princípio da cooperação no âmbito interno,o denominado “federalismo cooperativo” para a proteção do meio ambiente (CF, art. 23). Ademais, a sociedade civil e poder público devem agir conjuntamente para a proteção ambiental (CF, art. 225).
2. 16) Princípio da natureza pública da proteção ambiental:
Cabe prioritariamente ao poder público a proteção do meio ambiente, que é de “fruição humana coletiva”.
A CF sugere o meio ambiente como bem de uso comum do povo, indisponível,cabendo, em essência, ao poder público a sua proteção.
2.17) Princípio da proibição de retrocesso ambiental:
Constitui garantia do cidadão frente ao legislador. Aqueles direitos fundamentais garantidos constitucionalmente não podem sofrer retrocessos sociais, ou seja, meio ambiente deve ser garantido paraas presentes e também para futuras gerações. (“efeito cliquet”).
Não pode se regredir para atender interesses partidários, pontuais. Não pode haver flexibilização no tocante aos direitos do meio ambiente.
É um princípio implícito.
2.18) Princípio progresso:
É preciso avançar na proteção ambiental, atrelado aos avanços tecnológicos.
CONSTITUIÇÃO E MEIO AMBIENTE:
1. Classificação do meio ambiente por de José Afonso da Silva (já albergada pelo STJ):
1.1) Meio ambiente natural (CF/88, art. 225):
O meio ambiente natural é aquele que independe do homem.É o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (art. 3º, I, da Lei 6.938/81).
a) Bióticos = tudo o que tem vida (fauna, flora)
b) Abióticos = elementos que não têm vida (ar, atmosfera, solo, águas).
1.2) Meio ambiente cultural (CF/88, art. 215 e 216 – patrimônio cultural brasileiro):
Patrimônio material = é aquele físico (ex: Ouro Preto, Olinda).
Qual instituto para a proteção do patrimônio cultural material?Em regra, o tombamento.
Patrimônio imaterial: é aquilo que não é físico (danças, comidas, tradições, festas religiosas).
Instrumentos de Tutela do meio ambiente cultural material e imaterial: 
a) tombamento; b) registro: para tutelar o patrimônio imaterial; c) inventário: é relacionar os bens que guarnecem uma igreja ou um museu, ou dentro de uma determinada área; d) vigilância: é a fiscalização. Quando se está protegendo o patrimônio material, deve ser utilizada a vigilância. Se uma casa é tombada, o órgão responsável pela tutela vai ter que fiscalizá-la.
Quem exerce a vigilância no âmbito federal é o IPHAN (instituto do patrimônio histórico e artístico nacional): é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura.
1.3) Meio Ambiente Artificial/Construído (CF/88, art. 182 e Lei 10.257/01):
Há uma divergência doutrinária, mas Fabiano Melo (em Manual de Direito Ambiental, 2016, ed. Método) diz que são as cidades. São divididos em: a) espaços abertos (ruas, praças, parques); b) espaços fechados (edificações, museus, teatros, escolas). No entanto, se uma edificação recebeu uma qualidade especial (ex: tombamento), é melhor inserir dentro do meio ambiente cultural.
1.4) Meio Ambiente Laboral (do trabalho) Urbano e Rural (CF/88, art. 200, VIII):
O meio ambiente do trabalho versa sobre a saúde e a segurança do obreiro. Preocupa-se com o trabalhador dentro da empresa, vale dizer, o que afeta a qualidade de vida e a segurança do trabalhador no interior da empresa.
2) Análise do art. 225, CF/88:
Para José Afonso da Silva o indigitado dispositivo possui uma a) norma matriz, que é o caput; b) norma de garantia e efetivação do caput (CF, art.225, §1.º) e c) normas particulares ou determinadas ou específicas (CF/88, art. 225, §2.º ao §6.º).
A) Norma Matriz:
Art. 225. Todos (brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil; é um direito público subjetivo, oponível “erga omnes”, não apenas contra o Estado, mas contra outros particulares, pois o Meio ambiente é direito meta individual.) têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (é a norma matriz; é um direito fundamental; é um meio ambiente sem poluição, salubre), bem de uso comum do povo (o Estado é um gestor do meio ambiente, ou seja, o meio ambiente é indisponível; meio ambiente é considerado um patrimônio público, mas isso não significa que é um bem da pessoa jurídica de direito público) e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras (sujeito de direito indeterminado) gerações.
Questão: A proteção ambiental é exclusiva para os homens? Existem duas correntes:
I) Antropocentrismo: o homem no centro de todas as relações. O caput do art. 225 da CF/88 é antropocêntrico. Hoje existem duas formas de antropocentrismo: a) Antropocentrismo tradicional = não reconhece ninguém além do homem como sendo o centro das relações (exclui, portanto, os animais); b) Antropocentrismo alargado/mitigado: o homem está no centro das relações, mas não se esquece dos demais seres vivos. Mitiga-se a leitura tradicional dos gregos (utilitarista) do antropocentrismo.
II) Biocentrismo: O centro das relações não é mais o homem, e sim os seres vivos, incluindo o próprio homem, os animais (art. 225, §1º, VII é uma manifestação biocêntrica - O STF, v.g. proibiu as brigas de galos e a farra dos bois, o que demonstra uma manifestação do biocentrismo).O conceito legal de meio ambiente também tem inspiração biocêntrica, (art. 3º, I, da Lei n.º 6.938/81).
O Min. Antônio de Vasconcelos e Benjamin indaga se é possível um estrangeiro em passagem pelo Brasil suscitar a tutela ambiental: Numa visão restritiva do dispositivo constitucional não poderia. Contudo, começa a se discutir na doutrina uma ampliação da questão do meio ambiente para que possa ser suscitada mesmo por quem esteja em trânsito pelo Brasil. Fundamento: o uso do pronome indefinido “todos” do art. 225.
B) Norma de garantia e efetivação do meio ambiente ecologicamente equilibrado (CF/88, art.225, §1º):
§ 1º: Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I: preservar (manter a longo prazo) e restaurar (voltar mais próximo do que estava)os processos ecológicos essenciais (são aqueles que garantem o funcionamento dos ecossistemas e contribuem para a salubridade do meio ambiente) e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas (cuidar do equilíbrio dos seres vivos com o seu habitat);
II: preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético (é o conjunto de seres que habitam o planeta, incluindo os seres humanos, os animais, os vegetais, e os microrganismos) do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III: definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos (unidades de conservação; áreas de preservação permanente; reserva legal florestal; servidão ambiental; tombamento), sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
Ainda que a unidade de conservação seja criada por decreto, é necessária lei específica para sua alteração ou para extinguir ou reduzir sua área.
IV: exigir, na forma da lei (= essa lei não existe e, em razão disso, foram editadas leis estaduais tentando flexibilizar o EIA/RIMA, mas o STF julgou inconstitucional várias delasao argumento de que não pode haver exceção ao estudo de impacto ambiental, caso a atividade venha a causar significativo dano ambiental) para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
EIA/RIMA (deve ser dado publicidade): é obrigatório para toda e qualquer atividade que venha a causar significativo dano ambiental. É de competência do poder executivo, por intermédio de seus órgãos ambientais. Assim, o poder legislativo não pode opinar, nem criar condições que contrariem o art. 225, § 1º, da CF. Para as demais obras que não causem significativo dano ao meio ambiente deve ser utilizado o estudo ambiental simplificado.
V: controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI: promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente (não precisa ter matéria específica obrigatória sobre meio ambiente, mas as discussões sobre o mesmo precisam estar presentes em todas as matérias, como forma de conscientização para um meio ambiente ecologicamente equilibrado);
VII: proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade (biocentrismo).
C) Normas particulares/determinadas/específicas (CF/88, art. 225, §2º ao §6º):
§ 2º: Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
A exploração de recursos minerais degrada o meio ambiente, razão por que o explorador deve recupera-lo.
§ 3º: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (civil).
Trata-se da famigeradatríplice responsabilidade: penal, administrativa e civil; independentes entre si.
§ 4º: A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional (NÃO PERTENCEMÀ UNIÃO), e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais (são somente essas 5 macrorregiões, e não se inclui aqui o cerrado, caatinga, campos sulinos e os pampas).
§ 5º: São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º: As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas (devem, obrigatoriamente, elaborar o EIA/RIMA).
3) Competências em matéria ambiental (artigos e incisos selecionados):
Art. 21. Compete à União (competência administrativa exclusiva da união):
XIX: instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
XX: instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
XXIII: explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional; b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual ou inferior a duas horas; d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa (a responsabilidade CIVIL é objetiva).
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre (competência legislativa privativa da União):
IV: águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
XII: jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XXVI: atividades nucleares de qualquer natureza;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Art. 23. É competência (administrativa/material/executiva) comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (FEDERALISMO COOPERATIVO):
III: proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV: impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
V: proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência; (vide ADI nº 1698-1.)
VI: proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
VII: preservar as florestas, a fauna e a flora;
XI: registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios;
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal (NÃO INCLUI OS MUNICÍPIOS) legislar concorrentemente sobre (competência legislativa concorrente/formal/legiferante):
VI: florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII: proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII: responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.
Art. 30. Compete aos Municípios:
I: legislar sobre assuntosde interesse local;
II: suplementar a legislação federal e a estadual no que couber (assim, município também tem competência legislativa em matéria ambiental, o que foi reconhecido pelo STF. Ficar atento, contudo, em provas objetivas, porque o art. 24 não inclui os Municípios);
VIII: promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
IX: promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
Questão curiosa:
Há intensa discussão sobre o amianto branco ou asbesto (produzido no Estado de Goiás).É que há lei federal (9.055/95, art. 2º) permitindo a sua produção. Ocorre que em alguns Estados seu uso não é permitido, por entender o legislador respectivo que existem estudos indicativos de que o aludido produto é cancerígeno. 
Nesse panorama, há várias ADI’s no STF, pendentes de julgamento. Algumas delas foram julgadas no sentido de que as leis estaduais não poderiam proibir a produção do amianto, porque constituem afronta o ao que estabelece a lei federal. Em outras palavras, a competência suplementar dos Estados não poderia afrontar as normas gerais estabelecidas pela lei federal que, como se viu, permite a produção do asbesto. 
Há uma ADI (3937) a ser julgada no STF em que, em sede de liminar, se decidiu pela não suspensão da Lei do Estado de SP que proíbe a produção do amianto, ao fundamento de que ela estaria em maior conformidade com a CF, na medida em que preserva o direito à saúde e respeita o princípio da precaução, reconhecendo, assim, a superioridade da norma suplementar do Estado de SP em face da norma geral prevista na lei federal.
Logo após essa decisão, foi proposta a ADPF 234 em face dessa mesma Lei paulista, porque, em razão do que foi decidido liminarmente na ADI 3937, a consequência foi a proibição da passagem de caminhões originários de Goiás, com carga de amianto, pelas rodovias paulistas. Em sede preliminar, contudo, o STF julgou suspensa essa proibição contida na lei paulista, por entender que a competência para disciplinar sobre o transporte interestadual diz com a União (não se discutiu nessa ADPF meio ambiente e saúde, como foi discutido na ADI 3937).
POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (SISNAMA) (Lei 6938/81):
Art. 6º: Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio Ambiente, assim estruturado:
	SISNAMA = Sistema Nacional do Meio Ambiente.
	Órgão Superior = Conselho de Governo
	Órgão Consultivo e Deliberativo = CONAMA
	Órgão Central = (Ministério do Meio Ambiente)
	Órgão Executor = IBAMA e Instituto Chico Mendes
	Órgãos Seccionais = Órgãos Estaduais
	Órgãos Locais = Órgãos Municipais
A) Órgão Superior = Conselho de Governo (art. 6º, I):
É um órgão da Presidência da República, composto de ministros de estado e de secretários especiais com status de ministro de estado, cuja função é a de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e recursos naturais.
B) Órgão Consultivo e Deliberativo = CONAMA (art. 6º, II):
Aspecto consultivo: assessorar, estudar e propor ao conselho de governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais.
Aspecto deliberativo:deliberar no seu âmbito de competência sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida. Isso é feito por intermédio das resoluções do CONAMA.
Atos editados pelo CONAMA:I) Resolução: editar e fixar padrões; II) Proposições: encaminhar algo ao conselho de governo e/ou para as comissões do Congresso Nacional; III) Recomendações: implementar políticas e programas públicos com repercussão na área ambiental; IV) Moções: tudo que não couber nas demais é feito por moção; V) Decisões: decidir sobre multas e demais penalidades aplicadas pelo IBAMA.
Quais as Atribuições do CONAMA?
I: estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA;(TJRS/2016)
II: determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional.
V: determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
VI: estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes;
VII: estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos.
C) Órgão central = Ministério do Meio Ambiente/Secretaria do Meio Ambiente (art. 6º, III):
Tem como função planejar, coordenar, supervisionar e controlar a política e as diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais.
D) Órgão Executor (art. 6º, IV):
1) IBAMA: É uma autarquia federal. É o órgão executor do SISNAMA, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Quem cuida dos recursos naturais não renováveis? É o Ministério de Minas e Energia.
2) ICMBIO: Instituto Chico Mendes de Biodiversidade. Executa as ações da política nacional das Unidades de Conservação.
E) Órgãos seccionais (art. 6º, V):
São os órgãos ambientais estaduais.Têm atribuição de fazer o licenciamento ambiental, de exercer o poder de polícia do art. 23 da CF/88 (que trata da competência comum), de fazer a proteção florestal, de responsabilização pela autorização e intervenção da reserva legal florestal, de outorgar os recursos hídricos no seu âmbito de competência, dentre outras atribuições.Quando se fala em proteção florestal, a competência, em regra,é dos órgãos estaduais (dos órgãos seccionais).
F) Órgãos municipais (art. 6º, VI):
Não são todos os municípios que possuem.
Questão: pode o município licenciar? Sim, mas deve existir o conselho de meio ambiente com caráter deliberativo, em conjunto com o plano diretor. Cuida-se de uma regra para absolutamente tudo que o município queira fazer na esfera ambiental.
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (PNMA):
Tem como objetivo geral a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia a vida, visando assegurar no país as condições ao desenvolvimento socioeconômico (desenvolvimento sustentável), aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
Art. 4º: A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I: à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
II: à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
III: ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;
IV: ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais;
V: à difusão de tecnologias de manejodo meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;
VI: à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida;
VII: à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
Art. 5º: As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente serão formuladas em normas e planos, destinados a orientar a ação dos Governos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a preservação da qualidade ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, observados os princípios estabelecidos no art. 2º desta Lei.
Parágrafo único: As atividades empresariais públicas ou privadas serão exercidas em consonância com as diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente.
Art. 9º: São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
I: o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental (ex: controle da poluição, do ar, da água);
II: o zoneamento ambiental = uso e ocupação territorial (zoneamento ecológico-econômico);
III: a avaliação de impactos ambientais (AIA) (é gênero, e serve para o caso de uma obra, atividade, empreendimento, tendo como espécies o EIA (estudo de impacto ambiental), RAP (relatório ambiental preliminar), dentre outros);
IV: o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras (licenciamento ambiental);
V: os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental (ex: ISO 14001, tecnologias limpas; rotulagem ambiental);
VI: a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
VII: o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente (SINIMA, art. 11, II e III, decreto 99.274/90 = organiza todos os dados dos órgãos do meio ambiente em todos os níveis; o art. 29 do Código Florestal criou o cadastro ambiental rural, integrante do SINIMA, e é obrigatório);
VIII: o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental (É obrigatório, sob pena de multa para pessoas físicas e jurídicas que se dediquem a consultoria técnica sobre problemas ambientais. Esse cadastro deve ser renovado a cada 02 anos e é isento de taxas e cobranças);
IX: as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental;
X: a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis: IBAMA (Não foi editado esse relatório até hoje);
XI: a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;
XII: o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais (registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora).
XIII: instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental (precisa de regulamentação) e outros.
1) Licenciamento Ambiental (LC n.º 140/11; Resolução Conama 237 e 01; art. 10 da PNMA):
O licenciamento procura conciliar o desenvolvimento econômico com o meio ambiente. Trata-se de um procedimento administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.
O licenciamento pode ser realizado por qualquer órgão (federal, estadual, distrital ou municipal). Os empreendimentos e atividades são licenciados ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo. Entretanto, os demais entes federativos interessados podem, caso queiram, manifestar-se ao órgão responsável pela licença ou autorização, de maneira não vinculante, respeitados os prazos e procedimentos do licenciamento ambiental.
Para licenciar é necessário ter ÓRGÃO AMBIENTAL CAPACITADO e possuir CONSELHO DE MEIO AMBIENTE.
	OBRA OU ATIVIDADE:
	POLUIDORA OU QUE CAUSA DEGRADAÇÃO
	DE SIGNIFICATIVA DEGRADAÇÃO AO MEIO AMBIENTE
	Tem que fazer o licenciamento ambiental ordinário.
	Tem que fazer o EIA/RIMA.
	Tipos de licenças (o empreendedor tem que ter as três licenças, em sequência):
1)Licença prévia;
2) Licença de instalação;
3) Licença de operação.
	
1.1) Licenças Prévia, de Instalação e de Operação (art. 8º da Resolução 237/97):
Art. 8º: O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças:
I: LICENÇA PRÉVIA (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação (o prazo máximo é de 05 anos);
II: LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante(o prazo máximo é de 06 anos);
III: LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação(o prazo mínimo é de 04 anos e máximo de 10 anos)
Parágrafo único: As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade.
Art. 14, §4º (LC 140): A renovação de licenças ambientais deve ser requerida com antecedência mínima de 120 (cento e vinte) dias da expiração de seu prazo de validade, fixado na respectiva licença, ficando este automaticamente prorrogado até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente.
Art. 7º, XIV (LC 140): promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades (COMPETÊNCIA DA UNIÃO, POR MEIO DO IBAMA):
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe;
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na zona econômica exclusiva (ex: pré-sal);
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados (ex: transposição do Rio São Francisco);
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas;
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); ou
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento;
Art. 8º (LC 140); (COMPETÊNCIA DOS ESTADOS):
XIV:promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto para União e Municípios (ex: abranger mais de dois municípios).
XV: promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
Art. 9º (LC 140); (COMPETÊNCIA DOS MUNICÍPIOS):
XIV: observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos:
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local (quem define o que será impacto local são os conselhos ESTADUAIS), conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs).
Art. 10º (LC 140); (COMPETÊNCIA DO DF): Tem as mesmas competências previstas para os Estados e Municípios.
Art. 2º (LC 140) Para os fins desta Lei Complementar, consideram-se:
II: atuação supletiva: ação do ente da Federação que se substitui ao ente federativo originariamente detentor das atribuições, nas hipóteses definidas nesta Lei Complementar (pelo fato de não ter órgão ambiental capacitado e/ou conselho de meio ambiente);
III: atuação subsidiária: ação do ente da Federação que visa a auxiliar no desempenho das atribuições decorrentes das competências comuns, quando solicitado pelo ente federativo originariamente detentor das atribuições definidas nesta Lei Complementar.
Art. 15º (LC 140): Os entes federativos devem atuar em caráter supletivo nas ações administrativas de licenciamento e na autorização ambiental, nas seguintes hipóteses:
I: inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado ou no Distrito Federal, a União deve desempenhar as ações administrativas estaduais ou distritais até a sua criação;
II: inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Município, o Estado deve desempenhar as ações administrativas municipais até a sua criação; e
III: inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio ambiente no Estado e no Município, a União deve desempenhar as ações administrativas até a sua criação em um daqueles entes federativos.
Art. 16 (LC 140): A ação administrativa subsidiária dos entes federativos dar-se-á por meio de apoio técnico, científico, administrativo ou financeiro, sem prejuízo de outras formas de cooperação (ex: técnico do IBAMA dando apoio técnico para um licenciamento em âmbito Estadual).
Parágrafo único. A ação subsidiária deve ser solicitada pelo ente originariamente detentor da atribuição nos termos desta Lei Complementar.
Art. 17 (LC 140): Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada (regra:quem licencia deve fiscalizar).
§ 1o Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração ambiental decorrente de empreendimento ou atividade utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores, pode dirigir representação ao órgão a que se refere o caput, para efeito do exercício de seu poder de polícia.
§ 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente para as providências cabíveis.
§ 3oO disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização da conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização a que se refere o caput.
Mas a competência não é comum para a fiscalização? Essa regra do art. 17 não exclui a ação fiscalizatória de outros órgãos ambientais que não são os competentes para o licenciamento. Se esse órgão que não é competente lavrar o auto de infração, deve imediatamente comunicar ao órgão competente para o licenciamento. Se o órgão competente concordar, poderá lavrar novo auto de infração, que prevalecerá sobre o auto do órgão não competente, pois, como dito, é ele o real competente para licenciar.
1.2) EIA/RIMA ou EPIA/RIMA (é uma espécie de licenciamento). Resolução n.º 01/1986 do CONAMA:
O EIA é um estudo prévio complexo, feito por uma equipe técnica multidisciplinar, que vai verificar os impactos ambientais.E o RIMA?São as conclusões contidas no EIA.
Conclusão:Não existe o RIMA como documento independente, ele pressupõe o EIA. Se tem o RIMA, é porque teve o EIA.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º: Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
IV: exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
Presente uma atividade que cause uma significativa degradação, será exigido o EIA/RIMA. Parte da doutrina diz que não há dispensa do EIA/RIMA quando a atividade não causa significativa degradação, mas situação deinexigibilidade, sendo realizados estudos ambientais simplificados.
É possível falar em EIA/RIMA a posteriori?NÃO. Porque seu pressuposto é a significativa degradação do meio ambiente, numa função preventivae de monitoramento dos impactos ambientais, materializando,pois,os princípios da prevenção e da precaução.
Quais os condicionantes do EIA?
I: prevenção dos danos ambientais = o estudo serve para a adoção de medidas necessárias para evitar o dano.
II: transparência administrativa = deve ser dada transparência a todos os atos do licenciamento ambiental, por meio da publicação do extrato do licenciamento, com exceção do sigilo industrial.
III: consulta aos interessados = é possível (deve ser requerida) a realização de audiências públicas.
IV: motivação das decisões ambientais = toda licença ambiental deve ser motivada, pena de se ter uma ação civil pública.
1.2.1) Estudo da Resolução 01/86:
IMPACTO AMBIENTAL = consiste em qualquer alteração das propriedades físicas, química ou biológica do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultantes de atividades humanas que direta ou indiretamente afetem:
I: a saúde, segurança e o bem-estar da população;
II: as atividades econômicas e sociais;
III: a biota;
IV: as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e
V: a qualidade dos recursos ambientais.
O art. 2.º da resolução traz um rol de atividades que são causadoras de significativa degradação ambiental (o rol do art. 2.º é exemplificativo e a presunção da atividade é absoluta, pois o EIA/RIMA pode provar que não é causadora de significativa degradação).
Requisitos do EIA:
I: Requisitos de conteúdo ou diretrizes gerais;
A) Contemplartodas as alternativas tecnológicas e de localização, confrontando com a hipótese de não execução do projeto:
Se o empreendimento não dá para ser realizado em determinado lugar, o estudo tem que indicar alternativas de localização, bem como de tecnologias.Hipótese zero? É a possibilidade de não realizar a obra ou empreendimento (hipótesede não execução do projeto).
B) Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais nas fases de implementação ou instalação e operação das atividades:
Todo EIA tem 3 fases no licenciamento: fase prévia de localização, fase de instalação e fase de operação;
C) Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza;
D) Considerar os planos e programas governamentais propostos e em implantação na área de influência do projeto, assim como sua compatibilidade.
II: Requisitos técnicos:
A) Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto: completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a) o meio físico: o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; b) o meio biológico e os ecossistemas naturais: a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; c) o meio socioeconômico: o uso e ocupação do solo, os usos da água, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos.
B) Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais (analisar os pontos positivos e negativos).
C) Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas.
D) Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados).
III: Requisitos Formais:
I: EQUIPE TÉCNICA MULTIDISCIPLINAR:quem contrata essa equipe é o empreendedor. A responsabilidade técnica da equipe multidisciplinar está no art. 69-A da lei de crimes ambientais. Os profissionais estão sujeitos às responsabilidades administrativa, penal e civil, inclusive por omissão (Decreto n.º 6.514/08, art. 82).
II: RIMA: é um relatório didático, que traz as conclusões do EIA. O empreendedor tem um número mínimo de 05 exemplares do RIMA para o órgão ambiental licenciador. O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada à sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implementação.
III) AUDIÊNCIA PÚBLICA: É um requisito formal essencial. Na área de influência do projeto é necessário ouvir os interessados, para se colher as proposições e preocupações da população afetada. Nem sempre ocorre essa audiência. Deve ser aberto o edital, com prazo de 45 dias, para que os legitimados (órgão ambiental, MP, entidade da sociedade civil, 50 ou mais cidadãos) requeiram a realização da audiência e, caso não o façam, ela não precisa ser realizada (Nem sempre ocorre essa audiência). Pode haver mais de uma audiência pública dependendo da complexidade do projeto. Na conclusão da audiência pública, lavra-se uma ata sucinta que colhe todas as informações do curso da audiência. Se o órgão ambiental aprovar o EIA, será concedida licença prévia e, posteriormente, a de instalação e operação, caso o empreendedor satisfaça todas as condições.
RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS AMBIENTAIS:
Art. 225, § 3º, CF:As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (RESPONSABILIDADE OBJETIVA).
Não há previsão legal do que seja dano ambiental.
Art. 3º, Lei 6.938:
II: degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente (INCLUI TANTO AS ATIVIDADES HUMANAS QUANTO OS EVENTOS NATURAIS);
III: poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente (DEGRADAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL CAUSADA PELO HOMEM):
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
O dano ambiental deve ser compreendido como “toda a lesão intolerável causada por qualquer ação humana (culposa ou não) ao meio-ambiente, diretamente, como macrobem do interesse da coletividade, em uma concepção totalizante, e indiretamente, a terceiros, tendo em vista interesses próprios e individualizáveis e que refletem no macrobem” (Frederico Amado, Resumo de Direito Ambiental Esquematizado, 2016).
O Dano ambiental também pode ser entendido como a lesão aos recursos ambientais com consequente degradação do equilíbrio ecológico e da qualidade de vida (Romeu Thomé).
Com relação à extensão do bem protegido:
A) Dano ambiental:É aquele em sentido amplo (vazamento de petróleo no mar próximo ao porto de Paranaguá).
B) Dano ecologicamente puro:Se refere apenas ao meio ambiente natural (fauna/flora).
C) Dano individual (reflexo ou por ricochete): Proibição da pesca pelo vazamento de petróleo no mar próximo ao porto de Paranaguá, atingindo, por ricochete, um pescador que depende da pesca para sustentar sua família.O dano por ricochete pode atingir a saúde e o patrimônio.
Com relação à extensão do dano:
A) Dano patrimonial/material:É a perda material do bem protegido. É o dano físico.
B) Dano Extrapatrimonial ou dano moral ambiental:Ofende os valores imateriais, ou seja, a qualidade de vida, bem-estar, podendo ser dividido em individual ou coletivo (cortar uma árvore centenária que é símbolo para todos os moradores de determinada cidade).
Dano moral ambiental coletivo: É o que suscita maiores discussões.Os tribunais superiores não divergem quanto à possibilidade de dano moral individual. Em relação ao dano moral coletivo, a 1.ª Turma do STJ decidiu, em 2006, 2008 e 2010, que não há direito. Em 2012, a 2.ª Turma do STJ, contudo, começou a reconhecer o dano moral coletivo ambiental. 
Formas de reparação (essas formas de reparação não estão em pé de igualdade, isto é, apenas no caso de não ser possível a reparação natural, deverá ocorrer a compensação ou indenização):
A indenização deve ser INTEGRAL.
É possível cumular os pedidos em uma ação civil pública ambiental, desde que necessário.
Dano ambiental é imprescritível?SIM.O pedido de reparação de danos ambientais está protegido pelo manto da imprescritibilidade, pois o meio ambiente é fundamental e essencial à qualidade da vida e à saúde.
Cabe inversão do ônus da prova em matéria ambiental?SIM, competindo ao empreendedor demonstrar que sua atividade não causa riscos para o meio ambiente e à saúde humana, em razão do que determina o princípio da precaução.
A) Natural/In Natura:
A regra é essa. A reparação se dá onde ocorreu o dano.
B) Compensação Ecológica:
Se onde ocorreu o dano não dá para ser feita a reparação, é possível ser feita em outro local.
C) Indenização Pecuniária:Caso não seja possível a reparação natural ou a compensação ecológica, deverá haver a indenização pecuniária.
Conceito de Poluidor:
Art. 3º: IV: poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta (é o responsável direto pelo dano) ou indiretamente (é aquele que, de alguma forma, contribuiu para a degradação ambiental), por atividade causadora de degradação ambiental;
A responsabilidade por danos ambientais é OBJETIVA (desde 1981), bastando o nexo de causalidade entre conduta e o dano. Vale lembrar que são solidariamente responsáveis os poluidores diretos e indiretos. A jurisprudência entende que mesmo na existência de múltiplos agentes poluidores, não há obrigação da formação de litisconsórcio, porque a responsabilidade é solidária entre eles, podendo ser demandados em conjunto ou isoladamente (o litisconsórcio é facultativo).
Aspectos da responsabilidade objetiva:a) Prescindibilidade da culpa para indenizar;b) irrelevância da licitude ou não da atividade (adota-se a teoria do risco integral: não há atenuantes ou excludentes, pouco importando o caso fortuito, a força maior ou cláusula de não indenização).
Essa teoria contrapõe-se à teoria do risco criado, que admite excludentes e se fundamenta na causalidade adequada, em que é necessário se verificar qual foi a causa do dano ambiental.Na teoria do risco integral a causa pouco importa para fins de responsabilização;
Responsabilidade do Estado por danos ambientais:
A responsabilidade também é objetiva. Não muda absolutamente nada em relação ao que foi acima tratado.E se a responsabilidade for por omissão (cabia ao Estado exercer o poder de polícia ambiental e ele não o fez, ocasionando o dano ambiental)? Há divergência, nesse caso,se será objetiva ou subjetiva. Antigamente, entendia-se pela responsabilidade subjetiva. Hoje, contudo, prevalece a responsabilidade objetiva, tanto nos casos de ação como nos de omissão do Estado, em se tratando do meio ambiente (a responsabilidade por omissão ordinária, no direito administrativo, entretanto, é subjetiva).
Na responsabilidade por omissão, o Estado responde solidariamente com o causador efetivo do dano, mas a execução será subsidiária.Somente se o causador do dano ambiental não tiver possibilidades de ressarcir o que foi degradado é que o Estado será executado.
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA AMBIENTAL:
Os agentes fiscalizadores, no exercício do poder de polícia, podem lavrar auto de infração, com aplicação da sanção correlata (advertência, multa, dentre outras). A pessoa física ou jurídica pode não concordar com essa sanção, apresentando defesa, momento em que será instauradoum processo administrativo. Após, a autoridade competente vai decidir se o auto de infração é válido ou não.
Infração administrativa ambiental: toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente (é um conceito muito amplo e por isso existe o Decreto n.º 6.514/2008, que bem detalha as infrações administrativas).
Competência para lavrar o auto e instaurar o processo administrativo:fiscais dos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente e os agentes das capitanias dos portos da Marinha (arts. 70, §§ 1.º a 3.º da Lei n.º 9.605/98).
Processo Administrativo Ambiental:
Como se viu, o processo somente tem início se o infrator não concordar com o auto de infração lavrado e apresentar a respectiva defesa (pode ser apresentada pessoalmente, por AR ou edital), no prazo de 20 dias, contados da ciência do auto de infração. A autoridade julgadora tem 30 dias para efetuar o julgamento, contados da data da lavratura do auto (se não julgar nesse prazo, não haverá nulidade). Após a decisão final, surge o prazo de 5 dias para efetuar o pagamento, pena de ser inscrito no cadastro de inadimplementos (CADIN), bem como em dívida ativa.
Para aplicação da penalidade, é necessário observar a gravidade dos fatos, os antecedentes e a situação econômica do infrator.
São espécies de infração: Embargo de obra ou atividade; advertência; multa simples; multa diária; destruição ou inutilização de produtos; restritivas de direitos; suspensão da execução de obra ou atividade, dentre outras. Essas infrações são aplicadas pelo agente fiscalizador e devem ser confirmadas pela autoridade julgadora (Lei n.º 9.605/98, art. 72).
Advertência: Art. 5º, do Decreto n.º 6.514/08. Para os casos de menor lesividade ao meio ambiente (multa que não ultrapasse o valor de R$1.000,00), garantido o contraditório e ampla defesa. Não pode ser aplicada nova sanção de advertência dentro do período de 3 anos, desde que essa sanção seja confirmada pela autoridade julgadora. Além disso, mesmo que praticado ato enquadrado como de menor lesividade, se foi aplicada uma sanção mais grave anteriormente, não é possível o benefício da advertência dentro do prazo de 3 anos. 
Multa: Mínimo de R$50,00 e máximo de 50 milhões (pode ser duplicada e até triplicada –MPRS/2016- arts. 8 a 10 do Decreto).
Suspensão de venda ou fabricação de produto: Art. 109 do Decreto.
Suspensão parcial ou total de atividades: Art. 110 do Decreto.
Embargo de Obra ou Atividade: Art. 15-A, 15-B, 18, 79 do Decreto (exclusivamente onde se caracterizou a infração ambiental, não atingindo outras áreas).
Demolição de Obra: Art. 19 e 112 do Decreto.
Restritivas de direito:Art. 20 do Decreto.
O cometimento de nova infração administrativa ambiental, confirmada pela autoridade julgadora, no prazo de 5 anos, caracterizará a reincidência. Se a reincidência foi específica (mesma infração), aplica-se a triplamente a multa. Se a infração é diferente, aplica a multa em dobro (Art. 11 do Decreto).
Prescrição: A REGRA é que prescreve em 5 anos para se apurar infração administrativa (art. 21 do Decreto). O que é imprescritível é a ação de reparação de danos na esfera cível. Exceções:a) Prescrição Intercorrente: Autos parados por mais de 3 anos, pendentes de julgamento ou despacho; B) Se a infração administrativa ambiental for ao mesmo tempo crime (prevalece a prescrição da área penal).
A responsabilidade civil é objetiva, a penal é subjetiva. A administrativa tem divergência, ora decidindo os tribunais como sendo subjetiva, ora como objetiva (o julgado mais recente do STJ, no final de 2015, se posiciona no sentido de ser subjetiva a responsabilidade, mas há outros julgados anteriores que divergem desse entendimento).
SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (Lei 9.985/00):
O SNUC tem a seguinte estrutura: a) CONAMA = é o órgão consultivo e deliberativo; b) MMA (Ministério do Meio ambiente) = é o órgão central; c) ICMBio e IBAMA = são os órgãos executores (não esquecer dos órgãos estaduais e municipais).
Art. 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I: UNIDADE DE CONSERVAÇÃO: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;
Existem dois grandes grupos:
UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL (unidades mais restritivas): O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto (que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais), com exceção dos casos previstos nesta Lei. 
Estação ecológica (art. 9º);
Reserva Biológica (art. 10º);
Parque nacional (art. 11º);
Monumento natural (art. 12º);
Refúgio de vida silvestre (art. 13º);
UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL: O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. Admite o uso direto, que é aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais; admitindo o uso comercial de parcela dos recursos naturais.
Área de proteção ambiental (art. 15º);
Área de relevante interesse ecológico (art.16º);
Floresta nacional (a população tradicional pode permanecer na área, desde que seja compatível/possível) (art. 17º);
Reserva extrativista (serve para populações tradicionais; art. 23) (art. 18º);
Reserva de fauna (art. 19º);
Reserva de desenvolvimento sustentável (serve para populações tradicionais; art. 23) (art. 20º);
Reserva particular de patrimônio natural (art. 21º).
Teoria Geral:
1) Criação:
Ato do poder Público (normalmente é um decreto, mas pode ser criada por lei; art. 22), desde que precedido de estudos técnicos e consulta pública.
Exceção: Não é necessária a consulta pública na criação de uma estação ecológica ou uma reserva biológica (basta o estudo técnico).
E se quiser ampliar a unidade de conservação? Pode ser ampliada pelo mesmo ato da administração que criou a unidade de conservação, ou seja, se criou por decreto pode ampliar por decreto. Devem ser feitos estudos técnicos e consulta pública. Importante destacar que, diferentemente de quando ocorre a criação, a ampliação de uma reserva biológica ou uma estação ecológica exige o estudo técnico e a consulta pública.
Uma unidade de uso sustentável pode ser transformada em uma unidade de proteção integral? Sim, e deve ser feita a transformação pelo mesmo ato da administração que criou a unidade de conservação (se criou por decreto pode transformar por decreto, desde que mesmo nível hierárquico), precedido de estudos técnicos e consulta pública. Não há previsão na lei do inverso (unidade de proteção integral sertransformada em unidade de uso sustentável), mas entende-se que é possível, desde que seja feita a transformação por lei específica.
Redução dos limites e desafetação: deve ser feito por meio de lei específica, ainda que a criação da unidade tenha se dado por decreto (aqui, um decreto não revoga outro decreto).
Art. 22-A, da Lei: O prazo para estabelecer as limitações administrativas é de 7 meses.
2) Gestão:
A gestão ocorre por meio de um PLANO DE MANEJO, documento técnico que determina o que pode e o que não pode no âmbito das unidades de conservação. O prazo é de 5 anos. Sem o plano de manejo, a unidade de conservação será considerada uma unidade de papel.
Art. 2.º, XVII: plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade;
Art. 27. As unidades de conservação devem dispor de um Plano de Manejo.
§ 1.º O Plano de Manejo deve abranger a área da unidade de conservação (ex: espaço físico), sua zona de amortecimento e os corredores ecológicos (os corredores ecológicos, somente se necessário), incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas. 
Art. 2º, XVIII: ZONA DE AMORTECIMENTO: o entorno de uma unidade de conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade; e
A área de proteção ambiental (APA) e a reserva particular do patrimônio natural não necessitam de Zona de Amortecimento.
Art. 2.º, XIX: CORREDORES ECOLÓGICOS (só quando for necessário): porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência área com extensão maior do que aquela das unidades individuais.
Art. 27, § 2.º: Na elaboração, atualização e implementação do Plano de Manejo das Reservas Extrativistas (têm conselhos deliberativos), das Reservas de Desenvolvimento Sustentável (têm conselhos deliberativos), das Áreas de Proteção Ambiental e, quando couber, das Florestas Nacionais e das Áreas de Relevante Interesse Ecológico, será assegurada a ampla participação da população residente.
§ 3.º: O Plano de Manejo de uma unidade de conservação deve ser elaborado no prazo de cinco anos a partir da data de sua criação.
§ 4.º O Plano de Manejo poderá dispor sobre as atividades de liberação planejada e cultivo de organismos geneticamente modificadosnas Áreas de Proteção Ambiental e nas zonas de amortecimento (APA e a reserva particular do patrimônio natural não possuem zona de amortecimento) das demais categorias de unidade de conservação, observadas as informações contidas na decisão técnica da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança = CTNBio sobre:
I: o registro de ocorrência de ancestrais diretos e parentes silvestres;
II: as características de reprodução, dispersão e sobrevivência do organismo geneticamente modificado;
III: o isolamento reprodutivo do organismo geneticamente modificado em relação aos seus ancestrais diretos e parentes silvestres; e
IV: situações de risco do organismo geneticamente modificado à biodiversidade.
Art. 57-A. O Poder Executivo estabelecerá os limites para o plantio de organismos geneticamente modificados nas áreas que circundam as unidades de conservação até que seja fixada sua zona de amortecimento e aprovado o seu respectivo Plano de Manejo.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica às Áreas de Proteção Ambiental e Reservas de Particulares do Patrimônio Nacional.
Art. 28. São proibidas, nas unidades de conservação, quaisquer alterações, atividades ou modalidades de utilização em desacordo com os seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus regulamentos.
Parágrafo único. Até que seja elaborado o Plano de Manejo, todas as atividades e obras desenvolvidas nas unidades de conservação de proteção integral devem se limitar àquelas destinadas a garantir a integridade dos recursos que a unidade objetiva proteger, assegurando-se às populações tradicionais porventura residentes na área as condições e os meios necessários para a satisfação de suas necessidades materiais, sociais e culturais.
Art. 29. Cada unidade de conservação do grupo de Proteção Integral disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil, por proprietários de terras localizadas em Refúgio de Vida Silvestre ou Monumento Natural, quando for o caso, e, na hipótese prevista no § 2o do art. 42, das populações tradicionais residentes, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade.
Art. 42. As populações tradicionais residentes em unidades de conservação nas quais sua permanência não seja permitida serão indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias existentes e devidamente realocadas pelo Poder Público, em local e condições acordados entre as partes (NESSA HIPÓTESE, A POPULAÇÃO NÃO PODE FICAR NA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO, como, por exemplo, na unidade de proteção integral, que é mais restritiva, não admitindo a presença de população).
§ 1.º: O Poder Público, por meio do órgão competente, priorizará o reassentamento das populações tradicionais a serem realocadas.
§ 2.º: Até que seja possível efetuar o reassentamento de que trata este artigo, serão estabelecidas normas e ações específicas destinadas a compatibilizar a presença das populações tradicionais residentes com os objetivos da unidade, sem prejuízo dos modos de vida, das fontes de subsistência e dos locais de moradia destas populações, assegurando-se a sua participação na elaboração das referidas normas e ações.
§ 3.º: Na hipótese prevista no § 2.º, as normas regulando o prazo de permanência e suas condições serão estabelecidas em regulamento.
Art. 33. A exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços obtidos ou desenvolvidos a partir dos recursos naturais, biológicos, cênicos ou culturais ou da exploração da imagem de unidade de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural (nessas duas Unidades não é

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