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1 DIREITO PREVIDENCIÁRIO Apresentação ............................................................................................................................ 7 Aula 1: Seguridade Social ...................................................................................................... 8 Introdução ........................................................................................................................ 8 Conteúdo ................................................................................................................................ 9 Noções históricas ............................................................................................................... 9 Conceito de seguridade social ..................................................................................12 Os três ramos da seguridade social .............................................................................. 14 Aprenda Mais ....................................................................................................................... 15 Referências .......................................................................................................................... 15 Exercícios de fixação ........................................................................................................ 16 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 19 Aula 2: Regime geral de previdência ................................................................................. 20 Introdução ......................................................................................................................20 Conteúdo .............................................................................................................................. 21 Regime Previdenciário (conceito e benefícios essenciais) ...................................21 Recapitulando ................................................................................................................... 21 Existem hoje dois sistemas públicos de previdência .............................................22 Regime Geral de Previdência Social ............................................................................. 22 Regimes Próprios de Previdência Social ...................................................................... 23 Espécies de aposentadoria no serviço público, no âmbito do Regime Próprio.. 31 Aposentadoria por invalidez permanente ................................................................37 A Relação Jurídica Previdenciária e os Sujeitos Protegidos ..................................... 38 Segurado obrigatório ..................................................................................................38 Empregado (Artigo 11 I, Lei nº 8.213) ........................................................................... 39 Empregado doméstico (Artigo 11 II, Lei nº 8.213) ....................................................... 41 Contribuinte individual ................................................................................................41 IV. Trabalhador avulso ..................................................................................................... 42 V. Segurado especial ....................................................................................................... 43 Dependentes ..................................................................................................................... 46 Dependentes de cada uma das classes ....................................................................... 47 Relação jurídica previdenciária .................................................................................53 Filiação ao regime geral de previdência social .......................................................54 Carência: benefícios com e sem carência ..............................................................54 2 DIREITO PREVIDENCIÁRIO Manutenção e perda da qualidade do segurado ....................................................55 Os dependentes................................................................................................................ 56 Aprenda Mais ....................................................................................................................... 61 Referências .......................................................................................................................... 61 Exercícios de fixação ........................................................................................................ 62 Notas ........................................................................................................................................... 66 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 66 Aula 3: Aposentadoria e desaposentação ....................................................................... 68 Introdução ......................................................................................................................68 Conteúdo .............................................................................................................................. 69 Aposentadoria ................................................................................................................... 69 Artigo 201, § 7º, da Constituição da República............................................................ 69 Irreversíveis e irrenunciáveis .......................................................................................... 70 Aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social .............................................. 74 Aposentadoria e vinculo de emprego ......................................................................82 Congresso Nacional rejeita em 14/04/1994 a Medida Provisória 446 .................83 Atividade proposta ......................................................................................................83 Aprenda Mais ....................................................................................................................... 94 Referências .......................................................................................................................... 95 Exercícios de fixação ........................................................................................................ 96 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 99 Aula 4: Aposentadoria por tempo de contribuição ..................................................... 101 Introdução ................................................................................................................... 101 Atividade proposta ................................................................................................... 102 Aposentadoria por tempo de contribuição ........................................................... 106 Qualidade de segurado - Lei nº 10.666, de 2003 ........................................... 107 Artigo 18, da Lei nº 8.213 .............................................................................................. 109 Para o professor ....................................................................................................... 111 Renda Mensal Inicial- RMI ............................................................................................ 111 Salário de benefício ........................................................................................................ 112 Fator previdenciário................................................................................................. 114 Tempo de contribuição para fins previdenciários ................................................ 118 Prova material ........................................................................................................... 119 Aposentadoria e certidão de tempo de serviço como aluno-aprendiz ............. 121 Contagem recíproca do tempo de contribuição .................................................. 122 Justificação administrativa ...................................................................................... 123 3 DIREITO PREVIDENCIÁRIO Cabimento da ação declaratória para reconhecimento de tempo de contribuição ............................................................................................................... 123 Referências ........................................................................................................................ 124 Exercícios de fixação ...................................................................................................... 125 Chaves de resposta ................................................................................................................... 127 Aula 5: Aposentadorias especiais ................................................................................... 128 Introdução ................................................................................................................... 128 Conteúdo ............................................................................................................................ 129 Aposentadorias diferenciadas ...................................................................................... 129 Aposentadoria especial, mais informações ................................................................ 130 Reconhecimento do tempo especial ..................................................................... 131 Lei nº 9.528/97 .......................................................................................................... 133 Aposentadoria constitucional diferenciada do professor ................................... 139 Professores ..................................................................................................................... 141 Ato normativo ............................................................................................................ 141 Aposentadoria da pessoa com deficiência ........................................................... 142 O Decreto 3.048 .............................................................................................................. 144 Por tempo de contribuição ...................................................................................... 145 Aposentadoria por idade da pessoa com deficiência ......................................... 145 Aposentadoria por idade ......................................................................................... 148 Aposentadoria por idade urbana ........................................................................... 148 Qualidade de segurado ................................................................................................. 149 Aposentadoria por idade rural ................................................................................ 149 Mais informações sobre aposentadoria por idade rural ..................................... 150 Aposentadoria por invalidez - requisitos necessários ........................................ 152 Aposentadoria por invalidez ................................................................................... 152 Auxílio-doença .......................................................................................................... 155 Auxílio-doença - Mais informações .................................................................. 159 Atividade proposta ................................................................................................... 162 Referências ........................................................................................................................ 162 Exercícios de fixação ...................................................................................................... 164 Chaves de resposta ................................................................................................................... 168 Aula 6: Pensão por morte e benefícios ........................................................................... 170 Introdução ................................................................................................................... 170 Conteúdo ............................................................................................................................ 171 Pensão por morte ..................................................................................................... 171 4 DIREITO PREVIDENCIÁRIO Correntes, visão de alguns pensadores ...................................................................... 172 Óbito ........................................................................................................................... 174 Quanto à prova de ser dependente ....................................................................... 175 Cônjuge divorciado ou separado ........................................................................... 176 Se o dependente for incapaz.................................................................................. 180 Renda Mensal Inicial (RMI) ........................................................................................... 180 Legislação ........................................................................................................................ 181 STJ .................................................................................................................................... 184 Auxílio-reclusão ........................................................................................................ 185 Salário-família ................................................................................................................. 186 Salário-família - renda mensal .......................................................................... 187 Salário-maternidade ................................................................................................ 188 Salário-maternidade - mais informações ........................................................ 190 Renda mensal do benefício .................................................................................... 194 Empregos concomitantes ou de atividade simultânea ....................................... 194 Renda mensal do benefício - mais informações ................................................. 196 Atividade proposta ................................................................................................... 196 Referências ........................................................................................................................ 197 Exercícios de fixação ...................................................................................................... 199 Chaves de resposta ................................................................................................................... 203 Aula 7: Custeio da seguridade social .............................................................................. 205 Introdução ................................................................................................................... 205 Conteúdo ............................................................................................................................206 Sistemas de custeio ....................................................................................................... 206 Sistemas de custeio ....................................................................................................... 207 Regra importante ..................................................................................................... 208 Tripartite..................................................................................................................... 209 Natureza jurídica ...................................................................................................... 212 Contribuições sociais destinadas à Previdência Social ..................................... 214 Lei nº 8.212/91 .......................................................................................................... 215 Cota patronal previdenciária da empresa ............................................................ 220 Prazo para recolhimento ......................................................................................... 220 Adicional das instituições financeiras ................................................................... 222 Cooperativas de trabalho ........................................................................................ 223 Empregador doméstico ........................................................................................... 224 Contribuição dos trabalhadores e incidentes sobre seu salário-de-contribuição 5 DIREITO PREVIDENCIÁRIO ........................................................................................................................................... 224 Empregado, trabalhador avulso e empregado doméstico ................................. 225 Incidência das alíquotas ................................................................................................ 225 O empregador é diretamente responsável ................................................................. 227 Parte da jurisprudência .................................................................................................. 228 Contribuinte individual e segurado facultativo ..................................................... 228 Segurado especial .......................................................................................................... 229 Atividade proposta ................................................................................................... 231 Referências ........................................................................................................................ 231 Exercícios de fixação ...................................................................................................... 232 Chaves de resposta ................................................................................................................... 235 Aula 8: Acidente de trabalho ............................................................................................. 236 Introdução ................................................................................................................... 236 Conteúdo ............................................................................................................................ 237 Atividade proposta ................................................................................................... 237 Acidente de trabalho – conceito ............................................................................. 238 Caracterização do acidente de trabalho ............................................................... 239 Doenças profissionais e do trabalho ..................................................................... 240 Artigo 20 .................................................................................................................... 241 Nexo causal e concausalidade ..................................................................................... 242 Perícia médica do INSS ................................................................................................. 242 Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário ..................................................... 243 Comunicação da empresa ............................................................................................ 244 Lei nº 8.213 ............................................................................................................... 245 CAT ................................................................................................................................... 246 Acidente de trabalho ................................................................................................ 247 Auxílio-doença Acidentário (B-91) ......................................................................... 249 Cessação do benefício ............................................................................................ 251 Auxílio-acidente (B-94) ............................................................................................ 252 Regra importante ..................................................................................................... 253 Artigo 86 da Lei nº 8.213/1991 ..................................................................................... 254 Requisitos de concessão............................................................................................... 255 Suspensão e cessação do benefício ........................................................................... 255 Atividade proposta ................................................................................................... 256 Aprenda Mais ..................................................................................................................... 258 Referências ........................................................................................................................ 258 6 DIREITO PREVIDENCIÁRIO Exercícios de fixação ...................................................................................................... 259 Notas ......................................................................................................................................... 261 Chaves de resposta ................................................................................................................... 261 Conteudista ............................................................................................................................ 263 7 DIREITO PREVIDENCIÁRIO Nesta disciplina, analisaremos a legislação sobre o Regime Geral de Previdência Social, bem como os elementos dos Regimes Próprios dos servidores públicos, sob um filtro constitucional. Discutiremos as decisões recentes da jurisprudência dos tribunais superiores e resolveremos casos práticos enfrentados pelos profissionais do Direito no dia a dia. Sendo assim, essa disciplina tem como objetivos: 1. Apontar as principais categorias jurídicas do Direito Previdenciário; 2. Resolver casos práticos; 3. Analisar a legislação, doutrina e jurisprudência sobre a matéria; 4. Construir uma visão crítica acerca dos principais problemas enfrentados pela Previdência Social. 8 DIREITO PREVIDENCIÁRIO Introdução Hoje é nossa primeira aula e iniciaremos nossos estudos de Direito Previdenciário com o tema Seguridade Social, cujo um dos temas refere-se à Seguridade Social. Objetivo: . Conhecer o benefício assistencial – LOAS (Lei Orgânica de Assistência Social). DIREITO PREVIDENCÁRIO 9 Conteúdo Noções históricas Aformação de um sistema de proteção social no Brasil partiu do reconhecimento do Estado de que este deveria intervir para suprir as deficiências do liberalismo econômico, sendo que as primeiras formas de proteção social tinham caráter assistencial. Na legislação nacional, o marco inicial da Previdência Social aconteceu com a publicação do Decreto Legislativo nº 4.682 de 24/01/1923 (Lei Eloy Chaves). Esta lei criou as caixas de Aposentadoria e Pensões nas empresas de estradas de ferro existentes à época mediante contribuição dos trabalhadores das empresas do ramo e do Estado, assegurando aposentadoria aos trabalhadores e pensão a seus dependentes em caso de morte do segurado. Conceito de seguridade social A Seguridade Social é um direito social, que podemos corroborar por meio da leitura do Artigo 6º da Constituição da República de 1988 (CRFB/88). “Artigo 6º – São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 64 de 2010). A seguridade social, como direito social, traduz-se num conjunto de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social. Este conceito está insculpido no Artigo 194 da CFRB: DIREITO PREVIDENCÁRIO 10 “Artigo 194 – A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. Os três ramos da seguridade social A seguridade social é um gênero composto por três ramos: saúde, previdência social e assistência social. Segundo Fábio Zambitte, a seguridade social pode ser conceituada como a rede protetiva formada pelo Estado e por particulares, com contribuição de todos, incluindo parte dos beneficiários dos direitos, no sentido de estabelecer ações para o sustento de pessoas carentes e trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida digna. Saúde, previdência social e assistência social. A manutenção de um padrão mínimo de vida digna traduz o conceito de “mínimo existencial”. Então, podemos afirmar que a seguridade social é um meio para se atingir a justiça social. A justiça, por sua vez, é o fim da ordem social. A saúde é direito de todos e dever do Estado (Artigo 196 da CRFB), ou seja, independe de contribuição e, sendo assim, qualquer pessoa tem o direito de obter atendimento na rede pública de saúde. A previdência social é o seguro social para a pessoa que contribui. É uma instituição pública que tem como objetivo reconhecer e conceder direitos aos seus segurados. A assistência social será prestada a quem dela necessitar (Artigo 203 da CRFB/88), ou seja, aqueles que não têm condições de manutenção própria. Assim como a saúde, a assistência social independe de contribuição direta do beneficiário. Conforme menciona Marcelo Leonardo Tavares, “a assistência social é um plano DIREITO PREVIDENCÁRIO 11 de prestações sociais mínimas e gratuitas a cargo do Estado para prover pessoas necessitadas de condições dignas de vida. É um direito social fundamental e, para o Estado, um dever a ser realizado por meio de ações diversas que visem atender às necessidades básicas do indivíduo em situações críticas de existência humana, tais como maternidade, infância, adolescência, velhice, e de pessoas portadoras de limitações físicas. As prestações de assistência social são destinadas aos indivíduos sem condições de prover o próprio sustento de forma permanente ou provisória, independentemente da exigência de contribuição para o sistema de seguridade social”. Da assistência social Artigo 203 – A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice. A promoção da integração ao mercado de trabalho. O amparo a crianças e adolescentes carentes. A garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária. Não contributiva e contributiva Uma característica que vocês devem guardar no estudo da assistência social é que ela não é contributiva. Isto a diferencia da previdência social (outro ramo da seguridade social), que é contributiva, por expressa previsão constitucional. DIREITO PREVIDENCÁRIO 12 Assistência social Previdência Social Não é contributiva Contributiva A lei regente é a Lei nº 8.742/93 (Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS), cujos objetivos são: a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo a crianças e adolescentes carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho, além de habilitação e reabilitação, de pessoas portadoras de deficiência; e a promoção de sua integração à vida comunitária e a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso (a partir de 65 anos) que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou tê-la provida por sua família (Artigo 2º) e cuja renda mensal familiar per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo. LOAS ou BPC Chegamos ao momento mais importante desta aula: o benefício assistencial de prestação continuada, também denominado LOAS ou BPC. O benefício assistencial LOAS tem por fonte constitucional a norma prevista no Artigo 203, V, da CRFB/88, que garante um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei e, por fontes infraconstitucionais, o Artigo 20 da Lei nº 8.742/93. O Artigo 20, portanto, traz a regulamentação do benefício assistencial LOAS, já que a norma constitucional é eficazmente limitada. DIREITO PREVIDENCÁRIO 13 Dois requisitos: um subjetivo e outro objetivo O benefício assistencial tem dois requisitos: um subjetivo e outro objetivo. Requisito Subjetivo: Ser o requerente portador de deficiência de longo prazo ou ser idoso. Que a família do requerente tenha renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo. Num primeiro momento, o STF, julgando a ADI nº 1.232-DF, considerou constitucional o disposto na legislação sobre o requisito financeiro. Todavia, o STJ vinha decidindo que o limite de ¼ do salário mínimo não era um critério absoluto e, por isto, deveria o juiz analisar as peculiaridades do caso concreto (AGRESP nº 523.864). Leia o texto do Supremo Tribunal Federal sobre a Reclamação nº 4374 (julgado em: 18/04/2013; DJ 03/09/2013). Programas de Assistência Social: O Supremo Tribunal Federal voltou a se manifestar sobre o tema recentemente e através da Reclamação nº 4374 (j. 18/04/2013, DJ 03/09/2013) revisou a ADI 1232, reinterpretando a norma contida no Artigo 20§ 3º da lei 8742, e declarou a inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do Artigo 20, § 3º, da Lei 8.742/1993,conforme excertos do voto da lavra do Ministro Gilmar Mendes que passo a transcrever: “os programas de assistência social no Brasil utilizam, atualmente, o valor de ½ salário mínimo como referencial econômico para a concessão dos respectivos benefícios. Tal fato representa, em primeiro lugar, um indicador bastante razoável de que o critério de ¼ do salário mínimo utilizado pela LOAS está completamente defasado e mostra-se atualmente inadequado para aferir a miserabilidade das famílias que, de acordo com o Artigo 203, V, da Constituição, possuem o direito ao benefício assistencial. Em segundo lugar, constitui um fato DIREITO PREVIDENCÁRIO 14 revelador de que o próprio legislador vem reinterpretando o Artigo 203 da Constituição da República segundo parâmetros econômico-sociais distintos daqueles que serviram de base para a edição da LOAS no início da década de 1990. Esses são fatores que razoavelmente indicam que, ao longo dos vários anos desde a sua promulgação, o § 3º do Artigo 20 da LOAS passou por um processo de inconstitucionalização. Portanto, além do já constatado estado de omissão inconstitucional, estado este que é originário em relação à edição da LOAS em 1993 (uma inconstitucionalidade originária, portanto), hoje se pode verificar também a inconstitucionalidade (superveniente) do próprio critério definido pelo § 3º do Artigo 20 da LOAS. Trata-se de uma inconstitucionalidade que é resultado de um processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). É certo que não cabe ao Supremo Tribunal Federal avaliar a conveniência política e econômica de valores que podem ou devem servir de base para a aferição de pobreza. Tais valores devem ser o resultado de complexas equações econômico- financeiras que levem em conta, sobretudo, seus reflexos orçamentários e macroeconômicos e que, por isso, devem ficar a cargo dos setores competentes dos Poderes Executivo e Legislativo na implementação das políticas de assistencialismo definidas na Constituição.”. INSS, autarquia federal especializada na matéria previdenciária. Verificados os requisitos do benefício assistencial, importante dizer quem tem atribuição para conceder o benefício, ou seja, onde o beneficiário deve buscar seus direitos. DIREITO PREVIDENCÁRIO 15 Em que pese o LOAS ser um benefício de natureza assistencial, a sua concessão é feita pelo INSS, autarquia federal especializada na matéria previdenciária. Isso acontece por questões práticas, pois a autarquia já possui estrutura própria espalhada por todo o país, em condições de atender à clientela assistida. Em razão de o Artigo 12, I, da Lei nº 8.742 estabelecer que compete à União responder pela concessão e manutenção dos benefícios de prestação continuada, incluindo o financiamento, já houve controvérsia acerca da legitimidade passiva nas ações que se pleiteava tal benefício. No sentido da legitimidade exclusiva da União, que é responsável pela manutenção da assistência social, cabendo ao INSS somente a execução, temos a doutrina do Prof. Fábio Zambitte. Contudo, a corrente majoritária (STJ-ERESP nº 204.974, 3ª Seção, João Batista Lazzari, Marcelo Leonardo Tavares), apoiando-se no parágrafo único do Artigo 29 da lei citada, entende pela legitimidade do INSS, haja vista que os recursos de responsabilidade da União destinados ao pagamento do benefício assistencial são repassados ao INSS, órgão responsável pela sua manutenção e execução. O Decreto nº 6.214, ao regulamentar o benefício assistencial, estabelece ser o INSS o responsável pela operacionalização do benefício, nos termos do Artigo 3º: “Artigo 3º – O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é o responsável pela operacionalização do benefício de prestação continuada, nos termos deste Regulamento”. Sete regras de ouro Ainda sobre o LOAS, importante saber sete regras de ouro: 1. Não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. DIREITO PREVIDENCÁRIO 16 2. O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem. 3. O pagamento do benefício cessa no momento em que forem superadas as condições referidas no caput ou em caso de morte do beneficiário, e será cancelado quando se constatar irregularidade na sua concessão ou utilização. 4. O benefício de prestação continuada será suspenso pelo órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual. 5. A concessão do benefício de prestação continuada independe da interdição judicial do idoso ou da pessoa com deficiência. 6. O Benefício de Prestação Continuada não está sujeito a desconto de qualquer contribuição e não gera direito ao pagamento de abono anual. 7. O Benefício de Prestação Continuada é intransferível, não gerando direito à pensão por morte aos herdeiros ou sucessores. Princípios da seguridade social Os princípios da seguridade social estão previstos no parágrafo único do Artigo 194 da CRFB/88, e são os seguintes: Universalidade da cobertura e do atendimento Significa que as prestações decorrentes do sistema da seguridade social serão destinadas a quem necessitar da forma mais abrangente possível. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais DIREITO PREVIDENCÁRIO 17 Consiste na superação das diferenças de tratamento às populações urbanas e rurais no Brasil, de forma a garantir uma abordagem equânime. Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços Com a aplicação desse princípio, há uma ponderação dos critérios de atendimento pela necessidade, dando vantagem aos mais necessitados. Irredutibilidade do valor dos benefícios Tem por objetivo assegurar a manutenção do poder aquisitivo das prestações pecuniárias. Equidade na forma de participação no custeio Consiste na igualdade de cobrança quando os financiadores se encontrarem sob a mesma condição fática. Diversidade da base de financiamento Significa que o ingresso nos cofres públicos de valores em favor da seguridade social são obtidos com arrecadação de contribuições sociais a cargo de trabalhadores e empregadores, bem como do orçamento dos entes da Federação. Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação de trabalhadores, empregadores, aposentados e do Governo, nos órgãos colegiados Trata-se de participação dos representantes do governo, dos trabalhadores ativos e inativos e das empresas em órgãos colegiados da administração. DIREITO PREVIDENCÁRIO 18 Atividade proposta Reflita sobre o texto “Sujeito processual e deficiência social: as ‘condições peculiares do indivíduo’ como fatores determinantes da análise da deficiência nos processos previdenciários para fins de benefício assistencial”. Autora: Bianca Georgia Arenhart Munhoz da Cunha. Texto: Demografia e Previdência Social A presente edição da Revista de Doutrina traz como destaque o artigo “O paradoxo da transição demográfica e o futuroda Previdência Social”, de autoria do Corregedor Regional da Justiça Federal, Desembargador Paulo Afonso Brum Vaz. O magistrado observa que a combinação do declínio acentuado da população economicamente ativa com a grande ampliação do número de inativos, como ocorreu em nações europeias, afeta muito a relação entre a receita pública e as despesas sociais. “O que há hoje de relevante na crise financeira do Estado Social é justamente esse fenômeno que afeta mais drasticamente alguns países da Europa, vale dizer, o desequilíbrio na pirâmide etária ou transição demográfica. Houve um considerável aumento da expectativa de vida dos indivíduos em detrimento das taxas de natalidade.” O Corregedor salienta, no entanto, que o Brasil ainda é beneficiado pelo chamado “bônus demográfico”: menos crianças e idosos, mais jovens economicamente ativos, formando uma pirâmide em forma de pera. “Isso deve perdurar até aproximadamente 2040, quando passaremos a ter uma população idosa maior, com tendência ao desequilíbrio das contas da Previdência”, alerta o autor. Segundo ele, diante das particularidades históricas do país, marcadas por fortes contrastes regionais e sociais, essa transição demográfica não é neutra: “paradoxalmente, tanto pode criar possibilidades demográficas que potencializem o crescimento da economia, aumentando o bem- estar social, quanto potencializar as adversidades econômicas e sociais, ampliando as graves desigualdades sociais que marcam 2 a sociedade brasileira”. O Desembargador lembra que o IBGE divulgou, em 2013, pesquisa indicando a tendência de inversão do bônus demográfico também no Brasil: “A queda da fecundidade e o aumento da expectativa de vida vêm provocando um DIREITO PREVIDENCÁRIO 19 envelhecimento acelerado da população brasileira”. Essa previsão, analisa, “deve ser o argumento ultraliberal para a restrição ainda mais ampla de direitos sociais”. Conforme Brum Vaz, no entanto, haveria espaço para redução dos benefícios concedidos nos países mais ricos da Europa, onde há grandes gastos públicos com a seguridade social, mas não aqui: “Entre nós, o pouco que se conquistou e que a situação econômica da América Latina permite atender não admite qualquer retrocesso ou limitação”, afirma o Corregedor. No total, são 20 artigos, entre eles os de outros 18 magistrados: os Juízes Federais Rafael Castegnaro Trevisan, Roberto Fernandes Junior, Eduardo Appio, Bianca Georgia Arenhart Munhoz da Cunha, Gerson Godinho da Costa, Zenildo Bodnar, Rogério Cangussu Dantas Cachichi, Clenio Jair Schulze, Rafael Martins Costa Moreira, Nelson Gustavo Mesquita Ribeiro Alves e Leonardo Müller Trainini e os Juízes Federais Substitutos Paula Beck Bohn, Vitor Marques Lento, Bruno Risch Fagundes de Oliveira, Carolina Moura Lebbos, Diego Viegas Veras, Fernanda Bohn e Ana Paula Martini Tremarin Wedy. A Revista de Doutrina é produzida pela Escola da Magistratura (Emagis) do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. Os interessados em veicular seus trabalhos podem remeter o material por meio do link “Envie seu Artigo”, no menu acima. Lançada em junho de 2004, a publicação é bimestral, eletrônica e gratuita. 3 Informações adicionais podem ser obtidas pelo e-mail revista@trf4.jus.br ou pelo telefone (51) 3213-3043. Fonte:< http://www.revistadoutrina.trf4.jus.br/> Chave de resposta: A partir da leitura do artigo, pretende-se instigar o aluno a analisar criticamente a deficiência social, levando-se em consideração não só a limitação de saúde da pessoa, mas, também, a limitação imposta pela história de vida e pelo universo social. DIREITO PREVIDENCÁRIO 20 Aprenda Mais Para saber mais sobre INSS, autarquia federal especializada na matéria previdenciária, leia o Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007. Referências IBRAHIM, Zambitte Fabio. Curso de direito previdenciário. Niterói: Impetus, 2013. p. 5. TAVARES, Marcelo Leonardo. Previdência e assistência social: Legitimação e fundamentação constitucional brasileira. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p. 215. Exercícios de fixação Questão 1 Igor, portador de alienação mental, acarretando impedimento de longo prazo, ajuíza ação em face do INSS pleiteando a concessão de benefício assistencial com base no Artigo 20, II, da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Alega que mora com sua mãe, desempregada, e seu pai, já idoso, que recebe aposentadoria do INSS no valor de um salário mínimo, porém, tal valor é insuficiente para seu pai arcar com despesas de remédios e da manutenção da família. Para fins de concessão do benefício de prestação continuada LOAS, assinale a alternativa correta. a) Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo. Esse critério, de acordo com entendimento recente do STF, não é absoluto, podendo ser conjugado com outros fatores indicativos do estado de miserabilidade do indivíduo e de sua família. b) Igor, além de ser incapaz, precisa comprovar a idade mínima de 65 anos para fazer jus ao benefício assistencial LOAS. DIREITO PREVIDENCÁRIO 21 c) O requisito da miserabilidade não pode ser comprovado por exclusivamente prova testemunhal. Questão 2 Américo está tetraplégico, exigindo cuidados permanentes da mulher. Seus dois filhos, maiores de idade, moram com eles, trabalham na cidade, e cada um ganha um salário mínimo mensal. Nessa situação, por estar incapacitado para o trabalho, Américo procura seu advogado para saber se tem direito a receber o benefício de prestação continuada previsto na LOAS. Marque a opção correta. a) Américo tem direito a receber LOAS por ser a incapacidade para o trabalho requisito único para concessão do benefício assistencial. b) A renda de seus filhos maiores deve ser excluída do conceito de renda familiar por expressa disposição legal. c) Américo não tem direito ao benefício assistencial LOAS, porque precisa recolher contribuições sociais, já que a assistência social depende de contribuição direta do beneficiário. d) Américo, ainda que tetraplégico, deve comprovar que possui impedimento de longo prazo a fim de cumprir o requisito subjetivo. Questão 3 Jurema, idosa, ex-esposa de Jorge, ao saber do óbito deste, procura um escritório de advocacia para saber sobre a possibilidade de buscar, junto ao INSS, pensão por morte. Na consulta, é informada que é beneficiária do LOAS e recebe valor de um salário mínimo. Marque a opção correta. a) Não há possibilidade de ser concedida pensão por morte à Jurema, haja vista existir regra vedando a acumulação na percepção de LOAS com pensão por morte. b) Há possibilidade de receber conjuntamente LOAS e pensão por morte, pois ambos têm natureza jurídica diversa. DIREITO PREVIDENCÁRIO 22 c) Sendo o LOAS benefício pago a qualquer idoso, conforme Estatuto do Idoso, não há impedimento para a percepção da pensão por morte. Questão 4 Jorge, menor impúbere e portador de Síndrome de Down, necessita de cuidados constantes de sua mãe, que não trabalha para cuidar do menino. Seu pai, João, trabalha como pedreiro e aufere a renda bruta de R$ 642,88, valor este que, com os descontos de contribuição previdenciária e sindical, decresce para R$ 572,81. Os três moram num imóvel não próprio, sendo que João custeia despesas fixas de aluguel (contrato de locação), suprimento de água e energia elétrica, além das despesas com o sustento da esposa e do filho, ressaltando que este se submete a um tratamento especial em razãoda doença de que é portador. Marque a opção correta. a) A realidade do núcleo familiar do requerente permite que se conclua pelo atendimento do requisito da hipossuficiência financeira, haja vista que se trata de família de 03 (três) pessoas, em que somente o cônjuge varão exerce atividade laborativa, havendo presunção absoluta de miserabilidade. b) A renda familiar per capita de até ¼ do salário mínimo gera presunção absoluta de miserabilidade, sendo critério absoluto, de forma que a renda superior a esse patamar afasta o direito ao benefício. c) A despeito de o núcleo familiar não se encontrar na linha de extrema pobreza, os sinais de condições socioeconômicas do requerente afiguram- se insuficientes para afastar a presunção de risco social (estado de miserabilidade, hipossuficiência econômica ou situação de desamparo) delineada pelo legislador. Questão 5 Juanita recebe benefício assistencial por ser idosa e miserável. No segundo semestre de 2013, conhece Mário e com ele se casa no dia 02/01/2014. Em lua DIREITO PREVIDENCÁRIO 23 de mel, proporcionada por amigos de Mário, Juanita sofre um acidente e vem a falecer. Juanita deixou dois filhos maiores de pai desconhecido. Marque a alternativa correta. a) O benefício de Juanita se transmite a Mário pela inexistência de filhos menores. b) O benefício de Juanita é intransferível. c) O benefício de Juanita é intransferível, porque não foi realizado testamento. d) O benefício de Juanita é transferível somente para os filhos, independentemente da idade. DIREITO PREVIDENCÁRIO 24 Exercícios de fixação Questão 1 - A Justificativa: STF, Reclamação nº 4.374-PE. Questão 2 - D Justificativa: Artigo 20, caput, e Artigo 2º da Lei nº 8.742. Questão 3 - A Justificativa: Artigo 20, § 4º, da Lei nº 8.742 – O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011). Questão 4 - C Justificativa: trf2 – 201302010002159 - previdenciário. Processual civil. Restabelecimento de benefício assistencial – loas. Menor impúbere com síndrome de down que necessita de cuidados constantes. Incontroversa em relação à incapacidade. Condições socioeconômicas do núcleo familiar que confirmam a necessidade do benefício. Questão 5 - B Justificativa: Conforme Artigo 48, II, do Decreto nº 6.214, de 2007, o pagamento do benefício cessa em caso de morte do beneficiário. DIREITO PREVIDENCÁRIO 25 Introdução Hoje é a nossa segunda aula! O Direito Previdenciário é uma matéria interessante e vocês perceberão, no decorrer do curso, que é muito importante conhecermos tal disciplina, pois em muitas relações jurídicas do dia a dia precisaremos do Direito Previdenciário! Hoje iremos falar sobre os regimes previdenciários básicos e complementares, bem como estudar a relação jurídica previdenciária e os sujeitos protegidos nesta relação. Objetivo: 1. Identificar os sujeitos protegidos na relação jurídica previdenciária do regime geral de previdência social. DIREITO PREVIDENCÁRIO 26 Conteúdo Regime Previdenciário (conceito e benefícios essenciais) Regime previdenciário é aquele que abarca, mediante normas disciplinadoras da relação jurídica previdenciária, uma coletividade de indivíduos que têm vinculação entre si, em virtude da relação de trabalho ou da categoria profissional a que está submetida. Garantindo a esta coletividade, no mínimo, os benefícios essencialmente observados em todo o sistema de seguro social – aposentadoria e pensão por falecimento do segurado. Recapitulando No conceito, vimos que são benefícios essenciais a aposentadoria e a pensão por morte. Por quê? Vamos voltar ao que foi dito na aula passada sobre os princípios. Vimos que o Estado deve garantir o mínimo existencial por conta do postulado da dignidade da pessoa humana, que é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (CF, Artigo 1º, III). E por conta da dignidade da pessoa humana, que pressupõe consideração pela vida e pela integridade do ser humano, o Estado deve garantir condições básicas para uma existência na qual se possa exercer a liberdade e receber respeito como pessoa dotada de razão. Portanto, cabe ao Estado criar mecanismos de proteção do homem. Qual seria então a configuração mínima de previdência suficiente para garantir a dignidade humana? O que seria previdência como direito fundamental? Para a maioria da doutrina, previdência social, como direito social fundamental, deve ter uma configuração mínima de garantia da dignidade da pessoa humana, devendo oferecer dois benefícios essenciais: a aposentadoria ao segurado e a pensão por morte dependente do segurado falecido. DIREITO PREVIDENCÁRIO 27 Assegurada essa configuração mínima (mínimo existencial), da qual o Estado não pode se furtar, a proteção perde o caráter de fundamentalidade e passa a ser merecedora de proteção na medida das possibilidades orçamentárias do Estado. Existem hoje dois sistemas públicos de previdência Existem hoje dois sistemas públicos de previdência, veja quais são estes sistemas: Regime próprio Um destinado aos servidores com vínculo efetivo com a Administração e mantido pelas entidades federativas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), intitulado de regime próprio de previdência social; Regime Geral de Previdência Social E outro, instituído em benefício dos trabalhadores da iniciativa privada, gerido por uma autarquia federal - o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), denominado Regime Geral de Previdência Social. Ambos caracterizam-se por serem administrados pelo Estado, pela natureza institucional do vínculo mantido com os segurados, pela obrigatoriedade de filiação e pelo custeio obtido mediante cobrança de contribuições sociais. Regime Geral de Previdência Social Artigo 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, à: I. Cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II. Proteção à maternidade, especialmente à gestante; III. Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; DIREITO PREVIDENCÁRIO 28 IV. Salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V. Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2o. O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) é um seguro social público gerido pelo INSS, autarquia federal responsável pela concessão de serviços e benefícios do RGPS. O RGPS que abrange obrigatoriamente todos os trabalhadores da iniciativa privada, ou seja: trabalhadores que possuem relação de emprego regida pela CLT, pela Lei nº 5.889/73 (empregados rurais) e pela Lei nº 5.859/72 (empregados domésticos); os trabalhadores autônomos, eventuais ou não; os empresários, titulares de firma individual ou sócios gestores e prestadores de serviços; trabalhadores avulsos; pequenos produtores rurais e pescadores artesanais trabalhando em regime de economia familiar.O RGPS é regido pela Lei nº 8.213/91, sendo de filiação compulsória e automática para os segurados obrigatórios, permitindo ainda que pessoas que não estejam enquadradas como obrigatórios e não tenham regime próprio de previdência se inscrevam como segurados facultativos, passando também a serem filiados ao RGPS. É o único regime previdenciário compulsório brasileiro que permite a adesão de segurados facultativos, em obediência ao princípio da universalidade do atendimento (Artigo 194, I). Regimes Próprios de Previdência Social Artigo 40, caput, da CF, estabelece que para os agentes públicos titulares de cargos efetivos, bem como para os ocupantes de cargos vitalícios (magistrados, membros do MP e Tribunal de Contas) deve haver Regimes Previdenciários Próprios. Portanto, há um estatuto próprio dispondo sobre direitos previdenciários e regras de participação no custeio do regime diferenciado. DIREITO PREVIDENCÁRIO 29 Artigo 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. No que tange aos Regimes Próprios de Previdência Social, os sujeitos protegidos nesta relação jurídica são os agentes públicos ocupantes de cargos efetivos e vitalícios, sendo que as regras de aposentadoria sempre foram diferenciadas dos trabalhadores de iniciativa privada, sendo traços marcantes até a reforma constitucional: Fixação de base de cálculo da aposentadoria com base na última remuneração (integralidade), e não uma média de remunerações auferidas como no RGPS; Regra de paridade em que se estabelecia o reajuste dos proventos de aposentadoria e pensões no mesmo índice e na mesma data em que fossem reajustados os servidores públicos na atividade. O Artigo 40, caput, estabeleceu que para os agentes públicos ocupantes de cargos efetivos, bem como para os ocupantes de cargos vitalícios (magistrados, membros do MP e Tribunal de Contas) deve haver Regimes Previdenciários Próprios. Portanto, há um estatuto próprio dispondo sobre direitos previdenciários e regras de participação no custeio do regime diferenciado. Regime previdenciário próprio: (A aposentadoria do servidor, ao contrário do que ocorre na iniciativa privada, ROMPE a relação laborativa entre o servidor público e o ente da federação, pois a aposentadoria é caso de vacância do cargo público (lei 8112, Artigo 33, VII)). DIREITO PREVIDENCÁRIO 30 Com a reforma, Os servidores que tiverem preenchido os requisitos para aposentadoria sob as regras anteriores à aprovação da reforma continuarão a ter os proventos calculados com base na última remuneração recebida em atividade (integralidade). E as aposentadorias e pensões assim garantidas serão reajustadas na mesma época e pelos mesmos índices aplicados às remunerações dos funcionários ativos (paridade). A matéria foi regulamentada pela Lei 10.887, de 18.06-2004, no Artigo 1º: § 1o As remunerações consideradas no cálculo do valor inicial dos proventos terão os seus valores atualizados mês a mês de acordo com a variação integral do índice fixado para a atualização dos salários-de- contribuição considerados no cálculo dos benefícios do regime geral de previdência social. § 2o A base de cálculo dos proventos será a remuneração do servidor no cargo efetivo nas competências a partir de julho de 1994 em que não tenha havido contribuição para regime próprio. § 3o Os valores das remunerações a serem utilizadas no cálculo de que trata este artigo serão comprovados mediante documento fornecido pelos órgãos e entidades gestoras dos regimes de previdência aos quais o servidor esteve vinculado ou por outro documento público, na forma do regulamento. § 4o Para os fins deste artigo, as remunerações consideradas no cálculo da aposentadoria, atualizadas na forma do § 1o deste artigo, não poderão ser: I. Inferiores ao valor do salário-mínimo; II. Superiores ao limite máximo do salário-de-contribuição, quanto aos meses em que o servidor esteve vinculado ao regime geral de previdência social. § 5o Os proventos, calculados de acordo com o caput deste artigo, por ocasião de sua concessão, não poderão ser inferiores ao valor do salário-mínimo nem exceder a remuneração do respectivo servidor no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria. Portanto, também no DIREITO PREVIDENCÁRIO 31 tocante ao valor da aposentadoria, as regras da EC. 41, de 2003, limitam o seu valor máximo à remuneração do cargo efetivo do próprio servidor requerente (Artigo 40 § 2º). Regras importantes Se o servidor público ocupante de cargo efetivo (procurador federal) exerce atividade paralelamente na iniciativa privada (professor da Estácio), sujeita-se à filiação em dois regimes de previdência social, pois há filiação obrigatória em relação a cada uma das atividades desempenhadas. Artigo 201. § 5o. É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência. Por fim, vamos trazer uma inovação da EC. 41 em relação ao regime previdenciário próprio do servidor público, que foi palco de muitas polêmicas, culminando em ADI no STF: Obrigatoriedade de contribuição previdenciária tanto para os servidores na ativa quanto para uma parte de inativos, haja vista que o regime próprio tem caráter contributivo e solidário. Vamos ilustrar o tema com uma história bem conhecida: Quando um servidor público federal se aposenta, ele sempre terá em seus proventos desconto proveniente de recolhimento de contribuição previdenciária? Tudo vai depender do momento em que houve a cobrança. Portanto, a resposta mais correta é aquela que aborda a evolução da legislação sobre o assunto, haja vista que a questão não traz a época em que foram efetuados os descontos previdenciários no contracheque do servidor aposentado. DIREITO PREVIDENCÁRIO 32 E, nesse ponto, é fundamental saber o princípio da solidariedade como fundamento de ordem constitucional em nosso ordenamento jurídico com a publicação da EC. 41/2003. Artigo 1º da Lei nº 9.783, de 28 de janeiro de 1999. Primeiramente, devemos trazer à baila o disposto no Artigo 1º, da Lei nº 9.783, de 28 de janeiro de 1999, em sua redação original: Artigo 1º. A contribuição social do servidor público civil, ativo e inativo, e dos pensionistas dos três poderes da União, para a manutenção do regime de previdência social dos seus servidores, será de onze por cento, incidente sobre a totalidade da remuneração de contribuição, do provento ou da pensão. O STF, diante da existência de efetiva controvérsia judicial em torno da legitimidade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal, se pronunciou em ADC 8, no sentido de que a Lei nº 9.783/99 (Artigo 1º), ao dispor sobre a contribuição de seguridade social relativamente a pensionistas e a servidores inativos da União, regulou, indevidamente, matéria não autorizada pelo texto da Carta Política, eis que, não obstante as substanciais modificações introduzidas pela EC 20/98 no regime de previdência dos servidores públicos, o Congresso Nacional absteve-se, conscientemente, no contexto da reforma do modelo previdenciário, de fixar a necessária matriz constitucional, cuja instituiçãose revelava indispensável para legitimar, em bases válidas, a criação e a incidência dessa exação tributária sobre o valor das aposentadorias e das pensões. O regime de previdência de caráter contributivo, a que se refere o Artigo 40, caput, da Constituição, na redação dada pela EC 20/98, foi instituído, unicamente, em relação "Aos servidores titulares de cargos efetivos...", inexistindo, desse modo, qualquer possibilidade jurídico-constitucional de se atribuir, a inativos e a pensionistas da União, a condição de contribuintes da exação prevista na Lei nº 9.783/99. DIREITO PREVIDENCÁRIO 33 Interpretação do Artigo 40, §§ 8º e 12, c/c o Artigo 195, II, da Constituição, todos com a redação que lhes deu a EC 20/98. Leia mais sobre este assunto: Regime previdenciário próprio continuação: Surgiu então a matriz constitucional dando respaldo para que a legislação ordinária instituísse a contribuição previdenciária sobre inativos e pensionistas. Só que como já analisamos o Artigo 1º da lei 9.783 já continha vício de origem. E aí veio a lei 10.887, de 2004 trazendo o respaldo legal para a cobrança, porém obedecendo ao previsto no Artigo 40, § 12 da CF (Ao regime de previdência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência social), institui a contribuição previdenciária sobre o valor da parcela dos proventos de aposentadorias e pensões que supere o limite máximo (teto) imposto pelo RGPS. Artigo 5° Os aposentados e os pensionistas de qualquer dos Poderes da União, incluídas suas autarquias e fundações, contribuirão com 11% (onze por cento), incidentes sobre o valor da parcela dos proventos de aposentadorias e pensões concedidas de acordo com os critérios estabelecidos no art. 40 da Constituição Federal e nos Artigos 2° e 6° da Emenda Constitucional no 41, de 19 de dezembro de 2003, que supere o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social. O fato é que: Artigo 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. DIREITO PREVIDENCÁRIO 34 A cobrança de contribuição dos já aposentados e pensionistas não agride a regra constitucional da irredutibilidade de remuneração (Artigo 37, XV), tendo em vista que a proteção somente resguarda o valor bruto do estipêndio, que não será alterado (irredutibilidade nominal). Tampouco há desrespeito a eventual direito adquirido (Artigo 5º, XXXVI), porquanto não há garantia à manutenção de determinado regime jurídico contra incidência nova de tributo cuja cobrança é permitida pela Constituição. O STF, com base nesses argumentos, julgou constitucional a cobrança da contribuição previdenciária sobre proventos de aposentadorias e pensões concedidas no regime próprio de previdência, conforme ementas das Adins 3105 e 3128. 1. Inconstitucionalidade. Seguridade social. Servidor público. Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária. Ofensa a direito adquirido no ato de aposentadoria. Não ocorrência. Contribuição social. Exigência patrimonial de natureza tributária. Inexistência de norma de imunidade tributária absoluta. Emenda Constitucional nº 41/2003 (Artigo 4º, caput). Regra não retroativa. Incidência sobre fatos geradores ocorridos depois do início de sua vigência. Precedentes da Corte. Inteligência dos Artigos 5º, XXXVI, 146, III, 149, 150, I e III, 194, 195, caput, II e § 6º, da CF, e Artigo 4º, caput, da EC nº 41/2003. No ordenamento jurídico vigente, não há norma, expressa nem sistemática, que atribua à condição jurídico-subjetiva da aposentadoria de servidor público o efeito de lhe gerar direito subjetivo como poder de subtrair ad aeternum a percepção dos respectivos proventos e pensões à incidência de lei tributária que, anterior ou ulterior, os submeta à incidência de contribuição previdencial. Noutras palavras, não há, em nosso ordenamento, nenhuma norma jurídica válida que, como efeito específico do fato jurídico da aposentadoria, lhe imunize os proventos e as pensões, de modo absoluto, à tributação de ordem constitucional, qualquer que seja a modalidade do tributo eleito, donde não DIREITO PREVIDENCÁRIO 35 haver, a respeito, direito adquirido com o aposentamento. 2. Inconstitucionalidade. Ação direta. Seguridade social. Servidor público. Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária, por força de Emenda Constitucional. Ofensa a outros direitos e garantias individuais. Não ocorrência. Contribuição social. Exigência patrimonial de natureza tributária. Inexistência de norma de imunidade tributária absoluta. Regra não retroativa. Instrumento de atuação do Estado na área da previdência social. Obediência aos princípios da solidariedade e do equilíbrio financeiro e atuarial, bem como aos objetivos constitucionais de universalidade, equidade na forma de participação no custeio e diversidade da base de financiamento. Ação julgada improcedente em relação ao Artigo 4º, caput, da EC nº 41/2003. Votos vencidos. Aplicação dos Artigos 149, caput, 150, I e III, 194, 195, caput, II e § 6º, e 201, caput, da CF. Não é inconstitucional o art. 4º, caput, da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, que instituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria e as pensões dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações. 3. Inconstitucionalidade. Ação direta. Emenda Constitucional (EC nº 41/2003, Artigo 4º, § único, I e II). Servidor público. Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária. Bases de cálculo diferenciadas. Arbitrariedade. Tratamento discriminatório entre servidores e pensionistas da União, de um lado, e servidores e pensionistas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de outro. Ofensa ao princípio constitucional da isonomia tributária, que é particularização do princípio fundamental da igualdade. Ação julgada procedente para declarar inconstitucionais as expressões "cinquenta por cento do" e "sessenta por cento do", constante do Artigo 4º, § único, I e II, da EC nº 41/2003. Aplicação dos DIREITO PREVIDENCÁRIO 36 Artigos 145, § 1º, e 150, II, cc. Artigo 5º, caput e § 1º, e 60, § 4º, IV, da CF, com restabelecimento do caráter geral da regra do Artigo 40, § 18. São inconstitucionais as expressões "cinquenta por cento do" e "sessenta por cento do", constantes do § único, incisos I e II, do Artigo 4º da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, e tal pronúncia restabelece o caráter geral da regra do Artigo 40, § 18, da Constituição da República, com a redação dada por essa mesma Emenda”. (ADC 8 MC / DF - DISTRITO FEDERAL, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Julgamento: 13/10/1999, Órgão Julgador: Tribunal Pleno, Publicação DJ 04- 04- 2003). Artigo 40 da CF, com a redação da EC.20, de 16-12-2008. Atenção Artigo 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. O que ocorreu com o Artigo 1º da lei citada? Foi declarado inconstitucional, porém a norma não foi revogada, mas teve sua eficácia suspensa por conta da declaração de inconstitucionalidade da ADC (a ADC é uma ADIN com sinal inverso). A lei continuou existindo, porque o Poder Judiciário não tem competência para revogar lei, pois somente uma outra lei poderia revogá-la. O Artigo 1º nasceu inconstitucional, é vício de origem, vício que não pode ser convalidado nem se vier um artigo da CF permitindo tal contribuição. E aí veio a EC. 41, de 31-12- 2003, trazendo o princípio da solidariedade e colocando expressamente a contribuição para inativos e pensionistas. DIREITO PREVIDENCÁRIO 37 Espécies de aposentadoria no serviço público, no âmbito do Regime Próprio. Aposentadoria por invalidez permanente A aposentadoria por invalidez, no âmbito dos regimes próprios, decorre do reconhecimento da incapacidade laborativa permanente do agente público, declarada por junta médica oficial, podendo ser requerida pelo interessado ou decidida ex officio por questões de interesse público. Prevê o Artigo 40, § 1º, I, da Constituição de 1988: “Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este Artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3o e 17: I – por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;”. Acidente em serviço é identificado no âmbito federal (Artigo 212, Lei 8.112) como dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente, com as atribuições do cargo exercido, equiparando-se a acidente em serviço o dano decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servidor no exercício do cargo, e o sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice- versa. Aposentadoria compulsória por idade No âmbito dos regimes próprios, o Artigo 40 da CF prevê a compulsoriedade da aposentadoria, quando o servidor – seja do sexo masculino ou do feminino – atinge a idade de 70 anos. Esta aposentadoria ocorre de ofício, na mesma data em que o servidor atinge a idade limite, não sendo permitida a permanência no cargo após o dia em que o servidor completa 70 anos de idade. DIREITO PREVIDENCÁRIO 38 O cálculo dessa aposentadoria é proporcional ao tempo de contribuição do servidor, observando-se para a base de cálculo o disposto nos § 3º e 17 do Artigo 40 da CF, correspondendo à média dos maiores salários de contribuição, equivalentes a 80% do período contributivo, contado desde julho de 1994, ou desde o início da atividade, quando posterior, corrigidos monetariamente. O cálculo abrangerá todos os salários de contribuição utilizados no Regime de Previdência para os quais o servidor tenha contribuído. Assim, se o servidor exerceu atividade vinculada ao RGPS, ou exerceu outro cargo público anteriormente, tais períodos também serão utilizados para o cálculo do valor da aposentadoria. Aposentadoria voluntária Aposentadoria por idade: requisitos: 65 anos de idade para homens e 60 anos de idade para mulheres; 10 anos no serviço público e 5 anos no cargo público em que pretende se aposentar, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. Aposentadoria por tempo de contribuição: há uma conjugação de requisitos a partir da EC. 20: 60 anos de idade para homens e 35 anos de contribuição; e 55 anos de idade para mulheres; 10 anos no serviço público e 5 anos no cargo público em que pretende se aposentar, com proventos integrais. Aposentadorias especiais O Artigo 40, § 4º da CF, prevê: “§ 4o É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores: DIREITO PREVIDENCÁRIO 39 I – portadores de deficiência; II – que exerçam atividades de risco; III – cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou integridade física.” Até a presente data não foi editada a lei complementar a que alude o texto constitucional, havendo um estado de inércia legislativa. O tema chegou ao STF por mandado de injunção em casos de servidores públicos trabalhando na área de saúde. No MI 712, foi assegurada a aplicação subsidiária das regras de aposentadoria especial previstas no RGPS (Artigos 57 e 58, Lei 8.213) para as atividades prestadas pelo servidor filiado ao Regime Próprio de Previdência, por força do Artigo 40, § 12 da CF, ante a ausência de lei específica do respectivo ente público. Aposentadoria por invalidez permanente A Lei nº 8.112, no Artigo 186, § 1º, traz o rol de doenças geradoras de aposentadoria integral, sendo que há decisão recente do STJ (REsp 942.530, DJ 29-03-2010) no sentido de que o rol é exemplificativo: “DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO CIVIL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DOENÇA INCURÁVEL. ARTIGO 186 DA LEI Nº 8.112/1990. ROL EXEMPLIFICATIVO. PROVENTOS INTEGRAIS. POSSIBILIDADE. 1. Não há como considerar taxativo o rol descrito no Artigo 186, I, § 1º, da Lei nº 8.112/90, haja vista a impossibilidade de a norma alcançar todas as doenças consideradas pela medicina como graves, contagiosas e incuráveis, sob pena de negar o conteúdo valorativo da norma inserta no inciso I, do Artigo 40, da Constituição Federal. DIREITO PREVIDENCÁRIO 40 2. Excluir a possibilidade de extensão do benefício com proventos integrais a servidor que sofre de um mal de idêntica gravidade àqueles mencionados no 186, I, § 1º, da Lei nº 8.112/90, e também insuscetível de cura, mas não contemplado pelo dispositivo de regência, implica em tratamento ofensivo aos princípios insculpidos na Carta Constitucional, dentre os quais está o da isonomia. 3. À ciência médica, e somente a ela, incumbe qualificar determinado mal como incurável, contagioso ou grave, não à jurídica. Ao julgador caberá solucionar a causa atento aos fins a que se dirige a norma aplicável e amparado por prova técnica, diante de cada caso concreto. 4. A melhor exigência da norma em debate, do ponto de vista da interpretação sistemática, é a que extrai a intenção do legislador em amparar de forma mais efetiva o servidor que é aposentado em virtude de grave enfermidade, garantindo-lhe o direito à vida, à saúde e à dignidade humana. 5. Recurso especial improvido. Aqui trazemos uma diferença da aposentadoria do regime próprio para o RGPS, pois neste toda aposentadoria por invalidez corresponde a 100% do salário de benefício (média dos salários de contribuição tomados de julho de 1994 até o mês anterior à concessão do benefício). No âmbito federal, não há regra legal prevendo o cálculo de aposentadoria proporcional, sendo que a questão atrai a aplicação do § 12º do Artigo 40 da CF, aplica-se subsidiariamente a norma que rege o RGPS. A Relação Jurídica Previdenciária e os Sujeitos Protegidos Os sujeitos protegidos na Relação Jurídica Previdenciária são denominados Beneficiários: DIREITO PREVIDENCÁRIO 41 Segurados obrigatórios Segurados facultativos Dependentes
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