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AdministrAção dAs operAções de produção www.unipar.br UNIVERSIDADE PARANAENSE MANTENEDORA Associação Paranaense de Ensino e Cultura – APEC REITOR Carlos Eduardo Garcia Vice-Reitora Executiva Neiva Pavan Machado Garcia Vice-Reitor Chanceler Candido Garcia Diretorias Executivas de Gestão Administrativa Diretorias Executivas de Gestão Acadêmica Diretor Executivo de Gestão dos Assuntos Comunitários Cássio Eugênio Garcia Diretora Executiva de Gestão da Cultura e da Divulgação Institucional Cláudia Elaine Garcia Custódio Diretora Executiva de Gestão e Auditoria de Bens Materiais Permanentes e de Consumo Rosilamar de Paula Garcia Diretor Executivo de Gestão dos Recursos Financeiros Rui de Souza Martins Diretora Executiva de Gestão do Planejamento Acadêmico Sônia Regina da Costa Oliveira Diretor Executivo de Gestão das Relações Trabalhistas Jânio Tramontin Paganini Diretor Executivo de Gestão dos Assuntos Jurídicos Lino Massayuki Ito Diretora Executiva de Gestão do Ensino Superior Maria Regina Celi de Oliveira Diretora Executiva de Gestão da Pesquisa e da Pós- Graduação Evellyn Cláudia Wietzikoski Diretor Executivo de Gestão da Extensão Universitária Adriano Augusto Martins Diretor Executivo de Gestão da Dinâmica Universitária José de Oliveira Filho Diretorias dos Institutos Superiores das Ciências Diretora do Instituto Superior de Ciências Exatas, Agrárias, Tecnológicas e Geociências Giani Andréa Linde Colauto Diretora do Núcleo dos Institutos Superiores de Ciências Humanas, Linguística, Letras e Artes, Ciências Sociais Aplicadas e Educação Fernanda Garcia Velásquez Diretora do Instituto Superior de Ciências Biológicas, Médicas e da Saúde Irinéia Paulina Baretta SEMEAD – SECRETARIA ESPECIAL MULTICAMPI DE EDUCAçãO A DISTâNCIA Secretário Executivo Carlos Eduardo Garcia Coordenação Geral de EAD Ana Cristina de Oliveira Cirino Codato Coordenador dos Cursos Superiores de Licenciatura e de Graduação Plena (História, Letras, Pedagogia e Filosofia) Heiji Tanaka Coordenador dos Cursos Superiores de Tecnologia e Bacharelado do Eixo Tecnológico de Gestão e Negócios (Gestão Comercial, Logística, Marketing, Processos Gerenciais e Administração) Evandro Mendes de Aguiar Coordenadora dos Cursos Superiores de Tecnologia e Bacharelado do Eixo Tecnológico de Gestão e Negócios (Gestão Financeira, Gestão Pública, Recursos Humanos e Ciências Contábeis) Isabel Cristina Gozer Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da UNIPAR U58e UNIPAR - Universidade Paranaense. Xxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxx / Xxxxxx Xxxxxx Xxxxxxx Xxxx ( Org.). – Xxxxxx : Unipar, 2014. 68 f. ISBN: ?????????????????? 1. Xxxxxxxxxxxx. 2. Xxxxxx x Xxxxxxx - EAD. I. Xxxxxx x Xxxxxxx. II. Xxxxx. (?? ed.) CDD: ???.??? Assessoria pedagógica Daniele Silva Marques e Marcia Dias Diagramação e Capa Diego Ricardo Pinaffo, Fernando Truculo Evangelista e Renata Sguissardi * Material de uso exclusivo da Universidade Paranaense – UNIPAR com todos os direitos da edição a ela reservados. Sumário UNIDADE I – ADMINISTRAÇÃO DE OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO ................................................................................................13Administração da produção nas organizações ...........................................14 Conceitos de Administração da Produção ....................................................14 Evolução da Administração de Produção .....................................................19 Funções Gerenciais na Administração de Produção ................................21 Elementos da Administração de Operações ................................................24 Tipos de Sistemas de Produção ........................................................................30 Papel estratégico e objetivos da produção ...................................................33 UNIDADE II – PROJETO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO ............45 PROJETO EM GESTÃO DE PRODUÇÃO ...........................................................46 Conceitos de Projeto e aplicação em gestão de produção .....................46 Planejamento da capacidade de produção ..................................................55Localização das instalações ................................................................................62 Arranjo físico e instalações .................................................................................64 AdminiStrAção dAS operAçõeS de produção UNIDADE III – OPERAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO ......79Demanda .....................................................................................................................80 Previsão da demanda ............................................................................................80 Programação e controle da produção ............................................................89 Administração de projetos ..................................................................................92 UNIDADE IV – CONTROLE DO SISTEMA DE PRODUÇÃO.......115Controle do sistema de produção ....................................................................116Controle de Estoques ............................................................................................116 Para relembrar: ........................................................................................................117 Níveis de estoques ..................................................................................................120 Sistema MRP e ERP ................................................................................................128 Sistema Just in Time (JIT) ...................................................................................137Aspectos da produtividade e da qualidade ..................................................140 Referências ................................................................................................................153 Apresentação Diante dos novos desafios trazidos pelo mundo contemporâneo e o surgimento de um novo paradigma educacional frente às Tecnologias de Informação e Comunicação dis- poníveis que favorecem a construção do conhecimento, a revolução educacional está entre os mais pungentes, levando as universidades a assumirem a sua missão como instituição formadora, com competência e comprometimento, optando por uma gestão mais aberta e flexível, democratizando o conhecimento científico e tecnológico, atra- vés da Educação a Distância. Sendo assim, a Universidade Paranaense - UNIPAR - atenta a este novo cenário e buscando formar profissionais cada vez mais preparados, autônomos, criativos, res- ponsáveis, críticos e comprometidos com a formação de uma sociedade mais demo- crática, vem oferecer-lhe o Ensino a Distância, como uma opção dinâmica e acessível estimulando o processo de autoaprendizagem. Como parte deste processo e dos recursos didático-pedagógicos do programa da Educação a Distância oferecida por esta universidade, este Guia Didático tem como objetivo oferecer a você, acadêmico(a), meios para que, através do autoestudo, possa construir o conhecimento e, ao mesmo tempo, refletir sobre a importância dele em sua formação profissional. Seja bem-vindo(a) ao Programa de Educação a Distância da UNIPAR. Carlos Eduardo Garcia Reitor Seja bem-vindo caro(a) acadêmico(a), Os cursos e/ou programas da UNIPAR, ofertados na modalidade de educação a dis- tância, são compostos de atividades de autoestudo, atividades de tutoria e atividades presenciais obrigatórias, os quais individualmente e no conjunto são planejados e or- ganizados de forma a garantir a interatividade e o alcance dos objetivos pedagógicos estabelecidos em seus respectivos projetos. As atividades de autoestudo, de caráter individual, compreendem o cumprimentodas atividades propostas pelo professor e pelo tutor mediador, a partir de métodos e práti- cas de ensino-aprendizagem que incorporem a mediação de recursos didáticos orga- nizados em diferentes suportes de informação e comunicação. As atividades de tutoria, também de caráter individual, compreendem atividades de comunicação pessoal entre você e o tutor mediador, que está apto a: esclarecer as dúvidas que, no decorrer deste estudo, venham a surgir; trocar informações sobre as- suntos concernentes à disciplina; auxiliá-lo na execução das atividades propostas no material didático, conforme calendário estabelecido, enfim, acompanhá-lo e orientá-lo no que for necessário. As atividades presenciais, de âmbito coletivo para toda a turma, destinam-se obriga- toriamente à realização das avaliações oficiais e outras atividades, conforme dispuser o plano de ensino da disciplina. Neste contexto, este Guia Didático foi produzido a partir do esforço coletivo de uma equipe de profissionais multidisciplinares totalmente integrados que se preocupa com a construção do seu conhecimento, independente da distância geográfica que você se encontra. O Programa de Educação a Distância adotado pela UNIPAR prioriza a interatividade, e respeita a sua autonomia, assegurando que o conhecimento ora disponibilizado seja construído e apropriado de forma que, progressivamente, novos comportamentos, no- vas atitudes e novos valores sejam desenvolvidos por você. A interatividade será vivenciada principalmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA, nele serão disponibilizados os materiais de autoestudo e as atividades de tuto- ria que possibilitarão o desenvolvimento de competências necessárias para que você se aproprie do conhecimento. Recomendo que durante a realização de seu curso, você explore os textos sugeridos e as indicações de leituras, resolva às atividades propostas e participe dos fóruns de discussão, considerando que estas atividades são fundamentais para o sucesso da sua aprendizagem. Bons estudos! e-@braços. Ana Cristina de Oliveira Cirino Codato Coordenadora Geral da EAD Introdução Seja bem-vindo(a) aluno(a) que busca conhecimento com relação à Administração de Operações de Produção. Sou o Professor Paulo César Schotten, Mestre em Administração pela Fundação Pedro Leopoldo de Minas Gerais e com experiência em gestão organizacional prática e teórica, além de quinze anos de experiência no exer- cício da atividade de docência e tenho o prazer de apresentar esta disciplina tão inte- ressante e tão importante no meio organizacional para você. A Administração de produção é de extrema importância para as organizações e tem como principal função a produção de bens e serviços que serão oferecidos posterior- mente aos clientes, ressaltando que, nesta ótica, colocamos e defendemos a ideia de que o cliente é a razão de existir de toda organização produtiva. Como função organizacional, destaca-se também que assim como os demais depar- tamentos, o sistema de produção não é uma ilha, ou seja, não está sozinho no meio da organização, estando diretamente interligado com todos os demais departamen- tos, quer seja o financeiro, comercial ou de Gestão de Pessoas. O principal objetivo do sistema de produção é fornecer bens e serviços por meio da trans- formação de insumos, considerados como os materiais, informação ou consumidores. O processo ocorre, sob a perspectiva operacional a partir da utilização de recursos transfor- madores, que permitem que a transformação das matérias aconteça e da transformação de recursos, que são convertidos por meio do processo, conhecidos como recursos a se- rem transformados e que darão origem ao produto final, ou seja, bens e serviços que se- rão oferecidos aos consumidores finais para atendimento de uma demanda. Nesta disciplina, dividiremos o conteúdo em quatro tópicos centrais específicos para ajudar na assimilação. Primeiramente, introduziremos conceitos relacionados à produção e suas operações. Na unidade II, abordaremos a concepção do projeto do Sistema de Produção, seguida na unidade III com as operações propriamente ditas. A unidade IV, última desse módulo tratará sobre a operação de controle do Sistema de produção. Vale ressaltar também que trabalharemos os conceitos básicos do sistema e, para melhor assimilação, recomendamos a você leituras complementares, quer seja em revistas, livros ou sites especializados com foco na base apresentada e que permi- tirá treinar seu aprendizado e possibilitar melhor aplicação dos conceitos aqui abor- dados. É de sua responsabilidade o interesse e o investimento de tempo no estudo, o que se acontecer, formará o profissional de gestão de produção procurado pelas organizações. Bons estudos a você e aproveite as dicas durante o desenvolvimento do texto! UNIDADE I – ADMINISTRAÇÃO DE OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO ObjetivOs a serem alcançadOs nesta unidade Prezado(a) Acadêmico(a), ao terminar os estudos dessa unidade, você deverá ser capaz de: • Conceitos introdutórios de Produção e Operações. • Evolução da Administração de Operações de Produção. • Funções gerenciais na Administração de Operações de Produção. • Elementos da Administração de Operações. • Tipos de Sistema de Produção. • Papel Estratégico e Objetivos da Produção. Espera-se no final da Unidade que o(a) aluno(a) tenha adquirido conhecimentos bá- sicos teóricos sobre a Administração de Operações de Produção, sobre o desenvolvi- mento histórico da produção, tenha ciência das funções gerenciais e suas aplicações dentro do sistema de produção e, por fim, tenha direcionamentos básicos para deci- sões aplicadas a esse sistema. Recomenda-se que a leitura seja feita com interesse no aprendizado e que alguns conceitos deverão ser complementados e, para tanto, algumas dicas serão deixadas dentro do rol de informações, cabendo a(o) aluna(o) desenvolver a ação de curiosida- de buscando essa complementação. 14 AdministrAção dAs operAções de produção administraçÃO da PrOduçÃO nas OrGaniZaçÕes conceitos de administração da Produção Para um completo entendimento, necessário se faz entender o conceito de produ- ção. A produção é a operação de transformação que ocorre, a partir de matérias-pri- mas a serem transformadas em produtos finais acabados que serão ofertados ao mercado, na forma de bens ou serviços que suprirão a uma demanda atendendo necessidades dos consumidores. Conceituando Administração da Produção, Peinado e Graeml (2007) afirmam que ad- ministração da produção compreende uma vasta gama de assuntos, que não devem ser vistos de forma isolada sob pena de perderem seu significado do conjunto. As atividades de administração da produção acontecem a todo o instante, em número e frequência muito maiores do que possam parecer. O cotidiano atual nos mantém imerso, de tal forma, nas atividades de produção que julgamos ser necessário emergir deste contexto para visualizar e compreender o funcionamento destas atividades, a fim de poder administrá-las com maior propriedade. Em um conceito mais amplo, podemos identificar quanto ao sistema de produção que está diretamente inserido na nossa vida pessoal. Tudo o que usamos no dia a dia, como equipamentos, livros, cadeiras, alimentos, roupas etc., passaram por um pro- cesso produtivo até chegar à sua disposição. A Administração da produção trata da maneira pela qual as organizações produzem bens e serviços, complementando que tudo que você veste, come, senta em cima, usa, lê ou usa na prática de esportes chega a você graças aos gerentes de produção que organização sua produção (SLACK et al., 2010, p.25). Na visão de Moreira (2012) a Administração de Operações e Produção diz respeitoàquelas atividades orientadas para a produção de um bem físico ou à prestação de um serviço. Para o autor, neste sentido, a palavra produção liga-se mais de perto às 15AdministrAção dAs operAções de produção atividades industriais, enquanto a palavra operações se refere às atividades desenvol- vidas em empresas de serviços. Mas espera aí. Estamos falando de produção, o que isso tem a ver com Servi- ços? Essa é fácil de responder a partir da definição da palavra produção, visto que produção, diretamente vinculados às fábricas ou planta industrial enquanto as operações estão mais diretamente vinculadas à questão dos serviços, mesmo que embutidos no sistema produtivo. Não se pode também, embora muito comum de acontecer, vincular o termo Ad- ministração da produção a um espaço físico cheio de máquinas, equipamentos, pessoas e produtos sendo fabricados, pois a visão seria incompleta, visto que empresas prestadoras de serviços como bancos, hospitais, escolas etc., também estão englobadas no conceito de Produto. Produto, na visão de Rocha (1999), é qualquer coisa que possa ser objeto de troca entre indivíduos e organizações. Para Kotler e Keller (2006) um produto pode ser en- tendido como tudo que pode ser oferecido a um mercado para satisfazer seu desejo ou necessidade. Outro conceito bastante interessante é de Las Casas (2006), para quem os produtos podem ser definidos como o objetivo principal das relações de troca que podem ser oferecidos em um mercado para pessoas físicas ou jurídicas, visando proporcionar satisfação a quem os adquire ou consome. Ora, analisando os conceitos acima, fica claro que produto é tudo que é oferecido em um mercado para satisfazer a necessidade de consumo, podemos classificar que o Serviço é também um produto. Tem algumas características que os diferem, mas é um produto. Fundamenta-se essa observação baseado em Moreira (2012) para quem a atividade industrial, em sua forma mais característica, implica a fabricação de um produto físico, tangível, tal como uma geladeira, um automóvel, um sabonete, um livro. Por sua vez, 16 AdministrAção dAs operAções de produção um serviço é prestado, e a prestação desse serviço implica em uma ação, embora meios físicos possam estar presentes para facilitar ou justificar o serviço. Em relação ao serviço, Las Casas (2007) afirma que o serviço é qualquer ativida- de ou benefício que uma parte possa oferecer a outra, que seja essencialmente intangível e não resulte na propriedade de qualquer coisa. A American Marketing Association, segundo Peter (2000) classifica que serviços são produtos, como em- préstimos bancários ou seguros residenciais, que são intangíveis, ou pelo menos intangível em sua maior parte. Embora o Serviço é considerado produtos temos que entender que existem caracte- rísticas que os identificam. Moreira (2012) afirma que as diferenças mais marcantes entre produtos e serviços envolvem os seguintes aspectos: • A natureza do que se oferece ao cliente e de seu consumo: o serviço exige um contato muito mais amplo com o cliente e frequentemente se confunde com seu consumo, sendo que muitas vezes o cliente participa ele próprio da prestação de serviço. • A uniformidade dos insumos necessários: na indústria é mais fácil controlar a uniformidade dos produtos enquanto na prestação de serviços, com bastante frequência é muito variável, principalmente a questão do que se exige de in- sumos para prestação de serviços. • As possibilidades de mecanização: refere-se à substituição do trabalho huma- no por máquinas, sendo mais evidente em empresas industriais do que em empresas prestadoras de serviço. Isso ocorre porque na indústria há grande uniformidade dos insumos e também porque há distância entre a produção e o consumo, facilitando a rotinização. A atividade de serviços é mais dependente do trabalho humano, com tarefas mais difíceis de serem mecanizadas. 17AdministrAção dAs operAções de produção • O grau de padronização daquilo que é oferecido, independentemente do cliente considerado: interligado à observação anterior, a maior possibilidade de mecanização faz com que os produtos oferecidos sejam mais padronizá- veis que os serviços em geral. É possível colocar no mercado produtos prati- camente idênticos para todas as finalidades práticas. Por outro lado, não há grande possibilidade de se prestar duas vezes o mesmo serviço exatamente da mesma maneira. Para melhor visualização, Moreira (2012) apresenta um resumo das diferenças entre empresas industriais e de serviços, identificadas no Quadro 1 a seguir. Quadro 1: Diferenças entre empresas industriais e de serviços CARACTERÍSTICA INDÚSTRIAS EMPRESAS DE SERVIçOS Produto Físico Intangível Estoques Comuns Impossível Padronização dos insumos Comum Difícil Influência da mão de obra Média/Pequena Grande Padronização dos produtos Comum Difícil Fonte: Moreira (2012, p.3) Observado o Quadro 1 nota-se que há diferenças significativas entre as caracte- rísticas das indústrias e serviços. No caso do produto, por exemplo, enquanto nas indústrias o produto é físico, ou seja, pode ser tocado, nas empresas de serviços é intangível, ou seja, o produto resultante da operação de serviços não pode ser toca- do pelo consumidor. Em relação aos estoques, nas indústrias são comuns o que se torna impossível nas empresas de serviços. A padronização dos insumos, também comum nas indústrias passa a ser difícil nas empresas de serviços pois dependem de vários outros aspectos relacionados ao prestador. Isso pode ser observado tam- bém na questão da padronização dos produtos finais. Ressalta-se, porém que, em 18 AdministrAção dAs operAções de produção virtude da ação humana na prestação de serviços a influência da mão de obra é muito maior nas empresas de serviços. Silva (2004) reconhece também que a produção de bens (produtos físicos) e a provisão de serviços apresentam características bem distintas pela própria natureza de saídas do processo produtivo, identificando como características típicas dos fabricantes de produ- tos e dos provedores de serviços conforme demonstrado na Figura 1 a seguir: Figura 1 – Características comparativas dos fabricantes de produtos e provedores de serviços Fonte: Silva (2004, p.313) Na Figura 1 são apresentadas as características de produtos e serviços. Nesse con- tinuum pode-se observar que enquanto os produtos são tangíveis e duráveis, nos serviços não podem ser acumulados e não podem ser tocados. Em relação às saídas, no caso de produtos podem ser controlados, o mesmo não ocorre em relação aos serviços. O contato com o cliente no caso dos serviços é muito maior nos serviços 19ADMINISTRAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO que nos produtos. O tempo de resposta nos serviços passa a ser menor, visto que na maioria das vezes o consumo acontece simultaneamente ou logo após a conclusão do serviço e, reforçando, a atividade de mão de obra é intensiva nos serviços enquan- to no produto a atividade de capital é intensiva. Outro termo bastante utilizado e que vale a pena fazer referência é a denominação de administração de operações que, segundo Silva (2004), geralmente é usado para enfatizar que os sistemas produtivos originam bens tangíveis, assim como serviços intangíveis. Os administradores de operações veem as organizações como sistemas produtivos que se valem de entradas (insumos), um processo de transformação e saídas (resultados). “A administração de operações é o processo de projetar, operar e controlar um sis- tema produtivo, capaz de transformar recursos físicos e talento humano em bens e serviços necessários” (SILVA, 2004, p.310). reFlita Tanto o estudo da administração da produção quanto de serviçossão essenciais den- tro do sistema organizacional. Qual a inter-relação? Será que nos produtos não exis- tem serviços embutidos? evOluçÃO da administraçÃO de PrOduçÃO Em relação à evolução da Administração de Produção e Operações alguns marcos históricos, entre outros, tiveram grande infl uência no processo de desenvolvimento. Moreira (2012) apresenta os principais momentos que ajudaram no desenvolvimento dos conceitos até então aplicados nas organizações e são apresentados no Quadro 2. 20 AdministrAção dAs operAções de produção Quadro 2: Evolução da Administração de Produção PeríOdO cOntribuiçÃO 6.000 anos atrás Coleta de alimentos do homem pré-histórico passando pela caça, agri- cultura, pastoreio etc., até a formação das primeiras cidades. Idade Média Os precursores das primeiras máquinas usadas em escalas quase industrial. Revolução Industrial Séculos XVIII e XIX. Marca o início da produção industrial moderna, a utilização intensiva de máquinas, a criação de fábricas, os movimen- tos de trabalhadores contra as condições desumanas de trabalho, as transformações urbanas e rurais, enfim, o começo de uma nova etapa na civilização. Final do Século XIX A Inglaterra torna-se a grande potência econômica do século, deixando evidente que o poderio econômico e mesmo político, ligava- se à capacidade de produção de produtos manufaturados, trocados por alimentos, minerais e matéria-prima, em geral, em condições extremamente vantajosas. Estados Unidos Século XX. Desenvolvimento das técnicas de administração que se difundiram por inúmeros países e são aplicadas até hoje. Administração científica Uso da ciência na produção introduzida por Taylor, aplicando a ra- cionalidade e métodos científicos à administração dos trabalhos nas fábricas. Produção em massa Desenvolvida nas linhas de montagem da Ford já nos anos de 1913. Segunda Guerra Mundial Avanços posteriores levaram a administração da produção a ganhar um caráter de gerência industrial, dentro de uma situação absolutamente sob controle. Japão Técnicas aplicadas à produção conhecidas como Just in time, siste- ma Kanban e a aplicação de conceitos adaptados à cultura japonesa levaram o Japão a ultrapassar no final dos anos 70 e 80 a economia americana enquanto potência produtiva existindo até hoje concorrência acirrada em muitos mercados. Fonte: Adaptado de Moreira (2012) Ainda em relação à Evolução Histórica da Produção, Peinado e Graeml (2007) afirmam que suas origens remontam à própria existência do homem e destaca o avanço das civiliza- ções desde a antiguidade, permitindo a construção de grandes empreendimentos como as pirâmides do Egito, a Grande Muralha da China, pontes e estradas, grandes embarcações, 21ADMINISTRAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO além de inúmeras outras obras monumentais de que se tem notícia e que na visão dos au- tores exigiram grandes esforços de administração e gerenciamento de produção. saiba mais A história da produção ajuda a compreender a evolução e por que as coisas atualmente são como são. Recomenda-se a leitura da história e indica-se o livro “Administração da Produção, operações industriais e de serviços”, de Peinado e Graeml. Editora Unicenp, ano 2007. FunçÕes Gerenciais na administraçÃO de PrOduçÃO Dentro da Administração de Produção são aplicáveis todas as funções adminis- trativas conhecidas e difundidas como Planejamento, Organização, Coordenação e Controle. Moreira (2012), ao tratar das funções gerenciais, afi rma que todas as funções gerenciais em qualquer empresa, têm como pano de fundo uma série de objetivos, que vão desde declarações genéricas de intenções para o futuro, até a descrição específi ca de metas que devem rapidamente ser atingidas. O autor apre- senta em relação às funções gerenciais: • Planejamento: dá as bases para todas as atividades gerenciais futuras ao es- tabelecer linhas de ação que devem ser seguidas para satisfazer objetivos esta- belecidos, bem como estipula o momento em que essas ações devam ocorrer. • Organização: é o processo de juntar (combinar) os recursos produtivos: pes- soal (mão de obra), matérias-primas, equipamentos e capital. Os recursos são essenciais à realização das atividades planejadas, mas devem ser organiza- dos coerentemente para um melhor aproveitamento. • Direção: é o processo de transformar planos que estão no papel em ativida- des concretas, designando tarefas e responsabilidades específi cas aos em- pregados, motivando-os e coordenando seus esforços. 22 AdministrAção dAs operAções de produção • Controle: envolve a avaliação do desempenho dos empregados, de setores específicos da empresa e dela própria, como um bloco, e a consequente apli- cação de medidas corretivas, se necessário. Em se tratando das funções gerenciais, Peinado e Graeml (2007) comentam que o amadurecimento das teorias da administração inclui em sua definição o processo de planejar, organizar, liderar e controlar, considerando tais funções como cíclica, interli- gados entre si e com as metas da empresa, apresentado na Figura 2. Figura 2 – Ciclo da Atividade Administrativa Fonte: Peinado e Graeml (2007, p.45) No caso da Figura 2, ressalta-se que a interpretação leva, em relação ao plane- jamento, entender que é preciso pensar e estabelecer os objetivos e ações que devam ser executados com a maior antecedência possível. Por meio de planos, os 23AdministrAção dAs operAções de produção gerentes identificam com exatidão o que a organização precisa fazer para ser bem- sucedida. Pode-se enfatizar a necessidade de planejamento, segundo os autores, dizendo que: “antes de começarmos a caminhar é necessário saber para onde ir” (PEINADO; GRAEML, 2007, p.46). Para concluir sobre planejamento em uma organização é preciso saber o que se de- seja fazer, antes de se tomar quaisquer atitudes. Qualquer coisa nova que se deseje fazer precisa ser planejada antes. O planejamento exige que as decisões sejam toma- das com suporte de informações baseadas em fatos e dados, uma vez que o risco de insucesso pode ser alto, ao se basear apenas em palpites ou suposições. Na mesma linha, com referência à figura, a função Organizar é o processo de desig- nar o trabalho, a autoridade e os recursos aos membros da organização, criando um mecanismo para que o que foi planejado seja posto em andamento. Na visão dos autores: “após definir onde queremos chegar é preciso organizar as coisas de modo a conseguir chegar lá” (PEINADO; GRAEML, 2007, p.46). A figura demonstra a função Liderar. Quem administra deve influenciar e motivar os seus membros para que possam dar o melhor de si. O líder deve ser motivador, cria- tivo, amigo e justo, dentre tantas exigências do cargo. A tarefa do líder não é fácil. Em inúmeras situações não é possível agradar a todos. O interesse geral deve prevalecer, exigindo que o líder assuma, em muitos casos, uma postura de mediador. Por fim, cita-se a função Controlar. Qualquer pessoa que administra uma organi- zação deve verificar sempre se as coisas estão saindo de acordo com os objetivos inicialmente planejados. Caso haja desvio do planejado, o administrador deve tomar ações para que o trabalho volte à normalidade. Enfim, o líder deve ter o controle do que está acontecendo. 24 AdministrAção dAs operAções de produção elementOs da administraçÃO de OPeraçÕes A administração das operações dentro de uma organização não pode ser vista sim- plesmente como uma atividade. Sua importância vai muito além disso e pode ser con- siderada como uma arma de competitividade, logo diretamente vem a ser uma grande ferramenta estratégica das organizações. Essa relação entre a estratégia e a admi- nistração de produção fica evidentena Figura 3, apresentada por Silva (2004, p.311) para quem toda atividade de produção, do ponto de vista do sistema organizacional é composta por quatro elementos básicos, apontados como: • Os fatores ambientais. • As Entradas. • Os processos de transformação. • Saídas. Na visão do autor (p.312), os fatores ambientais são os eventos externos e influ- ências diretas ou indiretas que podem afetar as decisões e ações da organização. As Entradas são os recursos físicos, materiais, financeiros, de informação e hu- manos que entram no processo de transformação. Incluem-se aí os equipamentos, instalações e recursos, capital/energia e gerentes/funcionários. Os processos de transformação são as operações que convertem entradas em saídas. Envolvem a tecnologia disponível para a realização das diversas operações requeridas para a produção de bens e serviços. Por fim, as saídas são resultados de um processo de transformação. São os produtos, serviços e produtos defeituosos gerados pelo processo transformacional. 25AdministrAção dAs operAções de produção Figura 3 – Relacionamento entre estratégia de operação e administração da produção Fonte: Silva (2004, p.311) A partir dessa análise podemos ver o processo como um Sistema de Produção, ou seja, um conjunto de operações inter-relacionadas envolvidas na produção de bens e serviços. Moreira (2012) apresenta dentro do sistema de produção alguns elementos constituintes fundamentais, identificados como insumos, o processo de criação ou conversão, os produtos ou serviços e o subsistema de controle, apre- sentados na Figura 4. Andre Realce 26 AdministrAção dAs operAções de produção Figura 4 – Elementos do sistema de produção Fonte: Moreira (2012) A Figura 4 apresenta que o processo de conversão ou transferência de produtos e ser- viços, a partir da entrada dos insumos tem como elementos fundamentais no processo os subsistemas de controle que ajudam no processo de planejamento e organização e a consideração de influências e restrições quer sejam provenientes do ambiente, quer sejam pelo próprio sistema organizacional da empresa produtora do bem ou serviço. O sistema de produção também é apresentado por Silva (2004, p.312) considerando os quatro elementos básicos da atividade de produção, no caso os fatores ambien- tais, as entradas, os processos de transformação e as saídas (Figura 5), ressaltando ainda que o contato com o cliente ocorre muitas vezes na administração da produção e principalmente nas atividades de serviços. Algumas atividades, inclusive, estão se tornando de “autosserviço”, como em farmácias, postos de gasolina e supermerca- dos, em que o cliente se atende da maneira que desejar. 27AdministrAção dAs operAções de produção Figura 5- Uma visão de sistemas da administração da produção Fonte: Silva (2004, p.312) A visão apresentada na Figura 5 destaca que os principais fatores ambientais que influenciam no processo produtivo são as culturais, as políticas e as de mercado. Sob essa influência regem-se as entradas (equipamentos, materiais, energia, capital, pes- soas, informações) o processo de transformação (todas as fases produtivas) e, por fim, as saídas (produtos, serviços, perdas, satisfação). Nesta mesma linha, Peinado e Graeml (2007) consideram que o processo de pro- dução, sob o ponto de vista operacional envolve recursos a serem transformados e os recursos transformadores que, submetidos ao processo produtivo dão origem ao produto final, ou seja, aos bens e serviços criados pela organização. Neste caso, na visão dos autores, a função produção está focada na transformação de certos insumos em algum resultado desejado. O modelo de transformação está representado na Figura 6. 28 AdministrAção dAs operAções de produção Figura 6 – Modelo de Transformação Fonte: Peinado e Graeml (2007, p.52) Explica o autor que os recursos a serem transformados são aqueles que serão convertidos por meio de processo de produção e geralmente são compostos de matérias-primas, informações, consumidores. Já os recursos transformadores são aqueles que agem sobre os recursos a serem transformados. Eles atuam de for- ma catalisadora, ou seja, fazem parte do processo de produção, mas não sofrem transformações diretamente, apenas permitem que a transformação aconteça. Os recursos transformadores geralmente incluem instalações como prédios, máqui- nas, equipamentos, terreno etc., o conhecimento, representado pela tecnologia do processo de produção e a necessidade do domínio da técnica e os funcionários para operar, manter, planejar e administrar a produção. Por processo de transformação, Slack et al. (2010) entendem que é qualquer ope- ração que produz bem ou serviços ou um misto dos dois e descreve a natureza da operação por um meio de modelo de transformação (Figura 7) citando que envolve um conjunto de recursos de input (entrada) usado para transformar algo ou para ser transformado em outputs (saída) de bens e serviços. 29AdministrAção dAs operAções de produção Figura 7 – Processo de transformação input-transformação-output Fonte: Adaptado de Slack et al. (2010, p.32) Na opinião dos autores, qualquer atividade de produção pode ser vista conforme esse modelo input-transformação-output e apontam também que os inputs para a produção podem ser convenientemente classificados em: • Recursos transformados – aqueles que são tratados, transformados ou con- vertidos de alguma forma; • Recursos de transformação – aqueles que agem sobre os recursos transformados. Para complementar, Slack et al. (2010, p.39) apresentam que algumas operações produzem apenas bens e outras apenas serviços, mas a maioria produz um composto dos dois, conforme demonstrado na Figura 8. A Figura mostra várias operações po- sicionadas em um spectrum que vai de fabricantes de bens puros, onde há pouco ou nenhum serviço diretamente relacionado à outra ponta que apresenta fabricantes de serviços puros que não produzem qualquer tipo de serviço. 30 AdministrAção dAs operAções de produção Figura 8 – Spectrum output da maioria dos tipos de operações Fonte: Slack et al. (2010, p.40) tiPOs de sistemas de PrOduçÃO Os sistemas de produção são possíveis de classificação, principalmente em relação ao seu fluxo de operação. A classificação dos sistemas de produção, principalmente em função do fluxo do produ- to, reveste-se de grande utilidade na classificação de uma grande variedade de técnicas de planejamento e gestão da produção. É assim provável discriminar grupos de técni- cas e outras ferramentas gerenciais em função do particular tipo de sistema, possibili- dade essa que racionaliza a apresentação didática (MOREIRA, 2012, p.9). Tradicionalmente, na visão do autor, os sistemas de produção são agrupados em três grandes categorias, identificadas e conceituadas como: • Sistema de produção contínua ou de fluxo em linha: os sistemas de pro- dução contínua ou fluxo em linha apresentam uma sequência linear para fazer o produto ou serviço; os produtos são bastante padronizados e fluem de um 31AdministrAção dAs operAções de produção posto de trabalho a outro em uma sequência prevista. As diversas etapas do processamento devem ser balanceadas para que as mais lentas não re- tardem a velocidade do processo. Podem ser subdivididas em produção em massa, para linhas de montagem de produtos os mais variados possíveis e/ ou produção contínua propriamente dita, nome reservado nessa classificação para as indústrias de processo como química, papel, aço etc. São caracteriza- dos também por uma alta eficiência e acentuada inflexibilidade. • Sistema de produção por lotes ou por encomenda (fluxo intermitente): a produção é feita em lotes.Ao término da fabricação do lote de um produto, outros tomam o seu lugar nas máquinas. O produto original só voltará a ser feito depois de algum tempo, caracterizando-se assim uma produção intermitente de cada um dos produtos. Quando os clientes apresentam seus próprios projetos de produto devendo a empresa fabricá-lo segundo essas especificações, temos a chamada produção intermitente por encomenda. Neste sistema de produção, a mão de obra e os equipamentos são tradicionalmente organizados em centros de traba- lho por tipo de habilidades, operação ou equipamento. • Sistema de produção para grandes projetos sem repetição: diferencia-se bastante dos anteriores. Na verdade, cada projeto é um produto único não ha- vendo rigorosamente falando, um fluxo do produto. Nesse caso, tem-se uma se- quência de tarefas ao longo do tempo, geralmente de longa duração, com pouca ou nenhuma repetitividade. Uma característica marcante dos projetos é o seu alto custo e a dificuldade gerencial no planejamento e no controle. Exemplos de projetos que incluem a produção de navios, aviões, grandes estruturas etc. Em relação às diferenças nos tipos de operações, Slack et al. (2010) apresentam que as operações são muito similares entre si na forma de transformar recursos de input em output de bens e serviços, apresentando quatro medidas particularmente importantes que podem ser usadas para distinguir diferentes operações, identificadas como volume 32 AdministrAção dAs operAções de produção de output, variedade de output, variação da demanda do output e o grau de contato com o consumidor envolvido na produção do output, apresentadas na Figura 9. Figura 9 – Tipologia de operações Fonte: Slack et al. (2010, p.48) Como visto na Figura 9 em relação à medida Volume, onde há alto volume de pro- dução as implicações são principalmente a alta repetitividade, especialização, siste- matização, Capital intensivo e custo unitário baixo. Em operações de baixo volume identifica-se principalmente a baixa repetição, os funcionários participam mais do trabalho e há uma menor sistematização, além de um custo unitário alto. Podemos ver claramente na figura também as implicações para alta e baixa variedade, alta e baixa variação na demanda e alto e baixo contato com o consumidor. 33AdministrAção dAs operAções de produção PaPel estratéGicO e ObjetivOs da PrOduçÃO Para falar do papel estratégico da função de produção nas organizações necessário se faz estudar também os objetivos organizacionais. Objetivos são destinações pretendidas que indicam a direção para o planejamento da empresa. Por um lado, são os guias básicos que suportam a tomada de decisão e, por outro, são a lógica dos critérios de avaliação dos resultados. Planos e programas operacionais são selecionados com base na sua contribuição aos objetivos (MOREIRA, 2012, pp.5-6). Olhando diretamente para as funções e a própria finalidade das organizações é cor- reto afirmar que o objetivo de qualquer organização é satisfazer as necessidades e desejos de seus clientes, razão de existir da própria empresa e que sem ele as orga- nizações não teriam razão para existir. Nesse conceito, o papel da função produção é visto como a produção de bens e serviços que visam atender a uma demanda. Fernanda (2010) afirma que este conceito está intimamente ligado em como a contribuição desta função pode jus- tificar a sua existência dentro de uma empresa e, consequentemente, avaliar sua competitividade frente a seus concorrentes. Com isso, pode-se considerar a exis- tência de outros três papéis, que são: de apoio, de implementação e de impulsão da estratégia empresarial. A primeira é caracterizada pelo apoio que a produção deve ter diante das estratégias que vão desenvolver os objetivos e as políticas apropriadas à organização. Já a segunda afirma que a produção deve “fazer a es- tratégia acontecer”, transformando as decisões estratégicas em realidade opera- cional. E, por último, a terceira diz que, a produção é quem deve fornecer os meios para a obtenção de uma vantagem competitiva a longo prazo. Em uma visão centrada em objetivos, Slack et al. (2010) afirmam que se faz ne- cessário a reflexão sobre o que qualquer empresa ou organização deve esperar de seu departamento de produção ou então, questionando de outra maneira, já em um 34 AdministrAção dAs operAções de produção pensamento mais estratégico, questionar como a função produção contribui para a competitividade ou para a direção estratégica da organização. Com isso, reflete-se primeiramente sobre o papel da função produção e segundo, quais os objetivos de desempenho específicos utilizados pela empresa para avaliar a contribuição da pro- dução em suas aspirações estratégicas. Em relação ao papel da função produção, segundo Slack et al. (2007), podem ser identificados três papéis da função produção como visto na Figura 10. Figura 10 – Os três papéis da função produção Fonte: Slack et al. (2010, p.57) Como visto na Figura 10 são apresentados três papéis particularmente importantes para a função produção identificados como: • Apoio para a estratégia empresarial: a produção deve apoiar a estratégia desenvolvendo objetivos e políticas apropriadas aos recursos que administra; 35AdministrAção dAs operAções de produção • Implementadora da estratégia empresarial: a produção deve fazer a estratégia acontecer, transformando decisões estratégicas em realidade operacional; e • Impulsionadora da estratégia empresarial: a produção deve fornecer os meios para a obtenção de vantagem competitiva. Vale ressaltar a importância da atividade de produção dentro das organizações pois ela dá vantagens competitivas conforme apresentado na Figura 11. Figura 11 - Contribuição da produção para a estratégia empresarial atingir os objetivos de desempenho Fonte: Slack et al. (2010, p.60) Como visto na Figura 11, as vantagens proporcionadas pela produção para a estratégia empresarial atingir os objetivos de desempenho estão vinculados à Qualidade, Rapidez, Confiabilidade, Flexibilidade e em Custo. Em se tratando de qualidade a vantagem está em se fazer certo as coisas, ciente de que qua- lidade reduz custos e aumenta a confiabilidade. Quanto à rapidez, que trata de operação interna sendo a resposta rápida a consumidores externos, auxiliada sobretudo pela rapidez da tomada de decisão, movimentação de materiais e das informações internas da operação tem como principais benefícios a redução de Andre Realce 36 AdministrAção dAs operAções de produção estoques e a redução de riscos das operações organizacionais em relação a sua atividade e interação com o ambiente. Outro benefício apresentado na Figura é o objetivo de confiabilidade, que significa fazer as coisas em tempo para os consumidores receberem seus bens ou sérvios quando foram prometidos. Os consumidores apenas podem julgar a confiabilidade de uma operação após o produto ou serviço ter sido entregue. Em relação à ope- ração interna, a confiabilidade proporciona a economia de tempo, de dinheiro e dá estabilidade para a operação. Já em relação ao objetivo flexibilidade, ou seja, ser capaz de mudar a operação de al- guma forma, podendo alterar a operação que faz, como faz ou quando faz. Mudança é a ideia-chave. Nesta linha de pensamento, faz-se necessário saber que a maioria das operações precisa estar em condições de mudar para satisfazer as exigências dos consumidores. Geralmente essas mudanças, conforme apontado por Slack et al. (2010) devem atender a quatro tipos de exigências: a) Flexibilidade de produto/serviço – produtos e serviços diferentes; b) Flexibilidade de composto (mix) – ampla variedade ou composto de produtos e serviços;c) Flexibilidade de volume – quantidades ou volumes diferentes de produtos e serviços; d) Flexibilidade de entrega – tempos de entregas diferentes. Ainda em relação à flexibilidade, quando trata-se de operações internas as principais vantagens obtidas são a agilidade na resposta de fornecimento de produtos e servi- ços, a maximização do tempo e a confiabilidade. Por fim, ainda representado na Figura 11 temos o Objetivo Custo. Embora citado por último não pode de forma alguma ser considerado o menos importante e, pelo contrário, é o mais importante. Para as empresas que concorrem diretamente em 37ADMINISTRAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO preço, o custo será o principal objetivo da produção. Quanto menor custo de pro- duzir seus bens e serviços, menor pode ser o preço a seus consumidores. Mes- mo aquelas empresas que concorrem em outros aspectos que não preço estarão interessadas em manter seus custos baixos. Em relação aos custos, os autores apontam que a forma de infl uenciar os custos dependerá largamente onde estes são incorridos, defi nidos como: a) Custos de funcionários (dinheiro gasto com pessoal empregado); b) Custos de instalações, tecnologia e equipamentos (dinheiro gasto em compra, conservação, operação e substituição de hardware de produção); c) Custos de materiais (dinheiro gasto nos materiais consumidos ou transforma- dos na produção). Vale destacar que o custo é afetado por outros objetivos de desempenho, logo, uma forma importante de melhorar o desempenho dos custos é melhorar o desempenho dos outros objetivos operacionais. Pré-reQuisitOs Para a cOmPreensÃO da unidade Este conteúdo conceituou princípios importantes que devem ser bem assimilados pe- los alunos e que irão acompanhar todo o desenvolvimento do curso. Recomenda-se então para compreensão desta unidade: • Conhecimento sobre as principais teorias da administração e principalmente dos conceitos e teorias da administração de produção. • Capacidade de identifi cação das funções gerenciais e sua aplicação dentro das operações de produção. • Conhecimentos básicos dos elementos componentes da administração de operações e os tipos de sistemas existentes. • Consciência do papel estratégico da Administração de produção. 38 ADMINISTRAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO Filmes recOmendadOs Sinopse: Esta obra foi escrita em linguagem didática, e cobre um grande número de temáticas. Dirigida a estudantes de Adminis- tração da Produção e Operações, sendo útil para os cursos de Administração, Contabilidade e Engenharia, entre outros. Sinopse: O livro é estratégico quanto à contribuição da produção para o sucesso da organização a longo prazo, conceitual na ma- neira como explica as razões que levam os gerentes de produção a tomar decisões em cada área de atividades, abrangente em sua cobertura de idéias e problemas relevantes para a maioria dos ti- pos de produção, prático na forma como examina os problemas e as difi culdades envolvidos na tomada de decisões de administra- ção da produção,internacional no uso de informação e exemplos e balanceado no trata- mento de vários tipos de organizações que criam produtos e serviços. atividades Para cOmPreensÃO dO cOnteÚdO 1) Conceituando Administração da Produção, Peinado e Graeml (2007) afi rmam que a administração da produção compreende uma vasta gama de assuntos, que não devem ser vistos de forma isolada sob pena de perderem seu signifi cado do con- junto. As atividades de administração da produção acontecem a todo o instante, em número e frequência muito maiores do que possam parecer. O cotidiano atual nos mantém imerso, de tal forma, nas atividades de produção que julgamos ser 39AdministrAção dAs operAções de produção necessário emergir deste contexto para visualizar e compreender o funcionamen- to destas atividades, a fim de poder administrá-las com maior propriedade. Em relação ao conceito de Administração de Produção, é correto afirmar: a) São as operações que têm como objetivo prestar serviços à comunidade satis- fazendo suas necessidades e garantindo o faturamento da organização, que o administra em busca de novos projetos de satisfação. b) É a operação de transformação que ocorre, a partir de matérias-primas a se- rem transformadas em produtos finais acabados que serão ofertados ao mer- cado, na forma de bens ou serviços que suprirão a uma demanda atendendo necessidades dos consumidores. c) É todo processo de transformação de matéria-prima em bens duráveis que tem como objetivo atender a demandas específicas dentro do mercado de consu- mo, satisfazendo as necessidades dos consumidores. d) São assuntos diversificados que não apresentam um conceito único e, por con- sequência buscam relacionar todas as operações organizacionais com foco a satisfazer as necessidades dos clientes. e) É o processo de compreensão do funcionamento das atividades de adminis- tração dentro da organização emergidas de um contexto amplo e indefinido que tem por visão satisfazer a necessidade dos consumidores por meio da oferta de bens e serviços. 2) Quando falamos de Administração de Produção englobamos bens duráveis e ser- viços. As características que diferenciam produtos de serviços são: a) Disponibilidade, posição no mercado, preço e demanda. b) Volume, quantidade, transporte e embalagem. c) Benefícios, design, cor e forma. d) Intangibilidade, Inseparabilidade, Perecibilidade e Variabilidade. e) Industrialização, participação no mercado, entrega e faturamento. 40 AdministrAção dAs operAções de produção 3) Dentro da Administração de Produção são aplicáveis todas as funções administra- tivas conhecidas e difundidas como: a) Produtividade, Orçamento, Recursos Humanos e Finanças. b) Demanda, previsão, disponibilidade e Produção. c) Planejamento, Organização, Direção e Controle. d) Produção, Serviços, Recursos Humanos e Administração de Materiais. e) Os fatores ambientais, as entradas, os processos de transformação e as saídas. 4) A administração das operações dentro de uma organização não pode ser vista simplesmente como uma atividade. Sua importância vai muito além disso e pode ser considerada como uma arma de competitividade, logo diretamente vem a ser uma grande ferramenta estratégica das organizações. Essa relação entre a es- tratégia e a administração de produção fica evidente por Silva (2004, p.311) para quem toda atividade de produção, do ponto de vista do sistema organizacional é composta por quatro elementos básicos, apontados como: a) Produtividade, Orçamento, Recursos Humanos e Finanças. b) Demanda, Previsão, Disponibilidade e Produção. c) Planejamento, Organização, Direção e Controle. d) Produção, Serviços, Recursos Humanos e Administração de Materiais. e) Os fatores ambientais, as entradas, os processos de transformação e as saídas. 5) A classificação dos sistemas de produção, principalmente em função do fluxo do produto, reveste-se de grande utilidade na classificação de uma grande variedade de técnicas de planejamento e gestão da produção. É assim provável discriminar grupos de técnicas e outras ferramentas gerenciais em função do particular tipo de sistema, possibilidade essa que racionaliza a apresentação didática (MOREIRA, 2012, p.9). Tradicionalmente, os sistemas de produção podem ser agrupados em três grandes categorias, identificados como: 41ADMINISTRAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO a) Sistema de produção por fl uxo em linha, Sistema de produção por fl uxo intermi- tente e Sistema de produção para grandes projetos sem repetição. b) Sistema de produção de Produtos, Sistema de produção de serviços e Sistema de produção de terceiro setor. c) Sistema de produção controlado, Sistema de produção puxadoe Sistema de produção sem demanda defi nida. d) Sistema de produção planejado, Sistema de produção estratégico e Sistema de produção artesanal. e) Sistema de produção estratégico, Sistema de produção tático e Sistema de produção Operacional. artiGOs, sites e LINKS Recomenda-se a você leituras complementares. Para tanto, sugere-se a leitura de artigos e Livros que ajudam no seu desenvolvimento, como segue: Artigos para leitura: ESCORSIM, Sérgio; KOVALESKI, João Luiz; REIS, Dálcio Roberto dos. Artigo: A evolução conceitual da administração da Produção. Disponível em: <https://www. google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=5&ved=0CD4QFjAE&ur- l=http%3A%2F%2Fwww.spell.org.br%2Fdocumentos%2Fdownload%2F32969&ei=- 0zleVcauIcawggTnzIGIDw&usg=AFQjCNGeIbbUrf9GRydD6FPmu5vp5Y251Q>. MACHLINE, Claude. Artigo: Evolução da Administração da produção no Brasil. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v34n3/a08v34n3.pdf>. SILVA, Ana Carolina Ignácio et al. Artigo: Administração da Produção. Dispo- nível em: <https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=we- b&cd=3&ved=0CDIQFjAC&url=http%3A%2F%2Fpaginapessoal.utfpr.edu. 42 ADMINISTRAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO br%2Fjefferson%2Fdisciplinas%2Fplanejamento-e-controle-da-producao%2Fintrodu- cao%2Fadministracao-da-producao-produto.pdf%2Fat_download%2Ffi le&ei=0zleV- cauIcawggTnzIGIDw&usg=AFQjCNFPpm9BTHyNV9r0IuBM08KIN6HjrQ>. Sites para pesquisa: <http://www.spell.org.br/>. <http://www.administradores.com.br/>. <http://www.abepro.org.br/>. VÍDEO RELACIONADO AO CONTEÚDO <http://globotv.globo.com/fundacao-roberto-marinho/telecurso-tec/v/administracao- modulo-2-administracao-da-producao-e-operacoes-programa-9/1248212/>. Filmes recOmendadOs FÁBRICA DE LOUCURAS Autor: Ron Howard Gênero: Comédia Dramática Ano: 1986 Sinopse: Quando uma fábrica de automóveis localizada em uma pequena cidade americana é fechada, um pânico generalizado toma conta do lugar, pois a maioria dos habitantes trabalha na fábrica. Até que um funcionário (Michael Keaton) vai até 43AdministrAção dAs operAções de produção Tóquio, na tentativa de convencer os japoneses a assumirem a fábrica. Eles concor- dam com a proposta, mas como os métodos de trabalho oriental e ocidental são bem distintos, um choque cultural se torna inevitável. MONSTROS, S.A. País de origem: EUA Gênero: Animação Ano de lançamento: 2001 Direção: David Silverman, Peter Docter Sinopse: Em Monstrópolis, uma próspera cidade-empresa habitada por monstros de todos os tipos e tamanhos, o adorável Sulley (John Goodman) e seu desastrado me- lhor amigo Mike Wazowski (Billy Crystal) formam a melhor equipe de sustos da Mons- tros S.A., a maior fábrica de processamento de gritos. A principal fonte de energia no mundo dos monstros são os gritos de crianças humanas - e a Monstros S.A., conta com uma equipe de elite responsável por conseguir estes preciosos recursos naturais. Consideradas tóxicas pelos monstros, as crianças são proibidas de entrar em Mons- trópolis. Porém, quando uma garotinha chamada Bu (Mary Gibbs) segue Sulley sem querer até o mundo dele, acaba arriscando a carreira do monstro e transforma a vida dele em uma grande confusão. Os amigos Mike e Sulley tentam de tudo para reparar o erro e levar Bu de volta para casa. Mas, quando os três encontram uma série de inesperadas complicações, eles acabam se envolvendo em uma trama que os coloca frente a mistérios que nunca tinham imaginado. 44 ADMINISTRAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO PrOPOsta Para discussÃO ON-LINE Face o exposto e apresentado nessa unidade, a partir das concepções individuais do(a) leitor(a) estudante, recomendam-se a participação em fóruns de discussão e, como ponto de partida, algumas questões são evidenciadas: a) Uma vez considerado o serviço um produto, qual são as características que o diferem? b) Como pode ser trabalhada a questão da qualidade na prestação de serviços? c) Como os fatores ambientais econômicos, tecnológicos, políticos e legais inter- ferem no processo de produção? 45AdministrAção dAs operAções de produção UNIDADE II – PROJETO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO ObjetivOs a serem alcançadOs nesta unidade Prezado(a) Acadêmico(a), ao terminar os estudos dessa unidade, você deverá ser capaz de: • Projeto em gestão da Produção. • Planejamento da capacidade de produção. • Localização de Instalações. • Arranjo físico e instalações. Tendo abordado esses conteúdos espera-se no final da unidade que o(a) aluno(a) consiga ter ideias e consciência da importância de projeto dentro da produção, que seja direcionado a questões fundamentais do Planejamento como capacidade, loca- lização, produto e processo de trabalho além do arranjo físico e instalações. Espera- se também, além da consciência da importância, que tenha conhecimentos básicos da formação e operação do sistema e a percepção do diferencial estratégico que pode trazer à organização. Os projetos de sistemas apresentados são os modelos ideais considerados pelos autores estudados, mas devido à variedade dos produtos e processos existentes, recomenda-se a(o) aluna(o) que busque mais informações e pensamentos de outros autores que não os apontados, visto que complementarão uma visão global e poderá garantir o sucesso do projeto adotado. 46 AdministrAção dAs operAções de produção PrOjetO em GestÃO de PrOduçÃO conceitos de Projeto e aplicação em gestão de produção Para darmos início na questão do projeto em Gestão de Produção, necessário se faz uma breve citação sobre o conceito de administração de Produção. Segundo Slack et al. (1996, p.34), a produção é a função central das organizações já que é aquela que vai se incumbir de alcançar o objetivo principal da empresa, ou seja, sua razão de existir. Pode-se concluir também, em uma visão mais focada, que a Administração de produ- ção é uma função organizacional que tem como responsabilidade o estudo e o desen- volvimento de técnicas de gestão da produção de bens e serviços. Conceituando processo, Oliveira (2007, p.58) define como: Processo é o conjunto estruturado e intuitivo das funções de planejamento, organiza- ção, direção e avaliação das atividades seqüenciais, que apresentam relação lógica entre si, com a finalidade de atender e, preferencialmente suplantar, com minimização dos conflitos interpessoais as necessidades e expectativas dos clientes externos e in- ternos da empresa. Os principais componentes de um processo são as entradas, configuradas pelos in- sumos, mão de obra, equipamentos, instalações etc., o processamento, configurado pelo processo de aplicação dos recursos transformadores sobre os recursos a serem transformados, a saída, representado pelos bens e serviços prontos para serem con- sumidos e/ou produtos de descartes (sobra do processo) e o componente feedback, que é a retroalimentação de informações ou resíduos para reaplicação no próprio processo. Uma figura simples de um processo produtivo é apresentada por Peinado e Graeml (2007) e pode ser visto na Figura 12, abaixo: 47AdministrAção dAs operAções de produção Figura 12 – Processo produtivo Fonte: Peinado e Graeml (2007, p.143) Para a definição de Processo Produtivo, Peinado e Graeml (2007, p.142) simplificam definindo como: “a seqüência de atividades que, executadas sempre da mesma forma e na mesma ordem, resulta no produto ou serviço pretendido”. Quanto ao processo de produção, para Silva (2004) são encontrados muitos diferentes tipos desde técnicas de linha de montagem, no caso de linhas de pro- dução de automóveis até aquelas técnicas usadas para produzir um item único. O autor (p.314) cita ainda Peter Drucker que menciona quatro tipos distintosde processo de produção: • Produção de produto único: um processo no qual cada produto ou ser- viço é de uma espécie e é projetado e produzido ou entregue sob especi- ficações (trabalhos de arte, alfaiataria e moda são exemplos deste tipo de processo). A produção de um produto único pode se dar por produção em lotes que é um processo no qual ordens individuais (separadas) fluem por meio das facilidades de produção em diferentes padrões, isto é, diferentes tipos de produtos, em que nem todos passarão pelas mesmas operações, fabricados sob encomenda. 48 AdministrAção dAs operAções de produção • Produção rígida em massa: um processo caracterizado pela produção em lar- ga escala de um mesmo produto seguindo a mesma série de operações (com- ponentes automotivos e eletrônicos são produzidos por este tipo de processo). • Produção flexível em massa: um tipo de produção em que peças e pro- cessos padronizados são utilizados para fazer produtos diversos algumas vezes muito semelhantes (peças de automóveis diferentes apenas na cor e na pintura, tecidos de bancos de carros). Produtos que só se diferenciam no fim do processo. • Processo ou fluxo de produção: é a produção contínua de um produto ou serviço. Produção química e de cerveja são ótimos exemplos de produtos as- sim obtidos, bem como serviços de telefonia e elétricos. Em relação ao projeto, Slack et al. (2010) comentam que não existe nenhuma de- finição de projeto reconhecida universalmente e que diferentes especialistas usam às vezes definições bastante diferentes. O autor cita (p.90) como uma visão mais claramente descrita: Em minha definição, projeto é o processo conceitual através do qual algumas exigências funcionais de pessoas, individualmente ou em massa, são satisfeitas através do uso de um produto ou de um sistema que deriva da tradução física do conceito. Como exemplos de produtos individuais que satisfazem uma necessidade pública ou de mercado têm o automóvel, a televisão e o rádio, a geladeira e a lavadora de pratos, sapatos e meias, e fraldas para bebes, mas também a pintura, a escultura, a música e as muitas outras manifestações de expressão do artista etc.; e como sistemas há o telefone e a ferrovia, a rodovia e o supermercado, a orquestra, o fornecimento de utilidades (gás, água e ele- tricidade) e assim por diante (SIR MONTY FINNESTON apud SLACK et al., 2010, p.90). Destaca ainda o autor os pontos relevantes dessa descrição que em sua opinião são: • O objetivo da atividade de projeto é satisfazer as necessidades dos con- sumidores; 49AdministrAção dAs operAções de produção • A atividade de projeto aplica-se tanto a produtos (ou serviços) como a siste- mas (que chamamos de processo); • A atividade de projeto é em si mesma um processo de transformação; • O projeto começa com um conceito e termina na tradução desse conceito em especificação de algo que pode ser produzido. O projeto de produção para Silva (2004) requer decisões sobre o que produzir, como produzir, quanto produzir e quem vai produzir, especificando que: a) O que produzir Refere-se às escolhas do produto ou serviço, o que obviamente influencia a escolha do sistema de produção. A determinação de quais produtos fabricar geralmente inclui três passos básicos: (1) uma pesquisa das necessidades do consumidor; (2) a compa- ração de produtos com objetivos e metas organizacionais para ver a compatibilidade; e (3) o desenvolvimento de especificações adequadas do produto. b) Como produzir Como produzir está relacionado à escolha do processo de fabricar um produto ou ser- viço. Devem ser consideradas, nesta tomada de decisão, as facilidades de produção como os equipamentos especificamente usados, em termos de flexibilidade, confia- bilidade e capacidade; a viabilidade de produção do produto ou serviço e, por fim, o fluxo de trabalho na produção do produto ou serviço. Alerta o autor que um produto potencialmente lucrativo pode, nesta fase de análise, ser considerado impossível ou de custo elevado para produzir. c) Quanto produzir Quanto produzir se refere ao que se denomina de capacidade de produção. A ca- pacidade de produção é um processo por meio do qual os administradores tentam determinar quanto de recurso será utilizado como entrada e convertido em diferentes produtos em um determinado período de tempo. 50 AdministrAção dAs operAções de produção A capacidade de produção envolve seis etapas: • A predição de demandas futuras, incluindo a reação da concorrência; • A formatação dessas determinações em requisitos de capacidades físicas; • O desenvolvimento de planos de alternativas de capacidade; • A análise das considerações econômicas de cada alternativa; • A identificação dos riscos e oportunidades associados com cada escolha; • A escolha e implementação de um plano de capacidade de produção. Na opinião do autor o planejamento da capacidade é uma reflexão sobre as opera- ções estratégicas de longo prazo da organização. Ele ajuda os administradores a determinar quanto e que tipos de recursos devem estar disponíveis, que tecnologia será utilizada e quantas pessoas serão empregadas na atividade. O planejamento da capacidade está tão proximamente relacionado com a alocação de recursos, que eles são, em geral, considerados e decididos simultaneamente. d) Onde produzir Onde produzir se refere ao planejamento da localização das instalações, de modo a mini- mizar os custos de produção e distribuição de produto ou serviço. A questão a considerar é sobre a localização das facilidades de produção próximas de fornecedores, ou onde os consumidores estão. Próximos de fornecedores, o fabricante reduz custos na obtenção de matéria-prima, de seu transporte e de necessidade de grandes volumes de estoque de materiais de produção; por outro lado, os custos de distribuição para o consumidor ter o produto onde seja fácil adquiri-lo, ficam mais altos. Para empresas de serviços, a escolha da localização é fortemente influenciada pela localização dos consumidores. Moreira (2012), ao tratar da questão do projeto do produto e do processo destacou que tudo começa com a geração de uma ideia, que envolve uma necessidade do cliente e uma forma de resolvê-la, e vai em frente por várias fases de testes e desenvolvimento. A partir daí, chega-se ao ponto de ter especificações detalhadas para a produção que 51AdministrAção dAs operAções de produção começa a introduzir o novo produto no mercado. Afirma ainda que aparentemente o projeto de um produto ou serviço é uma tarefa única para novos itens e depois ne- nhuma alteração é necessária, mas que o ambiente em que as empresas operam é dinâmico, existindo pressão constante para mudança do projeto, vindo do mercado, da legislação ou de dentro da própria empresa. Em razão disto, o projeto original está frequentemente sujeito a constantes alterações ao longo do tempo. Outro aspecto a ser considerado e de grande importância é a questão do ciclo de vida do produto. Todo produto passa por algumas fases distintas identificadas por Moreira (2012) como Introdução, Crescimento, Maturidade, Saturação e Declínio. As fases estão apresentadas na Figura 13 a seguir. Figura 13 – O ciclo de vida de um produto Fonte: Moreira (2012, p.209) 52 AdministrAção dAs operAções de produção Como visto na Figura 13, a primeira fase é a fase da introdução onde o produto começa a ser fabricado e é colocado no mercado. A demanda ainda não é alta, pois o mercado não está familiarizado com o produto, enquanto muitos consumi- dores podem esperar pela queda do preço e/ou aperfeiçoamentos posteriores do produto. Na segunda fase, chamada de crescimento, o produto começa a se tornar competitivo e a publicidade ajuda o mercado aconhecê-lo melhor. A terceira fase, conhecida como Maturidade, é quando o produto já está bem integrado no mercado e as vendas começam a se estabilizar. Na quarta fase, a fase de saturação, consi- dera-se que após a estabilização das vendas começa um eventual declínio. Daqui por diante, tendem a diminuir as mudanças no projeto e as estratégias centram-se em preços competitivos. Por fim, temos a fase de declínio, onde o produto começa a perder terreno para outros produtos e, nesta hora, o pensamento deve ser de des- continuá-lo, substituir ou modificar radicalmente o projeto. O projeto na concepção de Slack et al. (2010) envolve as identificações de op- ções que surgem à medida que o projeto evolui da concepção, com os projetistas escolhendo caminhos alternativos para atingir os objetivos do projeto. Em cada etapa do projeto de produtos, serviços ou processos, até a etapa final, os projetis- tas defrontam-se com opções. Além da identificação de opções, o projeto envolve também a avaliação de opções, ou seja, avaliar o valor ou a importância de cada opção do projeto, de forma que possa ser escolhido uma. Isto inclui avaliar cada opção em relação a alguns critérios do projeto, existindo três categorias, conforme apresentado na Figura 14. 53AdministrAção dAs operAções de produção Figura 14 – Categorias gerais de avaliação de opções de projeto Fonte: Slack et al. (2010, p.98) Como visto na Figura 14, as três categorias principais de projeto são a viabilidade da opção de projeto (podemos fazê-la?), a aceitabilidade da opção de projeto (queremos fazê-la?) e a vulnerabilidade de cada opção de projeto (queremos correr o risco?). No desenvolvimento do projeto do produto, Moreira (2012) aponta que a despeito de todas as diferenças que podem existir entre empresas e seus produtos, existem algu- mas etapas bem definidas no desenvolvimento do projeto de um novo produto. Uma ideia simplificada dessas etapas é apresentado na Figura 15. Figura 15 - As etapas do desenvolvimento de um novo produto Fonte: Moreira (2012, p.210) 54 AdministrAção dAs operAções de produção A figura apresenta as etapas do desenvolvimento de um novo produto. Vale ressaltar de cada etapa que: • Geração e filtragens de ideias: a primeira etapa trata da geração e filtragens de ideias destacando que novas ideias para produtos vêm geralmente de duas fontes sendo uma o mercado, ou seja, das necessidades dos consumidores e da tecnologia existente e seus desenvolvimentos. • Projeto inicial do produto: também destacado na Figura 14, espera-se que deva resultar em um produto que seja, ao mesmo tempo, competitivo no mer- cado e possível de ser fabricado, ou seja, compatível com as capacidades operacionais da empresa. Neste caso três aspectos devem ser levados em consideração como os detalhes funcionais do produto, as necessidades téc- nicas e as considerações de ordem econômica. • Analise Econômica: neste caso deve-se obter uma estimativa da demanda e do seu crescimento potencial. Para uma análise mais detalhada das possibili- dades do produto estimativas de custo devem ser obtidas tanto para os custos fixos como para as variáveis. • Testes de protótipo: serve para testar os produtos sob condições reais de ope- ração, levando em conta o desempenho técnico e o desempenho de mercado (aceitação do produto pelo consumidor). • Projeto Final: compridas as etapas anteriores, são elaborados os desenhos e as especificações finais detalhadas para o produto, incorporando-se as even- tuais mudanças devidas aos testes com protótipos. O produto está pronto para o início da produção em escala comercial. 55ADMINISTRAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE PRODUÇÃO reFlita Fica evidente nas leituras a importância do projeto dentro de uma organização produ- tiva. A questão é: dada a importância do projeto, como são aplicados esses conceitos dentro das organizações que você conhece? Planejamento da capacidade de produção Dentro do processo produtivo um dos fatores mais críticos e estratégicos das organi- zações é o estabelecimento da capacidade de produção. Um equilíbrio entre o pro- cesso de demanda e a capacidade produtiva da empresa pode ser o fator diferencial e que pode gerar grandes ganhos caso seja adequado ou, por outro lado, levar a enormes prejuízos caso não seja dimensionado. Para melhor defi nir capacidade de produção, é bom decifrar o conceito do termo ca- pacidade que é defi nido como: O termo capacidade, mencionado isoladamente, está associado à idéia de competên- cia, volume máximo ou quantidade máxima de “alguma coisa”. A capacidade de deter- minado tambor é de 300 litros, um tambor menor poderá ter capacidade para armazenar 100 litros d’água, por exemplo. Um cinema pode ter capacidade para 400 lugares. A capacidade de uma sala de aula pode ser medida pela quantidade de alunos que ela comporta, 40 alunos, por exemplo. A capacidade de um ônibus é representada pela quantidade de passageiros, considerando ou não a possibilidade de transporte de pas- sageiros em pé, além dos sentados. Um estacionamento pode ter capacidade para 200 automóveis. Um hotel tem capacidade de 100 apartamentos, e assim por diante (PEI- NADO; GRAEML, 2007, p.241). Visto a defi nição do termo capacidade, remontamos então a defi nição do termo ca- pacidade produtiva. Silva (2004) defi ne que um elemento crítico na administração da produção é o planejamento da capacidade de produção, ou seja, a determinação da 56 AdministrAção dAs operAções de produção capacidade de uma organização em produzir produtos ou serviços necessários para atender a demanda. O planejamento da capacidade é essencialmente, na visão do autor, um assunto de tentar converter previsão de vendas em capacidade de produção. Já Moreira (2012) comenta que chama-se de capacidade a quantidade máxima de produtos e serviços que podem ser produzidos em uma unidade produtiva, em um dado intervalo de tempo, considerando como unidade produtiva uma fábrica, um de- partamento, um armazém, uma loja, um posto de atendimento médico, uma simples máquina ou posto de trabalho etc. Slack et al. (2010, pp.256-257) aponta que os objetivos do planejamento e controle de capacidade são: • Os custos serão afetados pelo equilíbrio entre capacidade e demanda (ou nível de produção, se isso for diferente). Níveis de capacidade excedentes à demanda podem significar subutilização de capacidade e, portanto, alto custo unitário. • As receitas também serão afetadas pelo equilíbrio entre capacidade e de- manda, mas de forma oposta. Níveis de capacidade iguais ou superiores a demanda em qualquer momento assegurarão que toda a demanda seja aten- dida e não haja perda de receitas. • O capital de giro será afetado se uma operação decidir produzir estoque de bens acabados antecipando-se à demanda. Isto pode permitir atender à demanda, mas a organização deve financiar o estoque até que seja vendido. • A qualidade dos bens ou serviços pode ser afetada por um planejamento de capacidade que inclui grandes flutuações nos níveis de capacidade, por meio da contratação de pessoal temporário, por exemplo. O pessoal novo e a in- terrupção do trabalho rotineiro da operação aumentariam a probabilidade de ocorrência de erros. 57AdministrAção dAs operAções de produção • A velocidade de resposta à demanda do cliente pode ser melhorada, seja pelo aumento dos estoques (permitindo que os clientes sejam atendidos di- retamente a partir do estoque em vez de terem que esperar a fabricação dos itens) ou pela provisão deliberada de capacidade excedente para evitar filas. A confiabilidade do fornecimento também será afetada pela proximidade dos níveis de demanda e de capacidade. Quanto mais próxima à demanda estiver
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