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CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR EM UTI Profª Me. Juliana A. Fernandes Noronha Controle de infecção hospitalar em UTI As infecções hospitalares (IH) são classificadas como infecções adquiridas no hospital e infecções que se manifestam durante a internação ou após a alta, desde que possam ser relacionadas a procedimentos realizados na instituição. Porém, o conceito de IH tem sido ampliado para Infecções Associadas à Assistência à Saúde em geral, visto que podem resultar de procedimentos realizados em clínicas, home-care, ambulatórios e unidades básicas. Controle de infecção hospitalar em UTI Para determinar a presença de IH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) segue parâmetros exigidos para afirmar que determinado quadro consiste em IH, por meio de achados clínicos e microbiológicos. A infecção hospitalar é definida por uma condição localizada ou sistêmica que resulta da relação à presença de um agente infeccioso ou suas toxinas que não estavam presentes ou em incubação no momento da admissão no hospital. Os pacientes críticos atendidos em UTI apresentam diversos fatores de risco para IH. Os principais relacionam-se aos procedimentos invasivos que interferem nas barreiras naturais de defesa e favorecem a introdução de patógenos: – Intubação traqueal; – Ventilação Mecânica (VM); – Cateter Venoso Central (CVC); – Cateter Vesical de Demora (CVD); – Tubos gástricos e enterais e drenos diversos. Infecções hospitalares no paciente crítico Doenças de base, imunossupressão, desnutrição, rebaixamento do nível de consciência, cirurgias e trauma também contribuem de forma considerável para o desenvolvimento de IH na UTI. As IHs mais frequentes em UTI são: – Pneumonia (PNH); – Infecção na corrente sanguínea (IHCS); – Infecção no trato urinário (IHTU). Infecções hospitalares no paciente crítico As IH são, em sua maioria, causadas por micro-organismos encontrados na microbiota endógena do paciente. No entanto, também podem ser causadas pela microbiota do ambiente hospitalar. A literatura destaca o aumento da resistência dos micro- organismos a diversos antimicrobianos: . Micro-organismo Staphylococcus aureus Enterococcus Klebsiella pneumoniae e pseudomonas aeruginosa Bactérias gram-negativas Acinectobacter Agentes etiológicos Essa situação requer uma abordagem multidisciplinar que inclui: Empenho máximo na prevenção de infecções hospitalares; Diagnóstico e tratamento precisos das infecções; Uso racional de antimicrobianos; Precauções para reduzir a disseminação de micro- organismos multirresistentes. A prevenção adequada das infecções na UTI reduz de maneira significativa a necessidade de antimicrobianos, aliviando a pressão seletiva que ocasiona o desenvolvimento de micro-organismos multirresistentes. Infecções hospitalares no paciente crítico Recomenda-se para minimizar a possibilidade de transmissão de micro-organismos: – Leito individual com separação física; – Aspectos arquitetônicos – isolamento; – Estrutura adequada para lavagem das mãos; – Acondicionamento de resíduos e materiais contaminados. Infecções hospitalares no paciente crítico Lavagem das mãos Água e sabão (neutro ou antisséptico) ou fricção com solução alcóolica antes e depois dos procedimentos Uso de luvas de procedimentos ou estéreis Roupas privativas são úteis para proteger os profissionais, não apresentando eficácia na prevenção de IH. Objetos levados pelos familiares?? Intervenção educativa aos profissionais da UTI. Álcool etílico a 70%. Coleta de material para cultura. Medidas gerais de prevenção e controle de IH Críticos: Se referem àqueles que entram em contato com tecidos não colonizados do corpo humano e que, portanto, são estéreis, sendo a esterilização o requisito necessário após a limpeza cuidadosa. Semicríticos: São aqueles que entram em contato com mucosas integras colonizadas e exigem, minimamente, uma desinfecção de nível intermediário após a limpeza rigorosa. Não críticos: São aqueles que não entram em contato direto com o paciente ou entram em contato somente com a pele íntegra. Processamento de materiais utilizados em UTI A pneumonia é a infecção de maior incidência em UTI, com mortalidade de 20 a 50%. Os sinais habituais de PNH são: Febre; Leucocitose; Secreção traqueal purulenta; Infiltrado pulmonar. Infecções hospitalares no paciente crítico PNEUMONIA Fatores de risco: VM, doenças pulmonares de base, trauma, idade avançada, uso prévio de antimicrobianos, cirurgia de grande porte, desnutrição, diabetes mellitus, queda do nível de consciência, uso de antiácidos e tubo gástrico ou enteral. Infecções hospitalares no paciente crítico PNEUMONIA Evitar a intubação traqueal e optar, quando possível, pela ventilação não invasiva; Manter os pacientes em decúbito elevado de 30 a 45° para evitar o refluxo e a aspiração do conteúdo gástrico; Evitar a distensão gástrica por meio do controle rigoroso da infusão de dieta enteral e checagem da localização e do resíduo gástrico; Utilizar medicamentos antiácidos de modo criterioso para a prevenção de úlcera gástrica por estresse; Esterilizar ou desinfetar em alto nível os artigos reprocessáveis de assistência respiratória que entram em contato direto ou indireto com a membrana mucosa do trato respiratória; Não compartilhar artigos de assistência respiratória entre pacientes; Respeitar a indicação de troca dos artigos de assistência respiratória; Desprezar periodicamente o condensado que se forma no circuito de ventilação, com uso de luvas; Realizar uma higiene oral rigorosa, preferencialmente com solução antisséptica, para controlar a proliferação microbiana na cavidade oral. Medidas de prevenção de PNH Há diversos tipos de cateteres vasculares, com diferentes indicações e formas de inserção. Entretanto, a maioria das IHCs está associada à utilização de CVCs, especialmente os usados na UTI, que são necessários por um longo período de tempo e manipulados muitas vezes ao dia. Medidas de prevenção de infecção sanguínea Os principais fatores relacionados a esse tipo de infecção são: Matéria-prima dos dispositivos; Tipo e tamanho do cateter; Local da inserção; Experiência do profissional que realiza o procedimento; Duração da cateterização; Curativo; Preparo da pele para a inserção; Técnica asséptica; Além de condições de risco relacionados ao próprio paciente. Medidas de prevenção de infecção sanguínea Os sistemas de infusão podem ser: Abertos: Frascos plásticos semi-rígidos ou vidros; Equipos com respiro; Conexões valvuladas. Fechados: Frascos de soluções colapsáveis; Conectores com borracha autovedante. Medidas de prevenção de infecção sanguínea A etapa fundamental da prevenção das IHCSs é a educação da equipe assistencial e a interface da UTI com a CCIH no feedback dos dados de infecção. Essa é uma medida simples que requer pouco investimento e tecnologia. Medidas de prevenção de infecção sanguínea – Indicar o CVC de modo criterioso; – Instalar o CVC com técnica asséptica rigorosa; – Proteger o local de inserção com curativo; – Monitorizar diariamente o local de inserção; – Não molhar o cateter e as conexões com água do banho; – Não trocar rotineiramente o CVC - Curativos – Trocar equipos e conexões;– Evitar a flebotomia na instalação do cateter; – Utilizar álcool a 70% ou clorexidine alcóolica para desinfetar as tampas autovedantes; Medidas de prevenção de infecção sanguínea Os principais fatores de risco associados à IHTU são: Cateterização acima de seis dias – CVD; Sexo feminino; Pacientes com outros focos infecciosos; Diabetes; Desnutrição. Em geral, os micro-organismos acessam o sistema urinário de pacientes com CVD por duas vias: Contaminação extraluminal; Contaminação intraluminal. Medidas de prevenção de infecção urinária – Evitar a cateterização desnecessária – se possível optar por outras alternativas; – Realizar treinamento para inserção asséptica; – Utilizar fixação externa do CVD com fita adesiva; – Manter o sistema de drenagem fechado – urocultura – lavagem vesical; – Realizar a higiene da região genital; – Remover o CVD o mais rapidamente possível; – Evitar a troca desnecessária do CVD. Medidas de prevenção de infecção urinária KPC – Klebsiella pneumoniae carbapenemase • Foi identificada pela primeira vez nos Estados Unidos, em 2000, depois de ter sofrido uma mutação genética, que lhe conferiu resistência a múltiplos antibióticos (aos carbapenêmicos, especialmente). Essa característica pode estar diretamente relacionada com o uso indiscriminado ou incorreto de antibióticos. • São micro-organismos que produzem uma substância (enzimas carbapenemases) que inativam os antibióticos, desenvolvendo assim sua resistência. Superbactérias KPC – Klebsiella pneumoniae carbapenemase • A transmissão ocorre por contato em ambiente hospitalar, através do contato com secreções do paciente infectado, desde que não sejam respeitadas normas básicas de desinfecção e higiene. • Pacientes imunodeprimidos • A resistência aos antibióticos não é um fenômeno novo nem específico espécie Klebsiella. Felizmente, esses germes multirresistentes não conseguem propagar-se fora do ambiente hospitalar. Superbactérias KPC – Klebsiella pneumoniae carbapenemase • As superbactérias podem se disseminar no ambiente hospitalar, em geral, por meio da transmissão cruzada entre pacientes. • Uma característica importante da KPC é que, além de se multiplicar com rapidez, ela tem a capacidade de transmitir para outras bactérias o gene produtor da enzima, que destrói os antibióticos. • As estratégias de prevenção são fundamentais para impedir a disseminação dessas bactérias. As principais são: “higiene das mãos dos profissionais de saúde, limpeza adequada do ambiente e uso racional de antibióticos" Superbactérias KPC – Klebsiella pneumoniae carbapenemase KPC Kleibisiela E. Coli Pseudomonas Acinetobacter Para o êxito do controle das infecções hospitalares em UTI, é fundamental o envolvimento e a conscientização de toda a equipe multidisciplinar e dos gestores atualizados em Boas Práticas Assistenciais para o controle de IH, em consonância com as diretrizes da CCIH atuante. Considerações Finais A educação permanente dos profissionais e o acompanhamento da adesão às medidas preventivas preconizadas devem ser preocupações constantes da CCIH e dos gestores da unidade. Para tanto, é necessário garantir infraestrutura adequada da UTI, quadro profissional ajustado às necessidades assistenciais, insumos e recursos tecnológicos suficientes para que a equipe tenha condições de cumprir os requisitos recomendados. Considerações Finais OBRIGADO!!!
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