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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ-UNESA ENGENHARIA CIVIL FISCHER DOS SANTOS MELO MAXISILEI ROCHA DE SOUZA ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA DE REULTILIZAÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO COMO AGREGADOS MACAÉ 2018 FISCHER DOS SANTOS MELO MAXISILEI ROCHA DE SOUZA ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA DE REULTILIZAÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO COMO AGREGADOS. Trabalho de Conclusão de Curso apresentada à Universidade Estácio de Sá (UNESA), como exigência parcial para obtenção do grau de bacharel em Engenharia Civil. Orientador: DSc. Thiago De Freitas Almeida MACAÉ 2018 ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA DE REULTILIZAÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO COMO AGREGADOS. FISCHER DOS SANTOS MELO MAXISILEI ROCHA DE SOUZA Trabalho de Conclusão de Curso apresentada à Universidade Estácio de Sá (UNESA), como exigência parcial para obtenção do grau de bacharel em Engenharia Civil. Orientador: DSc. Thiago De Freitas Almeida APROVADO EM ____/____/____ BANCA EXAMINADORA .............................................................................................................. Prof. D.Sc. Thiago de Freitas Almeida - UNESA Orientador ............................................................................................................. Profª. D.Sc. Andreia Boechat Delatorre – UNESA ............................................................................................................... Profª. M.Sc. Geórgia Peixoto Bechara Mothé - UNESA AGRADECIMENTOS RESUMO O presente Trabalho de Conclusão de Curso dedica-se à compreensão do novo cenário mundial relativo à preservação da natureza, abrangendo questões da sustentabilidade no âmbito da construção civil, destacando, especialmente, aos agentes poluentes que integram tal setor produtivo da economia. A análise deste cenário serve como base para apreciações mais profundas sobre sustentabilidade, que, no caso específico desta pesquisa, trata-se da temática Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), a legislação aplicável a Gestão de Resíduos e a importância da reciclagem no ambiente corporativo como forma de novos recursos tangíveis e intangíveis, através da valorização socioambiental da imagem da empresa a partir de ações sustentáveis. Assim, neste pequeno recorte acadêmico encontra-se a estrutura macro teórica, consolidada com base na literatura existente para propor caminhos para uma Gestão na Engenharia Civil com foco na Sustentabilidade do negócio e da natureza. Palavras-chaves: Construção Civil; Reciclagem; Sustentabilidade; Agentes poluentes. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Origem dos resíduos sólidos da construção civil. ................................................................. 7 Figura 2 - Caracterização dos RCD gerados em canteiros de obras. ................................................. 11 Figura 3 - Exemplos de entulhos despejados em vias públicas ........................................................... 18 Figura 4 - Total de RCD coletados no Brasil no ano de 2015-2016. (Mil.t/Ano). ............................... 21 Figura 5 - Retroescavadeira e Caminhão poli guindaste .................................................................... 24 Figura 6 - Principais Consumidores de RCD destas usinas. ............................................................... 25 Figura 7 - Processo de reciclagem do RCD. ........................................................................................ 26 Figura 8 - Vibro prensa para blocos de concreto. ............................................................................... 30 Figura 9 - Bloco de concreto sem função estrutural............................................................................ 31 Figura 10 - Bloco de vedação em concreto .......................................................................................... 33 Figura 11 - Caçambas Estacionárias ................................................................................................... 35 Figura 12 - Baia fixa............................................................................................................................. 37 Figura 13 - Triturador de entulhos...................................................................................................... 39 Figura 14 - Valor de gasto de energia do equipamento ao longo de um mês...................................... 40 Figura 15 - Dimensões de uma caçamba de caminhão. ....................................................................... 42 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Diferença de fases de um empreendimento e a ocorrência de perdas de materiais. ......... 12 Tabela 2 - Taxas de desperdício de materiais ..................................................................................... 13 Tabela 3 - Características e uso recomendado do RCD ..................................................................... 15 Tabela 4 - Normas da ABNT que especificam os Resíduos sólidos. .................................................... 17 Tabela 5 - Classificação dos blocos de acordo com NBR 6136/2007 ................................................... 32 Tabela 6 - Resistência mínima exigida em cada classe de bloco. ........................................................ 33 Tabela 7 - Valor de mão de obra necessário para a reciclagem. ......................................................... 37 Tabela 8 - Valor do investimento inicial. ............................................................................................. 38 Tabela 9 - Valores de custo de energia. ............................................................................................... 41 Tabela 10 - Tabela de custos sem reciclagem ...................................................................................... 43 Tabela 11 - Tabela de custos com a reciclagem. .................................................................................. 43 Tabela 12 - Valores economizados na obra. ........................................................................................ 44 LISTA DE SIGLAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABRECON – Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. D50 – Tamanho médio das partículas. NBR – Norma Brasileira Regulamentadora PGRCC – Projetos de Gerenciamento de Resíduo da Construção Civil. PIGRCC – Plano Integrado de Gestão de Resíduo da Construção Civil. RCC - Resíduos da Construção Civil. RCD – Resíduos de Construção Civil e Demolição. RSU – Resíduos Sólidos Urbanos. SINDUSCON-MG – Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais PNRS -Política Nacional de Resíduos Sólidos SINDUSCON CE – Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Céara PAC – Programa de Aceleração do Crescimento PGRC – Programa de Gestão de Resíduos na Construção Civil INEA instituto do estadual do ambiente ACI – American Concrete Institute ABCP – Associação Brasileira de cimento Portlando CNPJ – Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica MACF – Maquinário e equipamentos Cabo Frio SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................1 2 OBJETIVO ............................................................................................................................ 3 2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................................. 3 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO .......................................................................................................... 3 3 REVISÃO BIBLIOGRAFICA .............................................................................................. 4 3.1 RESÍDUOS E SEUS AGREGADOS ............................................................................................. 4 3.2 GERAÇÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E DEMOLIÇÃO ............................................... 6 3.2.1 Fase de construção ....................................................................................................... 8 3.2.2 Fase de manutenção e reforma ...................................................................................... 8 3.3 PERDAS E DESPERDÍCIOS DE MATERIAIS NO CANTEIRO DE OBRAS. ........................................ 11 3.4 UTILIZAÇÃO DO RCD ........................................................................................................ 14 3.5 LEGISLAÇÃO NACIONAL APLICÁVEL A GESTÃO DE RESÍDUOS. .............................................. 16 3.6 IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS PELO RCD. ..................................................................... 17 3.7 RECICLAGEM E REUSO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO (RCD) ........................ 20 3.8 COLETA E TRANSPORTE DO RCD. ....................................................................................... 22 3.9 A RECICLAGEM DO RCD NO BRASIL. .................................................................................. 24 3.10 VANTAGENS E BENEFÍCIOS GERADOS COM A RECICLAGEM DO RCD. .................................... 26 3.11 DIFICULDADES ENCONTRADAS PARA REALIZAR A RECICLAGEM DO RCD. ............................ 28 3.12 FABRICAÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO. ............................................................................ 28 3.12.1 Processo de fabricação dos blocos de concreto.......................................................... 28 3.12.2 Dosagem ou proporcionamento dos materiais. .......................................................... 29 3.12.3 Mistura e moldagem. ................................................................................................. 29 3.12.4 Processo de cura ....................................................................................................... 30 3.13 CLASSIFICAÇÃO DOS BLOCOS DE CONCRETO. ...................................................................... 31 4 ESTUDO DE CASO ............................................................................................................ 34 4.1 ANÁLISE FINANCEIRA DA RECICLAGEM DO BLOCO DE CONCRETO NA CONSTRUÇÃO CIVIL...... 34 4.1.1 Valor da caçamba ....................................................................................................... 34 4.1.2 Baias .......................................................................................................................... 36 4.2 CUSTOS OPERACIONAIS ...................................................................................................... 37 4.2.1 Valor do funcionário ................................................................................................... 37 4.2.2 Valor do maquinário ................................................................................................... 38 4.2.3 Valor do custo da energia gasta pelo equipamento. ..................................................... 39 4.2.4 Valor do metro cúbico da areia e da pedra 0 ............................................................... 42 4.2.5 Resultado do custo. ..................................................................................................... 43 5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 44 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................................ 46 7 ANEXO (S) .......................................................................................................................... 52 7.1 ANEXO I ............................................................................................................................ 52 7.2 ANEXO II........................................................................................................................... 53 7.3 ANEXO III ......................................................................................................................... 56 7.4 ANEXO IV ......................................................................................................................... 57 7.5 ANEXO V .......................................................................................................................... 58 7.6 ANEXO VI ......................................................................................................................... 59 1 1 INTRODUÇÃO O acúmulo de lixo é um fenômeno exclusivamente humano. Em sistemas naturais não há lixo; o que não serve mais para um ser vivo é absorvido por outros, de maneira contínua, conforme afirmou Lavoisier, para explicar a proporção das massas em uma reação química. (LAVOISIER, 1774). Há alguns anos a problemática dos resíduos gerados na construção civil vem causando grande preocupação na cadeia produtiva desse setor, por sua vez, a Política Nacional de Resíduos Sólidos– PNRS estabelecida pela Lei Federal Nº 12.305, de 2 de Agosto de 2010, dispõe de princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos e atribui responsabilidades compartilhadas aos geradores, transportadores e gestores municipais quanto ao gerenciamento destes resíduos (BRASIL, 2010). Cabe ressaltar que aos municípios são responsáveis por definir uma política municipal para os resíduos da construção civil, incluindo sistemas de pontos de coleta. Aos construtores, cabe a implantação de planos de gerenciamento de resíduos para cada empreendimento (BRASIL, 2010). O crescimento consolidado do setor da construção civil está transformando a realidade dos canteiros de obras. Já se verifica o grande avanço na qualidade da construção civil, que passa a investir em tecnologias e qualificações como forma de aumentar a produtividade e reduzir os desperdícios de acordo com o sindicato da construção civil do Ceará. (SINDUSCON, 2016). Os setores ambientais, a PNRS também vem trabalhando arduamente na tentativa de tratar de forma adequada os resíduos como por exemplo destiná-lo à reutilização após processamento. Porém as mobilizações sociais e os alardes sobre os prejuízos que a ação humana vem causando ao meio ambiente ainda não têm sido o bastante para garantir procedimentos eficazes quanto a tratabilidade destes resíduos. (SINDUSCON, 2016) Toda esta preocupação com resíduo é de fundamental importância e vemos isso no decorrer da história que relata diversos casos, ou melhor, descaso por gerar problemas sócio ambientais. Isso ocorre desde o implemento das organizações das sociedades antigas e vem se alastrando no decorrer dos anos. 2 Por não tratarmos do nosso resíduo na fonte poluidora teremos grandes problemas, já que não podemos postergar, reutilizar ou destinar corretamente sem gerar custo que impactam sobremaneira, nas atividades da construção civil (CONAMA, 2002).Todos os resíduos gerados no canteiro de obra, sejam materiais de entulho por demolição ou sobra de obra também podem impactar o meio ambiente. A regulamentação dos procedimentos adequados quanto ao tratamento destes resíduos é regulamentada na Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA nº 307, de 5 de Julho de 2002 que trata-os como sendo eles tão importantes quanto os resíduos residências ou hospitalares (CONAMA, 2002). 3 2 OBJETIVO 2.1 Objetivo Geral Mostrar através deste estudo, as principais aplicações dos Resíduos da Construção Civil e Demolição – RCD em obras da própria Construção Civil, bem como identificar as vantagens e dificuldades encontradas pelas empresas em trabalhar com este material, observando as recomendações da Resolução 307 do CONAMA. 2.2 Objetivo Específico Analisar o resíduo da Construção Civil e Demolição e seus agregados; Reciclar o resíduo da construção e demolição (RCD); Buscar maneiras de reutilizar, bem como locais onde podem ser aplicados e armazenados; Analisar economicamente o uso dos rejeitos com relação a viabilidade da reciclagem. 4 3 REVISÃO BIBLIOGRAFICA 3.1 Resíduos e seus agregados No modelo de produção que adotamos, os resíduos sempre existiram, tanto em relação à produção bens de consumo duráveis (pontes, edifícios e estradas) quanto à produção de bens não duráveis (embalagens de papel, papelão, isopor, madeira, ferro e plásticos). Neste processo de produção de bens duráveis e não duráveis, quase sempre utilizamos matéria prima, de origem natural ou virgem, ou seja, retirada da natureza que não teve ajuda da mão do homem para existir. Este modelo de consumo não apresentava problemas até algumas décadas atrás, pois os recursos naturais que sempre foram abundantes, eram retirados em menor quantidade e poucas pessoas estavam envolvidas com o consumismo. (JOHN, 2000). Com a chegada da revolução industrial e de novas tecnologias, as indústrias cresceram então houve a necessidade de se aumentar o número de funcionários. Este fato contribuiu para que a população que vivia no interior migrasse e se centralizasse nas grandes cidades onde haviam maiores ofertas de empregos, causando uma diversificação de bens e serviços segundo. (BARBOSA,2012). Assim sendo os resíduos gerados a partir desse novo modelo de indústria passaram a ter um impacto maior do que o esperado, causando problemas para o tratamento e sua destinação, tendo em mãos um gerenciamento caro e complexo. (GUNTHER, 2000). Segundo Gunther (2000) os problemas ocasionados com o grande acúmulo de resíduos das indústrias são agravados pela falta de área para acomodá-los. Fato esse causado pela ocupação desordenada da área urbana das grandes capitais, pela especulação imobiliária e pelo valor agregado no tratamento desses resíduos. Vale ressaltar que a falta de saneamento público adequado implica também no agravamento dos problemas ambientais causados por esses resíduos. Tudo isso vem prejudicando as grandes cidades e tornando inviável o consumo de bens não renováveis. Dessa forma faz-se necessário uma política pública que agrega valores, legislações mais pesadas como forma a fiscalizar e orientar com a finalidade de minimizar os problemas que entrelaçam os resíduos sólidos urbanos e industriais ao meio ambiente e ao homem direta e indiretamente, segundo (GUNTHER, 2000). 5 Na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também conhecida como Eco-92, durante as propostas da agenda 21, foi citado com grande importância a necessidade urgente de se implementar um sistema de gestão ambiental de resíduos. O fator inicial para diminuir o impacto gerado pelo resíduo sólido é a reciclagem do mesmo, e a construção civil tem um grande potencial de reutilização dos agregados desta reciclagem, ela consome uma alta porcentagem de recursos naturais, podendo chegar a mais de 70% segundo (JOHN, 2000 e LEVY, 1997). Sabemos que ações isoladas não vão acabar com os problemas dos resíduos sólidos da construção civil, visto que temos que fechar o ciclo produtivo de tal forma a minimizar a saída dos resíduos e a entrada de matéria prima não renovável (DORSTHORST; HENDRIKS, 2000). Este conjunto de ações citado por (DORSTHORST; HENDRIKS, 2000), vem com o intuito de fechar um ciclo, tentando fazer com que a construção atue com sustentabilidade, entendido aqui como um processo que leva a mudanças na exploração de recursos, na direção dos investidores e em novas tecnologias e mudanças institucionais. Todas têm que trabalhar juntas de forma harmônica de acordo com a necessidade da humanidade. Essa ideia não foca somente no conceito da multidisciplinariedade, envolve toda uma cultura que vem se arrastando há décadas, deve haver essa mudança nos setores da educação ambiental e sistêmica (BRANDON, 1998; ANGULO, 2000; JOHN, 2000). Apesar de todos sabermos da importância da necessidade da reciclagem dos resíduos sólidos da construção civil ela é limitada, uma vez que foi utilizada, ela não é mais 100% natural e isso envolve gastos e nível de desenvolvimento tecnológicos elevado (SOUZA et al., 1999; JOHN, 2000). Porém a reciclagem na construção civil de um modo geral pode gerar vários benefícios que serão pontuados a seguir: - Diminuição do consumo de matéria prima não renováveis quando substituídos por produtos reciclados (JOHN, 2000). - Redução do volume de resíduos em aterros e diminuição do espaço para acomodar o resíduo. - Redução da poluição. 6 Revela-se aqui um fator muito importante da construção civil que atinge cerca de 50% dos resíduos sólidos urbanos citado por (PINTO, 1999). - Ao produzir menos, gasta-se menos como a energia, por exemplo, que se emprega na transformação da matéria bruta em produto acabado, no processo de fabricação. Podemos citar, a indústria do cimento que usa resíduos como fonte de energia no processo de fabricação ao incinerá-los para obter sua matéria prima segundo (JOHN, 2000). 3.2 Geração de resíduos da construção civil e demolição Nos dias atuais, existe uma grande preocupação com as questões ambientais, e principalmente na construção civil, que é uma das principais causadoras desse problema pois a mesma é responsável por utilizar grande parte dos recursos naturais. E ao longo dos anos este consumo aumentou bastante devido ao aquecimento do setor segundo (CONAMA, 2002). Segundo a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, (SNSA,2012) a construção civil é o maior produtor de resíduos da sociedade. Com a demanda cada vez maior por habitações, com uma porcentagem de 51% a 70% dos resíduos sólidos urbanos. Como podemos observar na Figura 1 a maior parte dos resíduos gerados na construção civil, são provenientes das reformas e demolições, sendo maior do que a construção de novas edificações. 7 50% 21% 20% 1º - Reformas, Ampliações e demolições 50% 2º - Edificações novas (acima de 300m²) 21% 3º - Residências novas (inferiores a 300m²) 20% Figura 1 - Origem dos resíduos sólidos da construção civil. Fonte: Adaptado - Miranda, 2009. Resíduos da construção civil: são os resíduos provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas,colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc. (CONAMA, 2002). Não existe um padrão pré-definido de RCD, existem diversos tipos de obras onde são empregadas uma grande variedade de materiais, cada obra emprega materiais distintos em sua execução, além disso, existe uma variação da disponibilidade de materiais de acordo com a região de acordo com do Programa de Aceleração do Crescimento (ESPINELLI,2005). De acordo com LEVY (2007), asfalto, vidro, argamassa, cal, material cerâmico, material de poda, pedra britada, madeira entre outros, são matérias que podemos encontrar com maior frequência nas disposições finais. Em cada fase da realização do empreendimento, temos diferentes tipos de resíduos gerados. Segundo Formoso (1998) as fases são divididas em: 8 3.2.1 Fase de construção Nas etapas da construção existem algumas meras percas, algumas dessas são, no transporte, no estoque, na movimentação do estoque, por espera, produtos defeituosos, no processo em si e por substituição. Cabe ressaltar que isso varia de acordo com o país, a região, a cidade, o bairro, bem como a forma como a empresa gerencia o empreendimento de acordo com Programa de Gestão de Resíduos na Construção Civil. (PGRC). 3.2.2 Fase de manutenção e reforma A etapa de manutenção e reforma é a fase onde são realizados os reparos de acordo com as necessidades de correção de patologias, reformas nos edifícios, que normalmente geram demolição, ou o final de vida útil dos componentes que precisam ser substituídos. Nesta fase a redução da geração de resíduos, depende principalmente da melhoria da qualidade da construção, de tal forma que diminua a necessidade de manutenção (JOHN, 2000). 3.2.3 Fase de demolição Já na etapa de demolição, os índices de redução de resíduos, estão atrelados ao prolongamento da vida útil de seus componentes, que, por sua vez dependem das tecnologias, e materiais empregados, da existência de incentivos para que os proprietários realizem a modernização, e não as demolições, e da existência de sistemas eficientes para a reutilização dos componentes. (JOHN, 2000). Supõe-se que são gerados de 2 a 3 bilhões de toneladas de entulho por ano em todo o mundo. Em países europeus, tais como Alemanha e países da Europa Oriental, aproximadamente dois terços dos resíduos de construção gerados são provenientes de obras de manutenção e demolição, sendo o restante resultante de atividades de construção (PGRC). Segundo Lima e Lima (2009), a fase de caracterização é particularmente importante no sentido de identificar e quantificar os resíduos e, desta forma, realizar o planejamento adequado, visando a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final. 9 A indústria de resíduos da construção civil vem empenhando-se para estimular a redução da quantidade de resíduos descartados. O reaproveitamento e a reciclagem dos materiais de construção civil e demolição, geram muitos benefícios e deve apresentar crescimento nos próximos anos, devido a diminuição do impacto ambiental. Como um exemplo de benefícios concedidos para uma empresa de construção que recicla e reutiliza, podemos citar a facilidade na obtenção de alvaraz de construção, em consequência disso, ocorre uma significativa diminuição dos custos de projeto no final da obra, um profissional comprometido em projetos de reutilização e reciclagem, possui maior reconhecimento e credibilidade no mercado de trabalho. (BERTOL, 2015). Os resíduos não necessariamente precisam ser reciclados para serem usados na obra. Eles podem ser também reutilizados quando nenhum controle rigoroso da qualidade é exigido. Algumas das opções são: assentamento de batentes, enchimento de rebocos internos ou degraus de escada, drenos de floreiras e de pátios de estacionamento, remendo e emenda de alvenarias, concretos de piso para abrigos de automóveis leves, vigas e pilares de concreto com baixa solicitação, entre outros (BERTOL, 2015). 3.2.4 Composição dos Resíduos de Demolição e Construção. Em 2004 foi editada a NBR 10004 em caráter complementar para classificação dos diversos resíduos quanto aos potenciais riscos ao meio ambiente e à saúde pública, para minimizar os perigos e melhorar a gestão dos resíduos. Para efeito da NBR 10004 os resíduos foram classificados em “classe I” – perigosos e “classe II” – não perigosos, havendo nesta última classe “A” subdivisão 12 entre não inertes (classe II A) e inertes (classe II B). A classificação foi baseada em sua origem química e física, ou seja, em sua origem bruta e nas características de seus constituintes bem como na comparação destes com listagens de resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido, assim foi lhes dado meios para serem classificados de forma a identificarmos segundo (Bruno, 2016) 10 O RCD, de acordo com a classificação da NBR 10004/04, se enquadram na classe II B – Resíduos inertes que são definidos como: “Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. Conforme anexo G” O RCD em sua forma sólida poderá ser encontrado em diferentes formas e dimensões geométricas já conhecidas dos materiais de construção (como a da areia e da brita), ou em diferentes dimensões e formato como pedaços de madeira, argamassas, concreto, plástico, metais, entre outros. Tudo vai depender de seu processo gerador. (ZORDAN, 2000). Para Barbosa (2012), RCD é todo resíduo de material, que foi utilizado nas etapas de execução de uma obra de construção civil, podendo ser procedente de novas construções, reparos, reformas, restaurações, demolições e obras de infraestrutura. A composição do RCD pode variar bastante de acordo com a região e o tipo de tecnologia empregada na construção. A composição do RCD também pode variar de acordo com a idade da construção, quando se tratar de demolições. (MIRANDA,2009). O RCD normalmente e composto por: Solos Concretos Argamassas Cerâmicas Outros Na figura 2 abaixo é mostrado a proporção de cada um dos resíduos gerados no Brasil. 11 Figura 2 - Caracterização dos RCD gerados em canteiros de obras. Fonte: Adaptado –Silva,2017 3.3 Perdas e desperdícios de materiais no canteiro de obras. Ao chegar em um canteiro de obras, uma das primeiras coisas que se pode observar, logo na entrada de qualquer canteiro, e uma caçamba para descarte do RCD gerado, normalmente e gerado um grande volume de RCD nas construções, este fato se deve, em grande parte a cultura das construções no Brasil. (ESPINELLI, 2005) Por exemplo, muitas vezes o profissional responsável pela gestão da obra, encontra dificuldade na leitura e interpretação de um projeto, este fato pode acabar gerando pequenos ou grandes desvios de execução, e consequentemente gerando um grande desperdício de material. (ESPINELLI, 2005). O desperdício de materiais no canteiro de obras pode acontecer em 3 fases: Concepção, execução e utilização. Na tabela 1 abaixo e apresentado as diferentes fases de um empreendimento, relacionadas as ocorrências de perdas de materiais. 29,2% 7,1% 5,6% 8,1% 15,7% 34,2% Argamassa 29,2% Cerâmica vermelha 7,1% Ceramica Branca5,6% Gesso 8,1% Solo/Areia 15,7% Outros 34,2% 12 Tabela 1 - Diferença de fases de um empreendimento e a ocorrência de perdas de materiais. FASES CONCEPÇÃO EXECUÇÃO ULTILIZAÇÃO Caracterização das perdas Diferença entre a quantidade de material previsto num projeto otimizado e a realmente necessária de acordo com o projeto idealizado Diferença entre a quantidade prevista no projeto idealizado e a quantidade efetivamente consumida Diferença entre a quantidade de material previsto para a manutenção e a quantidade efetivamente consumida num período Parcela de perda Material incorporado Material incorporado e entulho Material incorporado e entulho Fonte: Adaptado - Fonte: Adaptado Espinelli, 2005 O volume de desperdício de material nas três fases citadas na tabela acima, podem atingir uma grande quantidade de RCD gerado. 13 Na tabela 02 abaixo representa as taxas de desperdício de acordo com os tipos de materiais utilizados desde a reforma até a construção. Tabela 2 - Taxas de desperdício de materiais Materiais Taxa de Desperdício (%) Média Mínimo Máximo Concreto usinado 9 2 23 Aço 11 4 16 Blocos e tijolos 13 3 48 Placas cerâmicas 14 2 50 Revestimento têxtil 14 14 14 Eletrodutos 15 13 18 Tubos para sistemas prediais 15 8 56 Tintas 17 8 24 Condutores 27 14 35 Gesso 30 -14 120 Fonte: Adaptado Espinelli, 2005 Na fase de execução de um projeto, podemos citar como exemplo, uma falha na definição do traço para argamassa de contra piso, elevando desnecessariamente o consumo de cimento. Transporte e trajetos inadequados para a movimentação de matérias no canteiro de obras, também podem gerar perdas na execução pois os materiais como concreto e tijolo, podem cair pelo caminho. (JUNIOR,2009) No caso da fase de concepção, existem inúmeras causas de perdas possíveis, que vão desde o recebimento de material em quantidades inferiores as solicitadas, ao armazenamento inadequado dos materiais frágeis, sujeitos a quebrarem com mais facilidade. (JUNIOR,2009). De acordo com Espinelli (2005), na fase de utilização, ao fazer a repintura de uma fachada 14 Precocemente, podemos neste caso estar utilizando uma maior quantidade de tinta, do que a prevista inicialmente. Os profissionais da construção civil, precisam estar familiarizados, e sempre analisar os índices, afim de detectar as atividades onde ocorrem mais desperdício de material. Em todas as obras, ocorrem perda de material, porém nem toda perda se transforma em resíduo, parte desta muitas vezes é reutilizada na própria obra, quando se trata de uma obra de pequeno porte. Na maioria das vezes, esta perda não tem um valor tão significante, mas, ao analisarmos uma obra de grande porte e complexidade, o desperdício de materiais pode elevar consideravelmente o custo final dela. (ZORDAN,1997) 3.4 Utilização do RCD A utilização do RCD, dever ser uma das práticas empregadas nos canteiros de obras, tendo como objetivo o processo sustentável ao decorrer dos anos, reduzindo a utilização dos recursos naturais e consequentemente diminuindo a ocorrência de impactos ambientais. (MIRANDA, 2008 Segundo Demarche (2009), a maior parte dos resíduos gerados pela construção civil são constituídos de pedras, tijolos, blocos, areias, cimentos, argamassas, concreto, madeira, cal, ferro, cerâmica, gesso, e em menor quantidade, restos de tintas, vernizes, fiação, telhas, tubulações de PVC, e restos de alumínio e papel. Para a reciclagem do RCD, e necessário que se faça uma triagem, que nada mais e do que a separação dos resíduos. Este processo é de extrema importância, pois além de separar os resíduos, nesta etapa também ocorre a classificação dos mesmos, a deposição do RCD em aterro só é permitida após o termino da etapa de triagem. (LOURENÇO E CAVALCANTE, 2015). Nas usinas de reciclagem, os resíduos já classificados, passam por um processo de beneficiamento, o resultado deste processo, é a geração de um agregado reciclado de boa qualidade e preço inferior, quando comparado à matéria prima utilizada em seu estado natural. Com a reciclagem destes materiais, obtém-se a redução da utilização dos recursos naturais, isto, faz da reciclagem uma alternativa viável, além da economia gerada, a reciclagem contribui para a preservação do meio ambiente. (ESPINELLI, 2005) 15 O RCD também pode ser reciclado na própria obra, podendo ser utilizado como agregado para concreto, argamassa e sub-base para a pavimentação de calçadas, entretanto, sua utilização não é recomendada em concretos estruturais devido a sua menor resistência mecânica e durabilidade. (SCHENINI, BAGNATI e CARDOSO 2004). A tabela 3abaixo apresenta um resumo das diferentes características e aplicações dos agregados reciclados. Tabela 3 - Características e uso recomendado do RCD PRODUTO CARACTERÍSTICAS Areia reciclada Material com dimensão máxima característica inferior a 4,8 mm, isento de impurezas, proveniente da reciclagem de concreto e blocos de concreto. Indicado para uso na fabricação de argamassas de assentamento de alvenaria de vedação, contra pisos, solo cimento, blocos e tijolos de vedação. Pedrisco reciclado Material com dimensão máxima característica de 6,3 mm, isento de impurezas, proveniente da reciclagem de concreto e blocos de concreto. Indicado para uso na fabricação de artefatos de concreto, como blocos de vedação, pisos Inter travados, manilhas de esgoto, entre outros. Brita reciclada Material com dimensão máxima característica inferior a 39 mm, isento de impurezas, proveniente da reciclagem de concreto e blocos de concreto. Indicado para uso na fabricação de concretos não estruturais e obras de drenagens. Bica corrida Material proveniente da reciclagem de resíduos da construção civil, livre de impurezas, com dimensão máxima característica de 63 mm (ou a critério do cliente). Indicado para uso em obras de base e sub-base de pavimentos, reforço e subleito de pavimentos, além de regularização de vias não pavimentadas, aterros e acerto topográfico de terrenos. Rachão Material com dimensão máxima característica inferior a 150 mm, isento de impurezas, proveniente da reciclagem de concreto e blocos de concreto. Indicado para uso em obras de pavimentação, drenagens e terraplenagem. 16 Fonte: Adaptado - https://abrecon.org.br/mercado/ 3.5 Legislação nacional aplicável a gestão de resíduos. Existe um conjunto de leis e políticas púbicas, que contribuem para a redução do impacto ambiental. Entre as quais, podemos destacar o Programa Brasileiro de Produtividade e Qualidade do Habitat - PBPQ-H, instituído pela Lei Federal nº 9605 de 12 de fevereiro 1998. Esta Lei faz referência aos crimes ambientais e legislações municipais referentes à resolução CONAMA2002. Segundo Paiva (2005), a legislação aplicável ao RCD no Brasil, ainda tem pouca expressão, comparada as leis vigentes nos Estados Unidos na Europa, e até mesmo na Ásia. Em contrapartida, podemos considerar como um marco neste aspecto a resolução 307 de 05 de julho de 2002 do CONAMA, pois ela regulamenta definições e aspectos referentes ao RCD, e atribui responsabilidades aos geradores, transportadores e gestores públicos, além disso, ela também impõe critérios e procedimentos para a gestão de resíduos da construção civil, bem como ações necessárias para a diminuição dos impactos ambientais. No ano de 2004, foram publicadas as primeiras normas nacionais referentes aoRCD, contidos na classe A, de classificação dada pela resolução 307 do CONAMA.A Tabela 04 especifica as normas da ABNT que se referem aos resíduos sólidos . 17 Tabela 4 - Normas da ABNT que especificam os Resíduos sólidos. NORMAS DESCRIÇÃO NBR 10004/04 Classificação dos resíduos sólidos. NBR 10005/04 Lixiviação de resíduos sólidos. NBR 10006/04 Solubilização dos resíduos sólidos. NBR 10007/04 Amostragem de resíduos sólidos. NBR 11174/90 Armazenamento do resíduo classe II não inertes e III inertes. NBR 13221/10 Transporte dos resíduos sólidos. NBR 13463/95 Coleta dos resíduos sólidos. NBR 15112/04 Resíduos da construção civil e resíduos volumosos. NBR 15113/04 Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros. NBR 15114/04 Resíduos sólidos da construção civil - Áreas de reciclagem. NBR 15115/04 Agregados reciclados de RCC - pavimentação. NBR 15116/04 Agregados reciclados de RCC - pavimentação e concreto sem função estrutural Fonte: Adaptado ABNT (2004) 3.6 Impactos ambientais gerados pelo RCD. De acordo com a Resolução CONAMA nº01 de 1986, pode-se considerar impacto ambiental como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente a qualidade dos recursos ambientais (CONAMA, 1986). O crescimento da construção civil está diretamente atrelado ao aumento da população, tal fato, tem como consequência, alterar cada vez mais o meio ambiente, devido aos impactos ambientais. (PAIVA E RIBEIRO, 2011). Ainda para o autor além dos impactos ambientais causados, a construção civil também é responsável por gerar uma grande quantidade de resíduos, a quantidade de RCD gerado nos canteiros de obras do Brasil demonstram um enorme desperdício de material. Desta forma, quem 18 acaba pagando por este desperdício é a sociedade, que tem como resultado deste desperdício, o aumento no custo final das construções, como também os custos pagos para a remoção e tratamento destes resíduos. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE, 2016) em 2016, a quantidade de resíduos sólidos recolhidos foi de 71,3 milhões de toneladas, o que marcou um índice de arrecadação de 91% para o país, um aumento significativo comparado ao ano antecedente, cerca de 7 milhões de toneladas desses resíduos não foram destinados corretamente e aproximadamente 63% dos Resíduos são provenientes da Construção e Demolição. As deposições irregulares, geralmente, resultam de pequenas obras ou reformas realizadas pelas camadas da população urbana mais carente de recursos. Colaborando fortemente para a degradação do ambiente. (PINTO; GONZALVÉZ, 2005). Na figura 3 abaixo ilustra o despejo de resíduos da construção civil de forma inapropriada. Figura 3 - Exemplos de entulhos despejados em vias públicas Fonte: MAIA E GAIA, 2012 19 O despejo inadequado do RCD, contribui de forma significativa para a degradação da qualidade de vida em vários aspectos, tais como, interferências nos sistemas de drenagens causando enchentes, comprometimento do transporte de pedestres e veículos nas vias públicas, poluição visual, bem como a proliferação de vetores de doenças. (FAGURY e GRANDE 2007). A tabela 5 a seguir, relacionam-se algumas doenças causadas à saúde pública pelo acumulo de resíduos depositados irregularmente. Tabela 5: Vetores relacionados a má disposição dos RCD. Vetores Doenças Mosca Febre tifoide, salmoneloses, disenterias Mosquito Malaria, febre amarela, dengue Barata Cólera, amebiase, girdiase Ratos Leptospirose, diarreias, trinquinose Fonte: ROCHA (1997) Outro problema causado pela geração dos resíduos da construção civil, é a saturação dos espaços inocupados nas cidades para o descarte desses materiais. Para Ferreira e Moreira (2013), a saída normalmente encontrada para o RCD (aterros e lixões) possuem vários impedimentos ambientais e se tornam cada vez mais oneroso em função da diminuição de seu espaço útil. Somado a isso, a simples disposição inapropriada do entulho desperdiça um material que pode ter um destino mais nobre através da reutilização e reciclagem. O reaproveitamento deste resíduo é uma escolha econômica vantajosa, na medida em que introduz no mercado um novo material com grande potencial de uso para diferentes fins. O entulho é responsável por altos custos socioeconômicos e ambientais estes gastos são na ordem de R$ 45 milhões/ano para coleta-transporte-deposição destes resíduos (MIRANDA, 2009). 20 3.7 Reciclagem e reuso de resíduos de construção e demolição (RCD) Os resíduos sólidos gerados na construção, reforma ou demolição geram diversos tipos diferentes que podem ser reutilizados depois de uma sondagem e reciclagem, eles são: tijolo, cerâmica, madeira, argamassa, concreto em geral, gesso, ferro entre outros, de acordo com (CONAMA, 2002; Ângulo, 2005). A resolução CONAMA 307 (2002) regulamenta que os resíduos sólidos da construção civil e demolição (RCD) são classificadas em quatro classes citadas a seguir: Classe A: São os resíduos que podem ser reciclados ou reutilizados como agregados de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, solos provenientes de terraplanagem, tais como: bloco de concreto, argamassas, solos, tijolos, entre outros. Classe B: São os resíduos que podem ser reciclados para outras destinações, tais como: Plásticos, papelões, metais, vidros, madeiras, gesso e outros. Classe C: São os resíduos que ainda não foram desenvolvidas tecnologia ou aplicações economicamente viáveis que permitam sua reutilização ou reciclagem, tais como: materiais oriundos do gesso. Classe D: São os resíduos perigoso, oriundos ou aqueles contaminados, prejudiciais à saúde oriundos de construções, demolições, reparos e reformas de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, tais como: tinta, óleos, solventes e etc. 21 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Norte Nordeste Centro-oeste Sudeste Sul Brasil 1,72 8,87 5,07 23,39 6,08 45,13 1,72 8,9 5,041 23,35 6,1 45,111 2015 2016 Figura 4 - Total de RCD coletados no Brasil no ano de 2015-2016. (Mil.t/Ano). Os resíduos são gerados de acordo com a região, a figura 4 demonstra segundo dados da ABRELPE (2015-2016) o total de resíduos coletados no Brasil no ano de 2015 e 2016 por região. Fonte: Adaptado de dados da ABRELPE, (2016). Esta resolução regulamenta ou arbitra para quem compete a responsabilidade do gerenciamento dos resíduos citados acima, tanto para o poder público quanto para iniciativa privada (PINTO, 2005). As empresas de iniciativa privadas são as que mais geram resíduos já que as mesmas é que fazem as obras do poder público através de licitações, compete a elas desenvolverem projetos de gerenciamento especifico para sua modalidade de empreendimento, tanto na construção, reforma ou demolição independente da classificação de risco ambiental. (ALVES; QUELHAS, 2004). Dentro deste gerenciamento podemos dar alguns exemplos de como fazer a triagem dentro da obra antes de lançar nas caçambas estacionárias, os locais de armazenamento devem ser cobertos dependendo do tipo dematerial que vai ser colocado-ali, cada baia deve ter uma cor especifica para facilitar na triagem do material, a triagem deve ser feita diariamente antes de armazenar os resíduos para não acumular, sempre orientar os funcionários da importância da separação dos resíduos etc., essas são ações simples que facilita na hora de lançar na caçamba e reduz o custo do mesmo. (MEHTA e MONTEIRO, 1994). 22 Estatisticamente o Brasil não tinha uma porcentagem de todo o entulho que era gerado nos canteiros de obra, estimava-se que aproximadamente 64% era de argamassa, 30% tijolos de cerâmica e blocos estrutural e 6% de agregados como concreto em geral, dentro desta estimativa é possível a reutilização através da trituração com 90% de aproveitamento, uma porcentagem significativa para o custo da obra, segundo (CAMARGO, 1995). Em 2015 no Estado do Rio de Janeiro o instituto do estadual do ambiente (INEA) através da resolução número 114 elabora norma operacional para o licenciamento de atividades de coleta e transportes rodoviários de resíduos das construções civil (RCC). Dentro da resolução número 114º está elaborado uma ficha (anexo I), onde trata de todas as informações tanto de quem está a gerar o resíduo quanto da empresa que se responsabiliza pelo transporte e o aterro sanitário que se responsabiliza em receber e acomodar da forma correta, As empresas envolvidas têm que estar cadastradas no site do (INEA) assim como os seus responsáveis técnicos (INEA, 2016). Essa ficha vem detalhando todos as informações que dizem respeito ao resíduo que vai ser transportado, sua origem com CNPJ da empresa, que tipo de resíduo e sua classe de periculosidade, toneladas a ser transportada, horário que está sendo retirada da obra, um campo para se tiver alguma observação a adicionar e devidamente assinada pelos responsáveis técnicos das empresas (INEA, 2016). 3.8 Coleta e transporte do RCD. De acordo com a legislação, é de responsabilidade dos geradores do resíduo, o transporte e a distinção final. No entanto e comum que os geradores acabem passando esta responsabilidade para terceiros, ao contratar empresas especializadas em coletar os resíduos gerados nos canteiros de obras (Tipo tele entulho/papa entulho), estas empresas estocam e transportam o entulho até o seu destino final. (CONAMA,2002). Segundo Bruno (2016) existe também, aqueles pequenos geradores de entulho, normalmente são pequenas empresas, responsáveis pela construção, demolição e reformas de obras informais, que por na maioria das vezes, não possuírem condições financeiras de arcar com os custos para a contratação de uma empresa especializada na coleta do entulho, acabam deixando os resíduos gerados na construção, ao longo de estradas, vias públicas, margens córregos e áreas de periferias das grandes cidades, este fato ocorre devido a alguns fatores, dentre eles podemos citar: 23 A falta de fiscalização e controle dos órgãos públicos sobre os serviços privados de coleta e transporte de entulho. Aos altos valores cobrados pelas empresas de coletoras, devido ao consumo de combustível e manutenção constante da frota que precisa percorrer longas distancias entre o ponto gerador até as áreas autorizadas. Falta de incentivo separação e o beneficiamento dos resíduos. A falta de mercado para a captação do RCD. Com isso, fica sob responsabilidade das prefeituras, disponibilizar áreas para a recepção de pequenos volumes de resíduos, bem como o serviço de coleta, definindo o volume máximo a ser coletado e recebido, através de uma legislação municipal (MARQUES NETO, 2005). Segundo John (2000), é comum a utilização de caçambas metálicas nas cidades para recolher o entulho, esta prática vem aumentado com o decorrer dos anos. Apesar de tal fato ser considerado um ponto positivo no que diz respeito a gestão da privada do RCD, o mesmo ainda não é suficiente para acabar com o descarte irregular do entulho. Ainda sobre o autor, outro aspecto relacionado à utilização das caçambas para o recolhimento do RCD, é o fato de que as mesmas podem oferecer riscos à saúde pública e ambiental, tais como: Falta de cobertura de proteção nas caçambas para evitar que a quantidade de resíduos depositados não ultrapasse o limite máximo, evitando o espalhamento de resíduos. Descarte de outros tipos de resíduos que não sejam da construção civil, como resíduos perigosos (Pilhas, baterias, lâmpadas, etc.), ou ainda resíduos orgânicos como restos de alimentos. Falta de sinalização e má conservação dos equipamentos. Acumulo de agua em recipientes vazios, favorecendo a proliferação de vetores. A coleta das caçambas é realizada com a utilização de poli guindastes. Também é comum a utilização de caminhões caçambas, normalmente carregados com tratores equipados com pá carregadeira. (ZORDAN,2000). 24 Figura 5 - Retroescavadeira e Caminhão poli guindaste Na figura 5 que segue abaixo é mostrado um caminhão equipado com poli guindaste utilizado na coleta das caçambas carregadas com entulho e uma retroescavadeira fazendo a coleta do entulho. Fonte: nelclix.com.br Segundo Pinto (2005), a coleta do RCD também e feita através de veículos menores como caminhonetes e carroças de tração animal, este tipo, representa um percentual considerável do recolhimento do RCD, e não deve ser desprezado quando é elaborado algum levantamento de dados sobre o Resíduos da construção civil. 3.9 A reciclagem do RCD no Brasil. De acordo com a ABRECON (2015) estimam-se que no Brasil existam cerca de 310 usinas recicladores de RCD, sendo a maior parte delas com capacidade produtora de 5.000 m³ a 10.000m³ por mês. Estima-se ainda que são reciclados apenas 21% do total de RCD gerado no país. A figura 6 abaixo apresenta os principais consumidores de RCD reciclado por estas usinas. 25 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% [NOME DA SÉRIE] [VALOR] [NOME DA SÉRIE] [VALOR] [NOME DA SÉRIE] [VALOR] [NOME DA SÉRIE] [VALOR] Outros [VALOR] Figura 6 - Principais Consumidores de RCD destas usinas. Fonte: Adaptado ABRECON (2015) O entulho reciclado apresenta propriedades químicas e físicas mínimas necessárias para a sua utilização como material de construção nos canteiros de obra. (ABRECON, 2015) As primeiras usinas de reciclagem foram instaladas pelas prefeituras de São Paulo, Londrina e Belo Horizonte, entre os anos de 1991 e 1994. Na figura 7 acima ilustramos o processo físico desde sua matéria bruta acabada até o seu agregado reciclado. 26 Figura 7 - Processo de reciclagem do RCD. Fonte: Monteiro (2001) O bloco quando quebrado se torna entulho (RCD), ele é transportado por uma retroescavadeira ou algum outro maquinário que a empresa tenha, ele levará o produto bruto ao britador onde será triturado e passara por uma peneira que fará a separação, essa separação depende da espessura dos vãos da peneira podendo variar de acordo com a necessidade da obra. (MEHTA e MONTEIRO, 1994) 3.10 Vantagens e benefícios gerados com a reciclagem do RCD. De acordo com a resolução 307 da CONAMA (202), a reutilização de resíduos é definida como o processo de reaplicação desse resíduo sem transformação do mesmo, enquanto a reciclagem é um processo de reaproveitamento do resíduo, após ter sido submetido a transformação. Os primeiros indícios de reutilização de resíduos minerais que se tem registro, datam da época das cidades do império romano, entretanto, o desenvolvimento de tecnologias e a reciclagem em larga escala dos resíduos, tiveram início após a 2º guerra mundial. Tal fato foi desencadeado, devido à grande demanda deagregados necessários para a reconstrução dos edifícios demolidos em cidades europeias durante a guerra. (LEVY,1995). Para Zordan (1997), o processo de reciclagem viabiliza o reaproveitamento de muitos elementos minerais, não havendo a obrigação de separação e a utilização dos agregados 27 reciclados, resulta em uma substituição significativa quanto aos agregados naturais, é considerado uma alternativa viável para produção de concreto. Obtêm-se do processo de reciclagem uma redução dos impactos ambientais e economia bastante considerável de energia no processo de moagem do resíduo. A cultura de reciclagem do RCD, ainda não é uma prática amplamente utilizada, podendo variar de um pais para o outro. Na Europa por exemplo, há países em que a taxa de reciclagem dos resíduos chega a 90%, como é o caso da Dinamarca, já em outros países a taxa não atinge 5%, com na Espanha por exemplo. O governo da Dinamarca, estimula frequentemente e redução de resíduos gerados, e a reciclagem dos mesmos, através de projetos de gestão municipal de resíduos, obrigatoriedade de projetos de gestão nas obras, aplicação de regras e condições referentes a separação e o tratamento durante o licenciamento, aplicação de elevadas taxas conforme a quantidade de resíduos produzidos na obra, etc. Estas medidas justificam os elevados índices de reciclagem na Dinamarca. (WAMBUCO,2002). Segundo Levy (2007), na produção de 1m³ de concreto com reciclados se tem uma economia significativa por m³. “Para a produção de 1m³ de concreto, gasta-se em média 300 kg de cimento, 0,60 m³ de areia e 0,80 m³ de brita. Para a produção de 1m³ de concreto reciclado, foi substituído 20% do agregado natural por reciclado. De acordo com Fernandes (2015) com 32,8 toneladas de resíduos é possível produzir 8.640 blocos, o que é suficiente para erguer a residência popular. Além disso, a quantidade de blocos necessários para a construção de uma casa permite que se evite despejar na atmosfera 3.996 kg de CO2, conforme dados do Ministério de Minas e Energia. Isso significa também uma economia equivalente a 21 árvores. A reciclagem e a reutilização do RCD, traz inúmeros benefícios econômicos e ambientais para a sociedade, como: Economia na aquisição de agregados, substituindo o agregado pelo agradado reciclado de entulho; Aumento da vida útil de aterros de inertes, Preservação das reservas de matéria prima não renováveis. 28 3.11 Dificuldades encontradas para realizar a reciclagem do RCD. A falta de conhecimento da população em geral, é o maior obstáculo encontrado neste processo. Fazendo com que maioria da população, enxerguem o resíduo como, nada mais do que lixo. O não reuso do RCD está relacionado com a falta de cultura de reciclagem dos agregados. (ESPINELLI,2005). Ainda sobre o autor, desde a pequenas reformas a grandes construções é fácil observar os resíduos descartados e misturados em caçambas de empresas que em geral são terceirizadas. O resultado desse descarte irregular é a contaminação dos resíduos que poderiam ser reutilizados e a sua capacidade de reaproveitamento. O CONAMA determina que o gerador faça a segregação dos resíduos por ele gerados, de acordo com as classes determinadas na resolução 307, atualizada pela 431. Apesar da evolução das técnicas de reciclagem dos últimos anos, não podemos dizer que a reciclagem se tornou uma ideia difundida. (LEVY,2007). Para Pinto (1999), existem alguns agravantes para o RCD, como: Falta de conhecimento sobre a quantidade de volumes gerados. Os graves impactos que os resíduos causam ao meio ambiente. O alto custo social envolvido. Falta de conhecimento sobre as possibilidades de reaproveitamento do RCD. 3.12 Fabricação de blocos de concreto. 3.12.1 Processo de fabricação dos blocos de concreto. Na fabricação dos blocos de concreto, são utilizados os seguintes materiais: cimento, pó de brita areia e água. Entretanto, em alguns casos podem ser utilizados redutores de água, que são aditivos usado com a finalidade de possibilitar a redução da quantidade de cimento ou de água, 29 sem a diminuição da trabalhabilidade. (MEDEIROS,1993). O processo de fabricação dos blocos e composto pelas seguintes etapas: dosagem, mistura úmida e “farofada” dos materiais, moldagem do material, vibração, prensagem e cura. (BARBOSA, 2012). 3.12.2 Dosagem ou proporcionamento dos materiais. A dosagem e o estudo que visa determinar as quantidades dos materiais a serem utilizados, para a obtenção dos blocos pré-fabricados. (BARBOSA, 2012). Segundo Souza (1999) os métodos de dosagem de blocos de concreto mais conhecidos são: Método Besser (Besser Company): baseado no ajuste de traço pela granulometria final das misturas; Método do American Concrete Institute – ACI: que se baseia no módulo de finura (MF) da mistura de agregados utilizados, que deve ficar em torno de 3,70; Método da Associação Brasileira de cimento Portlando- ABCP: que se baseia no proporcionamento entre agregados que resultem na maior compacidade possível. 3.12.3 Mistura e moldagem. De acordo Souza (2005), a mistura dos materiais básicos é uma das fases mais importantes que constituem o processo de produção dos blocos de concreto, entretanto, esta fase em muitas das vezes não recebe a devida atenção. Para Paiva (2011) a ordem mais adequada para depositar os materiais na misturadora é: 1) Pedrisco e parte da água, ligando-se a misturadora por apenas alguns segundos. Esse procedimento permite lavar a agregado, retirando o material fino que fica aderido as suas partículas; 2) Cimento, misturando-o com o pedrisco fazendo com que as partículas do agregado sejam envolvidas por uma camada de pasta de cimento e 3) Areia e o restante da água. 30 Figura 8 - Vibro prensa para blocos de concreto. Fonte: equipedeobra17.pini.com.br A moldagem na vibra-prensa, ocorre logo após a etapa de mistura ser concluída, o material que vai para a moldagem dos blocos, e submetido a compactação, por meio de vibração e prensagem. Os tempos de alimentação e vibração do equipamento devem ser respeitados para que se obtenha blocos de concreto com características de projeto adequadas e grau de compactação previstos. (PAIVA,2011). A figura 8 abaixo mostra a vibro prensa onde os blocos tomam forma. 3.12.4 Processo de cura A cura e o processo que visa garantir ao bloco de concreto se torne menos poroso e consequentemente mais resistente. A escolha do processo de cura adequado, influencia em uma série de fatores tais como: economia no consumo de cimento e no tempo necessário para cura. O processo de cura e responsável por proporcionar ao bloco durante certo tempo, condições de umidade, temperatura e pressão, necessários a uma adequada reação de hidratação do cimento (TANGO, 1984). 31 A hidratação do cimento e uma reação química entre o cimento e a água, esta reação e responsável pela pega, que é a caracterização do início das reações de hidratação. (NEVILLE, 1997). Para John (2000), na produção dos blocos de concreto, os três tipos de processo de cura mais utilizados são: Cura através de autoclaves; Cura natural ao ar livre e Cura em câmara a vapor 3.13 Classificação dos blocos de concreto. De acordo com a norma ABNT NBR 6136:2007, os blocos de concreto que são utilizados execução de alvenaria podem ser, com ou sem função estrutural e sua área liquida (área média da seção perpendicular aos eixos dos furos, descontadas as áreas dos vazios) é igual ou inferior a 75% da áreabruta (área média da seção perpendicular aos eixos dos furos, sem desconto das áreas dos vazios). Na figura 9 abaixo e mostrado um exemplo de bloco de concreto. Fonte: http://www.sbpisos.com.br/blocos-de-concreto.html A grande diferença entre os dois é a resistência requisitada em cada um deles, é necessário salientar que o bloco de vedação apenas exerce função de vedação e suporta apenas seu peso Figura 9 - Bloco de concreto sem função estrutural. 32 próprio. Sabe-se que não há como a alvenaria de vedação substituir a alvenaria estrutural, uma vez que ela não pode desempenhar a função de estrutura no projeto. (NBR 6136:2007). As opções mais comuns de sistemas construtivos estruturais são a estrutura de concreto armado e estrutura de aço, que são preenchidas com paredes de alvenaria de vedação ou a própria parede de alvenaria estrutural, com bloco estrutural. A ABNT NBR 6136:2007 disponibiliza a classificação dos diversos tipos de blocos conforme tabela 5 que segue abaixo. Tabela 5 - Classificação dos blocos de acordo com NBR 6136/2007 CLASSE DESCRIÇÃO Classe A Com função estrutural para uso em elementos em alvenaria acima ou abaixo do nível do solo. Classe B Com função estrutural para uso em elementos em alvenaria acima do nível do solo. Classe C Com função estrutural para uso em elementos em alvenaria acima do nível do solo. Classe D Sem função estrutural para uso em elementos em alvenaria acima do nível do solo. Fonte: Adaptado ABNT NBR 6136:2007 Os blocos estruturais, são amplamente empregados na construção civil, na execução de projetos tais como: construção de edifícios e residências que possuam até 16 pavimentos. A taxa de resistências dos blocos estruturais varia entre 4,5 MPa e 16 MPa. Geralmente os blocos são comercializados em classes, a classe de resistências inferiores a 4,5 MPa tem uso restrito ao uso em paredes com revestimento e não expostas as intempéries. Sua determinação deve atender as prescrições da NBR 6136/2007, conforme tabela 6 que segue abaixo. 33 Tabela 6 - Resistência mínima exigida em cada classe de bloco. Classe Resistencia Característica (MPa) A ≥ 6 B ≥ 4 C ≥ 3 D ≥ 2 Fonte: Adaptado ABNT 6136/2007 Os blocos sem função estrutural, também conhecido como bloco de vedação (figura 10), são os blocos com função simples de vedação, podem ser encontrados em diferentes lojas de material, é fabricado por diferentes tipos materiais, tais como: tijolo cerâmico, bloco de vedação em concreto, bloco de vedação em gesso hidrogufado¹. É bastante utilizado para fazer o fechamento das paredes. (NBR 6136:2007). Fonte: http://www.sbpisos.com.br/blocos-de-concreto.html Sua utilização proporciona ao escolher deixa-lo aparente, dispensamos o uso de chapisco e reboco, ou optando em revesti-lo, esta ação será mais econômica, já como não há necessidade de grandes quantidades de massas, pois o bloco vedação de concreto possui uma superfície lisinha, proporcionando o trabalho mais ágil e limpo. Depois do processo de fabricação Figura 10 - Bloco de vedação em concreto 34 do bloco de vedação deve se fazer alguns testes para se obter os resultados desejados. (AZEVEDO, 2012). Segundo Pinto e Carlos Alberto Machado (2014), existe uma grande perca dos blocos nas construções, tanto no seu armazenamento quanto na locomoção e isso chega a uma porcentagem de 4,74%, elevando assim os custos das obras. Ainda referenciando Pinto e Carlos Alberto Machado (2014), um somatório total de percas de todos os blocos teve um total de 38.440 blocos, onde o 14 x 19, 39 foi o adotado por ser o mais utilizado na obra. A industria de bloco Multibloco, por seguir a NBR 6136 foi a que adotamos para utilizar o peso, ela informa que o bloco adotado de 14 x 19 x 39 tem o peso de 11,07 Kg a unidade em media. 4 ESTUDO DE CASO 4.1 Análise financeira da reciclagem do bloco de concreto na construção civil. Para realizar a análise dos custos referente a reciclagem do bloco, foi necessário fazer uma pesquisa dos valores do investimento em equipamentos de reciclagem e os custos para a operação do mesmo, incluindo também os custos com mão de obra necessária para realizar a reciclagem dos blocos para obter agregados para serem utilizados na própria obra. 4.1.1 Valor da caçamba Caçambas estacionárias são estruturas metálicas com capacidade para cerca de 5 m³ conforme demonstrado na Figura 11, indicadas ao acondicionamento de resíduos cuja massa e volume de geração sejam consideráveis, como os pertencentes à Classe A, além das madeiras, 35 classificadas como Classe B. Sua retirada do local é realizada por caminhões-caçamba, projetados especialmente para este fim, que levam a caçamba até o local de segregação, tratamento dos resíduos ou destinação final. (SOUZA,2005) A caçamba estacionária tem um custo de R$200,00 reais a semana (7 dias), durante esse período ela deverá ser preenchida com o resíduo gerado pela obra e de forma separada, sem misturar os entulhos de acordo com a empresa que foi feito o orçamento, Maquinário e Andaimes Cabo Frio (MACF, 2018), em anexo XXXXX Fonte: Souza (2005) Bloco X peso 1 Bloco 11,07 Kg 38,440 Blocos X X = 425.530,8 Kg Figura 11 - Caçambas Estacionárias 36 Peso x Caçambas 6.000 Kg 1 Caçamba 425.530,8 Kg X X = 70.921,8 Caçambas Caçambas X R$ utilização durante um mês 1 Caçamba R$ 200.00 reais 8 caçambas = R$ 1,600 .00 reais 71 Caçambas X X = R$ 14,200 .00 reais 4.1.2 Baias As baias podem ser utilizadas para o acondicionamento de resíduos Classes B, C e D, haja vista que resíduos Classe A, cujo volume gerado é significativo, demandam espaços com acesso mais facilitado para o transporte e estruturas mais robustas, como caçambas estacionárias. Caso sejam depositados resíduos pertencentes à Classe D, há a necessidade de cobertura das baias, bem como a garantia de que o piso seja impermeabilizado, de modo a evitar a contaminação do solo, representada na figura 12 abaixo. 37 Figura 12 - Baia fixa Fonte: Souza (2005) Os agregados tipo: areia e britas não precisam ficar cobertos e isolados, custo zero. 4.2 Custos operacionais 4.2.1 Valor do funcionário Na tabela 7 que segue abaixo, e mostrado o valor da mão de obra necessário para realização da reciclagem do bloco de concreto. Tabela 7 - Valor de mão de obra necessário para a reciclagem. CBO CARGO JORNADA PISO MÉDIA MAIOR SALÁRIO/HORA 717020 AUXILIAR DE PEDREIRO 44 954 1.187,55 1.1794,66 5,41 Fonte: Adaptado de CAGED/MTE - Salario.com.br - Período: de 02/2018 até 09/2018 38 4.2.2 Valor do maquinário A tabela 8 que segue abaixo, mostra o custo completo do maquinário necessário para realizar a reciclagem do bloco de concreto. Tabela 8 - Valor do investimento inicial. Fonte:www.usimak.com.br - Valor da cotação em anexo No site da empresa vem especificando que a capacidade em media de triturar os blocos é de até 0,5 metros cúbicos por hora, se colocarmos essa metragem por horas e dias trabalhados em um mês teremos aproximadamente: Hora x Metro cúbico Dia x Mês 1 hora 0,5 metros cúbicos 1 dia4 metros cúbicos 8 horas X 22 dias X X = 4 metros cúbicos X = 88 metros cúbicos Na figura 13 que segue abaixo mostra um triturador de entulhos utilizado na reciclagem dos blocos de concreto. TRITURADOR DE ENTULHOS TM5 Abertura da entrada 20x25 cm Martelos em aço CA50 encrustato com Widea Motor de 5 cv Dimensões: 100x120x140 cm TOTAL= R$ 5.990,00 39 Fonte: Usimak.com.br 4.2.3 Valor do custo da energia gasta pelo equipamento. A figura 14 que segue abaixo, mostra o valor aproximado do custo de energia elétrica, gerado pelo equipamento de reciclagem. Para calcularmos o custo de energia do equipamento, primeiro convertermos a potência do equipamento que é fornecida em cv, conforme a tabela 8, para kw, retirado da tabela de conversão anexo IV aplicando uma regra de três conforme descrita abaixo: 1cv 0,7355 Kw 5 cv X X= 3.6775 Kw Figura 13 - Triturador de entulhos. 40 Valor do Kw/h 0,83300R$ Equipamento Qtd Potência Triturador de entulhos 1 3,6775 kw 8 h/d 647,24 KWh 539,15R$ 22 Planilha consumo de energia eletrica Dias utilizados mês Total no mêsTempo de uso h/d Total aproximado da fatura Logo após, consultamos na tabela 9, o valor do kw/h, e em seguida aplicamos a formula, Consumo = Potência do aparelho em Watts x horas de funcionamento por mês. Fonte:Adaptado Res. Homol. ANEEL 2.377, de 14/03/2018 - vigência 15/03/2018: Figura 14 - Valor de gasto de energia do equipamento ao longo de um mês. 41 A tabela 9 que segue abaixo, foi elaborada a partir do site da ANEEL, e foi utilizada para a elaboração do cálculo de consumo de energia do triturador de entulho. Tabela 9 - Valores de custo de energia. RESIDENCIAL BAIXA RENDA - B1 R$/kWh VERDE AMARELA VERMELHA 0 A 30 kWh 0,25444 0,25981 0,28131 31 a 100 kWh 0,43618 0,44539 0,48225 101 a 220 kWh 0,65427 0,66809 0,72337 ACIMA 220 kWh 0,72697 0,74232 0,80375 B1 - RESIDENCIAL NORMAL 0,75622 0,77158 0,833 SUB-GRUPO - OUTROS R$/kWh B2 - R U R A L 0,3742 0,38505 0,42847 B2 - RURAL IRRIGANTE 8,5 horas 0,10103 0,10396 0,11569 B2 - SERV PUBLICOS IRRIGACAO 0,32073 0,33159 0,37501 B3 - AGUA, ESG. E SANEAMENTO 0,64279 0,65814 0,833000,71957 B3 - DEMAIS CLASSES (Com, Ind e Poder Público) 0,75622 0,77158 0,833 B4a - ILUMINACAO PUBLICA 0,41592 0,43128 0,49271 B4b - ILUMINACAO PUBLICA 0,45372 0,46907 0,5305 Fonte: Adaptado Res. Homol. ANEEL 2.377, de 14/03/2018 - vigência 15/03/2018 42 4.2.4 Valor do metro cúbico da areia e da pedra 0 A figura 15 abaixo, mostra as dimensões da caçamba do caminhão utilizado para o transporte dos agradados. Figura 15 - Dimensões de uma caçamba de caminhão. Fonte: Adaptado engecia.blogspot.com O valor do orçamento em anexo VI da brita zero foi de 165 reais e da areia 98 reais, em um caminhão cabe 6,8 metros cúbicos como mostra a figura, por media é gasto dois caminhões por semana de brita e areia, calculo demonstrando os valores logo a baixo. Brita x R$ Areia x R$ 1 Metro cúbico R$ 165 reais 1 Metro cúbico R$ 98 reais 6,8 Metros cúbicos X 6,8 Metros cúbicos X X = R$ 1.122,00 reais X = R$ 666,40 reais 43 4.2.5 Resultado do custo. Na tabela 10 que segue abaixo, e informado os custos de uma obra no período de 22 dias, sem a reciclagem do entulho (bloco de concreto). Tabela 10 - Tabela de custos sem reciclagem ITEM QUANTIDADE UNIDADE VALOR UNITARIO CUSTOS SEM RECICLAGEM CAÇAMBA 8 UN R$ 200,00 R$ 1.600,00 MÃO DE OBRA 220 Media hh/mês R$ 5,41 R$ 1.188,00 BRITA 27,2 m³ R$ 165,00 R$ 4.488,00 AREIA 27,2 m³ R$ 98,00 R$ 2.666,00 TOTAL R$ 8.341,15 Fonte: Próprio autor Na tabela 11 que segue abaixo, e informado o aumento de custos de uma obra no período de 22 dias, com a reciclagem do entulho (bloco de concreto). Tabela 11 - Tabela de custos com a reciclagem. ITEM QUANTIDADE UNIDADE VALOR UNITARIO CUSTOS COM RECICLAGEM MÃO DE OBRA 220 Media hh/mês R$ 5,41 R$ 1.187,55 ENERGIA 647,24 kw/h R$ 0,83 R$ 539,15 MAQUINARIO 1 UN R$ 5.990,00 R$ 5.990,00 TOTAL R$ 7.716,70 Fonte: Próprio autor 44 Para iniciar a reciclagem dos blocos de concreto e necessário um investimento inicial de R$ 7.716,70 reais, com equipamento custo de energia e mão de obra. Tabela 12 - Valores economizados na obra. ITEM QUANTIDADE UNIDADE VALOR UNITARIO ECONOMIA CAÇAMBA 8 UN R$ 200,00 R$ 1.600 BRITA 6,8 m³ R$ 165,00 R$ 1.122 AREIA 6,8 m³ R$ 98,00 R$ 666 TOTAL ECONOMIZADO COM A RECICLAGEM R$ 3.388,40 Fonte: Próprio autor 5 CONCLUSÃO A sustentabilidade é um conceito que nunca vai sair de moda e hoje existem muitas leis que regulamentam e fomentam sua existência por motivos muito óbvios, a sobrevivência da raça humana no planeta, todos os autores , leis e resoluções tratam o meio ambiente e o poluidor de forma distinta ressaltando o dever de gerenciar de forma correta os resíduos gerado em sua empresa, e por esse motivo as empresas veem investindo em formas de reaproveitar os resíduos no próprio local, unindo o social, econômico e financeiro (Tripé). Todos os dados abordados no estudo de caso, teve muita pesquisa de mercado e conseguimos levantar que ao invés de se pagar para jogar essa matéria prima em aterros sanitários podemos reaproveitar e economizar comprando menos agregados para o concreto na estrutural. 45 De acordo com a tabela do custo beneficio no período de 22 dias trabalhados de um mês, um investimento de R$ 7.717,00 reais com a reciclagem, sem a reciclagem teria gasto um total de R$ 9.941,60 reais, somando os dois resultados tivemos uma economia de R$ 8.753,60 , tirando o investimento teríamos em caixa R$ 1.036,60 reais, isso reciclando só a quantidade desejada, que levaria menos de três semanas reciclando, com os cálculos do quantitativo médio que ele tritura em 22 dias trabalhados fez 88 metros cúbicos onde só precisaria de 54,4 metros cúbicos e fez 33,6 metros cúbicos a mais, calculados no valor do maquinário pag. 36.. 46 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ABRECON, Quem somos. Disponível em: <http://www.abrecon.org.br/index.php/quem- somos/>. Acesso em 27 de março de 2016. ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2016. Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. ABRELPE. Disponível em: http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2016.pdf Acesso em: 02 de Novembro de 2018. ALVES, Carlos Eduardo Teobaldo; QUELHAS, Osvaldo L. G.. A ecoeficiência e o ecodesign na indústria da construção civil: uma abordagem à prática do desenvolvimento sustentável na gestão de resíduos com uma visão de negócios. Rio de Janeiro: Associação Educacional Dom Bosco, 2004. 10p. Disponível em: <http://www.aedb.br/seget/artigos04/106_seget%20artigo.doc>. Acesso em: 08 nov. 2017. ANGULO, S.C. Caracterização
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