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O FAZER DOCENTE

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O FAZER DOCENTE 
Dra. Sylvia Bittencourt 
Objetivo: Apresentar informações práticas de como a Organização do Trabalho 
Docente de um professor em sala de aula decorre do trabalho de décadas e de diversas 
instâncias gestoras. 
Introdução: Ao escolhermos a profissão docente, opta-se pela ação intencional de 
estar interagindo com novas gerações, ao longo de décadas. Como toda ação pedagógica 
está voltada para o futuro, o planejamento será uma prática constante e sistemática, que 
exige uma concentração individual para a pesquisa dos conteúdos e métodos, como 
também um diálogo permanente com os pares para inserir-se no coletivo escolar. É nesse 
coletivo que as matérias, as disciplinas, os conteúdos, os métodos e técnicas de ensino, 
serão discutidos e ressignificados no momento de organizar sua prática pedagógica. 
Cada vez mais os sistemas de ensino vêm solicitando o trabalho pedagógico em forma 
de projetos por meio dos quais se dá o ensino/ aprendizagem. Em cada instituição o 
planejamento escolar pode estar contido no Projeto Político Pedagógico – PPP, ou no Plano 
de Desenvolvimento Escolar – PDE. 
Depois de feito o planejamento curricular que é a organização da dinâmica escolar e 
que sistematiza as ações escolares, desde o espaço físico até as avaliações da 
aprendizagem.; depois do planejamento de ensino que envolve a organização das ações 
dos educadores, durante o processo de ensino e integra o corpo docente, coordenadores 
e alunos na elaboração de uma proposta de ensino/aprendizagem, que será projetada para 
o ano letivo e constantemente avaliada; chega-se ao momento do planejamento de aula, o
que organiza ações referentes ao trabalho na sala de aula. É o trabalho individual do 
professor preparando o desenvolvimento da aprendizagem de seus alunos de forma 
coerente e articulada tanto com o planejamento curricular, quanto com o planejamento 
escolar e de ensino. Cabe ao docente fazer o que seria futuro, tornar-se presente. 
Por ser uma atividade de natureza prática, o planejamento organiza-se em etapas 
sequenciais, que devem ser respeitadas no ato de planejar: 
1. Diagnóstico sincero da realidade concreta dos alunos. Estudo real da escola e a
sua relação com todo contexto social que está inserida.
2. Interação social e cultural com a comunidade discente e suas famílias.
3. Organização do trabalho pedagógico. A partir de escolhas intencionais para a
definição de objetivos a serem alcançados, para a escolha de conteúdos a serem
aprendidos pelos alunos e a seleção das atividades, técnicas de ensino, que serão
desenvolvidas para que a aprendizagem dos alunos se efetive. Esse momento
representa a organização da metodologia de ensino.
4. Processo de avaliação da aprendizagem. Sendo a avaliação entendida como um
meio, não um fim em si mesma, mas um meio que acompanha todo processo da
metodologia de ensino. A avaliação deve diagnosticar, durante a aplicação da
metodologia de ensino, como os alunos estão aprendendo e o que aprenderam,
para que a tempo, se necessário, a metodologia mude seus procedimentos
didáticos, favorecendo a reelaboração do ensino, tendo em vista a efetiva
aprendizagem.
Lembre-se de que as competências e habilidades, relativas ao planejamento 
de aula são saberes adquiridos ao longo de sua formação de professor, por 
isso, aproveite ao máximo cada disciplina, cada conteúdo e cada atividade. 
 Algumas habilidades e competências do profissional da educação precisam ser 
valorizadas, pois são pré-requisitos da docência. Vejamos: 
 Conhecer em profundidade os conceitos centrais e leis gerais das disciplinas da
grelha curricular das primeiras séries do ensino fundamental, os conteúdos
básicos, bem como dos seus procedimentos de pesquisa.
 Saber avançar das leis gerais para a realidade concreta, entender a complexidade
do conhecimento para poder orientar a aprendizagem.
 Escolher exemplos concretos e atividades práticas que demonstrem os conceitos
e leis gerais, os conteúdos e os assuntos de maneira que cada um e todos os
entendam. Ficar atento para expandir o repertório de exemplos, uma vez que o 
dialogismo entre docente e discente é o caminho para se fazer entender. 
 Iniciar o ensino do assunto pela realidade concreta (objetos, fenômenos, visitas,
filmes), para que os alunos formulem relações entre conceitos, ideias - chave, das
leis particulares às leis gerais, para chegar aos conceitos científicos mais
complexos. Partir da realidade e da experimentação são valiosos recursos
motivacionais.
 Saber criar problemas e saber orientar os estudantes para solucioná-los
encaminhando para situações de aprendizagem mais complexas, com maior grau
de incerteza, pois isso propicia a iniciativa e a criatividade do aluno.
A organização dos conteúdos e o desenvolvimento das habilidades e competências 
se fazem por um processo permanente que tem início no que está previsto nos Referenciais 
Nacionais Curriculares e nas Propostas Curriculares. As linhas traçadas em âmbito 
nacional chegam à escola para nortear o Projeto Pedagógico, conferindo à instituição a 
liberdade para optar por diferentes linhas metodológicas e didáticas e assim dar vida à sua 
prática docente diferenciada. 
Se por um lado, existe autonomia das escolas para a elaboração de seu Projeto 
Político Pedagógico, por outro, estudos realizados sobre mecanismos da gestão escolar 
estabeleceram protocolos a serem adotados pelas escolas, para que sejam abordados no 
PPP, aspectos indispensáveis para sustentar a gestão da escola. Ao longo de sua vida 
profissional, você verá diferentes estruturas de planejamentos, isso em relação a diferentes 
instituições ou sistemas de ensino. No entanto, há elementos constitutivos que são 
essenciais e por isso imprescindíveis. São eles: Objetivos, Conteúdos, Metodologias e 
Avaliação da aprendizagem. Tópicos esses que já estabelecem linhas de ação do docente 
em sala de aula. 
Partindo do pressuposto de que toda ação humana tem um propósito orientado e 
dirigido em prol daquilo que se quer alcançar, a ação docente deve ser realizada em função 
dos objetivos educacionais. São eles que orientam a tomada de decisão no planejamento, 
porque são proposições que expressam com clareza e objetividade a aprendizagem que 
se espera do aluno. São os objetivos que norteiam a seleção e organização dos conteúdos, 
a escolha dos procedimentos metodológicos e definem o que avaliar. 
 Para se articular os valores gerais da educação (concepção de educação) com as 
aprendizagens dos conteúdos programáticos e as atividades que o professor pretende 
desenvolver na sua aula, elaboram–se os objetivos gerais e os específicos. 
1. O objetivo geral expressa propósitos mais amplos acerca da função da educação,
da escola, do ensino, considerando as exigências sociais do país/ estado e
município, do desenvolvimento da personalidade ou do desenvolvimento
profissional dos alunos. Podemos pontuar os seguintes objetivos gerais que
orientam a prática dos professores e que são decorrentes dos princípios
constitucionais e o consagrado pelo Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
 A educação escolar deve possibilitar a compreensão do mundo e os
conteúdos de ensino; instrumentalizar culturalmente os professores e os
alunos para o exercício consciente da cidadania;
 A escola deve garantir o acesso e a qualidade do ensino a todos, garantindo
o desenvolvimento das capacidades físicas, mentais, emocionais dos
professores e alunos; 
 A educação escolar deve formar a capacidade crítica e criativa dos conteúdos
das matérias de ensino. Sob a responsabilidade do professor os alunos
desenvolverão o raciocínio investigativo e de reflexão;
 O percurso de escolarização visa atender à formação da qualidadede vida
humana. Professores e alunos deverão desenvolver uma atitude ética frente
ao trabalho, aos estudos, à natureza etc.
2. Os objetivos específicos expressam as expectativas do professor sobre o que
deseja obter dos alunos no processo de ensino. Ao iniciar o planejamento, o
professor deve analisar e prever quais resultados ele pretende obter, com relação
à aprendizagem dos alunos. Esta aprendizagem pode ser da ordem dos
conhecimentos, habilidades e hábitos, atitudes e convicções, envolvendo
aspectos cognitivo, afetivo, social e motor.
 Os objetivos específicos devem estar vinculados aos objetivos gerais, e
retratar a realidade concreta da escola, do ensino e dos alunos.
Correspondem às aprendizagens de conteúdos, habilidades, competências,
atitudes e comportamentos.

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