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Orientação Profissional, Mercado de Trabalho e Ética Empregabilidade e Carreira Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Marcelo Marcondes de Mello Revisão Textual: Profª. Esp. Márcia Ota 5 Há novas situações no mundo corporativo e na taxa de empregabilidade que antes não nos preocupavam, já que ter nível de instrução e educação suficientes aliados à experiência profissional era o bastante para manter a empregabilidade. Além disso, um assunto bastante recente é a Autogestão que muda com força o quadro de empregos formais e tradicionais. Como não considerar importantes os assuntos que abordam esses temas? Assim, mãos à obra para estudar e entender os novos tempos quando se trata de empregos e gestão de carreira no que se refere à ligação com aqueles que precisam se empregar e aqueles que contratam. Esses são os assuntos da nossa atenção nesta unidade. Vale destacar que estamos organizados neste material para, em princípio, debater essas questões, colocando os assuntos em voga para entendimento de quanto isso deve ser considerado por gestores modernos como você, que se ainda não o é, certamente o será. · Nesta unidade entenderemos sobre a empregabilidade e o mercado, além dos tópicos sobre o desemprego e a autogestão Empregabilidade e Carreira · Empregabilidade · Empregabilidade: O planejamento de carreira e sua contribuição para o profissional do futuro · Considerações · Autogestão 6 Unidade: Empregabilidade e Carreira Contextualização A avaliação do mercado de trabalho e a empregabilidade são parâmetros necessários para que possamos participar de processos que permitam manter e desenvolver nossas carreiras. Além disso, temos que tratar e estudar a autogestão já que este é realmente um assunto bastante recente diante de um mercado que ficou estacionado durante muito tempo. Uma situação que sempre nos ocorre é nunca pensar que precisamos nos preocupar com a empregabilidade porque estudamos o suficiente ou porque temos carreiras consolidadas. Enfim, temos experiência. Acreditamos que todos nós precisamos estar atentos à condição de empregabilidade. Uma reflexão interessante a fazer e considerar. Vamos refletir sobre isso? 7 Empregabilidade O assim chamado “mercado de trabalho” adapta-se com frequência e isso exige os mesmo dos profissionais que atuam nesse mercado. Recentemente, surgiu o conceito de empregabilidade e exige-se isso dos profissionais e seus respectivos currículos. Isso significa destacar e deixar em evidência suas habilidades e competências. O profissional não pode prometer o que não tem competência para cumprir. Deixar evidentes e esclarecidas essas competências passou a ser uma exigência do mercado de trabalho que, no tempo em que vivemos, tem perceptivelmente imprimido uma velocidade nunca experimentada nestas relações. Glossário Empregabilidade : é a capacidade de adaptação às mudanças. Um profissional dotado de empregabilidade é aquele que conhece suas competências e habilidades e saiba como aplica-las na medida em que dele se exige isso. A capacidade de estar empregado está diretamente ligada ao tipo do trabalho que pode ser a estruturação de um próprio negócio ou como funcionário prestador de serviços a uma empresa seja de que tamanho for. É absolutamente estar ancorado em bases suficientemente fortes que incrementem o crescimento profissional e também sua transformação. Nesse cenário, ainda é possível afirmar que se compreende por empregabilidade a contínua procura por desenvolvimento de habilidades e competências ligadas por meio não só de conhecimentos, mas também da multifuncionalidade que transforma o profissional em agente pronto para conseguir trabalho na empresa ou fora dela. Essa expressão, empregabilidade, apareceu nos últimos 10 anos em função da necessidade dos trabalhadores em adquirir conhecimentos adicionais que pudessem adicionar informações que permitissem a eles estarem atualizados com as evoluções do mercado de trabalho. Até então, as oportunidades de trabalho eram quase todas ofertadas pelo setor secundário, ou seja, as indústrias. Em continuidade a isso, e quase como uma consequência natural, apareceram as primeiras oportunidades no setor de serviços que trazem no seu contexto a exigência de profissionais com diferente perfil e com a capacidade de desenvolvimento para outras e novas atividades. Segundo Chiavenato (1999): [...] a empregabilidade surgiu em função aumento do índice de desemprego. Portanto, origina-se da diferença entre a velocidade das mudanças tecnológicas, as quais exigem do indivíduo novos conhecimentos e habilidades e a velocidade da reaprendizagem e atualização profissional. 8 Unidade: Empregabilidade e Carreira Para facilitar, razoavelmente, isso se pode seguir um roteiro prático conforme segue: a) Buscar informações inerentes às áreas que atua ou deseja fazê-lo: as áreas de trabalho têm diferentes velocidades no que diz respeito às mudanças. Algumas exigem mais e isso obriga o profissional a buscar mais informações constantemente. Isso é um pouco diferente do que chamamos, normalmente, de atualizações e reciclagens. Não se pode imaginar um advogado que não tenha claro que seu mundo profissional vive em constante mudança, não só pelas novas leis que tramitam em casas legislativas, mas também pelas novidades vindas das cortes de justiça que incluem jurisprudências que terminam sendo aplicadas em outros casos semelhantes. b) Buscar constantemente cursos, palestras ou sites/blogs que complementem seu conhecimento: dedicar-se a aprender sempre e de modo contínuo são atitudes de profissionais, os quais têm consciência que novos conhecimentos são sempre bem-vindos. Nos tempos atuais e com a tecnologia à disposição, não é necessário muito esforço para a obtenção desses novos conhecimentos. Muitos desses conhecimentos estão disponíveis de forma gratuita e a maioria tem um bom nível de qualidade. c) Praticar o aprendizado adquirido: de nada adianta juntar materiais, apostilas, diplomas e livros, sejam em papel ou digitalizados. É preciso por em prática aquilo que se aprende e, obviamente, aplicar esses conhecimentos no cotidiano diário. Use o tempo disponível! Aproveite a disponibilidade de tempo e troque ideias sobre os conteúdos, o que certamente melhora mais ainda seu saber. d) Ter consciência sobre suas qualidades profissionais: o mercado de trabalho é muito ágil e rápido. Essa situação termina tirando de cena aqueles que afirmam saber correr, mas ainda estão aprendendo a caminhar. É bom ter bastante conteúdo para ofertar, mas é importante oferecer aquilo em que temos competência. e) Ter consciência de suas habilidades e de suas competências: conheça bem quais são as suas. Isso pode garantir bom nível de empregabilidade em um mercado, no qual não é possível sustentar-se somente de certificados e de diplomas que não garantem por si só, sem a devida complementação com conhecimentos adicionais aliados à prática. Competências, Habilidades e os Seis Pilares da Empregabilidade Em primeiro plano, cabe explicar os termos competência e habilidade, pois os dois estão ligados diretamente à empregabilidade. A competência se faz representar como o saber, de fato, da matéria. A habilidade está relacionada à execução, vale dizer, a prática. A empregabilidade está diretamente relacionada com a realidade dos profissionais. Para ser incluído no mercado de trabalho é importante que esse profissional conscientize-se de suas reais habilidades e competências. Nesse sentido, conclui-se que diplomas apenas não são suficientes. O nível de empregabilidade exige além de apenas diplomas. A empregabilidade exige mais nas diferentes áreas de atuação, permitindo que o profissional seja inserido no contexto das organizações atuais e competitivas. 9 O profissionalque reúne competências e habilidades torna-se apto a trabalhar em diferentes ambientes nas organizações, permitindo visão renovada e mudanças que, quase sempre, são esperadas dele. Considerando que vivemos em um mundo corporativo globalizado, remete-nos ao fato de que o mercado de trabalho está a exigir uma contínua atualização dos profissionais. Por essa razão, tem-se como ideal a preparação constante e contínua que permitiria aplicar-se em novas funções. Diferente disso, tornaria o profissional, mesmo que inverdade seja, ultrapassado e com valor no mercado de trabalho um tanto diminuído. Consideremos, então, que o profissional, sua empregabilidade, carreira e forma de atuar precisam estar constantemente em reflexão sob pena de ser visto como ultrapassado mesmo que isso não seja verdade. Os head-hunters (caçadores de talentos) trabalham em constante busca por profissionais que tenham o máximo de qualificação. Se consideramos isso uma realidade atual, fica para o profissional a missão de preparar-se para esse nível de exigências. Para Minarelli (1995), os pilares que sustentam a empregabilidade são aqueles que apoiam aos profissionais na capacidade de gerar trabalho e remuneração por meio da competência profissional, saúde física e mental, além disso, todas essas compentências devem ser adaptadas ao mercado. Os pilares são: • Os pilares citados têm como principal característica estarem unidos e articulados. Eles atuam com determinado grau de dependência entre si. Não é suficiente apresentar-se com uma adequação profissional, competência ou atualização em sua carreira, se não apresentar idoneidade, não ter relacionamentos e ainda se a saúde não estiver forte e se não dispor de reservas financeiras. • É possível perceber que, na concepção de Minarelli (1995), chegar até o nível de empregabilidade exige mais do que simplesmente reunir competências e habilidades. Os pilares devem ser acompanhados com atenção e bem articulados entre si, por isso trata-se de algo difícil e complexo. Vejamos alguns quesitos necessários: » Manter-se atento às mudanças que podem ser percebidas no cotidiano corporativo e pessoal. » Cuidar da saúde física e mental. » Ter e atualizar sua rede de contatos, o que normalmente chamamos de network. • A empregabilidade melhora e desenvolve a segurança do profissional e o apoia na busca de seus objetivos profissionais, clareando o caminho a percorrer, e, ao longo desse caminho, usar as ferramentas e conhecimentos adquiridos e atualizados. • A aplicação concomitante dos pilares da empregabilidade dá segurança ao profissional, confere empregabilidade, isto é, a capacidade de gerar trabalho, de trabalhar e ganhar. 10 Unidade: Empregabilidade e Carreira Empregabilidade : O planejamento de carreira e sua contribuição para o profissional do futuro As constantes mudanças do mercado de trabalho mostram claramente aos profissionais que eles devem rever o papel em que se colocam na sociedade de consumo. O planejamento da carreira é uma das ferramentas que devem ser usadas para que eles continuem empregados e empregáveis, lembrando que são coisas diferentes apesar de relacionadas. Além disso, o profissional pode se ver perdendo espaço se observar as exigências que as empresas estão submetidas a estarem cada vez mais enxutas, aplicando tecnologias cada vez mais sofisticadas. Essas observações nos levam à conclusão de que esse profissional deve ter como conceito básico não parar de aprender. Isso fará que com que ele possa ocupar funções que podem ser criadas por essas novas tecnologias. Diálogo com o Autor O formato que se conhece como “estabilidade no mercado, uma boa remuneração, um futuro profissional relativamente bem traçado e previsível, uma formação adequada” (CHANLAT, 1996: 14). A chamada “estabilidade no marcado” não mais se aplica à realidade corporativa atual considerando as mudanças sociais, políticas e econômicas. O que aqui se aborda é analisar a necessidade de planejamento de carreira do profissional gestor como podemos denominar a dinâmica da empregabilidade no mundo corporativo, focando as abordagens ligadas à aquisição e manutenção do emprego e também competências que o mercado de trabalho valoriza. Relação entre Empregabilidade e Carreira Empregabilidade é uma expressão recente no cenário corporativo atual de reestruturação do emprego em praticamente todo o mundo, onde se visualiza diminuição dos cargos, inversamente proporcional ao número de pessoas desocupadas. Este aspecto representa a probabilidade dos trabalhadores terem que apresentar qualidades e atributos que as empresas exigem como necessários para o desempenho da organização (MOROSINI, 2001). Empregabilidade deve ser compreendida como um arcabouço de ações que consideram o comportamento dos indivíduos, cujo objetivo primordial é desenvolver habilidades que, via de regra, facilitam sua capacidade de empregar-se no mercado de trabalho. Essa expressão também pode ser interpretada como “habilidade de obter ou manter um emprego ou trabalho” (MINARELLI 1995, p. 37), quando se refere à possibilidade do indivíduo manter-se no mercado de trabalho. 11 Consideremos ainda que Empregabilidade, assim como a entendemos atualmente, surgiu nos anos 90, coincidindo não por acaso com o início do que conhecemos como globalização. Uma das sempre lembradas situações da época foi a abertura do mercado brasileiro ao comércio exterior, diga-se de passagem com mão dupla.. Essas duas situações permitiram a geração de um impulso que terminaram aumentando a busca por maior desenvolvimento da mão de obra, o que obviamente trouxe conceitos novos para considerações do que seja o perfil do trabalhador. A principal novidade nesse perfil foi o aumento das exigências a respeito de diferentes capacidades que estão além de sua área de atuação. Isso transforma o trabalhador em um generalista Glossário Generalista: aquele que detém habilidades e conhecimentos gerais, também conhecido como polivalente por sua capacidade de atuar em diferentes áreas. Para Pensar O “generalista” é o profissional que manifesta o “conjunto de conhecimentos, habilidades, comportamentos e relações que torna o profissional necessário não apenas para uma, mas para toda e qualquer organização. Em tempos mais contemporâneos conseguir colocação não é somente conseguir um emprego. O que se espera é tornar-se tecnicamente empregável, ou seja, permanecer competitivo em um mercado em constante mutação. Isso pode ser facilmente percebido. Preparar-se, inclusive, para várias carreiras e diferentes trabalhos – às vezes simultâneos” (MEHEDFF, 1997: 40). Enfim, empregabilidade então pode ser interpretada como a condição de ser empregável. Empregabilidade, Educação e Planejamento da carreira Educação pro�ssional continuada Empregabilidade: Condição de ser empregável; Capacidade de manter-se no mercado. Planejamento de carreira Dois dos pilares da empregabilidade são educação profissional como um processo contínuo e o planejamento da carreira. Em um mercado reconhecidamente competitivo, considera-se vital estar com atenção voltada para as novas metodologias que apoiem a potencialização das habilidades dos profissionais. Essa atenção proporciona um cenário de profissionais comprometidos com as metas e objetivos da organização. Afinal, planejamento de carreira é a principal forma de criar suporte para a empregabilidade.Fonte: Adaptado de (MOROSINI, 2001). 12 Unidade: Empregabilidade e Carreira Minarelli (1995) descreve empregabilidade como a condição de ser empregável, utilizando de maneira efetiva seus conhecimentos, habilidades e atitudes estimuladas pela educação continuada e treinamentos. Observe que a empregabilidade mantém uma relação direta com o nível de desenvolvimentoeducacional, Neto (1998) ressalta: “a importância dos profissionais estarem em constante aperfeiçoamento, sendo a busca por novos conhecimentos fator fundamental ao desenvolvimento”. A educação abre portas no sentido de esclarecer pensamentos, estimular a criatividade encontrar soluções inovadoras para problemas recorrentes. Essas habilidade proporcionam um planejamento para a carreira mais consistente. Marshal Goldberg, apud Case (1997, p. XVI) diz que empregabilidade “é a capacidade de desenvolver habilidades para atual e para as futuras carreiras do profissional.” Sendo assim o profissional pode encontrar novas áreas de atuação, aumentando as chances de manter-se ativo no mercado. Veja: Case e Franciatto (1997, p.4) enfatizam que “se ele estiver atualizado, flexível, reciclado e motivado, encontrará trabalho sempre, mesmo num mundo em profundas transformações”. Importante Bates e Bloch (1997, p. 49) é preciso “...assumir o controle da sua própria carreira, desenvolvê-la, e gerenciá-la a fim de melhorar sua ‘empregabilidade’ (capacidade de conseguir emprego) e obter satisfação e prazer com o trabalho” Atualmente, o mercado de trabalho busca por indivíduos profissionais que estejam aptos a compreender as variações e constantes mutações nas relações comerciais, além das questões tradicionais exigidas em que cada área de atuação. Essas habilidade requerem do individuo, dedicação, disciplina e aprendizagem constante. O mundo dos negócios pode ser percebido como paradoxal de acordo com as circunstâncias, veja, pensando na seguinte possibilidade: se estou bem preparado, tenho garantia de emprego? Os envolvidos e principalmente os gestores que militam na alta administração podem sentir-se em uma situação contraditória quando se dão conta que há pressões para diminuição da quantidade de empregados nas organizações. Os empregadores também se dividem entre a necessidade para maior quantidade de cargos e funções e investimentos em treinamento dos colaboradores. No entanto, o que se percebe é a carência de profissionais que compreendam o funcionamento do mercado e busquem as conformidades de respostas para essa realidade de forma estratégica/tática e, principalmente, que sejam passíveis de se colocar em prática. 13 O que se pode concluir dessas constatações é o fato de que o profissional obrigue a si próprio a um processo contínuo de investimento na educação profissional e reanalise sua carreira, vendo-a com outros olhos. Esses devem ser os principais fatores para o sucesso na cena corporativa dos nossos tempos e provavelmente também no futuro. O ensino universitário deve ser capaz e preparar-se para tal ao propor disciplinas específicas aliadas ao ensino de habilidades que possam ser aplicadas em diferentes setores de atuação. A empregabilidade é influenciada pela compreensão individual, pelas habilidades, pela confiança em fazer a diferença e pela consciência de como agem, aprendem e desenvolvem suas capacidades. Ainda segundo esses autores, as escolas de ensino superior podem trazer mais oportunidades à empregabilidade dos estudantes, focando ou dando ênfase ao desenvolvimento das capacidades individuais. KRIGHT e YORKE (2000, 2002) A pesquisa, as experiências e os estudos das teorias proporcionadas nas universidades podem propiciar a reestruturação dos valores pessoais, provocando uma mudança de percepção do mundo e abrindo o indivíduo para novos paradigmas; dessa forma, o profissional pode adquirir maior experiência e aprimorar seu currículo. O modo de reformular o currículo acadêmico para que sejam reforçadas habilidades de empregabilidade dos estudantes não se percebe um consenso sobre métodos de ensino e estilos de aprendizagem que as pessoas adquirem, desenvolvem e passam conhecimento, compreensão, habilidades e competências para atuar em efetividade dentro e fora do âmbito institucional. (CRYER, 1998; ATKINS, 1999; FOLEY, 1999 e MORLEY, 2001), O autoconhecimento das habilidades leva à maior consciência sobre as decisões e, consequentemente, a reflexão sobre a gestão da carreira, veja: A gestão de carreira aparecerá cada vez mais como um instrumento de luxo reservado à nova aristocracia profissional formada por aqueles que têm um emprego permanente. Assumir o controle de sua própria carreira, desenvolvê-la, e gerenciá-la a fim de melhorar sua ‘empregabilidade’ (capacidade de conseguir emprego) e obter satisfação e prazer com o trabalho”. Hoje independente da área de atuação aos profissionais se exigem atualizações para que não fiquem atrasados nas disputas pela conquista e manutenção do emprego. (BATES e BLOCH 1997: 48) Planejar a carreira tornou-se essencial nesse cenário. Esse planejamento pode ser aplicado para estudantes ou recém-formados que estão entrando no mercado de trabalho e também para profissionais na ativa que necessitam repensar sua carreira, aplicável também em mudanças de empresa. É nesse cenário que se pode perceber a indicação da necessidade de identificação de razões particulares como vetores de vida e sua respectiva conexão com o trabalho, para que essas pessoas iniciantes ou experientes possam se dar conta das competências que dispõem e quais pré-requisitos são eleitos exigíveis para o alcance do patamar que aspira na carreira profissional. Assim sendo, o planejamento de carreira é uma das ferramentas que existem para proporcionar a chamada empregabilidade, identificando habilidades e competências trabalhar no nível de excelência que se exige. 14 Unidade: Empregabilidade e Carreira Nas empresas que têm a intenção de implantar instrumentos para desenvolver plano de carreira nas suas diretrizes, com frequência, exige-se consultorias especializadas, em concomitância com a área de Recursos Humanos para que se possa obter o desenvolvimento no conjunto da empresa e funcionário, mesmo que se considere a configuração do planejamento como algo individual e pessoal. Desse modo, o profissional tem que avaliar o que para ele significa uma carreira de sucesso, além dos riscos a serem corridos ou não. Vale destacar que muitos profissionais de Recursos Humanos e Coaching acreditam ser necessário desenvolver uma espécie de ambiente sinérgico entre a organização e o indivíduo quando tratamos de planejamento de carreira. Parece bastante lógico e totalmente com sentido o fato de que esses profissionais também aceitam e pleiteiam que é de responsabilidade da empresa a definição de um plano de carreira. Além disso, acredita-se que haja o crescimento e promoção do profissional por meio da dinâmica que é gerada nesse ambiente. Importante lembrar que a carreira é decisão do profissional e só a esse profissional, acertando ou errando, cabe a eleição do que é melhor para complementar e completar suas aspirações. Mercado de Trabalho O mercado de trabalho contemporâneo exige profissionais razoavelmente flexíveis e polivalentes, não somente com conhecimentos e habilidades especializados em áreas restritas. Podemos relacionar variáveis que sinalizam o que se espera do profissional: a) formação mais generalista; b) múltiplas habilidades; c) bom relacionamento social; d) boa expressão verbal; e) energia pessoal positiva; f) vontade de aprender; g) autoconfiança; h) boa reputação; i) formação continuada, com conhecimentos atualizados; j) criatividade; k) saúde; l) domínio de idiomas; m) capacidade de resolução de problemas; n) ousadia e sensatez. 15 Fica, então, evidente e indiscutível que os atuais rumos do mercado de trabalho exigem que o perfil do profissional componha-se de habilidades, conhecimentos e capacidades que vão além do básico exigido para sua atuação. Essa nova constatação de alguma maneira nos chama a atenção sobre repensar a atuação e a qualificação dos gestores e líderes. Além dapreocupação com o treinamento e desenvolvimento, há quem defenda que fatores psicológicos podem influenciar nas questões e situações relacionadas ao emprego. Aspectos como autoconhecimento; boa rede de relacionamentos; capacidades nos processos decisórios; criar e fazer usos das oportunidades e autopromoção podem interferir na empregabilidade do profissional. É imprescindível manter a decisão de não deixar de lado o aprendizado constante com ênfase às formações generalistas já que as novas tecnologias confirmam a ideia de que os profissionais deverão assumir mais e diferentes funções provocadas pela quantidade e disponibilidade das informações em todos os segmentos. Macedo (1998, p. 141) cita as mudanças no cenário organizacional, onde se percebe a inserção de fatores que contribuem com o cenário atual em que os profissionais cada vez mais precisam focar-se na busca da empregabilidade, tais como: a) Utilização de tecnologias avançadas, num processo contínuo de aprendizagem profissional. b) Ênfase na qualidade, produtividade e flexibilidade de produtos, processos e trabalho como elemento chave da competitividade; a busca de uma relação cooperativa complementar entre tecnologia e trabalho. c) Valorização da qualificação e requalificação do empregado, dando destaque no treinamento permanente, servindo como base para a flexibilidade e polivalência ocupacional exigida no mercado. Considerações É evidente que, no quadro corporativo contemporâneo, há uma queda em se atribuir mais valor aos profissionais que têm aceitado a ideia da apropriação de conhecimentos de forma constante e progressiva, já que essa educação é de grande importância no arcabouço de competências que se pede para obter e/ou garantir o espaço no mercado de trabalho cada vez mais disputado. Nesse sentido, habilidades tradicionais juntam-se às modernas exigências do mercado, criando uma lógica que espera que o profissional reúna conhecimentos teóricos- práticos em seu setor e conhecimentos gerais que somem mais valor para o profissional. Fonte: Adaptado de Macedo (1998, p. 141) 16 Unidade: Empregabilidade e Carreira Autogestão A palavra autogestão é tratada sob formas diferentes. Há distintas correntes que empregam diversos significados. Em uma primeira abordagem, podemos defini-la como assumir uma responsabilidade. Parece que o sentido mais comum é: a) Gerir sua própria carreira profissional. b) Gerir um empreendimento coletivamente pelos trabalhadores. Autogestão como o ato de tomar uma decisão (ou fazer por si): Neste sentido, a denominação da expressão deriva seu significado a partir da filosofia liberal. Smith (2002b, p. 269) conceitua o indivíduo responsável como aquele que “cuida da sua fortuna, posição e reputação”. Portanto, o prefixo “auto” pode ser entendido como exemplo de autonomia, isto é, alguém toma uma decisão sobre realizar ou não uma ação. A palavra “gestão”, aparece justamente como essa decisão a ser tomada, parecendo uma definição autoexplicativa, simultaneamente deixando um espaço para reflexões. Imaginar um indivíduo como autônomo é imaginar que o mesmo possui uma escala para tomada de decisões e, portanto, possui poder para tal. Entretanto, não deixa claro que tipos de pessoas são essas e quais decisões teriam que tomar. É muito simples imaginar um grupo de pessoas tomando para si próprio uma prerrogativa decisória, mas considerar quais são essas decisões e quem elas atingem é um assunto mais complexo. Nesse contexto, o termo passa a ideia de aparente neutralidade e igualdade nesse processo decisório. Indivíduos que decidem “algo por si” próprios. Essa expressão não esclarece muito sobre quais atributos eles detêm e tampouco sobre quais serão os atos tomados. Portanto, falta uma explicação para deixar claro quem são essas pessoas ou grupos que detêm para si esse poder. Que tipo de poder seria esse? Não estão claras quais são as decisões que podem ser tomadas, ou se qualquer poder de tomar alguma decisão pode ser entendido e denominado como autogestão. Tomar a “decisão para si” também presume uma iniciativa individual, considerando que cada um assumiria prerrogativas de forma isolada da realidade social. Assim, deduz-se que essa definição está restrita ao fato de uma pessoa realizar uma ação, pelo simples fato de possuir poder para tal. Porém, como esse poder foi conquistado, quais são as decisões e a quem elas interessam não está claro. 17 Autogestão como gerenciamento profissional de carreira Sob essa ótica, o termo aparece como ligado diretamente ao mundo do trabalho. É uma definição normalmente e bastante usada nas áreas de recursos humanos e administração geral, quando estas têm uma orientação liberal. Está conservada a definição do prefixo “auto” remetendo-se à autonomia de tomar decisões, com o diferencial de que o sufixo “gestão” está vinculado à carreira profissional. Podemos assumir que um empregado consciente, que se assumiu como responsável pelos rumos tomados em sua carreira, é aquele pratica a “autogestão”. A partir daí, surge o “autogestor como um trabalhador consciente”. Isso nos leva, concomitantemente, concluir que esse trabalhador detém as condições para atingir suas metas profissionais. O fracasso ou sucesso é apenas atribuído a sua responsabilidade individual. De acordo com a definição anteriormente colocada, a concepção do termo autogestão é individualizada, tratando como autônomo e colocando em posições iguais todos aqueles que estão inseridos no mundo do trabalho. Vale salientar que uma referência importante deve ser feita aos trabalhos de Richard Sennett sobre a flexibilização do trabalho. Relata-se como nos modelos de produção da era Fordista, que o empregado se acomodava e não se preocupava com a gestão de sua própria carreira em troca da estabilidade social e do conforto de um emprego fixo e estável. O principal argumento é de que muitos trabalhadores passaram a dar mais atenção com o seu futuro profissional, e por consequência se enxergassem “gestores”, aperfeiçoando e melhorando sua formação por meio de cursos de idiomas, pós-graduações e etc. “Portanto, decisões individuais e autossuficientes” (p. 77, 2004). Assim, conclui-se que o termo “autogestão” é compreendido como uma “gestão de si mesmo” no mundo profissional e trata daquele profissional que se preocupa com o futuro de sua carreira. Igualmente como na definição anterior, há uma ausência de explicações sobre quais são os tipos de trabalhadores que têm as condições necessárias para isso. A impressão é que há uma possível e suposta neutralidade que entende que qualquer um, a partir do seu próprio esforço, possa ter o controle de sua vida e carreira profissional. O significado surge como uma consequência natural da flexibilização das relações de trabalho e ainda não se estudou muito sobre esse assunto. 18 Unidade: Empregabilidade e Carreira Material Complementar ........... Explore Educação básica, empregabilidade e competência: http://www.portal.fae.ufmg.br/seer/index.php/trabedu/article/viewFile/1490/1133 Desemprego e exclusão social: http://produtos.seade.gov.br/produtos/spp/v10n01/v10n01_01.pdf Por uma sociologia de desemprego: http://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v17n50/a07v1750.pdf 19 Referências ALMEIDA, Marcus Garcia de. Pedagogia empresarial: Saberes, Práticas e Referências. Rio de Janeiro: Brasport, 2006. ANTUNES, R. Adeus ao trabalho?: ensaio sobre as metarmofoses e a centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez, 1995. ATKINS, M. J. ‘Oven-ready and Self-basting: stock os employability skills’, Teaching in Higher Education. 1999. BASTOS, A. V. B. 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