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Responsabilidade Civil 1 - Conceitos e Teorias

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RESPONSABILIDADE CIVIL
Papel normativo da responsabilidade civil: dissuasão e prevenção de comportamentos anti-sociais; a afirmação de certos direitos da personalidade
Etimologia
A palavra responsabilidade descende do verbo latino “respondere”, de “spondeo”, primitiva obrigação de natureza contratual do direito quiritário, romano, pelo qual o devedor se vinculava ao credor nos contratos verbais, por intermédio de pergunta e resposta (spondesne mihi dare centum ? spondeo – ou seja, prometes-me dar um cento ? prometo).
Conceito
É possível afirmar que a responsabilidade é o resultado da ação pela qual o homem expressa seu comportamento, em face de um dever jurídico ou obrigação. 
Em suma, o conceito de responsabilidade civil está intimamente relacionado ao conceito de não prejudicar o outro. 
No primeiro momento, a responsabilidade pode ser definida como a tomada de medidas para forçar alguém a reparar os danos causados ​​a terceiros por suas ações ou omissões. 
“Em princípio, toda atividade que acarreta prejuízo gera responsabilidade ou dever de indenizar (…) O termo responsabilidade é utilizado em qualquer situação na qual alguma pessoa, natural ou jurídica, deva arcar com as consequências de um ato, fato ou negócio danoso”. (Venosa)
Stoco (2007, p. 116) conceitua a responsabilidade civil como “a obrigação da pessoa física ou jurídica ofensora de reparar o dano causado por conduta que viola um dever jurídico preexistente de não lesionar (neminem laedere) implícito ou expresso na lei” (grifos do autor). Sendo assim, responsabilizar alguém significa imputar-lhe a causa de algum prejuízo, patrimonial ou moral, devendo o agente responder pelas consequências de seus atos, recompondo o status quo ante afetado por sua ação.
Como regra geral, a responsabilidade civil impõe a necessidade de reparação ao prejuízo causado por aquele que, agindo de forma omissiva ou comissiva, cause dano a outrem (CC., art. 927). Sendo assim, a responsabilidade civil pode ser entendida como a obrigação de reparar o prejuízo causado a uma pessoa, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dependam dela (RODRIGUES, 2007, p. 06), ou como a
“[…] aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano moral e/ou patrimonial causado a terceiro em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por que ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda, ou, ainda, de simples imposição legal” (DINIZ, 2005. p. 200).
Rosenvald e Braga Netto: “Quando infringimos o dever de cuidado ofendendo a órbita patrimonial e/ou existencial causando prejuízo a um interesse juridicamente protegido, busca-se compensar as vítimas, transferindo-se o dano ao ofensor em busca da recomposição do equilíbrio” (2021, p. 926).
Princípio da reparação integral – estágio pré-dano.
Feição punitiva para reparatório.
Núcleo - pressuposto de dano injusto.
Responsabilidade – dever jurídico de RECOMPOR e RECOMPENSAR o dano, existindo a violação de um dever jurídico preexistente, seja este geral ou particular.*lembre-se da resp. civil preventiva.
A responsabilidade civil enquanto um dever jurídico secundário (de reparar), decorrente do dever jurídico primário de não lesar.
A responsabilidade civil deriva da transgressão de uma norma
jurídica pré-existente, com a consequente imposição ao causador do dano do
dever de indenizar. Consiste em atribuir a alguém, violador de um dever jurídico primitivo, as consequências danosas de seu comportamento, impondo a obrigação de indenizar. Este descumprimento vai gerar dever de recomposição ao status quo ante. Tal recomposição haverá de ser integral, sendo norteada no Brasil pelo princípio da restitutio in integrum, chamado por alguns de princípio do imperador ou reparação integral.
Seria possível extrair da Constituição Federal (CF) como, por exemplo, do art.
5°, incisos V e X, a ideia da responsabilidade civil. Se a CF assegura "0 direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação",
Responsabilidade civil x Responsabilidade penal
Neste sentido, verifica-se a decisão do Tribunal de Justiça do Estado
do Rio Grande do Sul, ano de 2013:
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. AGRESSÃO FÍSICA. LESÕES CORPORAIS GRAVES. CONDENAÇÃO CRIMINAL. TRÂNSITO EM JULGADO. VALOR DA INDENIZAÇÃO. MANUTENÇÃO. 1. Havendo
sentença penal condenatória transitada em julgado, condenando a parte requerida crime de lesão corporal (art. 129 do Código Penal), não se deve mais
travar discussão na seara civil acerca da autoria e da existência do fato, bem
como da culpabilidade do agente causador do dano, sendo certa a obrigação
de reparar os danos decorrentes do ilícito. Exegese do art. 1.525 do Código Civil/1916, art. 91, inciso I do Código Penal, art. 63 do Código de Processo Penal e
0 art. 584, inciso II, do Código de Processo Civil. 2. Quantum indenizatório mantido conforme fixado em Primeiro Grau (R$ 20.000,00), uma vez que tal valor se
encontra de acordo com as circunstâncias do caso concreto e os precedentes
Como o stj pensa???
Sentença penal condenatória e sentença cível que reconhece a ocorrência
de culpa recíproca. "Diante de sentença penal condenatória que tenha reconhecido a prática de homicídio culposo, o juízo cível, ao apurar responsabilidade civil decorrente do delito, não pode, com fundamento na concorrência
de culpas, afastar a obrigação de reparar, embora possa se valer da existência de culpa concorrente da vítima para fixar o valor da indenização". REsp
1.354.346-PR, Rei. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 26.10.15. 4a T. (Info STJ 572)
E na hora da prova!!!
Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: DPE-PE Prova: CESPE - 2018 - DPE-PE - Defensor Público. Daniel, em 2010, com quinze anos de idade, sem que seu pai Douglas
soubesse, pegou o carro da família e saiu para se divertir. Alcoolizado, Daniel atropelou Ana na faixa de pedestre, que, em decorrência do
atropelamento, perdeu uma das pernas. Em 2016, Douglas foi absolvido
no processo penal, em sentença transitada em julgado, por ausência de
provas em relação a sua culpa no atropelamento causado por seu filho
Daniel.
Com referência a essa situação hipotética, assinale a opção correta.
Gabarito: "Douglas é civilmente responsável pelo ato praticado por Daniel, de maneira objetiva, independentemente de culpa".
Distinção entre obrigação e responsabilidade
A obrigação tem caráter primário decorrendo da lei ou da vontade enquanto a responsabilidade tem caráter secundário visto que decorre do descumprimento de obrigação ou lei.
É toda ação ou omissão que gera violação de uma norma jurídica legal ou contratual. Assim, nasce uma obrigação de reparar o ato danoso. 
Nas palavras de Sergio Cavalieri Filho, a responsabilidade civil é um dever jurídico sucessivo que se originou da violação de dever jurídico originário.
Responsabilidade x liberdade
A responsabilidade civil representa o escoadouro natural para todas as disfuncionalidades do exercício da autonomia privada. Quanto mais ampla a responsabilidade maior a restrição de liberdade. (ROSENVALD E BRAGA NETTO, 2021, p. 927).
Histórico
1ª fase - vingança coletiva
Num primeiro estágio de evolução histórica da responsabilidade civil, comum a todos os povos, não se levava em consideração a culpa do agente causador do dano, bastando, tão somente, a ação ou omissão deste e o prejuízo sofrido pela vítima para que aquele fosse responsabilizado. Nesta época os costumes regiam as regras de convivência social, levando os ofendidos a reagir de forma direta e violenta contra o causador do dano. Essa ação lesiva do ofendido era exercida mediante a vingança coletiva, caracterizada pela “reação conjunta do grupo contra o agressor pela ofensa a um de seus componentes” (DINIZ, 2009, p. 11).
2ª fase – vingança privada (pena de talião, XII tábuas)
Álvaro Villaça – Obrigações
“Primitivamente, aplicava-se a pena do Talião (‘olho por olho, dente por dente’) , baseada na vingança privada, em que os homens faziam justiça pelas próprias mãos. Resquícios dessa pena do Talião encontram-se na Lei das XII tábuas.A Tábua VII, Lei XIa
– De Delictis – consagra-a, com o seguinte texto: 11 – Si membrum rupsit, ni cum eo pacit, talio esto (Se alguém fere a outrem, que sofra a pena do Talião, salvo se existir acordo)”. “A responsabilidade contratual, entre os romanos, à época da Lei das XII tábuas, de 450 a.c., nascia do nexum e da mancipium, com todos os inconvenientes da execução pessoal do devedor, demonstrados no Capítulo 4, item 2 (evolução histórica do conceito de obrigação). Mesmo com o advento da Lex Poetelia Papiria, do século IV a.c., com a proibição da execução pessoal, em certos caso, ela continuou a existir, vindo a renascer no baixo império e na Idade Média. (...)
Neste período o Poder Público por vezes permanecia inerte, intervindo apenas para declarar quando e como a vítima poderia ter o direito de retaliação, para produzir no ofensor um dano idêntico ao que experimentou (DINIZ, 2009, p. 11). Portanto, prevalecia no direito romano a responsabilidade objetiva, fundada no princípio da equidade.
O período que sucedeu ao da vingança privada é o da composição, onde a vítima passou a perceber as vantagens e conveniências da substituição da violência pela compensação econômica do dano. Surgiu, então, o princípio segundo a qual o patrimônio do ofensor deveria responder por suas dívidas e não sua pessoa. Aparecem então as tarifações para determinadas formas de dano, como aquelas instituídas pelo Código de Ur-Nammu, Código de Manu e Lei das XII Tábuas.
Posteriormente fixou-se a proibição do ofendido fazer justiça com as próprias mãos. Todavia, somente
“[…] quando já existe uma soberana autoridade, o legislador veda à vitima fazer justiça pelas próprias mãos. A composição econômica, de voluntária que era, passa a ser obrigatória, e, ao demais disso, tarifada. É quando, então, o ofensor paga tanto por membro roto, por morte de um homem livre ou de um escravo […]” (GONÇALVES, 2009b, p. 07).
As ideias iniciais sobre distinção de pena e reparação foram estabelecidas pelos romanos, ante a diferenciação entre delitos públicos e privados. Destarte, o delito público tinha uma conotação mais elevada, quando havia violação de norma jurídica que o Estado considerava de relevante importância social, enquanto o delito privado era a ofensa feita à pessoa ou aos seus bens (MOREIRA ALVES, 2003, p. 223).
3ª fase – indenização pecuniária (lex aquilia) 
Lei de Aquilia é que se inicia um princípio norteador para a reparação do dano. Essa norma
“[…] foi um plebiscito aprovado provavelmente em fins do século III ou no início do século II a.C., que possibilitou atribuir ao titular de bens o direito de obter o pagamento de uma penalidade em dinheiro de quem tivesse destruído ou deteriorado seus bens” (VENOSA, 2009, p. 17).
A Lei de Aquilia é vista como marco fundamental para a aplicação da culpa na obrigação de indenizar, originando a responsabilidade extracontratual, também denominada “responsabilidade aquiliana” a partir da qual a conduta do causador do dano é medida pelo grau de culpa com que atuou.
“A responsabilidade extracontratual, a seu turno, é também conhecida como responsabilidade aquiliana, tendo em vista que a Lex Aquilia de damno (do século III a.c.) cuidou de estabelecer, no Direito Romano, as bases jurídicas dessa espécie de responsabilidade civil, criando uma forma pecuniária de indenização do dano, assentada no estabelecimento de seu valor”.
Após este período o Estado assumiu definitivamente o ius puniendi, tomando para si a função de punir os ofensores da ordem jurídica. Surge então a ação de indenização derivada da responsabilidade civil.
4ª Fase
estruturação do conceito de dolo e culpa
distinção resp. civil da penal.
Na Idade Média, como consequência dos princípios e normas romanas, o direito foi aperfeiçoando a responsabilidade civil em toda a Europa Medieval, notadamente no direito francês, sendo que
“[…] aos poucos, foram sendo estabelecidos certos princípios, que exerceram sensível influência nos outros povos: direito à reparação sempre que houvesse culpa, ainda que leve, separando-se a responsabilidade civil (perante a vítima) da responsabilidade penal (perante o Estado); a existência de uma culpa contratual (a das pessoas que descumprem as obrigações) e que não se liga nem a crime nem a delito, mas se origina da negligência ou da imprudência” (GONÇALVES, 2009b, p. 08).
Conforme explica Noronha (2007, p. 528/529) somente nos séculos que se sucederam à Idade Média (em especial o século XVIII, durante o período do Iluminismo) é que houve a total distinção entre a responsabilidade civil e penal, esta perante o Estado, com imposição de penas, quando houvesse infração penal e aquela circunscrita à sua função essencial de reparação de danos, no âmbito privado.
dano como elemento centralizador
Já a Idade Moderna foi marcada pela mudança de paradigma no fundamento da responsabilidade civil, que passou a se situar na quebra do equilíbrio patrimonial causado pelo dano. Houve então uma transferência do enfoque da culpa, como fenômeno centralizador da indenização, para o dano (VENOSA, 2009, p. 17).
A mudança de paradigma se deu principalmente em razão de alguns fatores apontados por Gonçalves (2009, p. 09) como o surto do progresso, a industrialização e o aumento dos danos, que levaram ao surgimento de novas teorias dentro da responsabilidade civil, capazes de propiciar uma maior segurança às vítimas. Daí o surgimento e estabilização da teoria do risco, vista sob o aspecto objetivo: quando alguém sofre um dano, aquele que tira proveito da atividade perigosa deve repará-lo, independentemente da existência de culpa.
Após a viabilização dos fundamentos da Revolução Francesa em 1789 e o surgimento do Código Civil Francês, promulgado em 21 de março de 1804 (Código de Napoleão), ficou expressamente diferenciada a responsabilidade civil da responsabilidade penal. Este Código representou uma reforma normativa, unindo de forma detalhada as leis civis do país, protegendo o liberalismo e o conservadorismo e, especialmente, a propriedade.
Em nosso país a responsabilidade civil passou por vários estágios de desenvolvimento, especialmente pela modificação da legislação existente. A título de exemplo, o Código Criminal de 1830, que se fundava na justiça e equidade, previa a reparação natural ou a indenização ao ofendido, quando fosse viável.
Inicialmente “a reparação civil era condicionada à condenação criminal. Posteriormente, foi adotado o princípio da independência da jurisdição civil e da criminal” (GONÇALVES, 2009b, p. 09).
Dependência da seara penal
Já houve uma época no Brasil em que a instância cível era dependente da criminal. Hoje não é mais. Denomina-se este fato de independência de instâncias. Apesar desta independência, porém, há, no ordenamento jurídico brasileiro, três hipóteses excepcionais nas quais a decisão penal toca a esfera cível. 0 Código Civil firma duas hipóteses no art. 935, quais sejam: quando na instância penal se decidir sobre a autoria e materialidade do fato, negando-as. Outrossim, o art. 65 do Código de Processo Penal informa que faz coisa julgada no civil a decisão penal que firme ação em estado de necessidade, legítima defesa, exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal. Justamente por conta desta independência de instâncias, e com receio de decisões contraditórias, aduz o art. 200 do CC que quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva. Trata-se de hipótese de impedimento do curso do prazo prescricional.
Ademais, os arts. 313 e 314, ambos do NCPC, permitem a suspensão do processo civil pelo prazo de 1 (um) ano, à espera da decisão penal.
Teoria subjetiva
O Brasil, desde seu descobrimento, adotou as Ordenações do Reino de Portugal (Afonsinas, Manuelinas e Filipinas) como parâmetro normativo para as relações privadas, que perduraram até 1916, quando, então, surgiu o primeiro Código Civil, com projeto elaborado por Clóvis Beviláqua, jurista cearense. O Código Civil de 1916 filiou-sea teoria subjetiva da responsabilidade civil, exigindo prova robusta da culpa do agente causador do dano, e, em determinados casos, presumindo-a.
O Código Civil manteve a teoria subjetiva da responsabilidade civil, exigindo a demonstração da culpa do agente, definindo que todo aquele que, mediante ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, comete ato ilícito (art. 186). Uma das principais inovações do Código Civil no âmbito da responsabilidade civil encontra-se na locução do art. 187, que ampliou a noção de ato ilícito, estabelecendo a ilicitude do exercício de um direito quando violar seu fim econômico, social ou os limites da boa-fé e bons costumes. Houve, portanto, o condicionamento do exercício de um direito a certos limites que vedam seu uso de forma abusiva.
Teoria do risco
A obrigação de reparação do prejuízo, independentemente de culpa, nos casos especificados pela lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Trata-se da chamada teoria do risco, fruto de trabalhos do final do século XX, principalmente de juristas da França, que buscavam um fundamento para a responsabilidade objetiva. Nesta modalidade “todo o prejuízo deve ser atribuído ao seu autor e reparado por quem o causou, independentemente de ter ou não agido com culpa” (CAVALIERI FILHO, 2009, p. 136).
O Código Civil de 2002 acolheu a teoria do risco, em determinados casos, onde o simples exercício de uma atividade perigosa impõe a obrigação de indenizar os danos eventualmente causados, sem a necessidade de comprovação da culpa do agente que causou o dano (art. 927, parágrafo único). Contudo, de maneira geral, a culpa continua a ser o fundamento da responsabilidade civil, juntamente com o risco, na teoria objetiva.
A evolução da Responsabilidade Civil e a importância das regras fundamentais de Direito
No prefácio à obra de Savatier, escreveu Georges Ripert que nada lhe parece tão ilusório como a convicção de que se deve o extraordinário desenvolvimento da responsabilidade civil ao sentimento mais elevado de Justiça e ao progresso do Direito. A seu ver, trata-se agora, exatamente como antes, de estabelecer a norma de prudente limitação à atividade humana. Nada mais certo, se bem que o fato não justifique certas considerações pessimistas do professor de Paris. A razão está em que as regras fundamentais de Direito são suficientes como standard. Não se pode duvidar de sua eterna juventude e do seu incorruptível valor, se se repara em que, na matéria da responsabilidade, permanece íntegro o áureo princípio do neminem laedere. O que o tempo, o progresso, o aparecimento de novas e febris atividades industriais determinam é o ajustamento daquela regra às necessidades atuais” (Cf. José de Aguiar Dias. Da Responsabilidade Civil. v. I. 10ª ed. . Rio de Janeiro: Forense, 1997. p. 10).
“Nem sempre, porém, pode o legislador fazê-lo, porque as leis devem ter caráter, tanto quanto possível, estável. Basta que, em termo razoável, recomponham as normas de acordo com as exigências da prática. Aos tribunais é que compete extrair dos preceitos fundamentais o pronunciamento que seja, na ocasião, o mais apto a realizar o fim do Direito. O sentimento de Justiça, nos que o têm, não é, por certo, mais refinado hoje do que anteriormente. Sucede, porém, que ele é, agora, muito mais solicitado a manifestar-se e a intervir, do que antigamente. É por isso que se tornou mais acentuadamente uma concepção social, em lugar de noção caracterizadamente individual. Mas, ainda que se não queira aceitar uma retração do egoísmo, em face da civilização atual, ao menos se deve reconhecer que também ele tem, contribuído para a extensão da responsabilidade civil. A multiplicação dos infortúnios, derivada da vida moderna, induz, com efeito, o mais egoísta a pensar que amanhã será o seu dia de experimentar a desgraça, razão utilitária, decerto, mas nem por isso menos eficiente, para que aceite e sustente a necessidade de reparação com mais freqüência do que antigamente. À medida que a civilização se desenvolve, dizem Mazeud et Mazeud, tornam-se mais e mais complexas as relações sociais, com interpenetração cada vez mais profundas dos círculos de atividade jurídica de cada um. É inevitável, em tais condições, o atrito de interesses, cada vez mais intenso, desdobrando-se em problemas de responsabilidade civil” (Cf. José de Aguiar Dias. Op. Cit. . p. 10).
Elementos gerais/pressupostos
Para Tartuce, adotando uma perspectiva tradicional, são eles:
Ato ilícito (conduta humana)
“Ato Ilícito é a ação ou omissão culposa, com a qual se infringe, direta e imediatamente, um preceito jurídico do Direito Privado, causando-se dano a outrem” (Orlando Gomes)
Poderá ser positiva - também chamada de comissiva, pois decorrente de uma ação - ou negativa - igualmente denominada de omissiva, por dizer respeito a uma abstenção juridicamente relevante. 0 próprio Código Civil, no seu art. 186, possibilita tal raciocínio, ao impor a obrigação de indenizar a todo aquele que por ação ou omissão voluntária causar prejuízo a outrem. 
Discussão interessante é saber se há presença da conduta humana nas hipóteses de responsabilidade civil indireta, a exemplo do pai que responde civilmente pelos atos de seus filhos menores (art. 932 do CC)?
Com efeito, a regra é a responsabilidade civil direta, por ato próprio. Entrementes, por vezes a lei faz emergir responsabilidade civil por ato de outrem, ou
da coisa. 
Segundo a doutrina - falando por todos Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho, em verdade responsabiliza-se indiretamente pela omissão do dever jurídico de custódia, cuidado, vigilância ou má-eleição.
Atos lícitos também podem gerar o dever de indenizar, como situações de legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou estado de necessidade. Em decorrência deles o sujeito pode ser isentado de responsabilidade no âmbito penal mas ser responsabilizado no âmbito civil ou administrativo, em razão da independência entre eles.
Comportamentos lícitos que podem ensejar a indenização:
 Embora menos comum, os atos lícitos, conformes ao direito, podem, da mesma maneira, em certos casos, empenhar dever de reparação. Os atos em estado de necessidade, por exemplo, embora lícitos (Código Civil, art. 188, II), podem ensejar responsabilidade civil. A hipótese mencionada nos arts. 929 e 930 do CC, reconhece o dever de reparar danos causados a terceiros em estado de necessidade.
 Ex: se um motorista, para se livrar de alguém que dirige em contramão de direção, descamba para o acostamento e derruba um muro ou cerca pertencente a terceiro, haverá o dever de reparar o dano, com direito regressivo em relação ao causador do perigo, apesar da conduta ser reconhecida como lícita, nos termos do art. 188, inciso II, do próprio Código. Prosseguindo na exemplificação, o art. 1.285 da Lei Civil estabelece o dever de reparar os danos causados ao dono de um prédio pelo vizinho que exerce o seu direito de passagem forçada, obtendo acesso à via pública.
Ex: o Estado, agindo licitamente, pode, não obstante, ter de reparar certos danos provindos de sua atividade lícita (art. 37, § 6º, CF). O STF já decidiu, por exemplo, que o tombamento, ainda que lícito, obriga o Estado a indenizar o proprietário, se a este advém manifesto prejuízo na utilização do bem.
- Desapropriação (típico exemplo de ato lícito que gera responsabilidade civil);
- Direito de Passagem Forçada (art. 1285 - direito de vizinhança e não servidão, que pode ser feita também). A propriedade encravada entre 3 propriedades...B,C, e D. Terá de indenizar, ou seja, ato LÍCITO porém gerando o dever de indenizar, responsabilidade civil;
- Estado de necessidade agressivo em que se prejudica um terceiro;
*Conclusão: Ilicitude então não é obrigatória. O art. 186 consagra uma regra geral de
responsabilidade civil, excepcionalmente pode haver responsabilidade civil por ato lícito. Não é correto, portanto, dizer que o ato ilícito é um elementoobrigatório.
Art. 188 cc + 929 cc = ato lícito com responsabilidade civil
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido;
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Ex. estado de necessidade. Acidente de carro desvia e pedestre e bate em outro carro estacionado.
Sobreveio dano??? 
Ato é considerado lícito???
Tem direito de indenização o dono do carro estacionado???
Pablo Gagliano e Rodolfo Pamplona: 
O Código Civil reconhece a responsabilidade civil de forma indireta, além da responsabilidade por ato próprio:
· Por ato de terceiro - Art. 932 
· Por fato de animal - Art. 936 
· Por fato de coisa - Art. 937 e art. 938
Para tais autores a conduta voluntária aparece na medida que em tais situações ocorrem em virtude de omissões referentes a deveres jurídicos de custódia, vigilância ou má-eleição de representantes, cuja responsabilização é imposta por norma legal.
- Bipartição do ato ilícito
Ilícito subjetivo - qualificado pela culpa – art. 186 cc
Ilícito objetivo – qualificado pelo abuso de direito – art. 187cc
Culpa e ilicitude são diferentes
O conceito de ilícito não esta vinculado a dano ou culpa.
Fenômeno da ilicitude é mais amplo que a culpa.
Vide artigo 497 cpc - Na ação que tenha por objeto a prestação de fazer ou de não fazer, o juiz, se procedente o pedido, concederá a tutela específica ou determinará providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente.
Parágrafo único. Para a concessão da tutela específica destinada a inibir a prática, a reiteração ou a continuação de um ilícito, ou a sua remoção, é irrelevante a demonstração da ocorrência de dano ou da existência de culpa ou dolo.
Ex. obrigação de dar – entregar o carro – tutela específica.
Culpa genérica/lato senso
Dolo, imprudência, negligência ou imperícia. Alguns não a colocam como pressuposto, uma vez que existe a responsabilidade civil objetiva. Todavia, a responsabilidade objetiva ainda é exceção, sendo regra a subjetividade.
Dano/prejuízo
Pode ser estético, à imagem, material, social, entre outros.
Nexo causal
Liga a conduta ao dano.
03 três elementos essenciais que compõem o ato ilícito, são eles: conduta culposa, dano e nexo de causalidade.
Conduta culposa do ofensor - atuação positiva (um agir) ou negativa (um não agir quando deveria) de alguém, revestida de intenção ou descuido. 
Dano – prejuízo de ordem patrimonial ou extrapatrimonial imposto por alguém em face de outro.
Nexo causal – relação de causa e efeito entre a conduta e o dano, ou seja, o prejuízo vivenciado por alguém é consequência da conduta produzida por outro.
para saber se foi vítima de um dano indenizável, deve-se olhar para o fato e responder, primeiramente, a três perguntas:
Pergunta 1: A pessoa que causou o dano, agiu ou deixou de agir intencionalmente, ou com descuido? 
Pergunta 2: Houve realmente um prejuízo material ou moral?
Pergunta 3: Existe uma relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado danoso? Ou seja, o dano se deu por causa da conduta do agente ou ele não teve nada a ver com o resultado danoso?
Se as respostas forem todas positivas, você está bem perto de ter sido vítima de danos indenizáveis. 
Porém, é preciso responder a outras 03 perguntas finais, são elas:
Pergunta 1: O dano aconteceu por minha única causa?
Pergunta 2: O dano ocorreu por causa única de terceiro?
Pergunta 3: O dano ocorreu por caso fortuito ou força maior?
Se as respostas forem todas negativas, você foi vítima de danos indenizáveis.
Se não, se está diante de uma excludente de responsabilidade.

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