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(20171003111037)UND 4 SEC 3 Crimes Contra a Adm Publica artigos 355 a 359

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PATROCÍNIO INFIEL
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
ELEMENTOS DO TIPO
O delito pode ser cometido por ação (desistir de testemunha
imprescindível, provocar nulidade prejudicial a seu cliente, fazer
acordo lesivo etc.) ou por omissão (não recorrer, dar causa à
perempção em razão de sua inércia).
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SUJEITO ATIVO
Constitui infração penal que tem por finalidade punir o advogado (bacharel inscrito na OAB) ou o procurador (Procurador da Fazenda, do Estado, do Município, estagiário etc.) que venham a prejudicar interesse de quem estejam representando. 
Trata-se de crime próprio.
SUJEITOS PASSIVOS
O Estado e a pessoa lesada pela conduta do agente. 
O crime só existe se o fato ocorre em juízo, pouco importando sua natureza (civil, penal etc.).
É necessário que o advogado ou procurador lesem interesse do representado, interesse que pode ser de qualquer espécie (patrimonial ou moral).
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ELEMENTO SUBJETIVO
Trata-se de crime doloso, que somente se caracteriza quando o agente tem intenção específica de prejudicar interesse do representado. 
O erro profissional ou a conduta culposa não tipificam o delito, podendo gerar a responsabilização civil, bem como punições pela Ordem dos Advogados.
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CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Em razão da descrição legal (“gerando prejuízo”), o crime só se consuma com a efetiva provocação do prejuízo. 
A tentativa somente é possível quando o advogado ou procurador resolve cometer o crime na forma comissiva, uma vez que na forma omissiva não se admite a tentativa.
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 PATROCÍNIO SIMULTÂNEO OU TERGIVERSAÇÃO
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.
ELEMENTOS DO TIPO
A expressão “mesma causa” deve ser entendida como sinônimo de controvérsia, litígio, ainda que os processos sejam distintos. 
Assim, se uma pessoa move várias ações contra pessoas diversas, fundadas, entretanto, no mesmo fato, o advogado não pode representá-la em uma ação e a um dos réus em outra.
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O fato pode-se dar em qualquer fase do processo: 1ª ou 2ª instância, fase de conhecimento ou execução etc.
Nos termos da lei, é indiferente que o agente defenda as partes contrárias ao mesmo tempo ou sucessivamente (tergiversação). 
É necessário, entretanto, que se demonstre ter o sujeito agido com dolo, pois a mera culpa não é suficiente para caracterizar a infração penal.
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CONSUMAÇÃO
Ocorre com a prática de algum ato processual em favor da segunda parte. Ao contrário do que ocorre na figura do patrocínio infiel, descrito no art. 355, caput, é desnecessário que o agente cause algum prejuízo para qualquer das partes.
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SONEGAÇÃO DE PAPEL OU OBJETO DE VALOR PROBATÓRIO
Art. 356 — Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório, que recebeu na qualidade de advogado ou procurador:
Pena — detenção, de seis meses a três anos, e multa.
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ELEMENTOS DO TIPO
A primeira delas é comissiva e consiste em inutilizar o objeto material, tornando-o imprestável, como, por exemplo, ateando fogo em um processo ou rasgando um documento.
Nos termos da lei, haverá o delito seja a inutilização total seja parcial. 
A segunda conduta é omissiva e se verifica quando o agente, dolosamente, deixa de restituir os autos, documento ou objeto.
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OBJETO MATERIAL
Autos são as peças que integram um processo de qualquer área jurisdicional (civil, penal, trabalhista etc.).
Documento é todo papel escrito, que tem autor determinado, cujo conteúdo tem relevância jurídica e que tem valor probatório. 
Objeto de valor probatório é aquele que serve ou pode servir de elemento de convicção (ex.: um revólver apreendido em apuração de homicídio).
Por ser crime especial, absorve o delito previsto no art. 305 do Código Penal.
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SUJEITO ATIVO
Trata-se de crime próprio que só pode ser cometido por advogado ou procurador.
SUJEITO PASSIVO
O Estado e, eventualmente, a pessoa prejudicada. Ex.: a parte contrária.
ELEMENTO SUBJETIVO
O dolo. 
Não existe modalidade culposa. 
Se o veículo de um advogado é furtado.
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CONSUMAÇÃO
Na modalidade inutilizar, a consumação ocorre no momento em que o objeto se torna imprestável. 
Na modalidade omissiva, a jurisprudência exige que o prazo de devolução tenha vencido e que o advogado ou procurador tenha sido intimado a devolver os autos e não o tenha feito, na medida em que a não restituição dentro do primeiro prazo pode ter ocorrido por esquecimento.
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 EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo.
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ELEMENTOS DO TIPO
Trata-se de crime assemelhado ao delito de tráfico de influência, descrito no art. 332 do Código Penal, mas que se diferencia daquele por exigir que o agente pratique o delito a pretexto de influir em pessoas ligadas à aplicação da lei, mais especificamente em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário da justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha. 
No tráfico de influência, o crime é cometido a pretexto de influir em qualquer outro funcionário público.
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CONSUMAÇÃO
A exploração de prestígio se consuma no instante em que o agente pede ou recebe dinheiro ou qualquer outra espécie de utilidade (material, moral, sexual etc.), independentemente da ocorrência de outro resultado. 
Na modalidade solicitar, o crime se consuma ainda que a pessoa não entregue a vantagem solicitada.
CAUSA DE AUMENTO DE PENA
O parágrafo único descreve aumento de pena de um terço se o agente diz ou insinua que a vantagem é também endereçada a uma das pessoas enumeradas no caput. 
Veja-se, entretanto, que, se o agente estiver efetivamente conluiado com o funcionário público, para que ambos obtenham alguma vantagem indevida, haverá crime de corrupção passiva por parte de ambos.
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VIOLÊNCIA OU FRAUDE EM ARREMATAÇÃO JUDICIAL
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; afastar ou procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa, além da pena correspondente à violência. 
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ELEMENTOS DO TIPO
Referem-se todas à arrematação judicial, isto é, a bens levados à hasta pública por ordem judicial. 
As condutas são diversas: impedir, perturbar ou fraudar a arrematação, ou, ainda, afastar ou procurar afastar pessoa interessada em dela tomar parte, mediante violência, grave ameaça, fraude, ou oferecimento de vantagem. 
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Comete o delito, por exemplo, quem ameaça concorrente de morte para que ele não ofereça valor maior por um bem que está interessado em arrematar.
Existe divergência jurisprudencial para a hipótese em que alguém paga o bem arrematado com cheque sem fundos. 
Para alguns configura o crime de fraude no pagamento por meio de cheque (art. 171, § 2º, VI); para outros, o crime em análise. 
A primeira solução parece ser a correta em face do montante da pena.
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DISTINÇÃO
Em se tratando de licitação realizada pela Administração Pública (federal, estadual ou municipal), as condutas caracterizam crimes mais graves previstos nos arts. 93 e 95 da Lei n. 8.666/93 (Lei de Licitações).
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DESOBEDIÊNCIA A DECISÃO JUDICIAL SOBRE PERDA OU SUSPENSÃO DE DIREITO
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por decisão judicial:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, oumulta.
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ELEMENTOS DO TIPO
Consiste em exercer, que é sinônimo de desempenhar, a função. 
Entende-se que o sujeito deve fazê-lo em desobediência a decisão judicial de natureza cível ou penal, como, por exemplo, aquelas interdições aplicadas com base no art. 92, II, do Código Penal.
Veja-se que, atualmente, quem descumpre a suspensão da carteira de habilitação imposta judicialmente comete o crime do art. 307 da Lei n. 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro).
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Por sua vez, quando o juiz substitui a pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos consistente em alguma interdição, o descumprimento não configura o crime em análise, pois a consequência encontra-se no próprio Código Penal: revogação da substituição e cumprimento da pena privativa de liberdade originariamente imposta.
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A desobediência a suspensão imposta administrativamente não constitui o crime. 
Ex.: advogado é suspenso pela OAB. 
O exercício da advocacia, nesse caso, configura a contravenção do art. 47 da LCP (exercício ilegal de profissão) ou o crime do art. 205 do Código Penal (de acordo com outra parte da jurisprudência).
SUJEITO ATIVO
Somente a pessoa que tenha sido suspensa ou privada de exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus.
Trata-se de crime próprio.
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