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INSUFICIÊNCIA CARDÍACA “Uma condição em que o coração é incapaz de bombear sangue na corrente sanguínea em quantidade suficiente para dar resposta às necessidades do corpo”. Etiologia São cinco estruturas diferentes que, se apresentarem alguma disfunção, podem acarretar um quadro de insuficiência cardíaca (disfunção cardíaca). Entender a etiologia é indispensável para o tratamento do paciente. 1 – Isquemia Quando o problema está nas artérias coronárias, a distribuição sanguínea para o miocárdio é comprometida, gerando um quadro de isquemia que pode evoluir para morte de região da parede. 2 – Problemas no músculo cardíaco Podem ser causados por: HAS, Miocardites, Doença de Chagas, Cardiopatia alcoólica, Radiação, Medicamentos, Doenças metabólicas, Sarcoidose, etc. 3- Problemas nos feixes elétricos (fibras de Purkinje, feixes e His) Exemplo.: Taquicardiomiopatia, algumas pessoas têm arritmias tão frequentes que eventualmente ocorre um remodelamento cardíaco com diminuição da força de contração. 4 – Problemas no pericárdio Exemplo.: Pericardite, que é importante em IC aguda. O pericárdio fica enrijecido causando dificuldade de relaxamento na diástole. 5 – Valvopatias Insuficiência ou estenoses valvares (EAo, IAo, EM, IM). Tipos de Insuficiência Cardíaca Insuficiência cardíaca sistólica: É a IC clássica na qual o coração perde a força de contração. O coração insuficiente não consegue bombear sangue como deveria, atualmente é chamada de IC com Fração de Ejeção rebaixada. Insuficiência cardíaca diastólica: É quando o coração preserva sua capacidade de contração, mas não relaxa da mesma forma. É comum em HAS descompensada devido à hipertrofia miocárdica (cardiopatia hipertensiva). Atualmente é chamada de IC com Fração de Ejeção Preservada. IC diastólica IC sistólica Cavidades espessas e rígidas Cavidades finas e esticadas O coração não consegue ser preenchido O coração perde capacidade de bombear OBS.: É comum que a IC diastólica evolua para uma IC sistólica por vários motivos como: o coração com miocárdio hipertrofiado sofre frequentes episódios de hipóxia pela diminuição da distribuição de fluxo sanguíneo para as células. Sinais e sintomas anterógrados Ocorrem principalmente em IC sistólica ▪ Intolerância aos esforços (fadiga, dispneia, sonolência); ▪ Hipotensão (principalmente postural); ▪ Palidez, perfusão ruim (enchimento capilar lentificado); ▪ Extremidades frias; ▪ Insuficiência renal; ▪ Confusão mental / tonturas; ▪ Presença de 3ª bulha (B3); ▪ Taquicardia. Sinais e sintomas retrógrados Ocorrem em IC sistólica e diastólica (com fração de ejeção preservada) ▪ Edema / Congestão pulmonar (ortopneia e dispneia paroxística noturna); ▪ No exame físico são comuns creptações pulmonares. Ortopneia: Paciente não pode dormir deitado. Dispneia Paroxística Noturna: Paciente acorda com falta de ar. ▪ Turgência de jugular; Se o coração está com dificuldades de relaxar, ocorre sobrecarga do átrio direito, que pode levar a turgência jugular ▪ Refluxo hepatojugular; ▪ Congestão hepática / Ascite; ▪ Edema de membros inferiores (bilateral). Sintomas retrógrados: pulmão → lado direito do coração → corpo. Logo, um paciente com edema de MMII provavelmente terá alterações pulmonares. Evolução dos estágios clínicos Sintomas Fração de ejeção Exercício Normal Ausentes Normal Normal Disfunção de VE assintomática Presentes Anormal Normal IC compensada Ausentes Anormal Comprometido (+/+++) IC descompensada Presentes Anormal Comprometido (++/++++) IC refratária Sintomas não controlados pelo tratamento Classe funcional de NYHA I Sem limitações para atividades cotidianas – eupneico II Discreta limitação para atividades habituais III Significativa limitação para atividades habituais IV Incapaz de qualquer atividade sem desconforto (inclusive repouso) OBS.: Considerar sempre o que era habitual para o paciente, os termos “pequenos esforços” e “grandes esforços” se tornam antiquados. Dispneia paroxística noturna pode acontecer em qualquer momento do sono? Não, apenas a noite por conta do ciclo circadiano, os vasos tendem a ficar mais cheios. Exames complementares RX de tórax Pode aparecer aumento da área cardíaca, “Sinal da Bailarina”, cefalização dos vasos. ECG Podemos identificar sinais de sobrecarga Ecocardiograma ( ) Analisamos a fração de ejeção, verificar paredes, possível isquemia. Sugere etiologia (por exemplo, em casos de insuficiência segmentar, avaliar isquemia). BNP – peptídeo natriurético É produzido quando o átrio direito está cheio. RM cardíaca Avalia os cinco possíveis componentes etiológicos. Dimensiona as câmaras cardíacas, identifica o padrão de alteração das paredes. Tratamento É voltado para a patogenia da doença. Para que o tratamento possa ser definido, classificamos esse paciente por meio dos dados obtidos na anamnese e exame físico. 1ª Classificação: Sistólica ou diastólica? Sistólica: O problema é na contração cardíaca, o órgão não tem forças o suficiente. Para confirmar o diagnóstico, avaliamos a fração de ejeção (mín de 50%). Diastólico: Geralmente associada a hipertrofia do miocárdio. O problema é no relaxamento (momento da diástole) e o sangue não consegue adentrar adequadamente a câmara cardíaca. 2ª Classificação: Classificação funcional de NYHA I Sem limitações para atividades cotidianas (eupneico) II Discreta limitação para atividades habituais III Significativa limitação para atividades habituais IV Incapaz de qualquer atividade sem desconforto (inclusive repouso) 3ª Classificação: Estágio de progressão da doença Estágio A Expostos a fatores de risco sem cardiopatia Hipertensão, DAG, diabetes Desenvolvimento de cardiopatia estrutural Estágio B Doença estrutural cardíaca assintomática IM prévio, disfunção sistólica VE Desenvolvimento de IC sintomática Estágio C Doença estrutural cardíaca - Sintomas atuais ou pregressos Cardiopatia conhecida Apresentam: dispneia, fadiga, capacidade física baixa Desenvolvimento de sintomas refratários em repouso Estágio D IC refratária requerendo intervenção especializada Paciente hospitalizado e necessita intervenção especial. 4ª Classificação: Tempo de evolução Aguda: < 3 meses Crônica: > 3 meses Crônica agudizada: Paciente em estado crônico que agudizou. Em pacientes agudos ou crônicos agudizados: Avaliar perfil hemodinâmico. Considerar débito cardíaco (preservado / rebaixado) e congestão. Paciente com baixo débito: Com extremidades frias, cianótico, com PA baixa. Se esse paciente está com baixo débito cardíaco é frio, se não, é um paciente quente. Congestão: Edemas (?), congestão pulmonar (?). Se tem congestão é um paciente úmido e se não, é um paciente seco. ATENDIMENTO À IC AGUDA NO PRONTO SOCORRO Perfil quente e úmido A abordagem consiste principalmente em uso de diuréticos (furosemida). Perfil frio e congesto A abordagem conta com o uso de - Diuréticos (furosemida); - Ionotrópicos: aumentam a força de contração cardíaca (o mais utilizado é a dobutamina) Para pacientes com PA ≥ 90 mmHg utilizamos vasodilatadores já para pacientes com PA < 90 utilizamos vasoconstritores. Perfil frio e seco Em pacientes nesse perfil, devemos atentar para desidratação por hipovolemia (que pode ser consequência do tratamento com diuréticos). Por isso, indica-se reposição de líquidos controlada. Ao compensar o paciente agudo →tratar o paciente crônico. TRATAMENTO DA IC CRÔNICA Ao tratar a IC diastólica considerar causa inicial (ex.: HAS, diabetes) e trata-la. Já o tratamento da IC sistólica é diferente pois consideramos a classificação do estágio de progressão da doença. Além disso devemos considerar a ativação neuro-hormonal da IC. ↑ Demanda de O2 pelo miocárdio, Frequência cardíaca, Vasoconstrição e Retenção de sódio e água A terapia para IC busca inibir essas ações. Insidiosa Sintomática Avançada / Refratária A B C D ▪ Reconhecimento dos sintomas; ▪ Diagnosticar etiologia e fatores agravantes; ▪ Estadiar severidade da síndrome Restrição de sódio Restrição de líquidos Atividade física Orientação multidisciplinar Diuréticos Espironolactona IECA / BRA β-bloqueadores OBS.: A, B, C e D correspondem à classificação de estágio de progressão da doença. IMPORTANTE! Drogas que reduzem mortalidade (ter que dar sempre para o paciente) ▪ β-bloqueadores ▪ IECA / BRA ▪ Espironolactona β-BLOQUEADORES ▪ Reduz mortalidade em 30%; ▪ Reversão do remodelamento ventricular; ▪ Minimizam os efeitos cardiotóxicos do sistema simpático; ▪ Alguns têm efeito vasodilatador. T er ap ia s es p ec íf ic as d a d o en ça Considerar: Ionotrópicos parenterais, transplante, dispositivos AV, marcapasso. Drogas para alívio de sintomas ▪ Digoxina ▪ Diuréticos (principalmente de alça) ▪ Digitálicos X 4 drogas mostraram benefícios: Carvedilol Bisoprolol Metoprolol Nebivolol IECA / BRA ▪ Atuam no sistema renina-angiotensina-aldosterona; ▪ Reduzem mortalidade; ▪ IECA: Inibidor da Enzima Conversora de Angiotensina BRA: Bloqueador do Receptor da Angiotensina ▪ Vasodilatadores (reduzem pós-carga); ▪ Promovem reversão do remodelamento ventricular; ▪ IECA pode dar tosse → substituir por BRA. ESPIRONOLACTONA ▪ Antagonista da aldosterona ▪ Efeitos benéficos independentes do efeito diurético; ▪ Reduz o “escape da aldosterona”; ▪ A aldosterona induz fibrose cardíaca e a espironolactona reverte remodelamento; ▪ Reduz mortalidade; ▪ Indicada para pacientes sintomáticos; ▪ Efeitos colaterais: ginecomastia e hiperpotassemia. DIURÉTICOS Indicados em pacientes sintomáticos com sinais e sintomas de congestão. Furosemida Hidroclorotiazida: 25 a 100 mg/dia Inibidores da ECA Captopril Enalapril BRA Losartan Valsartan LANÇAMENTO (!): INRA São alternativos a IECA ou BRA. Possuem duas classes: Inibidores da neprisilina e Receptores de angiotensina. Neprisilina: Degrada e torna inativos os peptídeos natriuréticos tipo A, B e C. Sua inibição é benéfica aos peptídeos natriuréticos.
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