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América Espanhola
Para sabermos um pouco mais sobre a emancipação política na América Espanhola, é preciso recordar como foi a sua colonização. É preciso compreender como a sociedade se comportava e lembrar mercantilismo, colônias de exploração, etc, para podermos dizer que mesmo se tornando independentes, a estrutura dessas sociedades não se modificou.
Colonização da América Espanhola
A Espanha era uma metrópole mercantilista, isto quer dizer que, as colônias só serviam para serem exploradas. A colonização só teria sentido se as colônias pudessem fornecer produtos lucrativos. Desta forma a maioria das colônias espanholas (e também portuguesas) foram colônias de exploração, que dependiam das regras impostas pela metrópole.
O fator mais importante pela colonização espanhola na América foi a mineração. A base da economia espanhola eram as riquezas que provinham, especialmente da Bolívia, a prata e também o ouro de outras colônias. Foi esta atividade, a mineração, a responsável pelo crescimento de outras que eram ligadas, como, a agricultura e a criação de gado necessários para o consumo de quem trabalhava nas minas.
Quando a mineração decaiu, a pecuária e a agricultura, passaram a ser as atividades básicas da América Espanhola.
A Exploração do Trabalho
Em alguns lugares como Cuba, Haiti, Jamaica e outras ilhas do Caribe, houve exploração do trabalho escravo negro, porém, de modo geral o sistema de produção na América Espanhola se baseou na exploração do trabalho indígena.
Os indígenas eram arrancados de suas comunidades e forçados ao trabalho temporário nas minas, pelo qual recebiam um salário miserável. Como eram mal alimentados e tratados com violência a maioria dos indígenas morria muito rápido.
A Sociedade Colonial Espanhola
A grande maioria da população das colônias americanas era composta pelos índios. A população negra escrava, era pequena, e, foi usada como mão de obra, principalmente nas Antilhas.
Quem realmente mandava e explorava a população nativa eram os espanhóis, brancos, que eram a minoria mas, eram os dominadores.
Assim podemos dividir a sociedade na América Espanhola entre brancos (dominadores) e não-brancos (dominados).
Mesmo entre a população branca havia divisões como :
Chapetones – colonos brancos nascidos na Espanha, eram privilegiados.
Criollos – brancos nascidos na América e descendentes dos espanhóis. Eram ricos, proprietários de terras mas, não tinham os mesmos privilégios dos Chapetones.
Além disso, a mistura entre brancos e índios criou uma camada de mestiços.
A Administração Espanhola
Os primeiros conquistadores, foram também os primeiros administradores. Eles recebiam da Coroa espanhola o direito de governar a terra que tivessem descoberto.
Com o crescimento das riquezas, como o ouro e prata descobertos, a Coroa espanhola foi diminuindo o poder desses primeiros administradores e passou, ela própria a administrar.
Dessa forma, passou a monopolizar o comércio e criou órgãos para elaborar leis e controlar as colônias.
Emancipação Política da América Espanhola
Só é possível compreender como as colônias espanholas na América conseguiram se libertar, se voltarmos atrás e recordarmos o Iluminismo.
No inicio do século 19, a Espanha ainda dominava a maior parte de suas colônias americanas, mas, da França chegavam novas idéias. Era a época das Luzes! Os ares eram de liberdade, os filósofos do Iluminismo pregavam que a liberdade do Homem estava acima de qualquer coisa. Não aceitavam que os reis pudessem usar sua autoridade acima de tudo. Afinal, os iluministas valorizavam a Razão, dizendo que o Homem era dono de seu próprio destino e devia pensar por conta própria.
Publicações feitas na França e na Inglaterra contendo essas idéias estavam chegando às colônias escondidas das autoridades. Idéias de liberdade também vinham através de pessoas cultas que viajavam e fora, descobriam um pouco mais da filosofia iluminista. Mas, quem eram essas pessoas cultas ?
Quando nós vimos a Sociedade Colonial Espanhola, estudamos os CRIOLLOS. Eles eram brancos, nascidos na América, que tinham propriedades rurais, podiam ser também comerciantes ou arrendatários das minas. Eles tinham dinheiro mas não tinham acesso aos cargos mais altos porque esses cargos só podiam ser dos CHAPETONES. Então, os Criollos usaram o dinheiro para estudar. Muitos iam para as universidades americanas ou européias e, assim tomavam conhecimento das idéias de liberdade que corriam mundo com o Iluminismo.
Os Criollos, exploravam o trabalho dos mestiços e dos negros e eram donos da maior parte dos meios de produção e estavam se tornando um grande perigo para a Espanha. Por isso, a Coroa espanhola decidiu criar novas leis:
os impostos foram aumentados
o pacto colonial ficou mais severo
(o pacto colonial era o acordo pelo qual as atividades mercantis da colônia eram de domínio exclusivo de sua metrópole)
as restrições às indústrias e aos produtos agrícolas coloniais concorrentes dos metropolitanos se agravaram.
(assim, as colônias não podiam desenvolver seu comércio com liberdade)
Os Criollos tinham o exemplo dos EUA que haviam se libertado da Inglaterra. E, a própria Inglaterra estava interessada em ajudar as colônias espanholas porque, estava em plena Revolução Industrial. Isto quer dizer que, precisava de encontrar quem comprasse a produção de suas fábricas e, também de encontrar quem lhe vendesse matéria prima para trabalhar. Assim, as colônias espanholas receberam ajuda inglesa contra a Espanha.
Quando aconteceu a Revolução Francesa, os franceses, que sempre tinham sido inimigos dos ingleses, viram subir ao poder Napoleão Bonaparte. Foi quando a briga entre França e Inglaterra aumentou. Por causa do Bloqueio Continental, imposto pela França, a Inglaterra não podia mais fazer comércio com a Europa continental (com o continente).
Por causa disso, a Inglaterra precisava mais do que nunca de novos mercados para fazer comércio, portanto ajudou como pôde as colônias espanholas a se tornarem independentes.
A França também ajudou, porque Napoleão Bonaparte com seus exércitos, invadiu a Espanha e colocou como rei na Espanha, seu irmão. Portanto, automaticamente, sendo dependente de França, a Espanha passou a ser inimiga também da Inglaterra. Isso foi o motivo que a Inglaterra queria para colocar seus navios no Oceano Atlântico e impedir que a Espanha fizesse contato com suas colônias espanholas.
Os Criollos então, se aproveitaram da situação e depuseram os governantes das colônias e passaram a governar, estabelecendo de imediato a liberdade de comércio.
Mesmo depois que o rei espanhol voltou ao poder, a luta pela independência continuou e a Inglaterra seguiu ajudando, porque sem liberdade não haveria comércio.
Conclusão
Assim nós podemos ver, que talvez por causa da maneira como foi dominada e explorada, a América Espanhola teve muitas dificuldades de se tornar independente. A interferência da Inglaterra e até mesmo da França foram fundamentais, embora fosse por interesse próprio.
BIBLIOGRAFIA
Aquino e Ronaldo – Fazendo História – Ed. Ao Livro Técnico
Marques, Berutti, Faria – Os Caminhos do Homem – Ed. Lê
Silva, Francisco de Assis – História Geral – Ed. Moderna
Enciclopédia Povos e Países – Ed. Abril Cultural
Enciclopédia Encarta – Microsoft
Por: Marusa Helena Cabral
Formas de Colonização – povoamento e exploração
No Sistema Colonial Tradicional encontramos diversas formas de colonização, que, de uma maneira geral, podem ser agrupadas em dois grandes tipos: as colônias de povoamento e as de exploração.
Povoamento
As colônias de povoamento correspondem àquelas que se desenvolveram nas áreas temperadas da América, melhor exemplificadas com as colônias inglesas da América do Norte, especialmente a Nova Inglaterra. Essas, apresentam as seguintes características:
• Povoamento por grupos familiares de refugiados religiosos (puritanos); por essa razão, permanente, onde o ideal de fixação estavaassociado ao desejo de prosperidade e desenvolvimento, tentando reproduzir na América a forma de vida que possuíam na Europa.
• Ideal de acumulação vinculado à valorização do trabalho, à poupança e à capitalização.
• Investimento na própria colônia dos lucros gerados pela produção local, convergindo para a metrópole apenas os tributos.
• A produção colonial atendia à satisfação das necessidades internas e se organizava em pequenas propriedades, com grande utilização do trabalho livre e familiar.
• Criação de um mercado interno.
• Valorização da educação, da instrução e da mulher.
• Consciência da autonomia e desenvolvimento precoce do ideal de emancipação.
Exploração
As colônias de exploração, exemplificada pela colonização portuguesa no Brasil, correspondiam aos interesses mercantilistas da época e apresentam as seguintes características:
• Ocupação espontânea, conseqüentemente temporária, por grupos de indivíduos onde o ideal de fixação foi suplantado pelo ideal de exploração econômica, de forma imediata e sem grandes investimentos.
• Ideal de enriquecimento rápido na colônia com gastos na Europa (“Fazer a América”), vinculado à mentalidade transoceânica, em que, em geral, as famílias ficavam na metrópole.
• Exportação para a metrópole da totalidade dos lucros obtidos com a produção colonial.
• Produção em grande escala para o mercado externo, atendendo aos interesses metropolitanos, baseada na grande propriedade e no trabalho escravo.
• Economia extrovertida e dependente, impedindo a formação de um mercado interno.
• Desvalorização do trabalho manual, da educação, da instrução e da mulher.
• Desenvolvimento tardio do ideal de emancipação.
Consequências
Os dois tipos de colonização explicam as diferenças que se apresentarão posteriormente: o Brasil colônia não prosperou, ao contrário da Nova Inglaterra, que foi o embrião do desenvolvimento norte-americano. Portanto, é o sentido da colonização, essencialmente de exploração, o grande responsável pelos problemas do atraso que ainda hoje marcam o nosso país, e não outros fatores, como clima, raça, miscigenação ou religião, carentes de base histórico-científica.
Uma experiência de colonização de povoamento no Brasil foi realizada no litoral de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, no século XVIII. Para estas áreas foram trazidas famílias de açorianos, em caráter permanente, que, entre outras, desenvolveram a produção diversificada em pequenas propriedades. E o caso de Florianópolis e Laguna, em Santa Catarina, e de Porto dos Casais, no Rio Grande do Sul, hoje a cidade de Porto Alegre
Primórdios da Colonização Portuguesa
Nas primeiras décadas que se seguiram ao descobrimento, o Brasil conheceu um relativo abandono. Salvo o monopólio régio do pau-brasil e a presença de algumas expedições no litoral brasileiro, os portugueses não se interessaram pelas novas-terras. Os esforços da metrópole, naquele momento, estavam concentrados no rendoso comércio com as Índias e no estabelecimento do Império Colonial do Oriente. Por essa razão, o período que vai de 1500 a 1530 recebeu a denominação de período pré-colonial.
1. As primeiras expedições
Em 1501, chegou ao litoral brasileiro a primeira expedição oficial portuguesa. Sob o comando de Gaspar de Lemos e trazendo a bordo o navegador Américo Vespúcio, o seu objetivo era o reconhecimento da costa brasileira, denominando os acidentes geográficos e elaborando um mapa do litoral. Dois anos depois (1503) uma nova expedição esteve no Brasil; desta feita, organizada por particulares e sob o comando de Gonçalo Coelho, prosseguiu o reconhecimento da nova terra e retomou a Portugal levando o primeiro carregamento de pau-brasil.
Nesse período, intensificava-se a presença de estrangeiros, especialmente dos franceses, no litoral brasileiro. O contrabando do pau-brasil aumentava, visto que os franceses estabeleceram sólidas alianças com os indígenas – os potiguaras no Norte e os tupinambás no Sul – que também eram empregados na extração da madeira. Ação desses entrelopos era apoiada por Francisco I, rei da França, que se recusava a aceitar as determinações do Tratado de Tordesilhas. Diante disso, Portugal enviou ao Brasil duas expedições com objetivos militares. A primeira em 1516 e a segunda em 1526, e ambas comandadas por Cristóvão Jacques: eram as expedições guarda-costas, que dispersaram ou aprisionaram mais de uma dezena de navios franceses e espanhóis, que também rondavam as terras portuguesas.
Essas expedições também deixaram no solo brasileiro os primeiros povoadores brancos. Na sua maioria, eram degredados, ou seja, condenados pela justiça ao trabalho nas galés, à prisão perpétua ou à morte, e que tinham suas penas substituídas pelo degredo.
2. Os primeiros passos da colonização
O ano de 1530 marca o início da colonização do Brasil. O lucrativo comércio de especiarias do Oriente mostrava-se deficitário, em razão dos altos custos militares que garantiam o monopólio português nas Índias. Além disso, crescia a presença dos contrabandistas franceses (entrelopos) no litoral brasileiro, intensificando o contrabando de pau-brasil. Diante desse novo quadro, D. João III, rei de Portugal, organizou a primeira expedição colonizadora, cujo comando foi dado a Martim Afonso de Sousa.
A primeira expedição colonizadora
Composta de quatrocentos homens, a expedição de Martim Afonso de Sousa tinha três finalidades: iniciar a colonização (povoamento), fazer o reconhecimento (exploração) e proteger o litoral contra a presença estrangeira. Por isso, parte dela navegaria até o Maranhão, reconhecendo o litoral e combatendo os franceses que infestavam a costa pernambucana. Outra, seguiria para o Sul, até atingir o rio da Prata, além de promover uma entrada para o interior, em Cananéia, São Paulo.
Uma Vila e um Engenho
Em 1532, Martim Afonso de Sousa fundou a vila de São Vicente, a primeira do Brasil, que com sua igreja, Câmara Municipal e Cadeia assinala o nascimento do primeiro núcleo de povoamento português na América. Ao redor da vila, surgiram plantações de cana-de-açúcar e um primeiro engenho: Engenho do Governador, depois batizado com o nome de São Jorge dos Erasmos. Transpondo a Serra do Mar, Martim Afonso encontrou João Ramalho,náufrago que vivia entre os índios do planalto de Pirantininga, onde foi instalada outra vila, que nunca prosperou.
Brasil Antes de Cabral
Os primeiros habitantes do Brasil
Até pouco tempo, era comum associar a ideia do nascimento histórico do Brasil à chegada de Cabral, em 1500, e esquecer que a Pré-História não é exclusiva da trajetória europeia. Mas o “homem das cavernas” também existiu no território nacional. Estudos arqueológicos têm encontrado vestígios de grupos humanos que habitaram a região há pelo menos 15 mil anos.
Pouco se sabe sobre a história desses grupos. Alguns estudos indicam que os indígenas brasileiros podem ter herdado os olhos levemente puxados de ancestrais asiáticos, que teriam vindo ao longo de milhares de anos.
Na década de 1970, uma descoberta trouxe novos elementos a essa discussão: num sítio arqueológico perto de Belo Horizonte foi achado o crânio de uma mulher, chamada pelos estudiosos de Luzia, que teria vivido há cerca de 11 mil anos. Uma simulação feita sobre esse fóssil mostrou uma mulher com traços diferentes da população indígena tipicamente brasileira, o que pode indicar antepassados de origem africana ou australiana, além da asiática.
Sítios arqueológicos brasileiros
Os primeiros habitantes das terras que viriam a se chamar Brasil não desenvolveram nenhuma forma de
escrita, mas deixaram numerosos vestígios, como pinturas rupestres, fósseis de animais pré-históricos e utensílios variados, descobertos em locais considerados importantes sítios arqueológicos. Os principais, até o momento, são:
• Sambaquis (em tupi, “amontoado de conchas”). Essas construções revelam antigos cemitérios comunais, pois já foram encontrados sepultamentos de milhares de pessoas nesseslocais.
A quantidade de sepultamentos ajuda a comprovar, por exemplo, se as populações de determinado local eram sedentárias. Muitos sambaquis ainda contêm restos de fogueiras, além de uma rica fauna pré-histórica.
Esses “depósitos” localizam-se principalmente em regiões lagunares, como o sambaqui brasileiro de Garopaba do Sul, em Jaguaruna (SC), considerado o maior do mundo.
• Sítios cerâmicos, líticos e arte rupestre. A cultura marajoara é o exemplo mais conhecido de povos ceramistas que viviam na Ilha de Marajó, na foz do rio Amazonas. Objetos feitos de pedra também foram encontrados na região paulista do Vale do Ribeira, constituindo um importante sítio lítico.
A pintura rupestre pode ser vista em todo o país, sendo famosas as do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, e as da Toca da Esperança, na Bahia.
Cotidiano das populações brasileiras antes da chegada de Cabral:
Descobrimento do Brasil
O início da história do descobrimento do Brasil se dá em 9 de março de 1500, quando uma grande esquadra portuguesa, composta de 13 embarcações, reunindo aproximadamente 1.200 homens (na sua maioria soldados), deixou o Tejo sob o comando de Pedro Álvares Cabral.
O seu destino era o Oriente e suas finalidades eram fundação de feitorias e o estabelecimento das conquistas nas Índias, em outras palavras, a formação do Império Português no Oriente. Essa esquadra, que, segundo alguns estudiosos, tinha também o objetivo de reconhecer e tomar posse de terras no Atlântico Sul, que pertenciam a Portugal, acabou por “descobrir” o Brasil em abril do mesmo ano.
Documentos históricos:
Vários documentos históricos tratam do Descobrimento do Brasil, destacando-se, entre eles:
• A Carta de Pero Vaz de Caminha, dando notícia do descobrimento que foi levada para Portugal por Gaspar de Lemos. Desaparecida até o início do século XIX, foi reencontrada na Torre do Tombo (Lisboa) e publicada pela primeira vem em 1817, na Coreografia Brasílica do padre Aires do Casal.
• Relatório do Mestre João, um documento não-oficial escrito por um físico (médico na época) e cosmógrafo.
• Relatório do Piloto Anônimo, também não-oficial, que teria sido redigido por um dos pilotos da esquadra cabralina, nunca identificado.
• A Carta de D. Manuel I aos reis da Espanha, escrita em 1501, comunicando a chegada de Cabral “a uma terra que novamente descobriu”.
As controvérsias:
Durante muito tempo acreditou-se que o Descobrimento do Brasil tivesse sido no dia 3 de maio de 1500. Porém, o reaparecimento da Carta de Caminha, que registra o dia 22 de abril como data oficial, acabou desfazendo a dúvida; Para muitos, a baía de Porto Seguro (sul da Bahia) teria sido o local onde aportou a esquadra de Cabral e onde o frei Henrique Soares de Coimbra teria rezado a primeira missa. A descrição geográfica de documentos não deixam dúvidas de que o verdadeiro porto seguro, citado por Caminha, seria a baía Cabrália, também no sul do litoral baiano.
Casualidade ou intencionalidade?
De acordo com a tese da casualidade, Cabral procurando fugir das calmarias, afastou-se em demasia da costa africana e ao descrever uma rota em arco, muito aberta, teria atingido o Brasil. Outro argumento da casualidade é que uma tempestade teria desviado a esquadra cabralina: empurrada pelos ventos para uma corrente marítima aquela acabou por encontrar o litoral brasileiro.
Aqueles que defendem a intencionalidade refutam esses argumentos baseados nos próprios documentos históricos. Em nenhum deles, em especial na carta de Caminha, se encontram referências a fenômenos meteorológicos ou geográficos, como tempestade, ventos ou corrente marítima, capaz de desviar o curso de navegação; ocorrências que, no mínimo, mereceriam registro do escrivão da frota. Da mesma forma, o afastamento da costa africana, para fugir das calmarias, estava previsto e fazia parte das instruções de Vasco da Gama, recomendando a “navegação em arco”. Portanto, os navegadores portugueses – hábeis e com larga experiência em viagens ultramarinas – não poderiam ter cometido um erro grosseiro de navegação.
A Carta de Pero Vaz de Caminha, que pode ser considerada o “registro de nascimento” do Brasil, descreve todas as ocorrências envolvendo a esquadra, bem como o cotidiano da tripulação. como se a escala no Brasil estivesse prevista, não se alterando, em nenhum momento, os planos Iniciais da viagem.
Ainda como argumento da intencionalidade sobre o Descobrimento do Brasil, na carta que escreveu aos reis da Espanha, D. Manuel I demonstra um certo conhecimento sobre as terras que ele comunica terem sido “descobertas” no Atlântico. Por fim, a reação de D. João II, rei de Portugal na época dos tratados de partilha, ao contestar a demarcação da Bula Inter Coetera de 1493, aceitando, posteriormente, a demarcação de Tordesilhas de 1494, é uma prova cabal do conhecimento que os portugueses tinham de terras na parte ocidental do Atlântico.
Veja também:
Império Colonial Português
O Império Colonial Português, ou Império Luso, foi o primeiro domínio colonial originado a partir da expansão marítima e comercial ocorrida nos séculos XV e XVI. Seu imenso território abrangia o Ocidente e o Oriente.
A expansão do território português
Depois de expulsar de Portugal os muçulmanos, também chamados de “mouros” pelos ibéricos (movimento ocorrido entre os séculos VIII e XIV e chamado de Reconquista), os portugueses trataram de expandir seu território e de estabelecer rotas comerciais na Ásia, na África e na América. Esse processo começou em 1415 com a conquista de Ceuta, no norte da África.
A rota oriental ou périplo africano
O “périplo africano”, considerado pelos estudiosos o primeiro período de expansão ultramarina da Europa, designa as viagens marítimas que Portugal realizou contornando a África pelo oceano Atlântico a fim de chegar ao Oriente.
Esse ciclo de viagens teve início em 1415 com a conquista de Ceuta, importante entreposto de produtos orientais, que até então estava sob o domínio dos mouros.
Dando continuidade a suas expedições exploratórias, os navegadores lusos chegaram à ilha da Madeira em 1419 e ao arquipélago dos Açores em 1427.
Em 1488, uma expedição comandada por Bartolomeu Dias alcançou o cabo das Tormentas, na extremidade sul do continente africano. Mais tarde, ele passou a se chamar cabo da Boa Esperança.
O novo caminho marítimo para as Índias foi estabelecido definitivamente por Vasco da Gama, que em 1498 chegou a Calicute contornando o sul da África. Em 1500, depois de se desviar de sua rota e de aportar no Brasil, Pedro Álvares Cabral também viajou para as Índias, em busca das especiarias que cobririam os custos de sua grandiosa expedição. Tal conquista encerrou o ciclo de viagens que marcou a primeira fase da expansão marítima europeia.
Viagens marítimas do século XV: a primeira fase da expansão marítima europeia.
Conquista estratégica
Depois de concluir o périplo africano, as naus portuguesas começaram a percorrer D oceano Atlântico e o oceano Indico a fim de conquistar terras na África (Angola e Moçambique), na Ásia (Goa e Macau) e na Oceania (Timor Leste, no século XVI). Esses :territórios tomaram-se portos estratégicos para o desenvolvimento econômico e comercial dos domínios portugueses no Oriente.
Além disso, os lusitanos construíram uma complexa rede de feitorias, misto de entreposto comercial e fortaleza militar que lhes serviu de apoio na edificação de um império mercantil e cultural. Seus instrumentos eram a língua portuguesa e a religião católica, que os portugueses tinham ajudado a disseminar.
Foi por isso que o século XVI passou a ser conhecido como ‘‘século de ouro da história do Império Luso”: nele, Portugal se tornou a maior potência do mundo moderno.
Os primeiros navegadores portugueses
Célebre navegador português, Bartolomeu Dias explorou a costa africana, alcançando o cabo da Boa Esperança (na atual África do Sul) em 1488. Ele foi o primeiro a atingir a costa oriental do continente etomou parte na armada de Pedro Álvares Cabral, em 1500. Faleceu precisamente no cabo da Boa
Esperança, durante uma tempestade.
Vasco da Gama era homem de confiança de dom João II. Foi escolhido por dom Manuel, sucessor no trono de Portugal, para chefiar a primeira armada a concluir a rota oriental e alcançar as Índias.
Composta de quatro naus, sua expedição partiu de Portugal em julho de 1497 e avistou Calicute em abril de
1498, regressando a Lisboa em agosto do ano seguinte.
Vasco da Gama voltou ao Oriente em 1502, como almirante do mar, para controlar revoltas, e, mais tarde, em 1524, já como vice-rei. Morreu pouco depois, sendo imortalizado pelo poeta Luís Vaz de Camões, que o transformou no personagem principal de Os lusíadas, narrativa mítica sobre a viagem do povo lusitano às índias.
Conclusão
O Império Colonial Português, iniciado em 1415, foi o mais duradouro dos impérios coloniais. Com territórios na África, na América, na Ásia e na Oceania, prolongou-se até 1999, ano em que Portugal devolveu Macau à República Popular da China. O arquipélago dos Açores e a ilha da Madeira, embora tenham conquistado autonomia político-administrativa em 1976, ainda fazem parte de Portugal, sendo agora os únicos territórios mantidos pelo país fora do continente europeu.
Por: Paulo Magno da Costa Torre
América Pré-Colombiana
Quando Colombo chegou à América, em 1492, o continente já era totalmente povoado, de norte a sul, numa estimativa de cerca de cinquenta milhões de pessoas.
A denominação de índios dada a essas pessoas tem a ver com o fato de Colombo ter pensando que havia chegado à Índia. Portanto, o fato de chamarmos os descendentes dos antigos moradores do continente americano de “índios”, ou “ameríndios”, já denota uma visão europeizada sobre a história da América.
Os primeiros grupos humanos da América pré-colombiana a receberam contato, nas ilhas do Caribe, foram os caraíbas, cuja organização era bastante simples. Os caraíbas foram os primeiros a ter contato com os europeus e sua exposição às doenças trazidas por estes, para as quais eles não tinham imunidade, chegou quase a extinguir essa etnia.
À medida que os espanhóis foram avançando para o continente, eles encontraram uma grande diversidade de povos.
Com relação à organização social, política e econômica desses primeiros habitantes da América, quando os europeus aqui chegaram, alguns deles viviam da caça, pesca e coleta, portanto, num estágio de nomadismo, enquanto outros já praticavam uma pequena agricultura de subsistência, o que os tornava semi-sedentários.
Tanto no primeiro caso quanto no segundo, não havia a ideia de uma organização política centralizada, pois não havia o Estado. Quanto à economia, não eram praticadas trocas, pois não havia excedente para isso. Os grupos humanos organizados segundo esses princípios estavam espalhados por toda a América, desde o norte, passando pelo centro, até o sul, antes da chegada dos europeus.
América pré-colombiana.
Contudo, havia três grupos organizados de maneira bastante complexa, a exemplo das primeiras civilizações surgidas no nordeste da África, no Oriente Médio e na Ásia, há 4.000 a.C. Essas três civilizações ameríndias – os maias, os astecas e os incas – tinham organização política, praticavam agricultura em larga escala com técnicas de irrigação, promoviam trocas (comércio) e tinham grandes cidades, o que impressionou muito os europeus.
Mas, infelizmente, o propósito dos europeus era explorar as novas terras, a fim de arrancar delas a maior quantidade de riquezas possível. Por isso, as populações pré-colombianas, todas elas, sem exceção, foram desprezadas pela maioria dos conquistadores. Escravizados, aculturados e dizimados por epidemias trazidas pelos europeus, os ameríndios foram reduzidos drasticamente para dar lugar ao “conquistador”.
Maias
A civilização maia desenvolveu-se na América Central, na região da península de Yucatán. Dividiam-se em várias cidades-Estado autônomas, com governos teocráticos. A economia era basicamente agrícola, com produção de milho, algodão e cacau.
A organização social compunha-se de três camadas: a mais alta era a família real e membros do governo, a segunda constituía-se de funcionários do Estado e trabalhadores especializados e a terceira era constituída por agricultores e trabalhadores braçais. Essa divisão social era bastante rígida, sendo difícil a mobilidade de uma camada social para outra. Eram politeístas.
Os maias desenvolveram um sistema numérico vigesimal – agrupamento de números em vintena – e o conceito do zero, o que permitiu o uso do cálculo matemático e de descobertas astronômicas. A escrita, por sua vez, ficou indecifrável até a década de 1950, quando o cientista soviético Knorozov conseguiu decifrá-la parcialmente. Porém, pouca coisa restou para se ler, pois os espanhóis e a Igreja Católica destruíram praticamente tudo o que pudesse ser lido, com vistas a obrigar os maias a aceitarem a cultura espanhola.
Por volta do ano 900, a civilização maia sofreu um declínio de população e iniciou um processo de decadência. Alguns estudiosos supõem que o abandono das cidades ocorreu em função de guerras, insurreições, revoltas sociais, entre outros cataclismos. De fato, os grandes centros foram abandonados, mas não de um momento para outro. Além das hipóteses aventadas, pode ter ocorrido outro fator, por exemplo a exploração intensiva dos meios de subsistência de forma inadequada, provocando exaustão do solo e deficiência alimentar. Quando os espanhóis avançaram sobre o território maia, este já era dominado pelos astecas.
Astecas
A civilização asteca se estabeleceu no vale do México por volta do ano 1200 da Era Cristã e, no início do século XIV, fundou Te​nochtitlán, sua capital e centro de um vasto império que se estendia desde o norte do atual México até a Guatemala, ao sul, e do oceano Atlântico até o Pacífico.
A base da economia era a agricultura, destacando-se o cultivo do milho, do tomate, do algodão e do tabaco. A terra era propriedade coletiva, dividida entre os clãs. O comércio, por sua vez, constituía-se na base da troca, contudo algo tinha de ser encontrado que pudesse equilibrar uma desigualdade de troca: a semente de cacau satisfazia essa necessidade.
A sociedade asteca era rigidamente hierarquizada: o governante, semidivino, situava-se no topo da pirâmide social, seguido pela aristocracia, pelos artesãos de elite e comerciantes e, por último, os camponeses e os escravos. Politicamente, o Império Asteca constituía-se numa monarquia de caráter teocrático e militar.
Apesar de a maior parte das realizações culturais e artísticas ter sido destruída pelos conquistadores espanhóis, até hoje é possível admirar as pirâmides e as construções arquitetônicas imponentes, o que permite constatar a importância da religião politeísta na cultura asteca. Os astecas possuíam uma escrita pictográfica, um sistema numérico vigesimal e um complicado calendário solar.
Incas
A civilização inca constituiu um vasto império nos altiplanos andinos. Muitas lendas falam de sua origem, destacando-se a que os trata como “filhos do Sol”. No Império, as ter​ras pertenciam ao Estado, assim como a maior parte dos rebanhos e das minas. Os campone​ses trabalhavam coletivamente a terra, sendo que o Estado concedia a eles uma pequena parte da produção para a sua subsistência.
As colheitas eram reunidas em armazéns. As reservas do imperador serviam para a manutenção da aristocracia, dos funcionários do Estado, dos artesãos urbanos, dos soldados e de outros grupos não ligados à terra.
A exploração da massa camponesa pelo Estado se manifestava também pela instituição da mita, ou seja, a obrigatoriedade de fornecer trabalho gratuito nas obras públicas, como construção de templos, canais de irrigação, estradas e minas.
A sociedade inca dividia-se em classes, tendo o imperador – o Inca – como personagem mais importante, seguido pela aristocracia e pelos sacerdotes; em seguida, vinham os funcionáriosdo Estado, seguidos pelos artesãos e, finalmente, pelos camponeses. Eram politeístas. Do ponto de vista político, o Estado inca era uma monarquia teocrática, tendo o imperador, ou Inca, como um deus, descendente do Sol.
Ao contrário dos maias e dos astecas, os incas não chegaram a desenvolver uma escrita pictográfica. Utilizavam os quipos, um sistema de cordas com diferentes nós que possuíam um sentido numérico. Alguns autores afirmam que esses quipos possuem também um caráter alfabético. Contudo, há uma dificuldade para a decifração de tal sistema de escrita.
Ruínas da cidade inca de Machu Picchu.
Conclusão
Ainda hoje, o misticismo e a magia que envolvem as ruínas dessas três civilizações pré-colombianas despertam curiosidade. O desconhecimento de vários aspectos da história dessas civilizações é resultado, em grande parte, da destruição provocada pelo processo violento implementado, primeiro, na conquista e, depois, na colonização europeia, especificamente dos espanhóis, e na ambição desmedida de arrancar os metais preciosos das minas de ouro e prata. E, para isso, exploraram até a última gota de sangue dos nativos no trabalho incessante nessas minas
Chegada do Homem à América
Em pesquisas realizadas principalmente no século XX, todos os fósseis humanos encontrados na América eram muito mais jovens que os encontrados nos outros continentes. Isso faz com que os cientistas acreditem que o homem americano não é oriundo da própria América (autóctone), mas que ele migrou de outras partes do planeta a partir de uma determinada época.
Existem algumas teorias que buscam explicar a chegada do homem à América. Uma delas, conhecida como Teoria Asiática, defende a tese de que os ameríndios vieram da Ásia, passando pela Sibéria e entrando na América pelo Estreito de Bering, entre 50 e 12 mil anos atrás. Essa teoria ganha sustentação quando se comparam semelhanças notáveis nos aspectos físicos e culturais dos primeiros moradores da América com os asiáticos.
Uma outra teoria bastante aventada por vários estudiosos diz que os primeiros moradores da América vieram dos arquipélagos da Polinésia e da Melanésia, entre 10 e 4 mil anos atrás. Diversas tribos da América usam armas como a zarabatana, usam tambores de pele, usam veneno para pescar e constroem casas sobre estacas e árvores, tais como muitos grupos nativos tanto da Polinésia como da Melanésia.
Segundo a Teoria Malaio-Polinésia, os polinésios e melanésios teriam vindo de ilha em ilha em canoas de pranchas, ao longo de várias gerações, até chegarem ao litoral americano e, daí, espalharam-se por todo o continente, adquirindo ou desenvolvendo aspectos culturais de acordo com as necessidades e peculiaridades da região habitada.
A mesma descrição da Teoria Malaio-Polinésia também é aceita para uma outra possível corrente migratória, que teria vindo pelas ilhas do oceano Pacífico, da Austrália para a América: trata-se da Teoria Australiana.
Possíveis correntes migratórias para a América.
A bem da verdade, essas teorias, isoladas, talvez não deem conta de explicar a origem da presença humana na América, mas, quando as somamos, percebemos que o ameríndio pode ter chegado nesse continente por pelo menos três correntes migratórias diferentes. Esse é um assunto ainda em aberto, pois as pesquisas continuam sendo feitas. Mas uma coisa é certa: quando os europeus chegaram à América, ela já estava totalmente ocupada, no mínimo, há quatro mil anos.
Alguns povos que se concentravam principalmente nos atuais países do México e Peru, alcançaram o civilização com o surgimento de Estados, populações de dezenas de milhares, hierarquia de classes sociais, organização pública de serviços, clero profissional e especialistas de todos os trabalhos, desde manufatura até comércio, administração e governo. Veja sobre eles em: Maias, Incas e Astecas.
Quanto as tribos que se encontravam em áreas desérticas, frias e regiões que não estimulavam o extrativismo e, posteriormente, a agricultura, praticavam a caça e tímida coleta dos escassos recursos naturais como maneira de sobrevivência.
No ambiente de agricultura limitada da Floresta Amazônica, nasceu uma frágil civilização em povoamentos densamente habitados nas margens de rios, alimentando-se de peixes, tartarugas e do cultivo da mandioca brava. Essas tribos habitavam, em sua maioria, o território atualmente nacional. 
Existem estimativas de que a população indígena no Brasil até a chegada dos portugueses era de mais de um milhão de nativos, distribuídos em diversos grupos. Veja sobre eles em: populações indígenas do Brasil.
Por: José Ferreira
A Origem do Homem
A cronologia da origem do homem e sua evolução não é precisa. Existem numerosas classificações, muitas vezes contraditórias, pois ainda há várias lacunas importantes.
De um modo geral, podemos dizer que um tronco comum deu origem aos grandes macacos ou antropóides (Pongidae) e aos humanos (Hominidae).
Em algum momento, essas duas famílias se formaram e evoluíram em sentidos diferentes: os Pongidae assumiram as formas do gorila, do chimpanzé, do orangotango e do gibão atuais, enquanto os Hominidae passaram por várias transformações, até chegar ao Homo sapiens sapiens.
O Australopithecus
Os hominídeos ou homínidas são classificados em dois gêneros. O primeiro é o Australopithecus (do latim australis = meridional + o grego pithecos = macaco), que apresentava características físicas ainda distantes do homem atual. O segundo é o gênero Homo, ao qual pertencemos. Não se sabe se o Homo evoluiu do Australopithecus ou se ambos são gêneros independentes, ligados a um ancestral comum. Mas tudo indica que os primeiros hominídeos viveram na Africa Sul-Oriental.
Há três espécies conhecidas de australopitecos. O Australopithecus aferensis é o mais antigo, tendo vivido cerca de 3 milhões de anos atrás. Já o Australopithecus africanus e o Australopithecus robustus existiram respectivamente até 1,5 e 1 milhão de anos antes de nossa era, sendo que o A. africanus pode ter dado origem ao gênero Homo. Essas três espécies são claramente diferenciadas dos Pongidae porque, apesar de sua pequena ca4acidade craniana (400 cm3 para o A. aferensis e 500 cm para os outros), tinham postura bípede e não possuíam as grandes presas (dentes caninos) existentes nos antropóides.
Crânio de um Astralopithecus, encontrado na África do Sul
Homo habílis
Há cerca de 2 milhões de anos — sendo portanto a espécie posterior à origem do homem, contemporânea do Australopithecus africanus e do Australopithecus robustus — surgiu a primeira espécie do gênero Homo: o Homo habilis, assim chamado por sua capacidade de utilizar, pela primeira vez, pedras cortantes ou aguçadas para quebrar invólucros de sementes, cavar a terra em busca de raízes ou esquartejar animais. Seu volume craniano variava entre 650 e 800 cm3. Além disso, tinha uma postura menos curvada que a dos australopitecos.
Homo erectus
Cerca de 1,5 milhão de anos atrás, o Homo habilis, até então restrito à Africa, deu origem a uma espécie que se disseminaria pela Ásia e Europa: o Homo erectus. Este, além de demonstrar uma notável evolução no uso de utensílios de pedra (facas, machados, raspadores), deve ter iniciado a linguagem falada e, há cerca de 500000 anos, começado a abrigar-se em cavernas e a produzir fogo. No aspecto físico, o Homo erectus não ultrapassava 1,5m de altura; tinha a arcada superciliar saliente e uma mandíbula maciça, desprovida de queixo. A cabeça articulava-se com a coluna vertebral de modo a ficar ligeiramente projetada para a frente.
Além dos muitos fósseis de Homo erectus encontrados na Africa, descobriram-se outros, ligeiramente diferenciados, na Ásia e na Europa. São eles o Javantropo, o Sinantropo e o Paleantropo (do grego anthropos = homem), localizados respectivamente na Ilha de Java (Indonésia), perto de Pequim (China) e em Heidelberg (Alemanha). Os três foram classificados como subespécies do Homo erectus e receberam, em complementação, as denominações javanensis,pekinensis e heidelbergensis.
Reconstituição de dois antepassados do Homo sapiens. Da esquerda para a direita; o Sinantropo e a Javantropo.
Aproximadamente em 300000 a.C., o Piorno erectus começou a sofrer transformações que iriam resultar na espécie à qual pertencemos: o Homo sapiens.
Homem de Neanderthal
Restos da subespécie mais antiga do Homo sapiens foram descobertos pela primeira vez no vale (em alemão = thal) do Rio Neander, na Alemanha; daí terem recebido o nome científico de Homo sapiens neanderthalensis. Exemplares semelhantes seriam depois encontrados na França, Iugoslávia, Palestina e Africa do Norte.
A estatura do homem de Neanderthal era pouco superior a 1 ,5m. Seu crânio apresentava-se levemente achatado no occipital, com a testa bastante inclinada para trás, maxilares robustos e queixo pouco pronunciado. A arcada superciliar era menos saliente que nas espécies precedentes.
Os neandertalenses caçavam em grupo e abrigavam-se do frio em cavernas. Viveram entre 120 000 e 35 000 a.C. As razões de seu desaparecimento não são claras, mas muitos devem ter-se miscigenado ou sido exterminados pela segunda e mais evoluída subespécie do Piorno sapieM, denominada cientificamente Homo sapiens sapiens — ou seja, o homem atual.
O mapa indica o processo migratório do homem em direção a outros continentes, a partir da África.
Homo sapiens sapiens
O Homo sapiens sapiens surgiu por volta de 40000 a.C. Os primeiros espécimes estudados foram descobertos em uma localidade do Sul da França; daí serem designados pelo nome de homem de Cro-Magnon. Eram mais altos que os neandertalenses e tinham traços fisionômicos menos pesados, com o crânio alongado, a fronte ampla e o queixo arredondado.
O Homo sapiens sapiens substituiu o homem de Neanderthal e, por volta de 25000 a.C., espalhou-se pela Terra. Coube a ele aperfeiçoar as técnicas de obtenção de alimentos, ampliar as formas de organização social, estruturar a religião e produzir manifestações artísticas. E, com o passar do tempo, o Homo sapiens sapiens deu origem às raças humanas.
Atualmente, muitos estudiosos evitam utilizar o termo raça para designar um grupo humano com determinado fenótipo; em seu lugar, preferem a palavra etnia. O motivo para essa rejeição é sobretudo ideológico, devido à conotação negativa de “raça’ com “racismo” (atitude anticientífica baseada na pretensa superioridade de certas raças sobre as demais).
Ora, como o conceito de etnia envolve também peculiaridades culturais, é difícil deixar de usar a palavra raça quando se levam em conta as características estritamente físicas dos grupos humanos (cor da pele e dos olhos, estatura, formato do crânio e do rosto, tipos de nariz e cabelo etc.). Más, tais características são estudadas pela Antropologia Física, cabendo à Antropologia Cultural a realização dos estudos etnográficos e etnológicos.
Acredita-se que as raças humanas atuais tenham resultado da fixação de certos grupos em áreas específicas, a cujo meio se adaptaram. Nesse caso, como a procriação se processou dentro de um universo restrito, acentuaram-se determinados traços físicos, diferenciando um grupo de outro. E óbvio que tais diferenças não implicam qualquer idéia de superioridade ou inferioridade entre esses grupos.
Chegada do Homem à América
Em pesquisas realizadas principalmente no século XX, todos os fósseis humanos encontrados na América eram muito mais jovens que os encontrados nos outros continentes. Isso faz com que os cientistas acreditem que o homem americano não é oriundo da própria América (autóctone), mas que ele migrou de outras partes do planeta a partir de uma determinada época.
Existem algumas teorias que buscam explicar a chegada do homem à América. Uma delas, conhecida como Teoria Asiática, defende a tese de que os ameríndios vieram da Ásia, passando pela Sibéria e entrando na América pelo Estreito de Bering, entre 50 e 12 mil anos atrás. Essa teoria ganha sustentação quando se comparam semelhanças notáveis nos aspectos físicos e culturais dos primeiros moradores da América com os asiáticos.
Uma outra teoria bastante aventada por vários estudiosos diz que os primeiros moradores da América vieram dos arquipélagos da Polinésia e da Melanésia, entre 10 e 4 mil anos atrás. Diversas tribos da América usam armas como a zarabatana, usam tambores de pele, usam veneno para pescar e constroem casas sobre estacas e árvores, tais como muitos grupos nativos tanto da Polinésia como da Melanésia.
Segundo a Teoria Malaio-Polinésia, os polinésios e melanésios teriam vindo de ilha em ilha em canoas de pranchas, ao longo de várias gerações, até chegarem ao litoral americano e, daí, espalharam-se por todo o continente, adquirindo ou desenvolvendo aspectos culturais de acordo com as necessidades e peculiaridades da região habitada.
A mesma descrição da Teoria Malaio-Polinésia também é aceita para uma outra possível corrente migratória, que teria vindo pelas ilhas do oceano Pacífico, da Austrália para a América: trata-se da Teoria Australiana.
Possíveis correntes migratórias para a América.
A bem da verdade, essas teorias, isoladas, talvez não deem conta de explicar a origem da presença humana na América, mas, quando as somamos, percebemos que o ameríndio pode ter chegado nesse continente por pelo menos três correntes migratórias diferentes. Esse é um assunto ainda em aberto, pois as pesquisas continuam sendo feitas. Mas uma coisa é certa: quando os europeus chegaram à América, ela já estava totalmente ocupada, no mínimo, há quatro mil anos.
Alguns povos que se concentravam principalmente nos atuais países do México e Peru, alcançaram o civilização com o surgimento de Estados, populações de dezenas de milhares, hierarquia de classes sociais, organização pública de serviços, clero profissional e especialistas de todos os trabalhos, desde manufatura até comércio, administração e governo. Veja sobre eles em: Maias, Incas e Astecas.
Quanto as tribos que se encontravam em áreas desérticas, frias e regiões que não estimulavam o extrativismo e, posteriormente, a agricultura, praticavam a caça e tímida coleta dos escassos recursos naturais como maneira de sobrevivência.
No ambiente de agricultura limitada da Floresta Amazônica, nasceu uma frágil civilização em povoamentos densamente habitados nas margens de rios, alimentando-se de peixes, tartarugas e do cultivo da mandioca brava. Essas tribos habitavam, em sua maioria, o território atualmente nacional. 
Existem estimativas de que a população indígena no Brasil até a chegada dos portugueses era de mais de um milhão de nativos, distribuídos em diversos grupos. Veja sobre eles em: populações indígenas do Brasil.
Por: José Ferreira
Veja também:
O contato entre brancos e índios na América
Logo de início, os índios receberam cor​dialmente os europeus em geral. Entretanto, a cobiça dos brancos por ouro, prata e artigos exóticos logo mudaria essa relação pacífica, promovendo um violen​to etnocídio das populações nativas. Além da destruição física propriamente dita, os nativos americanos tiveram sua cultura, seus usos e seus costumes destruídos pelos europeus, que, em nome da “civilização” e da “religião”, lhes impuseram novos idiomas e uma nova fé.
O contato com os astecas
Uma antiga profecia asteca afirmava que um dia o deus Quetzalcoatl, a serpente emplumada, que era retratado como um homem de pele clara e de barba, viria, em pessoa, pelo mar.
Quando os espanhóis chegaram saindo das águas, com vestimentas brilhantes (armaduras), de pele e olhos claros e barbudos, os astecas acreditaram que a profecia estava se concretizando.
Para agradar a esse deus, o imperador Montezuma II o recebeu com presentes e festas, mas o espanhol Fernão Cortez, impressionado com a grandiosidade dos templos e com a cidade, tratou logo de conquistar aquela região cujo povo conhecia e dominava a arte da fundição aurífera.
O povo já ouvira falar que aqueles “deuses” possuíam “raios que matavam” (arcabuzes) e ficaram aterrorizadoscom a visão daqueles homens brilhantes montados em “monstros que soltavam fumaça pelo nariz” (cavalos, animais desconhecidos até então).
Numa demonstração de força e ousadia, Cortez exigiu vinte bravos guerreiros astecas. Ao ter o pedido atendido, Cortez decepou as mãos daqueles valentes guerreiros na frente do imperador Montezuma.
Em seguida, os espanhóis iniciaram a destruição da cidade e Montezuma, um so​berano prisioneiro, pregara uma política de conciliação com os invasores. O povo asteca reagiu à invasão como pôde e, num desses confrontos, Montezuma foi morto.
Seu sucessor, Cuauhtémoc, enfrentou os espanhóis, que haviam conseguido apoio de tribos rivais, e foi derrotado em 13 de agosto de 1521. Ao se tornar prisioneiro dos espa​nhóis, foi barbaramente torturado durante três anos, até que Cortez resolveu enforcá-lo.
Nas ruínas de Tenochtitlán, no centro da Cidade do México, uma placa eterniza o feito de Cuauhtémoc, o último imperador asteca. Em 13 de agosto de 1521, heroicamente defendido por Cuauhtémoc, caiu Tlatelolco em poder de Fernão Cortez. Não foi triunfo nem derrota. Foi o doloroso nascimento do povo mestiço que é o México de hoje.
Com apenas 11 navios, 500 soldados, 16 cavalos e 10 canhões, Fernão Cortez conquistou o Império Asteca, que, na época, possuía cerca de 15 milhões de habitantes.
Para realizar tal proeza, os espanhóis con​taram com cavalos e canhões, que os nativos não conheciam, com as disputas internas e as revoltas de outros povos dominados pelos aste​cas, mas que não aceitavam essa subordinação.
Esta praça denomina-se Praça das Três Culturas e representa a cultura asteca (ruínas), a catedral erguida pelos espanhóis com as pedras do Templo Maior da capital asteca e os modernos edifícios atuais.
O contato com os maias
Após a conquista do México, Fernão Cor​tez enviou Pedro Alvarado para a região de Yucatán, em 1523.
Os maias que os espanhóis encontraram nem de longe lembravam a civilização cujas ruínas encantaram e encantam estudiosos e turistas.
Aterrorizados pelas armas de fogo e pelo cavalo, os descendentes maias sucumbiram ao poder espanhol. Além da belicosidade es​panhola, os nativos foram derrubados por epidemias desconhecidas por eles, como a va​ríola.
Mesmo conquistados e aviltados, os des​cendentes maias preservaram variações da língua maia, especialmente na península de Yucatán e na Guatemala. Ninguém sabe por que os maias abandonaram suas cidades e ninguém consegue explicar também como eles conseguiram resistir até hoje, mantendo tradições milenares.
Guatemala – O colorido das vestimentas é a marca registrada dos descendentes maias.
O contato com os incas
Em 1531, Francisco Pizarro partiu para o Peru para anexar o Império Incaico à Espa​nha. Contava com cerca de 180 homens, 37 cavalos e algumas armas de fogo.
O chefe supremo inca – Sapa-Inca – de​tinha os poderes militar, religioso e político, mas a sua sucessão não era muito bem esta​belecida e a disputa pelo poder desencade​ava lutas sangrentas entre os candidatos ao título.
À época da chegada dos espanhóis, o Império Inca estava sendo disputado entre os irmãos Atahualpa e Huáscar. Atahualpa tornou-se o Sapa-Inca após derrotar o ir​mão.
Quando Pizarro chegou aos altiplanos an​dinos, encontrou-se com Atahualpa na cidade de Cajamarca e lá o inca foi feito prisioneiro dos espanhóis.
Pizarro exigiu um fabuloso resgate pela vida do imperador, assim como Cortez havia feito com a prisão de Montezuma, no México, em que ele recebeu 800 kg de ouro asteca.
Os homens de Pizarro exigiram como res​gate uma sala de ouro e prata. A sala possuía 6,70 m de comprimento, 5,20 m de largura e 2,70 m de altura. No total, os espanhóis rece​beram mais de 5 toneladas de ouro! Mesmo assim, a vida de Atahualpa não foi poupada.
A prisão e morte do imperador inca der​rubou qualquer resistência aos espanhóis, de imediato. Os nativos abandonaram as cidades e os povoados e iniciaram a reação ao domí​nio espanhol.
O último imperador andino foi Tupac Amaru, que efetivou a última grande revol​ta contra o domínio espanhol. Executado em 1572, seu nome tornou-se símbolo da luta pela liberdade. No século XVIII, seu descen​dente João Gabriel Tupac Amaru liderou uma rebelião indígena contra os espanhóis. Após violentos enfrentamentos, Tupac Amaru foi preso, torturado e morto em Cuzco, em 1781. O nome Tupac Amaru foi proibido em público e o uso de ornamentos da nobreza inca tam​bém foi proibido.
A conquista da América Andina contou com a violência bélica (cavalo, espadas e canhões), com a violência cultural (imposi​ção dos valores europeus sobre os nativos) e ainda com o imaginário popular (os incas, ao verem os espanhóis brancos, barbudos e de armaduras, acreditaram que era o deus Viracocha, o filho do Sol). Além disso, os es​panhóis conseguiram a adesão da classe do​minante. O povo agora trabalharia não para o rei, mas para a Espanha.
O lago Titicaca, 3.800 m acima do nível do mar, era o lago sagrado onde viveu Viracocha, um homem de pele branca e de barba.
Conclusão
A conquista do território americano e a sua conseqüente exploração por parte dos europeus provocaram a desagregação e a destruição das culturas nativas existentes no continente.
As terras americanas foram sistematica​mente tomadas pelos brancos, que aqui funda​ram suas vilas e cidades em nome dos reis euro​peus. As comunidades caçadoras coletoras, como os nativos brasileiros e norte-americanos, foram sendo empurradas cada vez mais para o interior, para darem lugar às plantações dos brancos.
Nas regiões da Mesoamérica e Andina, os espanhóis dominaram civilizações extrema​mente organizadas e urbanizadas e explora​ram a mão-de-obra nativa nas minas de ouro, prata e sal.
Apesar de toda a violência perpetuada pelos colonizadores e exploradores europeus, a cultura nativa ainda resiste na língua, nos costumes, no artesanato, na prática da agri​cultura em andenes e no tipo físico.
Passados mais de 500 anos, os povos indí​genas ainda continuam sendo desrespeitados e explorados. No Brasil, as terras indígenas são continuamente invadidas por fazendeiros ou garimpeiros; nos EUA, populações nativas, acabaram confinadas em reservas indígenas. Por toda a América pode-se perceber que os primeiros habitantes desta terra vivem pra​ticamente abaixo da linha de pobreza. Na região de Maras, perto de Cuzco, os índios ainda trabalham nas salinas, extraindo o sal das montanhas, como na época do Império Incaico.
Carregando sacos de 70 kg nas costas, sendo queimados e cegados pelo sol que se espalha na brancura do sal, potencializando seus raios, exploram um produto que, à época dos espanhóis, valia tanto quanto o ouro e a prata e hoje vale quase nada.
Se, por um lado, nós falamos português, espanhol, francês ou inglês e somos cris​tãos, por outro lado comemos batata, milho, mandioca, pimenta. Se, por um lado, índios foram obrigados a aprender a língua e a ado​tar os costumes dos europeus, por outro lado os europeus acabaram por adotar muito dos costumes e da alimentação dos povos que eles dominaram, demonstrando a dinâmica da história, em que vencidos e vencedores deram origem a uma nova cultura, um novo povo.
Fonte: Apostia COC
Cultura pré-colombiana: maia, asteca, olmeca, inca e mochica
Bem antes de Colombo chegar à América, o continente era ocupado por povos de culturas expressivas e singulares. Na América pré-colombiana, destacaram-se as culturas dos maias, astecas, olmecas, incas e mochicas.
A antiga América foi uma macrorregião cultural de grande diversidade étnica e linguística. Diversos povos de características muito distintas desenvolveram-se milênios antes da chegada dos conquistadores europeus.
Cultura maia
A civilização maia, considerada a mais notável entre as culturas pré-colombianas, tem em sua formação traços das culturas olmeca e zapoteca, entre outras. Desenvolveu-se principalmente entre os anos 300 a.C. e 950 d.C, ocupando a extensa área da península de lucatã.
As cidades maiaseram construídas seguindo o desenho da topografia e cresciam conectando grandes praças com numerosas plataformas maciças que formavam a base de quase todos os edifícios. Essas praças eram rodeadas por palácios simples e retangulares com várias salas e pátios internos, por templos, por pirâmides escalonadas, que vistas a distância se assemelhavam a montanhas e, ocasionalmente, por campos para jogos de bola.
O principal elemento das construções era a pedra calcária, extraída diretamente dos sítios e também utilizada em argamassas. Uma característica singular da arquitetura maia é a utilização de abóbadas falsas e hieróglifos esculpidos ou pintados como motivos de decoração.
Nas pirâmides, uma escadaria central conduzia o sacerdote ao interior do santuário. Diante dela, quase sempre se erguia um monólito rodeado de motivos simbólicos e hieróglifos. Um dos mais importantes monumentos desse tipo está situado nas ruínas de Chichén Itzá.
Pirâmide maia nas ruínas de Chichén Itzá.
A escultura maia era normalmente subordinada à arquitetura, sendo utilizada como elemento decorativo. Era muito comum a instalação ao ar livre de esteias com relevos comemorativos, cujos exemplos mais notáveis estão em Copán e Uaxactún. As esculturas isoladas geralmente eram feitas em pedra ou estuque e apresentavam-se em duas formas características, as figuras femininas bastante diminutas e as chamadas pedras-cogumelo, ambas ligadas ao culto da fertilidade.
As primeiras geralmente possuíam uma grande barriga em que se apoiavam suas mãos. Já as pedras-cogumelo se associavam à fertilidade por meio de formas fálicas simples ou hibridizadas com a figura humana.
Na pintura são importantes os murais, com técnica de afresco, sobre temas religiosos ou históricos, utilizando-se muitas cores. A pintura era também empregada para decorar a cerâmica e ilustrar os códices.
Cultura asteca
Os astecas são a última força unificadora do México pré-colombiano, antes da colonização europeia, no período entre 1325 d.C e 1521 d.G Na sucessão de povos mesoamericanos que deram origem a essa civilização destacam-se os toltecas e os chichimecas.
Também chamados de mexicas, os astecas migraram para o vale do México, conhecido como Anahuác, no princípio do século XIII, assentando-se na maior ilha do Lago de Texcoco (mais tarde drenado pelos espanhóis), e ao longo de batalhas nos anos posteriores foram continuamente conquistando cidades e anexando territórios.
Da arquitetura asteca, menos refinada que a maia, o que se conhece hoje é fruto do pouco que sobreviveu à destruição espanhola à época da conquista e, mais ainda, do relato de conquistadores.
A característica mais marcante é a inserção de pequenos templos no alto de estruturas piramidais feitas de terra e pedra, com escadarias que conduzem a portais. Imagens de pedra dos deuses e relevos com desenhos simbólicos eram colocados nos templos e nas praças.
Os palácios astecas eram semelhantes aos de outras culturas mesoamericanas, caracterizados como grandes estruturas de pedra, divididas em vários cômodos, dentre os quais, zoológicos e jardins com fontes e até mesmo lagos.
Os astecas tingiam algodão, faziam cerâmica e ornamentos de ouro e prata e esculpiam joias em jade, Dominavam com perfeição as técnicas de fundição e forja de diversos metais, mas não conheciam o ferro. Também valorizavam as plumas de aves, que seriam como adorno na ourivesaria.
Pedra do sol: o imenso calendário asteca.
A mais famosa escultura asteca é a Pedra do Sol. Com quase 4 metros de diâmetro e 24 toneladas de peso, a pedra tem no centro a imagem do deus Sol, mostrando os dias da semana asteca e versões astecas da história mundial, além de mitos e profecias.
Cultura olmeca
Dentre os diversos povos da Mesoamérica, destaca-se a civilização olmeca, considerada a “cultura mãe” do antigo México, que de 1800 a.G a 600 a.C ocupou os territórios que correspondem, na atualidade, aproximadamente aos estados de Tabasco e Veracruz.
Em 1500 a.C. surgiram os primeiros grandes centros cerimoniais olmecas, por conta do crescimento do excedente agrícola: o excesso de produção criou classes sedentárias como os artesãos, guerreiros, sacerdotes e chefes, causando também um crescimento das aldeias. Esses centros eram dotados de estruturas e edifícios piramidais, retangulares ou ovais, feitos de palha, barro, areia, pedra ou madeira.
A produção de utensílios de cerâmica e, eventualmente, de jade, foi de início parte da necessidade de maior armazenamento e estocagem de alimentos, mas com o tempo tal produção tornou-se intensa, propagando-se entre os povos vizinhos. O traço comum dessa forma de arte era o desenho do jaguar, animal fortemente cultuado.
Objeto em forma de cabeça gigante, típico da cultura olmeca.
As imagens mais características da arte olmeca, porém, são as cabeças de enorme tamanho, esculpidas em blocos de rocha basáltica, que chegavam a pesar até 36 toneladas, provavelmente transportadas de lugares distantes.
Cultura inca
O Império Inca ocupou os territórios do extremo norte do Equador e do sul da Colômbia, todo o Peru e a Bolívia, até o noroeste da Argentina e o norte do Chile.
Os incas chegaram ao vale de Cuzco por volta do ano de 1200, juntamente com outras etnias, e lideraram o processo de aterramento, ocupação e cultivo das terras então pantanosas da região. No século XV, os incas já controlavam todo o vale, confrontando-se com povos vizinhos como os inpacas, os collas, os chancas e os icas.
A partir da capital Cuzco, o império de mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, com mais de 200 etnias e cerca de 12 milhões de pessoas dividia-se em quatro regiões: a oeste, a região Chinchasuyu, úmida e fria, antiga sede das culturas huari e moche; ao norte, a região Antsuyu, de floresta amazônica, quente e úmida; ao leste a região Collasuyu, seca e fria, sede de Tiahuanaco; e, por fim, ao sul, a região Cuntisuy, quente e seca, entre a costa do Pacífico e o deserto.
Além das técnicas de aterramento, os incas esmeraram-se em construções de pontes pênseis entre grandes precipícios e suas edificações resistiam a fortes terremotos que assolavam a região, o que demonstra um domínio técnico bastante elevado.
A arquitetura dos incas é monolítica, despojada de ornamentos e de frieza expressiva. As obras civis de menor importância, as casas populares e os depósitos de alimentos eram construídos com pedras irregulares. Já os templos (normalmente circulares), palácios (em geral de planta retangular) e edifícios do governo eram erguidos com paredes de pedras geométricas regulares, polidas e encaixadas umas nas outras, sem argamassa.
Machu Picchu, cidade do Império Inca.
Quanto às fortalezas e torres, ainda se desconhece o sistema utilizado para se encaixar tão perfeitamente os enormes e pesados blocos de pedra.
A arte em cerâmica inca, conhecida como estilo cusquenho, possui motivos geométricos sobre fundo vermelho. Eram produzidas também, em menor escala, peças feitas totalmente em cerâmica negra, vermelha ou branca.
Os incas também dominavam a metalurgia. Era comum a representação de seres humanos em miniatura feitos de ligas metálicas como o ouro, a prata ou o cobre. A essas imagens eram acrescidos tecidos que imitavam as vestimentas incas originais, também tendo suas cabeças adornadas com toucas de penas.
Cultura mochica
Ocupando os vales Pasmayo, Chicama, Moche e Virú no período que vai do início da era cristã até o ano 800, os mochicas possuíam um estado poderoso e centralizado, que controlava a produção artesanal e a acumulação e a distribuição de alimentos.
Os mochicas apresentavam grande produção artesanal, de formatos e motivos muito variados. Com alto grau de detalhamento e realismo, as peças cerâmicas mochicas tomaram-se, em seu período, as mais difundidas entre os povos mesoamericanos. Dada a produção em larga escala, fez-se necessário o emprego de moldes.
Cerâmica molchica.
As esculturas tinham formas humanas, animais ou híbridas,e vasos e tigelas eram dotados de desenhos em alto-relevo que faziam alusões à caça, à pesca, ao combate, a cenas de procissão, a cerimônias religiosas ou sacrifícios e a atos sexuais.
Os mochicas também se destacavam por meio de sua arte em metal: na tumba do Senhor de Sipán, os arqueólogos encontraram quantidade expressiva de objetos em metais preciosos, como máscaras, cetros, brincos e ornamentos
Grandes Navegações
No imaginário europeu da época das Grandes Navegações, o mundo desconhecido era habitado por criaturas bestializadas ou fantásticas, como os “homens com cabeça de cachorro” descritos na obra de Marco Polo.
1. Portugal e as Grandes Navegações
Para realizar as Grandes Navegações, os portugueses organizaram sucessivas expedições que devassaram o litoral atlântico africano. Depois, penetrando o Oceano Índico, navegaram até Calicute, na Índia.
Coube a Portugal o pioneirismo e a liderança inicial no processo de expansão mercantil européia, desenvolvendo o Ciclo Oriental de Navegações, isto é, um conjunto de expedições marítimas procurando chegar ao Oriente; navegando no sentido sul-oriental, o que implicou, inicialmente, o desenvolvimento do litoral africano.
O pioneirismo português nas Grandes Navegações deveu-se a um conjunto de fatores, tais como a centralização política, resultando na formação de uma monarquia nacional precoce. Esse processo iniciado ainda na dinastia de Avis, depois da Revolução de 1385. Os reis de Avis, aliados à dinâmica burguesia mercantil lusa, voltaram-se para a empresa náutica planejando as atividades do Estado no sentido de desenvolvê-la, a partir dos incentivos aos estudos e à arte náutica: estes ficaram a cargo do príncipe-infante D. Henrique – o Navegador – que em 1418 criou a “Escola de Sagres”, denominação figurada de um grande centro de estudos náuticos situado no promontório de Sagres. Portugal gozava nessa época de uma situação de paz interna: além disso, sua posição geográfica privilegiada – as terras mais a oeste da Europa – na rota Mediterrâneo-Atlântico possibilitou uma certa tradição ao comércio marítimo através de vários postos comerciais relativamente desenvolvidos. (Veja mais em Revolução de Avis).
As Grandes Navegações e as conquistas portuguesas
Os portugueses lançaram-se aos mares, dando início ao “Ciclo Oriental”, e promovendo o devassamento do litoral africano. Neste ciclo, destacam-se as seguintes conquistas: em 1415, uma expedição militar tomou Ceuta (Noroeste da África), na passagem do Mediterrâneo para o Atlântico, uma cidade para onde convergiam as caravanas de mercadores mulçumanos transaarianos, e que dava a Portugal o controle político-militar do estreito de Gilbratar. Essa vitória, embora seja considerada o marco inicial da expansão marítima lusa, redundou em fracasso comercial, uma vez que as caravanas africanas desviaram o tráfico mercantil para outras praças ao norte do continente. Procurando atingir as regiões produtoras das mercadorias africanas, os portugueses passaram a contornar gradativamente a costa atlântica da África.
Em 1434, o navegador Gil Eanes atingiu o Cabo Bojador (à frente das Ilhas Canárias). Logo após, em 1445, os portugueses atingiram a região do Cabo Branco, onde fundaram a feitoria de Arguim. Paralelamente à conquista desses pontos no litoral africano, os portugueses foram conquistando e anexando as Ilhas Atlânticas: em 1419, o arquipélago da Madeira; em 1431, os Açores; e em 1445, as Ilhas de Cabo Verde. Nestas ilhas, foram introduzidas a lavoura canavieira e a pecuária, fundadas no trabalho do escravo africano, e sendo aplicado pela primeira vez o regimes de capitanias hereditárias.
Procurando um novo caminho para as Índias, em 1452, os navegadores lusitanos penetraram o Golfo da Guiné e atingiram o Cabo das Palmas; alguns anos mais tarde (1471), ultrapassaram a linha do Equador, penetrando no Hemisfério Sul. Em 1482, na costa sul da África, Diogo Cão atingiu a foz do Rio Congo e Angola, onde foram fundadas as feitorias de São Jorge da Mina; Luanda a Cabinda, locais em que se praticavam o comércio de especiarias e o tráfico negreiro.
Em 1488, Bartolomeu Dias atingiu o Cabo da Boa Esperança (Tormentas), completando o contorno do litoral atlântico da África (Périplo Africano). Dez anos mais tarde (1498) Vasco da Gama navegou pelo Índico e atingiu Calicute, na Índia. A partir daí, Portugal encetou sucessivas tentativas de formação do seu Império no Oriente. A primeira grande investida deu-se em 1500, com a organização de uma grande esquadra militar comandada por Pedro Álvares Cabral; desta expedição, temos a “descoberta” do Brasil e, depois, a tentativa cabralina de se fixar no Oriente.
Entre 1505 e 1515, Francisco de Almeida e Afonso de Albuquerque – este último, considerado o fundador do Império Português nas Índias – obtiveram sucessivas vitórias no Oriente, estendendo as conquistas lusas desde o Golfo Pérsico (Aden) à Índia (Calicute, Goa, Damão e Diu), ilha do Ceilão e alcançando a Indonésia, onde conquistaram a ilha de Java. Onde não foram obtidas conquistas militares, foram firmados acordos comerciais como é o caso da China (Macau) e Japão, entre 1517 e 1520. Mesmo baseados em um sistema de lucrativas feitorias, os gastos com as despesas militares e com a burocracia afligiam o Império Oriental Português. A partir de 1530, esses gastos, aliados à queda de preços das especiarias na Europa e à concorrência inglesa e holandesa, inviabilizaram sua sobrevivência. No século XVII, o vasto Império Luso já estava desmantelado.
2. As Grandes Navegações espanholas
Até 1942, os espanhóis lutavam contra os invasores mulçumanos. Nesse ano a vitória espanhola retomando Granada, o último reduto da península em poder dos invasores, assegurou a consolidação da monarquia nacional da Espanha, tornando possível o Ciclo Ocidental de Navegações.
A Espanha teve sua participação retardada no processo expansionista. A longa luta de reconquista contra os invasores mulçumanos que dominavam a península desde o século VIII e as lutas internas entre os reinos hispânicos cristãos impediam a unidade política e, consequentemente, a formação da monarquia nacional espanhola. A unificação política da Espanha ocorreu somente em 1469, com o casamento dos reis católicos, Fernando, de Aragão, e Isabel, de Castela. Com isso, os espanhóis se fortaleceram e investiram contra os invasores que ocupavam ainda o sul da península e, após sucessivas vitórias, tomaram Granada (1492), último baluarte da dominação moura no continente europeu.
A partir daí, desenvolveu-se uma orientação uniformizada possibilitando o fortalecimento da burguesia mercantil, anteriormente beneficiada por medidas pontuais dos reinos de Castela e Aragão: no caso deste último, destaque-se a expansão mediterrânea no século XIV, levando os mercadores aragoneses até a Sicília onde comercializavam panos, gêneros alimentícios e especiarias. Em 1492, patrocinado pelos Reis Católicos, Cristóvão Colombo, um navegador genovês, deu início ao Ciclo Ocidental de Navegações, que consistia na busca de um caminho para o Oriente, navegando para o Ocidente.
Em 12 de outubro de 1492, Colombo atingia a Ilha de Guanananí (São Salvador), realizando o primeiro feito significativo das Grandes Navegações espanholas, ou seja, o descobrimento da América. Acreditando ter atingido as Índias, Colombo realizaria ainda três viagens à América, tentando encontrar as “ricas regiões do comércio oriental”. No final de 1499, Vicente Yañez Pinzon, um dos comandantes de Colombo na viagem de descoberta da América em busca de um caminho que o levasse ao Oriente, atingiu a foz do rio Amazonas (Mar Dulce), colocando-se, portanto, como predecessor de Cabral no descobrimento do Brasil. Em 1513, ainda em busca de uma passagem para o Levante, Vasco Nuñes Balboa cruzou o istmo do Panamá descobrindo o Oceano Pacífico. Outra empresa importante, relacionada à expansão marítima espanhola, foi a realização da primeira viagem de circunavegação iniciada em 1519 por Fernão de Magalhães,um navegador português a serviço da Espanha, e completada por Juan Sebastião Elcano, em 1522. Após 1.124 dias de navegação pelos mares desconhecidos, os espanhóis atingiram as ilhas das especiarias orientais pelo Ocidente, além de comprovar a esfericidade da Terra.
As grandes conquistas espanholas
Mesmo com o controle de importantes pontos comerciais no Oriente (Filipinas e Bornéo) obtidos no decorrer do século XVI, os espanhóis voltaram-se basicamente para o Ocidente, onde deram início à colonização da América• Nessa empresa, os seus esforços se concentraram principalmente no México e no Peru.
O México foi a primeira área a ser conquistada entre 1518 e 1525, sob a liderança de Fernan Cortéz. Essa empreitada implicou a destruição do Império Asteca e sua capital Tenochititián, onde ficaram célebres a ferocidade e a crueldade dos conquistadores europeus. A conquista do Peru está. relacionada ao avanço dos espanhóis sobre o Império Inca, cuja capital era Cuzco. Entre 1531 e 1538, Francisco Pizarro e Diego de Almagro destruíram um dos mais importantes impérios pré-colombianos, o que garantiu a expansão do domínio espanhol sobre o Chile, Equador e Bolivia, numa ação marcada também pela brutalidade do conquistador. Nessas duas áreas, ricas em ouro e prata, teve início a exploração das minas, com o uso intensivo do trabalho compulsório do nativo.
As colônias espanholas na América foram divididas inicialmente em dois vice-reinados: o de Nova Espanha (México) e do Peru. Criados respectivamente em 1535 e 1543, os vice-remos eram subordinados diretamente ao Real e Supremo Conselho das Indias, órgão governamental ligado diretamente ao rei e encarregado de tudo quanto se relacionasse com a América. No século XVffl foram criados mais dois vice-remos: o de Nova Granada (Colômbia) e do Prata (Argentina).
Os espanhóis esperavam atingir o Oriente navegando para o Ocidente. Em busca de uma passagem que o levasse às “Indias”, além da viagem de 1492, que resultou no descobrimento da América, Cristóvão Colombo realizou mais três viagens ao Novo Mundo.
Colombo nunca encontrou o caminho para as “Índias”. Acabou morrendo velho e abandonado no convento de Valladolid.
A conquista dos antigos impérios pré-colombiano, pelos espanhóis, implicou a destruição das populações indígenas.
3. A partilha das terras descobertas nas Grandes Navegações
A rivalidade entre Portugal e Espanha pela disputa das terras descobertas de origem a uma série de tratados de partilha. Em 1480, antes da fase mais intensa das navegações espanholas foi firmado o Tratado de Toledo, pelo qual Portugal cedia à Espanha as ilhas Canárias (Costa da África), recebendo em troca o monopólio do comercio e navegação do litoral africano ao sul da linha do Equador.
A descoberta da América serviu para aumentar a rivalidade entre os dois paises e exigiu um novo tratado. Desta feita, o Papa Alexandre VI (cardeal aragonês) atuou como árbitro através da Bula Inter Coetera 1493. Uma linha imaginária foi traçada a 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde: as terras situadas a oeste da linha demarcatória ficariam para a Espanha, cabendo a Portugal as terras a leste, ou seja, o mar alto, o que gerou protestos de D. João II, o rei de Portugal.
Em função da reação portuguesa foi estabelecida uma nova demarcação que ficou conhecida como Tratado de Tordesilhas (1494). A linha imaginária passaria agora a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde: a porção ocidental ficaria pertencendo à Espanha, cabendo a Portugal a porção oriental. Dessa forma, parte das terras do Brasil passavam a pertencer a Portugal. Contudo, a linha de Tordesilhas, que, provavelmente, passaria por Belém, ao norte, e por Laguna, no litoral catarinense, nunca foi concretamente demarcada.
A presença espanhola no Oriente, depois da viagem de Fernão de Magalhães, exigiu também a demarcação da parte oriental do planeta, através do Tratado ou Capitulação de Saragoça (1529). Por este acordo, uma linha imaginária dividiria o mundo oriental entre Espanha e Portugal, a partir das Ilhas Molucas.
A divisão do mundo entre portugueses e espanhóis desencadeou a reação da França, Inglaterra e Holanda, países marginalizados pelos tratados de partilha. Daí, a sucessão de ataques corsários e as invasões das possessões ibéricas na América, África e Ásia.
4. As conseqüências da expansão marítima
As Grandes Navegações e Descobrimentos modificaram de forma significativa o mundo até então conhecido. Dentre as principais conseqüências da expansão européia devem ser destacadas:
O deslocamento do eixo econômico europeu do Mediterrâneo para o Atlântico-Índico, com a ascensão dos países ibéricos e a conseqüente decadência das cidades mercantis italianas.
A consolidação do Estado Absolutista, típico da Época Moderna, que depois de patrocinar o movimento expansionista, passou agora a usufruir dos seus lucros.,
Adoção da política econômica mercantilista, baseada no protecionismo do Estado e no regime de monopólios.
A formação do Sistema Colonial Tradicional vinculado à política econômica mercantilista e responsável pela colonização da América.
O renascimento da escravidão nas áreas colônias nos moldes do capitalismo moderno, com a utilização intensiva da força de trabalho indígena e africana.
O fortalecimento da burguesia mercantil nos países atlânticos.
Início do processo de europeização do mundo, especialmente, com a expansão do cristianismo.
A destruição das avançadas civilizações pré-colombianas existentes na América.
A expansão do comércio europeu (Revolução Comercial), dentro de uma nova noção de mercado, agora entendido em escala mundial.
Aceleração da acumulação primitiva de capital, realizada através da circulação de mercadorias.
Revolução dos Preços, provocada pelo crescente afluxo de metais preciosos provenientes da América.
5. O atraso da Inglaterra, França e Holanda nas Grandes Navegações
Diversos fatores contribuíram para o retardamento da participação Inglesa francesa e holandesa na expansão mercantil, dentre eles a Instabilidade política e econômica, a inexistência de uma monarquia centralizada, aliada aos interesses das burguesias nacionais e às resistências feudais.
Inglaterra
Além do desgaste na Guerra dos Cem Anos (1337-1453), travada contra a França, a Inglaterra sofreu os efeitos da Guerra das Duas Rosas (1455-85) retardando assim sua presença nas Grandes Navegações, que somente ocorreria a partir do reinado de Henrique VII (Tudor), estimulada pelo êxito ibérico: com a viagem dos italianos João e Sebastião Caboto (1497-98) foi atingido o Labrador, no Canadá; entre 1584 e 1587, Walter Raleigh fundou a colônia da Virgínia, o primeiro núcleo colonial inglês, além de tentar fundar colônias na Flórida. A partir daí, e até 1740, serão formadas as 13 colônias inglesas da América do Norte.
Um dos feitos mais importantes das navegações inglesas foi a segunda viagem de circunavegação, realizada por Francis Drake, entre 1587 e 1590.
França
Seu atraso deveu-se aos problemas que marcaram o processo de centralização monárquica, dificultado pela nobreza, e aos efeitos devastadores da Guerra dos Cem Anos. As Grandes Navegações francesas começaram no século XVI, apoiadas pela dinastia Valois e com a participação de navegadores estrangeiros.
Em 1523, o italiano Verrazano atingiu o litoral do Canadá e o norte dos EUA. Em seguida, Jacques Cartier penetrou o rio São Lourenço, fundando em 1534 a colônia de Nova França, o primeiro estabelecimento francês na América. Em 1604, já sob o governo dos Bourbons, os franceses ocuparam a Guiana e em 1608 fundaram a colônia de Quebec, no Canadá. Ainda neste século, penetraram o rio Mississipi e fundaram os núcleos de Saint Louis e Nova Orleans, embrião da colônia da Louisiana. Além disso, os franceses fizeram duas tentativas de colonização no Brasil: no Rio de Janeiro (1555-67), com a França Antártica, e no Maranhão (1612-15), com a França Equinocial, ambas de curta duração. A penetração do Oriente começou

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