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História do direito (PUC)

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HISTÓRIA DO DIREITO
08/03/97
Professor: Gerson Neves Pinto
Bibliografia: 
Michel Villey - 	O Direito Romano
Hanna Arendt - 	A Condição Humana e Entre o Passado e o Futuro
A Geny - 		Le Droit Grécque
Perry Anderson - 	Passagens da Antigüidade ao Feudalismo
Antônio Wolkmer - 	Fundamentos de História do Direito
Hart - 			O Conceito de Direito		Fundação Caloustile Golbekian
�
HISTÓRIA DO DIREITO
19/03/97
Professor: Luciano Benetti Timm
Direito é um fenômeno que pode ser percebido de três maneiras:
Fato	>	Norma	 >	Valor				Valor = o que é justo
Lei é uma das fontes onde se encontra a regra jurídica. Lei # de norma jurídica
A lei é aonde a regra jurídica está contida.
Por exemplo: art. 121 do código penal - "Matar alguém, pena X..."
Não é para matar alguém, essa é a lei, a regra é não matar.
Outras fontes da regra jurídica: jurisprudência,...
Por que surgiram as leis ? como forma de limitar o poder dos juízes. Tendo leis elaboradas pelo povo, o juiz não poderia julgar conforme a sua vontade e sim segundo a lei.
Mas os códigos quando foram criados não abordavam tudo. Ainda hoje há fatos que não se enquadram nas leis. Ex.: concubinato, união de homossexuais, etc.
Nestes casos o juiz decide conforme os costumes, a moral, a jurisprudência, etc.
Então as regras vêm: da lei, da jurisprudência, dos princípios gerais do direito, etc.
Direito é o produto das interelações sociais. Os costumes estabelecem padrões de conduta, são fonte do direito.
Justiça é um valor, mas não é o único que existe no direito, porém o principal. Ex. de outro : segurança.
Devemos diferenciar:		Lei de Norma
				Lei de Direito
				Direito de Norma
				Direito de Moral
�
Viehweg - 			Tópica e Jurisprudência (1956)
Robert Alexy - 		Teoria do Arg. Jurídico ("leading case")
João Maurício Adauto		Filosofia do Direito
A História estuda o acontecimento ocorrido no passado, sistematizando-o .
Método tópico # método lógico dedutivo normativista
Quatro disciplinas de dogmática jurídica (estudam os códigos)
Filosofia jurídica (os valores)
Sociologia do Direito (direito é produto entre fatos e normas)
Teoria geral do direito: fazer estas quatro distinções:
Lei de Norma
				Lei de Direito
				Direito de Norma
				Direito de Moral
Interpretar gráfico: Cronologia dos Grandes Sistemas Jurídicos - do texto do Jonh Gilissen - pág. 21
Quadro geral da história: esquema n(3, ver xerox
1. Antigüidade
2. Idade Média
3. Idade Moderna (iluminismo, liberalismo econômico, movimento jusracionalista - Dir. Natural racional)
4. Idade Contemporânea
________________________________________________________________________________
28/03/97 - feriado - Páscoa
________________________________________________________________________________
Trabalho ???
I Pressupostos teóricos
a) Jusracionalismo (4 pág.)
b) Iluminismo
II Caracterização (+- 4 páginas) Codificação Civil
Por exemplo: a) Sistema	b) Clareza	c) Generalidades
Introdução +- duas páginas - história
�
EGÍTO
I - EVOLUÇÃO POLÍTICA
Teve três grandes "boons"
 a,b,c e g
				Cíclico = tem altos e baixos
 d f h
a) 5000 a C. - 3000 a C. = "Pré-dinastia", não havia faraó nem Estado. É a primeira forma de organização social - clãs (são grupos que se unem e acreditam que derivam de um mesmo ancestral).
Aldeias - depois - estado (semelhante a cidades)
Províncias (semelhante a Estado)
Impérios (Alto Egito e Baixo Egito)
Império único
b) 3000 -2780 a C. - Primeira Dinastia - reino unificado, escrita
c) 2780 - 2400 a C. - Antigo Império - Terceira Dinastia em diante - Poder central forte nas mãos do imperador (faraó). Estabilidade política ( desenvolvimento econômico ( aum. da produção de bens ( aum. da riqueza ( aum. de contratos e propriedades, testamentos e doações.
Tudo isto gera cobiça nos povos pilhadores, iniciam invasões e levam a uma queda do poder central. Os estados de defendem como podem.
d) 2400 - 2100 a C. - primeiro período intermediário. Feudalização. Instabilidade política ( queda da economia ( queda no número de contratos, testamentos, etc.
e) 2100 - 1785 a C. - Médio Império. Faraó recupera o seu poder político.
f) 1785 - 1585 a C. - segundo período intermediário. 
g) 1585 - 1200 a C. - Novo Império. Havia juízes.
h) 1200 a C. - Decadência
�
II - EVOLUÇÃO JURÍDICA:
1. - Não tinha lei escrita
2. - ( Contratos e testamentos (muitos)
				 decisões judiciais / processo escrito
3. - Existência dos juízes
				 Instruções do Faraó
Igualdade jurídica na família: mulher = homem e os filhos iguais entre si (o primogênito não tinha privilégios).
________________________________________________________________________________
Aula especial com o professor Cézar Saldanha Não cai em prova.
O DIREITO NA IDADE MÉDIA
Três civilizações:
Primeira:
Ocidente (Civilização Ocidental) = Elementos materiais + Elem. da cultura + Elem. formais do
 West					da cultura romana	 barbára 
								(germanos)
O ocidente se desenvolveu tendo duas grandes autoridades: o Papa em Roma e Carlos Magno, que tinha um reino mais teórico. Depois da morte de carlos Magno inicia o feudalismo.
Como o Cristianismo foi o que unificou tudo, de certa maneira o Papa era o símbolo real do ocidente.
O Papa tinha um reino, os Domínios Pontifícios. Os revolucionistas invadem e reduzem os domínios do Papa. Só no tempo de Mussolini é que ficará definido que o quarteirão em que o Papa estava viraria um Estado independente, chamado Vaticano.
Segunda Civilização (séc. IV) Império Bizantino
Constantinopla	=	Elem. mat. Culturais	+ Elem. culturais	 + Elem. formais
capital do Império		romana em declínio	 do Oriente Médio	 do Cristianismo
Romano do Oriente								 Ortodoxo
East
�
Elementos formais = formadores				"Status quo" - fica tudo como está
Terceira Civilização: o povo árabe começa a subir em direção ao Oeste. Comem pelas "bordas"o Império do Oriente, invadem o mediterrâneo e o norte da África, Não entram na Turquia onde era Constantinopla. 
Maomé - Islamismo
Gibel (montanha) Altaric (nome de um príncipe) = Gibraltar
Tomaram a Espanha e só não entraram na França porque na batalha de Poitier os franceses os impediram.
De 720 até 1492 foram 780 anos de guerra contínua contra a religião muçulmana na Espanha. Em 1492 é que o último centro de religião muçulmana é expulso (em Granada).
Este período de 780 anos tem o nome de reconquista. É claro que nesse período houve mistura de raças.
Terceira civilização
Muçulmana	= Elem. mat. cultura árabe + Elem. mat. dos povos do	+ Religião islâmica
						Oriente Médio e Norte da 
						África
Sem religião não nascem as civilizações, porque a religião, a fé, a crença é que vão dar um sentido de unidade aquela civilização.
A terceira civ. É bem diferente da civ. Ocidental;. Durante grande parte da Idade média, até o séc. XVI as três civilizações brigavam entre si.
Em 1452 os turcos dominaram Constantinopla e foram vencidos depois numa batalha chamada Lepanto (esta batalha está pintada no teto da Igreja do Rosário). Foi essa batalha que assegurou o avanço turco. Eles foram detidos nas fronteiras da Áustria.
A Iugoslávia, nos Balcãs, foi o local onde se travaram os choques entre as 3 civilizações. A Iugoslávia era um conjunto de repúblicas e num determinado local ficava o centro de tudo = Bósnia
Na Bósnia estão 3 civilizações.
Os Croatas , ocidentais, são católicos e se consideram germanos
Os Sérvios, são eslavos e odeiam o catolicismo, são ortodoxos, são comunistas e amigos dos Russos
Os Muçulmanos, que embora sejam eslavos, acham que são árabes e procuram manter a cultura muçulmana
Quando Hitler assumiuo poder os Croatas viraram nazistas e mataram Sérvios e Muçulmanos.
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Qual foi a capital que arvorou-se em ser a capital do leste, substituir Constantinopla ? 
A Rússia - Moscou
Ocidente
Feudalismo							Justiniano (Códigos de Justiniano)
									Oriente
Direito Romano Germânico
________________________________________________________________________________
11/04/97
DIREITO CUNEIFORME (escrita em forma de cunha)
Forma de escrita, por exemplo: ((((
Povos: Hititas, Assíria, Acádia, Suméria, Babilônia
a)Helemitas - final V milênio
b) 4000 a.C. - Suméria - agricultura. Esta civilização criou muitas técnicas agrícolas. Eles não eram puramente guerreiros. Isto gerou um movimento de urbanização principalmente em Ur (cidade).
Código de Ur-Nammu (imperador).
Sofreram invasão dos Acádios, que não pilharam e sim se agregaram em 2350 a.C.
e) 1900 a.C. - Babilônia - foi quem efetivamente dominou - Aum. comércio
Hamurabi (1728 - 1686 a.C.) - rei?
Código de Hamurabi - está gravado na estela (espécie de pedra) e em pequenas tábuas de argila
d) 1600 a.C. Domínio Hitita (militaristas) possuíam regras jurídicas menos elaboradas.
e) 1300 a.C. Assírios (militarizados) tinham um direito pouco evoluído
EVOLUÇÃO JURÍDICA
Direito escrito - todos tinham exceto os Helemitas
Direito escrito cuneiforme pode ser: ideográfica (cada desenho representa uma idéia), silábica (cada desenho representa uma sílaba), alfabética (cd. des. rep. uma letra).
Direitos diferentes. Vários Direitos.
�
Evolução (não cíclica)
				 Babilônicos
				(		(
		Suméria				Hititas
							Assírios
Estas civilizações não possuíam códigos e sim compilações. Não eram códigos porque não eram sistematizados, não eram organizados, misturavam tudo, num mesmo local tinham regras de direito penal, direito civil, etc.
OBS: o código é um fenômeno da modernidade. Ele é preciso, dividido conforme o assunto. Ë claro e racional.
O mais antigo é o código de Ur-Nammu e possui mais ou menos 60 artigos. 2040 a.C. Influenciou o código de Hamurabi.
Hamurabi = ele recebeu as regras através do "Deus Sol", mas não é um direito divino, apesar de acreditarem em deuses. Não é como o Direito Hebreu, que se fundamenta na Bíblia.
O "Deus Sol" o envia para Hamurabi e ele o aplica.
As penas tentavam ser proporcionais aos delitos - se alguém furasse o olho de outra pessoa, seu olho também deveria ser furado. É algo um pouco irracional, é olho por olho, dente por dente.
			Humano
	 D. Penal				D. Contratual (Civil)
	 (severo)				Bastante desenvolvido
justiça semi-privado				Troca, locação (arrendamento de terras), doação
(O Estado ñ interfere na			operações bancárias
execução da pena)
Não tinha juristas (não tinha doutrina). Pessoas que escrevem obras jurídicas.
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Leitura de artigos do código de Ur-Nammu
"Se um cidadão acusa um outro cidadão de feitiçaria, e o leva perante o Deus Rio, e o Deus Rio o declara puro, aquele que o levou deverá..."
Nada é claro ou preciso.
É também um sistema de justiça irracional - se o "Rio" perdoa...
Partem do princípio que o "rio" pode julgar alguém. Se a pessoa não se afoga no rio, é porque o rio perdoou.
Código de Hamurabi
"Se alguém cultuou a um homem atos de feitiçaria, mas se ele não pode convencê-lo disso, aquele..."
Convencer quem? Não está claro.
"Se alguém acusou um homem imputando-lhe um homicídio, mas ele não pode convencê-lo disso, então o acusado será morto"
Dir. Civil - Hamurabi
"Se alguém entregou seu terreno contra o produto de um trabalhador e recebeu o produto deste e se em seguida o Deus YYY inundou o seu terreno, o prejuízo será do arrendatário"
Dir. de família (patriarcal)
"Se um filho agrediu seu pai sê-lhe é cortada a mão na altura do pulso"
"Se uma mulher não deu filhos ao seu marido, ele poderá casar-se com outra que lhe dê..."
A mulher está em condição inferior ao homem. O homem/chefe da família tem muito poder.
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16/04/97
PROVA dia 24/04							
Ler para o trabalho: Norberto Bobbio, Positivismo Jurídico
História do Direito Romano
Por que é importante estudarmos o D. Romano ?
Porque o Direito Brasileiro vem da família jurídica Romano - Germânica, em oposição a "Common Law" (Inglaterra).
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Mas nós iremos dar mais ênfase ao D. Romano (DR) do que ao Germânico, pois o DR é o que foi estudado nas Universidades.
1. BASES HISTÓRICAS
A) Realeza (monarquia) - vai de 753 a.C. - 509 a.C.
Deixaram poucos registros escritos. Foi instituída pelos invasores etruscos. Havia dominação Etrusca vinda do norte da Itália. Houve três reis - Tarquino Prisco, Sérvio Túlio e Tarquino o Soberbo. Havia divisão de classes: patrícios e plebeus. Domínio da aristocracia.
Tarquino o soberbo, começou a reinar em favor do povo e por isso foi deposto (golpe). A deposição do rei permitiu que a aristocracia tivesse pleno domínio social e político, instituindo a República.
B) República - vai de 509 a.C. - 27 a.C.
Há uma rígida separação de classes - patrícios e plebeus
Aristocracia - são proprietários de terras, propriedades rurais - também são patrícios.
Os patrícios formam o Senado e dominam os cargos públicos - magistraturas.
Por que os romanos só desenvolveram o D. Civil ? Pq eles não desenvolveram, por exemplo, o D. Penal ?
Porque os romanos não tinham o direito processual em outros setores além do civil.
Direito Processual # Direito Material. O processual é a relação das partes com o Estado (autor( juiz (réu) e o material é a relação das partes entre si (autor((réu). Sendo assim, como o Estado Romano não se "metia" nos litígios penais, eles não tinham um D. Penal. A vítima é que ia resolver, por conta própria, o seu caso.
Na opinião do professor Luciano B. Timm, também seria porque quem governava era a elite. A elite não estaria preocupada com a situação dos criminosos.
No séc. II a.C. Roma começa a se expandir e a sua economia se desenvolve, sendo assim, a sociedade, que era tipicamente agrária, passa a se desestruturar. Por isso, depois de um longo período de estabilidade política, a República entra em crise, cria-se o império com Otávio Augusto.
Império tem duas fases: primeiramente o principado e depois a monarquia absoluta.
C) Principado - 27 a.C. - 285 d.C.
27 a.C. - Otávio Augusto
Era um imperador conservador, ainda tinha consideração pelas tradições e por isso manteve as instituições republicanas. 		Tem-se uma expansão do Império Romano.
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D) Absolutismo - 285 d.C. até 565 d.C.(quando morre Justiniano)
Diocleciano - era absoluto, tinha total concentração do poder.
Constantino - séc. III
Teodoro
Justiniano (527-565 d.C.)
Constituição Romana
Constituição é o instrumento pelo qual se disciplinam os poderes do Estado.
Como era a C. Romana, se eles não deixaram nada escrito ? 
A) A C. da Realeza não nos interessa do ponto de vista histórico.
B) A C. da República era consuetudinária (costumeira), como a Inglesa. Não era escrita. Como saberemos então se ela existiu ?
Sabemos que ela existiu porque Roma tinha um "sistema de freios e contrapesos" (limitação do poder).
Mas se o sistema era autoritário, como poderia haver um sistema de "freios e contrapesos" ?
"Nem tudo que é autoritário é ilimitado"
O termo "freios e contrapesos" foi usado por Montesquieu. Ele dizia que o poder tinha de ser dividido, para que um limitasse o outro, sugeria a divisão em três poderes - o Legislativo, o Judiciário e o Executivo.
Mas a limitação de poder em Roma era feita de forma diferente: através do princípio do colegiado e do poder de veto .
Colégio - um grupo de pessoas, não é só um fazendo tudo como bem entende.
Poder de veto - quem tem pode vetar um ato considerado arbitrário.
Quem tinha poder de veto ? os magistrados, o Senado e os Tribunaisda Plebe.
Ou seja, a constituição romana era consuetudinária e limitava os poderes dos magistrados, via colegiado e via poder de veto.
Pilares da Constituição Republicana
SENADO - órgão consultivo, composto pelos aristocratas (patrícios), posteriormente alguns plebeus conseguiram fazer parte do Senado. 
O Senado forneciam uma opinião, parecer a respeito do que lhes era consultado. Não era obrigatório seguir o conselho dado pelo Senado, mas na prática todos o seguiam, pois o Senado tinha poder de veto, e acabava vetando aqueles que não consideravam a sua opinião.
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MAGISTRADOS - são os cargos públicos. Todos tinham poder de veto. Havia magistraturas inferiores e superiores. As superiores eram:
Cônsul = havia dois cônsules. Eram comandantes do exército. Eram dois para que não ocorresse a concentração de poder em um só.
Pretor = eram os juízes, assumiam as funções judiciárias.
Ditador = era uma magistratura instituída em tempos de crise, quando a ordem pública estava em perigo (ex.: guerra, rebelião popular...). É um só, mas ele fica no poder por apenas 6 meses. Assim que for resolvida a situação para qual ele foi instituído, o ditador deve deixar o cargo.
POVO - se reunia em assembléias que eram:
Gerais = onde todos participavam, organizadas de tal forma que, no final, a maioria ficava sempre para a aristocracia.
Tribunais da Plebe = inicialmente composto só por plebeus, mas depois os aristocratas conseguiram se "imiscuir" nelas. Tinha poder de veto.
________________________________________________________________________________
18/04/97
Introdução
1. "Jus Civile"
2. "Jus" ("costumes") x "Fas" (Direito religioso)
tribunais			 tribunais
próprios			 religiosos
O "Jus" progressivamente irá superar o "Fas". Com o tempo ninguém mais se guiará por normas de origem religiosa.
Os romanos diferenciavam bem a esfera religiosa (espiritual) da esfera humana.
I- Período Republicano
"Jus Civile" - é o direito que vigorava no início da Rep. Romana - são os costumes do povo romano.
Costumes = costume é uma prática social ancestral e reiterada (repetida).
O Jus Civile só podia ser modificado pela lei.
�
As primeiras leis se formaram nas assembléias do povo.
A primeira lei romana é a Lei das XII Tábuas (séc. V a.C. - +- 451 a.C.)
Estas tábuas pegaram fogo quando os gauleses invadiram Roma. Então como podemos saber que elas realmente existiram ? Porque as obras jurídicas escritas encontradas fazem referência a elas.
Por que surgiram estas leis ? por pressão dos plebeus, eles queriam limites legais para certas questões, como por exemplo: para a execução de dívidas. E também para que as regras jurídicas fossem de conhecimento geral.
É claro que as leis eram rígidas para os plebeus, pois elas foram elaboradas por patrícios. Mas, mesmo assim, são uma conquista dos plebeus.
A lei, por exemplo, modificava o que dizia o costume a respeito da cobrança de dívidas. Limitava a ação da pessoa que ia cobrar a dívida. Antes, se a pessoa não podia quitar a dívida, ele teria de pagar, por exemplo, se escravizando ou "doando" pedaços do próprio corpo.
A Lei das XII Tábuas consagra os costumes por escrito e introduz algumas modificações.
As XII Tábuas servirão também como base para o posterior (ulterior) desenvolvimento da ciência jurídica. Por que isso ? Porque elas ensejam comentários escritos, permitem a interpretação jurídica, que é outra forma de desenvolvimento do Jus Civile.
Mas as XII Tábuas não esgotam todo o Direito Romano, o Jus Civile continua.
Jus Honorarium
É o conjunto dos princípios jurídicos novos, desenvolvidos pelos pretores e diferente do Jus Civile.
É o direito criado pelos pretores. É processual (jurisprudencial) - semelhante ao Direito Inglês (Common Law).
Ele está baseado na autoridade do pretor.
Por que se cria o Jus Honorarium ? porque, no período republicano, Roma começa a se expandir economicamente, surgem novos problemas sociais e o Jus Civile não dispõe sobre tudo, fica insuficiente.
Por exemplo, com a expansão econômica, povos vizinhos ficam atraídos pela riqueza romana e passam a imigrar para lá, porém o Jus Civile não tem nada sobre imigração estrangeira.
O Jus Civile era próprio dos romanos, para os romanos, os estrangeiros que estavam dentro do território romano não tinham proteção legal.
�
Como os romanos não queriam misturar a proteção dos cidadãos com a proteção dos estrangeiros, eles criaram um pretor para julgar as causas entre estrangeiros, o Pretor Peregrino.
Mas o Pretor Peregrino era romano e por isso só conhecia o Direito Romano, não tinha conhecimento do Direito dos povos estrangeiros, sendo assim o que ele vai fazer é adaptar o Jus Civile aos estrangeiros. Ele vai adaptá-lo porque os romanos não aceitam que o seu Direito fosse usado da mesma forma para os estrangeiros, os romanos eram tradicionais e conservadores e por isso o Jus Civile era o seu Direito e não podia ser usado para outros povos.
Pretor Romano (ou urbano) 
Ele vai ter acesso aos novos princípios utilizados pelo Pretor Peregrino (PP) a partir da adaptação do Jus Civile; como muitas vezes as soluções encontradas pelo PP serão mais justas, o PR irá acabar utilizando estes princípios também para os romanos.
Para facilitar sua atividade os pretores começam a escrever e publicar os princípios que pretendiam utilizar Esta publicação será chamada de Edito. Assim, antes começar a exercer o seu mandato, o Pretor publicava o edito, relatando quais os princípios que ele iria usar para julgar.
Edito = inovações do J. Honorarium + regras procedimentais + Jus Civile.
São as regras, os procedimentos.
________________________________________________________________________________
23/04/97
Os pretores começaram a escrever e publicar os princípios que eles iriam adotar durante o seu mandato, que era de um ano, porém o pretor tem poder de imperium* e, as vezes, ele acabava não seguindo o que havia no edito.
*É um poder ilimitado. Só as magistraturas superiores possuem imperium - o cônsul, o pretor e o ditador.
Para obrigar o pretor a utilizar o que havia publicado, Adriano (117-139 - séc. II), escolhe seu melhor jurista - Juliano - e pede para ele fazer uma compilação* dos editos já publicados.
*Compilar - reunir o texto de vários autores. Reunir todos os editos publicados pelos vários pretores.
A compilação jurídica se chamou: Edictum perpetum. Esta compilação passou a ter valor de lei.
É perpetum porque não pode ser modificado.
Os pretores não podiam decidir contrariamente ao Edictum perpetum.
�
I- Período do Império
a) Principado
O primeiro imperador foi Otávio Augusto (27 a.C. - 285 d.C)
Era um imperador conservador, ainda tinha consideração pelas tradições e por isso manteve as instituições republicanas.
b) Absolutismo (monarquia absoluta)
A concentração de poder nas mãos do imperador é máxima. Vai de 285 d.C. até 565 d.C.(quando morre Justiniano)
Diocleciano - era absoluto, tinha total concentração do poder.
Constantino - séc. III
Teodoro
Justiniano (527-565 d.C.)
________________________________	___	___	________________________________
a) PRINCIPADO
O imperador, Otávio Augusto, não vai legislar diretamente. Como ele era tradicional e conservador, não quis acabar de uma vez só com as instituições da República, mas ele irá criar outras formas de intervenção e de modificação do direito.
Quais ?
1.Regulamentos aos funcionários públicos (ordens) - semelhante as circulares de hoje em dia.
Ordens do chefe aos seus subordinados. Não funciona para os populares e sim para os seus subalternos.
2.Influência política no Senado
Os pareceres e as consultas do Senado terão força de lei.
Se um indivíduo queria uma lei favorável a ele, então ele procurava o Senado.
3.Tribunais imperiais provinciais
Os pretores (magistrados com poder de imperium) não davam conta de resolver tudo e porisso os tribunais imperiais foram criados, para agilizar a justiça.
Nestes tribunais não serão os pretores que irão julgar e sim funcionários públicos que ficavam sob o mando imediato do imperador.
4.Tribunal imperial em Roma
Também formado por funcionários públicos. O tribunal imperial poderia avocar* qualquer processo que estivesse em andamento com os pretores. *Avocar - chamar para si
�
5."Rescriptum"
As consultas (aconselhamentos) eram dadas pelos juristas, mas o imperador "fica com ciúmes" e resolve também começar a dar consultas.
Mas o imperador tinha autoridade, poder, e é claro que o povo começa a procurá-lo até para resolver questões simples, como uma separação, por exemplo.
Em função disso, como o imperador "tinha mais o que fazer", ele irá criar um conselho para dar consultas aos cidadãos. O conselho é um grupo de funcionários públicos que irá resolver as questões simples no lugar do imperador.
Fundamento
O que permitia que o imperador fizesse isso ?
Existem duas teorias:
A primeira: é que as respostas do imperador, em função da sua posição, da sua autoridade, teriam força de lei
A segunda: seria que o imperador não estaria limitado pela lei, podendo desta forma atuar acima da lei. Ele poderia intervir como bem entendesse.
Isso servirá de alavanca para o absolutismo (monarquia absoluta).
b) ABSOLUTISMO
Mudanças administrativas levadas por Diocleciano e Constantino.
O imperador passa a desconsiderar a tradição romana e, portanto, não leva mais em conta o Jus Civile e o Jus Honorarium.
Como eles irão legislar ? legislarão de forma direta, ou seja, por meio de decretos.
Conseqüências: o Direito passou a ser considerado igual a vontade do imperador.
________________________________________________________________________________
Não cai na prova
OBS: o Direito Romano desta época é o Direito que será descoberto quando se encontra o Digesto *. Sendo assim, é um direito que fundamenta o absolutismo. Tem princípios absolutistas.
*Digesto - O imperador Justiniano, que assume o poder em 527 d.C., nomeia uma comissão de dez juristas que irão elaborar um novo ordenamento jurídico, o Corpus Juris Civilis (CJC).
O CJC é formado por 3 grandes obras: o Codex, o Digesto, as Instituições.
Depois ainda cria-se as Novelas.
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O Digesto é uma compilação de todos os princípios escritos e usados pelos juristas. Foram analisados 2000 livros e foram reduzidos a dois volumes, fizeram uma síntese de tudo.
Todas as quatro obras desaparecem, mas no século XI encontra-se, em Pisa, uma cópia do Digesto e, conseqüentemente, se descobre o Direito Romano.
Existem duas razões que explicam porque o Direito Romano foi aceito novamente, tantos anos mais tarde, já na Idade Média.
Primeiro, porque a partir do século XIII, o sistema feudal, que predominava até então com seu direito costumeiro, começa a entrar em crise. Os reis contemplam no Direito Romano a possibilidade de fortalecer o seu poder, já que o Direito descoberto é o Direito da época da monarquia absoluta em Roma.
Segundo, porque o Direito Romano é escrito e é um único direito, diferente do Direito costumeiro que variava muito conforme a região e não era escrito, pois os senhores feudais eram analfabetos. Sendo assim o D.Romano passa a ser estudado e difundido pelas Universidades.
________________________________________________________________________________
Como será a prova:
3 questões - Primeira aula - de onde saem as regras jurídicas.
1 questão - Segunda aula (esquema 2) - o que significa História do Direito
1 questão - Terceira aula (esquema 3) - quais os grandes períodos, como caracterizar a passagem de um para o outro.
2 questões - Quarta aula - D. Egípcio. Como caract. Sua evolução jurídica - cíclica. Quais os registros escritos que ficaram para posteridade - contratos, instruções dadas ao vizinho,etc.
3 ou 4 questões - Mesopot. - cód. de Hamurabi, D. de Família, D. Penal, D. Contratual.
1 questão - evolução jurídica do D. Cuneiforme. Se foi cíclica ou não, se existiu apenas um ou vários direitos.
1 questão - D. Romano - Jus Civile, Jus Honorarium, caract. da república, Constituição romana - tinha ou não divisão de poderes, era escrita ?
1 questão - como caracterizar contextualmente a lei das XII Tábuas, como surgiu.
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Matéria da segunda prova
30/04/97
Jurisprudência Romana
1. Introdução
2. Antecedentes da jurisprudência
3. Jurisprudência pontifical
4. Aparecimento de uma profissão jurídica
Os romanos chamavam de jurisprudência a ciência do Direito. Eles foram os primeiros a fazer uma ciência do Direito, os gregos não faziam, eles faziam filosofia. Os gregos se preocupavam com a definição, com o conceito, mas não se preocupavam com o processo. Os gregos não se preocupavam com o caso concreto, com as questões práticas, já os romanos tinham um elevado senso prático.
Os romanos não tinham um código processual civil, inicialmente eles não tinham nada escrito que dissesse como as pessoas comuns poderiam mover uma ação, acionar o judiciário.
Quem conhecia o processo ? (1) as pessoas que davam consultas jurídicas e (2) as que entravam nos tribunais (prático).
Não foi em toda a história romana que existiram juristas (pessoas que estudam e conhecem a ciência do Direito). Eles apareceram depois de um determinado tempo.
Antes destes juristas havia os pontífices.
A jurisprudência* antiga = os pontífices	(Jurisprudência pontifical)
*entende-se por jurisprudência as pessoas que possuem o saber jurídico.
Os pontífices eram religiosos. O termo pontífices vem do original em latim, que quer dizer - fazedor de pontes. No sentido metafórico, é alguém que faz as "pontes" entre o mundo dos homens e o mundo de Deus.
OBS: isto não tem nada a ver com Direito Canônico, nesta época ainda não existia nenhuma ciência do Direito.
Os pontífices eram oriundos da classe aristocrática.
Por que estas pessoas foram os antecessores da ciência jurisprudencial romana ?
Porque, em algum momento histórico, eram elas que detinham o conhecimento dos arquivos sobre o processo romano.
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Os arquivos eram compostos por formulários e cada formulário continha a descrição da ação cabível (as formas, os procedimentos, os ritos).
Conhecer os ritos, os procedimentos era importante, porque o processo era extremamente formal. O autor da ação não podia errar nenhum termo ao descrever o seu caso. Por exemplo: se estava escrito : "se alguém, sem razão, cortar árvores de outrem, que seja condenado a indenizar a razão de 25 asses* "			*moeda da época
Se um sujeito que teve as suas macieiras cortadas dissesse: "quero ser indenizado em 25 asses porque tive minhas macieiras cortadas"
Ele perdia a ação, porque falou macieiras ao invés de árvores. Sendo assim, para não perder a ação o autor deveria conhecer bem as frases, os termos, os ritos.
Eram os pontífices que detinham o monopólio deste saber jurídico, só eles tinham acesso a este saber. Eles o guardavam a sete chaves para poder dominar todo o conhecimento jurídico, desta forma todos dependiam deles.
Em 253 a C. os arquivos se tornaram públicos. Gneus Flavius, que era auxiliar de um pontífice, se apoderou dos arquivos e os publicou.
Daí em diante todos poderiam ter acesso aos arquivos, mas não são todos que terão capacidade de entendê-los. Os aristocratas laicos (leigos - não são religiosos) é que entenderão os arquivos e passarão a dar consultas. Eles podiam fazer isso porque não havia uma regulamentação jurídica desta profissão, não havia uma escola ou faculdade que ensinasse o assunto, qualquer um poderia dar consultas. Além disso, como eram aristocratas, eram ricos, não precisavam cobrar as consultas. Eles se tornaram muito respeitados, primeiro porque eram aristocratas, segundo, pq não cobravam e terceiro, pq realizavam uma atividade de interesse público.
Primeiro período republicano
Como será a atividade dos juristas neste período ?serão meros práticos, apenas se dedicam a dar consultas orais, não tinham preocupação científica. Não escreviam obras jurídicas.
Segundo período republicano
Roma já está bastante desenvolvida, tinha expandido suas fronteiras e era um centro econômico e cultural. Os imigrantes sentem-se atraídos por Roma. Muitos imigrantes são gregos. Os juristas, em contato com os gregos, vão querer aplicar a filosofia grega às suas consultas.
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A filosofia grega dizia que o conhecimento humano se dá de forma sistemática, relacionando um fato a outros. Por exemplo: só vou entender o que é um fruto, se compreender o que é uma árvore, uma flor, etc.
Da mesma forma, as regras jurídicas poderiam ser sistematizadas.
Assim, se inicia uma tentativa de sistematização das regras jurídicas, visando facilitar a compreensão dos juristas em relação as regras. Já que o processo era muito complexo, muito formal.
Os juristas farão escritos de várias obras jurídicas, farão um livro sobre Direito. É aqui que surgem, pela primeira vez, os famosos comentários jurídicos. Farão comentários ao Jus Civile e ao Jus Honorarium.
Como partiam do pressuposto que o conhecimento era sistemático, quem escrevia um livro, primeiro escrevia tudo o que já tinha sido escrito sobre o assunto e então depois é que se escrevia algo novo.
Primeiro citava o que havia sido escrito por outros, resumia os escritos anteriores e os colocava em um livro como se fosse obra própria - os romanos não levavam em conta os direitos autorais.
A jurisprudência clássica
Os juristas clássicos.
Corresponde ao surgimento do Império.
Por que eles surgiram no Império ? muitos dizem que foi obra do acaso. Dizem que o jurista Labeón, que vivia na época do Império, escreveu 400 volumes sobre Direito. Ele resumiu tudo o que foi escrito no período da República e ainda fez contribuições próprias, pois como ele dava consultas, também tinha soluções propostas por ele.
Sendo assim, por ter escrito esta obra enorme sobre Direito, ele passou a ser considerado o primeiro clássico.
Aqui se inicia também uma aproximação dos juristas com o imperador. Se aproximam por prestígio, amizade, sucesso profissional. O imperador irá querer se cercar de bons profissionais, os melhores irão se tornar conhecidos, porque o imperador vai lhes dar respaldo.
A jurisprudência clássica durou enquanto durou a estabilidade do Império Romano.
A partir do século III a C., nos depararemos com os juristas pós-clássicos. Piores que os juristas clássicos, porque o Império Romano estava em decadência, a classe aristocrática estava empobrecida e o imperador estava perdendo o seu prestígio. Neste contexto, o jurista acaba sofrendo os efeitos desta sociedade. Dar consulta de graça não era mais possível, porque todos estavam passando por dificuldades econômicas, mas cobrar também não dava, porque o povo também não tinha dinheiro para pagar.
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Qual o recurso do jurista então ? se tornar funcionário público, porque o Estado paga melhor do que nada. Os juristas irão ocupar lugares nos órgãos imperiais:
Nos Tribunais Imperiais
Nas Chancelarias (onde eram dadas as respostas do imperador - "rescriptum")
Trabalhando como funcionários públicos eles terão um horário fixo de trabalho e não vão dar mais consultas, conseqüentemente não terão o que escrever ou escreverão muito pouco. Este pouco será: 
"Resuminhos" das obras clássicas
Comentários aos rescriptum
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02/05/97
Para o trabalho: Fábio S. Andrade. "Da Codificação". Editora Livraria do Advogado.
AS CODIFICAÇÕES
Em Roma não houve uma codificação como a que existe hoje, porque as compilações das regras não estavam organizadas (ordenadas de forma coerente, clara, racional, com divisão por matéria, etc.).
Os romanos se depararam com alguns problemas:
Mais de 2000 obras sobre jurisprudência
Grande multiplicidade de opiniões
Cada jurista entendia o Jus Civile de forma diferente - arbitrariedade
Não havia leis (códigos) que organizassem as opiniões diversas. OBS: Hoje, mesmo tendo um código, os nossos juristas tem opiniões diferentes, que dirá quando não tinha.
O "cara prático" não tinha tempo de conhecer todas as 2000 obras com as leis e respostas imperiais. Havia uma multiplicidade de rescriptuns e de legislações imperiais (leis). Alguém teria de reunir toda esta "parafernália" numa coisa só, mesmo que fosse de forma precária.
Havia uma necessidade de unificação das obras, a partir daí surgem os Codex.
Os romanos chamavam os "códigos" de Codex.
1. - O primeiro foi o Codex Gregorianus (292).
Consistia dos rescriptum. Esta obra era uma compilação dos rescriptum ( das respostas imperiais).
Portanto os práticos já tinham como resolver pelo menos uma parte dos seus problemas.
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Hoje qual é o sistema jurídico que se assemelha a este ? o norte americano, eles tem um documento só sobre contratos, um só sobre...
Os romanos também faziam isso, procuravam precedentes no Codex.
E quando não tem precedentes ? aí é um caso novo e uma decisão nova. No Common Law dos ingleses isto se chama "leading case".
2.- O segundo foi o Codex Hermogenianus (294).
Era uma atualização do anterior. Havia novas respostas e por isso estas também foram compiladas. São as respostas que vieram depois da primeira compilação.
3.- O terceiro não foi propriamente uma compilação, mas uma lei. Lei das Citações (426).
Foi criada para dirimir as divergências doutrinárias.
Os imperadores eram pouco democráticos e se irritavam com decisões judiciárias diferentes. Se havia 10 decisões o jurista escolhia uma, mas o imperador podia não gostar muito da escolha e por isso determinou quais as que poderiam ser usadas.
Os juristas só poderiam citar (se fundamentar) em Papiniano, Paulo, Ulpiano e Modestino, que foram os juristas clássicos mais consagrados.
Mas, e se, por exemplo, a decisão sobre um determinado assunto, for uma em Paulo e outra em Ulpiano ?
Se as opiniões forem diferentes o que conta é a maioria.
E se houver empate ? aí tem de prevalecer a opinião de Papiniano, porque era o mais respeitado.
O jurista ficou totalmente atrelado a estes juristas clássicos.
Mas esta lei não produziu os efeitos desejados e ainda faltava uma obra que reunisse toda a legislação imperial.
Então,
4.- O quarto foi o Codex Teodosiano (439)
Era o conjunto das legislações imperiais.
Sendo assim o que vimos, até agora, foi que o Direito Romano tinha os rescriptum, as doutrinas e as legislações imperiais. Os rescriptum foram compilados no Codex de Gregorianus e no de Hermogenianos (atualização do anterior). A Lei das Citações foi criada para resolver as divergências doutrinárias sobre um determinado assunto e o Codex de Teodosiano compilou as legislações imperiais.
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5.- Corpus Juris Civilis (CJC) séc.VI - Imperador Justiniano
Justiniano assume o poder em 527 d.C. em Constantinopla, Império Romano do Oriente, e reina até 565 d.C.. Ele tinha um projeto idealista, queria retomar o Império Romano do Ocidente e aplicar um único Direito.
Ele irá nomear juristas que vão elaborar um novo ordenamento jurídico, segundo a vontade dele, porque ele é absolutista.
Ele pagou escolas de Direito, com professores com dedicação exclusiva *, para fazer o CJC.
* É daqui que vem o termo DE
O Império Romano do Oriente ocupava boa parte da Grécia. Os romanos eram práticos, mas os gregos eram teóricos. Os professores em Constantinopla, em função da influência grega, eram teóricos, não davam consultas e foram eles que elaboraram o CJC.
O CJC foi elaborado num prazo muito curto, 6 anos, neste período eles compilaram TODO o Direito Romano. Isto significa que os teóricos já conheciam bem o assunto, tratavam disso nas Universidades.
Os trabalhos preparatórios foram de 528 a 534 d.C. e Justiniano acompanhou pessoalmente a elaboração.
O CJC tinha objetivos teóricos e práticos.
Teóricos:servir de única base para o estudo do Direito nas Universidades. Só poderiam estudar o CJC. E os comentaristas eram proibidos, por lei, de comentar a obra, para que não houvesse interpretações distorcidas, diferentes da idéia principal.
Práticos: servir de texto único, sendo proibido citar qualquer outra fonte que não seja o CJC. Os fundamentos das decisões tinham de ser com base no CJC.
Como era estruturado o CJC:
1.As Instituições - eram um breve resumo do sistema jurídico romano. Uma breve introdução a Ciência do Direito Romano, era para auxiliar os estudantes nas Universidades, para ser o único a ser estudado e para auxiliar na leitura do Digesto.
Qual foi a base de estudo dos juristas de Justiniano para elaboração das Instituições ? foi a obra de um jurista chamado Gaio. Eles mais ou menos copiaram Gaio.
2. O Digesto ou Pandectas - era o segundo livro do CJC, no qual colocavam citações sobre obras clássicas da jurisprudência romana, é uma compilação doutrinária. Eram fragmentos de obras. Pegaram os quatro juristas clássicos (Papiniano, Paulo, Ulpiano e Modestino) e tiraram as suas idéias principais.
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Mas as citações eram "soltas" na obra, estavam descontextualizadas da obra do autor e por isso ficava difícil compreende-las
3. O Codex - era uma compilação dos rescriptum e das legislações imperiais, retirada das compilações anteriores. Mas dá época em que se compilou os rescriptum e as legislações imperiais, até a realização do Codex, muito tempo se passou e, durante este tempo, novas legislações e rescriptum surgiram, estes "novos" também foram acrescentados ao Codex.
Ou seja, o Codex são as compilações anteriores + as novas leis
As Novelas (535-539) - a "febre" de legislação de Justiniano não terminou com o CJC, ele continuou criando novas leis, sendo assim, as novelas são as leis de Justiniano posteriores a publicação do CJC. Elas resumem toda a legislação imperial posterior ao CJC.
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07/05/97
DIREITO CANÔNICO (alta idade média) - séc. V - IX
(canon significa regra)
Introdução
I - Tribunais eclesiásticos
II - Fontes
III - Compilações
IV - Ensino
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Introdução
Aspectos gerais:
D. Canônico = D. da Igreja
Tem o mesmo estilo do D. Hebreu, D. Muçulmano, porque as regras jurídicas vêm de um Deus, são divinas.
Vem da Bíblia (sagrada escritura).
É um direito religioso.
Mas por que o estudamos agora ? porque na Idade Média o direito da Igreja teve muita influência. Contribuiu para formação do nosso direito.
O Direito Canônico deriva do elevado poder da igreja medieval.
Como se caracteriza a Igreja na Idade Média ? Por que a Igreja foi tão importante ?
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Dois fatores:
a) Universalismo: a igreja tratava de converter os reinos bárbaros ao cristianismo, ela tentava implantar uma única religião e um único direito (D. Canônico).
Todos são regidos pelos dogmas cristãos, todas as pessoas deveriam ser católicas, e aí está o fator de coesão da igreja, todos teriam algo em comum.
b) Preparação dos sacerdotes: os únicos locais de ensino serão os mosteiros, qualquer outro será ignorado. A Igreja dominava o conhecimento.
Além disso, havendo um único direito, o D. Canônico, fica mais fácil de estudar.
(Era difícil estudar os vários direitos existentes, os povos eram diferentes e haviam vários direitos)
As relações do Estado com a Igreja
O soberano vai legitimar os seus atos com o poder da Igreja e vice-versa.
Então:
Em 313 - Édito de Tolerância - onde se admitiu o culto cristão. O imperador não iria mais perseguir os cristãos.
Séc. IV - além de admitir os cultos cristãos agora eles se tornam obrigatórios. O cristianismo torna-se a religião oficial do Império Romano, as outras são proibidas.
O imperador também se torna chefe religioso do Império Romano do Oriente. Alguns autores dizem que a partir daí se teve uma teocracia.
Séc. V - domínio bárbaro - Império Romano do Ocidente vai cair, vai ser invadido, mas o Império Romano do Oriente continua, porque os bárbaros não o dominaram.
No Império Romano do Ocidente o poder central vai ficar fraco, desta forma a Igreja cria autonomia, sai do domínio imperial e faz o que bem entende. Antes a igreja não podia enfrentar o poder político, porque estava ligada a ele.
A Igreja irá contribuir para a formação do Império Franco. É a Igreja que irá coroar Carlos Magno.
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Recordando um pouco da História: Queda do Império Romano do Ocidente (alta Idade Média)
			Germânia (Alemanha)
								Império Romano do Oriente
	Império Romano de Ocidente	
Invasão bárbara
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Os bárbaros dividem o Império Romano do Ocidente em vários reinos - Visigodos, Ostrogodos, Godos, Francos, etc.
Cai o poder central e a igreja fica mais forte e passa a ter autonomia.
A Igreja começa, no século VI, a incentivar Clóvis, que era bárbaro (era franco), a tentar invadir as outras tribos e unificá-las. Inicia-se assim o Império Franco Merovíngeo.
Os francos tiveram duas grandes dinastias: os Merovíngeos, na qual o principal imperador foi Clóvis. E os Carolíngeos, que vieram depois, na qual o principal imperador foi Carlos Magno.
No período Merovíngeo o Império Franco está se formando, portanto ainda não é grande nem detém tanto poder.
Depois, no século VIII, um dos herdeiros de Clóvis é retirado e a Igreja vai coroar Carlos Magno, que também era franco. Objetivo: os mesmos objetivos - queria difundir o cristianismo, queria refazer o Império Romano e ter como religião somente o cristianismo.
Carlos Magno se fortalece e começa a unificar os reinos bárbaros, inicia a formação do Império Carolíngeo (séc. VIII). O poder do imperador aumenta e ele passa a ter autonomia, aí começam as disputas com a Igreja.
Mas no período de Carlos Magno o Império Franco vai estar bem maior e aí fica difícil defender todo este império. Carlos Magno viu na feudalização a solução para defesa do Império. Uma pessoa de confiança iria para o Norte defender o Império das invasões normandas, outra iria para o leste defender o Império das invasões húngaras e assim por diante.
Todos deveriam ser fiéis ao rei, o sistema deveria fortalecer o poder real, só que, na prática, a fidelidade ao rei não foi cumprida e o feudalismo teve como conseqüência o enfraquecimento do poder central (rei).
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OBS: a igreja só enfraquecerá realmente com a formação dos Estados Nacionais associada ao movimento da Reforma *, no século XVI. O D. Canônico também enfraquece.
* Reforma Protestante de Lutero.
As discussões Igreja/Estado terminam com a separação definitiva dos dois em organismos distintos, separação determinada pela Constituição. No Brasil isto ocorre em 1828 ???
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I - Tribunais eclesiásticos
São tribunais da igreja católica. Mas não julgavam apenas causas religiosas.
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Como a Igreja adquiriu este poder ?
O estado era fraco e a Igreja tinha muita força. Mas, como tudo na história é um processo, nem sempre a igreja teve este poder todo. Como chegaram neste ponto ?
a) Origem dos tribunais eclesiásticos:
Em 313 Constantino admite que os cristãos proponham os seus litígios (ações, querelas judiciais) perante o bispo. Ou seja, se o cristão quiser, ele pode, ao invés de entrar na justiça civil, entrar na Igreja.
A justiça civil era meio irracional, para provar que era inocente o indivíduo tinha de andar na brasa sem gemer ou realizar outras "façanhas" absurdas. A Igreja era mais racional, eram católicos, sabiam escrever, etc.
Séc. IV - se admitiu que bispos julgassem questões ou infrações religiosas. Aqui está o fundamento para quenum período posterior as pessoas pudessem ser queimadas por infrações religiosas.
b) O apogeu destes tribunais (séc. XII)
A igreja estará julgando todas as infrações religiosas, os casamentos e matérias afins. Por exemplo: determinando que a mulher deve casa virgem, etc.
c) Decadência
Veio com a decadência da Igreja como um todo e corresponde a formação do Estado Nacional Absolutista + Reforma (séc. XVI). A partir daí o D. Canônico deixa de ser interessante para os advogados laicos (leigos, que não são religiosos). O D. Canônico só vai julgar questões do clero.
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II - Fontes do Direito Canônico (DC)
De onde poderão ser retiradas as regras do DC.
Deus - Bíblia
As fontes são divididas em:
1. "Jus Divino"
2. Legislação Canônica - conjunto das decisões das autoridades eclesiásticas. Dentre as quais: decretos dos concílios, decretais do Papa (respostas do Papa), encíclicas (cartas formais que os Papas, mandavam aos bispos).
O costume não era importante, porque o DC era escrito, os religiosos eram cultos.
Para os romanos o costume era importante e tinham processo.
Os religiosos copiavam, com algumas modificações, o processo romano.
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III - Compilações
Todos os problemas que o Direito Romano passou (várias obras, multiplicidade de opiniões, arbitrariedade, etc.) o DC também passou - pluralidade de respostas, pluralidade de encíclicas, etc. Tinham que resumir isso tudo. A primeira compilação de que se tem notícia ocorreu no século III.
Séc. III - 1( compilação (grego) - OBS: O Império Romano do Oriente dominava a Grécia, por isso recebia influência grega.
Séc. XII - "Decretum Graciniano" - Graciniano era professor da Universidade de Bolonha, foi onde, na Idade Média, primeiramente se iniciaram os estudos de direito.
Alguns advogados civilistas dizem que neste decreto estaria a teoria que admite a intervenção das partes no contrato. Ou seja, quando algo não sai como era esperado, poderia ser alterado o contrato. - "As promessas não vinculam as pessoas se no futuro algo novo..."
Outros decretos serão publicados (+- 4), mas não nos interessam.
Em 1582 todas as compilações, decretos, serão compilados em uma única obra - "Corpus Juris Canonici".
Em 1917 se produz um outro código que é o Codex Canônico - este só tem matéria religiosa, não interessa aos civilistas.
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IV - Ensino
A partir do século XII, quando Graciniano compilou, se iniciaram os estudos de DC na Universidade, junto com os estudos de D. Romano. O estudante poderia escolher um ou outro, ou ambos.
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09/05/97
Em 476 ocorre a queda oficial do Império Romano do Ocidente.
476 é o momento em que o imperador é "chutado", mas o Império Romano do Ocidente já havia sido tomado pelos bárbaros há muito tempo. E cada povo bárbaro com seu respectivo costume.
(OBS: o Império Romano do Oriente continua, porque os bárbaros não o dominaram).
DIREITO NOS REINOS GERMÂNICOS ( Direito dos reinos bárbaros - Alta Idade Média)
I - Sobrevivência do Direito Romano
II - Direito das monarquias germânicas
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I - Sobrevivência do Direito Romano (DR)
O DR permaneceu vivo nos costumes dos povos romanos. Este DR que sobreviveu era mais evoluído que o direito dos bárbaros (costumes bárbaros).
Portanto, mesmo que os bárbaros tentassem impor os seus costumes, eles não conseguiriam, porque os seus costumes eram inferiores.
a) Princípio da pessoalidade
b) Compilações Ocidentais de DR
c) Decadência
e) DR Bizantino
a) Princípio da pessoalidade - princípio de que a pessoa leva consigo o seu direito, o direito de sua nação. Os bárbaros acreditavam neste princípio. Também chamado de princípio da nacionalidade. 
O princípio da nacionalidade é o oposto ao princípio da territorialidade, neste último o indivíduo deve respeitar as regras do local em que se encontra. Por exemplo: se estou nos EUA, não posso infringir as regras deles, mesmo sendo brasileiro. Enquanto estou lá tenho de seguir as regras de lá.
Mas como os bárbaros acreditavam no princípio da nacionalidade, aonde eu vou, vai também o meu direito. Os romanos puderam conservar o seu direito e por isso houve a sobrevivência do DR.
b) As compilações
A multiplicidade de reinos bárbaros provocava um multiplicidade de direitos. Quem seriam os juízes dos romanos e dos bárbaros ? os bárbaros
Mas como os bárbaros iriam julgar os romanos, se não conheciam o DR ? os juízes bárbaros tiveram de estudar latim. Criou-se um "latim porco" (vulgar), porque os bárbaros não sabiam direito o latim.
Qual foi a melhor forma que os reis bárbaros encontraram para ajudar os juízes bárbaros a julgar os romanos ? fazendo compilações do DR. Houve três compilações.
Édito de Teodorico - promulgado pelo rei dos ostrogodos na Itália, no século VI
Lex Romana Burgundionum - promulgada pelo rei dos Burgundos, na Gália (hoje França), no século VI.
Lex Romana Visighotorum ou Breviarium Alarici - publicada pelo rei Alarici, rei dos visigodos, no Sul da França, em Toulouse, no século VII
A Lex Romana Visighotorum ou Breviarium Alarici é a mais significativa do ponto de vista histórico. No Sul da França havia muita influência romana. A Lex Romana Visighotorum foi redigida por autoridades eclesiásticas, porque o clero dominava o ensino. O objetivo dela era tornar claro para os bárbaros as obras de compilação realizadas pelos juristas.
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Fonte: onde as autoridades eclesiásticas pesquisaram para fazer a compilação ? qual a fonte de pesquisa usada para fazer a Lex Romana Visighotorum ou Breviarium Alarici ? a jurisprudência clássica (Paulo, Ulpiano, Papiniano e Modestino). Também estudaram os Códex: Codex Hermogenianus (de 294, eram as respostas imperiais) e o Codex Teodosiano (de 439, era o conjunto das legislações imperiais).
A Lex Romana Visighotorum era uma compilação semelhante ao Corpus Juris Civilis, mas o CJC foi fruto do Império Romano do Oriente, onde havia duas grandes escolas de direito, com influência da filosofia grega, por isso o CJC era mais bem elaborado que a Lex Romana Visighotorum.
A Lex Romana Visighotorum é um espelho do direito vulgar, os costumes romanos foram um pouco deturpados pelos costumes bárbaros, ela estava mais próxima da realidade.
c) Decadência - entre o século V e o séc. IX. Por que ocorre a decadência ? no início os romanos não se misturavam aos bárbaros, mas com o tempo eles começam a se misturar (casamentos entre bárbaros e romanos, etc.). Os costumes romanos começam a ser misturados aos costumes bárbaros.
E como estava a situação no Império Romano do Oriente ? Como estava o Direito Bizantino ?
O Império Romano do Oriente (IROr) estava bem, contendo as invasões dos turcos e dos unos. O direito Bizantino mantinha a tradição da jurisprudência pós-clássica romana nas suas duas grandes escolas jurídicas em Berito (depois Beirute) e em Constantinopla. Ou seja, do ponto de vista cultural, teórico, eles mantinham as tradições. Porém do ponto de vista prático haviam problemas. O IROr estava sobre à Grécia, e sofria influência grega nos costumes. As universidades tiveram de adaptar o CJC à realidade grega. Os gregos não entendiam latim, houve a necessidade de escritos em grego, para que os gregos pudessem entender o CJC.
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OBS de história: no século IV houve a divisão formal do Império Romano em Império Romano do Oriente e Império Romano do Ocidente. O IR do Ocidente costumava "copiar" o IROr, mas após a invasão bárbara do IR do Ocidente isto ficou impossível.
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II - Direito das monarquias germânicas
Era o Direito constituído das monarquias quese formaram após a invasão bárbara. Era formado pelos costumes e legislação promulgados por cada um dos reis de cada tribo.
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A tribo franca tinha os seus costumes e as suas leis promulgadas pelo rei franco, e assim por diante.
a) Costumes dos povos bárbaros
b) Legislação real
a) Costumes dos povos bárbaros
Os bárbaros admiravam o Império Romano, por isso os reis bárbaros se romanizaram e ficaram com tendência a fazer compilações. Ao entrarem em contato com os romanos que escreviam, eles também irão começar a escrever. Os reis bárbaros irão fazer compilações dos seus costumes, são as Leges Barbarorum. Existem várias Leges Barbarorum, publicadas por tribos diferentes.
Mas o que são as Leges Barbarorum ? são uma redação escrita dos costumes dos povos germânicos. Não era portanto nem lei, nem código. Porque a lei exige órgãos específicos para realizá-la (poder real ou poder legislativo) e estas Leges Barbarorum foram feitas por práticos, por anciãos.
Não eram códigos porque não eram sistematizadas, não eram organizados, não eram precisas, divididas conforme o assunto.
Qual o objetivo das Leges Barbarorum ? tinham objetivo prático. Deveriam auxiliar os julgadores germânicos. O juiz não conhecia todos os costumes de cada povo, ou seja, se ele fosse franco como iria julgar os visigodos ? ora, bastava consultar a Leges Barbarorum daquele povo.
As Leges Barbarorum foram redigidas por anciões, práticos, porque como o direito era costumeiro, ninguém melhor que um velho para saber os costumes de um povo.
Qual era o conteúdo das Leges Barbarorum ? Sobre o que elas dispunham ?
Basicamente sobre Direito Penal e excepcionalmente sobre D. Civil e D. processual.
Qual era a principal característica ?
O instituto da "Wergeld", que seria a compra da vingança privada. Explicava detalhadamente como o indivíduo poderia comprar a vingança.
OBS: os bárbaros não tinham documentos escritos, então como poderiam provar, por exemplo, que X realmente comprou algo de Y, se Y o acusava de ter roubado o objeto ? aí surgem os absurdos de andar sobre a brasa quente, de queimar as mãos, etc. Se o réu não gemesse era inocente, porque os inocentes são protegidos.
O instituto da Wergeld permitia que o acusado que gemeu ao andar na brasa, portanto culpado, comprasse a sua punição.
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Se cada povo tinha um costume, é claro que havia diferentes/várias Leges Barbarorum. A Leges Barbarorum dos Francos, a Leges Barbarorum dos Godos, etc.
Alguns exemplos:
Lex Salica - em 496, do povo Franco
Lex Barbarorum Burgundionum - dos burgundios em 474
Lex Baiuvariorum - dos bávaros
Lex Saxonum - dos saxões
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b) Legislação real
Especialmente dos francos, porque Carlos Magno era franco e em pouco tempo foi convencido pelo Papa (a Igreja coroa Carlos Magno) que ele deveria tomar toda a Europa. A igreja queria difundir o cristianismo. A idéia da igreja era refazer o Império Romano com o cristianismo.
Os francos tiveram duas grandes dinastias: os Merovíngeos, na qual o principal imperador foi Clóvis. E os Carolíngeos, na qual o principal imperador foi Carlos Magno.
Como se sabe para haver legislação real é preciso que o rei tenha poder. No período Merovíngeo o Império Franco está se formando, portanto ainda não detém tanto poder, por isso legislaram pouco.
A dinastia Carolíngea legislou mais, pois o Império Franco estava forte. Se fala em aproximadamente 200 capitulares (nome da lei franca, porque era distribuída em capítulos).
Qual o conteúdo ? questões que diziam respeito ao interesse do Estado - Direito público, especialmente D. Administrativo.
(OBS: D. Civil e D. Penal são reflexos dos costumes e estavam dispostos nas Leges Barbarorum)
Fundamento desta legislação, o que dá força a esta legislação ? já havia nesta época a teoria de que todos devem obediência ao rei, e o rei tem poder ilimitado.
(OBS: nesta época o poder central não era muito forte, tanto que, em seguida, cada rei, em seu determinado território, irá formar feudos, na tentativa de se fortalecer, de aumentar o poder central. Teremos o feudalismo. O feudalismo foi inventado como um sistema político com a função de fortalecer o poder central, o vassalo, indivíduo que recebia um feudo do rei, funcionária como um agente do rei naquele local. Deveria obedecer ao rei. Mas com as invasões, o rei não tem condições de fazer frente e proteger os feudos, assim os próprios feudos terão de se proteger e se tornar auto-suficientes. Ao tornarem-se auto-suficientes eles começam a se desligar do poder real - o poder real enfraquece.)
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14/05/97
DIREITO FEUDAL (Média Idade Média)
I - Conceito
II - Generalidades
III - Caracterização
IV - Origens
V - Auge
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I - Conceito
a) Aspecto político - inicialmente foi criado visando fortalecer o poder central, mas com o tempo os feudos se tornam auto-suficientes e se desligam do poder real, tendo-se então um fracionamento do poder real. O rei não detém o poder político centralizado.
b) Aspecto jurídico - a sociedade feudal se caracteriza por relações feudo/vassálicas - contrato - gera obrigações para as partes.
Vassalo = pessoa livre que, através de um contrato, se subordinava ao senhor feudal, criando para si obrigações vassálicas. Tinha que prestar serviços, especialmente militares.
Senhor Feudal = dava manutenção e proteção.
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II - Generalidades
Onde ocorreu o Feudalismo ? na França, na Alemanha, na Espanha, etc.
Quando ? nos séculos X, XI, XII - o Império Carolíngeo começa a degradar-se no séc. IX.
Por quê ? o feudalismo foi iniciativa do poder público, foi instigado pelo poder público, pois achavam que este sistema fortaleceria o rei, mas aconteceu o contrário do que se esperava e o rei, enfraquecido, não tinha meios de enfrentar os vassalos. A sanção que havia na sociedade feudal, para quem não obedecia o rei, era a força, porém o rei já não tinha força nem para mandar.
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III - Caracterização
a) Economia
b) Política
c) Direito
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a) Economia essencialmente de subsistência. Era uma economia fechada, sem comércio. O número de contratos comerciais era irrisório. O único contrato era o feudo-vassálico.
b) Política - ocorre um fracionamento do poder estatal, do poder central.
c) Direito - 	1. Costumeiro, porque são analfabetos. (baseado no contrato feudo-vassali)
		2. Administração da justiça - serão criados tribunais locais, tribunais dos senhores feudais. O réu será julgado conforme o direito do local em que se encontra.
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IV - Origens
Onde se deu a origem do contrato feudo-vassali ? no Império Franco Merovíngeo, na dinastia de Clóvis (que era bárbaro). Clóvis foi quem deu início ao Império Franco, no século VI, foi convencido pela Igreja a invadir outros povos bárbaros e tentar unificar as tribos.
(OBS de história: os bárbaros dividem o Império Romano do Ocidente em vários reinos - Visigodos, Ostrogodos, etc.
Cai o poder central e a igreja fica mais forte e passa a ter autonomia.
A Igreja começa a incentivar Clóvis, que era bárbaro, a tentar invadir as outras tribos e unificá-las. Inicia-se assim o Império Franco Merovíngeo.
Os francos tiveram duas grandes dinastias: os Merovíngeos, na qual o principal imperador foi Clóvis. E os Carolíngeos, que vieram depois, na qual o principal imperador foi Carlos Magno.
No período Merovíngeo o Império Franco está se formando, portanto ainda não detém tanto poder.
A Igreja vai depois coroar Carlos Magno, visando os mesmos objetivos: queria difundir o cristianismo, queria refazer o Império Romano e ter como religiãosomente o cristianismo.
Carlos Magno se fortalece e começa a unificar os reinos bárbaros, inicia a formação do Império Carolíngeo (séc. VIII). O poder do imperador aumenta e ele passa a ter autonomia, aí começam as disputas com a Igreja.
No futuro o Império Carolíngeo se fragmentará - teremos o feudalismo)
A relação feudal teve sua origem no século VI e se deu por meio de um contrato.
Por que a origem se deu no Império Franco Merovíngeo ? porque havia um costume bárbaro que determinava que o poder real fosse igualmente dividido entre todos os sucessores, todos os filhos do rei herdavam.
O imperador Clóvis tinha três filhos. Pelo costume bárbaro, os três teriam direito a ser rei. Sendo assim eles começaram a brigar entre si porque um queria a parte do outro. Ou seja, depois de pegar o meu pedaço eu vou ter que me proteger, como não posso estar em todo o território ao mesmo tempo, estabeleço um contrato com outra pessoa de confiança. Esta pessoa recebe um pedaço de terra emprestado e em troca a defende para mim.
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História:
Até o século V prevalecia o Império Romano (estamos falando em Ocidente).
No século V iniciam as invasões bárbaras que dividem o IR do Ocidente em várias tribos (visigodos, francos, ostrogodos, godos, etc.).
No século VI a Igreja convence Clóvis, que era bárbaro (franco), a tentar invadir os outros povos e unificá-los. Inicia-se a formação do Império Franco Merovíngeo (porque a dinastia de Clóvis era a Merovíngea).
No século VIII um dos herdeiros de Clóvis é retirado e se institui a dinastia Carolíngea, a Igreja coroa Carlos Magno. Mas no período de Carlos Magno o Império Franco vai estar bem maior e fica difícil defender todo este império com uma estrutura burocrática ruim. Carlos Magno viu a feudalização como solução para defesa do império. Uma pessoa de confiança iria para o Norte defender o Império das invasões normandas, outra iria para o leste defender o Império das invasões húngaras e assim por diante. Todos deveriam ser fiéis ao rei, só que a fidelidade não será cumprida.
É no período Carolíngeo que o contrato feudo-vassalo será mais usado.
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V - Auge
Por volta do século IX o poder real na França entra em crise. O sistema feudal teve o seu auge nos séculos X ao XII, no século XIII começa a decair.
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Como se estabelecia uma relação feudo-vassálica ? através do famoso contrato feudo-vassálico. Este contrato não variou muito no decorrer da história.
Este contrato é formado por dois elementos: um elemento pessoal (vassalo) e um elemento material (terra/feudo).
a) Elemento pessoal: a vassalagem é instituída através de um contrato. Os elementos / etapas deste contrato são:
1. Ato de homenagem - ato pela qual eu subordino a minha pessoa ao senhor feudal. Como eu faço isso ? de duas formas:
A "Immixtio manuum" que era o ato de ajoelhar e colocar as minhas mãos entre as mãos do senhor feudal. Simboliza a minha entrega ao senhor feudal. É um ato jurídico através do qual eu me submeto à autoridade do senhor feudal. É um ato formal, solene, tem que se cumprir todo o rito - ajoelhar, colocar a mão na mão, etc.
Declaração de vontade - onde o vassalo diz: "eu quero ser seu homem..."
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2. Fidelidade
O ato jurídico da fidelidade se dava através:
Do juramento (que é uma declaração de vontade).
Do toque - vassalo deveria tocar um objeto sagrado enquanto fazia o juramento.
3. Beijo
Se quisessem, além do ato de homenagem e do juramento de fidelidade, o contrato poderia ser terminado com um beijo ("osculum").
b) Elemento real ou material: o feudo - pedaço de terra que o vassalo recebia para sua manutenção.
Dado o beijo, se fazia a segunda etapa do contrato, que era a passagem do feudo para o vassalo pela transmissão.
Transmissão - ato da investidura. Tinha um ato material, por exemplo, pegava uma folha de uma árvore do feudo, ou um porção de terra e dava para o vassalo para simbolizar que estava dando o feudo para ele.
O que era transmitido ? inicialmente era apenas a posse do feudo, se o vassalo morria o feudo voltava para o senhor feudal, os filhos do vassalo não herdavam o feudo. A posse significava que o vassalo poderia usar o feudo à vontade, mas não poderia transferi-lo a outra pessoa. Mas através da prática social os direitos foram se expandindo mais, até que o feudo passou a ser "propriedade" do vassalo. Os filhos do vassalo poderiam herdar o feudo.
Este é um contrato feudal, portanto não se enquadra bem nas categorias romanas, ele cria direitos próprios, suigeneris. Este direitos são comparáveis ao direito de posse e ao direito de usufruto, que posteriormente se expandiram até quase a propriedade privada.
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Características deste contrato:
Sinalagmático - ambas as partes tem obrigações. Sinalagma = equilíbrio na relação. O vassalo tinha obrigações para com o senhor feudal e vice-versa.
(OBS: desequilíbrio é quando é unilateral, por exemplo: uma doação)
Era oral
Havia liberdade contratual - mas uma vez feito o contrato as partes não podiam voltar atrás.
"Intuito personae" - nome em latim ainda usado até hoje. Uma obrigação intuito personae é aquela em que eu levo em consideração a pessoa do contratante, conheço a outra parte.
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Faço um contrato porque conheço o fulano e confio nele. Por exemplo: se eu pago uma fortuna para ser operado pelo Pitangui, é porque eu o conheço e sei que ele é muito bom, se não for ele eu não pago.
Isto significa que o senhor feudal fazia um contrato com uma pessoa em específico, com uma pessoa que ele conhecia e confiava, se esta pessoa morresse, os seus filhos não teriam direito ao feudo, a propriedade voltava para o senhor feudal.
Com o tempo o costume faz com que os filhos venham a herdar o feudo.
Como era tratada a quebra do contrato ? na força, o feudo era confiscado
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Efeitos
O efeito do contrato era criar obrigações.
Que tipo de obrigações ?
Para o vassalo: obediência, respeito e fidelidade ao senhor feudal e ainda prestação de serviços, especialmente militares.
Para o senhor feudal: sustento, manutenção do vassalo, proteção
Um deveria proteger o outro.
O vassalo era essencialmente militar, e por isso recebia um feudo para defender.
Atenção: vassalo ( de servo
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16/05/97
Bipartição entre sistema jurídico Common Law x Civil Law
Common Law - século XII, na Inglaterra
Civil Law - século XII, na Itália
I - Common Law
Sistema inglês que surgiu no século XII. Sistema jurídico - decisões dos tribunais reais - Direito Jurisprudencial.
É o direito comum a toda a Inglaterra, elaborado pelos tribunais reais. No início os juízes se baseavam no costume, depois os outros juízes se baseavam nestas decisões anteriores - evoluindo.
Era um direito jurisprudencial e cada julgamento era considerado precedente obrigatório vinculante para os que vinham depois.
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Tribunal de júri 
Se baseou na regra do precedente.
Havia tribunais reais e tribunais feudais. Os tribunais reais foram evoluindo junto com os tribunais feudais. 
Acordo - as decisões que haviam sido dadas pelos tribunais reais se mantinham, daí a idéia de precedente.
O indivíduo só poderia entrar com uma ação no tribunal real se já tivesse havido um precedente semelhante, se o caso dele se enquadrasse em um precedente já julgado. Senão tinha precedente, o indivíduo tinha de se contentar com a jurisdição dos tribunais feudais (local.).
Os juízes começaram a criar formas de dar proteção, de julgar, mesmo quando não havia precedentes. Começaram a moldar os novos casos aos casos anteriores. Tentaram adaptá-losaos precedentes, pois novos precedentes não podiam ser criados.
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Séculos XII e XIII - Common Law - tribunais reais.
Séculos XIV e XV - as pessoas começaram a se sentir injustiçadas pelos tribunais reais, pois estes tribunais não podiam criar novos precedentes e os precedentes que existiam eram antigos, eram do século XII. O povo foi reclamar para o rei, e o que é que o rei fez ? para amenizar o rigorismo do Common Law o rei instituiu uma nova forma de jurisdição, criou os chamados tribunais da Equity (eqüidade).
Nestes tribunais o rei julgava conforme a sua consciência, mas como o rei tinha muito o que fazer ele irá nomear chanceleres que irão julgar por ele.
Assim, as decisões proferidas pelos tribunais reais com base nos precedentes (com base no Common Law), poderiam, quando o indivíduo achasse a decisão injusta, serem revisadas por chanceleres para ver se era justa ou não. Os tribunais da Equity também formarão precedentes.
Desta forma haverá duas jurisdições paralelas: o Common Law e a Equity. Não havia conflito entre os dois.
A existência de duas jurisdições levou a uma tendência de que os dois dividissem as matérias. As ações de família, os crimes, eram julgados pelo Common Law. As ações comerciais, os contratos, eram julgados pela Equity (mais dinâmica). Uma ação de falência, por exemplo, era julgada na Equity.
No século XVIII através do Judicature Act os dois tribunais se uniram e formaram um só. Se juntaram para simplificar.
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O prédio que antes só aplicava Common Law poderia agora aplicar a Equity e vice-versa.
Mas a sociedade continuava evoluindo - Revolução Industrial, etc. E os precedentes anteriores não estavam adequados aos séculos XIX e XX. Para solucionar o problema os ingleses passaram a admitir leis que afastavam precedentes inadequados ou então eles criavam leis para os casos em que não havia precedentes.
Século XIX e XX - Statute Law, um direito legislado que excepcionalmente poderia afastar um precedente judicial antigo.
Em resumo, eles terão a súmula vinculante (o precedente) e o direito legislado.
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21/05/97
O grande problema na Idade Média era provar se um determinado costume realmente existia. Como não havia direito escrito, ficava difícil provar a existência de um determinado costume que se pretendia usar.
Para que uma pessoa pudesse mover uma ação ela necessitava de duas coisas:
1. Provar que o fato realmente ocorreu. Por exemplo: se o meu vizinho me vendeu uma vaca doente , tenho que provar que a vaca já estava doente quando eu a comprei, tenho que provar que houve má fé por parte do vendedor.
2. Provar que existia lei (costume) que regulamenta este fato. Por exemplo: provar que há um costume que determina que o vendedor devolva o dinheiro ao comprador, quando a mercadoria que foi comprada apresentar "defeitos".
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Vale lembrar que no período bárbaro, os povos bárbaros, ao entrarem em contato com os romanos que escreviam, também irão começar a escrever um pouco. Os reis bárbaros irão fazer algumas redações dos seus costumes, são as Leges Barbarorum. Cada povo tinha uma Leges Barbarorum, diferente.
Já no Feudalismo, no séc. X, como eram analfabetos não escreveram nada. Se tornou prática no Feudalismo que o Sr. Feudal solicitasse que um velho (ancião), com boa memória, todo o ano recitasse todas as regras que ele se lembrasse. Quando um juiz não sabia se um determinado costume era verdadeiro ou não, ele chamava este ancião e perguntava para ele. Este velho era um simples prático, não era advogado, etc.
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E depois do Feudalismo, quando o rei começa a se fortalecer de novo, como ficam os costumes ? é isso que veremos agora.
EVOLUÇÃO DO COSTUME NA IDADE MÉDIA, NOS PAÍSES DA CIVIL LAW (romano-germânicos)
Introdução:
a) Definição - costume é o conjunto dos usos obrigatórios, é o conjunto dos usos com força obrigatória, com caráter obrigatório.
Uso é a prática social reiterada (repetida). Existem usos que não terão caráter obrigatório, são coisas menos relevantes. Ex.: escovar os dentes é um uso, mas não tem caráter obrigatório, então não é COSTUME.
Poderíamos dizer que todo o costume é um uso, mas que nem todo o uso é costume. Uso é mais amplo, nem sempre tem caráter obrigatório.
Os hábitos não geram regras jurídicas, o costume gera regras jurídicas.
b) Características:
Não é escrito - é um direito que evolui conforme a evolução da sociedade. Brota das relações sociais. Tem muito mais maleabilidade que o Direito escrito.
O Direito escrito é redigido em uma determinada época e fica registrado para sempre, no entanto a sociedade ao longo do tempo vai mudando. O nosso Código Civil é de 1916, várias coisas mudaram de lá para cá, mas o direito escrito permanece igual.
Mas se por um lado os costumes dão mais maleabilidade, evoluem junto com a sociedade, por outro lado, o fato de não serem escritos, dificulta na hora de provar que um determinado acontecimento tem um costume que o regulamenta. Além disso fica difícil provar que um costume antigo ainda está valendo, ainda está em "vigência".
O não conhecimento das regras gera insegurança jurídica.
O direito costumeiro é introduzido na sociedade através dos usos. Qualquer uso ? não. Através de uso reiterado. Tem de ser uma prática social reiterada.
Imemorável (não pode ser novo), tem de vir sendo praticado ao longo das gerações.
Legitimação - pela maioria ( tem de ser um consenso, tem de ser praticado pela maioria)
São atos de conhecimento público - um ato as escondidas não gerará dever jurídico, porque não é de conhecimento das pessoas. Para se tornar regra tem de ser do conhecimento de todos, da maioria.
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FASES DO CIVIL LAW (a partir do Feudalismo, porque os reinos bárbaros nós já vimos)
I - Primeira fase:
Não escrita. Feudalismo - do séc. X ao XII
Do ponto de vista geográfico como se caracterizava o D. Costumeiro ?
a) Geografia - havia o princípio da nacionalidade para os bárbaros (se sou franco, vou usar o Direito Franco, mesmo que esteja em outro local), mas no Feudalismo o princípio era o da territorialidade. O Direito a ser aplicado era o Direito do local/território em que a pessoa se encontrava. Como hoje em dia - se estou nos EUA tenho de respeitar o Direito daquele local/país.
Desta forma não houve, por exemplo, um Direito nacional francês, pois cada território francês tinha um Direito.
E do ponto de vista da prova como se caracterizava o D. Costumeiro ? Como eu vou provar uma regra costumeira ?
Antes do séc. XIII a forma conhecida era a das ordálias - meio de prova em que se evocava Deus perante um tribunal e se mandava o réu andar em brasa, ou se espetava o réu, se ele não gritasse era inocente.
Este método era usado para tudo, não apenas para o julgamento de causas penais. Além disso eles misturavam a prova do fato com a prova da existência da regra. Era um processo irracional.
A partir do séc. XIII, o poder real começa a se fortalecer, o rei fica mais poderoso, especialmente o rei francês. Aí ele vai racionalizar o processo.
Além disso ele fará distinção entre prova dos fatos (provar que Y realmente matou X) e prova da existência da regra jurídica (lei/costume) que regulamente o fato.
O rei permitirá o uso de testemunhos, documentos, etc. que possam ajudar a provar o fato. Se permite os meios de prova.
Como eu vou provar uma regra costumeira ?
Inquirição por turba*					turba = reunião de pessoas, grupo de pessoas
Registro de costumes
Reenvio
Inquirição por turba = um monte de gente que vota sobre a existência ou não de uma regra. Se em um julgamento se suscitasse uma regra que o juiz não conhecia, ele chamava um grupo de pessoas mais sabedoras (+-10 pessoas) que se questionavam se determinavam

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