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CADERNO DE DIREITO PENAL II ( Lucas ) - Prof. Cléverson

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Caderno elaborado no decorrer do 4º 
período da Faculdade de Direito da UFJF 
2012 
 
 
 2 DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CADERNO DE 
PARTE GERAL 
PENAL II (ARTS. 29 A 120) 
 
 
 3 I – INTRODUÇÃO 
I – Introdução.............................................................................................................14 
II- Requisitos ao concurso de pessoas........................................................................15 
1. Pluralidade de agentes e de condutas..................................................................15 
2. Relevância causal de cada conduta (nexo causal) .............................................16 
3. Vínculo subjetivo livre (liame subjetivo entre os agentes) ................................17 
4. Identidade (unidade) de infração penal..............................................................17 
III. Teorias sobre o concurso de pessoas....................................................................18 
1. Teoria Pluralista....................................................... ...........................................18 
2. Teoria dualista....................................................... .............................................18 
3. Teoria monista ou unitária..................................................................................19 
IV. Formas – autoria e participação..........................................................................20 
1. Autoria.................................................................................................................20 
1.1. Teorias....................................................... ....................................................21 
1.2. Formas de autoria.........................................................................................25 
2. Participação.........................................................................................................31 
2.1. Teorias....................................................... ...................................................33 
2.2. Arrependimento do partícipe e participação por omissão..........................33 
3. Punibilidade do concurso de pessoas.................................................................34 
3.1. Participação de menor importância.............................................................34 
3.2. Cooperação dolosamente distinta (desvio subjetivo) .................................35 
4. Casos de impunibilidade.....................................................................................37 
5. Comunicabilidade das circunstâncias.................................................................38 
6. Concurso de pessoas nos crimes culposos.........................................................41 
 
I – Abordagem histórica das penas...... .....................................................................43 
II – Finalidades das penas.. ....................................................... ...............................44 
1. Retribuição....................................................... ..................................................44 
2. Prevenção....................................................... ....................................................45 
2.1. Prevenção geral ............................................................................................45 
 4 DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
2.2. Prevenção especial.......................................................................................46 
3. Ressocialização....................................................... ............................................46 
III- Modelos prisionais (breve histórico) ..................................................................48 
IV – Penas privativas de liberdade.............................................................................50 
1. Reclusão e detenção .............................................................................................51 
2. Regimes de cumprimento de pena.....................................................................52 
2.1. Fixação legal do regime inicial de cumprimento de pena............................53 
2.2. Noções gerais acerca das regras do regime fechado...................................57 
2.3. Noções gerais acerca das regras do regime semiaberto.............................58 
2.4. Noções gerais acerca das regras do regime aberto.....................................59 
2.5. Regime especial............................................................................................61 
3. Direitos do preso.................................................................................................62 
4. Trabalho do preso...............................................................................................63 
I – Do tema....................................................... .........................................................65 
1. Introdução....................................................... ...................................................66 
2. Modalidades de medidas de segurança ..............................................................67 
2.1. Internação em hospital de custódia e tratamento.......................................68 
2.2. Tratamento ambulatorial.............................................................................68 
2.3. Nossa opinião...............................................................................................69 
2.4. Medida de segurança como tratamento e retribuição.................................70 
3. Início, cumprimento e fim da medida de segurança......................................... 70 
3.2. Prazo mínimo...............................................................................................70 
3.2. Medida de segurança como uma sanção de caráter perpétuo?...................71 
4. Desinternação ou liberação condicional.............................................................72 
5. Reinternação do agente.......................................................................................73 
6. Substituição da pena por medida de segurança.................................................74 
6.1. Substituição da pena por medida de segurança nos casos de semi-
imputabilidade....................................................................................................74 
6.2. Superveniência de doença mental...............................................................76 
I – Preliminares acerca da detração...........................................................................79 
1. Prisão em flagrante..............................................................................................79 
 5 I – INTRODUÇÃO 
2. Ordem Judicial...................................................................................................80 
2.1. Prisão preventiva..........................................................................................81 
2.2. Prisão temporária........................................................................................82 
2.3. Conclusão.....................................................................................................83 
II – Detração em processos distintos.........................................................................83 
3.1. Detração em processos distintos e o art. 111 da LEP...................................84 
III – Detração e internação por motivos de saúde (mental ou física).......................84 
 
I – Conceito de penas restritivas de direito...............................................................86 
II – Substituição da pena privativa deliberdade pela restritiva de direitos.............86 
2. Requisitos objetivos: Quantidade da pena, cometimento culposo do delito e a 
reincidência em crime doloso.................................................................................87 
2. Requisito subjetivo.............................................................................................89 
III – Critérios para a substituição da pena de prisão pela restritiva de direitos......89 
IV – Conversão da pena restritiva de direitos em pena privativa de liberdade........90 
V – Espécies de penas restritivas de direitos.............................................................92 
1. Prestação pecuniária (art. 45, §1º e 2º do CP) ....................................................92 
5.1. Violência doméstica e familiar contra a mulher ..........................................93 
2. Perda de bens e valores (art. 45, §3º do CP) .....................................................93 
2.1. Perda de bens e valores (art. 45, §3º) e efeito confisco (art. 91).................94 
2.2. Perdimento dos bens em favor do Estado...................................................94 
3. Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas (art. 46 do CP) .94 
3.2. Delito de consumo de drogas e a prestação de serviços à comunidade ou a 
entidades públicas...............................................................................................95 
4. Interdição temporária de direitos (art. 47 do CP)..............................................96 
4.1. Proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de 
mandato eletivo...................................................................................................96 
4.2. Proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de 
habilitação especial, de licença ou de autorização do Poder Público................98 
4.3. Suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo...............98 
4.4. Proibição de frequentar determinados lugares...........................................99 
5. Limitação de fim de semana (art. 48 do CP)......................................................99 
 6 DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
I – Noções preliminares ...........................................................................................101 
1. Pena de multa e a prestação pecuniária............................................................101 
2. Natureza da pena de multa...............................................................................102 
3. Observações sobre a pena de multa..................................................................103 
4. Art. 49, §2º do Código Penal e o erro da expressão “quando da execução”....104 
II – Fixação da pena de multa..................................................................................104 
1. Primeira etapa: quantidade de dias-multa.......................................................105 
2. Segunda etapa: valor do dia-multa...................................................................105 
III – Pagamento da pena de multa...........................................................................106 
IV – Execução da pena de multa...............................................................................107 
1. (não) Conversão da pena de multa....................................................................107 
2. Competência para a execução da pena de multa..............................................108 
V – Prescrição....................................................... ...................................................109 
VI – Superveniência de doença mental....................................................................109 
I – Teoria das Circunstâncias....................................................................................111 
1. Ordem de importância.......................................................................................111 
2. As três categorias das circunstâncias................................................................112 
2.1. Qualificadoras.............................................................................................112 
2.2. Causas de aumento e diminuição...............................................................112 
2.3. Circunstâncias – judiciais e legais..............................................................113 
II – Aplicação da pena...............................................................................................132 
1. Critérios..............................................................................................................132 
2. Etapas da aplicação da pena..............................................................................133 
3. A denominada quarta fase................................................................................135 
I – Introdução...........................................................................................................140 
II – Sistemas de aplicação da pena para o concurso de crimes...............................140 
1. Cúmulo material....................................................... ........................................140 
2. Exasperação....................................................... ...............................................141 
III – Espécies de Concurso.......................................................................................141 
1. Concurso material (ou real) de crimes..............................................................141 
 7 I – INTRODUÇÃO 
1.1. Requisitos e consequências do concurso material.....................................141 
1.2. Concurso material homogêneo e heterogêneo...........................................142 
1.3. Concurso material e penas restritivas de direitos......................................142 
2. Concurso Formal (ou ideal) de crimes..............................................................143 
2.1. Requisitos e consequências do concurso formal........................................143 
2.2. Concurso formal próprio de crimes...........................................................144 
2.3. Concurso formal impróprio de crimes.......................................................145 
3. Cúmulo material benéfico (art. 70, parágrafo único, CP)................................146 
4. Crime continuado....................................................... ......................................146 
4.1. Natureza jurídica do crime continuado......................................................147 
4.2. Requisitos e consequências do crime continuado......................................147 
4.3. Crime continuado específico (ou qualificado) ..........................................149 
4.4. Crime continuado e exasperação...............................................................150 
4.5. Concurso Material benéfico.......................................................................150 
IV – Aplicação e dosimetria da pena no concurso de crimes..................................151 
V – Multa no concurso de crimes.............................................................................151 
VI – Crime Continuado e novatio legis in pejus......................................................152 
VII – Erro na execução – aberratio ictus..................................................................152 
1. Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis) .....................................153 
VIII – Limite de cumprimento da pena de prisão....................................................153 
I – Definição....................................................... ......................................................155 
1. Natureza jurídica da sursis................................................................................1562. Obrigação do juiz em apreciar a possibilidade de sursis..................................156 
II – Requisitos para aplicação da sursis...................................................................156 
1. Não reincidente em crime doloso......................................................................157 
2. A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, 
bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício..158 
3. Inaplicabilidade de penas restritivas de direitos..............................................158 
III – Espécies de sursis.............................................................................................158 
IV – Revogação da suspensão condicional...............................................................160 
1. Período de prova....................................................... ........................................160 
2. Revogação obrigatória do sursis.......................................................................160 
3. Revogação facultativa........................................................................................162 
 8 DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
3.1. Prorrogação facultativa...............................................................................163 
V – Prorrogação automática do período de prova...................................................163 
VI – Extinção da pena privativa de liberdade..........................................................164 
VII – Observações finais...........................................................................................164 
I – Evolução Legislativa............................................................................................165 
1. Lei nº 7.244 de 1984........................... ..............................................................165 
2. Constituição Federal de 1988 e os Juizados Especiais.....................................165 
II - Lei nº 9.099 de 1995.................... ......................................................................166 
1. Princípios informadores do Juizado Especial Criminal...................................166 
2. Objetivos dos Juizados Especiais Criminais.....................................................167 
3. Competência do Juizado Especial.....................................................................167 
III – Medidas Despenalizadoras...............................................................................167 
1. Fase preliminar – Fase pré-processo................................................................168 
1.1. encaminhamento ao Juizado Especial Criminal ........................................168 
1.2. Audiência preliminar..................................................................................169 
1.3. Transação (composição) civil.....................................................................169 
1.4. Transação Penal..........................................................................................170 
2. Sistemática processual: Procedimento Sumaríssimo.......................................171 
2.1. Complexidade ou circunstância especial....................................................172 
3. Suspensão condicional do processo (“suspro”)................................................172 
3.1. Competência para o oferecimento do suspro.............................................173 
3.2. O suspro no ordenamento jurídico-penal..................................................173 
3.3. Requisitos para a concessão do suspro......................................................173 
3.4. Condições necessárias para a suspensão condicional do processo............174 
3.5. Período de prova............... .........................................................................175 
3.6. Revogação da suspensão condicional do processo.....................................175 
3.6. Extinção da punibilidade. ..........................................................................176 
3.7. Suspensão da prescrição.............................................................................176 
3.8. Medida óbvia.............................................................................................176 
3.9. Observações acerca da suspensão condicional do processo......................177 
 
 
 9 I – INTRODUÇÃO 
I – Introdução...........................................................................................................178 
II – Requisitos do livramento condicional...............................................................179 
1. Pena privativa de liberdade igual ou superior a dois anos (art. 83, caput, do CP) 
................................................................................................................................179 
2. Cumprimento de (um terço) da pena se o condenado não for reincidente em 
crime doloso e tiver bons antecedentes (art. 83, I, do CP)..................................180 
3. Cumprimento de (metade) da pena se o condenado for reincidente em crime 
doloso (art. 83, II, do CP) .....................................................................................181 
4. Cumprimento de (dois terços) da pena se o condenado houver praticado 
algum crime previsto pela lei 8.072 de 1990, se o apenado não for reincidente 
específico em crimes dessa natureza (art. 83, V, do CP)......................................181 
5. Comprovação de comportamento satisfatório durante a execução da pena (art. 
83, III, do CP) .......................................................................................................182 
6. Bom desempenho do condenado no trabalho que lhe foi atribuído (art. 83, III, 
do CP) ..................................................................... .............................................183 
7. O condenado deve ter aptidão para prover a própria existência com trabalho 
honesto (art. 83, III, do CP) .................................................................................183 
8. Tenha o condenado reparado o dano causado pela infração, salvo 
impossibilidade de fazê-lo (art. 83, IV, do CP).....................................................183 
9. Requisito específico (art. 83, parágrafo único, do CP).....................................184 
III – Condições para o cumprimento do livramento condicional...........................184 
1. Condições obrigatórias (art. 132, §1º da LEP) .................................................184 
2. Condições facultativas (art. 132, §2º da LEP)...................................................185 
3. Modificação das condições................................................................................185 
IV – Revogação e efeitos da revogação.....................................................................185 
1. Revogação obrigatória (art. 86 do CP)..............................................................186 
2. Revogação facultativa (art. 87 do CP) ..............................................................189 
V – Extinção da pena e prorrogação do período de prova.......................................190 
1. Sentença de extinção da pena: meramente declaratória ou constitutiva.........190 
VI – Livramento Condicional e execução provisória da sentença............................191 
1. Competência para o estabelecimento do livramento condicional.....................191 
 
 
I – Introdução...........................................................................................................192 
II – Efeitos da Condenação.......................................................................................192 
1. Efeitos genéricos da condenação.......................................................................192 
2. Efeitos específicosda condenação....................................................................195 
 10 DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
 
I – Conceito......................................................... .....................................................197 
II – Aplicabilidade......................................................... ...........................................197 
III – Requisitos e competência.................................................................................198 
IV – Revogação......................................................... ...............................................198 
 
 
I – Considerações preliminares................................................................................199 
II – Conceito de ação................................................................................................199 
III – Condições da ação...........................................................................................200 
1. Legitimidade das partes....................................................................................200 
2. Interesse de agir, ou processual.......................................................................200 
3. Possibilidade jurídica do pedido.......................................................................201 
4. Justa causa........................................................................................................202 
IV – Espécies de ação penal.....................................................................................202 
1. Ação penal de inciativa pública.........................................................................203 
1.1. Ação penal de inciativa pública incondicionada........................................203 
1.2. Ação penal de iniciativa pública condicionada.........................................203 
1.3. Princípios informadores da ação penal de inciativa pública.....................204 
2. Ação penal de inciativa privada........................................................................205 
2.1. Ação penal de inciativa privada propriamente dita (ou exclusiva)...........206 
2.2. Ação penal de iniciativa privada personalíssima......................................206 
2.3. Ação penal de iniciativa privada subsidiária da pública...........................206 
2.4. Princípios informadores da ação penal de iniciativa privada...................207 
3. Ação penal no crime complexo.........................................................................207 
4. Decadência do direito de queixa e de representação.......................................208 
5. Renúncia ao direito de queixa..........................................................................209 
6. Perdão do ofendido...........................................................................................209 
V – Lastro probatório mínimo e inquérito policial...................................................211 
1. Do inquérito......................................................... ..............................................211 
 
 
I – Introdução...........................................................................................................213 
 11 I – INTRODUÇÃO 
1. Causas extintivas da punibilidade presentes no art. 107, CP............................213 
1.1. Morte do agente (inciso I) ..........................................................................214 
1.2. Pela anistia, graça ou indulto (inciso II) ....................................................215 
1.3. Retroatividade de lei que não mais considera o fato com criminoso – 
abolitio criminis (inciso III) .............................................................................217 
1.4. Prescrição, decadência ou perempção (inciso IV).....................................218 
1.5. Renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação 
privada (inciso V) .............................................................................................219 
1.6. Retratação do agente, nos casos em que a lei admite (inciso VI)..............221 
1.7. Perdão judicial (inciso IX) .........................................................................222 
II – Extinção da punibilidade nos crimes acessórios, complexos e conexos..........223 
 
 
I – Exposições preliminares.....................................................................................225 
II – Espécies de prescrição.......................................................................................225 
1. Formas ou modalidades da prescrição da pretensão punitiva.........................226 
1.1. Prescrição punitiva propriamente dita (artigo 109 do CP)........................226 
1.2. Prescrição superveniente, intercorrente ou subsequente (arts. 109 e 110 do 
CP) .......................................................... .........................................................228 
1.3. Prescrição retroativa...................................................................................229 
2. Prescrição da pretensão executória...................................................................231 
2.1. Prescrição no caso de fuga ou revogação do livramento condicional (art. 113, 
CP) .....................................................................................................................231 
3. Termo inicial da prescrição (art. 111 e 112 do CP) ............................................231 
4. Prescrição da pena de multa.............................................................................232 
III – Causas de aumento e diminuição dos prazos prescricionais..........................232 
1. Causas de redução do prazo prescricional........................................................232 
2. Causa de aumento do prazo prescricional........................................................233 
IV – Causas suspensivas da prescrição....................................................................233 
V – Causas interruptivas..........................................................................................234 
1. Recebimento da denúncia ou da queixa (inciso I)............................................235 
2. Pronúncia (inciso II) ........................................................................................235 
3. Decisão confirmatória da pronúncia (inciso III) .............................................236 
4. Publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis (inciso IV).....236 
5. Início ou continuação do cumprimento da pena (inciso V).............................236 
6. Reincidência (inciso VI) ...................................................................................236 
 12 DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
7. Efeitos da interrupção.......................................................................................237 
VI – Prescrição no concurso de crimes....................................................................237 
VII – Competência para o reconhecimento da prescrição......................................238 
VIII – Prescrição pela pena em perspectiva (ideal, hipotética ou pela pena virtual) 
......................................................... .........................................................................238 
 
 
Bibliografia ......................................................... ....................................................240 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 I – INTRODUÇÃO 
 14 DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
I- Introdução; II – requisitos ao concurso de pessoas: 1. Pluralidade 
de agentes e condutas; 2. Relevância causal de cada conduta; 3. 
Vínculo subjetivo l ivre; 3. Identidade de infração penal . III –requisitos ao concurso de pessoas: 1. Teoria pluralista; 2. Teoria 
dualista; 3. Teoria monista ou unitária. IV – Formas – autoria e 
participação: 1. Autoria; 2. Participação; 3. Punibilidade do concurso 
de pessoas; 4. Casos de impunibilidade; 5. Comunicabilidade das 
circunstâncias; 5. Concurso de pessoas nos crimes culposos . 
São inúmeras as infrações penais disposta no ordenamento jurídico-penal que 
podem ser praticadas por uma só pessoa, a exemplo do delito de furto (art. 155, CP) 
ou homicídio (art. 121, CP). Todavia, existem outras que exigem no mínimo quatro 
pessoas para que se configure o crime, como acontece no delito de quadrilha ou 
bando (art. 288, CP). Na primeira hipótese, onde os crimes podem ser praticados por 
uma única pessoa, estar-se-á diante dos chamados crimes unissubjetivos; na 
segunda, onde existe a necessidade de um número plural de pessoas, ver-se-á a 
configuração dos chamados crimes plurissubjetivos. 
Assim, cabe o reforço que: crimes unissubjetivos são os crimes cuja conduta 
núcleo pode ser praticada por uma única pessoa, a exemplo do que ocorre com o 
furto, lesão corporal, homicídio etc. Já os plurissubjetivos, ao revés, são aqueles em 
que o tipo penal exige a presença de duas ou mais pessoas, sem as quais o crime não 
se configura, como é o caso da formação de quadrilha ou bando, rixa etc. São 
também reconhecidos como crimes de concurso necessário. 1 
Disciplinando o concurso de pessoas, diz o art. 29, caput, do Código Penal, que 
quem, de qualquer modo, concorre para o crime, incide nas mesmas penas a este 
cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
Ao observar o enredo deste dispositivo, já se pode concluir que o art. 29 se aplica 
em regra aos delitos unissubjetivos, também conhecidos como crimes de concurso 
eventual, uma vez que aos crimes plurissubjetivos, ou de concurso necessário, 
devido ao fato de exigirem a presença de, no mínimo, duas ou mais pessoas, 
variando de acordo com o tipo penal em trabalho, não haveria necessidade de regra 
expressa aos autores, ou coautores, tendo aplicação somente no que diz respeito à 
participação nessas infrações penais. 2 
Portanto, fala-se em concurso de pessoas quando duas ou mais pessoas 
concorrem à prática de uma mesma infração penal. Essa colaboração recíproca pode 
ocorrer nos casos em que são vários os autores, bem como naqueles onde existam 
autores e partícipes. 
 
1 , Rogério, Código penal comentado, cit., p. 38. GRECO
2 , Rogério, Curso de direito penal, v.1, cit., p. 415. GRECO
 15 II- REQUISITOS AO CONCURSO DE PESSOAS 
 Assim discorre o art. 29 do Código Penal: 
Art. 29. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a 
este cominadas, na medida de sua culpabilidade. 
 § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída 
de um sexto a um terço. 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-
á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de 
ter sido previsível o resultado mais grave. 
Percebe-se que o art. 29 do CP contém uma regra de extensão dos limites do tipo 
para atingir a conduta daqueles que auxiliaram a prática do delito. A regra trazida 
por tal dispositivo aplica-se, comumente, aos chamados crimes de concurso eventual 
(unissubjetivos), que são aqueles que podem ser cometidos por um único agente, 
mas que, eventualmente, são praticados por duas ou mais pessoas. Quando duas ou 
mais pessoas se reúnem com o fim de cometer tais infrações (homicídio, lesão 
corporal, furto, dano etc.), ou, na expressão do Código, se concorrerem para o crime, 
incidirão nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. 3 
Para a formação do concurso de pessoas é indispensável à análise dos seguintes 
requisitos: 
a) pluralidade de agentes e de condutas; 
b) relevância causal de cada conduta; 
c) vínculo subjetivo livre (liame subjetivo entre os agentes); 
d) identidade (unidade) de infração penal. 
Os três primeiros requisitos se ligam mais a caracterização do concurso de 
pessoas, o último tem uma ideia de consequência daquele concurso. 
A pluralidade de agentes (e de condutas) é requisito indispensável à caracterização 
do concurso de pessoas. O próprio nome induz sobre a necessidade de, no mínimo, 
duas pessoas que, unindo esforços, almejam praticar determinada infração penal. 4 
Destaca que (BITENCOURT, 2002, p. 380): BITENCOURT
“esse é o requisito básico do concurso eventual de pessoas: a concorrência de 
mais de uma pessoa na execução de uma infração penal. Embora todos os 
participantes desejem contribuir com sua ação na realização de uma conduta 
punível, não o fazem necessariamente, da mesma forma e nas mesmas 
condições. Enquanto alguns, segundo Esther FERRAZ, praticam o fato material 
típico, representado pelo verbo núcleo do tipo, outros limitam-se a instigar, 
induzir, auxiliar moral e materialmente o executor ou executores praticando 
atos que, em si mesmos, seriam atípicos. A participação de cada um contribui 
 
3 Op. cit. 
4 Op. cit. p. 416. 
 16 DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
para o desdobramento causal do evento e respondem todos pelo fato típico em 
razão da norma de extensão do concurso”. 
Na análise de tais acusações, a acusação deve, sempre que possível, descrever o 
que cada um fez, de modo a elucidar o grau de participação no cometimento do 
delito. De certo, em alguns crimes torna-se deveras tormentoso estabelecer o que 
cada um fez, tome-se o exemplo: Em um crime societário, onde existem 4 sócios, 
dois principais com 49% das ações cada, e dois figurantes, com 1% cada. Esta 
sociedade emprega funcionários que a administram diretamente, esses funcionários 
começam a sonegar impostos. Essa sonegação refletirá não só nos funcionários que 
sonegaram impostos, mas em também em todos os sócios, sejam os principais, sejam 
os figurantes, sem estes terem participado de alguma forma do cometimento do 
delito. 
Se a conduta levada a efeito por um dos agentes não possuir relevância ao 
cometimento da infração penal, deve-se desconsiderá-la e concluir que o agente não 
concorreu à sua prática. 
Com propriedade aduz (BITENCOURT, 2002, p. 380)que: BITENCOURT
“A conduta típica ou atípica de cada participante deve integrar-se à corrente 
causal determinante do resultado. Nem todo comportamento constitui 
‘participação’, pois precisa ter ‘eficácia causal’, provocando, facilitando ou ao 
menos estimulando a realização da conduta principal”. 
Assim, arquitete-se o seguinte exemplo: Bejani, com firme propósito de causar 
morte a Custódio, por não ter encontrado sua arma, vai até a residência de 
Margarida e, explicando-lhe o fato, pede-lhe o revólver emprestado. Margarida, 
mesmo sabendo da intenção Bejani, empresta-lhe a arma. Antes de ir ao encontro 
de Custódio, Bejani resolve, por mais uma vez, procurar a sua arma, e, para sua 
surpresa, consegue encontrá-la. Assim, deixa de lado o revólver emprestado por 
Margarida e, agora, com sua própria arma vai à procura de Custódio e lhe causa a 
morte. 
Tendo em vista que se retirada do liame causal a conduta de emprestar a arma 
feita por Margarida o resultado continuaria a existir, essa é dada como não 
relevante à produção do resultado, vez que não estimulou (já que Bejani já estava 
disposto ao cometimento do crime), ou influenciou o agente no cometimento de sua 
infração. 
É importante lembrar que o nexo de causalidade é a característica que liga a ação 
ao resultado pretendido. Certo é que todo crime tem resultado, ainda que não 
naturalístico. Bem disserta , que elucida: LUIZ FLÁVIO GOMES
“Não existe crime sem resultado, diz o art. 13. A existência do crime depende de 
um resultado. Leia-se: todos os crimes exigem um resultado. Se é assim, 
pergunta-se: qualo resultado sempre exigido para a configuração do crime? 
Lógico que não pode ser o resultado natural (ou naturalístico ou típico), porque 
esse só é exigido nos crimes materiais. Crimes formais e de mera conduta não 
possuem ou não exigem resultado (natural). Consequentemente, o resultado 
 17 II- REQUISITOS AO CONCURSO DE PESSOAS 
exigido pelo art. 13 só pode ser o jurídico. Este sim é que está presente em todos 
os crimes. Que se entende por resultado jurídico? É a ofensa ao bem jurídico, 
que se expressa numa lesão ou perigo concreto de lesão. Esse resultado possui 
natureza normativa (é um juízo de valor que o juiz deve fazer em cada caso para 
verificar se o bem protegido pela norma entrou no raio de ação dos riscos 
criados pela conduta)”. 5 
 O terceiro requisito indispensável à construção do concurso de pessoas diz 
respeito ao chamado liame subjetivo, ou seja, o vínculo psicológico que une os 
agentes à prática da mesma infração penal. Quando não for possível enxergar o 
vínculo subjetivo entre os agentes, cada qual responderá, isoladamente, por sua 
conduta. 
 Ademais, este vínculo subjetivo dever ser livre, isto é, entre os agentes do crime 
deve existir uma adesão livre a prática delituosa. Quase sempre este vínculo é 
preestabelecido, no entanto, nada obsta que ele ocorra na iminência da prática da 
infração penal. Bem destaca que (MIRABETE, 2002, p. 226): MIRABETE
“Somente a adesão voluntária, objetiva (nexo causal) e subjetiva (nexo 
psicológico), à atividade criminosa de outrem, visando à realização do fim 
comum, cria o vínculo do concurso de pessoas e sujeita os agentes à 
responsabilidade pelas consequências da ação.” 
 Outrossim, o simples conhecimento da realização de uma infração penal ou 
mesmo a concordância psicológica caracterizam, no máximo, ‘conivência’, que não é 
punível, a título de participação, se não constituir, pelo menos, alguma forma de 
contribuição causal, ou, então, constituir, por si mesma, uma infração típica. 
Tampouco será responsabilizado como partícipe quem, tendo ciência da realização 
de um delito, não o denuncia às autoridades, salvo se tiver o dever jurídico de fazê-
lo. 6 
O quarto requisito necessário à caracterização do concurso de pessoas é a 
identidade de infração penal. Isso quer dizer que os agentes, unidos pelo liame 
psíquico, devem querer praticar a mesma infração penal. Seus ânimos devem 
dirigir-se ao cometimento de determinada e escolhida infração penal. 7 Para que o 
resultado da ação de vários participantes possa ser atribuído a todos, “tem que 
consistir em algo juridicamente unitário” 8. 
Como afirma , não é propriamente um requisito, mas consequência DAMÁSIO
jurídica diante das outras condições. 
Assim, em boa ilustração, sugere (BITENCOURT, 2002, p. 381): BITENCOURT
 
5 , Luiz Flávio, Princípio da ofensividade no direito penal, cit., p. 59-60. GOMES
6 , Cezar Roberto, Manual de direito penal, v.1, p. 381. BITENCOURT
7 , Rogério, Curso, v.1, p. 417. GRECO
8 , Cezar Roberto, Manual, v.1, p. 381; , Sebastian, Derecho Penal argentino, cit., p. 253. BITENCOURT SOLER
 18 DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
“Alguém planeja a realização da conduta típica, ao executá-la, enquanto um 
desvia a atenção da vítima, outro lhe subtrai os pertences e ainda um terceiro 
encarrega-se de evadir-se do local com um produto do furto. É uma exemplar 
divisão de trabalho constituída de atividades díspares, convergentes, contudo, a 
um mesmo objetivo típico: subtração de coisa alheia móvel. Respondem todos 
por um único tipo penal ou não se reconhece a participação ou o próprio 
concurso na empresa criminosa.” 
 Com o escopo de diferenciar e apontar a infração cometida por cada um dos seus 
agentes (autores e partícipes) surgiu três teorias que merece destaque: 
a) teoria pluralista; 
b) teoria dualista; e 
c) teoria monista ou unitária. 
 Para a teoria pluralista, haveria tantas infrações penais quantos fossem o número 
de autores e partícipes. Assim, “a cada participante corresponde uma conduta 
própria, um elemento psicológico próprio e um resultado igualmente particular. À 
pluralidade de agentes corresponde a pluralidade de crimes. Existem tantos crimes 
quantos forem os participantes do fato delituoso”. 9 Seria como se cada autor ou 
partícipe houvesse praticado sua própria infração penal, independentemente da sua 
colaboração para com os demais. Destarte, se alguém tivesse induzido duas outras 
pessoas a praticar um delito de furto, teríamos três infrações penais distintas. Uma 
para cada um dos agentes. Ou seja, uma para o partícipe e uma para cada um dos 
coautores, isto é, para aqueles que efetuaram de fato a subtração da coisa alheia 
móvel (praticaram o verbo núcleo do tipo). 10 
 De fato, com esse pensamento, chegou-se a ver na participação um crime distinto, 
especial, o “crime de concurso”. Todavia, esta ideia era precária, já que o título do 
crime que se pune é o do tipo especificamente violado e não uma suposta figura 
particular para cada um dos participantes. O resultado produzido também é um só 
(unidade infracional). Deveras, a participação de cada concorrente não constitui 
atividade autônoma, mas concorre para uma ação única, com objetivo e resultado 
comuns. Essa é uma teoria subjetiva, ao contrário da monista, que é objetiva. 11 
 A teoria dualista, ao seu tempo, distingue o crime praticado pelos autores daquele 
cometido pelos partícipes. Destarte, nesta percepção haveria dois tipos de crimes: (i) 
um para os autores, aqueles que realizam a atividade principal (aquele que prática o 
verbo núcleo do tipo), a conduta emoldurada no ordenamento positivo; (ii) e outro 
para os partícipes, aqueles que desenvolvem uma atividade secundária, que não 
realizam a conduta nuclear descrita no tipo penal. Assim, construindo um exemplo 
em cima do disposto acima, e reutilizando o exemplo do furto mencionado no item 
 
9 BITENCOURT, Cezar Roberto, Tratado, v.1, cit., p. 415. 
10 GRECO, Rogério, Curso, v.1, cit., p. 417. 
11 BITENCOURT, Cezar Roberto, Tratado, v.1, cit., p. 415. 
 19 III. TEORIAS SOBRE O CONCURSO DE PESSOAS 
supra, ter-se-ia uma infração para aquele que induziu à prática do crime de furto e 
outra para os coautores, isto é, para aqueles que realizaram a conduta nuclear 
descrita no tipo penal (subtrair coisa alheia móvel). 12 
 Todavia, não obstante essa ideia dúplice, o crime é um só, e, muitas vezes, a ação 
daquele que realiza a atividade típica (o executor) é menos importante que a do 
partícipe (v.g., naqueles casos de autoria intelectual). No entanto, afinal, a teoria 
consagra dois planos de condutas, um principal (dos autores ou coautores), e um 
secundário (dos partícipes). 13 
 A teoria monista, também reconhecida como unitária, adotada pelo nosso 
sistema jurídico-penal, compartilha que todos aqueles que concorrem ao crime 
incidem nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Assim, 
(BITENCOURT, 2008, p. 416) 
“essa teoria não faz qualquer distinção entre autor e partícipe, instigação e 
cumplicidade. Todo aquele que concorre para o crime causa-o em sua 
totalidade e por ele responde integralmente”. 
 Deste modo, em frase comum aos manuais de direito penal, para a teoria monista 
existe um crime único: embora o crime seja praticado por diversas pessoas, 
permanece único e indivisível. 14 
 Definição feliz teve (FERRAZ, 1976, p. 30): ESTHER DE FIGUEIREDO FERRAZ
“o delito cometido graças ao concurso de várias pessoas não se fraciona em 
uma série de crimes distintos. Ao contrário, conserva-se íntegro, indiviso, 
mantendo sua unidade jurídica à custa da convergência objetiva e subjetiva das 
ações dos múltiplos participantes”. 
 Assim, valendo do exemplo do furto, outrora dado, haveria um único crime de 
furto, que seria atribuído aopartícipe e aos coautores. 
 Ademais, a concepção monista parte da teoria da equivalência das condições 
necessárias à produção do resultado (conditio sine qua non). Contudo, o 
fundamento maior dessa teoria é político-criminal, que prefere punir igualmente a 
todos os participantes de uma mesma infração penal 15. 
 Não obstante o Código Penal tenha adotado como regra a teoria monista ou 
unitária, na realidade, os parágrafos do art. 29 aproximam a teoria monística da 
teoria dualística e da pluralística ao determinar a punibilidade diferenciada da 
participação, argumentação que contribui com o pensamento é a de LUIZ REGIS 
, que aduz (PRADO, 2002, p. 395): PRADO
“O Código Penal reformado (1984) adota essa teoria, ainda que de forma 
matizada ou temperada, já que estabeleceu certos graus de participação e um 
 
12 GRECO, Rogério, Curso, v.1, cit., p. 417-418; BITENCOURT, Cezar Roberto, Tratado, v.1, cit., p. 415. 
 
13 BITENCOURT, Cezar Roberto, Tratado, v.1, cit., p. 416. 
14 BITENCOURT, Cezar Roberto, Tratado, v.1, cit., p. 416; GRECO, Rogério, Curso, v.1, cit., p. 417. 
15 MIR PUIG, Santiago, Derecho penal – Parte general, cit., p. 309. 
 20 DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
verdadeiro reforço do princípio constitucional da individualização da pena (na 
medida de sua culpabilidade).” 
 Além dos parágrafos 1º§ e 2º§ do art. 29, existem outras exceções à regra monista 
que a temperam, a exemplo do crime de aborto, em que quando a gestante prática 
em si própria o aborto comete o delito do art. 124 (autoaborto), e quando outrem 
nela realiza, com seu consentimento, comete o delito do art. 126 (aborto cometido 
por outrem). Neste caso, para mesmo crime são dois tipos penais distintos. E, 
também, o crime de corrupção, que encontra sua face passiva descrita no art. 317 e a 
sua feição ativa no art. 333. Também dois tipos penais distintos. Em todos esses 
exemplos, os crimes são passíveis de concurso de pessoas, assim, p.ex., se no 
autoaborto, para a gestante em estado puerperal, for auxiliada, como na situação em 
que terceiro lhe entrega o instrumento com o qual ela irá tirar a vida de seu filho, 
ocorrerá um concurso de pessoas. 
 Autoria e participação são conceitos que podem ser extraídos na natureza das 
coisas. e apontam com nitidez esse fato, elucidando que ZAFFARONI PIERANGELI
(ZAFFARONI e PIERANGELI, 1999, p. 663-664): 
“O concurso de várias pessoas num mesmo evento não é um fenômeno que se 
dá somente no direito penal, mas que é algo cotidiano. Da mesma maneira 
dizemos, diariamente, que fulano é autor de tal coisa, que beltrano é autor de 
tal outra, que sicrano cooperou com fulano em tal coisa e que fulano incentivou 
beltrano a fazer outra.” 
 Destaca que o “conceito de autoria não pode circunscrever-se a quem BITENCOURT
pratica pessoal e diretamente a figura delituosa, mas deve compreender também 
quem se serve de outrem como ‘instrumento’ (autoria mediata). É possível 
igualmente que mais de uma pessoa pratique a mesma infração penal, ignorando que 
colabora na ação de outrem (autoria colateral), ou então, consciente e 
voluntariamente, coopere no empreendimento criminoso, quer praticando atos de 
execução (coautoria), quer instigando, induzindo ou auxiliando (participação) na 
realização de uma conduta punível” 16. 
 Correndo a partir destas premissas ora elencadas, chega-se às principais teorias 
que chamaram para si a responsabilidade de, juridicamente, identificar quem 
figuraria como autor e quem seriam os partícipes. Foram criados conceitos 
restritivos e extensivos de autor como situações extremas para, a posteriori, surgir 
uma novel concepção, que se pode denominar de intermediária, trazida pela teoria 
do domínio do fato. 
 
16 Tratado, v.1, cit. p. 419. 
 21 IV. FORMAS – AUTORIA E PARTICIPAÇÃO 
 Segundo essa concepção, autor é aquele que realiza a conduta típica descrita na 
lei, isto é, o que prática o verbo núcleo do tipo: mata, subtrai, falsifica etc. 17 Todos 
os demais que, de qualquer forma, o auxiliassem, mas que não viessem a realizar a 
conduta narrada pelo verbo do tipo penal seriam considerados partícipes. 18 
 O conceito restritivo de autor segue atrelado a uma teoria objetiva de 
participação. Realizar a conduta típica é objetivamente distinto de favorecer a sua 
realização. Deduz-se daí, por si só, que autoria e participação também devem ser 
distinguidas através de critérios objetivos. Por isso, segundo JESCHECK , o conceito 19
restritivo de autor necessita ser complementado por uma teoria objetiva de 
participação, que pode assumir dois aspectos distintos: 
1. Teoria objetivo-formal 
 Para a teoria objetivo formal, autor é aquele que prática a conduta descrita no 
núcleo do tipo; todos os demais que concorrerem para essa infração penal, mas que 
não realizam a conduta expressa pelo verbo existente no tipo serão considerados 
partícipes. 20 
2. Teoria objetivo-material 
 A teoria objetivo-material, como aduz , buscou suprir os defeitos da JESCHECK
teoria objetivo-formal, “oferecendo um complemento mediante a perspectiva da 
maior periculosidade que deve caracterizar a contribuição do autor ao fato em 
comparação com a do cúmplice”,21 ou, como elucida o digníssimo professor DAMÁSIO 
, a teoria objetivo-material “distingue autor de partícipe pela maior DE JESUS
contribuição do primeiro na causação do resultado”. 22 
 . A teoria objetiva, de acordo com o conceito restritivo de autor, Fragilidades
encontrou duros óbices no que dizia respeito à chamada autoria mediata. Arquitete-
se o exemplo de um médico que querendo causar a morte de uma paciente x, que se 
encontra internada no hospital onde o mesmo exercia suas funções, prepara uma 
injeção contendo veneno letal e determina a uma enfermeira que aplique-a na 
paciente x. Enfermeira, atendendo ao pedido do médico, aplica a injeção e causa a 
morte a paciente x. Faz-se notório que apesar do médico não ter realizado a conduta 
descrita no verbo núcleo do tipo do art. 121 do Código Penal, ele teve total domínio 
do fato para que o resultado morte viesse a acontecer. Como o médico não praticou a 
conduta narrada pelo verbo núcleo do tipo, através da teoria restritiva não poderia 
ele ser considerado autor. Tal solução, sem maiores esforços, não parece ser a mais 
correta. 
 Não raro uma pessoa que se encontra à frente de toda a movimentação delitiva, 
organizando-a, orientando-a, armando suas estratégias, tendo-a sob seu absoluto 
 
17 BITENCOURT, Cezar Roberto, Manual, v.1, cit., p. 382. 
18 GRECO, Rogério, Curso, v.1, cit., p. 419. 
19 Tratado de derecho penal – parte general, v.2, cit., p. 893. 
20 GRECO, Rogério, Curso, v.1, cit., p. 420. 
21 Tratado, v.2, cit., 893. 
22 Teoria do domínio do fato no concurso de pessoas, cit., p. 16. 
 22 DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
controle, e, não obstante isso, não executa qualquer parcela da conduta que o tipo 
descreve. Podemos citar como exemplo o traficante chefe, que não usa as drogas, não 
as vende, apenas manipula toda a ação criminosa, ou, até mesmo, o clássico exemplo 
do chefe de uma máfia que ordena aos seus asseclas que elimine o chefe do grupo 
rival. Assim, conclui-se que este autor mediato não pode ser considerado mero 
partícipe, mas, sim, como real autor. 23 
 O conceito extensivo de autor encontra-se numa situação diametralmente oposta à 
do conceito restritivo. Pelo fato de partir da conditio sine qua non, os adeptos do 
conceito extensivo não fazem distinção entre autores e partícipes. Todos aqueles que, 
de qualquer forma, colaboram à prática do fato são considerados autores. 24 
 Ao revés da teoria restritiva que é objetiva, a teoria extensiva é de teor subjetivo, 
seguindo atrelada à teoria subjetiva da participação. Assim,para os adeptos deste 
pensamento, autoria e participação não podem distinguir-se objetivamente, pois que 
ambas são equivalentes desde um prisma causal, somente restando-lhes a 
possibilidade de uma distinção baseada em um critério subjetivo. 25 
 Assim, baseada na vontade dos agentes, existirá a vontade de ser autor (animus 
auctoris), quando o agente quer o fato como próprio, e uma vontade de ser partícipe 
(animus socii), quando o agente deseja o fato como alheio. 26 
 Essa distinção, todavia, pode tornar-se equivocada em algumas situações, por 
exemplo: um matador de aluguel causa a morte da vítima não porque a desejava, 
mas, sim, porque fora pago para tanto, isso geraria o resultado de não autoria do 
assassino profissional, ou, o curioso caso apontado por e 27, ZAFFARONI PIERANGELI
no qual se afirmou que um assassino profissional contratado num país estrangeiro, 
que fora enviado para matar asilados croatas com uma pistola de gás venenoso, não 
era autor, porque não queria o fato como seu, pois o interesse pelo resultado 
pertencia à potência que o enviava. 28 
 Assim, tanto o conceito extensivo de autor, como a teoria subjetiva da 
participação, devem ser rechaçados. 
 A teoria do domínio do fato é a mais bem sucedida elaboração em consideração às 
teorias até então conhecidas. Ela consegue distinguir com limpidez autor e executor, 
admitindo com facilidade a figura do autor mediato, além de possibilitar melhor 
compreensão da coautoria. Ocupa posição intermediária entre as teorias objetivas e 
subjetivas, sendo considerada uma teoria objetivo-subjetiva. Aponta a doutrina29 
que a teoria do domínio do fato surge em 1939, pela cátedra de . HANS WELZEL
 
23 PIERANGELI, José Henrique, Escritos jurídico-penais, cit., p. 55; GRECO, Rogério, Curso, v.1, cit., p. 421. 
24 GRECO, Rogério, Código, cit., p. 88. 
25 Cf. GRECO, Rogério, Curso, v.1, p. 421; JESCHECK, Hans-Heinrich, Tratado de derecho penal, v. 2, p. 895. 
26 GRECO, Rogério, Curso, v.1, p. 421; BITENCOURT, Cezar Roberto, Manual, v.1, p. 384. 
27 Manual, p. 667. 
28 GRECO, Rogério, Curso, v.1, p. 422. 
29 GRECO, Rogério, Curso, v.1, p. 422; BITENCOURT, Cezar Roberto, Manual, v.1, p. 384. 
 23 IV. FORMAS – AUTORIA E PARTICIPAÇÃO 
 Em curta definição, assim delibera sobre o conceito de autor para ROGÉRIO GRECO
teoria do domínio do fato (GRECO, 2011, p. 88): 
“Autor é aquele que decide o se, o como, e o quando da infração penal; é o 
senhor de suas decisões”. 
 Autor, segundo essa teoria, é quem tem o poder de decisão sobre a 
realização do fato. É não só o que executa a ação típica, como também aquele que 
se utiliza de outrem, como instrumento, para a execução da infração penal (autoria 
mediata). Como ensina , “a conformação do fato mediante a vontade de WELZEL
realização que dirige de forma planificada é o que transforma o autor em senhor do 
fato” 30. Porém, como afirma , não só a vontade de realização resulta JESCHECK
decisiva para a autoria, mas também a importância material da parte que cada 
interveniente assume no fato. 31 
 Portanto, pode-se concluir que o autor é aquele que tem controle da situação de 
fato ou prática atos de execução, isto é, prática o verbo do núcleo do tipo. 
1.1.3.1. Teoria do domínio funcional do fato 
 A teoria do domínio funcional do fato, adotada por grande número de 
doutrinadores, resolve o problema com argumentos das teorias objetivas e 
subjetivas, acrescentando, ainda, um dado extremamente importante: a chamada 
divisão de tarefas. 
“Vem ganhando primazia nos Tribunais a Teoria do Domínio do Fato, 
idealizada por Claus ROXIN, que considera também coautor o agente 
que participa de um plano adredemente preparado, com divisão de 
tarefas. Influindo, decisivamente, com a sua conduta, no resultado 
final do ilícito” (20020110414487APR, Relator Edson Alfredo 
Smaniotto, 1ª Turma Criminal, julgado em 30/10/2006, DJ 
28/02/2007, p. 120). 
1.1.3.2. Teoria do domínio do fato e os crimes culposos 
 O âmbito de aplicação da teoria do domínio do fato, com seu conceito restritivo de 
autor, limita-se aos delitos dolosos. Somente nestes se pode falar em domínio final 
do fato típico, pois os delitos culposos caracterizam-se exatamente pela perda desse 
domínio. 32 Assim, bem postas são as palavras de (CEREZO MIR, JOSÉ CEREZO MIR
2001, p. 210), que aduz que a teoria em estudo 
“tropeça nos delitos imprudentes porque não se pode falar de domínio do fato, 
já que o resultado se produz de modo cego, causal, não finalista. Nos delitos 
imprudentes é autor todo aquele que contribui para a produção do resultado 
com uma conduta que corresponde ao cuidado objetivamente devido. Nos 
delitos dolosos é autor o que tem o domínio finalista do fato”. 
 
 
 
30 Derecho, cit. p. 145. 
31 Tratado, cit. p. 897 e 900. 
32 BITENCOURT, Cezar Roberto, Manual, cit., p. 385. 
 24 DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
 
 
 
 
 
Quadro 
1. 
Restritiva Extensiva 
Teoria do domínio 
do fato 
Conceito 
de autor 
Autor será aquele que 
praticar a conduta descrita 
no núcleo do tipo penal. 
Todos aqueles que de 
alguma forma 
contribuíram para a 
prática do crime, são 
considerados autores, 
ainda que não tenham 
praticado o verbo núcleo 
do tipo. O autor é quem 
realiza uma o crime com 
vontade de autor (animus 
actoris), isto é, aquele que 
deseja o fato criminoso 
como próprio. 
Autor é aquele que tem 
controle da situação de 
fato ou prática atos de 
execução, isto é, prática a 
conduta narrada no verbo 
núcleo do tipo penal. 
Conceito 
de 
partícipe 
Partícipes serão todos 
aqueles que, de alguma 
forma, auxiliarem o ato 
delituoso, embora não 
realizem a conduta 
narrada pelo verbo do tipo 
penal. 
O partícipe é quem pratica 
o crime com a vontade de 
partícipe; o partícipe quer 
o fato como alheio, 
atuando com animus socii. 
Partícipe é aquele que não 
tem controle sobre a 
situação de fato, mas que 
com sua conduta auxilia a 
produção do crime. 
 25 IV. FORMAS – AUTORIA E PARTICIPAÇÃO 
Crítica 
Muitas vezes, o sujeito 
principal da operação 
delitiva se encontra longe 
da mesma, ou não pratica 
os atos de execução, tão só 
planeja. Casos como os de 
autores mediatos e 
intelectuais ficam sem 
resposta nesta teoria. 
Essa teoria, por vezes, 
implica em condenar 
como meros partícipes 
sujeitos que realizam 
pessoalmente todos os 
elementos do tipo (v.g., 
assassino de aluguel) e, 
como autores, quem não 
tem intervenção material 
no fato. 
Teoria do domínio do fato é 
a mais bem sucedida 
elaboração em consideração 
às teorias até então 
conhecidas. Ela consegue 
distinguir com limpidez 
autor e executor, admitindo 
com facilidade a figura do 
autor mediato, além de 
possibilitar melhor 
compreensão da coautoria. 
Ocupa posição intermediária 
entre as teorias objetivas e 
subjetivas, sendo 
considerada uma teoria 
objetivo-subjetiva. A 
fragilidade deste pensamento 
se encontra nos crimes 
culposos. 
 Diante da adoção da teoria do domínio do fato fica mais evidente quando diversas 
pessoas, unidas pelo vínculo subjetivo livre, resolvem praticar uma mesma infração 
penal. Aqui, mais do nunca, será de máxima importância a determinação de quem é 
partícipe e quem é autor. Na construção textual de (WELZEL, 1970, p. 129), WELZEL
“a coautoria é autoria; sua particularidade consiste em que o domínio do fato 
unitário é comum a várias pessoas. Coautor é quem possuindo as qualidades 
pessoais de autor é portador da decisão comum a respeito do fato e em virtude 
disso toma parte na execução do delito”. 
 Destarte, in tribus verbis, a coautoria seria a autoria em conjunto. Assim, a 
coautoria é a realização conjunta,por mais de uma pessoa, de uma mesma infração 
penal. Coautoria nada mais é do que a própria autoria, verdade seja dita. Cabe o 
lembrete que é desnecessário um acordo prévio, como exigia a velha doutrina, 
bastando que haja consciência comum em cooperar (apesar de tal crivo ser de 
extremo tormento de análise in concreto). É a atuação consciente de estar 
contribuindo à realização comum de uma infração penal. Essa consciência constitui 
o liame psicológico que une a ação de todos, dando caráter de crime único. 
“Não se exige, para a verificação da coautoria, que todos os agentes 
efetuem, necessariamente, a ação descrita no tipo, sendo suficientes a 
adesão que, efetivamente, pratica os atos de execução (TJMG, AC 
1.0512.06.031578-9/001, Rel. Des. Walter Pinto da ROCHA, DJ 
6/2/2007).” 
 O princípio da divisão de tarefas concede fundamentos à noção de coautoria, 
vista que nela todos tomam parte, atuando em conjunto na execução da ação típica, 
de tal maneira que cada um possa ser chamado verdadeiramente autor. 
 26 DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
1.2.1.1. Coautoria em crimes próprios e em crimes de mão própria 
 De antemão, cabe a definição do que seria um crime próprio e, também, um crime 
de mão própria. Primeiramente, pode-se definir um crime próprio como aqueles 
apontam uma singular condição do sujeito ativo, condição esta que pode ser de 
origem jurídica (funcionário público); profissional (médico, comerciante etc.). 33 
, porém, equiparou os crimes próprios aos especiais, considerando-os ANÍBAL BRUNO
como aqueles praticados por pessoa revestida de determinadas qualidades, como de 
funcionário público, de militar, de advogado, de médico etc. Desta maneira, pode-se 
apontar alguns crimes na legislação trazem consigo essa elementar: infanticídio (art. 
123, CP); peculato (art. 312, CP); prevaricação (art. 319, CP); condescendência 
criminosa (art. 320, CP), dentre outros. 
 Já os crimes de mão própria são aqueles que só podem ser cometidos pela pessoa. 
Assim, este tipo de crime é de atuação personalíssima e de execução indelegável. Tal 
conscientização da descrição típica deixa a entrever que, em razão de certas 
circunstâncias, somente o próprio sujeito, corporalmente enfocado, é que pode 
praticar aquela conduta. 
 É mister a não confusão entre os crimes de mão própria e os crimes próprios, vez 
que os segundos são aqueles que dizem respeito a certas qualidades do sujeito ativo 
(médico, funcionário público etc.), e, os primeiros a realizam exclusiva pela própria 
pessoa. 
 . Solucionada essa questão, no que tange a Coautoria e crimes próprios
coautoria e crimes próprios, não haverá óbice algum nos delitos próprios, no que diz 
respeito à possibilidade de existirem, no critério de distribuição de funções, vários 
autores que, com unidade de objetivo, pratiquem a mesma infração penal, podendo-
se, aqui, falar em coautoria. Poderão v.g., dois funcionários públicos, agindo em 
concurso, subtrair, valendo-se da facilidade que essa qualidade lhes proporcionava, 
um microcomputador existente na repartição na qual ambos trabalhavam. O crime 
de peculato (art. 312, CP), com já dito, é próprio, pois somente pode ser praticado 
por quem possua a qualidade de funcionário público. Todavia, embora próprio, 
admite autoria mediata, bem como coautoria, aplicando-se, com perfeição, a teoria 
do domínio funcional do fato. 34 
 . De igual maneira que, como regra, Coautoria em crimes de mão própria
não se admite em infrações penais dessa natureza autoria mediata (v. infra), 
também deverá ser afastada a possibilidade de coautoria. Isso porque, por se tratar 
de infrações personalíssimas, não há possibilidade de divisão de tarefas. O delito, 
portanto, só pode ser realizado pessoalmente pelo agente previsto no tipo penal. 
 Em sentido contrário, já se posicionou o STJ: 
“Entendimento desta Corte de que é possível, em tese, atribuir a 
advogado a coautoria pelo crime de falso testemunho (STJ, REsp. 
402783/SP Rec. Esp. 2001/0193430-6; 5ª T., Rel. Min. José Arnaldo 
da Fonseca, DJ 13/10/2003, p. 403)”. 
 
33 MARQUES, Frederico, Tratado. 
34 GRECO, Rogério, Código, cit., p. 90. 
 27 IV. FORMAS – AUTORIA E PARTICIPAÇÃO 
 Embora não se possa falar em coautoria em delitos de mão própria, nada impede 
que haja concurso de partícipes. Os partícipes, mesmo não possuindo o domínio 
sobre o fato, podem de alguma forma concorrer para a infração penal, induzindo, 
instigando, ou auxiliando materialmente o autor. 35 
 Assim entende também os Tribunais pátrios: 
“O delito de falso testemunho, apesar de ser considerado delito de ‘mão 
própria’, admite a participação, nas modalidades de induzimento e 
instigação, ressalvadas raras exceções. Precedentes dessa Corte e do 
STF (STJ, REsp. 659.512/RS, Rel. Min. Gilson Dipp, 5ª T., DJ 
29/11/2004, p. 397)”. 
 Autor pode ser aquele que executa diretamente a conduta descrita pelo núcleo do 
tipo penal, ocasião em que será reconhecido como autor imediato, direito ou 
executor; ou poderá ser também aquele que se vale de outra pessoa, que lhe serve, 
em realidade, como instrumento à prática do crime, sendo, neste prisma, chamado 
de autor mediato ou indireto. 36 
 Assim, mostra-se que o autor não necessariamente precisa praticar a conduta 
descrita no núcleo do tipo penal, podendo atuar também distante da situação, 
exercendo seu domínio sobre o fato criminoso ao utilizar outrem como instrumento 
à prática delituosa. aduz que (JESCHECK, 1981, p. 919) JESCHECK
“é autor mediato quem realiza o tipo penal servindo-se, para execução da ação 
típica, de outra pessoa como instrumento”. 
 Desta forma, o autor imediato é o agente que diretamente realiza a conduta 
prevista pelo verbo reitor do tipo penal, assim, se A, com o auxilio moral de B e C, 
mata D, A será o autor imediato do crime, B e C serão partícipes do delito. Todavia, 
existem situações em que o agente não realiza diretamente a conduta prevista no 
núcleo do tipo penal, valendo-se de outras pessoas, que lhe servem como 
instrumento à prática da infração penal, sendo considerado, portanto, autor mediato 
ou indireto. De tal maneira, naquelas situações em que o traficante sobre coage 
irresistivelmente um trabalhador para cometer um roubo a banco, o traficante, 
apesar de não praticar a conduta núcleo do tipo, detém o domínio da situação de 
fato e, por isso, lhe é outorgado o cargo de autor do crime, autor mediato. 
 Nosso diploma penal prevê expressamente quatro casos de autoria mediata, a 
saber: 
a) erro determinado por terceiro (art. 20, §2º, CP); 
b) coação moral irresistível (art. 22, primeira parte, CP); 
c) obediência hierárquica (art. 22, segunda parte, CP); 
d) caso de instrumento impunível em virtude de condição ou qualidade pessoal 
(art. 62, III, segunda parte, CP). 
 Como exemplo de erro determinado por terceiro pode-se citar o caso da 
enfermeira, já aludido, que aplica em um paciente, a pedido do médico que deseja 
matá-lo, uma injeção contendo veneno letal, sem saber o seu conteúdo. O médico, 
 
35 Op. cit. 
36 GRECO, Rogério, Curso, v.1, p. 425. 
 28 DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
que havia preparado a injeção e determinado que fosse aplicada no paciente, porque 
desejava seu perecimento, é autor mediato do crime. A enfermeira que executou a 
ação não agiu como dolo ou culpa, portanto, tão só o médico (terceiro que 
determinou o erro) responderia pelo crime. 37 
 Outrossim, se alguém, em razão de uma coação moral irresistível ou em estrita 
obediência a ordem não manifestadamente ilegal de superior hierárquico, vier a 
cometer um delito, apenas será punível o autor da coação ou da ordem. Assim, 
edificando exemplos: se um pai, sabendo que seu filho está refém de traficantes, que 
prometem matá-lo se ele não subtrair valores de uma agênciabancária, subtrai esses 
valores, não responderá pelo crime tendo em vista que ele foi coagido à prática da 
ação delituosa, os traficantes que coagiram a ação do pai serão os autores mediatos. 
Em um exemplo de estrita obediência hierárquica, pode-se vislumbrar a situação em 
que um delegado de polícia determina a um detetive, seu subordinado, que efetue a 
prisão de alguém, dizendo-lhe já estar de posse do mandado, quando, na verdade, a 
ordem não tinha sido expedida, e, caso o detetive, cumprindo determinação de seu 
superior hierárquico, que aparentava ser legal, levar a efeito a prisão, somente o 
autor da ordem (delegado) é que será responsabilizado criminalmente pela privação 
da liberdade daquela pessoa, sendo, destarte, seu autor mediato. 
 Existe, ainda, a possibilidade de o agente se valer de inimputáveis (doentes ou 
menores) para o cometimento de infrações penais. Não raro no Brasil é observar que 
os Chefes do Tráfico se utilizam por diversas vezes de menores e doentes mentais 
para a prática do tráfico de drogas e de outros crimes. Assim, ainda que estes estejam 
praticando diretamente o crime, os traficantes é que são os autores mediatos da 
orquestra criminosa. 
 Ademais, como exemplos de utilização de instrumento cujo comportamento não 
pode ser atribuído a título de dolo ou culpa, podemos mencionar os casos em que o 
agente empurra terceira pessoa, a fim de que esta caia sobre a vítima, produzindo-
lhe lesões corporais. Nota-se que aquele que é empurrado não atua dolosa (age 
finalisticamente para a produção do resultado, o querendo e o antevendo) ou 
culposamente (não deixa de observar os deveres objetivos de cuidado, não 
atuando imprudentemente, nem negligentemente e, nem tampouco, de forma 
imperita), sendo que a responsabilidade será atribuída ao “homem de trás”, ao autor 
mediato. Tal raciocínio, aponta , também é aplicável nos casos de hipnose, R. GRECO
em que o hipnotizado cumpre as ordens que lhe foram determinadas, em 
decorrência do seu estado de inconsciência. 38 
 Por fim, cabe a título de curiosidade, a exposição da ideia de sujeito passivo 
imediato e mediato. O sujeito passivo imediato é aquele que sofre com os abalos do 
crime praticado de forma direta, por exemplo, no crime de furto (art. 155, CP), o 
indivíduo furtado é o sujeito passivo imediato daquela prática ilícita. Todavia, com a 
devida justeza, há que se salientar que não só sofre os abalos do delito aquele 
indivíduo que teve seu bem violado diretamente, a sociedade também fica abalada, 
vez que o crime, fenômeno social que é, quebra com a segurança pública, abalando 
também um sujeito passivo mais distante, dito mediato, que é o Estado. Assim, o 
 
37 Op. cit. p. 426. 
38 Op. cit. p. 427. 
 29 IV. FORMAS – AUTORIA E PARTICIPAÇÃO 
Estado é sujeito passivo mediato em todos os crimes em que ele não for sujeito 
passivo imediato. 
1.2.2.1. Autoria mediata e autoria intelectual 
 Explica que (GRECO, 2011, p. 430): ROGÉRIO GRECO
“Fala-se em autoria intelectual quando queremos nos referir a ‘homem 
inteligente’ do grupo, aquele que traça o plano criminoso, com todos os seus 
detalhes”. 
 Contribui também ao entendimento do tema a dissertação de (JESUS, DAMÁSIO
2001, p. 19): 
“na autoria intelectual o sujeito planeja a ação delituosa, constituindo o crime 
produto de sua criatividade”. 
Desta maneira, poder-se-á vislumbrar situações nas quais ao autor intelectual não 
será atribuída nenhuma função executiva do plano por ele arquitetado, situação que 
não afasta a sua condição de autor, muito pelo contrário! Pela teoria do domínio do 
fato, percebe-se, com certa nitidez, a sua importância ao sucesso da infração penal. 
O art. 62, I, do CP, ainda complementa tal situação crivando-a da qualidade de 
agravante pena: 
Art. 62. A pena será ainda agravada em relação ao agente que: 
 I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos 
demais agentes; 
 Cabe a nota de Diferença entre autoria mediata e autoria intelectual.
que a autoria medita não se equivale à autoria intelectual. O autor mediato sempre 
participa a distância, nunca pratica atos de execução, enquanto, o autor intelectual 
poderá em vezes planejar e executar o crime, não significando que estará distante ou 
que utilizará de outras pessoas como instrumentos à prática do ilícito penal. Assim, 
chega-se a conclusão de que sempre o autor mediato será o autor intelectual; 
mas o contrário, não se faz verdade. 
1.2.2.2.. Autoria mediata em crimes próprios e de mão única 
 No item 2.1 supra, deu-se uma singela explicação sobre o que é um crime próprio 
e de mão única. Aqui, analisar-se-á a relação destas duas modalidades de crime com 
a autoria mediata. 
 Entende-se, aqui, ser perfeitamente Autoria mediata e crimes próprios.
possível a autoria mediata em crimes próprios, desde que o autor possua as 
qualidades ou condições especiais exigidas pelo tipo penal. e , ZAFFARONI PIERANGELI
elucidando o tema, asseveram (ZAFFARONI e PIERANGELI, 1999, p. 672): 
“o autor mediato deve reunir todos os caracteres que o tipo exige com relação 
ao autor, ou o intraneus (funcionário, por exemplo), que se vale do extraneus 
(não funcionário) para praticar uma corrupção, é autor do crime de corrupção, 
mas o extraneus que se vale do intraneus não é autor mediato, por não possuir 
as condições típicas”. 
 30 DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 Autoria mediata e crimes de mão própria. O posicionamento majoritário 
acerca da aplicação da noção de autoria mediata aos crimes de mão própria é de não 
ser cabível. Destarte, não é cabível autoria mediata em crimes de mão própria, uma 
vez que estes últimos são considerados personalíssimos, isto é, aqueles que 
necessitam, à sua configuração, da atuação pessoal e intransferível do agente. No 
entanto, embora a posição majoritária não admita a autoria mediata nos crimes de 
mão própria, no exemplo do crime de falso testemunho, pode haver a quebra da 
regra geral. Desta forma, construa-se a hipótese em que a testemunha seja coagida 
(coato) 39, irresistivelmente, a prestar um depoimento falso para beneficiar o autor 
da coação (coator) 40. Nesse caso, de acordo com a norma presente no art. 22 do CP, 
somente será punido o autor da coação, sendo esse, portanto, um caso de autoria 
mediata. 41 
 Destarte, in summa, pode-se dizer que em regra não se admite autoria mediata 
nos crimes de mão própria. No entanto, como exceção que confirma a regra, tem-se 
o caso suprarrelatado, em que será possível a autoria mediata em um crime de falso 
testemunho praticado mediante coação irresistível. 
 Fala-se em autoria colateral quando dois agentes, ignorando um a contribuição do 
outro, convergem suas condutas para a prática de determinado ato criminoso. 
Destarte, a atuação dos dois agentes não é ligada por um vínculo subjetivo, não há 
reciprocidade consensual no empreendimento criminoso. Assim, destaca 
 que (BITENCOURT, 2002, p. 397): BITENCOURT
“A ausência do vínculo subjetivo entre os intervenientes é o elemento 
caracterizador da autoria colateral”. 
 Como já se estudou neste caderno, o vínculo psicológico entre os agentes é um dos 
caracterizadores do concurso de pessoas. Se não atuam atrelados a este liame 
subjetivo, não se pode falar em concurso de pessoas, em qualquer de suas 
modalidades, vale dizer, coautoria ou participação. 42 
 Como forma de iluminar as mentes obscuras, tome-se o seguinte exemplo: 
supondo que Didi e Zacarias queiram a morte de Muçum. Por questão de 
conveniência, os dois se colocam em emboscada, aguardando a vítima passar pela 
local planejado. Quando avistam Muçum ambos atiram, no mesmo instante, sem 
que um soubesse da presença do outro no local. 
 Em casos como esse, pelo fato de os agentes não atuarem unidos por qualquer 
vínculo psicológico é que se diz que

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