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CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Caê Matos Teixeira de Almeida CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO Conceito: “Poder-Dever dos órgãos a que a lei atribui essa função, precisamente pela finalidade corretiva, não podendo ser renunciado nem retardado, sob pena de responsabilidade de quem se omitiu” Finalidade: “assegurar que a Administração atue em consonância com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico” ESPÉCIES DE CONTROLE – Critérios determinantes de controle: Quanto ao fundamento: Hierárquico Exercido no âmbito da administração direta (centralizada) Decorre de subordinação hierárquica Resulta automaticamente do escalonamento vertical dos órgãos do P. Executivo Controle pleno e ilimitado Pressupõe a faculdade de Orientação, Fiscalização, Revisão, Aplicação de meios corretivos Finalístico Exercido no âmbito da administração indireta (descentralizada) Resulta de vinculação administrativa Restrito e limitado aos termos da lei Lei determina: Autoridade controladora Poderes a serem exercitados Finalidades objetivadas Entes descentralizados autônomos Vinculados somente ao órgão que os criou Quanto à localização do órgão que o realiza Interno Cada um dos Poderes exerce sobre seus próprios atos e agentes Art. 74 da CF – determina que todos os Poderes tenham sistema de controle interno Estabelece responsabilidade solidária de todos que não noticiarem irregularidade ao Tribunal de Contas (quando conhecida essa) Externo Controle exercido por um dos Poderes sobre o outro Órgão controlador ≠ órgão responsável pelo ato controlado EX: T. Contas apreciando contas do Executivo e do Judiciário, anulação de ato ilegal pelo Judiciário Quanto ao momento em que é feito Prévio (preventivo ou a priori) Antecede a conclusão ou operatividade do ato Requisito para eficácia do ato Visa impedir que seja praticado: Ato ilegal ou Contrário ao interesse público EX: autorização do Congresso Nacional para União, Estados ou Municípios contraírem empréstimo externo Concomitante (ou sucessivo) Acompanha a realização do ato Serve para verificar a regularidade de formação do ato Subseqüente (corretivo ou a posteriori) Se efetiva após a conclusão do ato controlado Visa rever os atos para: Corrigindo-lhes defeitos Declarando nulidade Dar-lhe eficácia Abrange atos como: Aprovação Homologação Anulação Revogação Convalidação EX: Homologação do julgamento das propostas na licitação Quanto ao aspecto da atividade administrativa De legalidade (ou legitimidade) Visa verificar a conformação do ato ou procedimento administrativo com as normas legais Pode ser exercitado pelos 3 Poderes O P. Executivo o faz de ofício ou mediante provocação O P. Legislativo só o faz quando expresso na CF O P. Judiciário por intermédio da ação judicial adequada De mérito Visa a comprovação da eficiência, do resultado, da conveniência ou oportunidade do ato controlado Compete à própria Administração fazê-lo P. Executivo (REGRA) P. Legislativo (EXCEPCIONALMENTE) P. Judiciário (NUNCA) Quanto ao órgão que o exerce Controle Administrativo (I) Controle Legislativo (II) Controle Judiciário (III) I – CONTROLE ADMINISTRATIVO – Exercido pelos órgãos de administração dos Poderes sobre seus próprios atos – Recaem sobre legalidade e mérito administrativo dos atos ou atividades – Pode ter como resultado: Anulação de atos - ilegalidade Revogação de atos – inoportunidade/inconveniência Alteração de atos Punição dos responsáveis pelo ato viciado Penalidades estatutárias – Exercício de ofício ou dependente de provocação – Controle administrativo sobre Órgãos da Adm. Direta Configura AUTO-TUTELA Analisa legalidade, oportunidade e conveniência No âmbito federal – Chamado SUPERVISÃO MINISTERIAL Incide sobre entidades da Administração Indireta Somente sobre as entidade vinculadas a um Ministério Não há hierarquia Controle exercido nos limites previstos em lei Encontra fundamento nos princípios da administração Pode ser exercido Ex officio Por provocação – mediante Recursos Administrativos – MEIOS DE CONTROLE ADMINISTRATIVO: Fiscalização Hierárquica Exercida pelos órgãos superiores sobre os inferiores Há necessidade de existência de relação hierárquica Visa Ordenar Coordenar Orientar Corrigir Deve estar presente em todos os órgãos do P. Executivo Características da fiscalização hierárquica: Permanência Exercida perenemente, continuamente Punição do chefe que não punir Automaticidade Independente de ordem ou solicitação especial Recursos administrativos São todos os meios hábeis que possam provocar reexame de decisão interna pela própria Administração Será dirigido a autoridade que proferiu a decisão a ser reexaminada Esta autoridade tem duas opções: Reconsiderar sua decisão (atacada pelo recurso) Prazo de 5 dias para tanto Encaminhar para autoridade que lhe seja superior Prazo é de 10 dias do conhecimento da decisão a ser reexaminada (publicação) EXCEÇÃO: lei prever prazo diverso O recurso não será conhecido se interposto: Fora do prazo Prescrição administrativa ocorre Perda do direito de se manifestar sobre uma coisa Duas espécies de prescrição: Ocasiona perecimento do direito do administrado ou do servidor de fazer algo Extingue o poder de punir da Administração Perante órgão incompetente Autoridade ≠ do previsto em lei Por quem não é legitimado Ente ou pessoa ≠ do previsto em lei Após exaurida a esfera administrativa Já ter acontecido “coisa julgada administrativa” Pode ser interpostos: Ex officio ou Por provocação do interessado Estes devem ser fundamentados Devem expor o fatos Indicar a ilegalidade impugnada Sua decisão do recurso deve ser fundamentada Não admitida decisão imotivada Incorre em ilegalidade Não pode acolher recurso intempestivo – depois do prazo Estará violando “coisa julgada administrativa” Decisões internas são imodificáveis Recursos têm efeito devolutivo e suspensivo Efeito devolutivo: Efeitos normais de todos os recursos Remete o exame da matéria já decidida à autoridade competente para reexaminá-la Efeito Suspensivo: Suspende os efeitos do ato até decisão do recurso Só existe este efeitos quando a lei permite Conseqüências do efeitos suspensivo do recurso: Impede fluência do prazo prescricional Impossibilidade de utilização das vias judiciárias para ataque ao ato pendente de decisão administrativa Possível a intervenção de terceiros nos recursos administrativos Devem demonstrar, previamente, interesse direto e efetivo Dentro do direito de petição – várias modalidades de recursos administrativos Representação: Denúncia formal de: Irregularidades internas Abuso de Poder Não admite: Condicionamento Prescrição Pagamento de taxas Administração obrigada a apreciar: Reclamação Administrativa: Administrado expressa sua oposição a atos da Administração Visa: Proteger interesse seu legítimo Reconhecer existência de seu direito Corrigir ato que lhe cause lesão ou ameace causá-la Deve propor no prazo de 1 (um) ano Pedido de Reconsideração Solicitação do prejudicado por um ato Direcionada a autoridade que proferiu o ato com o qual não se concorda Visa obter: Invalidação do ato Modificação do ato Se não concedido, não cabe novo pedido de reconsideração Prazo de 1 (um) ano da data da decisão, SALVO previsão em sentido contrário Nas leis 8.112/90 e 10.261/68 – prazo de 30 dias Recursos Hierárquicos: Pedidos que as partes dirigem a autoridade superior (que proferiu o ato) possibilitando um reexame de todos os aspectos do ato Recurso hierárquico pode ser próprio ou impróprio Recursos Hierárquicos PRÓPRIOS: Dirigido a autoridade imediatamente superior dentro do mesmo órgão em que praticado o ato recorrido Independe de previsão expressa na lei da possibilidade de sua interposição Administração tem ampla liberdade decisória neste recursos Pode até agravar a situação do recorrente (reformatio in pejus) Recursos Hierárquicos IMPRÓPRIOS: Dirigido a autoridade ou órgão estranho a repartição em que se praticou o ato recorrido O poder de reexame do ato deve ser expresso na lei EX: recurso contra dirigente de autarquia, interposto perante o Ministério Revisão do processo Meio previsto na lei para o Servidor punido provocar reexame de seu processo pelos seguintes motivos: Surgirem fatos novos que comprovem: Sua inocência Inadequação da penalidade imposta Pode ser requerida revisão pelo: Interessado Terceiro No procedimento de revisão poderá: Ser mantida a decisão eu impôs punição Ser modificada esta mesma decisão NUNCA poderá prejudicar o punido Se modificar, será para reduzir ou cancelar a punição OBS: Os recursos ensejam a criação de um PROCESSO ADMINISTRATIVO Conceito: “conjunto de atos coordenados para a obtenção de decisão sobre uma controvérsia no âmbito judicial ou administrativo.” Princípios: Legalidade objetiva: Exige que o processo administrativo seja instaurado com base numa norma legal específica, sob pena de invalidade Oficialidade Após iniciado, deve-se dar seguimento ao processo Informalismo Não se apega a formalidade excessivas Previsto na lei forma e finalidade – deve ser seguida Caso não seja, causa ilegalidade Verdade material Administração pode ser valer de qualquer prova para fundamentar suas decisões Somente as provas lícitas As provas devem ser trazidas aos autos do processo Garantia da defesa A todos deve ser garantido o direito de se defender Fases: Instauração: Apresentação de petição por escrito Instrução: Fase de apresentação de provas pelas partes envolvidas Defesa: Garantia de oportunidade de defesa para as partes Julgamento: Decisão proferida pela autoridade competente Deve ser acompanhada da devida motivação Modalidades: Processo de expediente Toda atuação que tramita (internamente) em repartições para averiguar algo e chegar a uma solução Não previsto procedimento próprio Processo de autorga Todo aquele em que se pede algum direito ou situação individual perante a Administração REGRA: procedimento previsto em lei EX: Processo de licenciamento de edificação Processo de controle Por meio deste a Administração realiza verificação e declara situação, direito ou conduta do administrado Tem caráter vinculante para as partes Tem procedimento próprio – previsto em lei Processo punitivo Meio por intermédio do qual a Administração impõe uma penalidade para servidor Geralmente prevê contraditório e ampla defesa Espécies: Processo administrativo disciplinar Chamado de inquérito administrativo Meio para apuração e punição de faltas graves dos servidores e pessoas sujeitas ao regime funcional da administração Processo administrativo tributário ou fiscal Diz respeito: À exigência ou dispensa de crédito fiscal Á fixação de normas de tributação em casos concretos À Imposições de penalidades ao contribuinte II – CONTROLE LEGISLATIVO – Exercido pelo Poder Legislativo sobre: Poder executivo: Entes desconcentrado – órgãos Públicos Entes descentralizados – pessoas jurídicas de direito público ou privado (Administração Indireta) Poder Judiciários Quando exerce função administrativa – Limita-se as hipóteses previstas na CF – Este controle pode ser POLÍTICO ou FINANCEIRO Controle Político Exercido: Pelos órgãos do Poder Legislativo da União, Estados, DF e Municípios Por Comissões Parlamentares sobre determinados atos do executivo Analisa também conveniência e oportunidade de atos Controle Financeiro Implica fiscalização orçamentária e financeira O controle das contas deve ser feito internamente e externamente Interno – feito pelo próprio órgão fiscalizado Externo – Congresso Nacional + TCU Realizado pelo Congresso Nacional Apoiado pelo Tribunal de Contas da União Se refere fundamentalmente a PRESTAÇÃO DE CONTAS Todos aqueles que administram bens, valores, ou dinheiros públicos Visa: Comprovar a probidade e regularidade das contas públicas Garantir a fiel execução As contas dos Municípios devem ficar a disposição do público por, no mínimo, 60 dias (anualmente) III – CONTROLE JUDICIÁRIO – Nenhuma lesão ou ameaça de lesão será afastada da apreciação do poder judiciário (art. 5º, XXXV da CF) – Controle é feito sobre a legalidade (e moralidade) dos atos administrativos Estes atos podem ser: Unilaterais ou bilateriais Vinculados ou discricionários Gerais ou individuais Uma violação de princípios enseja controle pelo Poder Judiciário Conseqüência deste controle – anulação ou invalidação do ato – Não pode analisar mérito administrativo – Para haver controle é necessário haver provocação – Meios (ou instrumentos) de provocação do controle judiciário Mandado de Segurança (MS) Habeas Corpus (HC) Habeas Data (HD) Mandado de injunção (MI) Ação Popular (AP) Ação Civil Pública (ACP) – Este controle pode incidir sobre: Atos políticos (EXCEPCIONALMENTE) Realizados por agentes dos Governos Agem dentro de competência concedida pela CF Dotadas de elevada discricionariedade Possível controle judiciário quando: Lesivos a direito individual Lesivos ao patrimônio público Atos legislativos (ou normativos) Não se sujeitam a anulação judicial pelos meios processuais comuns Porém há possibilidade de controle judiciário por via especial da ação direta de inconstitucionalidade Promovida pelas pessoas e órgãos descritos no art. 103 da CF Cabe ao STF declarar a inconstitucionalidade de: Lei Qualquer outro ato legislativo Atos interna corporis Questões e assuntos que se relacionam com a economia interna da corporação legislativa e dos tribunais judiciais Dizem respeito a: Composição da mesa destes tribunais Organização interna Concessão de licenças Etc. Sujeitam-se ao controle judiciário nos seguintes casos Violação da CF Violação da lei Violação de regulamento Violação de regimento interno do Tribunal Não pode discutir o mérito administrativo – somente a legalidade do ato
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