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101 UNIDADE 3 A GRAMÁTICA E SUAS PARTES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade você será capaz de: • conhecer as regras que compõem as classes de palavras e sua aplicação; • identificar as características de cada classe de palavras; • aplicar, de acordo com as regras, a colocação pronominal; • utilizar corretamente a acentuação e, em especial, o acento indicativo de crase; • saber aplicar a pontuação cabível de acordo com cada situação textual, especialmente em documentos; • empregar o hífen com eficiência; • reconhecer as funções da ambiguidade; • saber aplicar, quando necessários, os estrangeirismos; • compreender o que é um pleonasmo; • identificar o emprego adequado de expressões como: porque e por que; mau e mal; senão e se não; entre outros; • escrever aplicando as regras da gramática normativa. Esta unidade está dividida em três tópicos que visam auxiliar você na com- preensão da aplicação das regras da gramática normativa. Ao final de cada tópico apresentamos atividades a fim de consolidar seus conhecimentos so- bre os conteúdos apresentados. TÓPICO 1 – AS CLASSES DE PALAVRAS TÓPICO 2 – PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN TÓPICO 3 – LÍNGUA PORTUGUESA: DÚVIDAS PERTINENTES NA ESCRITURA DE UM TEXTO 102 103 TÓPICO 1 AS CLASSES DE PALAVRAS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO O estudo das regras de uma língua por pessoas que já são falantes dessa língua oportuniza um domínio mais ativo de habilidades como leitura e escrita, interpretação e oralidade. É a escola a responsável por aprimorar o ensino da gramática normativa culta, assim como estimular os alunos a serem leitores e a produzir qualquer tipo de texto. Ela só alcançará este objetivo com uma prática sistematizada. Sendo assim, cabe lembrar que ler e escrever devem ser atividades primordiais no ensino de qualquer língua. Mais do que isso, a captura de regras torna-se fundamental para o domínio do ler, do escrever e do interpretar. Não são apenas erros ortográficos ou de acentuação que precisam ser evitados, haja vista que em muitos textos há uma considerável perda com relação à semântica, sendo, inclusive, impossível resgatar elementos de coerência. Por isso, neste tópico do nosso Caderno de Estudos, vamos estudar sobre a formação das palavras. As classes relacionadas neste processo são o substantivo, o adjetivo, o verbo, o advérbio, o numeral, o artigo, a preposição, a conjunção, a interjeição e os pronomes. Vamos relembrar? 2 AS CARACTERÍSTICAS DE CADA CLASSE Na Língua Portuguesa as palavras são classificadas de acordo com a função que exercem dentro de uma frase. São reconhecidas dez classes de palavras, e cada uma delas tem um papel específico na frase. Logo, qualquer expressão ou palavra na nossa língua, dependendo das suas características, está conectada a uma dessas dez classes de palavras. Algumas classes de palavras ou gramaticais são variáveis, que admitem flexão (mudança) em sua forma, e outras são invariáveis, pois não admitem alteração em sua estrutura. Pense nas palavras variáveis e invariáveis. Pensou? O Dicionário Michaelis (2008, p. 901) diz que a palavra variável é: “1 Sujeito a variações. 2 Que pode ser variado ou mudado; mutável”. Segundo o mesmo dicionário (2008, p. 489), invariável é: “1 Que não é variável. 2 Constante. 3 Inalterável.” Então, algumas classes podem sofrer alterações em sua forma, tendo uma escrita para o plural e singular, outra para o feminino e masculino. Entretanto, outras classes possuem apenas uma forma escrita. Vamos conhecê-las! UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 104 São assim divididas: Variáveis: Substantivo – Artigo – Adjetivo – Numeral – Pronome – Verbo. Invariáveis: Advérbio – Preposição – Conjunção – Interjeição. Se estudarmos um pouco da língua, observaremos que alterações aconteceram ao longo do tempo quanto às classes de palavras. Isso se deu porque a nossa língua é viva, e é alterada pelos falantes, ou seja, nós somos os principais responsáveis por mudanças que já ocorreram e por aquelas que ainda virão. NOTA É importante saber que a parte da gramática que lida com as classes de palavras é a MORFOLOGIA (morfo = forma, logia = estudo), ou seja, o estudo da forma. Deste modo, na morfologia, não estudamos o contexto em que as palavras são empregadas, mas somente a forma da palavra. Convido você agora a conhecer e distinguir as principais características de cada classe de palavras. 2.1 SUBSTANTIVO De maneira bem sucinta, podemos dizer que substantivo é a palavra que nomeia os seres com vida ou sem vida, ou seja, tudo que recebe um nome é um substantivo. Veja: Seres materiais: João, criança, casa, fogo, carro, escritório, relatório... Seres espirituais: Deus, anjo, alma... Seres fictícios: Branca de Neve, curupira, cupido, fada... Observe a frase: Assim que o relatório foi redigido, João foi para casa. As palavras em destaque – relatório, João e casa – são substantivos, pois nomeiam seres. Os substantivos se classificam em: comuns, próprios, concretos, abstratos e coletivos. Vamos conhecê-los? Comuns: são aqueles que nomeiam seres de qualquer espécie. Ex.: criança, país, estado, cidade. TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS 105 Próprios: são os que dão nome a seres específicos de cada espécie. Ex.: João, Brasil, Santa Catarina, Indaial. Concretos: são os substantivos que nomeiam seres que existem independentemente de outros. Ex.: computador, homem, bruxa. Abstratos: são os que nomeiam seres que dependem da existência de outros. Ex.: corrida (existe no ser que corre), beleza (existe no ser que é belo). Coletivos: esse é um tipo de substantivo comum que, mesmo estando na forma singular, nomeia vários seres de uma mesma espécie. Ex.: vocabulário (palavras), frota (navios, ônibus, aviões), biblioteca (livros). Agora você já se sente capaz de identificar o substantivo em uma frase? Vamos treinar um pouco mais esta habilidade. Leia a tirinha que segue: FONTE: Disponível em: <http://cursoconectese.blogspot.com/2010/06/leitura-e- interpretacao-de-tirinhas-da.html>. Acesso em: 24 nov. 2011. FIGURA 26 – CASCÃO No primeiro quadrinho, temos vários substantivos. Você acertou se elencou: PÉS – CASCÃO – TRABALHO – CHÃO. No segundo quadrinho, temos o substantivo MÃE. Como vimos, o substantivo é responsável por nomear tudo o que vemos e imaginamos. Na construção do texto, esta classe gramatical é essencial, pois oferece referência que permite ao leitor a construção de imagens, proporcionando a interpretação da leitura. O substantivo é uma das classes de palavras variáveis, ou seja, ele sofre flexões em sua estrutura, para concordar com os termos de uma frase. Leia o texto do escritor Alan Lightman: ele recorre ao poder de nomeação dos substantivos para criar imagens. UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 106 15 DE MAIO DE 1905 [...] Uma folha no chão no outono, vermelha, dourada e marrom, delicada. [...] Poeira em um peitoril de janela. Uma pilha de pimentões na Marktgasse, amarelos, verdes, vermelhos. [...] O buraco de uma agulha. Mofo nas folhas, cristal, opalescente. Uma mãe em sua cama, chorando, cheiro de manjericão no ar. [...] Uma torre para preces, alta e octogonal, sacada aberta, solene, rodeada de brasões. Vapor subindo de um lago no início da manhã. Uma gaveta aberta. Dois amigos em um café, o lustre iluminando o rosto de um dos amigos, o outro na penumbra. Um gato olhando um inseto na janela. Uma jovem em um banco, lendo uma carta, lágrimas de contentamento em seus olhos verdes. [...] Uma imensa árvore caída, raízes esparramadas no ar, casca e ramos ainda verdes. O branco de um veleiro, com o vento de popa, velas se agitando como asasde um gigantesco pássaro branco. Um pai e um filho sozinhos em um restaurante, o pai, triste, olhos fixos na toalha de mesa. Uma janela oval, de onde se avistam campos de feno, uma carroça de madeira, vacas, verde e púrpura na luz da tarde. Uma garrafa quebrada no chão, líquido marrom nas fissuras do piso, uma mulher com os olhos vermelhos. Um velho na cozinha, preparando o café da manhã para o neto, o menino à janela com os olhos fixos em um banco pintado de branco. Um livro surrado sobre uma mesa ao lado de um abajur de luz branda. O branco na água quando quebra uma onda, erguida pelo vento. Uma mulher deitada no sofá, cabelos molhados, segurando a mão de um homem que nunca voltará a ver. Um trem com vagões vermelhos, sobre uma grande ponte de pedra, de arcos delicados, o rio que sob ela corre, minúsculos pontos que são as casas a distância. Partículas de poeira flutuando nos raios de sol que entram por uma janela. A pele fina que recobre um pescoço, fina o suficiente para se sentir o pulsar do sangue que sob ela corre. Um homem e uma mulher nus, envolvidos um no outro. As sombras azuis das árvores numa noite de lua cheia. O topo de uma montanha com um vento forte constante, os vales que se esparramam por todas as suas bordas, sanduíches de carne e queijo. [...] Uma foto de família, os pais jovens e tranquilos, as crianças trajando gravatas e vestidos e sorrindo. Uma pequeniníssima luz, visível por entre as árvores de um bosque. O vermelho do pôr do sol. Uma casca de ovo, branca, frágil, intacta. Um chapéu azul na praia, trazido pela maré. Rosas aparadas flutuando sob uma ponte, próximas a um castelo que vai emergindo. O cabelo ruivo de uma amante, selvagem, traiçoeiro, promissor. As pétalas púrpuras de uma íris na mão de uma jovem mulher. Um quarto com quatro paredes, duas janelas, duas camas, uma mesa, um lustre, duas pessoas de rostos vermelhos, lágrimas. [...] FONTE: LIGHTMAN, Alan. Sonhos de Einstein. Tradução de Marcelo Levy. São Paulo: Companhia das Letras, 1977. p. 72-76. Note que nesse texto, acadêmico(a), o autor emprega a nomeação de substantivos. Estes são sempre acompanhados de adjetivos que permitem ao leitor a construção de imagens. Vamos conceituar adjetivo? Assim você perceberá que estas duas classes de palavras sempre estarão muito próximas na construção de textos. TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS 107 2.2 ADJETIVO Estudamos que os substantivos são as palavras que nomeiam os seres, não é mesmo? Os adjetivos, por sua vez, são as palavras que os caracterizam. Sendo assim, o adjetivo liga-se ao substantivo. Observe: Os acadêmicos maranhenses visitaram o polo de Indaial. Note que a palavra “acadêmicos” é um substantivo. A palavra em destaque (maranhenses) acompanha este nome a fim de caracterizar, definir ou identificar. Os adjetivos podem ser: primitivos, derivados, simples ou compostos. Os primitivos são aqueles que não provêm de nenhuma outra palavra da língua. Exemplo: Redigi a ata no livro de capa azul. Observe que a palavra em destaque (azul) é um adjetivo primitivo, ou seja, azul é uma palavra primitiva e, neste caso, caracteriza o substantivo capa. Os derivados são aqueles que se formam a partir de uma palavra que já existe. Exemplo: Seu trabalho está belíssimo. A palavra em destaque (belíssimo) é um adjetivo derivado da palavra “belo”. Os simples formam-se de apenas um radical. Exemplo: O povo brasileiro quer qualidade em educação. Neste exemplo temos o substantivo “povo” acompanhado do adjetivo simples “brasileiro”. Os compostos são aqueles que se formam a partir de dois ou mais radicais. Exemplo: A literatura infantojuvenil em nosso país é ampla. Aqui temos o substantivo “literatura” seguido do adjetivo composto “infantojuvenil”, que se formou a partir de infantil + juvenil. Então, podemos dizer que os adjetivos acompanham um substantivo, formam-se a partir de um verbo, um substantivo e/ou outro adjetivo e podem conter um, dois ou mais radicais. Ufa! Respire fundo, pois temos ainda o adjetivo pátrio e a locução adjetiva. A locução adjetiva nada mais é que uma expressão representada por mais de uma palavra, ou seja, um conjunto de palavras que tenham valor de adjetivo. São exemplos de locução adjetiva: UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 108 LOCUÇÃO ADJETIVA ADJETIVO CORRESPONDENTE da audição auditivo de cidade urbano de estômago gástrico de inverno hibernal de orelha auricular de professor docente do campo campestre QUADRO 2 – LOCUÇÕES ADJETIVAS FONTE: As autoras O adjetivo pátrio é aquele que designa local de origem, como continentes, países, estados e municípios, entre outros. Em sua maioria são adjetivos derivados do nome do local e acrescidos de sufixo. Confira alguns adjetivos pátrios, seguidos das localidades brasileiras, no quadro a seguir: ADJETIVO PÁTRIO LOCALIDADES BRASILEIRAS acriano Acre baiano Bahia cearense Ceará maceioense Maceió manauense, manauara Manaus paraense Pará catarinense, barriga-verde Santa Catarina potiguar, rio-grandense-do-norte Rio Grande do Norte QUADRO 3 – ADJETIVOS PÁTRIOS FONTE: As autoras Vamos relembrar também alguns adjetivos pátrios que se referem a localidades estrangeiras: ADJETIVO PÁTRIO LOCALIDADES ESTRANGEIRAS alemão, germânico Alemanha buenairense, portenho Buenos Aires indiano, hindu Índia lisboeta, lisbonense Lisboa madrilense, madrileno Madri patagão Patagônia pequinês Pequim QUADRO 4 – ADJETIVOS PÁTRIOS FONTE: As autoras TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS 109 Os adjetivos pátrios podem ser compostos, ou seja, formados de dois ou mais radicais. Confira: luso-brasileira - greco-romana - indo-europeia Quando se forma um adjetivo pátrio composto, as palavras com menor número de letras devem aparecer primeiro. Quando houver coincidência de número de sílabas, deve ser seguida a ordem alfabética. Caro(a) acadêmico(a), os adjetivos, quando bem selecionados, têm o poder de definir a atmosfera de um texto. Nas histórias de terror, esta classe gramatical é a responsável por dar o tom assustador e ajudar na criação de imagens da narração. Agora, vamos conhecer outra classe, o advérbio! 2.3 ADVÉRBIO Vamos iniciar o estudo desta classe de palavras, lendo o texto que segue: QUE TIPO DE CLASSE GRAMATICAL VOCÊ É? ADVÉRBIO, MUITO PRAZER! Se eu fosse uma classe gramatical, desejaria ser o advérbio. Não porque sou invariável, pelo contrário. Vario muito. Por indicar circunstância, e esta varia, como varia! Além disso, modifico... Ah! se modifico! Altero frases, palavras (verbos, adjetivos e até "euzinho" mesmo, o advérbio). Assim são as pessoas, precisam modificar suas ações, suas características, a si mesmas. Além disso, posso transformar a frase mais proferida do mundo "Eu te amo” em mensagens extraordinárias: Eu te amo muito, eu te amo devagar, Eu te amo silenciosamente, Eu te amo à noite, ao amanhecer, aqui, ali e sempre... Tenho, ainda, o poder do desprezo: eu te amo pouco, talvez nem ame; não, na verdade eu não te amo. Nunca te amei. FONTE: Texto adaptado (autor desconhecido) As palavras em destaque no texto são advérbios. Dito de outra maneira, o advérbio é a palavra que modifica, principalmente, o verbo, indicando a circunstância em que ocorre a ação que ele expressa. Os advérbios, bem como as locuções adverbiais (conjunto de palavras com valor de advérbio), podem representar sete tipos de circunstâncias. São elas: tempo, lugar, modo, afirmação, negação, intensidade e dúvida. Conheça alguns exemplos de advérbio e locuções adverbiais. UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 110 TEMPO LUGAR MODO AFIRMAÇÃO NEGAÇÃO INTENSIDADE DÚVIDA ontemaqui bem sim não bem talvez hoje perto mal certamente tampouco bastante acaso amanhã além melhor realmente absolutamente mais quiçá cedo por perto depressa efetivamente de jeito nenhum menos provavelmente de repente em cima devagar por certo de forma alguma muito possivelmente às vezes por ali às pressas com certeza de modo nenhum de pouco por certo QUADRO 5 – EXEMPLOS DE ADVÉRBIOS FONTE: As autoras Depois de tantos exemplos ficou mais fácil compreender o que é um advérbio, não é? Vamos continuar nossos estudos! 2.4 NUMERAL Esta classe indica a ideia numérica dos seres. De acordo com as ideias que exprime, o numeral pode ser classificado da seguinte maneira: Cardinais: por expressar a quantidade exata dos seres. Ordinais: por expressar a ordem dos seres. Multiplicativos: por expressar aumento de proporção de uma quantidade ou multiplicação. Fracionários: por expressar diminuição de proporção de uma quantidade ou divisão. Vamos conhecer alguns exemplos dispostos no quadro a seguir: ALGARISMOS CARDINAIS ORDINAIS MULTIPLICATIVOS FRACIONÁRIOS romanos indo-arábicos I 1 um primeiro - - II 2 dois segundo dobro, duplo meio, metade III 3 três terceiro triplo, tríplice terço IV 4 quatro quarto quádruplo quarto QUADRO 6 – EXEMPLOS DE NUMERAIS TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS 111 V 5 cinco quinto quíntuplo quinto VI 6 seis sexto sêxtuplo sexto VII 7 sete sétimo séptuplo sétimo VIII 8 oito oitavo óctuplo oitavo IX 9 nove nono nônuplo nono X 10 dez décimo décuplo décimo FONTE: As autoras Incluem-se nos numerais cardinais o “zero” (0) e “ambos” (os dois). NOTA 2.5 ARTIGO A palavra que indica tratar-se de um ser específico ou não da espécie é chamada de artigo. Existem duas classificações para eles: os artigos definidos e os indefinidos. Vejamos: Definidos: indicam que se trata de um ser da mesma espécie. São artigos definidos: o, a, os, as. Observe: O administrador da empresa compareceu à reunião. Note que estamos tratando de um ser específico naquela situação. Indefinidos: indicam que se trata de um ser de qualquer espécie. São eles: um, uma, uns, umas. Observe: Um administrador da empresa compareceu à reunião. Neste caso, trata-se de um administrador qualquer entre outros naquela situação. Como você viu no início desta unidade, o artigo é uma classe de palavra variável, isto é, possui diferentes formas para concordar com o substantivo a que se refere. Ele varia em gênero (feminino e masculino) e em número (singular e plural). UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 112 o administrador – a administradora os administradores – as administradoras um administrador – uma administradora uns administradores – umas administradoras Caro(a) acadêmico(a)! Você saberia diferenciar quando o UM é artigo e quando é numeral? Vamos relembrar!? O um(a) será numeral quando ficar evidente no texto a ideia de quantidade, sendo assim, aparece no texto acompanhado de palavras que reforçam a quantidade. Vejamos: Fui à livraria e comprei só um livro. Note que a palavra em destaque só reforça a ideia de quantidade, ou seja, só um. Observe outro exemplo: Fui à livraria e comprei um livro. Neste caso, a frase enfoca o que se comprou, isto é, um livro. Não percebemos a presença de palavras indicando quantidade. Temos, então, um artigo indefinido. Leia a tirinha a seguir: FIGURA 27 – GARFIELD FONTE: Disponível em: <http://portugueixa.blogspot.com/2010_04_01_archive.html>. Acesso em: 20 nov. 2011. Nesta tira a palavra UM é classificada como artigo indefinido, por não haver palavra que enfoca a ideia de quantidade. Vamos ao estudo de mais uma classe. Você nos acompanha? TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS 113 2.6 PREPOSIÇÃO A preposição é a palavra utilizada para ligar outras palavras. Dito de outra maneira, a preposição é empregada para unir dois termos. Existem as preposições propriamente ditas (preposição essencial) e também algumas palavras de outras classes gramaticais que funcionam como preposição (preposição acidental). Sendo assim, as preposições podem ser de dois tipos: essencial e acidental. Vejamos alguns exemplos: Essencial: a, ante, de, por, com, em, sob, até. Acidental: consoante, segundo, mediante. Como já vimos, locução é um conjunto. As locuções prepositivas são duas ou mais palavras com valor de uma preposição, sendo que a última é sempre uma preposição. Podemos elencar, como de uso mais frequente, as seguintes locuções prepositivas: abaixo de a par de além de diante de em frente a junto a acerca de a respeito de dentro de embaixo de em vez de por cima de QUADRO 7 – EXEMPLOS DE LOCUÇÕES PREPOSITIVAS FONTE: As autoras ATENCAO As locuções "junto a, junto de" são sinônimas, invariáveis e significam "perto de", "ao lado de". • A bola passou junto à trave (perto, ao lado da trave). • A loja fica junto ao viaduto (perto, ao lado do viaduto). No entanto, ninguém desconta cheques "junto ao (ao lado do) banco". Nem pede providências "junto à (perto da) prefeitura". Descontamos cheques "com o banco". Pedimos providências "para a prefeitura". FONTE: CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 114 2.7 CONJUNÇÃO A palavra que une duas orações ou termos semelhantes de uma oração é denominada conjunção. Você recorda o que é oração em língua portuguesa? Pois bem, oração é uma frase ou parte de uma frase com verbo. Sendo assim, para existir oração tem que haver um verbo. Se uma frase contiver dois verbos, teremos duas orações, três verbos, três orações... Vamos visualizar na prática? Então, segue um exemplo: Os jovens adormeceram e o silêncio espalhou-se pela casa. Observe que as palavras “adormeceram” e “espalhou” são verbos. Portanto, temos nessa frase duas orações. Agora, a palavra em destaque “e” é a que liga as duas orações, sendo, portanto, uma conjunção. Podemos dizer, então, que conjunções são palavras invariáveis que conectam orações, estabelecendo entre elas uma relação de subordinação ou de coordenação. Sendo assim, as conjunções são classificadas em coordenativas e subordinativas. Estas, por sua vez, apresentam outra divisão. Veja: Conjunção coordenativa: são as que simplesmente coordenam as orações. Não estabelecem relação de dependência sintática (sentido). Dividem-se em: • Aditivas: são as que expressam relação de soma. Ex.: nem, e, não só, mas também. • Adversativas: são as que expressam relação de adversidade ou oposição. Ex.: mas, porém, todavia, contudo, não obstante, entretanto. • Alternativas: são as que expressam sentido de alternância ou exclusão. Ex.: ou, ou... ou, ora... ora, seja... seja, quer... quer. • Conclusivas: estas exprimem relação de conclusão. Ex.: logo, assim, portanto, por isso, pois (posposto ao verbo). • Explicativas: são as que exprimem sentido de explicação. Ex.: que, porque, pois (anteposto ao verbo). Conjunção subordinativa: são as que ligam duas orações e estas são dependentes uma(s) da(s) outra(s). • Causais: expressam relação de causa. Ex.: porque, pois, porquanto, como (= porque), pois que, visto que, visto como, por isso que, já que, uma vez que, entre outras. • Concessivas: são as que iniciam orações adverbiais que exprimem concessão. Ex.: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, se bem que, apesar de que, entre outras. TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS 115 • Condicionais: são as que iniciam orações adverbiais que exprimem condição. Ex.: se, caso, contanto que, salvo se, desde que. • Conformativas: são as que iniciam orações adverbiaisque indicam conformidade. Ex.: conforme, segundo, como, consoante. • Comparativas: estas iniciam orações adverbiais que exprimem comparação. Ex.: como, mais... que, menos... que, maior... que, menor... que, entre outras. • Consecutivas: são as que iniciam orações adverbiais que indicam consequência. Ex.: que (combinado com tal, tanto, tão, tamanho), de sorte que, de forma que. • Finais: são as que iniciam orações adverbiais para expressar finalidade. Ex.: para que, a fim de que. • Proporcionais: estas iniciam as orações adverbiais que indicam proporção. Ex.: à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais, quanto menos. • Temporais: iniciam orações adverbiais que exprimem tempo. Ex.: quando, enquanto, logo que, depois que, antes que, desde que, sempre que, até que, assim que, todas as vezes que. • Integrantes: estas iniciam as orações subordinadas substantivas que representam sujeito, objeto direto, etc. Ex.: que, se. Vale lembrar que uma mesma conjunção ou locução conjuntiva pode iniciar orações que indicam sentidos distintos. Então, caro(a) acadêmico(a), o estudo não deve voltar- se para a memorização classificatória, mas, sim, para o sentido das frases no texto. NOTA 2.8 INTERJEIÇÃO A interjeição é uma das classes de palavras invariáveis. Ela exprime sensações e estados emocionais. Dito em outras palavras, com a interjeição traduzimos de modo vivo nossas emoções. Podemos dizer que o uso dessa classe é mais frequente em textos narrativos, nos quais há a apresentação de falas coloquiais, pois contribuem para transmitir ao leitor as emoções e reações das personagens. O significado da interjeição dependerá do momento em que é expressa e também da entonação de voz. Vamos conhecer algumas, então?! Veja a classificação, conforme os sentimentos que indicam: UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 116 De alegria: Ah! Eh! Oh! Oba! Viva! De dor: Ai! Ui! De animação: Vamos! Coragem! De chamamento: Psiu! Olá! Alô! De desejo: Quem me dera! Tomara! Oxalá! De silêncio: Psiu! Boca fechada! Quieto! De aplauso: Bis! Viva! Bravo! De medo: Ui! Uh! Ai! Credo! Que horror! De espanto, surpresa: Ah! Oh! Nossa! Xi! De alívio: Ufa! Ah! Uf! Arre! Uai! De afugentamento: Fora! Xô! Passa! Você percebeu uma característica comum às interjeições? Se você pensou no ponto de exclamação, acertou! Na escrita as interjeições são seguidas do ponto de exclamação. Observe a tirinha que segue: FIGURA 28 – MAFALDA FONTE: Disponível em: <http://guiroque.wordpress.com/category/coisas-bem-legais/>. Acesso em: 11 out. 2011. Podemos destacar facilmente várias interjeições, não é mesmo? Muito bem, completamos, assim, o estudo de mais uma classe. Vamos continuar? 2.9 VERBO Dentre as classes de palavras, podemos dizer que o verbo é a palavra que mais varia. Sendo assim, ele indica: pessoa, número, tempo, modo, estados e fenômenos naturais e voz. Ele exprime o que se passa, isto é, um acontecimento representado no tempo. Agora que já sabemos qual a função dos verbos, vamos conhecer um pouco mais sobre eles. TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS 117 AMAR SOFRER PARTIR EU amo sofro parto TU amas sofres partes ELE ama sofre parte NÓS amamos sofremos partimos VÓS amais sofreis partis ELES amam sofrem partem QUADRO 8 – EXEMPLOS DE VERBOS FONTE: As autoras Podemos notar que, em cada conjugação, uma parte do verbo não sofreu alteração (amar = AM; sofrer = SOFR; partir = PART). Sendo assim, esta parte, que contém a base do significado, é denominada radical. A terminação ou desinência é a parte do verbo que contém as indicações de pessoa, tempo, modo e voz. Conjugar um verbo significa apresentá-lo em todos os seus modos, pessoas, tempos, vozes e números. Quando agrupamos todas essas flexões, de acordo com uma ordem, temos uma conjugação. Os verbos da Língua Portuguesa são classificados em três diferentes grupos, caracterizados pela vogal temática. Vogal temática é a parte que indica a conjugação à qual os verbos pertencem. É formada pela vogal que vem depois do radical. Ex.: cant - a - r (a - vogal temática); sofr - e - r (e - vogal temática); part - i - r (i - vogal temática). NOTA Conheça os três grupos de conjugação da Língua Portuguesa: O verbo constitui-se basicamente em duas partes: radical e terminação (desinência). Veja o exemplo com os verbos amar, sofrer e partir, conjugados no presente do indicativo: UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 118 E os verbos terminados em OR, como compor e expor? Por que foram classificados na segunda conjugação, terminados em ER? Vamos à explicação: esses verbos, por terem origem no antigo verbo “poer”, são encaixados na segunda conjugação. Cada conjugação verbal possui terminações específicas que são utilizadas para flexionar seus respectivos verbos. 1ª conjugação - verbos terminados em AR. Ex.: cantar, sonhar, falar, amar, andar, nadar, limpar, anotar, flexionar, escapar, rasgar, amarrar... 2ª conjugação - verbos terminados em ER. Ex.: comer, sofrer, mexer, roer, escrever, absorver, expor, compor, repor, compor... 3ª conjugação - verbos terminados em IR. Ex.: partir, sentir, emitir, sorrir, fingir, falir, mentir, iludir, cair, abrir... QUADRO 9 – AS TRÊS CONJUGAÇÕES FONTE: As autoras ATENCAO Lembre-se! Dizemos que o verbo é não flexionado ou no infinitivo quando termina em R. Veja: enviar, escrever, comprar, relatar, sorrir, latir, ser, caber, fazer... AUTOATIVIDADE Muito bem! Agora que já conhecemos as conjugações verbais, vamos praticar? Classifique os verbos a seguir em 1ª, 2ª e 3ª conjugação: a) Explicar: _____________ e) Mentir:_______________ b) Dividir: ______________ f) Dispor:_______________ c) Rever:________________ g) Caprichar:____________ d) Supor: _______________ h) Absorver: ____________ TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS 119 Na aula de português, a professora pergunta para Joãozinho: - Joãozinho, qual é o futuro do verbo roubar? Ele, sem pestanejar, responde: - Ir preso, professora. A professora mandou Joãozinho recitar uma poesia. Ele, todo cheio de compostura, começou a declamar: - Eu cavo, tu cavas, ele cava, nós cavamos, vós cavais, eles cavam. A professora, intrigada, pede ao Joãozinho: - Joãozinho, mas o que há de poético nestes verbos? Joãozinho, com muita convicção, responde: - Professora, isso pode não ser poético, mas é bastante profundo. FONTE: Adaptado de: <http://www.piadalegal.com.br/piadas/?busca=verbo>. Acesso em: 18 jan. 2011. UNI Sendo o verbo uma palavra variável, podemos afirmar que se flexiona em: Número Singular e plural Pessoa 1ª, 2ª e 3ª Modo Indicativo, Subjuntivo e Imperativo Tempo Presente, Passado e Futuro Voz Ativa, Passiva e Reflexiva QUADRO 10 – FLEXÃO DO VERBO FONTE: As autoras Mas afinal, o que é flexionar um verbo? Flexionar quer dizer adaptar o verbo ao número, ao modo, ao tempo, à voz e às formas nominais, fazendo com que ele concorde com o pronome anterior a ele. Quanto a essas flexões, estudaremos uma a uma detalhadamente para facilitar a sua compreensão. Vejamos: Número e pessoa: quando a forma indica se o verbo está no singular ou no plural. Singular quando se refere a apenas uma pessoa (eu ando, tu andas, ele anda). Plural quando se refere a mais de uma pessoa (nós andamos, vós andais, eles andam). Modo verbal: é a flexão que nos mostra qual é a intenção do falante ao expor suas ideias. Através dessa flexão, podemos perceber se o que é expresso por ele indica uma dúvida ou possibilidade, uma certeza ou uma ordem. Os verbos são classificados em três modos. Confira: UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 120 • Modo indicativo: indica um fato que ocorre, ocorreu ou ocorrerá com certeza. Um fato real.Por exemplo: Pedro partiu ontem. Nessa oração, temos certeza de que Pedro realmente partiu. O fato está concretizado. Dito de outra maneira, o indicativo indica uma ação. • Modo subjuntivo: indica um fato hipotético, ou seja, não é certo que acontecerá. Pode exprimir dúvida, probabilidade ou suposição. Por exemplo: Quem sabe eu vá à reunião, se não chover. Nessa oração, não se sabe ao certo se a ação ocorrerá. O fato não está concretizado. • Modo imperativo: indica ordem, pedido, súplica, sugestão, convite. Observe o exemplo: Estude para a avaliação. Neste exemplo, percebemos que a oração exprime uma ordem ao seu receptor. Tempo verbal: o estudo do tempo verbal é um pouco mais complexo do que os demais, porém muito interessante, pois, a partir da observação deste, podemos saber quando a ação ou o fato foram realizados. Desta forma, o tempo verbal divide-se em três grandes grupos: presente, pretérito (que é o mesmo que passado) e futuro. O passado, por sua vez, subdivide-se em pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, e o futuro subdivide-se em futuro do presente e futuro do pretérito. Voz verbal: em algumas ações verbais, o verbo admite estruturas com diferentes atuações do sujeito. São os casos em que o verbo sofre a flexão de voz. São três as vozes verbais, vamos conhecê-las? Ativa: é quando o sujeito é o agente da ação verbal, ou seja, ele pratica a ação. Ex.: Os alunos estudaram muito para a avaliação. Neste caso o sujeito da frase é “Os alunos”, e estes realizaram a ação do verbo estudar. Passiva: é quando o sujeito é paciente da ação verbal, isto é, ele recebe ou sofre a ação. Ex.: Carolina foi machucada por Aline. Neste caso, o sujeito é “Carolina”, e este sofre ou recebe a ação expressa pelo verbo machucar. Reflexiva: acontece quando o sujeito é agente e paciente da ação verbal. Dito em outras palavras, ele pratica a ação em si mesmo e a recebe. Ex.: Cláudio penteou-se assim que levantou. Note que o sujeito “Cláudio” pratica e recebe a ação expressa pelo verbo. Formas nominais: os verbos, além de todas essas flexões que já foram estudadas, podem ser ainda apresentados de três modos: infinitivo, gerúndio e particípio. Vamos aprender um pouco mais? Vejamos cada um deles: TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS 121 • Infinitivo: exprime a própria ação verbal, porém sem nenhuma localização de tempo. É marcado pela terminação R. Observe o exemplo: Estudar é preciso. Esta forma nominal indica a ação: estudar. O infinitivo pode ser pessoal ou impessoal. Caso apresente um sujeito, será pessoal, caso não apresente, ou seja, não se refira a ninguém, será impessoal. Veja mais alguns exemplos: É proibido fumar neste local. Comer muita doçura faz mal à saúde. • Gerúndio: exprime um fato que está em desenvolvimento, ou seja, que ainda não chegou ao fim. É marcado pela terminação NDO. O exemplo “Alex está viajando” mostra que a ação ainda está em andamento. Veja alguns exemplos: Ele está estudando. Emília ficou na escola treinando para a apresentação. • Particípio: ao contrário do gerúndio, o particípio indica um fato já terminado. O verbo apresenta-se, em geral, com as terminações ADO e IDO. No exemplo “José foi multado”, a ação já foi concluída. Exemplos: O carro está estragado. A casa foi vendida. Agora que terminamos uma fase importante dos nossos estudos sobre verbos, que foram as flexões verbais, vamos entrar em uma nova etapa, que é o estudo da CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS. Mas, por que classificar os verbos? A conjugação dos verbos segue um determinado padrão, um paradigma. No caso de um verbo regular, dependendo da sua terminação, ele terá uma forma a ser conjugada. Também há casos em que este paradigma não é seguido, que é o que chamamos de verbo irregular. Há verbos que são utilizados em apenas algumas pessoas, tempos ou modos. O motivo pelo qual isto acontece é bastante variável. Em muitos casos, a própria ideia que o verbo quer transmitir não se aplica a todas as pessoas. E há também os verbos que possuem duas formas equivalentes, que precisamos conhecer para saber onde aplicá-las. Então, agora que já sabemos o porquê da classificação dos verbos, vamos conhecê-las? Verbo regular: classificamos como regulares aqueles verbos que são conjugados sem que sejam feitas alterações em seu radical. Utilizaremos, como exemplo, o verbo sofrer. Este verbo é formado pelo radical sofr-, e, quando o conjugamos, ele permanece. Observe: Eu sofro com esta situação. Confira mais exemplos, de verbo regular, no quadro a seguir: UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 122 QUADRO 11 – INDICATIVO PRESENTE FONTE: Disponível em: <http://www.radames.manosso.nom.br/gramatica/ verboflexoes.htm>. Acesso em: 12 dez. 2011. Verbo irregular: classificamos como irregulares aqueles verbos que, quando conjugados, têm seu radical modificado. Para este exemplo, utilizaremos o verbo pedir. Este verbo é formado pelo radical ped-, e, quando o conjugamos, o radical é modificado. Observe: Eu peço um presente de Natal. Observe o quadro a seguir com mais exemplos. FAZER Eu faço Tu fazes Ele faz Nós fazemos Vós fazeis Eles fazem QUADRO 12 – VERBO FAZER (PRESENTE DO INDICATIVO) FONTE: As autoras Verbo anômalo: classificamos como anômalos aqueles verbos que, quando conjugados, apresentam no seu radical mudanças mais evidentes e profundas do que os verbos irregulares. Podemos citar os verbos “ser” e “ir” como exemplos de verbos anômalos. Observe o quadro com o exemplo do verbo ser. ANDAR VENDER PARTIR And-o Vend-o Part-o And-as Vend-es Part-es And-a Vend-e Part-e And-amos Vend-emos Part-imos And-ais Vend-eis Part-is And-am Vend-em Part-em TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS 123 PRESENTE PRETÉRITO PRETÉRITO perfeito imperfeito Eu sou fui era Tu és foste eras Ele é foi era Nós somos fomos éramos Vós sois fostes éreis Eles são foram eram FONTE: As autoras QUADRO 13 – VERBO SER (INDICATIVO) Verbo defectivo: classificamos como defectivos aqueles verbos que não possuem todas as suas formas. Por exemplo, o verbo abolir. Não podemos dizer “eu abolo”, mas usamos a expressão “eu vou abolir” ou “eu estou abolindo”. Da mesma forma “eu coloro”. Quando queremos nos expressar utilizando este verbo, usamos a expressão “eu vou colorir” ou “eu estou colorindo”. Confira a conjugação do verbo colorir nos seguintes tempos: PRESENTE PRETÉRITO PRETÉRITO perfeito imperfeito Eu - colori coloria Tu colores coloriste colorias Ele colore coloriu coloria Nós colorimos colorimos coloríamos Vós coloris coloristes coloríeis Eles colorem coloriram coloriam QUADRO 14 – VERBO COLORIR (INDICATIVO) FONTE: As autoras Verbo abundante: classificamos como abundantes aqueles verbos que possuem duas formas aceitáveis de particípio, uma regular e uma irregular. Observe: UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 124 INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR acender acendido aceso benzer benzido bento eleger elegido eleito enxugar enxugado enxuto expulsar expulsado expulso frigir frigido frito ganhar ganhado ganho isentar isentado isento imprimir imprimido impresso matar matado morto romper rompido roto soltar soltado solto suspender suspendido suspenso tingir tingido tinto QUADRO 15 – VERBOS ABUNDANTES FONTE: As autoras Ainda sobre as classificações do verbo, podemos diferenciá-lo pelas formas rizotônicas e arrizotônicas. As formas rizotônicas são aquelas cuja sílaba tônica ou a sua vogal se encontra no radical. As arrizotônicas são aquelascuja sílaba tônica, ou a sua vogal, se encontra na terminação. Acompanhe: Forma rizotônica Forma arrizotônica Radical/terminação Radical/terminação Am-o Am-amos Am-a Am-arei Cresç-o Cresc-erão Part-em Sorr-iriam DICAS Uma dica de site, que aborda a questão dos verbos com muita clareza, é o Só Português. Lá você encontra tudo sobre verbos, além de atividades práticas muito interessantes. Basta fazer o cadastro, com login e senha, e, pronto, você inicia seus estudos. Acesse: <www. soportugues.com.br>. TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS 125 ATENCAO Acadêmico(a)! Acesse a trilha de aprendizagem da disciplina. Lá você encontrará vários modelos de verbos conjugados. Bom estudo! 2.10 PRONOMES Conceituamos pronome como a palavra que indica o tipo de relação existente entre o ser e a pessoa do discurso. Você lembra o que são pessoas do discurso? Acompanhe: Pessoas do discurso 1ª pessoa: quem fala ou escreve; 2ª pessoa: quem ouve ou lê; 3ª pessoa: de quem se fala. DICAS A 1ª e a 2ª pessoa do discurso são representadas pelos seres humanos. A 3ª pessoa inclui os animais e as coisas. Os pronomes pertencem à classe de palavras variável e podem ser classificados em pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos. Veremos cada um deles separadamente: Pronome pessoal: é aquele que substitui o substantivo. Observe o exemplo: Cláudio saiu mais cedo do trabalho. Ele precisava ir ao médico. Note, neste exemplo, que a palavra “Cláudio” é um substantivo. A palavra empregada para substituí-la foi “ele”, ou seja, um pronome pessoal. Os pronomes pessoais indicam os seres que representam as pessoas do discurso. Eles se dividem em três tipos: do caso reto, do caso oblíquo e os de tratamento. Essa classificação se dá de acordo com a função que eles exercem nas orações. Veremos separadamente os dois primeiros. Observe: UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 126 PRONOMES PESSOAIS DO CASO RETO E DO CASO OBLÍQUO Pessoas do discurso Caso reto Oblíquos Átonos Tônicos Singular 1ª pessoa eu me mim, comigo 2ª pessoa tu te ti, contigo 3ª pessoa ele, ela o, a, lhe,se ele, ela, si, consigo Plural 1ª pessoa nós nos nós, conosco 2ª pessoa vós vos vós, convosco 3ª pessoa eles, elas os, as, lhes, se eles, elas, si, consigo QUADRO 16 – PRONOMES FONTE: As autoras Pronomes possessivos: são os que fazem referência às pessoas do discurso, indicando a relação de posse existente. Sendo assim, eles mantêm com os pronomes pessoais uma estreita relação, pois designam o que pertence aos seres referidos pelos pronomes pessoais. Observe a disposição deles no quadro a seguir: QUADRO 17 – PRONOMES POSSESSIVOS FONTE: Disponível em: <http://www.portugues.com.br/gramatica/morfologia/ analisando-os-pronomes-possessivos.html>. Acesso em: 13 nov. 2011. Por indicar uma relação de posse com relação à pessoa do discurso, o pronome possessivo é facilmente identificado. Observe o uso na seguinte tira: FIGURA 29 – CALVIN FONTE: Disponível em: <http://apatossauros.files.wordpress.com/2007/10/calvinharodotira354. gif>. Acesso em: 20 nov. 2011. TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS 127 No primeiro quadrinho, identificamos o uso de sua na expressão “sua mãe”. Analisando o quadro, vemos que o pronome possessivo sua refere-se à terceira pessoa do singular, no caso, ela. Pronomes demonstrativos: são aqueles que substituem ou acompanham o substantivo, indicando relações de espaço entre os seres e as pessoas do discurso. O pronome demonstrativo, assim como o possessivo, também mantém um vínculo estreito com os pronomes pessoais, pois indica, com relação às pessoas do discurso, o que delas está mais próximo ou distante, no espaço e no tempo. Observe as formas dos pronomes demonstrativos no quadro: VARIÁVEIS INVARIÁVEIS Masculino Feminino este estes esta estas isto esse esses essa essas isso aquele aqueles aquela aquelas aquilo QUADRO 18 – PRONOMES DEMONSTRATIVOS FONTE: As autoras Você deve estar se perguntando: quando devo usar este ou esse? Ou isso, isto e aquilo? Existe, sim, uma regrinha para o uso dos pronomes demonstrativos. Vamos conhecer o emprego deles. Este, esta, isto: referem-se à 1ª pessoa (eu), sendo assim são usados para objetos que estão próximos do falante. Com relação ao tempo, é usado no presente. Exemplos: Este é o livro de Comunicação e Linguagem de que lhe falei. Esta semana a turma está com sorte. Isto na minha mão é o seu lápis? Esse, essa, isso: referem-se à 2ª pessoa (tu, você), portanto são usados para objetos que estão próximos da pessoa com quem se fala. Com relação ao tempo é usado no passado ou futuro. Exemplo: Esse mês vai haver muitas provas. Quando você comprou essa coletânea? Isso que você está segurando são seus materiais? Aquele, aquela, aquilo: referem-se à 3ª pessoa (ele, ela) e são usados para indicar distanciamento espacial com relação à 1ª e 2ª pessoas do discurso. Exemplos: Aquelas disciplinas foram muito interessantes. Pensei muito sobre aquilo que você me disse. UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 128 DICAS Nos momentos de escrita, quando aparecerem dúvidas a respeito do uso de “esse” ou “este”, lembre-se: • este = próximo a mim, presente; • esse = distante de mim, passado e futuro. AUTOATIVIDADE Leia a tirinha que segue, identifique e explique o uso do pronome que nela aparece. Discuta com seu professor e demais colegas sobre a resposta. FIGURA 30 – MAFALDA FONTE: Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/ fichaTecnicaAula.html?aula=15269>. Acesso em: 24 nov. 2011. ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ ___________________________________________________ TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS 129 Pronomes indefinidos: esses pronomes referem-se à 3ª pessoa do discurso e, como o nome indica, de maneira imprecisa, indefinida. Faz-se uma divisão entre os pronomes indefinidos. São eles: variáveis e invariáveis. Acompanhe o quadro a seguir e conheça alguns exemplos. VARIÁVEIS INVARIÁVEIS algum, alguma, alguns, algumas alguém nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas algo todo, toda, todos, todas ninguém muito, muita, muitos, muitas nada pouco, pouca, poucos, poucas tudo vário, vária, vários, várias cada tanto, tanta, tantos, tantas outrem quanto, quanta, quantos, quantas mais outro, outra, outros, outras menos bastante, bastantes demais QUADRO 19 – PRONOMES INDEFINIDOS FONTE: As autoras Pronomes interrogativos: como o nome sugere, os interrogativos são usados para formular perguntas diretas ou indiretas. Ex.: Que assunto é esse? (pergunta direta) Diga-me que assunto é esse. (pergunta indireta) São pronomes interrogativos: VARIÁVEIS INVARIÁVEIS qual, quais que quanto, quanta, quantos, quantas quem QUADRO 20 – PRONOMES INTERROGATIVOS FONTE: As autoras Pronomes relativos: são os que substituem um substantivo citado anteriormente e dão início a uma nova oração. Ex.: UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 130 Comprei uma casa. A casa é perfeita. SUBSTANTIVO A casa que comprei é perfeita. PRONOME RELATIVO Note que o pronome relativo que (= a qual) se refere ao substantivo “casa”. Com a junção das frases o pronome substitui o termo expresso anteriormente (casa) e inicia uma nova oração. ↓ ↓ ↓ Lembre-se! Oração é uma frase ou parte de uma frase que contenha verbo. NOTA Conheça alguns pronomes relativos visualizando o quadro a seguir: VARIÁVEIS INVARIÁVEIS o qual, a qual, os quais, as quais que cujo, cuja, cujos, cujas quem quanto, quantos, quantas onde QUADRO 21 – PRONOMES RELATIVOS FONTE:As autoras ATENCAO Caro(a) acadêmico(a)! Vimos que “quem” pode tanto ser um pronome interrogativo quanto relativo, não é mesmo? Para saber a qual pronome estamos nos referindo em determinada situação, basta que você recorde a função de cada um na frase! TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS 131 2.10.1 Os pronomes de tratamento Para indicar o grau de formalidade que existe entre as pessoas do discurso, devemos empregar os pronomes de tratamento. Ao redigir relatórios, enviar e-mails, escrever atas e demais documentos, sempre nos perguntamos: qual pronome devo usar? Nestas e demais situações, certas autoridades exigem tratamentos específicos. Consulte o quadro a seguir e relembre os tipos de pronome de tratamento. PRONOME DE TRATAMENTO ABREVIATURA USADO PARA Vossa Majestade V. M. Reis, imperadores Vossa Alteza V. A. Príncipes Vossa Santidade V. S. Papa Vossa Eminência V. Em.ª Cardeais Vossa Paternidade V. P. Superiores de ordem religiosa Vossa Reverendíssima V. Rev.ª Sacerdotes em geral Vossa Magnificência V. Mag.ª Reitores de universidades Vossa Excelência V. Ex.ª Altas autoridades do governo Vossa Senhoria V. S.ª Funcionários públicos graduados QUADRO 22 – PRONOMES DE TRATAMENTO FONTE: As autoras 3 COLOCAÇÃO PRONOMINAL Antes de estudarmos na prática a colocação pronominal, é interessante saber que o emprego dos pronomes oblíquos deve-se, especialmente, à eufonia, ou seja, à sonoridade da frase. Portanto, em determinados casos ocorrem diferenças entre o que a norma gramatical recomenda e o que é realmente utilizado. Vamos observar, a seguir, as orientações para a colocação dos pronomes oblíquos na língua culta. Os pronomes oblíquos átonos são: me, te, se, nos, vos, lhe, lhes. Nas frases estes pronomes podem aparecer em três diferentes posições com relação ao verbo: antes, no meio ou depois do verbo. Vamos conhecê-las, então. UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 132 Para relembrar os pronomes oblíquos, átonos e tônicos, consulte o quadro estudado anteriormente. UNI 3.1 PRÓCLISE Chamamos de próclise quando o pronome se posiciona antes do verbo. Existem regras para o uso da próclise, além disso é muito importante para você, acadêmico(a), aprendê-las. Nas mais diversas situações de escrita, nas quais se faz necessária a linguagem padrão, precisamos utilizá-la corretamente. Vamos conhecer algumas delas. Usa-se a próclise depois de: • advérbios; • pronomes demonstrativos; • pronomes indefinidos; • pronomes relativos; • conjunções subordinativas; • preposição seguida de gerúndio e infinitivo pessoal; • frases optativas; • frases exclamativas; • frases interrogativas. DICAS Você, acadêmico(a), recorda o que são frases optativas? Pois bem, são aquelas que exprimem um desejo. 3.2 MESÓCLISE Denomina-se mesóclise o fato de o pronome posicionar-se no meio do verbo. Em duas situações é admitido o emprego da mesóclise. Vejamos: • Verbo no futuro do presente. Ex.: Comprar-te-ei um presente. (comprarei + te) • Verbo no futuro do pretérito. Ex.: Comprar-te-ia um presente, se tivesse dinheiro. (compraria + te) TÓPICO 1 | AS CLASSES DE PALAVRAS 133 DICAS Caso você não recorde a conjugação desses tempos, consulte o item VERBOS, estudado anteriormente neste caderno. 3.3 ÊNCLISE A ênclise ocorre quando o pronome se encontra depois do verbo. São justificativas para a ênclise: • Frase iniciada com verbo. Ex.: Entregaram-me os relatórios no momento da reunião. • Depois de pausa. Ex.: Crianças, comportem-se! • Verbo no infinitivo impessoal. Ex.: Irei contar-lhe tudo sobre a reunião. 134 Neste tópico você estudou que: • As classes de palavras são dez: substantivo, adjetivo, advérbio, numeral, artigo, preposição, conjunção, verbo, interjeição e pronome. • O substantivo é a classe de palavras que dá nome aos seres. • O substantivo pode se classificar em: comum, próprio, concreto e abstrato. • O adjetivo caracteriza o substantivo. • O adjetivo pátrio indica a localidade de origem. • O advérbio tem a função de acompanhar e/ou modificar um verbo, um adjetivo ou um advérbio. • O numeral é a classe de palavra que indica a quantidade. • O numeral divide-se em quatro tipos: cardinal, ordinal, multiplicativo e fracionário. • O artigo tem a função de determinar ou indeterminar o substantivo. • Definidos e indefinidos são os tipos de artigo. • As preposições são palavras que ligam dois termos. Elas podem ser essenciais e acidentais. • A conjunção é a palavra que liga duas orações. • A conjunção divide-se em coordenativa e subordinativa. • A interjeição caracteriza-se por expressar alegria, espanto, tristeza, admiração. • O ponto de exclamação acompanha a interjeição. • O verbo é a classe gramatical mais variável, pois flexiona em pessoa, número, tempo, modo e voz. • Existem três modos verbais: indicativo, imperativo e subjuntivo. RESUMO DO TÓPICO 1 135 • O modo indicativo divide-se entre os tempos: presente, pretérito imperfeito, perfeito e mais-que-perfeito e futuro do presente e do pretérito. • O modo imperativo apresenta duas divisões. São elas: imperativo negativo e afirmativo. • O modo subjuntivo apresenta três tempos. São eles: presente, pretérito imperfeito e futuro. • As vozes verbais são divididas em: passiva, ativa e reflexiva. • Pronome é a palavra que acompanha ou substitui um nome. • São tipos de pronomes: pessoal, tratamento, possessivo, demonstrativo, interrogativo e relativo. • O pronome pessoal subdivide-se em: caso reto, caso oblíquo e de tratamento. • Empregamos os pronomes de tratamento para indicar o grau de formalidade existente entre as pessoas do discurso. • O pronome pode aparecer em três posições na frase. • Próclise: pronome antes do verbo. • Mesóclise: pronome no meio do verbo. • Ênclise: pronome depois do verbo. 136 AUTOATIVIDADE 1 Leia a tirinha que segue: FIGURA 31 – MAFALDA FONTE: Disponível em: <http://www.elcabron.net/tirinhas/tirinha-mafalda-16/>. Acesso em: 20 dez. 2011. Agora, destaque do primeiro quadrinho do texto: a) Os verbos. _______________________________________________________ b) Os substantivos. __________________________________________________ 2 Os pronomes de tratamento indicam o grau de formalidade existente entre as pessoas do discurso. Com base no exposto, indique o pronome de tratamento adequado para as seguintes situações: a) Funcionários públicos graduados. ___________________________________ b) Altas autoridades do governo. ______________________________________ c) Reis. _____________________________________________________________ d) Cardeais. _________________________________________________________ e) Reitores de universidades. __________________________________________ 3 A colocação pronominal pode ocorrer de três maneiras distintas. São elas: próclise (pronome antes do verbo), mesóclise (pronome no meio do verbo), ênclise (pronome depois do verbo). Baseando-se nisso, escreva: • Uma regra para cada caso. • Elabore uma frase para exemplificar cada regra que você escreveu. • Socialize sua resposta com a turma e seu/sua Tutor(a) Externo(a). 137 TÓPICO 2 PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO Todos nós sabemos o valor do uso da pontuação e da acentuação adequada e precisa, seja oral ou escrita. Os sinais de pontuação são marcações gráficas que servem para compor a coesão e a coerência textual. Servem, também, para representar pausas, entonação e ritmo da língua falada. Seu uso é fundamental, dado que, se utilizados inadequadamente, podem levar a interpretações errôneas.O mesmo acontece com a acentuação. Na Língua Portuguesa a pronúncia é que permite ao leitor identificar o real significado das palavras. Observe a tirinha e tire suas conclusões! FIGURA 32 – CÁGADOS FONTE: Disponível em: <http://www.blog.yogabraga.com/2009/05/importancia-dos- acentos.html>. Acesso em: 17 nov. 2011. 2 O EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO Na linguagem escrita utilizamos sinais para marcar pausas, ritmo, divisões das ideias, relacionamento das palavras e grupos de palavras entre si, como também os sinais que indicam a entonação na voz e melodia do texto. Esses são chamados de sinais de pontuação e permitem à escrita maior clareza e simplicidade. Além de pausa na fala e entonação da voz, os sinais de pontuação reproduzem, na escrita, nossas emoções, intenções e anseios. 138 UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 2.1 O PONTO O ponto final representa a pausa máxima da voz. É empregado ao final de frases imperativas e declarativas (afirmativas). Exemplos: Estude para a avaliação. (frase imperativa) Vamos redigir o relatório ainda hoje. (frase declarativa/afirmativa) Observe o texto a seguir, que traz mais informações sobre o uso do ponto final. Nesta unidade apresentaremos algumas das regras básicas para o uso adequado da pontuação. Esse caderno servirá de guia durante sua caminhada intelectual, aprimorando sua escrita e auxiliando-o(a) na elaboração de papers, TCC, provas dissertativas, relatórios de estágio, interpretação de textos e melhor desempenho em sua vida profissional durante a escritura e leitura de textos escritos. Vamos começar? Ponto Final: O ponto tem uso ortográfico em dois casos: para indicar o fim de período declarativo e no final de abreviaturas (ex.: Sr., a.C., V.Sa.). No primeiro caso, a função é sintática e equivale à pausa do discurso oral. No segundo caso, trata-se de uma convenção ortográfica para orientar a leitura e sem correspondência no discurso oral. O uso do ponto como indicador de fim de período se dá no corpo de texto. Praticamente não se usa ponto com essa função em final de títulos, manchetes e em comunicação visual, mesmo que tenhamos, nesses casos, período completo. Se o redator desejar, o ponto pode ser substituído pelo ponto de exclamação. Com isso, está sugerindo uma leitura mais intensa para o período. Nas frases interrogativas, a indicação de fim de período é feita pelo ponto de interrogação. Se o período terminar com uma abreviatura, não se deve colocar dois pontos seguidos, um indicando final de período e outro, abreviatura. Um ponto é considerado suficiente para representar as duas funções. Exemplo: Vários estados participarão do torneio: Paraná, Minas Gerais, São Paulo etc. Algumas abreviaturas não são finalizadas com ponto, como as de unidades métricas. São exemplos: metro (m), grama (g), Kelvin (K). FONTE: Disponível em: <http://www.radames.manosso.nom.br/gramatica/ortografia/ponto.htm>. Acesso em: 1 jan. 2012. TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN 139 Em abreviaturas também utilizamos o ponto final (exceto em unidades de medida: m (metros), h (horas), kg (quilogramas). Veja: Sr. (senhor), Sra. (senhora), Srta. (senhorita), p. (página), etc. (et cetera), Cia. (companhia). Caro(a) acadêmico(a), que tal exercitar um pouco os seus conhecimentos? Comente a utilização de pontos no texto seguinte. Chegaram a Lisboa ao cair da tarde, na hora em que a suavidade do céu infunde nas almas um doce pungimento, agora se vê como tinha razão aquele admirável entendedor de sensações e impressões que afirmou ser a paisagem um estado de alma, o que ele não soube foi dizer-nos como seriam as vistas nos tempos em que não havia no mundo mais que pitecantropos, com pouca alma ainda, e além de pouca, confusa. Passados tantos milênios, e graças ao aperfeiçoamento, já pode Pedro Orce reconhecer na melancolia aparente da cidade a imagem fiel de sua própria tristeza íntima. Habituara-se à companhia destes portugueses que o tinham ido procurar às inóspitas paragens onde nascera e vivia, agora não tarda que devam separar-se, cada um para seu lado nem as famílias resistem à erosão da necessidade, que fariam simples conhecidos, amigos de fresca data e tenras raízes. FONTE: SARAMAGO, José. A jangada de pedra. Porto Alegre: Companhia de Bolso, 2006. p.93. Acesse o material de apoio para encontrar a resolução desta atividade. UNI 2.2 DOIS-PONTOS Os dois-pontos são empregados, na escrita, para marcar uma sensível suspensão da voz na melodia de uma frase não concluída. São empregados nos seguintes casos: • Para iniciar uma enumeração. Exemplo: O computador tem a seguinte configuração: - memória RAM 500 MB; - HD 120 GB; - fax-modem; - placa de rede; - som. 140 UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES • Antes de uma citação. Exemplos: “Eu lhe responderia: a vida é uma ilusão”... (A. PEIXOTO) Como já diz a música: o poeta não morreu. • Para iniciar a fala de uma pessoa, personagem. Exemplo: O repórter disse: – Nossa reportagem volta à cena do crime. • Para indicar esclarecimento, um resultado ou resumo do que já foi dito. Exemplos: O Ministério da Saúde adverte: fumar é prejudicial à saúde. Nota de esclarecimento: nossa empresa não envia e-mail a seus clientes. Quaisquer informações devem ser tratadas em nosso escritório. 2.3 O PONTO E VÍRGULA O ponto e vírgula indica uma pausa mais longa que a vírgula, porém mais breve que o ponto final. Como o próprio nome indica, este sinal serve de intermediário entre o ponto e a vírgula, podendo aproximar-se ora mais daquele, ora mais desta, segundo os valores pausais e melódicos que representa no texto. Emprega-se o ponto e vírgula nos seguintes casos: • Para itens de uma enumeração. Exemplo: As vozes verbais são: a) voz ativa; b) voz passiva; c) voz reflexiva. • Para aumentar a pausa antes das conjunções adversativas – mas, porém, contudo, todavia – e substituir a vírgula. Exemplo: Deveria entregar o documento hoje; porém só o entregarei amanhã à noite. • Para separar orações coordenadas que já tenham vírgula em seu interior. Exemplo: “Não gostem, e abrandem-se; não gostem, quebrem-se; não gostem, e frutifiquem.” (Pe. Antônio Vieira) TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN 141 • Para separar orações coordenadas assindéticas, com conjunções subentendidas. Exemplo: Disse que não viria; veio. • Para alongar a pausa antes de conjunções coordenativas adversativas, substituindo a vírgula. Exemplo: Poderia fazê-lo hoje; contudo só o farei amanhã. Chegamos ao final da explicação de mais um sinal de pontuação. O próximo que estudaremos é a vírgula. Esta requer muita atenção. 2.4 A VÍRGULA A vírgula marca uma pequena pausa e deve indicar uma mudança na entonação. Ela é usada nos seguintes casos: • Para separar o nome de localidades das datas. Exemplo: Indaial, 14 de janeiro de 2012. Salvador, 24 de dezembro de 2011. Capivari de Baixo, 25 de março de 2011. A vírgula significa “varinha”. Foi daí que surgiu o pequeno traço. NOTA • Para separar o vocativo. Exemplo: “Oremos, Maria, porque eu quero agradecer ao Divino Criador sua proteção sobre esta casa.” (Cornélio Penna) Senhor, eu preciso que você envie a ata da reunião com antecedência. 142 UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES ATENCAO Caro(a) acadêmico(a), você recorda o que é VOCATIVO? Então, vamos conceituar. Vocativo é um termo que não possui relação sintática com outro termo da oração. Não pertence, portanto, nem ao sujeito nem ao predicado. É o termo que serve para chamar, invocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético. Por seu caráter, geralmente se relaciona à segundapessoa do discurso. • Para separar o aposto. Exemplo: Pelé, o rei do futebol, é um grande ídolo para muitos jogadores. Brasília, capital da república, fundou-se em 1960. Brasil, um dos maiores países do mundo, tem parte da população que vive em baixas condições. ATENCAO APOSTO é um termo que se junta a outro de valor substantivo ou pronominal para explicá-lo ou especificá-lo melhor. • Para separar expressões explicativas ou retificativas, tais como: isto é, aliás, além, por exemplo, além disso, então. Exemplos: O sistema precisa de proteção, isto é, de um bom antivírus. [...] além disso, precisamos de alunos conscientes. Os visitantes viajaram ontem, aliás, anteontem. • Para separar orações coordenadas assindéticas. Exemplos: “Os anos vieram, / o menino crescia, / as esperanças maternas de D. Carmo iam morrendo.” (Machado de Assis) Abriu a janela vagarosamente, / sentiu o vento, / foi até a sala, / adormeceu em paz. TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN 143 ATENCAO Oração coordenada assindética é aquela colocada justaposta, ou seja, uma ao lado da outra, sem qualquer conectivo que as enlace. • Para separar orações coordenadas sindéticas, desde que não sejam iniciadas por e, ou, nem. Exemplo: “Nas horas nobres deitava no chão, cruzava as mãos debaixo da cabeça e ficava olhando as nuvens...” (Lygia Fagundes Telles) ATENCAO ATENÇÃO! Oração coordenada sindética é aquela ligada por uma conjunção coordenativa. No exemplo a conjunção coordenativa é a vogal “e”. • Para separar orações adjetivas explicativas. Exemplos: O motorista, que fumava nervosamente, ficou quieto. As crianças, que gostam de pular, divertiram-se muito. ATENCAO Oração adjetiva explicativa é aquela que acrescenta ao antecedente uma qualidade acessória, isto é, esclarece a qualidade ou a sua significação. No exemplo anterior, a oração adjetiva explicativa é introduzida pelo pronome relativo “que”. • Para separar o adjunto adverbial. Exemplo: Com a pá, retirou a sujeira. 144 UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES ATENCAO Adjunto adverbial é o termo da oração que indica uma circunstância (dando ideia de tempo, lugar, modo, causa, finalidade etc.). O adjunto adverbial é o termo que modifica o sentido de um verbo, de um adjetivo ou de um advérbio. No exemplo anterior, o adjunto adverbial indica modo. • Para separar termos da mesma função sintática. Exemplos: Gostava dos amigos, da cidade, das coisas. Crianças, jovens e idosos participaram do manifesto contra a violência. • Para separar elementos paralelos de um provérbio. Exemplos: Tal pai, tal filho. Casa de ferreiro, espeto de pau. Quanto maior a nau, maior a tormenta. Segundo o Dicionário Houaiss (2008, p. 709), um provérbio é: “sentença popular, com poucas palavras; máxima, adágio, ditado”. NOTA Vale ressaltar que, em alguns casos, é proibido o uso da vírgula. São eles: • Entre o sujeito e o verbo de uma oração. Exemplo: Alguns administradores estiveram no Congresso. Note que o emprego de uma vírgula entre o sujeito (Alguns administradores) e o verbo (estiveram) não seria admissível, pois comprometeria a lógica estabelecida na relação sujeito-verbo. TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN 145 • Entre o verbo de uma oração e seus complementos. Exemplo: Alguns jovens ganharam um prêmio. Perceba, acadêmico(a), que o emprego de uma vírgula entre o verbo (ganharam) e o objeto direto (um prêmio) não seria cabível, pois comprometeria a lógica estabelecida nesta relação - verbo e objeto direto. Leia o trecho do texto que segue, o qual faz referência sobre a importância da vírgula nos textos escritos. Você perceberá que a falta dela ou o uso inadequado podem gerar informações distintas. A vírgula pode ser uma pausa ou não. Não, espere. Não espere. Ela pode sumir com o seu dinheiro. Pode ser autoritária. Aceito, obrigado. Aceito obrigado. Pode criar heróis. Isso só, ele resolve. Isso só ele resolve. A vírgula muda uma opinião. Não queremos saber. Não, queremos saber... FONTE: Disponível em: <http://www.terminologia.com.br/2010/01/24/aimportancia-da-virgula/>. Acesso em: 20 nov. 2011. Agora que já entendemos o importante papel que este sinal de pontuação assume em textos escritos, vamos adiante? 2.5 O PONTO DE INTERROGAÇÃO É utilizado ao fim de uma palavra, oração ou frase, indicando uma pergunta direta. Exemplos: Quem é você? Por que não me disseram nada sobre o caso? O ponto de interrogação não deve ser usado nas perguntas indiretas. Exemplo: Perguntei a você quem estava no quarto. Atenção! Compare: - Quem chegou? [= interrogação direta] - Diga-me quem chegou. [= interrogação indireta] 146 UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES 2.6 O PONTO DE EXCLAMAÇÃO É usado no fim de frases exclamativas, depois de interjeições ou do imperativo.Exemplos: Ah! Não se esqueça de trazer o material amanhã! (FRASE EXCLAMATIVA) Nossa! Que lindo seu trabalho! (INTERJEIÇÃO) Coração, para! Ou refreia, ou morre! (A. de Oliveira) (IMPERATIVO) Leia a tirinha que segue, nela encontramos mais exemplos do emprego do ponto de exclamação. FIGURA 33 - TIRINHA FONTE: Disponível em: <http://mariabobrinha.blogspot.com/2008/04/melhor-tirinha-dos- ltimos-tempos.html>. Acesso em: 24 nov. 2011. 2.7 AS RETICÊNCIAS Este sinal de pontuação marca uma suspensão na frase, devido, muitas vezes, a elementos de natureza emocional. Dito em outras palavras, as reticências indicam uma interrupção ou suspensão na sequência normal da frase. São usadas nos seguintes casos: • Para indicar suspensão ou interrupção do pensamento. Exemplos: Estava digitando quando... Guiava tranquilamente quando passei pela cidade e... • Para marcar suspensões provocadas por hesitações, surpresa, dúvida e timidez, comuns na língua falada. Exemplos: Fiador... para o senhor?! Ora!... (G. AMADO) Falaram todos. Quis falar... Não pude... TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN 147 Baixei os olhos... e empalideci... (A.TAVARES) • Para indicar movimento ou continuação de um fato. Exemplo: E as pessoas foram entrando... 2.8 AS ASPAS São empregadas nos seguintes casos: • Citações. Exemplo: “São Crisóstomo, dai-me paciência para olhar sem nojo a grosseria dos trocadores de ônibus, a arrogância dos automóveis de chapa branca, a antipatia dos “chauffers” à hora do “rush”, e outras calamidades”. (Manuel Bandeira) • Na representação de nomes de livros e legendas. Exemplos: Já li “O Ateneu”, de Raul Pompéia. “Os Lusíadas”, de Camões, têm grande importância literária. • Para destacar palavras que representem estrangeirismo, vulgarismo, ironia. Exemplos: O “slogan” anunciava... (Nestor de Holanda. Gente engraçada) O espetáculo de música “pop” estava uma “curtição”. João, com seus 90 quilos, está “fraquinho”... 2.9 O TRAVESSÃO Este sinal de pontuação é utilizado: • Para indicar a mudança de interlocutor nos diálogos. – Por que você não toca? – perguntei. – Eu queria, mas tenho medo. – Medo de quê?... (José J. Veiga. Os cavalinhos de Platiplanto) Neste exemplo, você pode perceber que a mudança de interlocutor é indicada através do uso do travessão, certo? Em outro gênero literário (histórias em quadrinhos), a mudança de interlocutor é marcada através da mudança de balões. Veja: 148 UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES FIGURA 34 – TURMA DA MÔNICA FONTE: Disponível em: <http://vivianekopereck.blogspot.com/2011/05/historia-em- quadrinho.html>. Acesso em: 20 nov. 2011. • Para isolar a fala da personagem da fala do narrador. Exemplo: – Que deseja agora? – gritou-lhe afinal, a voz transtornada. – Já não lhe disse que não tenho nada a vercom suas histórias? (Fernando Sabino) • Para destacar ou isolar palavras ou expressões no interior das frases. Exemplo: Grande futuro? Talvez naturalista, literato, arqueólogo, banqueiro, político, ou até bispo – bispo que fosse –, uma vez que fosse um cargo... (Machado de Assis) 2.10 O ASTERISCO O asterisco, sinal gráfico em forma de estrela, costuma ser empregado nos seguintes casos: • Nas remissões a notas ou explicações contidas em pé de páginas ou ao final de capítulos. Exemplo: Ao analisarmos as palavras sorveteria, sapataria, confeitaria, leiteria e muitas outras que contêm o morfema preso* -aria e seu alomorfe -eria, chegamos à conclusão de que este afixo está ligado a estabelecimento comercial. Em alguns contextos, pode indicar atividades, como em: bruxaria, gritaria, patifaria etc. * É o morfema que não possui significação autônoma e sempre aparece ligado a outras palavras. TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN 149 2.11 OS PARÊNTESES Este sinal de pontuação tem a função de intercalar, no texto, qualquer indicação acessória. É geralmente utilizado nos seguintes casos: • Na separação de indicação de ordem explicativa. Exemplo: Predicado verbo-nominal é aquele que tem dois núcleos: o verbo (núcleo verbal) e o predicativo (núcleo nominal). • Na separação de um comentário ou reflexão. Exemplo: Os escândalos estão se proliferando (a imagem política do Brasil está manchada) por todo o país. • Para separar indicações bibliográficas. Leia o poema que segue, ele será nosso exemplo: Pra que partiu? Estou sentado sobre a minha mala No velho bergantim desmantelado... Quanto tempo, meu Deus, malbaratado Em tanta inútil, misteriosa escala! (Mario Quintana, A Rua dos Cata-Ventos, Porto Alegre, 1972). 2.12 COLCHETES Os colchetes têm a mesma finalidade que os parênteses. Todavia, seu uso fica restrito aos escritos de cunho didático, filológico e científico. Pode ser empregado: • Em definições do dicionário, para fazer referência à etimologia da palavra. Exemplo: amor- (ô). [Do lat. amore.] 1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de sua terra. (Novo Dicionário Aurélio) • Para intercalar palavras ou símbolos não pertencentes ao texto. Exemplo: Em Aruba se fala o espanhol, o inglês, o holandês e o papiamento. Aqui estão algumas palavras de papiamento que você, com certeza, vai usar: 1- Bo ta bon? [Você está bem?] 2- Dios no ta di Brazil. [Deus não é brasileiro.] 150 UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES Depois de conhecermos detalhadamente os sinais de pontuação e suas funções, observe o texto que segue. Os sinais de pontuação foram omitidos propositalmente. Para você, qual a pontuação correta? De que forma você pontuaria o fragmento que segue? Reescreva-o e depois socialize o resultado com a turma. Você perceberá que o sinal de pontuação pode mudar todo o sentido conforme for empregado. Um homem rico estava muito mal. Pediu papel e pena, escreveu assim: “deixo meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada dou aos pobres” (autor desconhecido) Morreu antes de fazer a pontuação. A quem ele deixou a fortuna? • Para inserir comentários e/ou observações em textos já publicados. Exemplo: Machado de Assis escreveu muitas cartas a Sílvio Dinarte. [pseudônimo de Visconde de Taunay, autor de “Inocência”] • Para indicar omissões de partes na transcrição de um texto. Por exemplo: “É homem de sessenta anos feitos [...] corpo antes cheio que magro, ameno e risonho.” (Machado de Assis) ATENCAO As regras gramaticais nem sempre coincidem com as normas da ABNT com relação às referências bibliográficas. É preciso estar atento(a)! O exemplo anterior, segundo a ABNT, pelo sistema autor-data, ficaria assim, hipoteticamente: “É homem de sessenta anos feitos [...] corpo antes cheio que magro, ameno e risonho.” (ASSIS, 1956, p. 24). 3 A ACENTUAÇÃO DAS PALAVRAS Na língua escrita, existem sinais que acompanham as letras. Tais sinais estão relacionados à pronúncia das palavras. O acento gráfico é um destes sinais e possui três nomenclaturas. São elas: • agudo (´); • circunflexo (^); • grave (`). TÓPICO 2 | PONTUAÇÃO, ACENTUAÇÃO E O USO DO HÍFEN 151 Antes de iniciarmos o estudo da acentuação gráfica, devemos conhecer a sílaba tônica das palavras. Todas as palavras da língua portuguesa apresentam uma sílaba mais forte. Sílaba tônica é aquela pronunciada com mais intensidade, mais força. As demais sílabas de uma palavra são chamadas átonas. Só existe uma sílaba tônica em cada palavra. Por exemplo: na palavra cadeira, a sílaba tônica é a penúltima (dei); as outras, (ca) e (ra), são átonas. Na língua portuguesa, a sílaba tônica só pode ocorrer nas três últimas sílabas (sempre contadas de trás para frente): quando ocorre na última é chamada de oxítona; na penúltima, de paroxítona; e na antepenúltima, de proparoxítona. Vamos conhecer as particularidades de cada classificação. 3.1 A CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A TONICIDADE DAS SÍLABAS Como vimos, de acordo com a classificação da sílaba tônica, as palavras podem ser classificadas em: oxítona, paroxítona e proparoxítona. Vejamos exemplos: Pa-le-tó (última) - oxítona Pa-li-to (penúltima) - paroxítona Pá-li-do (antepenúltima) - proparoxítona Em todos os exemplos mencionados temos palavras com mais de uma sílaba. Existem, todavia, em nossa língua, palavras com uma única sílaba. São os chamados monossílabos, que podem ser tônicos ou átonos. Confira: Monossílabos tônicos: são independentes e possuem a mesma força das sílabas tônicas. Ex.: há, pá, pó, lês. Monossílabos átonos: precisam de outras palavras que lhes deem suporte, pois não são independentes e se parecem com sílabas átonas. Além disso, não têm sentido quando usadas de forma isolada. Fazem parte desse grupo os artigos, pronomes oblíquos, preposições, junções de preposições e artigos, conjunções, pronome relativo que. Ex.: o, a, os, as, lhe, com etc. Agora que já sabemos o que é tonicidade e que, conforme a posição da sílaba tônica, as palavras podem ter classificações diferentes, veremos em quais situações devemos acentuar as palavras. Preparado(a)? Então, vamos em frente! 152 UNIDADE 3 | A GRAMÁTICA E SUAS PARTES ATENCAO Nem todas as palavras da nossa língua são acentuadas. Apesar de existirem palavras que não levam acento, elas possuem sílaba tônica. Veremos adiante em que ocasiões devemos acentuar as palavras, conforme algumas regras, mas lembre-se de que, quando uma palavra recebe acento, este deve ser colocado necessariamente na sílaba tônica. As regras de acentuação gráfica relacionam-se ao emprego dos acentos agudo e circunflexo. Veja a seguir as regras de acentuação gráfica das palavras proparoxítonas, paroxítonas e oxítonas. Proparoxítonas: todas as palavras levam acento. Ex.: sábado, elétrico, música, matemática, límpido, lúcido, lâmpada, fôlego, excêntrico, gênio, crânio, sílaba etc. Paroxítonas: acentuam-se todas as palavras paroxítonas com a seguinte terminação: • L – amável, louvável, túnel... • N – elétron, próton, hífen... • R – açúcar, câncer... • X – ônix, tórax, xérox... • Ps – bíceps, tríceps, fórceps... • us – vírus, bônus, ânus... • ã(s) – órfã, ímã... • ão(s) – bênção, órfãos, órgãos... • ei(s) – pônei, jóquei... • i(s) – táxi, júris, tênis... • um, uns – bônus, álbum, álbuns... • Ditongo crescente – sério, ânsia, mágoa... Oxítonas: acentuam-se todas as palavras oxítonas terminadas em: • a(s) – Pará, sofás, babá... • e(s) – café, chulé, boné, pontapé... • o(s) – jiló, avó, avôs... • em,