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Hanseníase: história, sintomas e prevenção

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Luciane Ribeiro
14 de novembro de 2012
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Doença infecciosa, de evolução lenta que afeta pessoas em idade produtiva comprometendo os mecanismos de defesa como a capacidade de sentir dor, a visão e o tato – risco de acidentes como queimaduras, feridas, infecções, amputações e outros.
Manifesta-se através de sintomas dermato-neurológicos.
Hanseníase: doença endêmica no Brasil, com registro de 47.000 casos novos a cada ano.
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Hanseníase: parece ser uma das mais antigas doenças que acometem o homem.
Referências datam de 600 a.C, procedendo da Ásia e da África.
Desde os tempos bíblicos a hanseníase foi descrita como uma doença que causava horror – deformidades físicas e possibilidade de contágio.
Idade Média: maldição ou pecado e associada erradamente ao contágio sexual.
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“lepra” – termo encontrado na Bíblica Hebraica – desonra, vergonha, desgraça.
Medicina não tinha respostas para a doença.
Isolamento dos doentes em leprosários – única forma de tratamento até meados do século XX.
Estigma: doentes eram obrigados a usar capa, chapéu pontiagudo e sinos para identificar sua presença.
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Todo homem atingido pela lepra terá suas vestes
rasgadas e a cabeça descoberta. 
Cobrirá a barba e clamará: Impuro! Impuro!
Enquanto durar o seu mal, ele será impuro, habitará
Só e a sua habitação será fora do acampamento.”
Levítico13, 45 e 46
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Até a década de 40 do século XX: doença tratada com óleos e medicamentos fitoterápicos e isolamento social.
A partir da Revolução de 1930: adoção do “modelo tripé” para o controle da doença – leprosário, dispensário e preventório.
Medidas não reduziram a incidência da doença.
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A partir de 1940: crescimento da indústria químico-farmacêutica - isolamento se mostrou ineficaz para o controle da doença.
7º Congresso Internacional de Lepra (Tóquio/1958): forma de contágio não era hereditária e havia possibilidade de cura com o uso de antibióticos.
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Decreto nº968, de 07 de maio de 1962 – extinção do isolamento dos doentes.
Década de 1970: OMS recomendou o emprego da poliquimioterapia no Brasil e iniciou movimento para diminuir o preconceito e o estigma da doença.
Termo “lepra” foi abolido oficialmente e a doença passou a ser conhecida como Hanseníase.
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Doença infecciosa, crônica, granulomatosa e de grande importância para a saúde pública – magnitude e alto poder incapacitante.
Prioridade: prevenção, diagnóstico e tratamento precoce – bloquear a transmissão e reduzir incapacidades e deformidades.
Acomete principalmente os nervos periféricos, mas também pode comprometer articulações, olhos, testículos, gânglios e outros órgãos.
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Proveniente da infecção pelo Mycobacterim leprae. 
Bacilo álcool-ácido resistente de alta infectividade e baixa patogenicidade.
Não cresce em meios de cultura artificiais.
É um parasita intracelular, sendo a única espécie de micobactéria que infecta os nervos periféricos.
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Ser humano: única fonte de infecção.
Transmissão ocorre por meio de uma pessoa doente, sem tratamento, que elimina o bacilo para o meio exterior.
A principal via de eliminação dos bacilos é a aérea superior – trato respiratório é a mais provável via de entrada do M. Leprae no corpo.
Período de incubação: média de 2 a 7 anos (há referência de períodos mais curtos).
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Os bacilos de Hansen têm tropismo pelas fibras nervosas, atingindo desde as terminações da derme aos troncos nervosos.
A sensibilidade cutânea é alterada em suas modalidades térmica e tátil e dolorosa.
A resposta do tecido em presença do bacilo pode ser variada – mínima resposta sem alterações funcionais até resposta intensa ( infiltração granulomatosa do parênquima neural com destruição de nervos periféricos com nítidas alterações de sua função).
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Manifestações podem ser acompanhadas de dor intensa e hipersensibilidade do nervo, edema, déficit motor e sensitivo.
Podem ocorrer sem dor – neurites silenciosas (alterações de sensibilidade e da força motora).
Os nervos envolvidos com maior frequência são: nervo facial (VII par craniano), nervo trigêmio (V par craniano), nervo ulnar, nervo mediano, nervo radial, nervo fibular comum e nervo tibial.
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Deficiências primárias (uveíte, orquite, neuropatia e etc.) ocorrem devido ao processo inflamatório inicial.
As deficiências secundárias decorrem da não realização de cuidados preventivos após o processo primário (garra rígida, mal-perfurante plantar e etc.)
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Deficiências primárias ( neuropatia) ocorrem devido ao processo inflamatório inicial.
As deficiências secundárias decorrem da não realização de cuidados preventivos após o processo primário (garra rígida, mal-perfurante plantar, reabsorção óssea e etc.).
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Manchas esbranquiçadas (hipocrômicas), acastanhadas ou avermelhadas, com alterações de sensibilidade (formigamentos, choque, câimbras que evoluem para dormência);
Pápulas, tubérculos e nódulos, normalmente sem sintomas;
Diminuição ou queda dos pelos, localizada ou difusa, especialmente sobrancelhas;
Falta ou ausência de sudorese no local – pele seca.
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As lesões geralmente iniciam com hiperestesia – sensação de queimação, formigamento e/ou coeira no local que evoluem para ausência de sensibilidade.
Consequências da lesão neural: queimaduras, ferimentos e úlceras, fissuras, atrofia, contraturas e articulações rígidas, desequilíbrio muscular e posterior deformidade – ferimentos – infecção – destruição de estruturas (pele, tendão, ligamento, ossos e músculos).
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Essencialmente clínico – exame dermato-neurológico para identificar lesões e áreas com alterações de sensibilidade ou comprometimento de nervos periféricos.
Avaliar a integridade da função neural e o grau de incapacidade física – teste de sensibilidade dos olhos, mãos e pés – conjunto de monofilamentos de Semmes-weinstein.
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Exame baciloscópico – baciloscopia de pele (esfregaço intradérmico) quando disponível.
Exame histopatológico: para elucidação do diagnóstico.
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 Para o tratamento poliquimioterápico:
Paucibacilares: apresentam até cinco lesões de pele.
Multibacilares: mais de cinco lesões de pele.
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Buscar informações sobre os sinais e sintomas da doença.
Identificar: alterações de pele (manchas, placas, infiltrações, tubérculos, nódulos), alterações de sensibilidade em algum lugar do corpo, presença de dores nos nervos, fraqueza nas mãos e nos pés.
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Inspecionar toda a superfície corporal, procurando identificar a presença de lesões.
As áreas mais frequentemente comprometidas são: face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas. Observar também a mucosa nasal.
Tocar a pele sã e a área suspeita com tubos frios e quentes e observar sensações de frio e calor.
A pesquisa de sensibilidade tátil pode ser feita com uma mecha fina de algodão, comparando os resultados do toque.
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Inspeção dos olhos, nariz, mãos e pés.
Olhos: investigar presença de dor, prurido, , visão turva, ressecamento dos olhos, pálpebras pesadas, presença de nódulos, secreção, hiperemia, queda dos pelos da sobrancelhas, cílios invertidos, eversão ou desabamento da pálpebra inferior.
Realizar inspeção do nariz mãos e pés, avaliação da força muscular, palpação dos troncos nervosos periféricos.
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Os nervos devem ser palpados com as polpas digitais dos segundo e terceiro dedos, deslizando-os sobre a superfície óssea, acompanhando o trajeto do nervo no sentido de cima para baixo – nervos inflamados podem estar sensíveis e doloridos.
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É prioritariamente ambulatorial.
Associação de medicamentos (poliquimioterapia/PQT) que elimina o bacilo e evita a evolução da doença.
Medicamentos: rifampicina, dapsona e clofazimina – evitar resistência
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Rifampicina: dose mensal de 600mg (2cápsulas de 300mg), com administração supervisionada.
Dapsona: dose mensal de 100mg, supervisionada, e dose diária de 50mg autoadministrada.
Duração: 06 doses (cartelas com 2 cápulas de rifampicina e 28 comprimidos de dapsona) em até 9 meses.
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Rifampicina: dose mensal de 600mg (2cápsulas de 300mg) com administração supervisionada.
Dapsona: dose mensal de 100mg, supervisionada, e uma dose diária de 100mg autoadministrada.
Clofazimina: dose mensal de 300mg (3 cápsulas de 100mg) com administração supervisionada e uma dose diária de 50mg autoadministrada.
Duração de 12 doses, em até 18 meses.
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Os pacientes devem ser agendados para retorno a cada 28 dias.
Nas consultas, eles tomam a dose supervisionada no serviço de saúde e recebem a cartela com os medicamentos das doses a serem autoadministradas no domicílio.
Os pacientes que não comparecem à dose supervisionada deverão ser visitados, no máximo em 30 dias.
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Alta por cura: encerramento da PQT – número de doses e tempo de tratamento de acordo com o esquema indicado.
Recidiva: são raros e na maioria das vezes ocorrem devido ao tratamento inadequado – repetir o tratamento integralmente de acordo com a classificação paucibacilar ou multibacilar.
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Diagnóstico precoce
Tratamento com a poliquimioterapia
Vigilância dos contatos:
- Exame dermato-neurológico, BCG, orientações
Prevenção de incapacidades
-Diagnóstico e tratamento de reações e neurites
Reabilitação
Divulgação de sinais e sintomas
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BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de vigilância epidemiológica. Caderno de prevenção e reabilitação em hanseníase. Brasília-DF, 2008.
BRASIL, Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o controle da hanseníase. Brasília-DF, 2002.
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