Aula 12 - Função argumentativa da narração - Narrativa Jurídica

Prévia do material em texto

Compreender a importância do fato para a produção de argumentos na fundamentação; 
 
 
 
Identificar os argumentos que usam o fato como seu principal argumento de construção; 
 
Produzir argumentos coesos, coerentes e persuasivos. 
A prova é o elemento objetivo pelo qual as pessoas se convencem da verdade. Para que sua eficácia seja maior, é preciso conhecer como reflete a verdade. 
Assim, o profissional do Direito, diante de um caso concreto, precisa analisar, interpretar os fatos, e, em seguida, valorá-los, de acordo com seus objetivos. 
Sabe-se que nenhum juiz pode apreciar um pedido sem conhecer os fatos que lhe servem de fundamento, o que dá à narração um status de grande relevância, já que é requisito essencial à produção de uma argumentação eficiente. 
Além disso, o princípio da igualdade processual das partes exige que cada um tome ciência das informações trazidas dos autos pela parte adversa, para que ela tenha condições de exercer em plenitude sua defesa. 
Na narrativa jurídica, o ponto de vista do narrador, ainda que não venha expresso diretamente, pode estar sugerido pela seleção vocabular e pela seleção e modo de narração dos fatos. 
É esse ponto de vista que conduz à aceitação de uma tese, que somente será exposta em outro momento e em outro discurso, o argumentativo. 
Observe, a seguir, o relato de um mesmo caso, mas feito com objetivos diferentes: 
Relato 1: O réu ameaçava a vítima, que clamava para não ser morta. Ele exigiu as joias e, ao ouvir a negativa da vítima, que dizia não possuí-las, não teve dúvida: com frieza desumana, puxou o gatilho do revólver encostado à cabeça da vítima, prostrando-a no chão, sem vida, por motivo absolutamente fútil. 
Relato 2: O réu, no intuito de roubar, pediu à vítima joias e dinheiro. Assustado, temeroso e alterado, pois não é um bandido profissional, ouviu a ríspida negativa da vítima e, supondo ter ela chance de reação, em um ímpeto de pavor, apertou o gatilho, temendo por sua sobrevivência. 
1-Analise as duas versões anteriores e aponte as principais diferenças entre elas, tendo por base o ponto de vista dos narradores nas duas versões. 
2- Com base no texto a seguir, SELECIONE 2 FATOS importantes e VALOREOS e JUSTIFIQUE A TESE ESCOLHIDA, REDIGINDO um argumento A FAVOR e outro CONTRA a estagiária. 
O descuido da estagiária de enfermagem Rejane Moreira Teles, de 23 anos, provocou a morte da idosa Palmerina Pires Ribeiro. O faro ocorreu no domingo, 14 de outubro de 2012, no PAM se São João do Meriti. 
Segundo a família da idosa, a estagiária, em vez de aplicar café com leite na sonda ligada ao estômago de Palmerina, injetou o líquido na sonda ligada a uma veia no pescoço da paciente. Logo em seguida, Palmerina teria começado a passar mal. 
Um superior dos estagiários , em depoimento informal na 64ª DP , confirmou ter visto leite no tubo de borracha errado. Foi instaurado inquérito para apurar homicídio culposo e a Secretaria de Saúde de São João do Meriti afastou a estagiária e as enfermeiras supervisoras de suas funções, tendo iniciado sindicância. 
 
Em depoimento na 64ª DP, a estagiária Rejane afirmou que a técnica de enfermagem responsável pela supervisão não a acompanhou no procedimento feito. Ela estaria estagiando há apenas 3 dias e afirmou que recebeu a ordem de uma técnica de enfermagem que lhe teria dito : ‘Dá o leite para a paciente na sonda. Pega uma seringa naquele armário e administra o leite.’ 
Enquanto isso, segundo a estagiária, a técnica ficou usando o celular, jogando ou brincando num canto da sala. 
O Conselho Regional de Enfermagem informou que já havia notificado o posto sobre o fato de estagiários estarem trabalhando sem a supervisão de profissionais e que comunicou a infração ao Ministério Público. Só quem pode fazer qualquer procedimento com o paciente é o enfermeiro, o técnico de enfermagem ou o supervisor do estágio. 
3- Utilizando-se das informações contidas no texto a seguir, redija dois parágrafos argumentativos, um acusando e outro defendendo a FMU. 
A universitária Angelita Pinto Caldas, de 26 anos, morreu no dia 23 de agosto de 2012, dentro de uma sala de aula da FMU ( Faculdades Metropolitanas) do Itaim, bairro da zona oeste de São Paulo. 
Ela começou a passar mal, teve uma parada cardíaca e desmaiou. Foi socorrida primeiro pelos colegas e, depois, pelos bombeiros e SAMU. 
Colegas de classe afirmaram que a universidade demorou a se dar conta da gravidade do caso e a chamar o socorro. O marido de Angelita, José Carlos dos Santos, afirma que a instituição não tinha estrutura para atendê-la. Aluna do primeiro ano de Ciências Contábeis, Angelita sofria de arritmia cardíaca e, no intervalo, confidenciou a colegas estar cansada. Ela havia deixado de tomar remédio para a arritmia há cerca de um mês, depois de uma consulta médica. 
O professor de Angelita, Alfredo Melleti, disse que o resgate levou 42 minutos para chegar, mas a universidade afirma ter chamado o socorro três minutos após saber do caso. Uma aluna de outra classe chegou a fazer massagem cardíaca nela, instruída por uma atendente do SAMU. 
O marido disse que vai processar a universidade, pois ela não foi socorrida com um desfribilador, item obrigatório, segundo lei municipal, para instituições de ensino com circulação de mais de 1500 pessoas por dia. ( A FMU tem cerca de 2000 alunos)