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GD 16 Aula 16 DIREITO COLETIVO E GREVE

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GUIA DIDÁTICO: AULA 16
DIREITO COLETIVO DO TRABALHO
1. CONCEITO: 
Segmento do direito do trabalho que regula a organização sindical, a negociação coletiva, os instrumentos normativos decorrentes, a representação dos trabalhadores na empresa e a greve.
2. ASPECTOS HISTÓRICOS
O sindicalismo tem origem nas corporações de ofício da Europa medieval. No século XVIII, durante a revolução industrial na Inglaterra, os trabalhadores oriundos das indústrias têxteis, doentes e desempregados juntavam-se nas sociedades de socorro mútuos; PROMOVENDO UMA REVOLUÇÃO OPERÁRIA.
3. ORGANIZAÇÃO SINDICAL:
A Organização Sindical brasileira prevê estruturação tanto no setor patronal quanto no setor obreiro; e dentre as entidades que pertencem a estas estruturas estão: sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais (lei 11648/2008).
3.1. SINDICATO
Sindicato é a associação de pessoas físicas ou jurídicas que exercem atividade profissional ou econômica, para a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas.
Art. 511. É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas.
FUNÇÕES DO SINDICATO:
a) Representação – defender e coordenar interesses da categoria (judicial e extrajudicial)
b) Negocial – firmar Convenção Coletiva de Trabalho/Acordo Coletiva de Trabalho
c) Econômica – não comercial
d) Política – não partidária
e) Assistencial
3.2. FEDERAÇÕES: 
Entidades sindicais de grau superior, organizadas nos Estados.
Art. 534 - É facultado aos Sindicatos, quando em número não inferior a 5 (cinco), desde que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idênticas, similares ou conexas, organizarem-se em federação. 
 § 1º - Se já existir federação no grupo de atividades ou profissões em que deva ser constituída a nova entidade, a criação desta não poderá reduzir a menos de 5 (cinco) o número de Sindicatos que àquela devam continuar filiados. 
Art. 857 Parágrafo único. Quando não houver sindicato representativo da categoria econômica ou profissional, poderá a representação ser instaurada pelas federações correspondentes e, na falta destas, pelas confederações respectivas, no âmbito de sua representação.
3.3. CONFEDERAÇÕES:
Entidades sindicais de grau superior, organizadas em âmbito nacional, sendo constituídas por pelos menos 3 federações, tendo sede em Brasília. As confederações são formadas por ramo de atividade (Ex: comércio, transporte, indústria,...).
OBS: quando as categorias não forem organizadas em sindicatos, nem em federações, as confederações poderão celebrar acordo e negociação coletiva.
3.4. CENTRAIS SINDICAIS: 
Vale ressaltar que a recente Lei 11.648, de 31 de marco de 2008, reconheceu as centrais sindicais como entidades de representação geral dos trabalhadores, constituídas em âmbito nacional, com as atribuições e prerrogativas de coordenar a representação dos trabalhadores por meio das organizações sindicais a elas filiadas e participar de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e demais espaços de diálogo social que possuam composição tripartite, nos quais estejam em discussão assuntos de interesse geral dos trabalhadores.
As centrais sindicais eram consideradas associações civis de âmbito nacional, sem regulamentação formal e, por conseqüência, sem personalidade sindical.
Podemos mencionar algumas centrais sindicais, dente elas a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Forca Sindical etc.
4. CATEGORIA SINDICAL: PATRONAL E DOS TRABALHADORES
Art. 570. Os sindicatos constituir-se-ão, normalmente, por categorias econômicas ou profissionais, específicas, na conformidade da discriminação do quadro das atividades e profissões a que se refere o art. 577 ou segundo as subdivisões que, sob proposta da Comissão do Enquadramento Sindical, de que trata o art. 576, forem criadas pelo ministro do Trabalho, Indústria e Comércio.
- CATEGORIA ECONÔMICA OU PATRONAL: Art. 511 § 1º A solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas, constitui o vínculo social básico que se denomina categoria econômica.
- CATEGORIA PROFISSIONAL OU DOS TRABALHADORES: art. 511§ 2º A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, compõe a expressão social elementar compreendida como categoria profissional.
Deve-se destacar que a empresa que não tiver uma única atividade, mas várias, o empregado será enquadrado de acordo com a atividade preponderante lá desenvolvida;
Art. 581 § 1º Quando a empresa realizar diversas atividades econômicas, sem que nenhuma delas seja preponderante, cada uma dessas atividades será incorporada à respectiva categoria econômica, sendo a contribuição sindical devida à entidade sindical representativa da mesma categoria, procedendo-se, em relação às correspondentes sucursais, agências ou filiais, na forma do presente artigo. 
 § 2º Entende-se por atividade preponderante a que caracterizar a unidade de produto, operação ou objetivo final, para cuja obtenção todas as demais atividades convirjam, exclusivamente em regime de conexão funcional. 
- CATEGORIA DIFERENCIADA: art. 511 § 3º Categoria profissional diferenciada é a que se forma dos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de estatuto profissional especial ou em conseqüência de condições de vida singulares.
Ex: categorias dos astronautas, professores, motoristas de ônibus, ascensoristas, secretárias,...
5. NATUREZA JURÍDICA DAS ENTIDADES SINDICAIS: 
Atualmente a entidade sindical é pessoa jurídica de direito privado, uma vez que não há possibilidade de nele haver interferência estatal.
6. CRIAÇÃO E REGISTRO DO SINDICATO: 
São 2 registros necessários para sua criação:
Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas ( confere ao sindicato a personalidade jurídica.
Registro no Ministério do Trabalho - confere ao sindicato a “personalidade sindical”. Este ato é vinculado, subordinado apenas à verificação dos pressupostos legais. Art. 8º I da CF:
Art. 8º I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
O MTE é o órgão competente para proceder ao registro de entidades sindicais. A defesa da unicidade sindical é o argumento no qual sustentam-se as decisões proferidas pelo STF.
 
“SÚMULA 677 STF - Até que lei venha a dispor a respeito, incumbe ao Ministério do Trabalho proceder ao registro das entidades sindicais e zelar pela observância do princípio da unicidade."
7. CRITÉRIOS DE AGREGAÇÃO DOS TRABALHADORES POR SINDICATO
 
* Em razão de Ofício ou profissão. (511, § 3º CLT) Vide S.369,III e 374 do TST
* Em razão de Categoria profissional e econômica (511, §§ 1º e 2º CLT)
* Em razão da Empresa
* Em razão do Ramo ou segmento empresarial
8. PRINCÍPIOS DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO:
8.1. P. DA LIBERDADE DE ASSOCIAÇÃO: 
Assegura a liberdade de reunião e associação pacífica de um grupo de pessoas, agregadas por objetivos comuns. Esse direito de reunião deve ser pacífico e sem caráter paramilitar.
Art. 5° - XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenasexigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
8.2. P. DA LIBERDADE SINDICAL: 
Consiste na faculdade que possuem os empregadores e obreiros de organizarem livremente seus sindicatos sem que sofram qualquer interferência. Esse princípio atua de 2 maneiras:
*	Liberdade sindical individual  faculdade do empregado ou empregador possui para, individual e livremente, filiar-se e manter-se filiado ao sindicato representativo da categoria.
Art. 8° V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
*	Liberdade sindical coletiva  possibilidade que possuem os empresários e trabalhadores agrupados, unidos por uma atividade comum, similar ou conexa, de constituir livremente o sindicato representante de seus interesses; ressalvado o Iniciso II do Artigo 8º da CF88.
8.3. P. DA AUTONOMIA SINDICAL: 
Os sindicatos possuem poderes de auto-gestão e administração, sem qualquer intervenção ou controle do Estado. Decorre desse princípio a liberdade dos associados encerrarem livremente as atividades do sindicato – por ato externo para extinguir o sindicato só se aceita por decisão judicial transitada em julgado.
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
8.4. P. DA UNICIDADE SINDICAL 
Um único sindicato representativo dos trabalhadores e dos empresários numa determinada base territorial – monopólio sindical. Vide S.677 STF. Registro sindicatos no Ministério do Trabalho. 
“Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: 
(...)
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;”
9. RECEITAS SINDICAIS (ART. 548 CLT)
Receitas oriundas de associados (não obrigatórias aos não filiados)
 - Contribuição sindical 
 - Contribuição confederativa
 - Contribuição assistencial
 - Mensalidades sindicais
Obs.: A lei 13.467/2017 (reforma trabalhista) retirou a obrigatoriedade da contribuição sindical aos não filiados.
9.1. CONTRIBUIÇÃO SINDICAL
Antes, cobrado de todos os trabalhadores da categoria (associados ou não ao sindicato); hoje, pela Lei 13.467/2017, não é exigível ao não filiado (artigo 578 da Nova CLT). 
Previsão – art. 8º, IV da CF/88 c/c art. 578 a 610 da CLT.
Recolhimento da Contribuição Sindical, devido somente prévia e expressa autorização do empregado:
•	Empregados – remuneração de um dia de trabalho, em março de cada ano (582 CLT)
•	Autônomos e profissionais liberais – importância calculada na forma da NT 05/2004 DO MTE, no mês de fevereiro.
•	Empregadores - importância calculada na forma da NT 05/2004 DO MTE, no mês de janeiro.
9.2. CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA
Suporte financeiro fixado em assembléia geral, exigível unicamente dos associados da categoria.
Previsão – art. 8º, IV CF e 548, b, CLT. Vide Portaria 160/2004 MTE. – ADI 3206
Empregador faz o desconto em folha. Para não associados deve haver anuência expressa.
9.3. CONTRIBUIÇÃO ASSISTENCIAL
Suporte financeiro previsto em convenção coletiva, acordo coletivo ou sentença normativa exigível de associados.
Contribuição confederativa ≠ Contribuição assistencial
Todavia, ambas as contribuições são tratadas do mesmo modo. S. 666 STF, OJ 17 SDC, PN 119 TST)
9.4. MENSALIDADE SINDICAL
Suporte financeiro previsto no estatuto dos sindicatos e exigível dos associados em decorrência da agremiação.
Finalidade – garantir vantagens corporativas extensíveis aos dependentes do associado, como o acesso a clubes ou a espaços de lazer e entretenimento.
10. NEGOCIAÇÃO COLETIVA DE TRABALHO
10.1. CONFLITOS COLETIVOS DE TRABALHO
É O CONFLITO ORIUNDO DA RELAÇÃO DE TRABALHO, O QUAL, DE UM LADO, ENVOLVE UM GRUPO DE TRABALHADORES, VISTO DE FORMA ABSTRATA, E DE OUTRO, UM GRUPO DE EMPREGRADORES OU UM ÚNICO EMPREGADOR. (Jorge Neto/Cavalcante)
10.2. MODELO LEGISLADO E MODELO NEGOCIADO
10.2.1. LEGISLADO
Dirigismo do Estado – proteção mínima e irrenunciável do trabalhador
Exemplo: Constituição Federal, Leis, etc.
10.2.2. NEGOCIADO
Margem Negocial da relação de trabalho
Modelo abstencionista do Estado – Mais democrático e pluralista
Previsão constitucional (Art. 7º CF)
“Artigo 7º, CRFB – São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...)
Inciso VI – irredutibilidade salarial, salvo o disposto em negociação coletiva.
(...)
Inciso XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva.
(...)
Inciso XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho.”
O fundamento de validade da negociação coletiva é a lei estatal, ou a tolerância do Estado. Como prova irrefutável dessa validade, cita-se a Constituição Federal em seu artigo 7º, inciso XXVI, que reconhece as convenções ou acordos coletivos como fontes normativas trabalhistas, a saber:
“Artigo 7º, CRFB – São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...)
XXVI – reconhecimento de convenções ou acordos coletivos de trabalho;”
Exemplo: Convenção e Acordo Coletivo de Trabalho (ajuste entre sindicato de trabalhadores e empregadores ou empresa)
10.3. FLEXIBILIZAÇÂO
Dilema da proteção do hipossuficiência x Função social da empresa
Diferença entre Flexibilização (adequação da norma à realidade das partes - permitido) e Desregulamentação (não cria ou retira norma – vedado por força constitucional) 
10.3.1. ADEQUAÇÃO SETORIAL NEGOCIADA
Flexibilizar o rigor legal para a realidade de cada categoria, profissão ou região do país.
 VANTAGENS MÚTUAS – FAVORECE INTERESSES DO EMPREGADO E DO EMPREGADOR:
 
* As vantagens não se limitam à concessão de piso salarial diferenciado ou benefícios ao trabalhador, mas permite também que o empregador promova a desoneração tributária sobre benefícios ofertados aos trabalhadores, bem como a implantação de flexibilização de jornada de trabalho (Banco de Horas, redução de jornada, redução salarial em casos de crise, Lay-off, jornada diferenciada como a escala 12x36, entre outros).
10.3.3. AUTONOMIA COLETIVA PRIVADA
Busca interesse de grupo, de categoria.
Possibilidade de criação de normas no âmbito trabalhista, o que não seria permitido, em regra, para a autonomia individual privada.
10.4. LIMITES DA NEGOCIAÇÃO COLETIVA (Lei 13 467/2017)
As partes possuem liberdade para negociação coletiva tendo em vista o restabelecimento do equilíbrio quando presentes a empresa e o sindicato (representando os trabalhadores).
Sempre ocorreu questionamento, digo, restrição a esta liberdade de negociação em função da elevação dos direitos trabalhistas ao status de direitos fundamentais essenciais à proteção da dignidade humana, a negociação coletiva possui restrições de implementação quando o objeto do ajuste versar sobre SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA do trabalhador; assim, atribui-se proteção a estes direitos indisponíveis.
Como exemplo, não poderá a categoria autorizar o Sindicato a renunciar o fornecimento de Equipamento de Proteção (Luva, capacete, botas, etc) objetivando obter conversão em aumento salarial. Trata-se de direito indisponível.
A lei 13.467/2017 resolveu delimitar esta restrição, não deixando a cargo de interpretação judicial sobre o que pode ser negociado entre empregadose empregadores pela via coletiva. Vejamos o que é permitido negociar (ARTIGO 611-A) e o que não pode ser negociado (ARTIGO 611-B).
“Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: 
I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais; 
II - banco de horas anual; 
III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas; 
IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei no 13.189, de 19 de novembro de 2015; 
V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança; 
VI - regulamento empresarial;
 VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho; 
VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente; 
IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho individual; 
X - modalidade de registro de jornada de trabalho; 
XI - troca do dia de feriado; 
XII - enquadramento do grau de insalubridade; 
XIII - prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho; 
XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas de incentivo; 
XV - participação nos lucros ou resultados da empresa. 
(..)”
 
“Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos: 
I - normas de identificação profissional, inclusive as anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social; 
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; 
III - valor dos depósitos mensais e da indenização rescisória do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); 
IV - salário mínimo; 
V - valor nominal do décimo terceiro salário; 
VI - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; 
VII - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; 
VIII - salário-família; 
IX - repouso semanal remunerado; 
X - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% (cinquenta por cento) à do normal; 
XI - número de dias de férias devidas ao empregado; 
XII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; 
XIII - licença-maternidade com a duração mínima de cento e vinte dias; 
XIV - licença-paternidade nos termos fixados em lei; 
XV - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; 
XVI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; 
XVII - normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho; 
XVIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas; 
XIX - aposentadoria; 
XX - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador; 
XXI - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; 
XXII - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador com deficiência; 
XXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; 
XXIV - medidas de proteção legal de crianças e adolescentes; 
XXV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso; 
XXVI - liberdade de associação profissional ou sindical do trabalhador, inclusive o direito de não sofrer, sem sua expressa e prévia anuência, qualquer cobrança ou desconto salarial estabelecidos em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho; 
XXVII - direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender; 
XXVIII - definição legal sobre os serviços ou atividades essenciais e disposições legais sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade em caso de greve; 
XXIX - tributos e outros créditos de terceiros; 
XXX - as disposições previstas nos arts. 373-A, 390, 392, 392-A, 394, 394-A, 395, 396 e 400 desta Consolidação. 
Parágrafo único. Regras sobre duração do trabalho e intervalos não são consideradas como normas de saúde, higiene e segurança do trabalho para os fins do disposto neste artigo.” 
10.5. FUNÇÕES DA NEGOCIAÇÃO COLETIVA
Função Jurídica (criação de normas)
Função Obrigacional (criação de direitos)
Função Política (diálogo)
Função Social (busca de equilíbrio com a parte empregadora)
Função Pedagógica (troca de experiências)
10.6. PRINCÍPIOS DA NEGOCIAÇÃO COLETIVA
10.6.1. AUTONOMIA COLETIVA
- Deriva da Liberdade Sindical
- Absoluto ou relativo? (não afrontar direitos e garantias constitucionais)
10.6.2. CONTRAPOSIÇÃO
- Contraditório – Direito de manifestação
10.6.3. PAZ SOCIAL
- Apaziguamento dos ânimos
- Pacificação dos conflitos
10.6.4. TRANSPARÊNCIA
- Confiança recíproca
- Medidas de proteção e promoção ao acesso à informação (OIT)
10.6.5. RAZOABILIDADE
Bom senso e compreensão
10.6.6. IGUALDADE
Partes envolvidas no processo de negociação coletiva
10.6.7. INESCUSABILIDADE NEGOCIAL
Entidade Sindical não pode se negar ao entendimento, sem consulta, sob pena de responsabilidades.
10.6.8. DA ATUAÇÃO SINDICAL
Para obtenção de validade de negociação entre empregados e empregadores, após a Lei 13.467/2017, reforçou-se a idéia de não obrigatoriedade de participação do sindicato dos trabalhadores na negociação coletiva (artigo 8º, VI CF). Vejamos:
Art. 625-A. As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com representante dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho.  
Vejamos regras anteriores e ainda vigentes:Exceção:
a - Artigo 611, § 1º CLT – não obrigatória representação sindical do empregador (a ferramenta do Acordo Coletivo do Trabalho ocorre entre empresa ou empresas e sindicato dos trabalhadores)
b – Artigo 617, § 1º CLT – possibilidade de empregados atuarem diretamente.
10.7. CONVENÇÃO E ACORDO COLETIVO DO TRABALHO: INSTRUMENTOS DE NEGOCIAÇÃO COLETIVA DE TRABALHO
A convenção coletiva é instrumento normativo pactuado entre sindicato da categoria profissional (trabalhadores), com o sindicato da categoria econômica (patronal). 
Já o acordo coletivo é instrumento normativo pactuado entre o sindicato da categoria profissional (trabalhadores) diretamente com uma ou mais empresas. 
Art. 611 - Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho.  
        § 1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das acordantes respectivas relações de trabalho. 
        § 2º As Federações e, na falta desta, as Confederações representativas de categorias econômicas ou profissionais poderão celebrar convenções coletivas de trabalho para reger as relações das categorias a elas vinculadas,não organizadas em Sindicatos, no âmbito de suas representações.
10.8. EFEITOS DA NEGOCIAÇÃO COLETIVA:
CONTRATUAL ( é fruto de um acordo de vontades entre os celebrantes do instrumento normativo
NORMATIVA ( pois tem efeito erga omnes, gerando direitos e obrigações para todos os integrantes das categorias profissionais e econômicas, mesmo aos não associados.
10.9. NEGOCIAÇÃO COLETIVA: PROCEDIMENTO
Formalidade para conferir função normativa (Arts. 613 e segs. CLT)
“Artigo 7º, CRFB – São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...)
XXVI – reconhecimento de convenções ou acordos coletivos de trabalho;”
10.9.1. REQUISITOS DE VALIDADE E FORMALIDADES:
A) CONVENÇÃO COLETIVA É ATO FORMAL, DEVENDO SER CELEBRADO POR ESCRITO
B) FIRMADA POR ENTIDADE COM CAPACIDADE SIDICAL
C) QUORUM DE VOTAÇÃO PARA CELEBRAR CONVENÇÃO OU ACORDO COLETIVO: 
Art. 612 - Os Sindicatos só poderão celebrar Convenções ou Acordos Coletivos de Trabalho, por deliberação de Assembléia Geral especialmente convocada para esse fim, consoante o disposto nos respectivos Estatutos, dependendo a validade da mesma do comparecimento e votação, em primeira convocação, de 2/3 (dois terços) dos associados da entidade, se se tratar de Convenção, e dos interessados, no caso de Acordo, e, em segunda, de 1/3 (um terço) dos mesmos. 
Parágrafo único. O "quorum" de comparecimento e votação será de 1/8 (um oitavo) dos associados em segunda convocação, nas entidades sindicais que tenham mais de 5.000 (cinco mil) associados.
E) DEPÓSITO E REGISTRO NA SRTE – SECRETARIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO: 
F) PRAZO DE VALIDADE – 2 ANOS. 
10.10. NEGOCIAÇÃO COLETIVA DE TRABALHO no setor público:
Empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica ( é perfeitamente possível a existência de CC e AC para tais setores, devendo ser aplicadas aos respectivos empregados públicos (art. 173 §1° II da CF).
Servidores públicos estatuários ( a CF no art. 39 §3° não assegurou o direito de CC e AC aos servidores públicos.
Empregados públicos da administração direta e os demais entes da administração indireta ( NÃO é possível a aplicação de tais instrumentos, pois os vencimentos são fixados por lei de iniciativa do chefe do executivo. Além do mais, não pode celebrar CC por não ser “categoria econômica”, nem celebrar AC por não ter força de lei tal instrumento para vincular a Administração Pública.
11. DIREITO DE GREVE 
Greve é a paralisação coletiva e temporária do trabalho a fim de obter, pela pressão exercida em função do movimento, as reivindicações da categoria, ou mesmo a fixação de melhores condições de trabalho.
11.1. PREVISÃO CONSTITUCIONAL
O direito de greve é assegurado aos trabalhadores, devendo esses decidirem sobre a oportunidade de o exercer e sobre os interesses que devam por meio dele defender (art. 9.º da CF/1988 e art. 1.º da Lei 7.783/1989).
11.2. REQUISITOS PARA INSTAURAR GREVE (LEGALIDADE)
I - Frustração da negociação coletiva: a cessação coletiva do trabalho somente poderá ser realizada após a frustração da negociação coletiva ou impossibilidade de recurso via arbitral (art. 3.º).
II - Necessidade de realização de assembléia prévia: caberá ao sindicato da categoria profissional convocar assembléia geral para definir as reivindicações da categoria e a paralisação coletiva (art. 4.º).
III – Comunicação prévia: o sindicato patronal e a empresa interessada serão avisados da greve com antecedência mínima de 48 horas (art. 3.º, parágrafo único), caso seja atividades essenciais, com antecedência mínima de 72 horas.
11.3. DAS ATIVIDADES ESSENCIAIS: 
* são consideradas atividades essenciais: tratamento e abastecimento de água, produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustível; assistência médica e hospitalar; distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; funerários; transporte coletivo; captação e tratamento de esgoto e lixo; telecomunicações; guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; processamento de dados ligados a serviços essenciais; controle de tráfego aéreo e compensação bancária (art. 10).
• Prestação dos serviços indispensáveis à comunidade nos serviços ou atividades essenciais: nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, sendo consideradas aquelas que, se não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a saúde ou a segurança da população (art. 11 e respectivo parágrafo único).
* Comunicação da greve nos serviços ou atividades essenciais: na greve em serviços ou atividades essenciais, ficam as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obrigados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários, com antecedência mínima de 72 horas da paralisação (art. 13).
11.4. DIREITO DOS GREVISTAS: 
* são assegurados aos grevistas o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à greve, à arrecadação de fundos e à livre divulgação do movimento (art. 6.º).
• Livre adesão à greve: as manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa.
11.5. LOCKOUT 
Frustração de movimento pelo empregador: 
* é vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento (art. 6.º, § 2.º).
11.6. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO: 
* A greve sempre suspende o contrato de trabalho, devendo as relações obrigacionais do período ser regidas por acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho (art. 7.º).
11.7. ABUSO DO DIREITO DE GREVE: 
* Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na Lei 7.783/1989, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho, salvo descumprimento de cláusula de instrumento normativo ou mesmo pela superveniência de fato novo ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho (cláusula rebus sic stantibus) (art. 14 e respectivo parágrafo único).
11.8. RESPONSABILIDADE PELOS ATOS PRATICADOS: 
* A responsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou crimes cometidos, no curso da greve, será apurada, conforme o caso, segundo a legislação trabalhista, civil ou penal (art. 15).
11.9. ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PUBLICO DO TRABALHO
Impende destacar que o Ministério Público do Trabalho, em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito, conforme previsto no art. 114, § 3.º, da CF/1988, com redação dada pela Emenda Constitucional 45/2004.
Assim, em especial nas atividades essenciais à comunidade, afasta-se a possibilidade de conluio entre empregador e empregados para obtenção de majoração dos preços públicos; penalizando a sociedade que é usuário do serviço essencial.
FONTES:
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 6ª Ed., São Paulo: LTr, 2007.
JORGE NETO, Francisco Ferreira; CAVALCANTE, Jouberto de Quadros. Direito do Trabalho. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2013.
MARTINS, Sérgio Pinto. Curso de Direito do Trabalho. 8 ed. São Paulo. Ed. Atlas. 2015.
MARTINS FILHO, Ives Granda da Silva. Manual esquemático de direito e processo do trabalho. 24 ed. São Paulo. Saraiva. 2017.
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 19ª ed. São Paulo: LTr, 2003.
PAULO, Vicente. Manual de Direito do Trabalho. 14.ed. Rio de Janeiro: Forense; SãoPaulo: Método. 2010.
SARAIVA, Renato. Direito do Trabalho. Versão universitária. 4ª ed. São Paulo: Método, 2011.
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