Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Estudo Dirigido II Filosofia - PROVA 02 -LUÍS ANTONIO 1)Palamedes================================================= 1) Como Palamedes se defendeu? Palamedes começa discorrendo sobre o fato de Ulisses o acusar baseado em suposições e não na verdade. Em seguida Palamedes nega a existência de um encontro ou pacto em troca de garantias exaltando a impossibilidade de provas por parte do acusador. Ressalta também o fato de que nem se quisesse e pudesse, trairia os gregos, já que não teria motivos para tal ato, uma vez que já possuía riquezas e não havia nada que justificasse tal traição. Neste momento, Palamedes passa a demonstrar suas qualidades com o objetivo de comprovar a veracidade de sua reputação e dirigindo-se aos juízes, solicita que estes não prestem atenção à palavras e sim aos fatos. Dentro de todo este contexto, pode-se entender que Palamedes pautou sua defesa na ausência de fatos que comprovassem a acusação. Ele provou, em sua defesa, que Ulisses o acusou pautado em opinião e suposição, sem apresentar nenhuma prova ou testemunha de tal traição, ou seja, Ulisses supôs e em seguida o acusou, mas não sustentou a acusação com provas e fatos. Palamedes recorre ao absurdo da tese oposta, isto é, prova por redução ao absurdo, como, por exemplo: SE ele (Palamedes) enriqueceu durante a guerra, porque o faria já que era rico antes dela? Não se econtrou com Príamo, mas SE tivesse se encontrado, deveria haver tradutores; Não recebeu garantias, mas SE fosse em dinheiro, alguém o teria transportado 2) Quais argumentos ele se utilizou? >falta de provas > falta de motivos para trair > falta de necessidade para trair > reputação intocável > não temer a morte 3) Qual é a relação do texto de Palamedes com o Elogio de Helena? A defesa de Palamedes foi gerada a partir de registros retóricos, assim como o Elogio de Helena traz uma defesa pautada no exímio de culpa. Estes textos chamados de exercícios de retórica visam a semelhança e uma relação entre os dois, no sentido de que os dois sofrem acusações baseadas em suposições e não na verdade. Nos dois textos o defensor busca argumentação, a verdade e vencer. No Elogio de Helena o discurso vem como principal ato persuasivo, já na defesa de Palamedes vem a verdade. Neste contexto, há uma argumentos no sentido de não haver provas concretas e nem testemunhas e que tudo não passa de meras suposições. 2) Críton==================================================== 1) Qual é a máxima socrática na prisão e qual sua importância? JUSTICA E INJUSTIÇA, ONDE SOCRATES PREFERE SOFRER UMA INJUSTIÇA DO QUE COMETE-LA, POR TAL ESTARIA AGINDO DE FORMA JUSTA E CONFORME AS LEIS. A máxima socrática na prisão consiste na idéia de justiça e injustiça, onde Sócrates, em seu diálogo com Críton se recusa a fugir da prisão, quando este se oferece para financiar a fuga. Sócrates diz que não responderia a injustiça sofrida cometendo outra injustiça. Sócrates entende que é um mal menor sofrer injustiça do que cometê-la (cometer injustiça é um mal maior) e se recusa a deixar de expor suas idéias em troca de uma liberdade comprada. A importância dessa máxima se dá pela idéia de justiça pautada no ideal, de se pautar em seus próprios princípios e não no da maioria. Não retribuir a injustiça com mais injustiça, pois para ele (Sócrates) sair da prisão seria uma injustiça. 2) Porque Sócrates não quis fugir da prisão? Sócrates se pauta na idéia justiça, ele aceita o julgamento, pois negá-lo seria como abandonar seus próprios princípios simplesmente por estar preso e condenado. Ainda, se fugisse, para onde iria? No exílio seria perseguido e não poderia expor suas idéias. Fugindo estaria traindo a cidade que lhe deu abrigo e gerou seus filhos, estaria contra as Leis da cidade, estaria cometendo uma injustiça contra a cidade. 3) Quais são os princípios que Sócrates segue? Sócrates segue o princípio de escutar e agir conforme si mesmo, ignorando as Leis alheiras. Defende que este princípio consiste a verdade e com ele defende a liberdade de falar e questionar, pois não adianta estar livre e não poder defender suas próprias idéias. 3) Apologia de Sócrates======================================== 1) Qual é a principal tarefa que Sócrates segue durante a sua vida? POR AFIRMAREM QUE SOCRATES É SÁBIO, ELE SAI A PROCURA DE UMA PESSOA SABIA, ELE NAO SE CONSIDERA SABIO (ELE ENCONTRA PESSOAS PIORES). PARA ELE UMA PESSOA SÁBIA ERA AQUELA QUE NÃO SE CONSIDERAVA SABIO E PROCURAVA SEMPRE PELO CONHECIMENTO/APRENDIZADO. PROCURAVA REFUTAR O ORACULO E OS OUTROS. Como filósofo de fato, Sócrates pauta sua vida defendendo a idéia de viver de acordo com suas próprias idéias e não se influenciar pelas idéias dos outros. Era sábio por julgar-se ignorante e buscava a liberdade de saber e se expressar. Era um grande investigador, passou a vida filosofando e em busca do saber e por isso teve uma vida pobre já que não buscou adquirir bens (não era sofista). 2) O que Sócrates mais teme na sua vida? A morte ou a desobediência? SOCRATES TEME A DESOBEDIENCIA. ELE PREFERE MORRER DO QUE DESOBEDECER, AFIRMA QUE SE DESOBEDECER/FUGIR ESTARÁ DESOBENDENCENDO AS LEIS. ALÉM DO QUE A MORTE É ALGO DESCONHECIDO. Sócrates não temia a morte. Morrer para ele poderia ser bom já que depois de morto poderia se expressar suas idéias sem medo de ser julgado pelos homens. Temia, sim, uma desonrada vida pela desobediência aos Deuses, que o levou a defender o exercício da filosofia já que acreditava nessa premissa. 3) Por que Sócrates acredita estar certo em relação à defesa que ele fez? SOCRATES PREFERE DEFENDER OS SEUS PRINCIPIOS/A SUA VERDADE, POR TAL PREFERE SOFRER A INJUSTIÇA DO QUE COMETÊ- LA. O SEU PRINCIPIO/MORAL/ETICA É SEGUIR AS LEIS (MÁXIMA DE SOCRATES). ELE TINHA O DOM DA PALAVRA E PODERIA CONVENCER, MAS PREFERE PAGAR/SE SUBMETER. ELE REFUTOU OS SOFISTAS, E PASSARAM A ODIAR SOCRATES E COMO DETIAM O PODER MANDARAM PRENDÊ-LO. Sócrates acreditava esta falando baseado na verdade. Acreditava na persuasão da verdade e acreditou que esta o salvaria. Foi julgado por não esconder o que sabia e por acreditar que não havia motivos para ser acusado. Acreditava que, ao invés de suplicar pela absolvição, era mais fácil procurar instruir e convencer o juiz, já que ele foi nomeado para julgar segundo as Leis. 4) Qual é a causa última da acusação de Sócrates? O MESMO REFUTOU QUEM DETINHA O PODER E ENSINAVA/DAVA AULA SEM COBRAR. OS SOFISTAS ERAM CONTRÁRIOS A SOCRATES. SE ENSINO O MAU, UMA HORA SOFREREI/ME REFLETE O MAU. Foi a tentativa de refutar o oráculo. Para isso Sócrates saiu questionando os outros para encontrar alguém mais sábio do que ele. Sócrates era mais sábio por admitir que nada sabia e por isso não consegue refutar o oráculo. Para Sócrates, a batalha de refutar o oráculo dura toda a sua vida. Há um saber decorado, mas se alguém te questiona, você não consegue responder. 5) Para Sócrates a morte é um bem? SIM. POIS TRATA DA IMORTALIZAÇÃO E DESCANSO DA ALMA, É ALGO DESCONHECIDO (FORMA DE CONHECER O NOVO), PODERÁ ENCONTRAR OS DEUSES E OS INJUSTIÇADOS (NO ADES - CONVERSARA COM OS INJUSTIÇADOS, CONTINUAVA PROCURANDO PELO SABIO) Para Sócrates, a morte é um bem maior, pois morrendo não sofrerá perturbações nem sensações ruins, além da possibilidade de encontrar com os Deuses e outros heróis que também foram injustiçados. Acreditava que depois da morte, teria liberdade para questionar, interrogar e filosofar, pois onde estivesse não haveria quem o matasse por isso já que lá todos são imortais. Ao homem de bem nenhum mal pode acontecer navida nem na morte, e que os deuses não se descuidam de seu destino, é melhor para mim (Sócrates) morrer agora e ficar livre de canseiras. 6) Por que diziam que Sócrates era irônico? A IRONIA ERA O FATO DE ELE SER VISTO PELOS OUTROS COMO SÁBIO, SENDO QUE ELE SE DIZIA NÃO DETER A SABEDORIA, DE NÃO SER UM SÁBIO. ELE SE ESFORÇA PARA PROVAR QUE OS OUTROS ACHAM QUE SABEM, MAS NÃO SABEM. - A ironia que Sócrates usava ser relacionava com o método de perguntar sobre algo que estava sendo discutido, para delimitar um conceito e conseguir contradizê-lo e refutá-lo. Etimologicamente, ironia significa perguntar. Sócrates perguntava com a intenção de purificar seu interlocutor. Usava a maiêutica (dar luz a algo), como sua mãe que era parteira (parturejar). Usando da ironia (perguntas) e da maiêutica (abandono dos pré-conceitos e passar a refletir por si mesmo), Sócrates acabou adquirindo vários inimigos, pois muitos se sentiam constrangidos perante os questionamentos. Sócrates nesta linha de filosofia passou a ser visto como se soubesse de algo e não queria compartilhar seu conhecimento. 4) Kant===================================================== Imperativo Categórico : o que vou fazer pode ser transformado em legislação universal ? (moral e correto - resolução de conflito interno).Em Kant o dever é a necessidade de uma ação por respeito à lei. E uma ação por dever (dever moral que surge durante a adversidade/dúvida - Ex.: estou de regime, devo comer ou não comer. CULPA! AUTOCONTROLE - DEVER MORAL DE FAZER BOA AÇÃO - FAZER SEM ESPERAR RECONHECIMENTO/PRAZER, FAZER PELO BEM) elimina todas as inclinações (todo o objeto da vontade), e, portanto, só resta à vontade obedecer à lei prática (baseada na máxima universal), pois trata-se de um princípio que está ligado à vontade. O valor moral da ação não reside no efeito que dela se espera, pois o fundamento da vontade é a representação da lei e não o efeito esperado (uma boa vontade não é boa pelo que promove ou realiza, mas pelo simples querer, em si mesma). A ética kantiana é a ética do dever, autocoerção da razão, que concilia dever e liberdade. O pensamento do dever derruba a arrogância e o amor próprio, e é tido como princípio supremo de toda a moralidade. A) Os 3 exemplos de Kant para explicar o que é o dever? (JUÍZOS DA MORAL - sintéticos) *Juízo Analítico a priori - Não acrescenta nada ao sujeito, é o que é. Ex.:todo trinagulo possui três lados. Enquanto o sintético acrescenta algo. Ex.: a garrafa é verde, acrescenta, pois nem toda garrafa é verde *Juízo Sintético a posteriori - após a experiência, vc faz pelo pessoal/pelo prazer/fama *Juízo Sintético a priori - antes da experiência, vc faz para o bem universal (Kant) B) Objetivo da moral em Kant? Sintético a posteriori - após a experiencia, vc faz pelo pessoal/pelo prazer Sintético a priori - antes da experiência, vc faz para o bem universal (Kant) É o dever e não o prazer, sua máxima é que a ação seja universal e não pessoal ( ou seja, que agrade a todos - EX.: doar sangue para alguém que vc não conheça é feita pelo dever e não prazer - pelo universal e não pelo prazer pessoal) C) Como o dever de Kant pode ser visto em relação com atitude/ação de Sócrates na prisão? Sócrates agiu sem saber em acordo ao objetivo do dever e não do prazer de Kant (imperativo de Kant), ele queria ensinar a todos a sua máxima, não queria cometer injustiça e não foge quando o chamam para fugir(Criton Chamou). 1) O que é, afinal, o esclarecimento para Kant? SAÍDA DA MENORIDADE SEM DEPENDER DOS OUTROS, UMA VONTADE LIVRE (AUTONOMIA - VC CRIAR E SEGUIR AS PRÓPRIAS LEIS - NÃO TEMOS O CONTROLE DAS NOSSAS VONTADES - O PROFESSOR ENSINA ISSO). NA VIDA SEGUIMOS AS ORDENS DOS OUTROS, SUBMETEMOS O NOSSO PENSAMENTO AO PENSAMENTO DOS OUTROS (TODO HOMEM TEM A SUA MÁXIMA E SEGUE ALGO). MAS KANT DEFENDE UM PENSAMENTO LIVRE/AUTÓNOMO, QUE SABEMOS O QUE É MELHOR MAS MUITAS DAS VEZES NÃO SEGUIMOS. EX.: O CRIMINOSO COMETE O CRIME SABENDO O QUE FAZ, SABE QUE SUA AÇÃO NÃO É BOA. É a saída do homem de sua menoridade para a maioridade, ou seja, o homem sai do estado de prisão para pensar por si, vencer a preguiça e a covardia para superar dos dogmas e os preconceitos. É sair do estado de acomodação, da zona de conforto, romper os grilhões da menoridade e assumir os riscos de pensar por si mesmo, pois a menoridade moral não ter permite que o homem tome suas próprias decisões. Se ficar na menoridade implica numa sensação de prazer, mas também de prisão, logo é confortável ficar na menoridade, chega-se a ter um certo amor por ela. Logo, entrar para a maioridade é doloroso, pois fazer o uso público de suas razões implica em enfrentar os próprios medos e os preconceitos e ter a liberdade de usar sua própria razão em todas as questões da consciência moral e sem culpa. 2) O que é ousar saber para Kant? Devemos ousar saber (sapere aude), segundo Kant! 3) Qual é o paradoxo da liberdade em Kant? Podemos falar em liberdade em si mesmo (vetor de projeção e de entrega - dever moral'), o paradoxo da liberdade consiste em que, para que a vida atinja realmente o cume de sua realização, é preciso fazer um esvaziamento de mim mesmo e uma abertura amorosa para os outros. 4) Qual é o poder que todos os homens possuem? Por que os homens não exercem seus poderes? É possível fazer da restrição da liberdade civil a condição para a liberdade de espírito de um povo? Kant coloca no seu profundo texto “Resposta à pergunta: Que é esclarecimento?” questões procedimentais do homem na busca de seu esclarecimento (“Aufklärung”) enquanto ser, e que ele define como sendo algo da sua época. A análise a partir do qual, logo no início do texto, Kant nos diz que “a preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens,…, continuem… de bom grado menores durante toda a vida”, indica que para se atingir o progresso, o esclarecimento, algo deverá ser feito pelo buscador. A tendência dos homens e mulheres é manterem-se na inatividade, inertes e centrados na busca do que entende ser o melhor, mas apenas para si e não para toda a comunidade. Kant afirmava que os homens chegam mesmo a “criar amor” por sua menoridade, e que mesmo as fórmulas do uso racional são “grilhões” para se manter os homens nesse estado. Kant, porém, diz que a liberdade é um fator que pode tornar perfeitamente possível o esclarecimento. Vejamos. Todos podem alcançar as luzes sobre qualquer assunto, embora a grande maioria, segundo Kant neste texto, não queira praticar ou desenvolver tal condição moral, seja por comodismo, oportunismo, medo ou preguiça. Em seu processo social de formação todo indivíduo vive uma situação de menoridade em algum momento ou fase de sua vida. Aqui, a menoridade é natural, pois se confunde com imaturidade, talvez como a imaturidade da semente em relação à árvore que ela pode vir a ser, já que nenhuma pessoa nasce pronta. Kant questiona aquelas autoridades, como as religiosas, que através do medo ou do constrangimento aprisionam os sujeitos em menoridade quando já teriam condições intelectuais de não estar nessa situação. Logo, ser esclarecido não é apenas ter um "profundo" conhecimento sobre algum assunto, mas unir tal passo com a conquista da autonomia – este sim, um passo moral fundamental, mas apenas dado por uma minoria dos homens. Todos, potencialmente, podem "esclarecer-se", já que possuem capacidade de pensar, mas nem todos conseguem superar o medo, a preguiça ou o interesse particular para alcançar a condição de esclarecimento. Ou podem adiar tal condição. Kant apenas adverte que não cabe a renúncia ao esclarecimento, de si e principalmente dosdemais, pois seria “ferir e calcar aos pés os sagrados direitos da humanidade”. A questão da liberdade aqui surge como exigência para o esclarecimento. Temos a liberdade mais inofensiva, e que é o uso público da razão. E neste ponto começa a notar-se uma resposta à questão acima, quando Kant nos coloca: “Qual limitação não impede o esclarecimento, mas o favorece?” O filósofo nos responde que é no uso público da razão humana, que sendo sempre livre, levará a luz para entre os homens. Ou seja, quando um homem tenha atingido um grau de sabedoria fará assim uso de sua razão para um público já letrado, o que Kant chama de “verdadeiro público”. Ou seja, o mundo levando a sociedade a uma melhor condição, tal qual aquela que ele mesmo atingiu. A obediência aparece como necessária para que um governo funcione nas suas atividades para o povo, mantendo desta forma organizado o Estado em suas finalidades públicas. Kant descreve os exemplos da obrigação do sacerdote em fazer seu sermão, ou quando o cidadão não deve recusar a pagar seus impostos, ou mesmo o subalterno que não deve questionar as ordens militares de seus superiores. Existe uma ordem lógica kantiana para se chegar racionalmente na liberdade. Temos a liberdade de criticar as coisas em relação às quais estamos aptos pelo saber, porém, somente quando se vive uma condição de autonomia funcional, condição para o uso público moralmente aceitável da razão. Ressalva-se que, enquanto sábio em seu agir, tem também o dever, e é sua obrigação, em fazer conhecer do público quando surge o erro em seu âmbito de atuação. A obediência à razão verdadeira de Kant não afasta o esclarecimento, apesar de parecer que ele demonstre a existência de “tutores”, e com isso, de uma hierarquia funcional entre os homens. Tais sabedores de suas funções tiveram a liberdade de atingir este estado, e continuam com a liberdade de passar ao mundo seu conhecimento com a atuação da verdade e da razão. Em relação direta à questão proposta acima, talvez seja possível fazer da restrição da liberdade civil uma condição para a liberdade de espírito de um povo. Kant mostra a obediência e a hierarquia que muitas vezes surge como um fator para a manutenção da ordem pública. Isso nos faz pressupor que a educação seja a maneira de se manter em cada ambiente, em cada situação, as condições para que os homens e mulheres atinjam o esclarecimento de seu ser e que transbordará para o restante do povo (mundo). No antepenúltimo parágrafo Kant escreve: “Os homens se desprendem por si mesmos progressivamente do estado de selvageria, quando intencionalmente não se requinta em conservá-los nesse estado”. O próprio Kant enxergava que não seria lícito a um Estado livre ousar a sair de uma dessas condições – o que ele mesmo chamou de “um paradoxo”: quando um povo tem um grau maior de liberdade civil surgem limites que ele chama de intransponíveis, obediência a regras e leis para que a ordem seja mantida. Os homens públicos através do seu saber são marcadamente atuantes. E um grau menor a liberdade civil permite o espaço para uma maior expansão das atitudes do povo, guiados que são pelas regras e pela obediência a elas. A maior restrição permite o controle do estado vazio ou insuficiente de razão. Kant acredita que, neste último caso, o povo seja cada vez mais capaz “de agir de acordo com a liberdade”, chegando mesmo a atuar no governo do Estado através dos princípios que o mantém. Isso porque o homem chegou a um novo estado de si: ele é esclarecido, e não mais uma simples máquina. Talvez Kant queira mostrar também, com tal frase, a última do texto, que apesar de vigorar na Europa de sua época a idéia de que tudo poderia ser explicado e determinado com a razão e o saber científico, o homem teria condição de ser colocado em uma posição diferente na escala natural. Com a possibilidade de um Estado justo (liberal e onde haveria a liberdade para as escolhas individuais), sainda assim da "menoridade" e atingindo a "maioridade" com o conhecimento, sem depender das instituições externas para tal fim. Devemos ousar saber (sapere aude), segundo Kant!
Compartilhar