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P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S UNIDADE 1 ACIDENTES DE TRABALHO OBjETIvOS DE ApRENDIzAgEm A partir desta unidade, você será capaz de: compreender tecnicamente o conceito prevencionista de acidente; identificar as causas dos acidentes; investigar acidentes; identificar as causas de acidentes a serem eliminadas. TÓpICO 1 – CONCEITO E CARACTERIzAÇÃO TÓpICO 2 – LEvANTAmENTO DAS CAUSAS DE ACIDENTES TÓpICO 3 – INvESTIgAÇÃO DE ACIDENTES TÓpICO 4 – ANÁLISE DE ACIDENTES DE TRABALHO pLANO DE ESTUDOS Esta unidade está dividida em quatro tópicos, sendo que no final de cada um deles, você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conteúdos estudados. P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S CONCEITO E CARACTERIzAÇÃO 1 INTRODUÇÃO TÓpICO 1 UNIDADE 1 Desde os tempos antigos, o homem tem desenvolvido atividades e ferramentas (faca, fogo etc.) que apresentam riscos potenciais e que podem se materializar causando acidentes com lesões pessoais ou perdas materiais. Registros esparsos relatam que já na Antiguidade havia o conhecimento de que algumas profissões poderiam prejudicar a saúde do trabalhador, a saber, dificuldades respiratórias nos mineradores do Egito, ou ainda, alguns distúrbios característicos a muitos atletas, descrito por Aristóteles na Grécia Antiga. Em 1556, Georgius Agricola, publicou um interessante livro, Dere Metallica, que descrevia com detalhes as más condições de trabalho dos mineradores e possíveis medidas para melhorar aqueles ambientes. No entanto, foi no ano de 1700 que o médico italiano Bernardino Ramazzini, publicou sua obra- prima intitulada De morbis artificum diatriba (As doenças dos trabalhadores), em que relatava diversos males e sua relação com as profissões da época. Considera-se que esta publicação foi o marco inicial para a sociedade encarar o trabalho como possível causa de doenças e acidentes em escala preocupante. Posteriormente, com a Revolução Industrial, o crescente número de acidentes de trabalho começou a captar a atenção de governos e sociedade quando, em virtude do seu elevado número, adquiriram as dimensões de um problema social. Naquela época, iniciou-se a concentração de grandes massas de trabalhadores em torno das fábricas que possuíam novas fontes de energia como o vapor e a eletricidade. Este novo ambiente de trabalho era muito diferente daquele caracterizado pela Idade Média, onde artesãos realizavam trabalhos quase que exclusivamente manuais em suas pequenas oficinas. No início do século XX, devido ao crescente número de acidentes e doenças de trabalho, surgiu um movimento social que levou a mudanças na legislação trabalhista. Inicia-se, desta maneira, a intervenção do Estado nas relações de trabalho a favor do trabalhador. Até aquele momento, os princípios do direito comum exigiam do empregado a prova UNIDADE 1TÓPICO 14 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S de que ele não era culpado pelo acidente sofrido, condição muitas vezes impossível de ser atendida. Então, em 1883 na França, foi apresentada a Teoria do Risco Profissional cujo entendimento era que, uma vez que o empregador arcava com os custos diversos de sua empresa (manutenção, riscos de incêndio, responsabilidade civil e outros), este também deveria ser responsável pelos custos decorrentes dos acidentes com seus empregados, cujo trabalho era feito em seu proveito. No Brasil, os acontecimentos caminharam de maneira semelhante aos fatos ocorridos na Europa e também nos Estados Unidos, sendo que no ano de 1919 foi promulgado o Decreto nº 3.724, que constituiu a primeira lei brasileira em favor do trabalhador acidentado. A partir daquele momento, o trabalhador estava amparado legalmente quando na ocorrência de acidentes e doenças de trabalho. (CAIRO JUNIOR, 2009) 2 O ACIDENTE DO TRABALHO Para nosso estudo é fundamental que se compreenda bem o conceito de acidente de trabalho, que se constitui o elemento gerador de toda ciência envolvida na questão da Segurança do Trabalho. Leia com atenção as três situações descritas a seguir: 1 Um trabalhador está carregando duas caixas quando, repentinamente, uma delas cai sem lesioná-lo ou danificar seu conteúdo; 2 Semelhantemente, um trabalhador carrega duas caixas, quando uma cai e se quebra; 3 O trabalhador está carregando duas caixas, uma delas cai sobre seu pé, causando lesão e se quebra. Quais situações descritas acima representam acidente de trabalho? Reflita um pouco e depois continue a leitura. A legislação brasileira define o acidente de trabalho como aquele ocorrido no exercício do trabalho ou serviço da empresa e que pode provocar, de forma direta ou indireta, permanente ou temporária, lesão corporal, perturbação funcional, redução da capacidade de trabalho ou ainda doença. Mais estritamente o acidente do trabalho é tratado como um acontecimento imprevisível, cujos danos são inevitáveis. Resumidamente, o acidente de trabalho fica restrito ao conceito de prejuízo físico sofrido pelo trabalhador (lesão, redução da capacidade de trabalho, doença ou perturbação funcional). (MICHEL, 2008) UNIDADE 1 TÓPICO 1 5 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S Na realidade, o acidente laboral não passa de um acontecimento determinado, previsível e que, na maioria das vezes, é passível de prevenção, pois suas causas são perfeitamente identificáveis dentro do meio ambiente de trabalho, podendo ser neutralizadas ou eliminadas. Pode-se ampliar ainda o conceito de acidente de trabalho considerando-se qualquer ocorrência que interfira no andamento normal da produção, seja relativo a máquinas, ferramentas ou perda de tempo. Voltando às três situações do trabalhador levando caixas, expostas anteriormente, o que pode ser concluído? Na primeira situação, há acidente de trabalho, pois a queda da caixa leva à perda de tempo (interrupção do fluxo de produção normal). Na segunda ocorrência, também há acidente de trabalho, pois houve perda de material (prejuízo). Na última situação fica mais evidente a constatação do acidente de trabalho devido à lesão sofrida pelo trabalhador, no entanto os fatores “interrupção do processo produtivo” e “perda de material” também devem ser considerados! NO TA! � Doenças profissionais também são consideradas acidentes de trabalho! Segundo Michel (2008), as doenças do trabalho (ou doenças profissionais) se classificam em: • Doença ocupacional: é aquela que se origina pelo exercício do trabalho peculiar à determinada tarefa. Exemplo: os mineiros tendem a desenvolver a silicose (doença respiratória), caso não estejam devidamente protegidos. • Doença do trabalho: é uma doença ocupacional que se origina (ou é adquirida) em função de certas condições especiais em que o trabalho é realizado. Exemplo: um operário que trabalha num ambiente muito ruidoso sem a proteção recomendada está sujeito à perda auditiva. Esta doença, no entanto, não está relacionada necessariamente à função desempenhada pelo trabalhador, mas sim, às condições do meio em que este se encontra. São consideradas, também, doenças do trabalho: • Acidente sofrido pelo trabalhador no local e horário de trabalho em decorrência de ato de agressão ou sabotagem praticado por companheiro de trabalho ou terceiros; inundação, desabamentos. UNIDADE 1TÓPICO 16 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S • Doença proveniente de contaminaçãoacidental do empregado no exercício de sua atividade. FONTE: Cartilha SESI (2005) • Acidente sofrido no percurso entre a residência e o local de trabalho. • Acidentes sofridos no período de repouso ou alimentação, pois o empregado é considerado no exercício de seu trabalho. 2.1 DIFERENÇA FUNDAMENTAL ENTRE AS DEFINIÇÕES TÉCNICA E LEGAL No século XIX, o acidente do trabalho era considerado um acontecimento súbito, traumático, decorrente de obra do acaso e dentro do ambiente do trabalho. Sob este entendimento, o acidente de trabalho era relacionado com força maior ou caso fortuito, pois era considerado um evento imprevisível e/ou inevitável. Havia, ainda, um conceito de infortúnio, que considerava o acidente do trabalho como decorrente da ausência de sorte acompanhado de infelicidade e desgraça. Com o passar do tempo, o conceito de acidente do trabalho foi evoluindo sob a ótica de diversos legisladores e correntes de pensamento que levavam em conta as mudanças sociais e as condições do trabalhador e de seu ambiente de trabalho. Mais recentemente, a Lei nº 6.367, de 19 de outubro de 1976, parágrafo 2º, estabelece que acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, artigo 19, também dispõe FIGURA 1 – EXEMPLO: A AIDS ADQUIRIDA POR PROFISSIONAL DA SAÚDE AO MANIPULAR INSTRUMENTO CONTAMINADO UNIDADE 1 TÓPICO 1 7 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S sobre o acidente de trabalho de forma muito semelhante àquela já citada anteriormente. Logo, percebe-se que o conceito legal de trabalho, segundo sua concepção clássica, é tido como caso fortuito ou de força maior, cujo acontecimento é imprevisível e de consequências inevitáveis. Nota-se, ainda, que o acidente é entendido como causa de ferimento ao trabalhador. Nessa situação, a proteção ao trabalhador se dá através de uma compensação financeira, seja por determinada renda mensal, no caso de lesão temporária, ou, adicionalmente, por indenização no caso de dano incapacitante permanente. No entanto, o conceito de acidente de trabalho deve ser ampliado e ir além da proposta de reparação de danos. Nesse contexto, segundo Almeida e Binder, os acidentes do trabalho são fenômenos socialmente determinados, previsíveis e passíveis de prevenção. Ao contrário de constituir obra do acaso como sugere a citada palavra, os acidentes do trabalho são fenômenos previsíveis, dado que os fatores capazes de provocá-los se encontram presentes na situação de trabalho (passíveis de identificação) muito tempo antes de serem desencadeados. A eliminação e/ou neutralização de tais fatores são capazes de evitar ou limitar a ocorrência de novos episódios semelhantes, ou seja, além de previsíveis, os acidentes do trabalho são preveníveis. Além disso, deve-se entender que a lesão sofrida pelo trabalhador é apenas uma das consequências possíveis decorrentes de um acidente de trabalho. Logo, do ponto de vista prevencionista, qualquer ocorrência não programada que prejudique a produtividade, por perda de tempo ou de material, já pode ser considerada um acidente de trabalho. NO TA! � Acidentes de trabalho sem lesão são denominados INCIDENTES. Estatisticamente, foi demonstrado, em 1931, por H. W. Heinrich que, para cada grupo de 330 acidentes de um mesmo tipo, 300 vezes não ocorre lesão nos trabalhadores, enquanto que em apenas 30 casos há danos à integridade física dos envolvidos. DIC AS! Veremos uma variação desta proporção no Tópico 3 demonstrada por um estudo realizado por Frank E. Bird entre 1966 e 1969. UNIDADE 1TÓPICO 18 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S Do exposto, se conclui que se deve procurar evitar todo e qualquer tipo de acidente, havendo lesão ou não. Na situação hipotética anterior, se o trabalhador tivesse evitado a queda da caixa no chão, esta não o teria lesionado. É mais seguro (e simples) evitar a queda da caixa, do que desviar o pé da mesma! 2.2 BENEFÍCIOS INDIRETOS RESULTANTES DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO A política governamental brasileira tem, nos últimos anos, colaborado para a atualização da legislação trabalhista com vistas a aumentar os esforços de empregadores e empregados na diminuição do número de acidentes de trabalho. Embora o objetivo primeiro da prevenção de acidentes seja a manutenção da integridade física do trabalhador, não se pode desconsiderar a influência dos custos relativos à implantação e manutenção de programas preventivos. É importante salientar que um programa de prevenção de acidentes, embora oneroso, pode-se tornar economicamente viável se avaliadas também as consequências indiretas das perdas e danos sofridos pelo trabalhador. Um trabalhador acidentado, aposentado precocemente por incapacidade permanente, pesa nos custos de toda a população por deixar de ser um membro produtivo da sociedade para se tornar um membro passivo, que necessitará de sustento permanente do restante da população. Fazendo uma análise restrita ao campo de abrangência de uma empresa, a diminuição do número de acidentes pode e deve levar a um aumento na produção, bem como a um custo final menor do produto (ou serviço) oferecido. Se nos remetermos novamente ao exemplo anterior das caixas, a lesão sofrida pelo trabalhador certamente acarretará em custos à empresa, mas mesmo se evitando a ocorrência da queda da caixa (evento sem lesão muito mais frequente) certamente haverá mais agilidade no processo produtivo. Ainda, do ponto de vista social, uma empresa que sabidamente possui um baixo índice de acidentes e, por consequência, preza pela saúde de seus trabalhadores, gozará de simpatia e boa imagem frente à população. (MICHEL, 2008) 3 A COmUNICAÇÃO DE Um ACIDENTE DE TRABALHO – CAT A esquematização do sistema de comunicação de acidentes será elaborada a partir das consequências do acidente, que podem ser classificadas em: • sem lesão; • lesão leve (acidente sem afastamento); • lesão incapacitante (acidente com afastamento). UNIDADE 1 TÓPICO 1 9 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT publica a NBR-14280 “Cadastro de Acidentes de Trabalho” que regulamenta a maneira e procedimentos necessários ao cadastro dos acidentes, bem como indica cálculos de coeficientes estatísticos relativos a acidentes de trabalho e define uma série de termos técnicos pertinentes. Qualquer acidente, mesmo aquele sem lesão, já, ocasiona perda de tempo para normalização das atividades, podendo ocasionar ainda, danos materiais. Não existe a necessidade legal de comunicação aos órgãos da Previdência Social quando não há lesão que ocasione o afastamento do trabalhador, se este retornar ao trabalho no mesmo dia ou no dia seguinte, no horário normal. O acidente sem afastamento seria aquele que o acidentado, embora tenha sofrido uma lesão, pode retornar ao trabalho no mesmo dia ou no dia seguinte, em seu horário regulamentar de entrada. Ocorrido o acidente e não acontecendo o retorno do acidentado ao trabalho no mesmo dia ou dia seguinte de trabalho, no horário normal, passamos a considerar esse acidente como acidente com afastamento, cuja consequência é uma incapacidade temporária total, ou uma incapacidade permanente parcial ou total, ou mesmo a morte do acidentado. Esquematizando, os acidentes com lesão ou perturbação funcional compreendem os seguintes casos, de acordo com a NBR14280. 3.1ACIDENTE SEM AFASTAMENTO É aquele em que o acidentado pode exercer sua função normal, no mesmo dia do acidente, ou no próximo, no horário regulamentar. O acidente sem afastamento deve ser investigado, mas, por convenção, não entra nos cálculos dos coeficientes de frequência e gravidade. 3.2 ACIDENTE COM AFASTAMENTO É o acidente que provoca a: • incapacidade temporária; • incapacidade parcial; • incapacidade total. UNIDADE 1TÓPICO 110 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S 3.2.1 Incapacidade temporária É a perda total da capacidade de trabalho por um período limitado de tempo, nunca superior a um ano. É aquela em que o acidentado, depois de algum tempo afastado do serviço, devido ao acidente, volta ao mesmo serviço executando suas funções normalmente, como fazia antes do acidente. (MICHEL, 2008) 3.2.2 Incapacidade parcial É a redução parcial da capacidade de trabalho do acidentado, em caráter permanente: Exemplos: Perda de um dos olhos. Perda de um dedo. 3.2.3 Incapacidade total É a perda da capacidade total para o trabalho em caráter permanente. Exemplo: Perda de uma das mãos e dos dois pés, mesmo que a prótese seja possível. A comunicação de acidentes será tanto mais complexa quanto mais grave for a sua consequência. Os acidentes que não ocasionam lesão (como a simples queda de um fardo de algodão da respectiva pilha) tornam-se importantes pela possibilidade de que, no caso do exemplo citado, havendo repetição do fato, o fardo pode atingir algum operário. Deverão, portanto, serem estudadas as causas dessa queda para evitar fatos semelhantes, acionando- se o encarregado do setor, o chefe do departamento e o Serviço Especializado de Segurança do Trabalho, quando houver, ou então a CIPA. No caso de um acidente sem afastamento, com uma lesão leve, portanto, além dos elementos citados anteriormente, também o enfermeiro ou o médico será envolvido. De acordo com Cairo Júnior (2009), quando em virtude do acidente ocorre lesão ou perturbação funcional que cause incapacidade temporária total, incapacidade permanente parcial ou total, ou a morte do acidentado, as providências a serem tomadas quanto à sua comunicação no âmbito da empresa são: a) da própria vítima ou de colegas ao encarregado do setor (normalmente oral); b) do encarregado do setor ao chefe do departamento (normalmente oral); UNIDADE 1 TÓPICO 1 11 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S c) do chefe de departamento à direção da empresa e ao departamento de segurança (por escrito). 3.3 FORMULÁRIO CAT A empresa deverá comunicar ao INSS, em, no máximo, vinte e quatro horas, da ocorrência do acidente, através do preenchimento da ficha de Comunicação de Acidente do Trabalho. Essa ficha (conhecida como CAT) solicita uma série de informações, tais como Cardoso, (2005): • Nome, profissão, sexo, idade, residência, salário de contribuição. • Natureza do acidente sofrido. • Condições. • Local, dia e hora do evento, nome e endereço de testemunhas. • Tempo decorrido entre o início do trabalho e a hora do acidente. • Indicação do hospital a que eventualmente foi recolhido o acidentado. • Se doença profissional, quais os empregadores acometidos anteriormente nos últimos dois anos. NO TA! � O INSS exige duas testemunhas (CAT) oculares ou circunstanciais, e quando ocorrer a morte do acidentado, deverá ser informada a autoridade policial. O sistema de comunicação de acidentes, portanto, difere de acordo com as consequências. EST UDO S F UTU ROS ! � Caro acadêmico! Para aprofundar seus conhecimentos sobre este assunto recém abordado, sugerimos a leitura do texto “Legislação Comentada: NR4” disponível em: <http://pro-sst1.sesi.org. br/portal/data/files/FF8080812733A91B01279688802E44D6/ NR%204.pdf>. Acesso em: 6 jun. 2010. UNIDADE 1TÓPICO 112 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S RESUmO DO TÓpICO 1 Neste tópico, foram apresentados os seguintes assuntos: • Os acidentes e também as doenças do trabalho são relatados desde a antiguidade, fato que torna indissociável sua ocorrência com qualquer que seja o tipo de trabalho realizado pelo homem. No entanto, os acidentes não devem ser entendidos como acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis, mas sim como ocorrências cujas consequências podem ser neutralizadas ou limitadas. • No início do século XX, na ocorrência de um acidente de trabalho, cabia ao empregado acidentado provar sua inocência frente ao fato acontecido. Atualmente, o entendimento legal é justamente o contrário: cabe ao empregador a prova da culpabilidade do funcionário. • Nem todo acidente do trabalho resulta em lesão ao trabalhador. • O acidente do trabalho, mais do que uma situação de dano para o acidentado, acarreta em perdas para toda a sociedade. • A implantação de medidas para a diminuição de acidentes e doenças do trabalho contribui para o aumento da lucratividade da empresa, dentre outros fatores benéficos. UNIDADE 1 TÓPICO 1 13 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S AUT OAT IVID ADE � Baseado no que você estudou até agora, responda as questões a seguir: 1 A partir de que momento histórico os acidentes de trabalho começaram a ser analisados com mais seriedade pelo Estado? Por quê? 2 Qual a relação existente entre o acidente do trabalho e a lesão corporal sofrida pelo trabalhador? 3 Qual a principal diferença entre o conceito legal e o prevencionista concernente ao acidente de trabalho? 4 Cite alguns benefícios que uma empresa pode receber quando implementa medidas para redução dos acidentes do trabalho. UNIDADE 1TÓPICO 114 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S LEvANTAmENTO DAS CAUSAS DE ACIDENTES 1 INTRODUÇÃO TÓpICO 2 UNIDADE 1 Uma questão fundamental no estudo da prevenção e minimização dos acidentes de trabalho é a correta identificação das causas. De um ponto de vista mais amplo, podemos considerar três fatores causadores: • condições inseguras do ambiente; • atos inseguros do trabalhador; • eventos catastróficos climáticos. As condições inseguras podem ser eliminadas a partir de estudos técnicos com base em metodologias apropriadas e conhecimento prévio adquirido. Os atos inseguros, por envolverem o elemento humano, são de solução mais complexa, requerendo, muitas vezes, o auxílio de diversas ciências como a Psicologia e Sociologia, além das habituais técnicas das áreas administrativa e prevencionista. Analisando-se a questão do ponto de vista da prevenção, a causa é qualquer fator que, se eliminado em tempo hábil, impede a ocorrência do acidente. Como já citado anteriormente, os acidentes de trabalho não são acontecimentos inevitáveis. Na verdade há, em geral, uma série de acontecimentos que os precedem e, portanto, dão indícios de que alguma medida preventiva precisa ser tomada, no caso, a eliminação a tempo do fator de causa. Estes fatores podem ser de natureza pessoal (dependentes do homem) ou material (inerentes ao ambiente do local de trabalho), segundo Cardoso (2005). Conforme Michel (2008) é comum, na análise de um acidente de trabalho, considerar como causa do acidente a ação ou condição que originou a lesão ou o prejuízo. No entanto, há causas que precedem a ação ou condição que gera o acidente, sendo estas também carentes de estudos, pois consistem em fato importante na neutralização dos riscos. Com base nesta consideração,é de se prever a grande abrangência de fatores que devem ser considerados nesta situação, o que solicita o conhecimento de profissionais das áreas das ciências humanas. UNIDADE 1TÓPICO 216 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S Segundo Michel (2008, p. 52), “Até o presente momento, nenhuma das máquinas construídas, nenhum dos produtos químicos obtidos por síntese e nenhuma das teorias sociais formuladas alterou fundamentalmente a natureza humana. As formas de comportamento, que devem ser levadas em consideração no esforço de prevenir atos inseguros, deverão ser analisadas de modo bastante abrangente”. Ainda, segundo o mesmo autor, no treinamento de integração baseado na função a ser desenvolvida pelo novo empregado ou na reciclagem dos funcionários mais antigos, deverá ser reforçado o conhecimento das regras de segurança, instruções básicas sobre prevenção de incêndio e treinamento periódico de combate ao fogo, informações sobre ordem e limpeza, cor na segurança do trabalho, sinalização, cursos de primeiros socorros, levantamento, transporte e manuseio de materiais, integram uma política de segurança, visando à diminuição dos acidentes causados por atos inseguros. Sendo a segurança do trabalho basicamente de caráter prevencionista, recomenda-se, ainda, uma pesquisa bibliográfica, no sentido de identificar possíveis riscos no processo de produção, antes mesmo que ocorram acidentes, isto é, a simples análise de risco ou estatística, mesmo que não acuse nenhum acidente, deve ser encarada como mais um subsídio para a prevenção de acidentes e eliminação de causas. A ocorrência de uma única morte, além da perda para a família do trabalhador, representa um prejuízo para a nação de 20 anos ou 6.000 dias, em média, de trabalho produtivo. 2 ACIDENTE, LESÃO E RISCO Pode-se considerar que todo ser humano está sujeito a três tipos de risco Cardoso, (2005): • Risco genérico – aquele a que todas as pessoas estão expostas como, por exemplo, um acidente de trânsito. • Risco específico – se refere ao risco inerente de um determinado trabalho. Pode-se citar a condição de um pintor de paredes que trabalha em altura. • Risco agravado – se trata de um risco genérico agravado pelas condições do trabalho. O pintor, do exemplo anterior, está sujeito ao risco genérico do sol, no entanto as condições em que está exposto (longos períodos), agrava esta situação. Para a determinação dos riscos específicos de uma indústria, é necessária a verificação das condições e os métodos de trabalho existentes, pois o produto produzido não determina, necessariamente, os processos, maquinários e procedimentos empregados. É comum haver uma compreensão errônea do que seja um acidente. Frequentemente nos deparamos com a classificação de um acidente “grande” ou “pequeno” tendo como base a lesão sofrida pelo trabalhador. Nesta situação, além de se classificar erroneamente um UNIDADE 1 TÓPICO 2 17 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S acidente como “pequeno”, apenas porque a lesão sofrida não foi grave, há também prejuízo no reconhecimento das causas do acidente. (CARDOSO, 2005) De acordo com Michel (2008, p. 53) “O reconhecimento e a caracterização das causas podem ser simples, como no caso de um degrau quebrado de uma escada ou complexo quando se trata de determinar a causa ou as causas de uma sequência, em cadeia, que originaram o acidente, cada uma delas relacionada à outra. De uma maneira geral, pode-se dizer que na maior parte dos casos, os acidentes são ocasionados por mais de uma causa“. 3 FATORES DE ACIDENTES Havendo lesão na ocorrência de um acidente, este é o ponto de partida na análise dos fatos ocorridos e para a determinação das medidas preventivas a serem estabelecidas. No estudo das causas de acidentes, existem cinco fatores a serem investigados que, de alguma maneira, estão relacionados com a ocorrência do acidente. Estes são denominados Fatores de Acidentes e se encontram listados a seguir, conforme indicado por Michel (2008): • agende da lesão; • condição insegura; • acidente tipo; • ato inseguro; • fator pessoal inseguro. 3.1 AGENTE DA LESÃO De acordo com Michel (2008), agente da lesão é aquilo que, em contato com a pessoa determina a lesão. Pode ser, por exemplo, um dos muitos materiais com características agressivas, uma ferramenta ou a ponta de uma máquina. A lesão e o local da lesão no corpo são o ponto inicial para identificarmos o agente da lesão. Convém observar qual a característica do agente que causou a lesão. Alguns agentes são essencialmente agressivos, como os ácidos e outros produtos químicos, a corrente elétrica etc., basta um leve contato para ocorrer a lesão. Outros determinam ferimentos por atritos mais acentuados, por batidas contra a pessoa ou da pessoa contra eles, por prensamento, queda etc. Por exemplo: a dureza de um material não é essencialmente agressiva, mas determina sempre alguma lesão quando entra em contato mais ou menos violento com a pessoa. O mesmo se pode dizer do peso de objetos; o peso, em si, não constitui agressividade, mas é um fator que aliado à dureza do objeto, determina ferimentos ao cair sobre as pessoas. UNIDADE 1TÓPICO 218 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S 3.2 CONDIÇÃO INSEGURA Michel (2008) afirma que condição insegura em um local de trabalho são as falhas físicas que comprometem a segurança do trabalhador; em outras palavras, as falhas, defeitos, irregularidades técnicas, carência de dispositivos de segurança e outros, que põem em risco a integridade física e/ou a saúde das pessoas, e a própria segurança das instalações e dos equipamentos. Nós não devemos confundir a condição insegura com os riscos inerentes a certas operações industriais. Por exemplo: a corrente elétrica é um risco inerente aos trabalhos que envolvem eletricidade, ou instalações elétricas. A eletricidade, no entanto, não pode ser considerada uma condição insegura, pois, se acondicionada convenientemente, não oferecerá riscos aos trabalhadores. No entanto uma instalação elétrica precária com falhas nos isolamentos, proteção deficiente, improvisos oferece grandes riscos de lesão. Conclui-se, portanto, que a condição insegura pode ser neutralizada ou corrigida, no entanto, ela é responsável por 16% dos acidentes, segundo Michel. Conforme Michel (2008), eis alguns exemplos comuns de condição insegura: • ausência de proteção mecânica; • defeito do equipamento (partes perfuro cortantes, escorregadio); • escadas sem parapeito ou corrimão muito inclinadas, escorregadias; • tubulações com vazamento de líquidos tóxicos; • iluminação deficiente; • ventilação inadequada; • processos, operações ou arranjos perigosos; • obstrução de passagens; • sobrecarga do piso e/ou estruturas de sustentação. AVA LIAÇ ÃO Caro(a) acadêmico(a)! Observe as figuras a seguir e procure identificar as condições inseguras existentes. UNIDADE 1 TÓPICO 2 19 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S FONTE: Getty Images (2010) 3.3 ATO INSEGURO É um comportamento que, contrariando os preceitos da segurança, pode causar ou favorecer a ocorrência de um acidente. De modo geral, ocorre quando o trabalhador se expõe, de maneira consciente ou não, a fatores de risco. Segundo Michel (2008), 84% do total dos acidentes de trabalho são oriundos do próprio trabalhador. Portanto, os atos inseguros no trabalho provocam a maioria dos acidentes; não raro o trabalhador se serve de ferramentas inadequadas por estarem mais próximas ou procuralimpar máquinas em movimento por ter preguiça de desligá-las, ou se distrai e desvia sua atenção do local de trabalho, ou opera sem os óculos e aparelhos adequados. Ao se estudar os atos inseguros praticados, não devem ser consideradas as razões para o comportamento da pessoa que os cometeu, o que se deve fazer tão somente é relacionar tais atos inseguros. Para Michel (2008), dentre os atos inseguros mais comuns, podemos destacar: • levantamento impróprio de cargas (com sobrecarga na coluna); • permanência do trabalhador sob cargas suspensas ou não; • manutenção, lubrificação ou limpeza de máquinas em movimento; • abusos, brincadeiras grosseiras, ou outros atos inadequados ao ambiente de trabalho; • realização de operações sem a devida qualificação; • remoção de dispositivos de proteção ou alteração de seu funcionamento; • operação de máquinas fora dos seus limites de trabalho nominais (sobrecarga mecânica, FIGURA 2 – ALGUNS EXEMPLOS DE CONDIÇÃO INSEGURA UNIDADE 1TÓPICO 220 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S velocidade excessiva, ambiente muito úmido); • uso incorreto do equipamento de proteção individual necessário para a execução de sua tarefa. 3.4 ACIDENTE-TIPO O termo “acidente-tipo” é utilizado para classificar a maneira como os trabalhadores sofrem a lesão, ou como acontece o contato entre a pessoa e o agente da lesão. Uma boa compreensão do conceito de “acidente-tipo” é muito útil para a identificação correta dos atos e condições inseguras existentes. Os principais “acidentes tipo” são apresentados a seguir. 3.4.1 Batida contra De acordo com Cardoso (2005), este tipo de acidente é aquele em que o trabalhador colide (bate) com o corpo, ou parte dele, contra obstáculos. Sua ocorrência é mais frequente quando há movimentos bruscos, descoordenados ou imprevistos, características de atos inseguros, mas também ocorre em movimentos normais quando na presença de condições inseguras, como, por exemplo, no caso de uma ferramenta perigosa deixada fora do lugar sem nenhuma proteção ou aviso. 3.4.2 Batida por Nesta situação o que ocorre é o oposto do descrito anteriormente: o objeto é que colide com o trabalhador. Segundo Michel (2008), muitas vezes acontece tal evento pelo fato de a pessoa estar num lugar perigoso, por não utilizar equipamentos de proteção adequadamente ou ainda por não haver barreiras que isolem os elementos agressivos como, por exemplo, estilhaços. 3.4.3 Queda de objeto É o acidente que ocorre quando algum objeto cai sobre o trabalhador. Esta queda pode ser do braço da pessoa, das suas mãos ou mesmo de algum local em que o objeto está (mal) acondicionado. UNIDADE 1 TÓPICO 2 21 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S É importante ressaltar que nesses casos, embora a pessoa também seja batida por, considera-se esta classificação à parte, pois a ação do agente da lesão é diferente: houve queda devido à gravidade e não por arremesso, de modo que as medidas de prevenção também são específicas. 3.4.4 Queda da pessoa Nesta ocorrência, a pessoa sofre lesão ao bater também contra algum obstáculo, conforme descrito no item 3.4.1, porém o que a leva a bater contra alguma coisa é algo bem específico que demanda medidas preventivas também específicas. A queda da pessoa acontece por fator bem evidente como um tropeço ou desequilíbrio ou ainda por condições do meio como a quebra de um andaime ou o rompimento de um cabo de sustentação. 3.4.5 Prensagem entre Ocorre quando a pessoa tem o corpo, ou parte dele, prensado entre dois objetos. É uma ocorrência de relativa frequência por estar diretamente ligada ao ato inseguro no manuseio de peças, ou ainda na manutenção de equipamentos ligados. Pode ocorrer também no momento em que o trabalhador se apoia em algum lugar perigoso do equipamento. Este tipo de acidente, bem como o anterior, requer, além de dispositivos de segurança nos equipamentos, treinamento, conscientização e responsabilidade do trabalhador concernentes às regras de segurança. 3.4.6 Esforço excessivo Também denominado de “mau jeito”. Este tipo de lesão não advém de algum agente lesivo externo, mas de distensão muscular decorrente da má postura do corpo na realização de algum movimento brusco em más condições ou simplesmente pelo excesso de força empregado. Estes casos ocorrem, geralmente, na região lombar (CARDOSO, 2005). É uma questão de Ergonomia e existe vasto material explicativo a respeito, no entanto a prevenção deste tipo de ocorrência envolve reciclagem contínua dos trabalhadores. 3.4.7 Exposição a temperaturas extremas São casos em que a pessoa se expõe a temperaturas muito altas ou baixas sem a devida UNIDADE 1TÓPICO 222 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S proteção requerida, cujo resultado pode ser alguma lesão ou mesmo doença ocupacional. É importante ressaltar que nessas situações a pessoa não entra em contato direto com a fonte de temperatura extrema. Pode-se exemplificar este tipo de ocorrência citando as queimaduras ocasionadas pelos raios de solda, choque térmico pela exposição prolongada ao sol. 3.4.8 Contato com produtos químicos agressivos Nestes casos, a lesão pode acontecer pela aspiração, ingestão ou contato com a pele. São considerados também produtos que causam efeitos alérgicos. Ocorre muitas vezes pela má condição dos equipamentos destinados à manipulação segura dos produtos agressivos, ou também pela falta de conhecimento adequado. 3.4.9 Contato com eletricidade Este tipo de acidente ocorre quando há contato direto do trabalhador com partes energizadas de equipamentos ou sistema de energia ou ainda por arco voltaico. É mais comum em alta tensão. Os acidentes com eletricidade são especialmente perigosos, pois há risco de morte em praticamente todas as ocorrências. Muitas vezes estes acidentes acontecem por desconhecimento do trabalhador, por falta de equipamentos de proteção adequados ou por excesso de confiança. Além disso, a eletricidade é, geralmente, um potencial agente de lesão silencioso e invisível, fatos que requerem treinamentos e rotinas de segurança muito rígidos. É interessante ressaltar, ainda, que no caso dos trabalhadores das empresas de distribuição de energia elétrica, o risco de morte devido ao contato com eletricidade está, muitas vezes, também associado às quedas subsequentes ao choque elétrico, conforme Cardoso (2005). 3.4.10 Outros acidentes-tipo Nota-se que alguns dos tipos relacionados agrupam acidentes semelhantes que, no entanto, poderiam ser considerados separadamente. Pode-se fazer este tipo de desdobramento sempre que ele for vantajoso para a prevenção de acidentes. Na construção civil, pode ser importante subdividir os tipos de queda a que uma pessoa UNIDADE 1 TÓPICO 2 23 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S está sujeita, em função das diferentes alturas de trabalho presentes. Numa indústria química que lide com variados produtos, pode ser útil subdividir o acidente tipo de acordo com a agressividade do agente de lesão, fato que provavelmente não compensaria numa indústria de alimentos. Para um armazém de carga e descarga, que emprega muito trabalho manual, é interessante subdividir o esforço excessivo, já numa empresa de instalação elétrica, podem-se classificar as várias maneiras possíveis de contato com a eletricidade. Existem, ainda, outros tipos de acidentes que são menos comuns e, portanto, não requerem uma classificação específica. São de fácil identificação por não se enquadrarem em nenhumasituação anteriormente descrita. É de fundamental importância que a classificação dos acidentes-tipo proposta, se baseie na forma pela qual a pessoa sofre a lesão, não tendo relação com o meio físico do ambiente (acidente-meio), tampouco com a extensão das lesões. Um mesmo acidente-meio pode causar diferentes acidentes-tipo. Imaginemos o rompimento de uma tubulação de vapor de alta pressão: uma pessoa próxima da falha poderá sofrer queimaduras decorrentes da exposição ao vapor, no entanto, outra pessoa mais afastada, poderia cair ao tentar se esquivar do jato de vapor. Existem casos em que a classificação do tipo de acidente é mais difícil, quando este parecer pertencer a dois tipos. É importante conhecer os pontos mais importantes da classificação. Tomemos o seguinte exemplo: um eletricista está efetuando reparos num painel de comando energizado quando, repentinamente, tropeça e entra em contato com alguma parte condutora energizada, levando um choque. O acidente-tipo, neste caso é “contato com eletricidade” e não “queda da pessoa”, pois o que determinou efetivamente a lesão não foi a queda, mas sim o contato com o agente agressivo. Outra situação hipotética envolvendo eletricidade: o eletricista está efetuando reparos na iluminação de um galpão no alto de uma escada quando toma um choque e cai, batendo a cabeça no chão. Caso a lesão sofrida seja apenas devido à queda, então o acidente é “queda de pessoa”, se, no entanto, houver também lesão decorrente do choque elétrico, então também haveria “contato com eletricidade”, sendo que a ocorrência deveria ser registrada sob as duas classificações. Pode-se complementar este assunto citado por Michel (2008): Em alguns casos, apesar de todo o cuidado, poderá restar alguma dúvida, pelo fato de a classificação proposta ser apenas genérica. Porém, para ganhar tempo, ou melhor, para não desperdiçar tempo em detalhes que podem não compensar o esforço e o tempo despendidos em sua análise, é preferível optar pela generalidade e dentro dela dar a devida atenção aos fatos específicos de destaque que possam servir para a conclusão geral do relatório - que é UNIDADE 1TÓPICO 224 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S objetivo visado - isto é, o que fazer para prevenir novas ocorrências. 3.5 FATOR PESSOAL INSEGURO É a característica, mental ou física, que leva ao ato inseguro e que em muitos casos, também criam condições inseguras. São fatores inerentes à pessoa e, muitas vezes, de difícil identificação. Citam-se alguns fatores impessoais inseguros: • atitude imprópria (desrespeito voluntário às instruções ou normas de segurança); • má interpretação das normas; • nervosismo; • excesso de confiança; • falta de conhecimento das práticas seguras (carência de instrução); • incapacidade física para o trabalho (pouca audição ou visão, mobilidade limitada). UNIDADE 1 TÓPICO 2 25 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S RESUmO DO TÓpICO 2 Neste tópico, você estudou os seguintes conteúdos: • Existem três fatores principais causadores de acidentes: condições inseguras, atos inseguros e eventos catastróficos. • Os riscos a que uma pessoa está sujeita podem ser classificados em três modalidades: risco genérico, risco específico e risco agravado. • A gravidade de um acidente não deve ser definida com base nas lesões sofridas pelos trabalhadores. • Existem cinco tipos de fatores acidentários que devem ser considerados para a prevenção de acidentes: agente da lesão, condição insegura, acidente-tipo, ato inseguro e fator pessoal inseguro. • Agente da lesão é aquilo que, em contato com o trabalhador, determina a lesão. • Condição insegura são as características do local de trabalho que põem em risco a segurança e a saúde do trabalhador. • Ato inseguro é a maneira pela qual o trabalhador se sujeita a riscos. • Acidente-tipo é o conceito utilizado para definir a maneira pela qual a pessoa sofreu a lesão. UNIDADE 1TÓPICO 226 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S AUT OAT IVID ADE � Responda as seguintes questões: 1 Por que não se deve classificar a gravidade de um acidente com base na lesão sofrida pelo trabalhador? 2 O que é o agente da lesão? 3 O que é uma condição insegura? Cite um exemplo. 4 Cite três exemplos de atos inseguros. 5 Qual a importância de se classificar os acidentes em tipos? 6 O que é fator pessoal inseguro? P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S INvESTIgAÇÃO DE ACIDENTES 1 INTRODUÇÃO TÓpICO 3 UNIDADE 1 A investigação de acidentes faz parte da maioria dos programas tradicionais de segurança. Porém, o objetivo de uma boa investigação de acidentes geralmente não é bem compreendido e, como resultado, a maioria das investigações se transforma em exercícios de achar culpados, responsáveis, deficiências ou falhas, e raras vezes se preocupam em realmente identificar quais foram as causas básicas do acontecimento e não chegam a soluções efetivas para prevenir a repetição dos mesmos. A investigação deve identificar as causas e possibilitar as suas correções. É importante que haja a comunicação dos acidentes/incidentes, entre as áreas, para prevenir que acidentes semelhantes ocorram e que incidentes se transformem em acidentes, segundo Michel (2008). 2 INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTE (OU INCIDENTE) A investigação de acidente consiste, basicamente, numa análise do evento ocorrido, realizada pelo superior acompanhado por um grupo de pessoas, com base em fatos e informações reunidas mediante um exame detalhado de todos os fatores relevantes envolvidos no contexto. A qualidade e utilidade da informação estão relacionadas diretamente com o grau de detalhamento e consistência da investigação. 2.1 POR QUE SE DEVEM UNIDADE 1TÓPICO 328 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S INVESTIGAR OS ACIDENTES? Em se tratando de acidentes, sua investigação tem por objetivo evitar que eles se repitam. No caso de incidentes, objetiva-se que os mesmos não venham a se tornar acidentes, pois, ao se identificar e corrigir as causas prevenir-se-á a sua repetição, o que caracteriza atitude preventiva, conforme Cardoso (2005). 2.2 QUANDO A INVESTIGAÇÃO DEVE SER REALIZADA O momento de realizar a investigação dependerá, em grande parte, do tipo de acidente ocorrido. Em geral, o evento deve ser investigado o mais rápido possível, pois quanto menos tempo decorrer entre o acidente e a sua investigação, melhor será a qualidade da informação obtida. Justifica-se o atraso no início das investigações apenas para proceder com o devido atendimento do(s) envolvido(s), eliminação de riscos ainda existentes no local do evento ou pela perturbação emocional dos trabalhadores em decorrência do acidente, conforme Michel (2008). 2.3 PROPORÇÃO ENTRE ACIDENTES E INCIDENTES O “Estudo das Proporções de Acidentes”, realizado por Frank BIRD, em 1969, baseado nas informações contadas nos registros de 1.753.498 acidentes, fornecidas por 297 empresas, envolvendo mais de 3 bilhões de horas-homem trabalhadas, teve como resultado o gráfico na figura a seguir: FONTE: BIRD, 1969. FIGURA 3 – RAZÃO ENTRE ACIDENTES E INCIDENTES UNIDADE 1 TÓPICO 3 29 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S Os programas tradicionais de segurança se preocupam com o topo da pirâmide, ignorando os acidentes com danos à propriedade que representam grande parte das perdas e os incidentes através dos quais sepode trabalhar de maneira preventiva. 2.4 QUAIS ACIDENTES E INCIDENTES SE DEVE INVESTIGAR Devem ser investigados todos os acidentes que provocarem perdas, cujos valores e gravidade devem ser definidos por normas preestabelecidas pela empresa. Em relação aos incidentes, devem ser investigados todos aqueles com potencial de causar uma perda grave. É importante lembrar que para poder haver investigação de um incidente, este deve ser comunicado. 2.5 VANTAGENS DA INVESTIGAÇÃO Uma investigação concisa e bem elaborada apresenta inúmeras vantagens para o supervisor e também para a empresa, dentre as quais podemos citar: • identificação das causas prováveis do evento indesejado, oferecendo meios de prevenção, redução ou controle da repetição do mesmo; • redução dos riscos e das perdas; • preservação do patrimônio físico e humano; • orientação na tomada de decisões pela identificação de carências nas instalações, equipamentos, manutenção, operações e treinamento. 2.6 QUEM DEVE CONDUZIR A INVESTIGAÇÃO O supervisor deve assumir a responsabilidade imediata da investigação sempre que haja um acidente / incidente em seu setor e dela participar pessoalmente. Esta escolha se justifica pelo fato de o supervisor (MICHEL, 2008): • ter interesse pessoal a proteger; • conhecer melhor as pessoas e condições; • saber como obter as informações; • é a pessoa que tomará as medidas necessárias. UNIDADE 1TÓPICO 330 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S Por outro lado, existem benefícios para o próprio supervisor: • evidencia e demonstra interesse e preocupação pelo seu pessoal; • aumenta a produtividade; • reduz o custo de operação e as perdas; • demonstra que controle é liderança. 2.7 QUEM DEVE PARTICIPAR DA INVESTIVAÇÃO DE ACIDENTES E INCIDENTES As pessoas envolvidas na investigação variam conforme o tipo e gravidade do evento ocorrido. No quadro a seguir são demonstradas as pessoas / funções que devem integrar a equipe de investigação na ocorrência de um evento indesejado. QUADRO 1 – PARTICIPANTES DA INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES TIPO GRAVIDADE / VALOR PARTICIPANTES Superintendente Gerente / chefe de Depto Produção Supervisor / Chefe de setor Produção Envolvidos / Testemunhas/ Membros da CIPA INCIDENTES Investigar ou Registrar * ACIDENTES COM PERDAS HUMANAS Com lesão sem afastamento X X Com lesão e afastamento X X Incapacidade permanente ou morte X X X X ACIDENTES COM PERDAS MATERIAIS Até R$ 500,00 Investigar ou Registrar * De R$ 500,00 a R$ 5.000,00 X X Acima de R$ 5.000,00 X X X X FONTE: Neto (2006) * Os incidentes/acidentes com perdas materiais (cujo valor for de até R$ 500,00), mas que possuam potencial de causar perdas elevadas devem também ser investigados pelo supervisor. 3 ETApAS DA INvESTIgAÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO A seguir são demonstrados os passos necessários para a condução de uma investigação de acidentes. UNIDADE 1 TÓPICO 3 31 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S 3.1 OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE O ACIDENTE Para obter informações sobre o acidente, deve-se proceder da seguinte forma. 3.1.1 Ir ao local do acidente É essencial que os responsáveis pela investigação (time de investigação) examinem pessoalmente o local do acidente / incidente, a fim de ter uma representação visual do que se deve investigar e quais informações devem ser colhidas. Se for prático, é sempre aconselhável ter uma “imagem real” de tudo o que está relacionado com o acidente, antes de iniciar qualquer análise sobre o que aconteceu. 3.1.2 Entrevistar os envolvidos e as testemunhas Na investigação de acidentes, é importante saber o que aconteceu. A forma adequada de chegar à resposta é perguntar às pessoas direta ou indiretamente envolvidas no evento. Certas técnicas relacionadas com as entrevistas ajudarão a obter um melhor resultado. 3.1.3 Reconstituir o acidente Frequentemente, durante uma investigação de acidente o time de investigação pode pedir às testemunhas que mostrem “como aconteceu”. Embora isto possa facilitar a obtenção de informações valiosas, em certas situações poderá se transformar em fonte de novos acidentes ou incidentes. A reconstituição de um acidente ou incidente deverá ser feita unicamente nas seguintes circunstâncias: • quando a informação não puder ser obtida de outra forma; • quando for essencial para as medidas de prevenção; • quando for necessária a verificação de acontecimentos-chaves. UNIDADE 1TÓPICO 332 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S 3.2 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES SOBRE O ACIDENTE A seguir, veja como é feita a análise das informações sobre o acidente. 3.2.1 Identificação das causas do acidente A identificação das causas é de fundamental importância na realização de uma boa investigação, pois permite a obtenção de recomendações ou soluções que visem à eliminação ou atenuação destas causas. A figura a seguir relaciona as causas prováveis de um acidente. FONTE: Neto (2006) 3.2.2 Proposição de recomendações e medidas de controle As medidas de controle podem variar em grau (dependendo do efeito), do custo, da confiabilidade e de possíveis efeitos colaterais que possam aparecer. Em geral, estas se classificam em dois tipos (NETO, 2006): • Ações Temporárias: aquelas que correspondem às respostas obtidas durante a investigação “O que pode ser feito AGORA para se evitar a repetição do acidente”? Exemplos: melhorar a iluminação do ambiente; colocar anteparos junto às valas abertas; trocar o equipamento FIGURA 4 – QUADRO DE CAUSAS DE ACIDENTES UNIDADE 1 TÓPICO 3 33 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S defeituoso. • Ações Permanentes: são os procedimentos que, uma vez adotados, resolvem em definitivo os problemas ou suas causas. Também se enquadram nesta classificação os casos de omissões e erros em programas, padrões e normas. 3.3 FORMULÁRIO DE INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES Os formulários de investigação de acidentes podem se diferenciar entre e as empresas, porém as informações requeridas são, em geral, muito similares. As principais informações constantes num formulário de investigação de acidentes devem ser (NETO, 2006): 1. Identificação da ocorrência (dados gerais). 2. Descrição do evento e bens materiais danificados. 3. Pessoa(s) envolvida(s). 4. Valores envolvidos. 5. Material em anexo. 6. Resumo das causas prováveis. 7. Resumo das ações corretivas e preventivas. 8. Comentários. 4 A COmUNICAÇÃO DO ACIDENTE Um dos valores mais significativos da comunicação de todos os acidentes está na possibilidade de descobrir as causas que podem ocasionar eventos com perdas no futuro. Quando determinados acidentes (e incidentes) não são comunicados, não há a formação de uma base de dados para análise com informações suficientes para a prevenção destes acontecimentos indesejados. As principais causas que levam a não comunicação de um acidente são (NETO, 2006): • temor de medidas disciplinares (sanções); • preocupação com a reputação pessoal; • evitar burocracia; • desejo de manter um baixo nível (fictício) de acidentes; • desconhecimento dos benefícios da comunicação. UNIDADE 1TÓPICO 334 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S RESUmO DO TÓpICO 3 Neste tópico, você estudou os seguintes conteúdos: • O que é e como se realiza uma investigação de acidentes. • Etapas da investigação de acidentes. • Análise das informações coletadascom a investigação de acidentes. • A importância da comunicação e registro dos acidentes. UNIDADE 1 TÓPICO 3 35 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S AUT OAT IVID ADE � Para exercitar seus conhecimentos, responda as seguintes questões: 1 O que é uma investigação de acidente? 2 Quando a investigação deve ser realizada? 3 O que se conclui com a pirâmide de proporções de Bird? 4 Quais as principais etapas de uma investigação de acidentes? UNIDADE 1TÓPICO 336 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S ANÁLISE DE ACIDENTES DE TRABALHO 1 INTRODUÇÃO TÓpICO 4 UNIDADE 1 Foram apresentados no capítulo anterior os cinco fatores de acidentes: agente da lesão, condição insegura, acidente-tipo, ato inseguro e o fator pessoal inseguro. A análise das causas de acidentes, com finalidade de prevenção, reside no estudo dos fatores como diretriz para o exame das condições de trabalho e determinação da origem dos acidentes, para a adoção de medidas preventivas adequadas. Logo se percebe que é necessária a correta identificação de cada agente a fim de se levantar as causas do acidente de maneira eficaz. Segundo Michel (2008), o melhor método de pôr em prática a análise das causas de um acidente com a finalidade de prevenção, reside na utilização dos fatores como guia de análise das condições de trabalho, e determinação das fontes de acidentes, de modo a permitir a adoção de medidas preventivas. Isso pressupõe a identificação de cada agente para o competente levantamento das causas de acidente. Resumindo, podemos dizer que na determinação da causa devemos levar em conta: fatores pessoais, que são dependentes do homem, os quais originam o ato inseguro e fatores materiais que são dependentes das condições existentes nos locais de trabalho e que originam a condição insegura. Os dois fatores se encadeiam o que nos leva a dizer que o acidente resulta do ato mais condição insegura. 2 ImpROpRIEDADE DO TERmO “DESCUIDO” De acordo com Michel (2008), o descuido foi e continua sendo, apresentado como a maior causa de acidentes do trabalho. Em vários levantamentos de acidentes com perda de tempo examinado, tivemos oportunidade de constatar que as causas mais frequentes dos acidentes investigados eram o descuido, a falta de atenção, a distração e outras mais, nenhuma, porém, UNIDADE 1TÓPICO 438 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S relacionada a condições inseguras. Pode ser tentador se utilizar do termo descuido para descrever a causa de um acidente. Certamente, esta seria uma maneira fácil e rápida, afinal, nada mais simples do que atribuir o descuido ao trabalhador! Deve-se ter em mente, no entanto, que o descuido por si só não caracteriza a causa direta de um acidente. É necessário que se realize uma análise mais minuciosa e técnica a fim de se encontrar a real causa que levou ao ato inseguro. Uma análise de acidentes geralmente é iniciada pelas consequências da lesão (cortes, queimaduras, fraturas, choque etc.) Como já comentado anteriormente, estes fatores são o resultado do acidente e não suas causas. Na sequência, verifica-se o tipo de acidente, de acordo com o exposto no capítulo anterior. A partir deste ponto, inicia-se a procura por quaisquer condições inseguras que possam ter influência direta ou indireta na causa do acidente, como iluminação deficiente, equipamento defeituoso, ausência de sinalização, barreiras ineficazes e outras. Também se investigam quaisquer atos inseguros que possam ter precedido o acidente, a exemplo: • não uso de equipamento de segurança; • uso incorreto de equipamento; • execução de tarefa sem autorização/capacitação; • trabalho em velocidade insegura; • uso de equipamento defeituoso ou inadequado para a tarefa; • carregamento de risco; • postura inadequada (fator ergonômico); • manutenção de máquinas em movimento; • brincadeiras (atos inadequados ao ambiente); • dispositivos de segurança desabilitados (ex: remoção de trava de segurança). Logo, verifica-se que a utilização do termo descuido, como causa de acidente, além de não caracterizar um processo de avaliação técnico e eficiente, baseado nos procedimentos até então descritos, ainda não aponta devidamente as reais causas do ocorrido, o que vem a prejudicar os procedimentos seguintes à análise, segundo afirma Michel (2008). 2.1 TEORIA DE HEINRICH Um dos estudos mais conhecidos na área da Segurança do Trabalho foi uma pesquisa UNIDADE 1 TÓPICO 4 39 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S que levou ao que se denomina Teoria de Heinrich. Segundo esta proposição, todo acidente de trabalho e, como consequência, a lesão, ocorrem devido a um ou mais fatos ocorridos anteriormente, ou seja, um acidente não acontece simplesmente de forma imprevista, é causado porque o trabalhador cometeu um ato inseguro (por imperícia ou imprudência) e/ou por condições inseguras do ambiente. Heinrich comparou a ocorrência de acidentes de trabalho a uma série de cinco peças de dominó enfileiradas de modo que o cair de uma, faz com que caiam também as peças seguintes. Nesta conjectura a primeira peça do dominó representa a personalidade do trabalhador; a segunda, as falhas humanas no exercício do trabalho; a terceira se refere às causas de acidentes estudados anteriormente (atos inseguros e condições inseguras); a quarta peça representa o acidente propriamente dito e, por fim, a quinta pedra é a lesão. Sobre cada peça, pode-se verificar o seguinte: • Personalidade: ao integrar o quadro de funcionários de uma empresa, o trabalhador carrega consigo um conjunto de características positivas e negativas, referentes às suas virtudes e defeitos, que, em conjunto, definem a sua personalidade. Esta se formou ao decorrer dos anos, em parte influenciada por fatores hereditários e em parte pela vivência social e familiar do indivíduo. Algumas destas características negativas (irresponsabilidade, teimosia, temeridade, impaciência e outras) podem constituir causa de atos inseguros ou a criação de condições inseguras. • Falhas humanas: “errar é humano” diz o ditado e, de fato, independente da sua posição hierárquica ou educação, mas fortemente influenciadas pela personalidade, as falhas humanas podem levar a erros no exercício do trabalho culminando com acidentes. • Causas de acidentes: esta peça do dominó se refere às condições inseguras e atos inseguros. • Acidente: é o provável resultado da presença de atos inseguros e/ou causas inseguras no local de trabalho. • Lesões: é o dano sofrido pelo trabalhador como consequência de um acidente, no entanto, nem todo acidente implica lesões, como já comentado anteriormente. FONTE: Michel (2008) FIGURA 5 – PEÇAS DE DOMINÓ E SEUS SIGNIFICADOS DE ACORDO COM A TEORIA DE HEINRICH UNIDADE 1TÓPICO 440 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S Segundo Michel (2008), uma vez que não se consegue eliminar os traços negativos da personalidade, surgirão em consequência, falhas no comportamento do homem no trabalho, de que podem resultar atos inseguros e condições inseguras, que poderão levar ao acidente e às lesões. Quando isso ocorrer, tombando a pedra "personalidade", ela ocasionará a queda, em sucessão de todas as demais. FONTE: Michel (2008) Considerando-se que é impraticável modificar radicalmente a personalidade de todos que trabalham de tal sorte aevitar as falhas humanas no trabalho, deve-se procurar eliminar as causas de acidentes, sem que haja preocupação em modificar a personalidade de quem quer que seja. Por isso, deve-se buscar a eliminação tanto das condições inseguras, apesar da avareza, do desprezo pela vida humana ou quaisquer outros traços negativos da personalidade de administradores ou supervisores. Também é necessário procurar que os operários, apesar de teimosos, desobedientes, temerários, irascíveis, não pratiquem atos inseguros, o que se pode conseguir através da criação nos mesmos, da consciência de segurança, de tal sorte que a prática da segurança, em suas vidas, se transforme em um verdadeiro hábito. (MICHEL, 2008) FONTE: Michel (2008) FIGURA 6 – CADEIA DE ACONTECIMENTOS DA TEORIA DE HEINRICH FIGURA 7 – INTERRUPÇÃO DA CADEIA DE EVENTOS UNIDADE 1 TÓPICO 4 41 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S Eliminando-se os atos inseguros e as condições inseguras, ou seja, as causas de acidentes, é possível impedir a ocorrência dos acidentes sem que seja necessária a modificação da personalidade dos trabalhadores que, como já mencionado, não seria viável. 3 ELImINAÇÃO DAS CAUSAS DE ACIDENTES A prevenção de acidentes só pode ser bem realizada a partir de um programa consistente, que contenham objetivos muito claros e levem em conta desde um pequeno incidente até acidente com graves repercussões. (CAMPOS, 1999, p. 41) Para se eliminar efetivamente os acidentes do trabalho, é necessária a análise das suas causas, ou seja, identificar os riscos que venham a provocar lesões. Segundo Tavares (1996, p. 31), no controle de identificação das causas dos acidentes, podem ser considerados os seguintes elementos: • inspeções programadas de segurança; • estudo de doenças ocupacionais; • observação de segurança; • análise de segurança do trabalho; • permissão do trabalho; • delimitação de área restrita; • relatório de incidentes/acidentes; • investigação de incidentes/acidentes. Tendo-se em vista que as causas majoritárias de acidentes decorrem de falhas humanas e falhas materiais, para a prevenção de acidentes, deve-se ter em foco: • a eliminação da prática de atos inseguros; • a eliminação das condições inseguras. Resumidamente, os atos inseguros podem ser eliminados através da seleção profissional e exames médicos adequados com posterior capacitação e educação. Já as condições inseguras podem ter suas causas eliminadas através das técnicas das engenharias. Nesse ínterim, convém mencionarmos a "Regra EDE", relativa aos problemas de segurança do trabalho: • "E" – engenharia - medidas de ordem técnica; • "D" – disciplina – rigor na observação dos métodos de segurança; • "E" – educação – o ensino da segurança a todos. Demonstrar e comprovar aos setores administrativos da empresa a necessidade da correção das condições inseguras reveladas pela engenharia, além de implantar um programa de segurança e treinamento dos trabalhadores. UNIDADE 1TÓPICO 442 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S "A segurança do trabalho não é somente um problema de pessoal, mas envolve uma engenharia, um conhecimento de legislação específica, cujo sucesso é função direta da habilidade de vender o programa à gerência e aos trabalhadores". (MICHEL, 2008) 4 ESTATÍSTICA DOS ACIDENTES A CIPA, de acordo com a NR-5 da portaria nº 3214/78, é obrigada a preencher uma ficha com dados sobre qualquer acidente ocorrido. Esta ficha deverá ser aberta, quando da ocorrência de acidentes com afastamento e será discutida em todas as reuniões até que as medidas propostas, para evitar a repetição, tenham sido tomadas. Ao tomar conhecimento da ocorrência, o Departamento de Segurança deverá providenciar a investigação do acidente. Um elemento do Departamento (técnico, tecnólogo ou engenheiro) se dirigirá ao local, onde fará uma inspeção detalhada e colherá depoimentos dos trabalhadores daquela seção e, posteriormente, do encarregado ou supervisor. Quando houver vítima, esta deverá também descrever o ocorrido, conforme já mencionado em tópico anterior. Qualquer programa de segurança deve incluir métodos de controle e avaliação dos resultados. A reunião das informações e dados relativos às ocorrências, a partir dos diversos formulários como Ficha de Comunicação de Acidente (CAT), Ficha de Investigação de Acidentes, Ficha de Inspeção de Segurança, possibilita a fixação das metas e objetivos. Para um resumo dos acidentes em tabelas e gráficos que possibilitem controle e avaliação mais rápidos e precisos, podem ser estimados resumos periódicos, por exemplo, mensais e anuais. De maneira geral, considera-se como ano estatístico o período compreendido entre 1º de janeiro a 31 de dezembro e o mês estatístico do primeiro ao último dia desse mês. Vários coeficientes e taxas podem ser utilizados. Os índices citados a seguir são os mais comuns, e, embora alguns autores critiquem uns em defesa de outros, acredita-se que todos são válidos em termos estatísticos, pois se baseiam na norma NBR14280:2001 – “Cadastro de Acidentes de Trabalho – Procedimento e Classificação”. Basicamente são utilizados dois coeficientes: de frequência, que dá a ideia do número de acidentes, e de gravidade, que nos dá a ideia da extensão das lesões sofridas pelos trabalhadores. Na comparação entre diversos períodos de tempo ou entre diversas empresas, consideram-se os dados obtidos com os acidentes de trabalho em comparação ao tempo de exposição ao risco dos trabalhadores ou a soma das horas efetivamente trabalhadas. 4.1 CÁLCULO DAS HORAS-HOMEM UNIDADE 1 TÓPICO 4 43 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S DE EXPOSIÇÃO AOS RISCOS (HHT) As horas-homem são calculadas pelo somatório das horas de trabalho de cada empregado. Horas-homem, em um determinado período, se todos trabalham o mesmo número de horas, é o produto do número de homens pelo número de horas. Por exemplo: 25 homens trabalhando, cada um, 200 horas por mês, totalizam 5 000 horas-homem. Quando o número de horas trabalhadas varia de grupo para grupo, calculam-se os vários produtos, que devem ser somados para obtenção do resultado final. EXEMPLO: 25 homens, dos quais 18 trabalham cada um 200 horas por mês, quatro trabalham 182 horas e três, apenas 160 horas, totalizam 4808 horas-homem, como está demonstrado abaixo: (18 × 200) = 3.600 + (4 × 182) = 728 + (3 × 160) = 480 Total = 4.808 4.2 COEFICIENTE DE FREQUÊNCIA (CF) É igual ao número de acidentes com afastamento dividido pelo total de horas-homem trabalhadas, vezes 106. Portanto, representa-se por: CA = acidentes com afastamento HHT = horas-homem trabalhadas com exposição ao risco Para se obter o total de horas-homem trabalhadas, é suficiente somar as horas trabalhadas pelos empregados e registradas no cartão ponto. Nota-se que as horas extras serão incluídas, enquanto que faltas, abonos, licenças médicas não serão consideradas. Em outras palavras, o coeficiente de frequência dá o número de acidentes com afastamento por milhão de horas-homem trabalhadas. UNIDADE 1TÓPICO 444 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S Este coeficienteisolado não é de grande valia, pois, por exemplo, em uma empresa com coeficiente de frequência igual a 50, os acidentes foram somente de incapacidade temporária total, enquanto que outra empresa com coeficiente de frequência igual a 5, pode ter acidentes com incapacidade permanente ou mesmo morte. Para dar ideia das lesões, criou-se outro coeficiente. (MICHEL, 2008) 4.3 COEFICIENTE DE GRAVIDADE (CG) Corresponde aos dias perdidos em decorrência de acidentes com incapacidade temporária total somada aos dias debitados por acidentes com incapacidade permanente parcial ou total, ou morte do acidentado, dividido pelo total de horas trabalhadas pelos empregados e registradas no cartão ponto. dp = dias perdidos dd = dias debitados Os dias perdidos são contados a partir do dia seguinte ao do acidente, nos casos de afastamento por incapacidade temporária total, até o dia da alta médica ou retorno ao trabalho do acidentado em seu horário normal. Na contagem, são incluídos feriados e dias de descanso semanal obrigatório, portanto são dias corridos. Os dias debitados são retirados de uma tabela, constante na NR-5 Portaria 3214, de 8 de junho de 1978, que, a partir de uma avaliação percentual de perda de capacidade para o trabalho causada por lesão com incapacidade permanente, determina quantos dias deverão ser computados. Quando a incapacidade permanente decorrer de uma perturbação funcional, a avaliação da perda de capacidade será determinada pela empresa seguradora, considerando- se para 100% com total de 6.000 dias debitados. Esses coeficientes foram um pouco modificados, tendo em vista que alguns termos, se aplicados literalmente, não teriam significado. Por exemplo: a explosão de uma caldeira poderia causar lesões em dez operários que estivessem nas proximidades. Ter-se-ia, portanto, apenas um acidente de produção que causaria dez acidentes do trabalho, ou dez acidentados com lesão ou com perda de tempo, pela nomenclatura atualizada. Como, porém, o mínimo que se exige do profissional de segurança é bom senso, além dos conceitos técnicos básicos, não se acredita que essa modificação cause qualquer diferença na compilação dos dados. (MICHEL, 2008) UNIDADE 1 TÓPICO 4 45 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S 4.4 TAXA DE FREQUÊNCIA DE ACIDENTES (FA) É o número de acidentes (com e sem lesão) por milhão de horas-homem de exposição ao risco. Assim como o coeficiente de frequência deve ser calculado até a 2ª casa decimal (aproximação de centésimos) as horas-homem de exposição ao risco conceitualmente possuem o mesmo significado de horas-homem trabalhadas. N = número de acidentes com e sem lesão H = horas-homem de exposição ao risco ou HHT 4.5 TAXA DE FREQUÊNCIA DE ACIDENTADOS COM LESÃO E COM PERDA DE TEMPO (FL) É o número de acidentados com lesão incapacitante (morte ou incapacidade permanente ou incapacidade temporária total) em relação a um milhão de horas-homem de exposição ao risco. Seu significado é o mesmo do coeficiente de frequência. N = número de acidentados com lesão H = horas-homem de exposição ao risco ou HHT 4.6 TAXA DE FREQUÊNCIA DE ACIDENTADOS COM LESÃO SEM PERDA DE TEMPO (FS) É o número de acidentados com lesão leve (acidente sem afastamento) por milhão de horas-homem de exposição ao risco. N = número de acidentados sem lesão incapacitante H = horas-homem de exposição ao risco ou HHT A partir da análise estatística dos dados observados, para a empresa como um todo, poderão ser determinados os índices por setor, ou por seção da empresa, possibilitando delimitar as áreas de maior número de ocorrências e as áreas onde os acidentes atingem maior gravidade, visando ao estabelecimento de ações de controle. UNIDADE 1TÓPICO 446 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S A SUBNOTIFICAÇÃO DOS ACIDENTES DE TRABALHO Josevan Ursine Fudoli CONCEITOS LEGAIS Sob o ponto de vista legal, o acidente do trabalho é definido como “o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 da Lei 8.213/91, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho". São consideradas também como acidentes do trabalho as doenças profissionais e as doenças do trabalho, sendo que a doença profissional é a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade (constante de relações elaboradas pelo Ministério do Trabalho e Emprego e pelo Ministério da Previdência Social) e a doença do trabalho é a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente. Equiparam-se também ao acidente do trabalho o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação, o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; ato de pessoa privada do uso da razão; desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade. Equipara-se ainda como acidente do trabalho o acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e horário de trabalho, na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. Até nos períodos destinados à refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação LEITURA COmpLEmENTAR UNIDADE 1 TÓPICO 4 47 P R E V E N Ç Ã O E C O N T R O L E D E P E R D A S de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. Pela vertente do conceito legal, é muito difícil descaracterizar um acidente do trabalho, pois ele pode ocorrer durante o trabalho, no horário do almoço, fora do local do trabalho (a serviço da empresa), no trajeto (casa/trabalho/casa) e ainda sob a forma de doença profissional. DISTORÇÕES E SUBNOTIFICAÇÃO Com relação a acidentados, podemos classificá-los nas seguintes categorias: a) acidentados com lesão sem afastamento; b) acidentados com lesão com afastamento; c) doença ocupacional; d) acidentados de trajeto. A estatística dos acidentes apresenta geralmente tais categorias, que nem sempre retratam a realidade, pois costumam não computar os trabalhadores sem carteira assinada, as empregadas domésticas, os acidentes de trânsito e os acidentes não informados ao INSS, gerando o que se chama de subnotificação. Existem empresas que costumam transformar seus acidentes com lesão com afastamento em acidentes com lesão
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