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Um prédio de 13 andares em construção simplesmente “caiu de costas” na manhã de 27 de junho no distrito de Minhang, em Xan- gai, na China. Um operário morreu. Testemunhas relataram que o prédio começou a adernar inteiro às 5h30m da manhã, soterrando e matando o operário Xiao, 28 anos, da província de Anhui. Nin- guém mais morreu ou se feriu. “A terra tremeu” disse Zhang Su- pong, testemunha morando do outro lado do rio próximo ao local. “Mas meu apartamento não sofreu danos ou rachaduras”. As au- toridades determinaram a suspensão da obra e iniciaram cuidado- sas investigações. Aliás, ainda bem, pois como poderiam continuar a obra com o prédio deitado? Um outro cidadão, por volta de seu 30 anos de idade e que preferiu ficar na moita, declarou ao “China Daily” que havia acabado de comprar um apartamento no prédio ao lado do que caiu. Diante do acidente, decidiu que irá rescindir Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 56 o contrato com os construtores. O prédio caído ficava em local nobre em Xangai, a cinco paradas de metrô do centro da cidade. A valorização do imóvel era equivalente a US$ 2.634 por m2. A mídia local relatou que, no dia anterior ao desabamento, algumas rachaduras foram detectadas na barreira antienchente perto da construção mas, na ocasião, não se soube explicar tais rupturas. As informações são do China Daily. Fonte: <http://oglobo.globo.com/blogs/cat/posts/2009/07/07/o-predio-que-caiu-chapado-para-tras-202703.asp>. Acesso em: 05 out. 2011. Pois bem, já imaginou se isso tivesse ocorrido no Brasil? Certamente seria um caso a ser tratado pelos nossos Tribunais como de responsabilidade civil objetiva do empregador, pois o evento acabou causando a morte do empre- gado Xiao, de 28 anos. Você sabia? Responsabilidade pelo fato é quando o produto ou o serviço apre- senta defeito e/ou contém informações insuficientes ou inadequa- das a respeito de sua utilização e riscos. Tem a ver com a segurança do produto e serviço. Resumo O estudo que realizamos hoje encerra as quatro modalidades de responsa- bilidade civil, quais sejam: contratual, extracontratual, subjetiva e objetiva. Atividades de aprendizagem O Código de Defesa do Consumidor – CDC traz alguns conceitos a respeito da responsabilidade civil do fornecedor. Após ler o art. 12 e seus parágrafos, responda se o CDC prevê a modalidade objetiva ou subjetiva do fornece- dor em relação ao fato do produto ou serviço. Para ter acesso ao CDC, consulte diretamente o link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/ L8078compilado.htm e-Tec Brasil57 e-Tec Brasil59 Aula 11 - A reparação do dano I Até agora estudamos detalhadamente a respeito da responsabilização. Mas na prática, essa responsabilização se dará com a efetiva reparação do dano causado à vítima. Como é feita a reparação do dano? Quais critérios são utilizados? Esse é o tema desta aula e da aula seguinte. 11.1 O que é reparar? Para iniciar o tema de hoje recorreremos ao Dicionário Eletrônico Houaiss, que nos apresenta o significado de “reparar”: Pôr em bom estado de funcionamento o que se havia estragado; res- taurar, consertar, recondicionar; efetuar recuperação em; recobrar, restabelecer; retratar-se, dar satisfação; efetuar melhora ou aperfeiço- amento em; aprimorar; fazer correção em; remediar, emendar; com- pensar a (alguém ou si mesmo) por dano, prejuízo ou transtorno cau- sado; indenizar, ressarcir(-se), recuperar-(se); fixar ou dirigir a vista ou a atenção; notar, observar, perceber; tomar tento, cautela; dar prote- ção a si mesmo, abrigar-se, proteger-se, resguardar-se; recuperar(-se), ressarcir(-se). Portanto, reparar é devolver à vítima a condição anterior ao dano, da forma que era, retornando ao statu quo ante. Porém, em muitas vezes isso não é possível, hipótese em que a reparação é transformada pelo Juiz em uma indenização equivalente em dinheiro. Para Rodrigues (1975, p.192), “indenizar significa ressarcir o prejuízo, ou seja, tornar indene a vítima, cobrindo todo o dano por ela experimentado; esta é a obrigação imposta ao autor do ato ilícito, em favor da vítima”, e que “a ideia de tornar indene a vítima se confunde com o anseio de devolvê-la ao estado em que se encontrava antes do ato ilícito”. A esse respeito o Código Civil Brasileiro dispõe que: Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Responsabilidade Civil e Criminale-Tec Brasil 60 De acordo com esse dispositivo, o devedor deverá arcar com perdas e danos, juros e correção monetária, além dos honorários do advogado do credor fixados pelo Juiz. 11.2 Perdas e danos O conceito está indicado no art. 402 do CCB, quando prevê que “salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao cre- dor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar”. Podemos dividir tal conceito em duas partes: • Dano Emergente: que é aquilo que a vítima efetivamente perdeu, ou seja, o quanto seu patrimônio foi diminuído pelo evento danoso; • Lucro Cessante: é tudo aquilo que a vítima deixou de lucrar com o ato ilícito sofrido, ou seja, representa uma expectativa razoável de aumento de patrimônio não ocorrida pelo evento. Figura 11.1: Indenização em dinheiro Fonte: www.shutterstock.com Além do mais, o art. 944 do mesmo Código define que “a indenização mede-se pela extensão do dano”, sendo que “se houver excessiva des- proporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz redu- zir, equitativamente, a indenização”. Em conclusão, quanto maior for o dano, certamente maior será a indenização. Resumo Vimos nesta aula o que significa reparar um dano. Também estudamos que o dano pode ser ressarcido por meio de “perdas e danos”, seja por “dano emergente” ou “lucro cessante”. e-Tec Brasil61Aula 11 - A reparação do dano I Atividades de aprendizagem Acesse o link a seguir e descreva o que você compreendeu ser o lucro ces- sante. http://www.larimoveis.com.br/atraso-na-entrega-de-imovel- -gera-lucro-cessante-121. e-Tec Brasil63 Aula 12 - A reparação do dano II Leia o artigo denominado “Súmulas recentes do STJ abalam indústria do dano moral”, escrito pelo Dr. Geroldo Augusto Hauer. Disponível em: http://www.gahauer. server2.com.br/conteudo. php?cat=10&art=473 O texto da lei é claro quando trata da forma de reparação do dano ma- terial, ou seja, patrimonial. Contudo, é omisso no que toca à reparação do dano moral. Para Jorge Neto e Cavalcante (2005, p.772) “o dano moral, diferen- temente do material, caracteriza-se pela dor, angústia, aflição física ou moral, humilhação, abalo ao prestígio social, etc”, ou seja, é interno ao indivíduo. É isso que veremos a seguir, além de outras previsões a respeito da res- ponsabilidade em nosso Código Civil. 12.1 Como se dá a reparação do dano moral Naturalmente que não pode o Juiz adentrar no psicológico da vítima para periciar se a dor (que é um elemento subjetivo), ou mesmo a angústia, são de grande intensidade. Mas como se dá, então, essa reparação? Por essa razão, na falta de legislação específica, os juízes e teóricos que estu- dam o tema traçam alguns parâmetros para a definição dos critérios a serem considerados para fixação da indenização para ressarcimento do dano moral que, por exemplo, são: • Posição social e econômica do ofendido e do ofensor; • Intensidade da vontade de ofender; • Intensidade do sofrimento do ofendido; • Gravidade da ofensa; • Repercussão da ofensa; • Antecedentes do autor e sua reincidência; • Antecedentes da vítima; • Retratação espontânea; • Proporcionalidade;