Buscar

FICHAMENTO DOS ARTIGOS 155 AO 180-A DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ANÁLISE DOS ARTIGOS 155 AO 180-A DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO
CÓDIGO PENAL
DECRETO LEI Nº 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940
BRUNO WILLIS BEZERRA ROCHA
TÍTULO II – DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
CAPÍTULO I – DO FURTO
	Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I – com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
III – com emprego de chave falsa;
IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
§ 6º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.
§ 7º - A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
	CLASSIFICAÇÃO
Objeto da tutela penal propriedade, posse e detenção de coisa móvel.
Sujeitos do crime delito comum, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do furto, salvo o proprietário.
Conduta quando o agende apoderar-se, para si ou para outrem, de coisa alheia móvel, tirando de quem a detém. O apoderamento pode ser direto (apreensão manual) ou indireto (valendo-se de interposta pessoa ou até animais). 
Voluntariedade dolo, consistente na vontade consciente de apoderar-se definitivamente de coisa alheia, para si ou para outrem. 
Consumação e tentativa teoria adotada pelo STF: amotio dá-se a consumação quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, mesmo que num curto espaço de tempo, independentemente de deslocamento ou posse mansa e pacífica. 
É possível a tentativa!!
	QUALIFICADORAS, MAJORANTE, FORMA PRIVILEGIADA E CLÁUSULA DE EQUIPARAÇÃO
	Majorante: repouso noturno (§ 1º) é o período em que, à noite, as pessoas se recolhem para descansar. 
Furto privilegiado (§ 2º) em favor dos autores primários de subtração de coisa de valor insignificante, movidos por necessidade de uso.
Equiparação (§ 3º) energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico equiparam-se a coisa móvel.
Qualificadoras (§§ 4º, 5º, 6º e 7º) HIPÓTESES:
destruição ou rompimento de obstáculo (inciso I) quando o autor rompe um obstáculo colocado para impedir a subtração da coisa, como por exemplo, a degradação, arrombamento, rompimento, destruição de quaisquer objetos (fechaduras, cadeados, etc) ou construções, que dificultem a subtração da coisa. 
abuso de confiança (inciso II) ocorre quando o agente, além de furtar, viola a confiança que nele foi depositada. Para a incidência desta qualificadora, é importante que o autor tenha um vínculo de lealdade ou de fidelidade com a vítima.
fraude (inciso II) de acordo com Damásio de Jesus, “trata-se de meio enganoso capaz de iludir a vigilância do ofendido e permitir maior facilidade na subtração do objeto material”.
escalada (inciso II) ocorre quando o agente utiliza uma via anormal para ingressar no local, seja escalando um muro ou até mesmo cavando um buraco para penetração subterrânea. 
destreza (inciso II) ocorre quando o agente utiliza um meio de habilidade que faz com que a vítima não perceba que está sendo furtada.
chave falsa (inciso III) a chave falsa pode ser compreendida como qualquer instrumento capaz de abrir fechaduras, como chaves, grampos, cartões, etc.
concurso de pessoas (inciso IV) para se enquadrar na majorante, deve incidir o disposto no art. 29, caput , do Código Penal.
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (§ 4º-A) neste caso, para praticar o furto, o agente teria que se valer de emprego de explosivos, como ocorre na explosão de caixas eletrônicos. 
subtração de veículo automotor (§ 5º) para incidir esta qualificadora, além de realizar o furto do veículo automotor, é necessário que o agente tenha como destino outro Estado ou o exterior. 
subtração de semovente domesticável de produção (§ 6º) ocorre principalmente em cidades do interior, ocorrendo o furto de animais.
subtração de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego (§ 7º) neste caso, a qualificadora irá incidir se o agente furtar essas substâncias ou acessórios com a finalidade de fabricar ou montar explosivos, ou até mesmo emprega-los na prática de outro crime. 
	JURISPRUDÊNCIAS
	Subtrair objeto do interior do automóvel mediante quebra de vidro: furto qualificado
“A conduta de violar o automóvel, mediante a destruição do vidro para que seja subtraído bem que se encontre em seu interior – no caso, um aparelho de som automotivo – configura o tipo penal de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo à subtração da coisa, previsto no art. 155, § 4º, inciso I, do CP.” (STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.264.606-DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 22/10/2013 (info 532). STJ. 3º Seção. EREsp 1079847/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Terceira Seção, julgado em 22/052013)
“Para a configuração da circunstância majorante do § 1º do art. 155 do Código Penal basta que a conduta delitiva tenha sido praticada durante o repouso noturno, dada a maior precariedade da vigilância e a defesa do patrimônio durante tal período e, por consectário, a maior probabilidade de êxito na empreitada criminosa, sendo irrelevante o fato de uma das vítimas não estar dormindo no momento do crime” (STJ, HC 331.100/MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª T., DJe 03/05/2016).
FURTO DE COISA COMUM
	Art. 156 – Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não exceda a quota a que tem direito o agente
	CLASSIFICAÇÃO
Objeto da tutela penal propriedade, posse e detenção de coisa móvel, sendo, neste caso, o objeto material e não mais alheia, e sim comum, pertencente a várias pessoas, dentre elas o próprio sujeito ativo.
Sujeitos do crime crime próprio, pois só pode ser praticado pelo condômino, coerdeiro ou sócio.
Conduta quando o agende apoderar-se da coisa comum, que está sob posse de outrem.
Obs.: se a coisa for fungível, poderá haver a substituição e, neste caso, não será punido o agente. Se a coisa for infungível, o agente responderá por furto de coisa comum. 
Voluntariedade dolo, consistente na vontade consciente de subtrair para si ou para outrem coisa comum.
Consumação e tentativa de acordo com Rogério Sanches, “o momento consumativo é divergente, como no furto do art. 155, entendendo a maioria ser suficiente a retirada da coisa da esfera de posse e disponibilidade da vítima, ingressando na livre disponibilidade do agente, dispensando, no entanto, posse tranquila.”
É possível a tentativa!!
	Parágrafo 1º: a ação Penal é considerada pública condicionada à representação.
Parágrafo 2º: como foi citado anteriormente, se a coisa for fungível, admite sua substituição por outra da mesma espécie, qualidade e quantidade, não sendo punível a subtração se o valor da coisa subtraídanão excede a quota-parte a que tem direito o agente.
	JURISPRUDÊNCIAS
“Mesmo que o fato descrito exordial caracterize, em princípio, o delito próprio de furto de coisa comum, ao qual o legislador condicionou o processo ao exercício do direito de representação pelos coerdeiros, tal manifestação não exige forma rígida, bastando que a intenção das vítimas seja demonstrada de forma inequívoca. Devem ser consideradas válidas as atitudes dos coerdeiros após o fato delituoso, que demonstraram o firme interesse de que fosse apurada a responsabilidade criminal da paciente, eis que compareceram ao Ministério Publicada ação penal e posteriormente a' D 1 . d o pugnando pela instauração, e egacra on e prest d . dos fatos" (STJ: HC 60.680/PB Rei M' G'l' . · aram epormento acerca, . m. r son Drpp, 5• Turma, j. 29.06.2007).
HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL MILITAR. TIPICIDADE FORMAL E AUSÊNCIA DE TIPICIDADE MATERIAL. FURTO DE COISA DESCARTADA, POIS JÁ USADA PELO TITULAR DO PATRIMÔNIO. OBJETO DO DELITO AVALIADO EM MENOS DE R$ 20,00 (VINTE REAIS). EXCEPCIONALIDADE DO CASO. ORDEM CONCEDIDA. 1. Para que se dê a incidência da norma penal, não basta a simples adequação formal do fato empírico ao tipo legal. É preciso que a conduta delituosa se contraponha, em substância, ao tipo penal em causa, sob pena de se provocar a desnecessária mobilização de u'a máquina custosa, delicada e ao mesmo tempo complexa como é o aparato de poder em que o Judiciário consiste. Poder que não é de ser acionado para, afinal, não ter o que substancialmente tutelar. Numa visão humanitária do Direito Penal, então, é de se prestigiar esse princípio da tolerância, que, se bem aplicado, não chega a estimular a idéia de impunidade. 2. No caso, o ato de se apoderar de cápsulas de projéteis e fragmentos de chumbo (imprestáveis, é bom que se diga, para causar qualquer lesão à segurança da coletividade), no âmbito da administração militar, é de ser considerado como infração de bagatela, a ponto de excluir a tipicidade da conduta dos agentes e, via de conseqüência, o ius puniendi estatal. 3. Ordem concedida para trancar a ação penal.
(STF - RHC: 97816 SP, Relator: Min. AYRES BRITTO, Data de Julgamento: 12/04/2011, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-199 DIVULG 14-10-2011 PUBLIC 17-10-2011 EMENT VOL-02608-01 PP-00027)
CAPÍTULO II
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
	Roubo
Art. 157 – Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:
II – se há o concurso de duas ou mais pessoas;
III – se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
IV – se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;
V – se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua libertade.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.
§ 3º Se da violência resulta:
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa;
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.
	CLASSIFICAÇÃO
O roubo é um crime complexo, pois sua unidade jurídica se completa pela união de dois tipos penais: furto e constrangimento ilegal. 
Objeto da tutela penal tutela-se o patrimônio e a liberdade individual da vítima.
Sujeitos do crime é um crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa.
Conduta no ROUBO PRÓPRIO, o agente, visando apoderar-se do patrimônio alheio, utiliza-se de violência, grave ameaça ou qualquer outro meio capaz de impossibilitar a defesa da vítima.
A grave ameaça pode ser considerada como uma intimidação, ou seja, coação psicológica, na promessa de castigo ou de malefício.
No ROUBO IMPRÓPRIO, previsto no parágrafo 1º, o agente usa da violência ou grave ameaça para assegurar a impunidade do crime ou detenção da coisa, que já estava apoderada. 
Voluntariedade dolo, consistente na vontade de apoderar-se, para si ou para outrem, mediante violência ou grave ameaça, de coisa alheia móvel. 
Consumação e tentativa no ROUBO PRÓPRIO, a consumação acontece com a subtração do bem mediante violência ou grave ameaça, dispensando o locupletamento do agente. No ROUBO IMPRÓPRIO, a consumação acontece com o emprego da violência ou grave ameaça
É possível a tentativa!!
	MAJORANTES E QUALIFICADORAS
	Majorantes: 
As majorantes para o delito de Roubo estão estabelecidas no parágrafo 2º. Vejamos: 
O inciso II faz referência ao concurso de pessoas. Para uma parte da doutrina, considera-se dispensável a prática de atos executórios por todos os agentes.
O inciso III trata do aumento da pena quando a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. Neste caso, o sujeito ativo não poderá ser proprietário dos valores transportados, pois, como há a necessidade da vítima estar a serviço, isso significa que os valores não são próprios, mas de terceiro. 
O inciso IV busca minimizar o recorrente roubo de veículos automotores e sua posterior remessa a outros Estados ou países, igualmente aplicado na qualificadora do furto. Vale ressaltar que a lei não cita a possibilidade de transportar o veículo para o Distrito Federal, gerando interpretações diferentes acerca do tema.
No inciso V, o agente, para consumar o crime ou garantir o sucesso da fuga, mantém a vítima em seu poder, restringindo a sua liberdade de locomoção, não se confundido com roubo mediante sequestro. 
O inciso VI, da mesma forma do furto, traz a possibilidade de aumento de pena caso o roubo seja de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
O parágrafo 2º-A, adicionado pela Lei nº 13.654, de 2018, que trata do aumento da pena em 2/3, acrescentou mais dois incisos. O primeiro, relativo ao agente que comete violência ou ameaça com emprego de arma de fogo; e a segunda, caso o agente destrua ou rompa obstáculo mediante emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum, semelhante ao disposto no furto. Esses dispositivos são autoexplicativos. 
Qualificadoras:
Previstas no § 3º, as qualificadoras estão divididas em duas partes (incisos I e II). A primeira refere-se ao resultado lesão corporal de natureza grave; a segunda, ao resultado morte (latrocínio). Para a ocorrência dessas qualificadoras, o resultado deve ter sido causado, no mínimo, de forma culposa. 
É importante destacar que o latrocínio é um crime contra o patrimônio com resultado morte. Neste caso, o agente queria ofender o patrimônio da vitima, utilizando a morte como meio. Se a intenção inicial era apenas matar, o agente cometeu o crime de homicídio. 
Hipóteses de ocorrência do latrocínio:
Morte consumada, subtração consumada – latrocínio consumado
Morte tentada e subtração tentada – latrocínio tentado
Morte consumada, subtração tentada – latrocínio consumado 
Morte tentada e subtração consumada – tentativa de latrocínio ou, de acordo com o STF, roubo em concurso com o crime de tentativa de homicídio qualificado. 
	JURISPRUDÊNCIAS
Diferentemente do que ocorre no furto, o roubo de uso é crime ( STJ. 5º Turma REsp 1.323.275-GO, Rel. Min. Laurita Vaz, julgadm em 24/4/2014 (info 539). 
Aplicação do princípio da insignificância:
Para o roubo, a jurisprudência majoritáriaé no sentido de que não cabe a aplicação do princípio da insignificância (HC 136.059/MS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, DJe 18/04/2016)
É inaplicável a aplicação do privilégio previsto para o furto (RT 445/482).
EXTORSÃO
	
Extorsão 
Art. 158 – Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
§ 3º - Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze anos), além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente.
	CLASSIFICAÇÃO
Neste crime, a finalidade do agente é obter vantagem econômica, tolhendo o patrimônio do ofendido.
Objeto da tutela penal tutela-se o patrimônio e a inviolabilidade pessoal da vítima.
Sujeitos do crime é um crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa.
Conduta obrigar, coagir alguém a fazer algo, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa, mediante violência física ou grave ameaça.
Voluntariedade dolo, consistente na vontade consciente de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, com o fim de obter vantagem econômica indevida, a fazer algo, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa.
Consumação e tentativa para a maioria da doutrina, trata-se de um crime formal, ou seja, de consumação antecipada, acontecendo no momento em que o agente emprega os meios aptos a constranger a vítima a lhe proporcionar indevida vantagem econômica. 
É possível a tentativa!!
	MAJORANTES E QUALIFICADORAS
	Majorantes:
§ 1º: se o crime for praticado por duas ou mais pessoas, ou se for cometido mediante emprego de arma (neste caso, não se limita apenas a arma de fogo).
Qualificadoras: 
§ 2º: fazendo referência ao § 3º do crime de roubo, o crime de extorsão será qualificado se for praticado mediante violência, com resultado lesão corporal de natureza grave ou morte.
§ 3º sequestro relâmpago: ocorre quando o agente restringe a liberdade da vítima para a obtenção da vantagem econômica. 
	JURISPRUDÊNCIA
Se o agente ameaça causar um prejuízo à vítima, ainda assim haverá extorsão? A grave ameaça prevista no art. 158 pode ser econômica?
SIM.. O STJ decidiu que a extorsão pode ser feita mediante ameaça de causar um prejuízo econômico. Assim, não se exige que a ameaça se dirija apenas contra a integridade física ou moral da vítima.
No caso concreto julgado, o agente estava com o carro da vítima e exigiu que ela fizesse o pagamento a ele de determinada quantia em dinheiro. Caso o pedido não fosse atendido, ele prometeu destruir o veículo. 
Dessa forma, o STJ decidiu que pode configurar o crime de extorsão a exigência de pagamento em troca da devolução do veículo furtado, sob a ameaça de destruição do bem. (STJ. 5ª Turma. REsp 1.207.155-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 7/11/2013 (info 531).
Não se consuma o crime de extorsão quando, apensar de ameaçada, a vítima não se submete à vontade do criminoso, ou seja, não assume o comportamento exigido pelo agente. Nesse caso, haverá tentativa de extorsão. (STJ. 6ª Turma. REsp 1.094.888-SP, Re. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 21/8/2012 (info 502). 
	DIFERENÇA ENTRE EXTORSÃO E ROUBO
	EXTORSÃO
O agente faz com que a vítima entregue a coisa (o verbo é constranger).
Na extorsão há a tradição da coisa (traditio)
A colaboração da vítima é indispensável. Se a vítima não quiser fazer, não tem como o agente fazer sozinho.
A vantagem buscada pelo agente pode ser contemporânea ao constrangimento ou posterior a ele.
A vantagem econômica indevida pode ser um bem móvel ou imóvel. 
	ROUBO
O agente subtrai a coisa pretendida (o verbo é subtrair).
No roubo há a subtração da coisa (concretatio)
A colaboração da vítima é dispensável. Se a vítima não quiser fazer, o agente pode fazer sozinho.
A vantagem buscada (coisa alheia móvel) é para agora (imediata)
A vantagem econômica indevida somente pode ser um bem móvel. 
EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO
	Art. 159 – Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: 
Pena – reclusão, de oito a quinze anos. 
§ 1º - Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
Pena – reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusçao, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena – reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do equestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços. 
	CLASSIFICAÇÃO
Este crime se trata, basicamente, de uma forma qualificada de extorsão, quando é praticada mediante sequestro. No sequestro, a vítima é privada de sua liberdade como meio para obtenção da vantagem.
Objeto da tutela penal tutela-se o patrimônio e liberdade de locomoção da vítima, além de sua integridade física.
Sujeitos do crime é um crime comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa.
De acordo com Rogério Greco, “também é possível que a pessoa jurídica goze do status de sujeito passivo do delito de extorsão mediante sequestro, uma vez que seus sócios podem, por exemplo, ser privados da sua liberdade, para que se efetue o pagamento do resgate por intermédio do patrimônio da pessoa jurídica a eles pertencente.”
Conduta sequestrar, ou seja, impedir, mediante qualquer meio, e com a finalidade de obtenção de vantagem indevida, como condição ou preço do resgate, que alguém exercite o seu direito de ir e vir. 
Voluntariedade dolo, consistente na vontade consciente de privar a vítima de sua liberdade, com a finalidade de obter vantagem ilícita em troca de soltura. 
Consumação e tentativa a exemplo da extorsão, este é um crime formal, consumando-se com a privação da liberdade da vítima, sendo o recebimento do resgate mero exaurimento a ser considerado na dosagem da pena.
Além disso, vale destacar que é um crime permanente, isto é, admite flagrante a qualquer tempo da privação, começando a correr prescrição somente depois de cessada a permanência. 
É possível a tentativa!! 
	QUALIFICADORAS E MINORANTES DE PENA
	Qualificadoras: 
Será qualificado quando a privação de liberdade da vítima ultrapassa o período de 24 horas; em que o sequestrado é menor de dezoito ou maior de sessenta anos; ou em que é cometido por bando ou quadrilha (associação criminosa). Além dessas, há também as qualificadoras previstas no parágrafo 3º do crime de roubo, quais sejam, se resulta em lesão corporal grave ou morte.
Minorantes: 
Delação premiada (parágrafo 4º): causa especial de redução de pena. 
Da análise da letra da lei, observamos que existem requisitos para a ocorrência da delação premiada. São eles: que o crime tenha sido cometido em concurso de pessoas; que um dos concorrentes denuncie à autoridade; que facilite a liberação do sequestrado. Presentes os requisitos, torna-se uma causa obrigatória de redução de pena. 
	JURISPRUDÊNCIAS
	O pedido de reconhecimento da tentativa delitiva do crime de extorsão mediante sequestro não merece ser acolhido. É de curial conhecimento que o crime de extorsão mediante sequestro consuma-se, após o efetivo sequestro da vítima, quando se exige a vantagem indevida (TJ-RJ, AC 0192956-12.2012.8.19.0004, Rel. Des. Cairo Ítalo França David, DJe 11/10/2016).
Inviável a aplicaçãoda causa de redução da tentativa, pois o crime de extorsão mediante sequestro é crime forma, o qual não exige o resultado para sua consumação (TJ-MG, AC 0175050.8.13.0686, Rel. Des. Edison Feital Leite, DJe 23/09/2016).
EXTORSÃO INDIRETA
	Art. 160 – Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
	CLASSIFICAÇÃO
De acordo com Rogério Sanches, “trata-se de um dispositivo que tem por objetivo estabelecer proteção nas relações entre credores e devedores, evitando que os primeiros abusem de sua condição ao exigir seus créditos destes últimos.”
Objeto da tutela penal tutela-se o patrimônio e liberdade individual. 
Sujeitos do crime ativo: qualquer pessoa que exige ou recebe o documento como garantia. Sujeito passivo: aquele que entrega o documento.
Conduta crime de ação múltipla, cujas condutas nucleares são: exigir e receber. Exigir: obtenção da garantia que obriga a vítima a entregar-lhe o documento. Receber: o agente aceita como garantia da dívida documento capaz de ensejar instauração de procedimento criminal contra a vítima. 
Voluntariedade dolo, consistente na vontade consciente de obter documento que pode dar causa à instauração de procedimento criminal, abusando da situação aflitiva da vítima.
Consumação e tentativa na modalidade exigir, o crime é formal. Na modalidade receber, o delito é material, consumando-se com o recebimento do documento. 
É possível a tentativa!! 
	JURISPRUDÊNCIA
Súmula nº 246. Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos. 
O crime de extorsão indireta configura-se quando presente na conduta do agente o dolo específico exigido pleo tipo penal, ou seja, a consciência de que, ao exigir um cheque pós-datado como garantia de dívida, poderá vir a dar causa a um procedimento criminal contra a vítima. Ausente esse elemento, não há que se falar em crime. (Ademais, o cheque dado em garantia de vídida, pós-datado, quando ausente provisão de fundos, não gera ilícito criminal, e sim mero inadimplemento contratual TJMG, AC 2.0000.00.443197-0/000, Rel. Vieira de Brito, DJ 4/12/2004).
CAPÍTULO III – DA USURPAÇÃO
	Alteração de limites
Art. 161 – Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
Pena – detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem:
Usurpação de águas
I – desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias;
Esbulho possessório
II – invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada.
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa.
	CLASSIFICAÇÃO
A alteração de limites é a conduta de suprimir ou deslocar tapume, marco ou qualquer sinal indicativo de linha divisória para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia.
Objeto da tutela penal tutela-se a posse e a propriedade
Sujeitos do crime ativo: proprietário ou possuidor que altera o limite de propriedade com o fim de apropriar-se dela
Conduta crime de ação múltipla, cujos núcleos são: suprimir ou descolar tapume, marco ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia. 
Voluntariedade dolo, consistente na vontade consciente de suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, com intenção de apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia, ocupando ou invadindo. 
Consumação e tentativa crime formal, que se consuma com a mera supressão ou deslocamento da linha divisória, independentemente do efetivo apoderamento. 
É possível a tentativa!! 
	O inciso I, do parágrafo 1º deste artigo trata a respeito da usurpação das águas, que quando um agente pratica o desvio ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias. Por ser um crime comum, qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. O sujeito passivo será o proprietário ou possuidor da água desviada ou represada. 
A conduta consiste em ação múltipla, sendo que o núcleo do tipo de consubstancia nos verbos desviar e represar, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias, podendo ser de propriedade publica ou privada.
É necessário o dolo para a prática do crime e, por ser um crime formal, se consuma quando ocorre o desvio ou represamento da água alheia, independentemente do real proveito. Admite-se tentativa. 
	Já o inciso II do parágrafo supracitado trata do Esbulho Possessório, que ocorre quando o agente invade, com violência ou grave ameaça a pessoa, ou mediante concurso de agentes, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. 
É um crime comum, ou seja, qualquer pessoa poderá ser sujeito ativo. O sujeito passivo será o proprietário do terreno, ocupado por terceiros. 
A conduta consiste em invadir, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para fim de esbulho possessório. É necessário haver a vontade consciente (dolo) de invadir edifício ou terreno alheio. 
O delito se consuma com a invasão e, por ser um delito plurissubsistente, admite-se tentativa.
Haverá concurso material se da violência empregada se configurar qualquer dos delitos contra a pessoa (parágrafo 2º).
De acordo com o parágrafo 3º, se a propriedade é particular e não há o emprego de violência, a ação penal será privada, mediante queixa. 
	JURISPRUDÊNCIA
“O esbulho possessório de residência construída mediante financiamento do Sistema Financeiro de Habitação, e de que trata o art. 9º da Lei 5.741/71, não atrai a competência da Justiça Federal, uma vez que não praticado em detrimento de bes, serviços ou interesse da União ou da Caixa Econômica Federal” (STJ: CC 28.707/SP, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, 3ª Seção, j. 28.09.20005)
“A remoção de cerca ou palanque, marcos divisórios entre propriedades, não basta para caracterizar o crime de usurpação por alteração de limites, sendo necessário, ainda, o dolo específico de apropriação da coisa imóvel alheia “. (RJDTACRIM 33/94)
SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE MARCA EM ANIMAIS
	Art. 162 – Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade:
Penal – detenção, de seis meses a três anos, e multa.
	CLASSIFICAÇÃO
Objeto da tutela penal tutela-se a posse e a propriedade dos semoventes.
Sujeitos do crime qualquer pessoa pode praticar o crime, e o sujeito passivo será o proprietário do gado ou rebanho.
Conduta crime de duas ações: suprimir (extinguir) ou alterar (modificar) marca ou sinal indicativo de propriedade em gado ou rebanho alheio. 
Voluntariedade dolo, consistente na vontade consciente de suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de propriedade. 
Consumação e tentativa consuma-se o delito com a supressão ou alteração da marca ou sinal, independentemente da efetiva apropriação do semovente. 
É possível a tentativa!! 
	JURISPRUDÊNCIA
A marca não constitui prova incontestável da propriedade, não só porque há animais não marcados, cuja propriedade ninguém contesta, como outros marcados que podem não pertencer ao dono da marca. A marca simbólica em animais só vale como ‘tomada da posse’, jamais como ‘crimes de propriedade’. Daí a razão pela qual, se forem encontradas letras de duas marcas e a perícia não chega a dizer qual das duas fora alterada, somente mediante a prova efetiva da origem do animal será possível atribuir a propriedade a um ou outro dono da marca (TJMG, Rel. Sebastião Maciel, ADV COAD 150).
HABEAS CORPUS. CRIME DE ORGANIZAÇÃOCRIMINOSA. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. RECEPTAÇÃO QUALIFICADA. SUPRESSÃO E ALTERAÇÃO DE MARCA EM ANIMAIS. CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA. USO DE DOCUMENTO FALSO. FALSIDADE IDEOLÓGICA. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA. COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO. LEGALIDADE E NECESSIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA. FUMUS COMISSI DELICTI E PERICULUM LIBERTATIS EVIDENCIADOS. GARANTIA DE ORDEM PÚBLICA. OUSADIA DO AGIR DELITIVO. ELEVADA ARTICULAÇÃO E SOFISTICAÇÃO DA CÉLULA CRIMINOSA. PROPENSÃO À REITERAÇÃO DELITIVA. ARTIGOS 312 E 313, I E II, DO CPP. INSUFICIÊNCIA DE MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS. EXTREMA COMPLEXIDADE FÁTICA E PROCESSUAL QUE ARREDA A ALEGAÇÃO DE MANUTENÇÃO DA PRISÃO POR PERÍODO IRRAZOÁVEL. SEGREGAÇÃO MANTIDA. ORDEM DENEGADA. UNÂNIME. (Habeas Corpus Nº 70071535306, Sexta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ícaro Carvalho de Bem Osório, Julgado em 10/11/2016). (TJ-RS - HC: 70071535306 RS, Relator: Ícaro Carvalho de Bem Osório, Data de Julgamento: 10/11/2016, Sexta Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 14/11/2016).
CAPÍTULO IV – DO DANO
	Dano 
Art. 163 – Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa.
Dano qualificado
Parágrafo único – Se o crime é cometido: 
I – com violência à pessoa ou grave ameaça;
II – com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave;
III – contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos; 
IV – por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima:
Pena – detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
	CLASSIFICAÇÃO
Objeto da tutela penal tutela-se o patrimônio alheio contra danos que eventualmente possam sofrer. Por ser um crime de menor potencial ofensivo, admite-se a transação penal e a suspensão condicional do processo. Contudo, se for qualificado, somente a suspensão condicional do processo.
Sujeitos do crime qualquer pessoa pode praticar o crime, e o sujeito passivo será o proprietário (e possuidor) da coisa danificada.
Conduta destruir, inutilizar e deteriorar coisa alheia. O crime de dano pode ocorrer na forma comissiva e omissiva.
Voluntariedade dolo, consistente na vontade consciente de destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia.
Consumação e tentativa consuma-se o delito com a prática do dano efetivo, seja total ou parcialmente. 
É possível a tentativa!! 
	QUALIFICADORAS DO PARÁGRAFO ÚNICO
O crime de dano será qualificado se for praticado com violência à pessoa ou grave ameaça. Geralmente há o emprego dessas hipóteses para assegurar a execução do delito.
Será qualificado, também, se for praticado com emprego de substancia inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave. Assim, pode-se perceber que somente irá incidir a qualificadora se o fato não constituir crime mais grave.
O crime de dano será qualificado se for praticado contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista. Neste caso, tem-se que o crime de dano será qualificado quando praticado contra bens integrantes do patrimônio público. 
A quarta e última qualificadora diz respeito ao crime de dano praticado por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima. “Motivo egoístico não pode ser considerado como aquele que satisfaz simples sentimento pessoa, pois, do contrário, não seria possível distinguir entre o dano qualificado e o simples, vez que em todas as situação há um motivo determinante para que o agente queira praticar o dano contra a coisa alheia. Deve ser encarado como egoístico aquele que se prende ao desejo ou expectativa de um ulterior proveito indireto, seja econômico, seja moral.” (JTACRIM 55/405)
	JURISPRUDÊNCIA
“Se um indivíduo que tinha uma fazenda em uma terra indígena, ao receber ordem para desocupar o local, destrói as acessões (construções e plantações) que havia feito no local, ele pratica, em tese, o delito de dano qualificado (art. 163, parágrafo único, II, do CP). Isso porque essas terras pertencem à União (art. 20, XI, da CF/88), de forma que, consequentemente, as acessões também são patrimônio público federal. (STF. 2ª Turma. Inq 3670/RR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 23/9/2014 (info 760).
INTRODUÇÃO OU ABANDONO DE ANIMAIS EM PROPRIEDADE ALHEIA
	Art. 164 – Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo:
Pena – detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. 
	CLASSIFICAÇÃO
Objeto da tutela penal tutela-se a propriedade e a posse de bem imóvel contra danos que poderão ser roduzidos por animais nele introduzidos ou abandondos.
Sujeitos do crime qualquer pessoa pode praticar o crime, e o sujeito passivo será o proprietário (e possuidor) do imóvel.
Conduta introduzir ou deixar animais em propriedade alheia sem o consentimento do dono. 
Voluntariedade dolo -vontade consciente de introduzir o animal em propriedade alheia, sem o consentimento do proprietário ou possuidor.
Consumação e tentativa crime material. Consuma-se com a introdução ou abandono combinado com a ocorrência de efetivo prejuízo ao proprietário ou possuidor. 
Para a maior parte da doutrina, a tentativa é inadmissível. 
	JURISPRUDÊNCIA
Não há crime de dano e de introdução ou abandono de animais em propriedade alheia sem a intenção dolosa de prejudicar (TJSP, AC 28220, Rel. Olavo Guimarães, RT 185, p. 669).
Se por omissão os animais invadem propriedade alheia e destroem a plantação, caracterizado resta o delitodo art.164 do CP (TJMG, AC 8041, Rel. Sebastião Maciel, RT 567, p. 379).
DANO EM COISA DE VALOR ARTÍSTICO, ARQUEOLÓGICO OU HISTÓRICO
	Art. 165 – Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
ALTERAÇÃO DE LOCAL ESPECIALMENTE PROTEGIDO
Art. 166 – Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido por lei:
Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Essses delitos foram tacitamente revogados pela Lei 9.605/98, que dispõe acerca das sanções penais e administrativas advindas de condutas lesivas ao meio ambiente. 
AÇÃO PENAL
	Art. 167 – Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante queixa.
Este artigo disciplina que a ação penal para os crimes previstos nos dispositivos supracitados será de iniciativa privada. Já nos demais crimes tipificados no Capítulo, a ação penal será pública incondicionada. 
CAPÍTULO V – DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
	Apropriação indébita
Art. 168 – Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I – em depósito necessário;
II – na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III – em razão de ofício, emprego ou profissão.
	CLASSIFICAÇÃO
Pode ser considerado como o crime onde o agente se empodera de uma coisa alheia sem o consentimento do dono, e o criminoso acaba recebendo o bem por empréstimo ou em confiança, passando a agir como se fosse o próprio dono. A diferença deste crime para o furto, é que no furto, a finalidade de apropriação da coisa é anterior a sua obtenção, enquanto que na apropriação indébita, o agente decide se apoderar do bem depois que o recebe, não devolvendo ao dono.
Objeto da tutela penal tutela-se o patrimônio e a propriedade.
Sujeitos do crime qualquer pessoa pode praticar o crime, e o sujeito passivo será o proprietário (e possuidor) da coisa danificada.Se um funcionário público apropria-se de coisa, pública ou particular, em seu poder em razão do ofício, comete o crime de peculato.
Conduta crime de ação única, cujo comportamento nuclear se consubstancia no verbo apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou detenção, passando a agir arbitrariamente como se fosse dono. A vítima deve entregar voluntariamente o bem, ou seja, a posse ou detenção deve ser legítima; deve haver posse ou detenção desvigiada (confiança sem vigilância); a ação do agente deve recair sobre a coisa alheia móvel, que pode ser transportada de um local para o outro; e deve haver a inversão do ânimo da posse, ou seja, ao obter a coisa legitimamente, o agente passa a agir como se fosse seu dono.
Voluntariedade dolo, consistente na vontade consciente de se apropriar de coisa alheia móvel.
Consumação e tentativa por se tratar de crime material, a consumação ocorre no momento em que o agente transforma a posse ou detenção que exerce sobre o bem em domínio, isto é, quando pratica atos inerentes à qualidade de dono, incompatíveis com a possibilidade de ulterior restituição da coisa. 
Não é pacífico na doutrina a possibilidade de ocorrência de tentativa para este crime, contudo, Rogério Sanches entende ser possível, e dá o exemplo de quando o agente é surpreendido pelo proprietário no momento em que está vendendo a coisa, sendo impedido de concretizar o negócio. 
	MAJORANTES DA PENA
As majorantes deste crime estão previstas no § 1º. No total, são 3: 
Se o agente recebeu a coisa em depósito necessário. De acordo com o art. 647 do Código Civil, depósito necessário é aquele atribuído no desempenho de função legal ou na ocorrência de calamidades, ou, ainda, de acordo com o art. 649 do CC, no caso de depósito por equiparação.
Em razão da qualidade pessoal do agente: se a coisa for recebida na qualidade de tutor, curador, síndico, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial. 
Em razão de cargo, ofício, emprego ou profissão: autoexplicativo. 
	JURISPRUDÊNCIA
Admite-se a aplicação do princípio da insignificância no crime de apropriação indébita?
O STJ concedeu ordem de habeas corpus para reconhecer a atipicidade da conduta impurada ao paciente denunciado pela suposta prática do crime de apropriação indébita, ante a aplicação do princípio da insignificância. No caso, a vítima, advogado, alegou que o paciente – também advogado e colega do mesmo escritório de advocacia – teria se apropriado de sua agenda pessoa (avaliada em cerca de dez reais), a qual continha dados pessoais e profissionais. Para a Min. Relatora, a hipótese dos autos revelava um acontecimento trivial, sem que tenha ocorrido qualquer circunstância hábil a lhe conferir maior relevância. Consignou que, por mais que se considere que o objeto supostamente tomado continha informações importantes à vítima, a conduta é dotada de mínimo caráter ofensivo e reduzido grau de reprovação, assim com a lesão jurídica é inexpressiva e não causa repulsa social. (HC 84.412-SP, DJ 19/11/2004; STJ: HC 103.618-SP, DJe 4/8/2008; REsp 922.475-SP, DJe 16/11/2009)
O simples descumprimento de uma obrigação contratual, sem que ocorra a indicação de elementos concretos do ilícito penal, não pode ensejar uma ação penal contra inadimplente. Assim, o STJ considerou atípica a conduta do advogado que, contratado para patrocinar interesses de determinada pessoa em juízo, não cumpriu o pactuado, apesar do recebimento de parcela do valor dos honorários contratuais. (STJ. 6ª Turma. HC 174.013-RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 20/6/2013 (infor 527)
APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA 
	Art. 168 – A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional:
Pena – reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. 
§1º - Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra importância destinada à previdência social que tenha sido descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou arrecadada do público;
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
III – pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à empresa pela previdência social.
§ 2º - É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
§ 3º - É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que:
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
§ 4º - A faculdade prevista no § 3º deste artigo não se aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 
	CLASSIFICAÇÃO
Este crime consiste em deixar de repassar para a previdência social todas as contribuições recolhidas dos contribuintes no prazo e de maneira legal ou então convencional.
Objeto da tutela penal tutela-se o patrimônio de todos os que fazem parte do sistema de seguridade, mais precisamente o previdenciário.
Sujeitos do crime o sujeito ativo é a pessoa que tem o dever legal de repassar à Previdência Social a contribuição recolhida dos contribuintes. O sujeito passivo é a previdência social, podendo com ela concorrer os próprios segurados lesados pelo comportamento do agente.
Conduta crime de ação única: deixar de repassar à previdência social os valores recolhidos dos contribuintes no prazo e forma legal ou convencional. Basta que deixe de transmitir ao órgão previdenciário o valor recolhido do contribuinte.
Voluntariedade dolo, consistente na vontade consciente de deixar de repassar à Previdência Social os valores de contribuições recolhidas dentro do prazo e forma legal. 
Consumação e tentativa a doutrina dominante é no sentido de que este é um crime formal, dispensando o locupletamento do agente ou o efetivo prejuízo ao Erário. Contudo, o STF já decidiu ser o crime material, tendo em vista que a partir do momento em que a contribuição deixa de ser repassada, verificam-se o locupletamento do agente e o prejuízo à previdência.
Por ser um crime omissivo, não admite tentativa.
Valendo-se da análise feita na obra de Rogério Sanches, entende-se que o parágrafo primeiro prevê formas equiparadas à prevista no caput, diferenciando-se apenas em relação ao sujeito ativo. Vejamos:
No inciso I, o sujeito ativo não repassa à previdência os valores das contribuições devidas pelo segurado;
A conduta prevista no inciso II prevê a hipótese de o contribuinte contabilizar no preço final do produto que comercializa o valor da contribuição devida em razão da manutenção de funcionários, não promovendo, porém, o devido recolhimento. Assim procedendo, o agente obteve dupla vantagem, pois “recuperou” no momento da venda do seu produto um montante que nem mesmo chegou a ser escriturado como despesa.
O inciso III prevê comportamento inverso aos anteriores. Nesta hipótese, o contribuinte-empresário deixa de repassar ao empregado benefício previdenciário já reembolsado pela Previdência Social.
O parágrafo 2º traz hipóteses de extinção de punibilidade, se o agente declarava e confessava a dívida; se efetuando, de forma espontânea, o pagamento do tributo devido; se antes do início da execução fiscal.
O parágrafo 3º prevê a hipótese de perdão judicialou aplicação apenas da pena pecuniária quando o réu for primário e portador de bons antecedentes e promove o pagamento dos débitos previdenciários após o início da execução fiscal, mas antes do oferecimento da denúncia; e quando se apropria de valor incapaz de movimentar a máquina administrativa no sentido de receber o montante devido. Fica a critério do juiz escolher entre a concessão do perdão judicial e a aplicação da pena pecuniária.
	JURISPRUDÊNCIA
1° Este Superior Tribunal de Justiça permite a exasperação da pena-base do delito de apropriação indébita previdenciária quando é elevado o valor não recolhido aos cofres da Previdência Social. Precedentes (STJ, HC 352.133/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª T., DJe 1º/08/2016).
2° Na linha da jurisprudência deste Tribunal Superior, o crime de apropriação indébita previdenciária, previsto no art. 168-A, ostenta natureza de delito material. Portanto, o momento consumativo do delito em tela corresponde à data da constituição definitiva do crédito tributário, com o exaurimento da via administrativa (STJ, RHC 36.704/SC, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª T., DJe 26/02/2016).
APROPRIAÇÃO DE COISA HAVIDA POR ERRO, CASO FORTUITO OU FORÇA DA NATUREZA
	Art. 169 – Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único – Na mesma pena incorre:
I – quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o proprietário do prédio;
II – quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entrega-la à autoridade competente, dentro do prazo de quinze dias.
Art. 170 – Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-se o disposto no art. 155, parágrafo 2º.
	CLASSIFICAÇÃO
Objeto da tutela penal tutela-se o patrimônio. Não existe, nesta hipótese, violação ou abuso da confiança por parte do agente, já que a coisa não chega em suas mãos por deliberação da vítima, mas por erro, caso fortuito ou força da natureza.
Sujeitos do crime qualquer pessoa pode praticar o crime. No polo passivo, figura o proprietário do bem. 
Conduta apropriar-se. Aplica-se o disposto no crime de apropriação indébita (art. 168).
Erro = falsa percepção da realidade, que pode recair sobre a pessoa, o objeto ou a obrigação.
Caso fortuito e força da natureza: não está atrelados à vontade das pessoas que compõem o negócio jurídico.
Voluntariedade aplica-se o mesmo do art. 168, acrescentando, no caso, o dolo na vontade de, uma vez recebida a coisa por erro, caso fortuito ou força da natureza, dela apropriar-se, não desfazendo o erro. 
Consumação e tentativa ocorre a consumação quando o agente, percebido do engano, transforma a posse da coisa em propriedade.
Para boa parte da doutrina, não é possível a tentativa.
APROPRIAÇÃO DE TESOURO – PARÁGRAFO ÚNICO DESTE ARTIGO
De acordo com Rogério Sanches: “o bem tutelado continua sendo o patrimônio, mas daquele que faz jus, segundo o direito privado, à quota de tesouro encontrado em prédio de sua propriedade”. Aqui, qualquer pessoa pode praticar o crime, e o sujeito passivo será o proprietário do imóvel em que foi descoberto o tesouro. Pune-se a conduta de quem se apropria da quota parte do tesouro que caberia ao proprietário em que foi achado.
Tesouro = depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória.
Consubstancia-se o dolo na vontade consciente de se apropriar da quota parte do tesouro achado em prédio alheio. Consuma-se o delito com a conversão da posse ou detenção do tesouro em domínio. Para boa parte da doutrina, não é possível a tentativa.
APROPRIAÇÃO DE COISA ACHADA (INCISO II DO PARÁGRAFO ÚNICO)
Possui o mesmo fundamento do crime anterior, explicando-se a diminuição de pena em relação à apropriação indébita fundamental também pela ausência de violação de fidúcia. Qualquer pessoa poderá praticar o crime, e no polo passivo figurará o proprietário ou legítimo possuidor da coisa apropriada.
A conduta consiste em achar coisa alheia e não a restituir ao proprietário ou legitimo possuidor, ou não entrega a autoridade competente, dentro do prazo legal. Consiste em dolo, na vontade consciente de se apropriar da coisa achada.
O crime se consuma quando o agente tem conhecimento da propriedade ou posse legitima do bem. 
ART. 170 – APROPRIAÇÃO INDÉBITA PRIVILEGIADA
Neste caso, a exemplo do art. 155, parágrafo 2º (furto privilegiado), poderá o juiz substituir a pena de reclusão pela de detenção, reduzi-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa, desde que o réu seja primário e a coisa seja de pequeno valor.
	JURISPRUDÊNCIA
1° Demonstrado que o réu não se conduziu com dolo, mas com negligência, no fato de não entregar a coisa achada à autoridade policial [...], não há crime a punir. [...] o delito previsto no art. 169, II, do CP, somente ocorre na forma dolosa, sendo, portanto, indispensável para a sua configuração, que a eventual omissão quanto à entrega do bem se faça com animus rem sibi habendi. [...] (TJPR, ApCr 0593359-7, Toledo, 5ª Câm. Crim., Rel. Juiz Conv. Rogério Etzel, DJPR 25/3/2010, p. 316).
2° O fato de o animal estar à beira da estrada não significa, tão somente por isso, que se tratava de coisa perdida ou abandonada; ademais, a própria natureza da res furtiva, um animal de criação, isto é, coisa semovente, impede que se possa inferir se trate de coisa perdida. Por outro lado, aquele que encontra coisa perdida tem a 951 obrigação de restituí-la ao dono, ou ao legítimo possuidor, ou, não logrando êxito em localizá-lo, de entregar à autoridade competente, e não simplesmente dela se apoderar para algum tempo para depois, dizendo-se proprietário do animal, vendê-la para terceiro (TJPR, ACR 0394359-7, 3ª Câm. Crim., Rel. Rogério Coelho, pub. DJ 7.502).
CAPÍTULO VI – DO ESTELIONATO
	Art. 171 – Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
I – vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria;
II – vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias;
III – defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
IV – defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém;
V – destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de seguro;
VI – emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento.
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito publico ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. 
§ 4º - Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso.
	CLASSIFICAÇÃO
O estelionato acontece quando uma pessoa usa o engano ou a fraude para levar vantagem sobre alguém. Se considera como um crime patrimonial, todavia, diferentemente de outros delitos, também, patrimoniais, não há uso da força, somente uso de artifício ardil para convencer a vitima a entregar-lhe algum bem e, com isso, locupletar-se ilicitamente
Objeto da tutela penal tutela-se a inviolabilidade patrimonial, aviltada pela prática de atos enganosos pelo agente.
Sujeitosdo crime qualquer pessoa pode praticar o crime. No polo passivo, figura uma pessoa comum que sofra lesão patrimonial ou que seja submetida à ação fraudulenta empreendida pelo agente. 
Conduta fraude, erro, resultado duplo e dolo. Vejamos o significado de cada um:
Fraude é o meio enganoso para a concretização do crime
Erro percepção falsa da realidade; consequência provocada pela fraude, ou seja, ela induziu as pessoas ao erro.
Resultado duplo para que se configure, necessita de ter a obtenção da vantagem indevida e que causa um prejuízo a outrem.
Dolo o agente, livre e conscientemente, usa a fraude para induzir alguém ao erro e com isso obter vantagem ilícita.
Voluntariedade dolo 
Consumação e tentativa se consuma após a obtenção da vantagem indevida
É possível a tentativa, como no caso do agente que consegue induzir a vítima em erro e, no momento da obtenção da indevida vantagem, é impedido por circunstancias alheias à sua vontade.
	ESTELIONATO PRIVILEGIADO (§ 1º)
Se o agente for primário e a coisa for de pequeno valor, o juiz aplicará o disposto no artigo 155, § 2º (furto privilegiado). Neste caso, é necessário levar em conta o prejuízo causado à vítima no momento da consumação do delito. Se for ínfimo, caracteriza o crime de estelionato privilegiado. A pena poderá ser substituída para a de detenção; diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
FIGURAS SEMELHANTES
No § 2º é possível verificar uma série de subtipos de estelionato que possuem a mesma pena do caput. Vejamos:
§ 2º, I: Disposição de coisa alheia como própria;
 Neste delito, o agente age como se fosse dono da coisa e, passa a negociar com um terceiro de boa-fé. No entanto, não possui autorização para tal, causando, desta forma, prejuízo e dores de cabeça à quem adquire, punindo-se, inclusive, a tentativa.
§ 2º, II: Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria;
 Este delito assemelha-se ao do parágrafo 1, contudo, neste caso o agente de fato é dono do imóvel, o problema é que o bem está gravado de cláusula de inalienabilidade ou de ônus, ou cuida-se de coisa litigiosa ou de imóvel que o agente prometeu vender parceladamente a outrem. Ressalte-se que, somente haverá crime se o agente omitir as aludidas informações àquele que realiza o negócio com ele.
§ 2º, III: Defraudação de penhor;
 O penhor é um direito real de garantia e uma vez que é um bem em garantia, necessário se faz mantê-lo até o fim do pagamento da coisa. Este delito se configura quando o devedor está em poder do bem empenhado e o aliena sem a autorização do credor.
§ 2º, IV: fraude na entrega de coisa;
 Este delito pressupõe que haja uma situação jurídica entre duas partes, sendo que uma tem o dever de entregar objeto, móvel ou imóvel a outra; porém, de alguma forma o modifica fraudulentamente, causando prejuízos à outra parte.
§ 2º, V: fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro; e
 Este delito parte do princípio de que há um contrato de seguro em vigor e o agente da causa ao sinistro ilicitamente com o objetivo de receber a indenização ou valor do seguro.
§ 2º, VI: fraude no pagamento por meio de cheque.
 Ocorre quando há a emissão de cheque sem uma suficiente provisão para compensá-lo, e assim, inviabiliza o pagamento do credor. É necessário que o agente tenha agido com dolo.
MAJORANTES PARA O CRIME DE ESTELIONATO:
§ 3º: este parágrafo prevê a aplicação da majoração da pena nos casos em que o estelionato, em qualquer das formas previstas, é praticado em prejuízo de bens pertencentes a entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou de beneficência. O aumento se dá devido à lesão do patrimônio de diversas vítimas, afetando o próprio interesse social ou particular de várias vítimas.
§ 4º: este parágrafo dobra a pena do crime de estelionato quando for praticado contra idoso (idade igual ou superior a 60). Reprovabilidade social.
	JURISPRUDÊNCIA
Advogado que cobra honorários de cliente beneficiado pela justiça gratuita não pratica crime: Advogado pode cobrar honorários contratuais de seu cliente no caso de êxito da ação, ainda que este seja beneficiário da justiça gratuita. Não há qualquer ilegalidade ou crime nessa conduta. (STF. 1ª Turma. HC 95058/ES, Rel. Mn. Ricardo Lewandowski, 4/9/2012).
Estelionato previdenciário: O estelionato previdenciário é crime “permanente” ou “instantâneo de efeitos permanentes”? Quando praticado pelo próprio beneficiário: é permanente. Quando praticado por terceiro diferente do beneficiário: é instantâneo de efeitos permanentes. (STF. 1ª Turma. HC 102049, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 22/11/2011).
DUPLICATA SIMULADA
	Art. 172 – Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.
Pena – detenção, de 2 a 4 anos, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de Duplicatas.
	CLASSIFICAÇÃO
Objeto da tutela penal tutela-se o patrimônio e a boa-fé que deve integrar as relações mercantis.
Sujeitos do crime figura no polo ativo aquele que emite o falso título. Figura no polo passivo o sacado, quando aceita o título emitido de boa-fé, ou o tomador, que é aquele que desconta a duplicata.
Conduta emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.
Mero aceite = fato atípico
Voluntariedade dolo. Vontade de emitir duplicata, fatura ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida ou ao serviço efetivamente prestado. 
Consumação e tentativa parte da doutrina considera que o crime se consuma com a colocação do título em circulação. Outra parte entende que que se consuma com a simples criação do título. Trata-se de um crime formal.
Parte da doutrina considera ser possível a tentativa, pelo fracionamento de ações.
	FORMA EQUIPARADA
O parágrafo único deste artigo pune a conduta daquele que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de Registros de Duplicatas. Consiste na falsificação e inserção de dados já existentes. Neste crime, o sujeito passivo não será o particular e sim o Estado. 
Somente será punível o crime de falso se ocorrer de forma isolada, pois, se anteceder a emissão da duplicata fraudulenta, será absorvido pelo delito previsto no caput.
	JURISPRUDÊNCIA
O delito de duplicata simulada, previsto no art. 172 do CP (redação dada pela Lei 8.173/1990), configura-se quando o agente emite duplicata que não corresponde à efetiva transação comercial, sendo típica a conduta ainda que não haja qualquer venda de mercadoria ou prestação de serviço. (STJ. 6ª Turma, REsp 1.267.626-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 5/12/2013 (info 534).
Emissão de títulos sem qualquer correspondência com serviços prestados ou venda de mercadorias. Posterior negociação com agência de fomento. Ausência de assinatura do emitente nas cártulas. Requisito indispensável. Título de crédito não materializado. Óbice à caracterização do ilícito tipificado no art. 172 do CP. Absolvição decretada (TJSC, ACr. 2010.005147-9, Pomerode, Rel. Des. Torres Marques, j. 31/5/2010, DJSC 14/6/2010, p. 263).
ABUSO DE INCAPAZES
	Art. 173 – Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa.
	CLASSIFICAÇÃO
Objeto da tutela penal tutela-se o patrimônio dos menores e incapazes.
Sujeitos do crime crime comum, qualquer um pode cometer. O sujeito passivo será o menor, o alienado ou o débil mental. 
Alienado mental: é o louco, é o caso dos psicopatas, praticamo mal sem culpa;
Débil mental: é o demente, incapaz de pensar racionalmente, portador de deficiência psíquica.
Conduta Damásio de Jesus: “a conduta típica consiste em o sujeito abusar de menor, alienado ou débil mental, induzindo qualquer deles a praticar ato capaz de causar prejuízo a ele ou a terceiro”. É importante ressaltar que quanto ao menor a lei exige ainda que o abuso seja de sua necessidade, paixão ou inexperiência, já em relação ao alienado e ao débil mental a sua condição já basta. 
Voluntariedade dolo. 
Consumação e tentativa trata-se de crime formal, portanto não exige que o abuso tenha efetivamente causado prejuízo, consuma-se com a prática do ato pela vítima, desde que capaz de produzir efeitos jurídicos.
A tentativa é possível. Capez: “é possível, pois há um iter criminis passível de ser fracionado”. 
	JURISPRUDÊNCIA
1° O delito de abuso de incapaz consuma-se com o só ato da vítima, débil mental, de outorgar procuração para a venda de seus bens, embora a mesma não se tenha verificado. Trata-se de crime formal, de conduta e resultado, em que o tipo não exige sua produção. Basta que o ato seja apto a produzir efeitos jurídicos. E é evidente que a procuração por instrumento público é idônea para esse fim (STF, HC, Rel. Carlos Madeira, RT 613, p. 405).
2° Se a prova deixa dúvida se a vítima apresentava debilidade mental, se foi efetivamente induzida a fazer compras para favorecer o agente e se este tinha conhecimento da debilidade do ofendido impõe-se à absolvição do réu, com base no art. 386, VII, do Código de Processo Penal (TJMG, AC 1.0348.07.000732- 6/001, Rel. Des. Adilson Lamounier, DJ 17/4/2009).
INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO 
	Art. 174 – Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa:
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.
	CLASSIFICAÇÃO
Objeto da tutela penal tutela-se o patrimônio da pessoa ingênua, crédula ou de mentalidade inferior contra a ação do agente que abusa de sua condição para obter proveito próprio ou alheio.
Sujeitos do crime crime comum, qualquer um pode cometer. O sujeito passivo é a pessoa inexperiente, simplória ou de mentalidade inferior. 
Conduta abusar, isto é, tirar vantagem, prevalecer-se das condições de inexperiência, simplicidade ou inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta ou à especulação. 
Voluntariedade é o dolo de abusar da vítima, induzindo-a a prática de jogo, aposta ou especulação com títulos ou mercadorias. O agente deve ter conhecimento das condições de simplicidade, inexperiência ou inferioridade mental do induzido. 
Consumação e tentativa consuma-se o crime com a pratica, pelo induzido, do jogo, aposta ou especulação, dispensando-se a obtenção da vantagem visada pelo agente. Prescindível, ainda, a ocorrência de prejuízo à vítima (delito formal).
A tentativa é possível. 
	JURISPRUDÊNCIA
1° HABEAS CORPUS. INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO. EMPREGO DE PROCESSO PROIBIDO OU SUBSTÂNCIA NÃO PERMITIDA. CRIMES CONTRA RELAÇÃO DE CONSUMO. PRISÃO PREVENTIVA. LEI Nº 12.403/11. CRIMES PRATICADOS SEM VIOLÊNCIA CONTRA PESSOA. PACIENTES PRIMÁRIOS, POSSUIDORES DE BONS ANTECEDENTES E DE RESIDÊNCIA FIXA, UNIVERSITÁRIOS. SITUAÇÃO QUE AUTORIZA A APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO PREVISTAS NO ART. 319, I E IV, DO CPP. MEDIDAS COMPATÍVEIS E PROPORCIONAIS ÀS CONDIÇÕES PESSOAIS DOS PACIENTES. LIMINAR CONCEDIDA. (TJ-PI - HC: 00024519820158180000 PI 201500010024512, Relator: Des. Erivan José da Silva Lopes, 2ª Câmara Especializada Criminal, Data de Publicação: 26/03/2015)
2° HABEAS CORPUS. INDUZIMENTO À ESPECULAÇÃO ("JOGO DO DEDAL"). CITAÇÃO PESSOAL FRUSTRADA. SUSPENSÃO DO PROCESSO (CPP, ART. 366). PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA. CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL E GARANTIA DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. DESPACHO FUNDAMENTADO. JUSTA CAUSA PRESENTE. ORDEM DENEGADA. Não sendo encontrado o réu no endereço que declinou nos autos, e não atendendo ao chamamento editalício, concomitantemente à suspensão do processo, pode-se decretar a prisão preventiva, nos termos do art. 312, do Código de Processo Penal, por conveniência da instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal. É fundamentado o decreto de prisão preventiva que, dando conta da materialidade e dos indícios de autoria, considera a evasão do réu do distrito da culpa e do endereço. O crime de induzimento à especulação, na modalidade de "jogo do dedal", é crime formal que se consuma com a prática do ato potencialmente prejudicial, ainda que o fato não acarrete proveito ao agente ou terceiro, podendo haver tentativa quando o processo é interrompido antes de o sujeito passivo efetuar a aposta. (TJ-SC - HC: 241997 SC 2000.024199-7, Relator: Jaime Ramos, Data de Julgamento: 17/01/2001, Câmara de Férias, Data de Publicação: Habeas Corpus n. 00.024199-7, de Imaruí.)
FRAUDE NO COMÉRCIO
	Art. 175 – Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor: 
I – vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada;
II – entregando uma mercadoria por outra:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
§ 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: 
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
	CLASSIFICAÇÃO
Objeto da tutela penal tutela-se o patrimônio e a moralidade nas relações comerciais.
Sujeitos do crime crime próprio, pois só pode ser praticado por quem exerça atividade comercial. Se for praticado por particular, configura-se como o crime previsto no art. 171, parágrafo 2º e inciso IV. O sujeito passivo é o adquirente ou consumidor da mercadoria viciada. O comerciante também pode ser vítima do delito em tela quando adquire produtos para revende-los. 
Conduta enganar, no exercício de atividade comercial, vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada e entregando uma mercadoria por outra. 
Voluntariedade é o dolo de vender ou entregar mercadoria falsificada, deteriorada ou diversa da que deveria receber o adquirente ou consumidor. O agente deve ter consciência de que a mercadoria que vende é falsificada ou deteriorada.
Consumação e tentativa Consuma-se quando a vítima é enganada, só podendo surtir efeito após a efetiva tradição da mercadoria.
 A tentativa é possível, pois a conduta criminosa admite fracionamento. 
	QUALIFICADORA E FORMA PRIVILEGIADA
	Qualificadora:
O parágrafo primeiro deste artigo prevê a pena de reclusão de um a cinco anos para quem altera em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substitui, no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor. Reprova-se, ainda, a venda de pedra falsa por verdadeira e a venda, como precioso, de metal de outra qualidade. Exige-se aqui, tal como no caput, que a conduta se dê no exercício de atividade comercial.
FORMA PRIVILEGIADA:
“O parágrafo 2º prevê a possibilidade de aplicação do disposto acerca do furto privilegiado, que permite a redução da pena ou aplicação somente de multa, nos casos em que o agente é primário e é de pequeno valor o objeto material.”
	
JURISPRUDÊNCIA
1° A acusação por prática de fraude no comércio de veículos pelo sistema de venda programada não tem repercussão no sistema financeiro nacional, não atraindo a competência da Justiça Federal" (STJ: HC 16.463/MS R 1 M" VIcente Leal, 6• Turma, j. 07.05.2002).
2° PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA FRAUDE NO COMÉRCIO, RELAÇÕES DE CONSUMO E AFIRMAÇÃO FALSA EM RELAÇÃO A PRODUTOS E SERVIÇOS. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA. DECRETO DESFUNDAMENTADO.INOCORRÊNCIA. PERNICIOSIDADE PARA O MEIO SOCIAL. RISCO DE REITERAÇÃO DELITIVA. MERCADORIAS EXPOSTAS À VENDA E TAMBÉM MANTIDAS EM DEPÓSITO. HABITUALIDADE EVIDENCIADA. NECESSIDADE DE GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. PROCESSO EM FASE EMBRIONÁRIA. MEDIDA SALUTAR POR CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. INTELIGÊNCIA DO ART. 312 DO CPP. CONDIÇÕES SUBJETIVAS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. IRREGULARIDADE DO FLAGRANTE. SUPERAÇÃO. PEÇA INFORMATIVA. DENÚNCIA RECEBIDA. ORDEM DENEGADA POR DECISÃO UNÂNIME. I - Decreto preventivo que se justifica, sobretudo, como garantia da ordem pública, diante da perniciosidade do Paciente para o meio social, a qual fica evidenciada pelas circunstâncias dos fatos, tratando-se de Paciente que demonstra habitualidade na prática delitiva, sendo encontrada no box de sua propriedade farta mercadoria falsificada, tendo ainda em depósito grande quantidade, o que impõe ao Estado-Juiz maior rigor, a fim de coibir tal prática. Salutar também a manutenção de sua segregação preventiva por conveniência da instrução criminal, mormente porque se encontra o feito em fase embrionária, sendo necessária a medida de exceção para que não haja qualquer comprometimento na produção das provas. II - Eventuais condições subjetivas favoráveis do Paciente são irrelevantes, quando presentes os requisitos da prisão preventiva. Inteligência da Súmula nº 86 do TJPE. III - Eventual ilegalidade no flagrante, trata-se de tema superado, uma vez que a prisão do Paciente se encontra embasada em outro título, qual seja, no decreto preventivo exarado pela autoridade apontada coatora. Por outro lado, o inquérito policial constitui mera peça informativa e a denúncia já fora recebida, "o que afasta qualquer contaminação da ação penal". Precedentes do STF. IV - Ordem denegada. Decisão unânime. (TJ-PE - HC: 3859036 PE, Relator: Cláudio Jean Nogueira Virgínio, Data de Julgamento: 03/06/2015, 3ª Câmara Criminal, Data de Publicação: 11/06/2015).
OUTRAS FRAUDES
	Art. 176 – Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento:
Pena – detenção, de 15 dias a 2 meses, ou multa.
Parágrafo único. Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
	CLASSIFICAÇÃO
Objeto da tutela penal proteção ao patrimônio daquele que se dedica à atividade de oferta de bebidas, alimentos, alojamentos ou meios de transporte, contra a ação fraudulenta do indivíduo que, sem dispor dos meios necessários para cobrir os custos, usufrui de tais serviços.
Sujeitos do crime qualquer pessoa pode praticar o delito. O sujeito passivo será a pessoa física ou jurídica que presta o serviço utilizado e não pago. 
Conduta tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel, e/ou utilizar-se de meio de transporte sem possuir recursos para tanto. 
Voluntariedade é o dolo consistente na vontade de praticar uma das ações descritas no tipo.
Consumação e tentativa Para Bitencourt, trata-se de um crime material, consumando-se com o não pagamento das despesas efetuadas.
 A tentativa é possível, pois a conduta criminosa admite fracionamento.
	JURISPRUDÊNCIA
1° Aquele que, após consumir refeição, se retira do estabelecimento sem pagar a conta terá cometido mero ilícito civil, ou o crime do art. 176 do CP se agiu com dolo preordenado, a que deve se referir a denúncia, jamais, porém, a infração do art.171, se o recebimento ou vantagem não for precedido de qualquer ardil (TACrim./SP, AC, Rel. Adauto Suannes, RT 569, p. 338).
2° PENAL. PROCESSO PENAL. ESTELIONATO. DESCLASSIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. GRAVIDADE E INADEQUAÇÃO DA CONDUTA. SENTENÇA MANTIDA. 1. Inviável a desclassificação da conduta praticada, tipificada como estelionato, para o delito previsto no art. 176, do CP, em face de sua inadequação típica. 2. Recurso conhecido e desprovido. (TJ-DF 20141010054758 0005379-32.2014.8.07.0010, Relator: JESUINO RISSATO, Data de Julgamento: 25/08/2016, 3ª TURMA CRIMINAL, Data de Publicação: Publicado no DJE : 01/09/2016 . Pág.: 138/146).
FRAUDES E ABUSOS NA FUNDAÇÃO OU ADMINISTRAÇÃO DE SOCIEDADE POR AÇÕES
	Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente fato a ela relativo:
        Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a economia popular.
        § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia popular:  
        I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou comunicação ao público ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas relativo;
        II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros títulos da sociedade;
        III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembléia geral;
        IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando a lei o permite;
        V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor ou em caução ações da própria sociedade;
        VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou mediante balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictícios;
        VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a aprovação de conta ou parecer;
        VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII;
        IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no País, que pratica os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo.
        § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia geral.
	CLASSIFICAÇÃO
Objeto da tutela penal “proteção ao patrimônio dos investidores em sociedades por ações, contra a administração fraudulenta de seus dirigentes. O tipo tem por escopo o resguardo, em especial, dos interesses dos acionistas minoritários, que normalmente exercem menor participação nos ditames administrativos da empresa.”
Sujeitos do crime só pode praticar o crime o sócio fundador da sociedade por ações. O sujeito passivo poderá ser qualquer pessoa que integre o quadro acionário da sociedade. 
Conduta abuso na fundação ou administração da sociedade por ações, quando o aagente promover a fundação fazendo afirmação falsa acerca da constituição da sociedade (neste caso, o agente, no ato da fundação da sociedade, divulga dados inverídicos a respeito da empresa) e promover sua fundação ocultando fraudulentamente fato relativo à mencionada sociedade, com o intuito de atrair número maior de investidores em ações (o fundador não divulga aos futuros investidores as reais características da empresa, omitindo dados relevantes, com a consequente indução dos pretensos acionistas em erro).
Voluntariedade dolo de promover a sociedade por ações, afirmando falsamente sobre sua constituição ou ocultando dados relevantes a seu respeito.
Consumação e tentativa crime forma, consuma-se com a prática de uma das ações previstas no caput, sem necessidade da ocorrência de qualquer resultado lesivo aos acionistas.
 A tentativa é possível na forma comissiva.
	FIGURAS EQUIPARADAS
	A conduta punível em todos os incisos do parágrafo 1º se refere não mais à constituição da sociedade por ações, mas ao seu funcionamento, com a ressalva expressa de que somente se aplicará o disposto no código penal se o fato não constitui crime contra a economia

Continue navegando