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Fundamentos e Processos na Gestão de Recursos Humanos Ficha Técnica MINISTÉRIO DE TRABALHO Ministro do Trabalho Ronaldo Nogueira Secretário de Políticas Públicas de Emprego Leonardo José Arantes Diretor do Departamento de Políticas de Empregabilidade Higino Brito Vieira Chefe da Assessoria de Comunicação Social (ASCOM) Angelo Marcio Fernandes de Sousa Filho UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA Reitora Márcia Abrahão Moura Vice-reitor Enrique Huelva Decana de Pesquisa e Inovação Maria Emília Machado Telles Walter Decana de Extensão Olgamir Amancia Coordenação do Projeto Qualifica Brasil Thérèse Hofmann Gatti Rodrigues da Costa (Coordenadora Geral) Wilsa Maria Ramos Valdir Adilson Steinke Luis Fernando Ramos Molinaro Humberto Abdalla Júnior Rafael Timóteo de Sousa Jr Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT Cecília Leite - Diretora Tiago Emmanuel Nunes Braga Realização Instituto de Artes (IDA-UnB), Instituto de Psicologia (IP-UnB), Instituto de Letras (LET-UnB), Departamento de Engenharia Elétrica (ENE – UnB), Departamento de Geografia (GEA – UnB), Faculdade de Ciência da Informação (FCI-UnB). Apoio Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC-MEC) Gestão de Negócios e Tecnologia da Informação Loureine Rapôso Oliveira Garcez Wellington Lima de Jesus Filho Coordenação da Unidade de Pedagogia Danielle Xabregas Pamplona Nogueira Lívia Veleda Sousa e Melo Gerente do Núcleo de Produção de Materiais Rute Nogueira de Morais Bicalho Autor Joana Caputo Equipe de Designer Instrucional Rute Nogueira de Morais Bicalho Janaína Angelina Teixeira Márlon Cavalcanti Lima Simone Escalante Bordallo Virgínia Maria Soares de Almeida Marcus Vinicius Carneiro Magalhães Revisor ortográfico Samantha Resende Nascimento Ilustrador Ana Maria Silva Sena Pereira Desenvolvedor de Vídeos Animados Paulo Fernando Santos Nisio Desenvolvedor de Ambiente Virtual de Aprendizagem Osvaldo Corrêa Projeto Gráfico Márlon Cavalcanti Lima Este material foi produzido por conteudista(s) da Universidade de Brasília (UnB) exclusivamente para a Escola do Trabalhador. Licença de uso e compartilhamento Creative Commons Atribuição-Não Comercial – Sem Derivações 4.0 Internacional. http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/ O que você vai estudar Tema 2Tema 1 Tema 3 Tema 4 Rotinas de processos de Recursos Humanos Cargos, salários e benefícios Progressão funcional e retenção de pessoas Legislação Trabalhista e Justiça do Trabalho Neste tema espera-se que você: Saiba executar as principais rotinas de processos administrativos de Recursos Humanos. Conheça as principais teorias de administração de recursos humanos. Saiba sobre as teorias das relações humanas. Conheça as características do perfil do profissional de recursos humanos em cada uma das fases . Tema 1 Rotinas de processos de Recursos Humanos Antes de falarmos a respeito das rotinas dos processos administrativos desenvolvidas na área de recursos humanos de uma empresa, vamos fazer um breve comentário a respeito do panorama teórico e histórico da Administração de Recursos Humanos. Qualquer pessoa, mesmo aquelas que ainda não têm experiência profissional, podem verificar no seu cotidiano ações típicas da gestão de pessoas. Gerir pessoas é uma prática bastante empregada em todos os ambientes onde as pessoas convivem. Vamos ver um exemplo prático? Imagine que você queira organizar uma partida de futebol com seus amigos. Para que dê tudo certo, é necessário que todos do grupo tenham habilidades e conhecimento das regras do jogo, que exista uma pessoa para comandar a partida e, ainda, que todos estejam motivados para o jogo. A capacidade de coordenar o trabalho das pessoas nasce naturalmente em qualquer grupo social. Entretanto, foi só no final do século XIX, com o movimento da administração científica, que essa atividade passou a ser considerada uma ciência, aparecendo a partir daí os primeiros estudos, pesquisas e teorias específicas. Para facilitar sua compreensão acerca dos movimentos que impulsionaram a atual gestão de pessoas, faremos uma breve retrospectiva para apresentar as principais teorias de administração de recursos humanos. Escola da Administração Científica O movimento da administração científica foi marcado por Frederick W. Taylor (1856-1915) e Henri Fayol (1841-1925) que publicaram seus estudos com o objetivo de proporcionar fundamentação científica para a padronização das atividades administrativas, dando origem aos processos organizacionais em substituição à improvisação e ao empirismo existente nos ambientes de trabalho naquela época. (Gil. 2009). Com a criação do modelo de administração científica, Taylor propôs a racionalização do trabalho por meio do estudo dos movimentos que eram necessários para a realização de uma tarefa e o tempo padrão determinado para a sua execução. O objetivo de Taylor era garantir o melhor custo/benefício aos sistemas produtivos. Para Taylor, os operários deveriam ser selecionados com base em suas habilidades e depois capacitados e especializados para produzirem melhor e no menor tempo possível. Por essa razão, defendia que o salário deveria ser calculado com base na produtividade, para que o salário servisse de incentivo para que o trabalhador produzisse mais. Paralelamente aos estudos de Taylor, Henri Fayol publicou, em 1916, o livro Administração Industrial Geral, tornando-se um dos principais contribuintes para o desenvolvimento do conhecimento administrativo moderno. Com seus estudos e pesquisas, Fayol definiu as funções básicas da empresa, identificou as principais funções da Administração que são: planejar, organizar, coordenar e comandar, bem como os chamados princípios gerais da Administração, como procedimentos universais aplicados a qualquer tipo de empresa. No entanto, a teoria proposta por Fayol sofreu muitas críticas sendo apontada como incentivadora de ações de manipulação dos trabalhadores por meio dos incentivos materiais e salariais e a excessiva unidade de comando e responsabilidade. PLANEJAR ORGANIZAR COORDENAR COMANDAR Teoria das Relações Humanas Em meio a essas críticas, no ano de 1929, surgiu a Teoria das Relações Humanas proposta por Elton Mayo e seus colaboradores que impulsionou a abordagem humanística, dando maior ênfase para as pessoas, contrapondo as teorias de Taylor e Fayol que tinham seu foco voltado para as tarefas, a produtividade e na estrutura organizacional. O objetivo da Teoria das Relações Humanas era comprovar que as condições de trabalho, bem como as condições psicológicas dos trabalhadores poderiam influenciar no resultado final do trabalho (Gil, 2009). A Teoria das Relações Humanas teve origem nos seguintes fatos: Necessidade de humanizar e democratizar a administração para contrapor os conceitos da Teoria Clássica de Fayol, adequando-a ao novo padrão de vida do povo americano. Desenvolvimento das ciências humanas que teve como objetivo lutar contra as questões unicamente científicas, defendendo o desenvolvimento das ciências humanas. Seu principal foco foi a aplicação da psicologia industrial que conseguiu demonstrar as inadequações dos princípios da Teoria Clássica. Relações Humanas Filosofia de John Dewey e a Psicologia de Kurt Lewin – Elton Mayo é considerado o pai da Teoria Humanística, no entanto, esses dois autores foram fundamentais para o desenvolvimento do humanismo na administração. As conclusões do experimento de Hawthone – esse experimento foi coordenado por Elton Mayo, em 1927, e por meio de seusresultados, colocou em xeque os principais postulados da Teoria Clássica de Taylor e Fayol, apontando novos conceitos voltados à produção industrial, aos fatores da motivação humana, ao comportamento dos empegados e aos aspectos emocionais. No final de 1950, a Teoria das Relações Humanas entrou em declínio em razão de severas críticas e suas concepções foram revisadas e alteradas. Relações Humanas Gestão de Pessoas TOSE, MGLS (1997) em sua pesquisa sobre A Evolução da Gestão de Recursos Humanos no Brasil, como parte da Dissertação de Mestrado pela PUC/SP, aborda que o perfil do profissional de recursos humanos acompanhou o processo evolutivo ocorrido nos movimentos descritos acima. Na figura 1, são apontadas as fases descritas por Tose (1997), que marcaram o processo evolutivo das teorias da Administração e as principais mudanças ocorridas no perfil do profissional de recursos humanos. Contábil Antes de 1930 Legal 1930 a 1950 Tecnicista 1950 a 1965 Administrativa 1965 a 1985 Estratégica 1985 até atual Características do perfil do profissional de recursos humanos em cada uma das fases, segundo TOSE (1997) Fase Contábil (antes de 1930) – caracterizava-se pela preocupação existente com os custos da organização. Os trabalhadores eram vistos exclusivamente sob o enfoque contábil. Foi nessa época, que surgiram as teorias da Administração Científica de Frederick W. Taylor (1856-1915) e da Administração Clássica de Henri Fayol (1841-1925), ambas visavam garantir o melhor custo/ benefício aos sistemas produtivos. Fase Legal (1930 a 1950) – a principal característica dessa fase foi a transferência do poder que estava centrado nas mãos dos chefes de produção para as mãos do chefe de pessoal, profissional responsável pelo acompanhamento e manutenção das leis trabalhistas criadas por Getúlio Vargas. Fase Tecnicista (1950 a 1965) – a principal característica desta fase foi a implantação no Brasil do modelo americano de gestão de pessoas, impulsionando a área de recursos humanos com a criação dos serviços de recrutamento e seleção, definição de cargos e salários, implementação de serviços de higiene e segurança no trabalho e sistemas de benefícios. Fase Administrativa (1965 a 1985) – houve nesta fase nova mudança na denominação e na responsabilidade do chefe de pessoal que passou a ser chamado de gerente de recursos humanos, tendo em vista que nesta fase pretendia-se que esse profissional desenvolvesse suas ações de forma mais humanística, ou seja, o foco deveria estar nos empregados e nas suas relações com os sindicatos, com os colegas e com a sociedade. Tose (1997) descreve essa fase como sindicalista. Fase estratégica (1985 até hoje) – aponta-se como característica desta fase a introdução dos primeiros programas de planejamento estratégico para a área de gestão de pessoas, vinculados ao planejamento estratégico da organização. Esse movimento trouxe uma nova mudança na função e posição hierárquica do gerente de recursos humanos que passou a ser reconhecido como membro da diretoria, ocupando, assim, posição estratégica dentro das organizações. Segundo Chiavenato (2010), a partir de 1980, com o advento da globalização e da era tecnológica, as organizações precisaram repensar os seus modelos de gestão e consequentemente a sua forma de administração de seus empregados. A partir dessa época, as pessoas deixaram de ser tratadas como “recursos” e passaram a ser consideradas como parte do patrimônio intelectual da organização, sendo tratadas como colaboradoras, fornecedoras de conhecimentos e de habilidades. Em consequência dessas mudanças, as atividades de administração de recursos humanos deixaram de ser meramente operacionais e executadas somente pelo gestor de recursos humanos, tornando-se táticas e estratégicas executadas em conjunto com os demais gestores da organização. De acordo com Chiavenato (2010), a atual gestão de pessoas busca alcançar os seguintes objetivos: Prover a empresa de talentos e competências mais adequados ao seu funcionamento e investir no desenvolvimento desses talentos, visando mantê- los na organização. Proporcionar boas condições e ambiente adequados de trabalho para que as pessoas se sintam bem e motivadas a permanecer na empresa. Alinhar os objetivos organizacionais e os objetivos das pessoas. Para atender aos objetivos da atual gestão de pessoas, as empresas mantêm dentro da área de recursos humanos, duas grandes áreas que são: administração de pessoal e desenvolvimento de pessoas. A área de administração de pessoal tem um papel importante na organização pois é responsável pelas atividades operacionais e cartoriais concernentes aos registros funcionais do empregado. A área de desenvolvimento organizacional se preocupa com as atividades que estão mais voltadas para o alcance dos objetivos estratégicos da organização. Suas atividades visam a criação de políticas que estimulem o crescimento do empregado na empresa. As atividades desenvolvidas na área de desenvolvimento organizacional serão estudadas em curso específico. Finalizando esse breve estudo acerca das principais teorias da Administração de Recursos Humanos, veja o quadro a seguir apresentado por Munhê (2011), para resumir as características da antiga e da nova concepção organizacional, proposta por Limongi-França (2009, p.67). Fonte: Munhê (2011), Curso de Pós-Graduação em Gestão com Pessoas - EaD”. Plano de Cargos, Salários e Benefícios. Centro Universitário de Maringá. Fatores organizacionais Antiga concepção organizacional – modelo tradicional Nova concepção organizacional Estrutura organizacional Altamente hierarquizada; separação entre quem pensa e quem faz. Menor número de níveis hierárquicos, junção do fazer e do pensar. Organização da produção Em massa, linha de montagem. Produção flexível, diferentes formas. Organização do trabalho Trabalho muito especializado, gerando monotonia e frustrações; individual. Trabalho enriquecido, gerando desafios; em grupo. Sistema de Controle Controles explícitos. Controle implícito, pelo grupo. Relações de trabalho Relação empregado-empregador de independência; relação com sindicato baseado no confronto; baixa participação dos empregados nas decisões (tomadas de cima para baixo). Relação empregado-empregador de interdependência, confiança mútua; relação com sindicato baseado no diálogo, com convergência de interesses; alta participação na tomada de decisões. Vamos agora apresentar as principais rotinas e processos administrativos do setor de recursos humanos. Como já falamos anteriormente, as principais rotinas e processos administrativos da área de gestão de pessoas são desenvolvidas no setor de administração de pessoal. Os auxiliares de recursos humanos que atuam nesta área ficam mais envolvidos com a parte do controle de todo o histórico do funcionário dentro da organização. Cuida dos documentos de admissão e demissão, férias, obrigações legais, processos trabalhistas, pagamento de salários, devendo manter-se atualizado em relação às mudanças de sua área para implementar modificações de forma precisa. O processo de admissão de pessoas ocorre após a conclusão do processo de recrutamento e seleção. É por meio do processo de admissão que se formaliza a contratação do novo empregado. Destacamos a seguir as atribuições do profissional responsável pelo processo de admissão: Preparar toda a documentação necessária para efetivar a contratação do novo empregado. Elaborar o contrato de trabalho. De acordo com Chiavenato (2015), “contrato de trabalho é o acordo tácito ou expresso que define uma relação de emprego”. Isso quer dizer que o contrato de trabalho pode ser tanto verbalcomo escrito. Fornecer os formulários de exames médicos. Receber e conferir os documentos necessários para a admissão. Proceder os registros na carteira profissional. Admissão de Pessoal IMPORTANTE Após o recolhimento da Carteira de Trabalho, a empresa tem até 48 horas para devolvê- la ao empregado. Controle de frequência e horas trabalhadas O controle de frequência é feito por meio do registro de ponto, que é a forma que a empresa adota para ter a comprovação do comparecimento do empregado ao trabalho, da duração da jornada diária de trabalho e das pausas realizadas. O profissional responsável pelo controle de frequência e horas trabalhadas deverá realizar as seguintes tarefas: imprimir o relatório do sistema de registro de ponto; verificar as marcações dos horários de entrada e saída do empregado; verificar a marcação do horário de intervalo de almoço; receber os atestados médicos para lançamento da justificativa de ausência do empregado; fazer o cálculo de horas excedentes e horas negativas; preparar relatório com o cálculo das horas trabalhadas pelo empregado para controle do gestor imediato. Registro no PIS / PASEP/ FGTS Em conformidade com o conceito de vínculos empregatícios e direitos trabalhistas, os profissionais de recursos humanos, em especial, devem conhecer e entender o significado das seguintes siglas: PIS, PASEP e NIT. Você deve estar se perguntando, para que serve e o que significa essas siglas? Programa de Integração Social é uma contribuição tributária realizada pelas empresas privadas de todo o país e administrada pela Caixa Econômica Federal. Ele é gerado no primeiro emprego da pessoa que passa a ter direito a consultas e saques de benefícios administrados pela Caixa, como o abono anual do PIS (caso se encaixe nos requisitos requeridos), o seguro-desemprego e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Programa de Formação do Patrimônio do Servidor, é destinado aos funcionários públicos brasileiros. O número é registrado no cartão de CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) ou no documento de cadastro do trabalhador. Portanto, ao ingressar no primeiro emprego, a pessoa será registrada com PIS ou PASEP, a depender do tipo de empresa na qual está sendo contratada, uma instituição pública ou empresa privada. PIS PASEP Número de Registro do Trabalhador: este número é equivalente ao PIS/PASEP, mas serve exclusivamente ao Contribuinte Individual, Facultativo, Empregado Doméstico e Segurado Especial, que são os trabalhadores autônomos do Brasil, ou seja, os que nunca trabalharam com carteira assinada. O NIT pode ser obtido diretamente na Previdência Social, gerando o direito ao recolhimento do INSS. NIT Fundo de Garantia do Tempo de Serviço: é um depósito mensal, referente a um percentual de 8% do salário do empregado, que o empregador fica obrigado a depositar em uma conta que deve ser aberta na Caixa Econômica Federal, no nome do empregado. Esse fundo foi criado com o objetivo de auxiliar o trabalhador, caso esse seja demitido, em qualquer hipótese de encerramento da relação de emprego, seja ela por motivo de doenças graves e até catástrofes naturais, exceto em casos de demissão por justa causa, que falaremos a seguir. É importante que você saiba que o FGTS não é descontado do salário do empregado, mas é uma obrigação do empregador. FGTS ATENÇÃO Fique atento a essa situação, caso uma empresa venha a contratar um empregado que possua apenas o NIT, ela deverá cadastrá-lo no PIS. Dessa maneira, o empregado passará a ter direito aos demais benefícios, como FGTS e seguro desemprego. Fazer a inscrição dos empregados no PIS/PASEP. Fazer o cálculo do FGTS e enviar os valores ao financeiro para a realização dos depósitos. Compete ao profissional que atua no setor de administração de pessoal Controle de distribuição de vale-transporte e vale alimentação O profissional que atua no setor de administração de pessoal deverá entregar mensalmente o vale-transporte aos empregados e, quando há, também o vale alimentação. O vale transporte e o vale alimentação são calculados com base nos dias trabalhados pelo empregado. Para executar com eficiência suas atividades, o profissional de recursos humanos deverá acompanhar os relatórios de controle de frequência e verificar os períodos de afastamento do empregado, tais como férias, licença médica e viagens a serviço antes de distribuir os referidos vales. Agora vamos falar sobre a folha de pagamento. De acordo com o Art. 225 do Decreto nº 3.048/1999, que trata do Regulamento da Previdência Social, as empresas estão obrigadas a preparar a folha de pagamento, devida ou creditada a todos os empregados, devendo manter uma via da respectiva folha e recibos de pagamento. No Tema 4 falaremos a respeito de legislação trabalhista e serão apresentados índices legais acerca dos valores referentes aos descontos e adicionais que compõem os valores que devem ser lançados na folha de pagamento dos empregados. Elaborar a folha de pagamento, com todas as informações e valores. Enviar a folha de pagamento ao setor financeiro para que sejam realizados os depósitos dos salários mensais dos empregados. Efetuar o cálculo de férias. Calcular o valor do décimo terceiro salário. O profissional que atua no setor de administração de pessoal deve executar as seguintes atividades: Folha de pagamento Procedimentos para demissão De acordo com a legislação trabalhista, existem dois tipos de demissão: Na demissão SEM justa causa, a empresa demite o empregado, podendo ele receber todos os seus direitos que são: aviso prévio, salário referente aos dias trabalhados, férias vencidas e/ou proporcionais + 1/3, 13º salário proporcional, multa de 40% em cima do saldo do FGTS, seguro-desemprego e adicional de salário mensal, referente ao valor da data-base da categoria, caso seja demitido antes da data-base definida. Demissão sem justa causa Demissão com justa causa A demissão por justa causa ocorre quando o empregado comete uma das faltas graves especificadas no artigo 482 da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Nesse caso, ele não receberá toda remuneração como no caso de demissão sem justa causa, tendo direito de receber o saldo de salário, ou seja, o cálculo dos dias trabalhados no mês em que ocorreu a demissão e as férias vencidas. Demissão com justa causa Demissão sem justa causa Para que essas demissões ocorram é necessário que o contrato seja extinto e isso pode ocorrer tanto por parte do funcionário, quanto por parte da empresa. Os procedimentos necessários para efetivar o desligamento do empregado são: 1 • Entrega de aviso prévio. 2 • Baixa de contrato de trabalho. 3 • Cumprimento dos termos de rescisão e acompanhamento do empregado para realizar a homologação junto ao sindicato. Procedimentos para demissão Fornecimento de dados do trabalhador ao governo As empresas precisam enviar para as entidades governamentais os dados de cunho social de seus empregados. Esses dados são utilizados para estudos, pesquisas, projetos e programas relacionados ao mercado de trabalho. O recolhimento dessas informações é realizado por meio de sistemas oficiais, como o SEFIP – Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social da Caixa Econômica Federal, RAIS – Relação Anual de Informações Sociais, solicitada pelo Ministério do Trabalho para controle da atividade trabalhista no país e o CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, que deve ser preenchido sempre que uma pessoa entra ou sai da organização. Além disso, as empresas enviam, também, informações como o DIRF– Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte, que é demandada anualmente pela Receita Federal para verificar o valor total dos rendimentos pagos ou creditados durante o ano base aos empregados. Esse procedimento permite que os contribuintes com retenção do IRRF façam sua declaração de ajustes e sejam restituídos adequadamente. Neste tema espera-se que você: Aprenda como deve ser realizada a análise e a avaliação de cargos. Conheça a diferença entre cargo e função. Aprenda o que é o salário e quais são os benefícios que compõem a remuneração do empregado. Tema 2 Cargos, salários e benefícios No tema 1 vimos que os movimentos na área de administração de recursos humanos exigiram que as organizações evoluíssem para modelos mais eficazes de gestão no lugar de estruturas hierárquicas pesadas. Com essas mudanças, foram implementadas diversas ações, visando o reconhecimento e a valorização das pessoas nas empresas, começando pela análise dos cargos existentes, planejamento para definição de salários e benefícios. Análise e descrição de cargos O processo de análise do cargo inclui as etapas de descrição, especificação e avaliação do cargo que estudaremos a partir de agora. A divisão das tarefas e das responsabilidades de cada pessoa de uma organização só é possível por meio da análise do cargo, que tem por objetivo a identificação dos papéis das pessoas e a elaboração de políticas de capacitação e desenvolvimento profissional e de retenção de pessoas. Para facilitar sua compreensão, vamos começar entendendo o que significa o termo análise. De acordo com o dicionário Aurélio de Língua Portuguesa, o termo “análise” pode ser definido como o “exame detalhado de cada seção que compõe um todo, buscando compreender tudo aquilo que o caracteriza”. A análise de cargos feita por uma organização, refere-se exatamente a isto – ela se constitui pelo processo no qual um cargo é decomposto em partes menores e mapeado de modo coerente (Pearson, 2010). E o que é um cargo? Segundo o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, “cargo é aquilo que é ou se tornou incumbência ou compromisso de alguém”. É usual ouvirmos a expressão “cargo ou função”, no entanto, existe diferença entre cargo e função e está relacionada à definição dessas palavras, vejamos: Cargo é o nome dado a posição que uma pessoa ocupa dentro de uma empresa. Função é o conjunto de deveres, tarefas e responsabilidades que requerem os serviços de um ou mais indivíduos. Os componentes de um cargo podem ser alocados em dois grupos: Descrição do cargo: referente às funções e tarefas desempenhadas pelo ocupante do cargo; Especificação do cargo: referente às características desejáveis que uma pessoa deve possuir para ocupar o cargo. Descrição do cargo A descrição de um cargo é o detalhamento das atribuições, responsabilidades, requisitos, competências, habilidades, relacionamentos envolvidos e o ambiente no qual o cargo está inserido. De acordo com Pearson (2010), a descrição do cargo consiste no registro detalhado das atividades realizadas pelo funcionário que ocupa o cargo e estão geralmente classificadas em dois grupos: funções e tarefas. A função (que pode também ser apontada como responsabilidade ou o papel a ser desempenhado) é a parte mais significativa do trabalho e é composta por um conjunto ordenado de tarefas. Veja o que alguns autores escreveram sobre a definição de tarefas. Alguns autores, como Chiavenato (2015), diferenciam tarefa e atribuição, descrevendo as tarefas como as atividades simples e repetitivas do trabalho, como montar uma peça ou apertar um parafuso, e as atribuições como atividades mais sofisticadas que não envolvem esforços físicos ou braçais, como preencher um cheque ou elaborar uma planilha. Nessa definição, tarefas e atribuições estão englobadas no conceito genérico de tarefa. Analise o exemplo a seguir para entender melhor essa definição. Auxiliar de Recursos Humanos Realização do controle de frequência e horas trabalhadas. Verificar as marcações de entrada e saída dos funcionários. Verificar as marcações do horário de almoço. Registrar as justificativas de afastamento. Fazer cálculo de horas excedentes e negativas. Cadastramento de novos funcionários. Controle da distribuição do vale- transporte. Elaboração da folha de pagamento. CARGO FUNÇÕES TAREFAS Figura: Exemplo da diferenciação entre funções e tarefas de um cargo. Fonte: PEARSON, Education do Brasil (2010). Administração de Recursos Humanos, pp. 65 (com adaptações). O conteúdo da descrição de cargos deve conter o detalhamento de todos os elementos e fatos que fazem parte das atividades do cargo, pois ela é uma ferramenta fundamental para que a empresa possa identificar quais são as atividades que cada empregado executa, podendo assim identificar quais são as competências técnicas e comportamentais necessárias para cada cargo, ou seja, quais os requisitos necessários para que a pessoa possa assumir determinado cargo em uma empresa. Exemplo: possuir nível médio completo, conhecimento avançado do pacote Office, capacidade de liderança, facilidade para trabalhar em grupo, etc. A descrição de cargos é considerada uma das etapas mais importantes da área de gestão de pessoas uma vez que serve de subsídios para os demais processos de desenvolvimento de pessoal que são: Com esta ferramenta, a empresa poderá elaborar um mapa simplificado de todas as atividades e tarefas que deverão ser desenvolvidas por seus empregados e, dessa forma, agilizar os processos de integração e adaptação de novos empregados. Recrutamento e seleção. Treinamento e Desenvolvimento. Avaliação de Desempenho. Pearson (2010), aponta os principais itens que devem estar presentes em uma descrição de cargos. São eles: Nomenclatura do cargo. Departamento ou setor ao qual o cargo está filiado. Divisão ou diretoria à qual o departamento está integrado. Relacionamentos: Refere-se à posição que o cargo ocupa no organograma, devendo conter: Pessoa a qual o ocupante do cargo deve se reportar, ou seja, identificação dos seus supervisores imediatos. Quem o ocupante do cargo deve supervisionar (se for o caso). Quais são suas relações horizontais, ou seja, com quem o ocupante do cargo se relaciona no mesmo nível hierárquico – deve ser mencionado se o cargo estiver constantemente relacionado à uma mesma equipe ou projeto. Especificação do público externo com o qual o ocupante do cargo interage de forma direta (se for o caso). Especificação do cargo O segundo componente da análise de cargos é a especificação dos cargos, essencial para os processos de recrutamento e seleção de pessoal, bem como de treinamento e desenvolvimento dos funcionários (Pearson, 2010). De acordo com Pearson (2010). a especificação do cargo refere-se aos atributos e características que se espera que o ocupante do cargo possua, podendo ser: Conhecimentos específicos – refere-se ao domínio de conhecimentos pertinentes à área. Habilidades – refere-se domínio de uma competência necessária para o exercício do cargo. Traços de personalidade e comportamento – refere-se às características de personalidade necessárias para o cargo. Escolaridade – refere-se ao nível de formação escolar, por exemplo: ensino médio completo, ensino superior , etc. Qualificação – refere-se à formação complementar adquirida por meio de cursos de qualificação, treinamento, participação em congressos, etc. Experiência – refere-se à vivência de seis meses, um ou dois anos em uma ou mais funções determinadas em um cargo. Avaliação de cargosA avaliação de cargos é uma das principais e mais antigas práticas de recursos humanos A avaliação de cargos teve origem no início do século passado e se configura pelo processo de análise e comparação formal e sistemática de cargos com o objetivo de estipular uma base para o sistema de remuneração (Chiavenato, 2015). Para realizar a avaliação de cargos, Person (2010) aponta que o primeiro passo é a definição dos cargos de referência, ou seja, os cargos que basearam o valor a ser pago aos demais cargos da empresa. É importante frisar que o foco desse procedimento recai sobre o cargo e não sobre a pessoa que o ocupa (Pearson, 2010). Existem vários métodos que podem ser utilizados para a elaboração dos sistemas de pagamentos, sendo possível destacar: o método do escalonamento, o método das categorias predeterminadas, o método da comparação por fatores e o sistema de pontos. Vejamos cada um deles. Este método consiste em distribuir os cargos em uma linha de hierarquia (que pode ser crescente ou decrescente) tendo como base algum critério de comparação – nível de complexidade da função ou tarefa ou responsabilidade, por exemplo. Método de escalonamento O método do escalonamento também é conhecido como comparação cargo a cargo ou comparação simples, pois cada cargo é simplesmente comparado uns com os outros de acordo com o critério escolhido (Pearson, 2010). Trata-se do método de avaliação de cargos mais antigo e básico de todos, pois a comparação entre os cargos se dá de maneira global e quase intuitiva, sem levar em consideração nenhuma análise ou descrição (como apresentado na análise dos cargos). Por conta disso, o método tende a ser superficial e apresentar baixo nível de precisão – nem sempre os salários serão compatíveis com as funções exercidas, por exemplo (Chiavenato, 2015). O método de escalonamento se constitui de três etapas: primeiro, escolhem-se os cargos representativos (ou cargos de referência). Depois estabelece-se uma comparação entre esses cargos de referência e os organiza em uma linha hierárquica para, por fim, realizar uma comparação com os demais cargos da empresa (Pearson, 2010). Caso você fosse o responsável por aplicar esse método em uma organização, você poderia se valer do seguinte questionamento para distribuir os cargos: esse cargo é mais ou menos importante que o cargo que usei como referência? Assim, você teria condições de distribuir os cargos em posições anteriores, posteriores ou iguais hierarquicamente aos cargos de referência escolhidos. Vale acrescentar que embora esse método apresente baixo nível de precisão, ele é um método de aplicação simples e de baixo custo financeiro. Devido à simplicidade de sua aplicação o método do escalonamento é facilmente compreendido pelos supervisores e trabalhadores da empresa. De forma similar ao método de escalonamento, o método de categorias predeterminadas parte de uma avaliação global dos cargos, não apresentando uma diferenciação entre eles. Este método também conhecido por método dos graus predeterminados ou, ainda, método do escalonamento múltiplo (Pearson, 2010). O método consiste no escalonamento dos cargos de forma a estipular uma estrutura de cargos organizados em categorias coletivas (Chiavenato, 2015). Porém, seu procedimento se dá de forma contrária ao método do escalonamento simples, apresentado anteriormente. Sua abordagem é mais centralizada e autocrática, estando diretamente relacionada com o desenho organizacional. As características desse método impedem que ele seja utilizado para avaliação de cargos mais complexos pois estes, por si só, já são difíceis de serem encaixados em categorias predeterminadas. Método de categorias predeterminadas Diferentemente dos dois métodos apresentados até aqui, o método de comparação de fatores é analítico, pois estabelece uma comparação direta e detalhada entre os cargos e os fatores de avaliação (Kuabara, 2014). Os fatores referem-se as especificações necessárias para a ocupação do cargo (Pearson, 2010). O método de comparação de fatores foi criado por Eugene J. Benge e sua equipe em 1926 e sua aplicação consiste em selecionar alguns cargos que apresentem remuneração adequada para serem classificados como cargos de referência, para depois destrinchá-los em cinco classes de fatores, possibilitando o cálculo da remuneração dos demais cargos da empresa. Método de comparação de fatores ATENÇÃO O método de comparação de fatores apresenta vantagens em relação aos métodos anteriores pois é mais objetivo e de rápida aplicação, muito embora os critérios de atribuição de valores ou pontos sejam ainda de ordem subjetiva. Método de comparação de fatores Habilidades requeridas Requisitos mentais FATORES Requisitos físicos Responsabilidades Condições de trabalho O método do sistema de pontos foi criado pelo americano em Merril R. Lott em 1925 e muito rapidamente se tornou o método de avaliação de cargos mais utilizado nas empresas por ser considerado o mais aperfeiçoado em relação aos outros, além de apresentar altos níveis de objetividade e precisão (Kuabara, 2014). Esse método se assemelha, essencialmente, ao método de comparação de fatores pois também decompõe o cargo em fatores preestabelecidos como habilidades requeridas, responsabilidades, etc. Pearson (2010) e Chiavenato (2015), descrevem o método de sistema de pontos como uma técnica quantitativa, fundamentada na metodologia analítica, sendo necessário para a sua aplicação o cumprimento de algumas fases que veremos a seguir. Embora seja considerado mais demorado para implantação e avaliação em razão de sua metodologia analítica, o método de avaliação por pontos é recomendado, principalmente, para empresas que possuem mais de trinta cargos (Chiavenato, 2015). Método de sistema de pontos Escolha dos fatores de avaliação: referem-se aos mesmos fatores de especificações escolhidos para compor a análise de cargos. Baseia-se em quatro, dos cinco, fatores relacionados no método de comparação de fatores, excluindo-se o fator referente às habilidades requeridas. Ponderação dos fatores de avaliação: se dá de acordo com o nível de importância atribuído a cada fator – leva-se em consideração os fatores que agregam mais valor ao negócio, sendo estes mais bem remunerados pela empresa. Atribui-se, assim, um peso relativo a cada fator que servirá de base para comparação com os outros cargos. Montagem da escala de pontos: após a etapa de ponderação dos fatores, deve- se atribuir valores numéricos (que se referem aos pontos) para os graus de cada fator. Montagem do manual de avaliação de cargos: é o manual que será usado para a avaliação de cargos propriamente dita. Avalia-se os cargos, tomando um fator de cada vez. Delineamento da curva salarial: conversão dos valores de pontos em valores monetários. Vale destacar que a diferenciação numérica entre os cargos não implica numa diferenciação precisa quanto aos valores monetários. 5 fases para a aplicação do método do sistema de pontos: Pesquisa salarial Trata-se de uma pesquisa realizada de maneira formal ou informal para se ter acesso ao valor pago pelos outros empregadores aos cargos similares da empresa. É comum a realização da pesquisa e quase todas as empresas a fazem para definir a remuneração de um ou mais cargos. Segundo Dessler (2003), a pesquisa salarial, normalmente, é utilizada para três finalidades: Ajudar a determinar o valor que será pago aos cargos de referência (estipulados pela empresa) que servirão para basear a escala salarial na qual os demais cargos serão remunerados. Comparar os valores pagos aos cargos semelhantes pelas outrasempresas no mercado de trabalho. Coletar dados sobre benefícios oferecidos por outras empresas como: seguros, dispensas médicas, férias, 13º salário, auxílios e etc., que servirão para determinar quais benefícios serão oferecidos aos funcionários. Administração de salários Para compreender os aspectos que governam as relações salariais, é preciso que se pondere a respeito de dois pontos de vista importantes e, aparentemente, opostos: o ponto de vista do funcionário e o ponto de vista da organização. Para os empregados e pessoas, em um geral, o salário representa seu ganha-pão e, na maioria das vezes, sua única fonte de renda (Chiavenato, 2015). É ele que determina como as pessoas vivem, aonde moram, qual o tipo de educação que podem oferecer aos seus filhos e uma série de outras atividades que se incluem, ou não, no padrão de vida que o salário as fornece. Por outro lado, a folha de pagamento, representa para muitas empresas sua maior fonte de despesas e, mesmo quando não ocupa essa posição, o custo com a folha de pagamento ajuda a determinar o preço que será cobrado pelos produtos e serviços que a empresa oferece, pois a folha de pagamento representa uma parte dos custos fixos da organização (Pearson, 2010). Sendo assim, é de interesse da empresa reduzir suas despesas e custos mensais para melhorar sua competitividade no mercado (Chiavenato, 2015). Para alcançar esse objetivo a empresa precisa implementar uma política de administração de salários. A administração de salários é definida por Chiavenato (2015) como o “conjunto de normas e procedimentos que visam estabelecer e/ou manter estruturas de salários equitativas e justas na organização”, garantindo assim, o equilíbrio interno e externo dos salários, por meio da utilização dos procedimentos apresentados anteriormente, como a análise, descrição e especificação dos cargos, a avaliação dos cargos e a pesquisa salarial. O equilíbrio interno e externo dos salários significa dizer que, internamente, os funcionários precisam considerar a remuneração paga ao seu cargo proporcional à oferecida aos demais cargos da empresa e, externamente, os salários pagos pela empresa devem ser compatíveis com os salários oferecidos para os mesmos cargos no mercado de trabalho. Caso não exista esse equilíbrio, será difícil para a organização atrair e manter funcionários qualificados dentro do seu quadro (Dessler, 2003). Planos de benefícios Tendo em vista a grande competitividade do mercado de trabalho e a alta qualificação profissional, oferecer benefícios virou uma questão quase que obrigatória para as empresas que querem manter os seus melhores empregados. De acordo com Marras (2009), benefício é o conjunto de programas ou planos oferecidos pela organização como complemento ao sistema de salários. O somatório de salário e benefícios compõe a remuneração do empregado. Alguns juristas, no direito trabalhista indicam que existem diferenças entre os termos salário e remuneração. Segundo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), salário é o valor pago como contraprestação dos serviços prestados pelo trabalhador e a remuneração engloba o salário e as demais vantagens pagas a ele à título de gratificações ou adicionais, como auxílio alimentação e moradia. Planos de benefícios Para CHIAVENATO (2008), os benefícios são planejados principalmente para beneficiar o empregado nas seguintes áreas da sua vida: No exercício do cargo (prêmio pela produtividade, promoção, gratificações, seguro de vida etc.). Dentro da empresa, mas fora do cargo (transporte, lazer, refeitório etc.). Fora da empresa, ou seja, na comunidade (atividades comunitárias, jogos, recreação envolvendo a participação da família etc.). Classificação dos benefícios Benefícios obrigatórios ou legais: São aqueles concedidos pela empresa em cumprimento às determinações legais ou às normas legais tais como acordos ou convenções coletivas de trabalho. A CLT, em conjunto com a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), estipula alguns benefícios obrigatórios aos empregados. São os seguintes os benefícios obrigatórios estabelecidos pela CLT: CLT 13º salário e férias Salário família e auxílio doença Aposentadoria Seguro de acidentes de trabalho Horas extras e adicional noturno Adicionais de insalubridade e periculosidade Os benefícios estipulados pela Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) podem variar, dependendo da categoria funcional e do sindicato ao qual a atividade profissional é vinculada. São eles: VALE ALIMENTAÇÃO ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA ASSISTÊNCIA MÉDICA Ao participar de um processo seletivo para ingressar em uma determinada empresa, inicialmente a pessoa busca satisfazer suas expectativas em relação ao cargo que irá ocupar, ao salário que está sendo oferecido, ao clima organizacional e às oportunidades de crescimento na carreira, mas além disso, ela é atraída pelos benefícios sociais que poderá receber (GAULKE; NICOLETI, 2007). Pensando nisso, as empresas atualmente estão buscando oferecer um amplo pacote de benefícios, não só com o objetivo de atrair e reter seus melhores talentos, mas, também, para que o empregado se mantenha fiel e constantemente motivado. Esses objetivos são satisfeitos na medida em que a empresa garante o atendimento das necessidades básicas dos empregados que são: condições físicas do ambiente de trabalho, salário, benefícios sociais, políticas da organização, clima organizacional, oportunidades de crescimento, etc. Esses fatores podem ser percebidos como benefícios que auxiliam na manutenção de baixos índices de rotatividade e ausências, boa qualidade de vida dos empregados, redução do estresse, etc. isto torna a empresa competitiva no mercado de trabalho. Benefícios motivadores Gratificações Seguro de vida em grupo Refeições Transportes Empréstimos Assistência médico-hospitalar Complementação de aposentadoria Cesta básica Auxílio-creche Participação nos lucros Segundo Chiavenato (2008), os benefícios motivadores ou espontâneos são: Resumindo podemos verificar que os benefícios atendem tanto os objetivos da empresa quanto os objetivos dos empregados. Para as empresas, os benefícios referem-se aos seguintes objetivos: tornar-se mais competitiva no mercado, melhoria da qualidade de vida dos empregados, melhoria do clima organizacional, facilitar a atração e a manutenção dos melhores talentos, entre outros. Para os empregados os objetivos estão relacionados à satisfação de suas necessidades de caráter psicológico, social e físico. SAIBA MAIS https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos06/554_Beneficios%20Es pontaneos%20Seget.pdf Neste tema espera-se que você: Conheça as formas de progressão funcional no serviço público. Saiba o que significa o termo suporte organizacional. Aprenda sobre as estratégias utilizadas pelas organizações privadas para proporcionar o crescimento profissional dos empregados. Tema 3 Progressão funcional e retenção de pessoas Progressão funcional Na carreira do servidor público das esferas federal e municipal as possibilidades de crescimento ficam limitadas a dois mecanismos que são: a progressão funcional e a promoção. A progressão funcional prevista nos planos e regimentos do serviço público federal depende de avaliação de desempenho e permite a mudança de um padrão para o imediatamente superior dentro da mesma classe. A promoção, também condicionada à avaliação, consiste na mudança de uma classe para outra dentro do mesmo cargo. Considerando o que estudamos até agora, sabemos que toda organização, seja ela pública ou privada, é constituída por pessoas e depende destas para alcançar seus objetivos e metas. Cada pessoapor meio de seus conhecimentos, suas habilidades e atitudes contribui de forma significativa para o alcance dos objetivos da empresa. Vimos que nas teorias publicadas por Taylor e Fayol (1856 a 1925) as organizações valorizavam a contribuição que as pessoas podiam dar por meio de sua força braçal. Naquela época nem se pensava em programa de progressão e retenção de pessoas, os empregados eram vistos como máquinas, sendo estimulados, quase sempre, por motivações financeiras, pois o fator remuneração era utilizado como incentivo para que o indivíduo produzisse mais. Com a evolução da administração de gestão de pessoas, a percepção da organização se modificou. Os empregados passaram a ser valorizados pelos seus aspectos humanos, intelectuais e pela capacidade de contribuir efetivamente dentro dos diversos processos da empresa. A partir daí as organizações começaram a compreender que o salário não é o único mecanismo motivador a ser adotado e que deveriam ser pensadas outras formas de motivação e retenção de pessoas. As iniciativas de retenção de pessoas podem ser compreendidas como a capacidade que uma empresa tem de manter pessoas qualificadas que poderão contribuir para que ela continue competitiva no mercado de trabalho. Nesse sentido, a gestão de pessoas desponta como a responsável por captar, desenvolver e manter talentos em longo prazo, além de proporcionar condições e ambiente adequados, prezando pelo alinhamento dos objetivos organizacionais com as expectativas individuais (CHIAVENATO, 2010). Para Peloso e Yonemoto (2010), a retenção de talentos deve ser uma preocupação constante para as organizações, pois quando a organização perde um empregado para o mercado, esse empregado leva consigo todo o seu capital intelectual, muitas vezes adquirido pelo investimento feito pela organização em cursos de qualificação, capacitação técnica e desenvolvimento, além da experiência profissional e dos conhecimentos adquiridos durante a sua atuação dentro da organização, representando uma perda financeira e intelectual significativa para a organização. Mendonça (2002) diz que reter talentos é o esforço que toda organização deve fazer com o objetivo de manter as pessoas satisfeitas, motivadas e comprometidas com os resultados, porque dessa forma, os empregados estariam menos propensos a se desligar da empresa. Mendonça (2002) e Chiavenato (2010), referem-se à satisfação e à motivação como fatores essenciais e imprescindíveis no processo de retenção de talentos. Sem que haja a promoção desses dois fatores por parte da organização, é praticamente impossível a manutenção de seus empregados. Corroborando com esse pensamento, Klein e Mascarenhas (2016) afirmam que quanto maior for a taxa de satisfação dos empregados, menor será o índice de rotatividade dos mesmos. Estudos realizados em 1986 por Eisenberger e colaboradores tratam de um outro conceito que se refere à percepção de suporte organizacional. Esses estudiosos sugerem que a percepção dos empregados acerca do suporte organizacional é baseada na opinião que eles têm a respeito da qualidade do tratamento que recebem da organização em retribuição ao esforço que despendem no trabalho O termo suporte organizacional é utilizado para expressar as condições organizacionais favoráveis de trabalho e, em alguns casos, os compromissos da organização para com o empregado (Abbad et al, 2006). Eisenberger e colaboradores (1986) usando uma estrutura social de troca, revelam que os empregados que percebem nível elevado de suporte organizacional sentem, possivelmente, uma obrigação de recompensar a organização em termos de comprometimento afetivo e de comportamentos relacionados com o trabalho. Com base nos estudos publicados por diversos autores, as áreas de gestão de pessoas das organizações privadas têm buscado desenvolver programas de retenção de talentos e uma das formas encontradas é o plano de carreiras que possibilita ao empregado traçar uma meta de crescimento profissional dentro da mesma organização. O que significa, então, o termo suporte organizacional? Contudo, neste aspecto, existe uma diferença entre as carreiras do servidor público e do empregado de uma empresa privada. Ao analisar a oferta de cargos no serviço público, mesmo com toda exigência e concorrência existente no processo de seleção que ocorre por meio de concurso público, constata-se que ela é mais atrativa que nas empresas privadas e isso se deve, principalmente, ao fator estabilidade. Entretanto, a retenção desses profissionais não segue o mesmo ritmo das empresas do setor privado. Na maioria dos casos, os servidores públicos mais qualificados não permanecem muito tempo na organização, principalmente se ingressaram em cargos intermediários, logo eles buscam novos concursos, como forma de obter o seu crescimento profissional, uma vez que dentro da mesma instituição não é permitida a ascensão para um cargo mais elevado. Isso acontece porque não há previsão desse mecanismo nas leis e regulamentos que regem o serviço público de uma forma geral. No entanto, este não é o caso das Instituições Federais de Ensino vinculadas ao Ministério da Educação, onde a retenção dos servidores técnico-administrativos é estimulada pela possibilidade de progressão salarial decorrente da gratificação por qualificação acadêmica, regulamentada pela Lei Federal 11.091 de 12 de janeiro de 2005. Nas organizações de iniciativa privada o crescimento profissional ocorre, na maioria das vezes, por meio do plano de carreira. Este serve de incentivo para os empregados, uma vez que permite que eles tracem suas metas de crescimento profissional, podendo, ainda, ser percebido como suporte organizacional e ferramenta de retenção de pessoas. Pontes (2007) descreve algumas das vantagens e benefícios que podem resultar do planejamento de carreiras, mas destaca que essas apenas serão percebidas se houver interesse tanto por parte da empresa quanto do empregado, sendo necessário que o planejamento de carreiras seja desenvolvido de maneira adequada. Essas vantagens são: Possibilitar o crescimento profissional dos empregados e, consequentemente, elevar os índices de qualidade dos serviços ofertados pela empresa. Motivar e estimular a qualificação técnica dos empregados. Motivar e estimular os empregados para que estes explorem suas capacidades e seus potenciais. Criar um ambiente propício e estimulante para o desenvolvimento do empregado. Oferecer integração ao empregado no ambiente interno, por meio da perspectiva de desenvolvimento profissional. Possibilitar situações que incentivem e encorajem os empregados a buscar dentre os objetivos estratégicos da organização os que se alinham com os próprios objetivos profissionais e que auxiliem em seu crescimento profissional. Estipular uma trajetória de carreira a ser seguida, garantindo que o empregado tenha perspectivas de crescimento e ascensão profissional. SAIBA MAIS https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos15/6227.pdf Neste tema espera-se que você: Conheça a legislação trabalhista, com ênfase nas relações de trabalho. Aprenda quais são os direitos e as obrigações trabalhistas. Saiba qual o papel da Justiça do Trabalho. Tema 4 Legislação trabalhista Relações trabalhistas São as relações de trabalho que dizem respeito a uma série de atividades que são exigidas por lei e regularmente são fiscalizadas pelos Ministérios do Trabalho e da Previdência Social, pelo Conselho Curador do FGTS e pela Vigilância Sanitária, além dos sindicatos das categorias existentes na organização. As relações de trabalho implicam em uma série de rotinas administrativas obrigatórias que envolvem tanto a empresae seus empregados quanto os sindicatos responsáveis pela representação desses empregados na empresa. Essas rotinas referem-se à admissão, registro do empregado na empresa, remuneração, interrupção, suspensão ou rescisão de contratos de trabalho, efetuação de contribuições sindicais ou previdenciárias, pagamento de férias, 13º salário e etc. Essas relações são estabelecidas pelo Direito do Trabalho que é definido por Chiavenato (2010) como “o conjunto de princípios e regras jurídicas aplicáveis às relações individuais e coletivas entre empregador e empregados, em função do trabalho”. As legislações de trabalho, foram estabelecidas no início do século XX com a Carta del Lavoro, promulgada por Mussolini, na Itália, em 1927. Essa carta instituiu naquele país o sistema corporativista-fascista. Esse sistema acabou por influenciar a legislação trabalhista de vários países, inclusive a do Brasil que, dez anos depois, instituiu na Constituição de 1937, os princípios da legislação trabalhista que, em sua maioria, vigoram até hoje (Lacombe, 2005). Em 1º de maio de 1943 foi promulgada a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), através do Decreto-Lei n. 5.452 aprovado por Getúlio Vargas. A CLT foi promulgada com o objetivo de regulamentar as relações individuais e coletivas do trabalho, seja ele urbano ou rural. Desde sua promulgação até os dias atuais, a CLT já sofreu várias alterações, visando adaptar o seu texto às novas propostas das relações trabalhistas. Destacamos que a CLT se aplica somente aos empregados rurais e de instituições privadas, excluindo-se assim, os servidores públicos, regidos pela Lei n. 8.112/90 e os trabalhadores autônomos. Registro do trabalhador/carteira de trabalho. Jornada de trabalho. Período de descanso. Férias. Proteção do trabalho da mulher. Medicina do trabalho. Categorias especiais de trabalhadores. Contratos individuais de trabalho. Organização sindical e convenções coletivas. Justiça do Trabalho e Processo Trabalhista. A CLT trata principalmente dos direitos do trabalhador, estabelecendo regras quanto aos seguintes assuntos: Assim como existem as leis trabalhistas, existe também a Justiça do Trabalho, vamos ver qual é o papel da Justiça do Trabalho? No Brasil, existe uma justiça específica para julgar questões trabalhistas que é regida pela emenda 24 da Constituição de 1988. De acordo com a Constituição de 1988, se, ao entrar com uma ação contra uma determinada parte, o empregador ou o empregado não lograr êxito, perdendo assim o processo, o reclamante da ação tem direito a apelar aos Tribunais, no caso, os Tribunais Regionais do Trabalho. Para julgar as ações, a Justiça do Trabalho parte do princípio de que é preciso compensar o empregado que se encontra em uma posição de inferioridade econômica em relação ao empregador, conferindo a ele uma superioridade jurídica dentro do órgão. Dessa forma, a Justiça do Trabalho acaba por beneficiar o empregado, na maioria dos casos (Lacombe, 2005). Para aferir suas sentenças, a Justiça do Trabalho considera que os fatos são mais importantes que os documentos, abrindo espaço para que tanto o empregado quanto o empregador contextualizem a situação em que um determinado documento foi assinado, por exemplo. A alegação, por parte de um empregado, de que ao assinar um documento ele não tinha conhecimento do que se tratava ou que de alguma maneira se sentiu coagido pelo empregador ou empresa, acaba por ter um peso maior do que o documento em si (Lacombe, 2005). Outro ponto relevante a ser destacado é o de que a Justiça do Trabalho considera os direitos trabalhistas irrenunciáveis, sendo assim, é vedado ao empregado renunciar os direitos a ele conferidos pela legislação trabalhista, abrindo-se exceção nos casos em que a renúncia é feita a partir de acordos homologados em juízo. Contrato de Trabalho visto sob a ótica da legislação trabalhista O contrato de trabalho é feito de forma individual e engloba dois aspectos relevantes: o aspecto legal, referente à assinatura do contrato, e o aspecto psicológico, referente às expectativas recíprocas tanto do empregado quanto do empregador, ou seja, o que o empregado espera da empresa e, por outro lado, o que a empresa espera em relação ao papel que o empregado deve desempenhar (Lacombe, 2005). Contrato de Trabalho visto sob a ótica da legislação trabalhista Existem três diferentes tipos de contratos de trabalho, conforme a seguir: Contrato regular: é o contrato que após o período de experiência, determinado de três meses, pode perdurar por tempo indeterminado. Contrato de empreitada: refere-se ao contrato de prestação de serviço realizado em um tempo determinado. Esse tipo de contrato não gera vínculo empregatício e a relação de trabalho ocorre por meio do cumprimento, por parte da pessoa dita empreitada, dos acordos estabelecidos no contrato. Esse tipo de contrato pode se dar de forma integral, para todo o serviço, incluindo a mão-de-obra e os materiais necessários para a execução do trabalho, ou parcial, em que a mão-de-obra é fornecida pelo contratado e os materiais são fornecidos pelo contratante. Contrato temporário: contrato de tempo determinado, com duração máxima de dois anos, proporcionando à empresa uma diminuição dos encargos sociais, regulamentado pela Lei n. 9.601/98. Registro de empregados O registro dos empregados ocorre por meio do preenchimento de um formulário padronizado denominado Ficha de Registro de Empregados. Ele contém informações como: dados pessoais, qualificação, endereço, foto, data de admissão, cargo, salário, horário de trabalho e etc. Além de tais informações, a Ficha de Registro de Empregados deve ser assinada pelo empregado no momento da admissão e no momento da rescisão do contrato de trabalho (Chiavenato, 2010). As Fichas de Registro são numeradas sequencialmente e cada empregado na empresa possui um número de registro exclusivo, que após sua admissão, passa a ser seu código de identificação na empresa, também chamado de número de matrícula. Registro de empregados Na parte inversa da ficha, há diversos campos nos quais o profissional de recursos humanos deve registrar toda a trajetória do empregado na empresa, além de notas de possíveis alterações no trabalho realizado pelo empregado, reajustes salariais, promoção, férias, ocorrências diversas, e afastamentos (Chiavenato, 2010). Em pequenas empresas, é comum as Fichas de Registro de Empregado serem substituídas por um Livro de Registro de Empregados. Tanto as Fichas de Registro quanto o Livro de Registro, as anotações feitas na Carteira de Trabalho ou o próprio contrato expresso são documentos comprobatórios e importantes para ambos os lados, sendo exigido por Lei que permaneçam armazenados, após a rescisão do contrato, por um período de cinco anos, uma vez que a prescrição dos direitos trabalhistas ocorre após esse período de tempo. Para fins previdenciários, a prescrição ocorre somente após 30 anos, exigindo-se que os documentos sejam mantidos por todo esse prazo (Chiavenato, 2010). Remuneração salarial Vimos que os conceitos de salário e remuneração não são equivalentes. Salário diz respeito a espécie, moeda corrente, fornecida pela empresa ao empregado em decorrência de seu cargo, enquanto que remuneração envolve não somente o salário como também todo o conjunto de incentivos e benefícios que o empregado recebe mensalmente por seu trabalho, como: horas extras, adicional noturno, adicional por insalubridade ou periculosidade, comissões, gratificações, gorjetas, etc. (Chiavenato, 2010). Salário Mínimo A expressão “salário mínimo” foi estabelecida pela Constituiçãode 1988 com o intuito de definir o menor salário a ser pago pelo trabalho de um empregado no país. O salário mínimo é fixado em lei e deve corresponder a um valor capaz de atender às demandas e às necessidades básicas do empregado e sua família como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene pessoal, transporte e previdência social. Ao empregado, regido pela CLT, é garantido por lei um salário igual ou superior ao salário mínimo, nunca inferior (Chiavenato, 2010). No serviço público, caso a remuneração do servidor fique abaixo do salário mínimo, em razão dos valores previstos na tabela salarial, o servidor terá direito à complementação salarial correspondente à diferença entre o valor bruto de sua remuneração e o valor do salário mínimo vigente. Piso salarial O piso salarial ou salário profissional corresponde ao menor salário que determinadas categorias profissionais devem receber devido à complexidade de sua função ou especialização necessária. O piso salarial é maior do que o salário mínimo nacional. As categorias com direito ao piso salarial envolvem profissionais de diversas áreas como médicos, dentistas, engenheiros, químicos, arquitetos, agrônomos entre outros. O piso salarial de um engenheiro, por exemplo, é seis vezes maior do que o salário mínimo nacional (Chiavenato, 2010). Normalmente, o piso salarial é estabelecido na data-base da categoria e determinado por um acordo ou convenção coletiva de trabalho, fruto de negociação entre patrões e empregados. Os acordos e convenções coletivas de trabalho estabelecem normas e compromissos entre as partes, que devem ser respeitadas durante sua vigência. Data base É a data na qual os sindicatos têm para, por meio da negociação ou ajuizamento de uma ação coletiva, requerer, rever, modificar ou extinguir normas contidas nos instrumentos normativos de sua categoria. É o mês no qual se discute o reajuste do piso salarial, por exemplo. Outro detalhe importante é que valor do piso salarial definido para uma mesma função ou profissão pode variar conforme o estado, cidade ou mesmo empresa. Isso porque os pisos salariais definidos em acordos ou convenções coletivas de trabalho têm validade somente para os trabalhadores abrangidos por esses documentos. É possível ocorrer variação do piso salarial dentro de um mesmo estado, a depender da localização. O piso salarial de um servente que trabalha na capital pode ser diferente do piso salarial de um servente que trabalha no interior. Essas diferenças ocorrem porque resultam de processos de negociação independentes. Os pisos também variam para profissões diferentes dentro de uma mesma categoria profissional. Assim, no caso dos trabalhadores na construção civil, os pisos podem ser diferenciados para pedreiros e mestres de obra, por exemplo. Adicionais e encargos sociais Adicional de horas extras: é o pagamento pelo período que excede a jornada de trabalho e, de acordo com o artigo 7º, inciso XVI, da Constituição Federal, deve corresponder a, no mínimo, 50% do valor pago pela hora normal, com exceção das horas trabalhadas nos feriados e/ou domingos, em que deve ser pago 100% do valor da hora. Caso o pagamento de horas extras seja feito de maneira frequente, no ato da rescisão do contrato do empregado, esse valor deve ser acrescido ao montante do salário normal, 13º salário e demais verbas indenizatórias, a fim de se calcular o valor da rescisão contratual. Os empregados comissionados têm direito a receber um adicional de 50% pelo trabalho realizado em horas excedentes, que é calculado com base no valor pago às comissões relativas a essas horas. A legislação trabalhista determina ainda que, excetuando-se os casos extraordinários, o empregado não deve realizar mais de duas horas extras por dia (Lacombe, 2005). Adicional noturno: deve ser acrescentado ao salário do empregado que trabalha entre o período de 22 horas e 5 horas do dia seguinte. De acordo com o artigo 73º da CLT, o adicional noturno pago ao empregado urbano, deve corresponder a 20% do valor pago pela hora normal. Diferentemente do adicional de horas extras, que é calculado a cada 60 minutos extras trabalhados, o adicional noturno é computado a cada 52 minutos e 30 segundos. (Lacombe, 2005). Adicional por insalubridade: deve ser pago aos empregados que trabalham em ambientes considerados prejudiciais ou danosos à saúde. Sua taxa varia entre 10% e 40% sobre o salário mínimo, de acordo com o grau de insalubridade. Caso o empregado realize horas extras em locais insalubres, os dois adicionais são calculados de maneira diferenciada. O adicional de insalubridade é calculado sobre o salário mínimo vigente enquanto que o adicional de horas extras é calculado com base no salário do empregado (Lacombe, 2005). Adicionais e encargos sociais Adicional por periculosidade: deve-se ao empregado que trabalha em locais que ofereçam riscos de acidentes físicos. Ele equivale a 30% do salário mínimo do empregado. Da mesma forma que o adicional de horas extras, caso seja frequente na folha de pagamento do empregado, ele deve ser acrescentado como parte da remuneração no cálculo da rescisão contratual (Lacombe, 2005). Adicional de transferência: deve ser pago ao empregado que realiza mudança temporária de residência em função de um serviço que precise ser prestado para a empresa em outra localidade. Pode se dar mediante pagamento de diárias, valor fixo que deve ser pago ao empregado para suprir eventuais despesas durante o período em que se encontra a trabalho em outra localidade, ou por meio de reembolso, em que o empregado apresenta os comprovantes das despesas ao setor responsável e é reembolsado pela empresa. Não é compatível com ajuda de custo que é um valor pago uma única vez ao empregado quando este realiza mudança definitiva de localidade (Lacombe, 2005). 13º salário: regulamentado pela Lei n. 4.090/62, o 13º salário é oficialmente denominado de gratificação natalina. Ele se constitui de 1/12 da remuneração a ser paga no mês de dezembro pelos serviços prestados ou fração igual ou superior a 15 dias trabalhados (Chiavenato, 2010). Por lei, o 13º salário deve ser pago ao empregado que teve seu contrato de trabalho rescindido sem justa causa, com fração correspondente aos meses trabalhados. O cálculo do valor se baseia no salário pago no mês da rescisão (Chiavenato, 2010. Seu pagamento geralmente ocorre em duas parcelas de 50% do salário mínimo do empregado. A primeira parcela (ou adiantamento) é paga por ocasião de férias usufruídas, desde que o empregado as tenha requerido no mês de janeiro daquele ano ou entre os meses de fevereiro e novembro. A segunda parcela é paga até́ o dia 20 de dezembro, de modo a compensar o adiantamento do salário feito na 1ª parcela (Chiavenato, 2010). Os encargos sociais referem-se à obrigação de pagamento quanto ao: Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS): por determinação da Lei n. 5.107 em vigor a partir de 1º de janeiro de 1967, é obrigação da empresa depositar mensalmente, em conta bancária aberta em nome do empregado, o valor correspondente à 8% de sua remuneração, somando-se assim, ao final de um ano de contribuição, valor referente ao salário recebido pelo empregado mensalmente. Esses depósitos estão sujeitos a correção monetária e juros (Chiavenato, 2010). Salário-família: benefício previdenciário destinado ao empregado que possui filhos menores de 14 anos ou com deficiência. Salário-maternidade: valor pago à gestante por período relativo a 120 dias de licença maternidade, a constar 28 dias antes do parto e 92 dias após o parto. Interrupção e suspensão do contrato de trabalho Devido ao caráter individual e indeterminado do contrato regular de trabalho, é possível queao longo do tempo de serviço ocorram interrupções e suspensões da prestação de serviços por parte do empregado, sem que estas impliquem, necessariamente, em uma rescisão contratual (Chiavenato, 2010). É permitido que o empregado falte ao trabalho, sem prejuízos à sua remuneração ou contagem de tempo de serviço para férias e 13º salário, nas seguintes situações: Afastamento de até dois dias: em casos de falecimento de cônjuges, pais, filhos, irmãos ou dependentes. Afastamento de até três dias: casamento. Afastamento por um dia: nascimento de filho, para procedimento de registro civil em cartório. Afastamento de um dia (a cada 12 meses): caso o empregado realize doação voluntária de sangue. Afastamento de até dois dias: para alistamento militar. Interrupção e suspensão do contrato de trabalho As suspensões, a depender do seu tempo de vigência, podem acarretar na suspensão do salário e influenciar na contagem de tempo de serviço. São comuns em casos como, por exemplo (Chiavenato, 2010): incorporação do empregado ao serviço militar obrigatório, licença médica sem vencimento afastamento por invalidez temporária Rescisão contratual A rescisão contratual pode ocorrer tanto por iniciativa do empregado quanto por iniciativa do empregador. No primeiro caso, normalmente a rescisão envolve uma migração para outra empresa, por conta de melhores ofertas de salário ou benefícios, ou mudança na própria perspectiva do empregado. Quando, contudo, a rescisão ocorre por iniciativa da empresa, é possível que o empregado sofra algumas consequências, especialmente no que se refere aos motivos que estão ligados à essa decisão (Chiavenato, 2010). Rescisão contratual Em ambos os casos, deve-se ser apresentado um aviso prévio com trinta dias de antecedência à outra parte. O aviso permite ao empregado um tempo para se organizar financeiramente e, à empresa, o tempo para procurar um substituto para a função ou cargo. Quando a rescisão é feita por iniciativa da empresa, esta pode optar por pagar o aviso prévio, destituindo o empregado da obrigação de cumprir o tempo de serviço previsto ou permanecer com o empregado pelo tempo determinado pelo aviso, tendo como obrigação a redução de duas horas diárias de sua jornada de trabalho, para que o empregado possa se dedicar a procurar um novo emprego (Lacombe, 2005). Uma vez concedido o aviso prévio, a rescisão ocorrerá somente após a expiração do prazo (Chiavenato, 2010). Há duas formas de rescisão contratual: sem justa causa ou com justa causa. No caso do desligamento sem justa causa, ou demissão imotivada - referente à motivos alheios ao desempenho ou comportamento do empregado -, o empregador deve pagar as todas as verbas rescisórias a se constituírem do aviso prévio (caso opte pelo não cumprimento deste), 13º proporcional, férias vencidas e proporcionais, saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), assim como 40% do valor depositado pela empresa na conta do FGTS, cabendo atualização caso os valores estejam desatualizados (Lacombe, 2005). Em contrapartida, quando a rescisão ocorre por justa causa, o empregado não tem direito ao recolhimento do FGTS e nem ao saque dos 40%, recebendo somente o 13º proporcional e as férias vencidas. Deve ser apresentado, pelo empregador, uma falta grave que justifique a demissão do empregado cometida em momento atual – não cabe ao empregador usar como motivo para o desligamento por justa causa uma falta cometida no passado ou que tenha sido praticada pelo empregado por um determinado tempo, sem censura prévia da empresa (Lacombe, 2005). Rescisão contratual Quando a rescisão ocorre após um ano do contrato de trabalho, a empresa deve homologar a rescisão na Delegacia Regional do Trabalho ou no sindicato dos trabalhadores da respectiva categoria profissional. A homologação da rescisão e o pagamento das verbas rescisórias devem ocorrer em período estipulado de dez dias a partir da data do aviso de demissão ao empregado. Caso ocorra atraso no pagamento, em decorrência de falha da empresa, esta deve pagar uma multa pelo atraso no valor equivalente ao salário mínimo do empregado, em conformidade com o parágrafo 8º do art. 477 da CLT. SAIBA MAIS Consulte mais informações em: http:/www.abadconst.com.br/revista8/protecaoCassia.pdf O que você estudou Tema 2 – Cargos e SaláriosTema 1 – Rotinas de Processos RH Tema 3 – Progressão Funcional Tema 4 – Legislação Trabalhista Compreendeu a evolução histórica da Administração de Recursos Humanos e os principais processos e rotinas da atual gestão de pessoas. Compreendeu os conceitos e os objetivos da descrição de cargos, os métodos para definição da política salarial, os objetivos e a classificação dos benefícios. Compreendeu os conceitos de progressão funcional e as formas de retenção de pessoas. Aprendeu alguns conceitos jurídicos e sobre a Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT. Abordagem humanística: transferência da ênfase antes colocada na tarefa (administração científica) e na estrutura organizacional (teoria clássica) para a ênfase nas pessoas que trabalham ou que participam nas organizações. Empirismo: foi uma teoria do conhecimento que afirma que o conhecimento vem apenas ou, principalmente, a partir da experiência. Filosofia mais pragmática: pensamento filosófico criado, no fim do século XIX que se opõe ao intelectualismo, considerando o valor prático como critério da verdade. Ser pragmático é ter seus objetivos bem definidos, é fugir do improviso, é se basear no conceito de que as ideias e atos só são verdadeiros se servirem para a solução imediata de seus problemas. Globalização: conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial visíveis desde o final do século XX. Trata-se de um fenômeno que criou pontos em comum na vertente econômica, social, cultural e política, e que consequentemente tornou o mundo interligado Improvisação: capacidade do ser humano em enfrentar os acontecimentos que se apresentam sem nenhum planejamento antecipado. GLOSSÁRIO Referências • ABBAD, G., COELHO Jr., F. A., FREITAS, I. A. & PILATI, R. Medidas de suporte em avaliação de TD&E. In: BORGES- ANDRADE, J.E; ABBAD, G.A & L. MOURÃO, L. (colaboradores) COELHO, A.C.E et. al. Treinamento, desenvolvimento e educação em organizações e trabalho: fundamentos para a gestão de pessoas. Porto Alegre: Artmed, 2006, p. 395- 421. • CHIAVENATO, Idalberto. Iniciação à administração de recursos humanos. 4ª ed. rev. e atual. Barueri, São Paulo: Manole, 2010. • CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. • CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos. 5ª ed. São Paulo: Atlas S.A., 1998. • CHIAVENATO, Idalberto. Remuneração, benefícios e relações de trabalho: como reter talentos na organização. 7ª ed. São Paulo: Manole, 2015. • DESSLER, Gary. Administração de recursos humanos. 2ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003. • FLANNERY, T.P; HOFRICHTER, D.; PLATTEN P. E. Pessoas, Desempenho e Salários: a mudança na forma de remuneração nas empresas. Tradução de Bazán Tecnologia e Linguística Ltda. São Paulo: Futura, 1997, 281p. Original em inglês. • GAULKE, Carmen Nádia; NICOLETI, Gerson Gilberto. Benefícios: usado como fator motivacional pela empresa Karsten S/A no setor tecelagem ll 1º turno. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, Blumenau, v.1, n.2, p.01-15, Sem I. 2007 Edição Temática TCC’s - I • GIL, Antônio Carlos. Gestão de Pessoas, enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2009. • KLEIN, Fábio Alvim; MASCARENHAS, André Ofenhejm. Motivação, satisfação profissional e evasão no serviço público: o caso da carreira de especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental.
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