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Apostila de Economia geral

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FACCREI/ FACED 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APOSTILA DE TRABALHO 
 
 
ECONOMIA 
 
 
 
Professora Josiane Luiz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. CONCEITOS GERAIS DE ECONOMIA 
 
O objetivo geral deste capítulo é fornecer aos alunos os conceitos básicos do estudo da 
economia, ressaltando o principal objetivo de estudo desta ciência, ou seja, o estudo da escassez. 
 
 
1.1. O objeto de estudo da Ciência Econômica 
 
 
A Economia é uma ciência social. Diferentemente das ciências biológicas ou da física, na 
economia não é possível realizar experimentos controlados em laboratório. Não é possível, por 
exemplo, fazer um experimento para verificar os impactos da elevação da taxa de juros na economia 
brasileira, ou ainda verificar quantos milhões de pessoas irão se tornar pobres se o governo deixar de 
criar programas sociais. Neste sentido, como afirmam Pinho & Sandoval de Vasconcellos (1998, p. 
05), a ciência econômica necessita de tempo para desenvolver observações, a fim de serem utilizadas 
como evidências no teste de hipóteses sobre o comportamento dos fenômenos econômicos. 
Dizer que a economia é uma ciência social significa dizer que ela repousa sobre os atos dos 
seres humanos, e apesar da tendência das previsões econômicas serem cada vez mais precisas, é 
impossível se fazer análises puramente frias e numéricas e com 100% de acerto, isolando as complexas 
reações do homem no contexto das atividades econômicas. A economia é uma ciência social por 
ocupar-se do comportamento humano, estudando como as pessoas e as organizações na sociedade se 
empenham na produção, troca e consumo de bens e serviços. 
A economia é uma ciência muito abrangente, e pelo fato de lidar com os atos dos seres humanos 
acaba se fundindo com outras ciências. Desta forma, a economia é uma ciência estritamente 
relacionada com a política, com a história, com a geografia, com a sociologia, com a matemática e com 
a estatística, dentre outras do campo das ciências sociais. 
Paul Samuelson (apud PINHO & SANDOVAL DE VASCONCELLOS 1998, p. 09) expõe que a 
economia “é uma ciência social que procura estudar a administração de recursos escassos entre usos 
alternativos e fins competitivos”. Sintetizando o que foi exposto até o momento, Sandoval de 
Vasconcellos (2002, p.21) expõem que a “Economia pode ser entendida como a ciência social que 
estuda como o indivíduo e a sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção de 
bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com a finalidade 
de satisfazer às necessidades humanas”. 
 
 
 
 
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Assim, para se compreender o foco de estudo da economia é necessário entender primeiramente 
o conceito de bens escassos, tópico a ser abordado em seguida. 
 
 
 
1.2. Noção de escassez 
 
 
O significado da palavra escassez de acordo com o dicionário Aurélio é: Escassez - qualidade 
de escasso; pouca abundância. Falta, míngua, carência, privação. Sandroni (2001, p. 211) afirma que 
escassez, em termos econômicos, surge da idéia de que as necessidades humanas são infinitas, porém 
os bens e os meios para satisfazer tais necessidades são limitados, ou seja, finitos. E neste confronto 
entre necessidade e disponibilidade de recursos que surge o conceito de escassez. Assim, quanto 
maiores as necessidades por um determinado bem, visto que a disponibilidade deste bem é limitado, 
maior será a escassez deste item na economia. Assim, a partir deste conceito geral de escassez, o que se 
pode notar e que nada na natureza existe em infinita abundância. 
 
 
Figura 1 – Origem da escassez 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Se as coisas da natureza não fossem escassas, ou seja, existissem em plena abundância, não 
faria sentido em se preocupar com desperdícios ou com o uso irracional das coisas. Assim, por 
exemplo, se a produção de carvão ou de petróleo fosse infinita, não haveria com certeza a necessidade 
de se preocupar com o seu uso e com a busca de novas jazidas e novas fontes destas matérias primas ou 
ainda com formas renováveis de energia. Se a água fosse para toda a vida, não haveria, como há 
atualmente, a preocupação em se utilizar maneira correta e preservada esta valiosa fonte de vida. 
Tem-se, portanto, duas forças contrárias agindo na economia. Enquanto os recursos e materiais 
utilizados na produção dos bens são escassos (limitados), a busca pela satisfação das necessidades 
 
 
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humanas é ilimitada. A partir destas duas forças contrárias que se pode entender o significado do 
conceito de escassez. 
Segundo Troster & Mochón (2002, p. 04) uma necessidade “é a sensação de carência de algo 
unida ao desejo de satisfazê-la”. 
Reunindo os conceitos apresentados até aqui, resumidamente a escassez surge: 
 
(...) em virtude das necessidades humanas ilimitadas e da restrição física de 
recursos. Afinal, o crescimento populacional renovas as necessidades básicas; 
o contínuo desejo de elevação do padrão de vida (que poderíamos classificar 
como uma necessidade “social” de melhoria de status) e a evolução 
tecnológica fazem com que surjam “novas” necessidades (computador, freezer, 
vídeo, CD, etc). Nenhum país, mesmo os países ricos, são auto-suficientes, em 
termos de disponibilidade de recursos produtivos, para satisfazer a todas as 
necessidades da população (SANDOVAL DE VASCONCELLOS, 2002, p. 
21). 
 
Detalhando o conceito de economia de Paul Samuelson visto anteriormente, tem-se mais 
detalhadamente: 
 a economia é uma ciência social: pois se preocupa e se baseia em atos dos seres humanos; 
 que procura estudar a administração de recursos escassos: administrar qual a melhor aplicação 
dos recursos limitados que proporcionem uma melhor “satisfação” das necessidades humanas; 
 entre usos alternativos e fins competitivos: os recursos escassos podem ter diversos fins e 
muitos deles competitivos, como por exemplo, a cana de açúcar, que pode ser utilizada tanto 
para a produção de açúcar, como para a produção de álcool para a locomoção de automóveis. 
Segundo Pinho & Sandoval de Vasconcellos (1998, p. 13), conceitualmente, as necessidades 
humanas podem ser entendidas como qualquer “manifestação de desejo que envolva a escolha de um 
bem econômico capaz de contribuir para a sobrevivência ou para a realização social do indivíduo”. 
Estas necessidades não são estáveis e não são iguais para todos os indivíduos de uma sociedade. Elas se 
renovam dia a dia (são mutáveis) e se diferem entre as pessoas, como, por exemplo, gostar de comer 
fígado. 
Neste sentido, se o objetivo é o de atender ao máximo as ilimitadas necessidades da população e 
se os recursos são limitados, então a administração desses recursos tem que ser feita de maneira 
cuidadosa, econômica, racional e eficiente. Em outras palavras, temos que “economizar” recursos. A 
economia é, portanto, o estudo da escassez e dos problemas dela decorrentes. 
 
 
 
 
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O que é importante frisar, portanto, sobre a Ciência Econômica é: que seu objeto é o estudo da 
escassez e de como a partir desta limitação de recursos podem-se criar bens econômicos (ou seja, bens 
gerados a partir da utilização de recursos limitados); e que por se basear em atos dos seres humanos, se 
classifica entre as Ciências Sociais. 
A seguir são apresentados os problemas econômicos básicos que surgem a partir do conceito de 
escassez. 
 
 
 
 
1.3. Os problemas econômicos básicos 
 
 
Assim como aponta Pinho & Sandoval de Vasconcellos (2002), Sandoval de Vasconcellos 
(2002), Troster & Mochón (2002) e todos os outrosmanuais de economia introdutória, o problema da 
escassez cria quatro problemas econômicos básicos, dentre eles: O QUE, QUANTO, COMO, e 
PARA QUEM produzir? A partir dos conceitos expostos acima, fica claro que se os bens e recursos 
não fossem escassos, estes problemas não existiriam. Todavia, na realidade existem ilimitadas 
necessidades e limitados recursos disponíveis e técnicas de fabricação. Baseada nestas restrições, a 
Economia deve optar dentre os bens a serem produzidos e os processos técnicos capazes de transformar 
os recursos escassos em produção. 
Assim, a Economia é uma ciência ligada ao problema da escolha. Somente devido à escassez 
de recursos em relação às ilimitadas necessidades humanas que devem ser atendidas é que se justifica a 
preocupação de utilizá-los de forma mais racional e eficiente quanto possível. 
 
 
Figura 3 – Os problemas econômicos básicos 
 
 
Necessidades ilimitadas 
O QUE produzir? 
X 
 
Disponibilidade recursos 
Escassez  ESCOLHA  
QUANTO produzir? 
COMO produzir? 
PARA QUEM produzir? 
limitados 
 
 
Fonte: Sandoval de Vasconcellos (2002, p. 22). 
 
 
 
 
 
 
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Uma forma de representar este problema de escolha existente a partir do conceito de escassez e 
a partir da curva de possibilidades de produção (ou curva de transformação). Esta curva permite, 
de maneira simplificada e limitada, exibir as possibilidades de combinações de produtos a serem 
gerados. Segundo Sandoval de Vasconcellos (2002, p. 28), esta curva representa a “(...) fronteira 
máxima que a economia pode produzir, dados os recursos produtivos limitados. Mostra as alternativas 
de produção da sociedade, supondo os recursos plenamente empregados”. 
Para exemplificar, de modo ilustrativo, supõem-se uma economia com apenas dois produtos 
(camisas e carros). A tabela a seguir mostra as possibilidades de produção destes dois itens. 
 
 
 
 
BENS 
Quantidade 
máxima de 
carros 
Possibilidades intermediárias 
Quantidade 
máxima de 
camisas 
 
A B C D E F 
Carros (milhares) 150 140 120 90 70 0 
Camisas (milhares) 0 10 20 30 40 50 
 
 
A curva de transformação (ou de possibilidades de produção) representa um importante fato da 
ciência econômica: uma economia em pleno emprego, ou seja, a economia em uma situação em que os 
recursos disponíveis estão sendo plenamente utilizados na produção de bens e serviços, precisa 
sempre, ao produzir um bem, desistir de produzir um tanto de outro bem (PINHO & SANDOVAL DE 
VASCONCELLOS, 1998, p. 15). A tabela anterior pode ser exibida ainda de forma gráfica, conforme a 
ilustração abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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C
a
m
is
a
s
(m
il
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re
s
) 
 
 
Curva de possibilidade de produção 
 
60 
 
F 
50 
H 
 
E 
40 
 
D 
30 
 
C 
20 G 
 
B 
10 
 
A 
0 
0 20 40 60 80 100 120 140 160 
Carros (milhares) 
 
 
 
Entra em cena o conceito de custo de oportunidade. Ou seja, é o sacrifício do que se deixou de 
produzir, ou ainda, o custo (ou a perda) do que não foi escolhido para se produzir. Por exemplo, o custo 
de oportunidade de se produzir apenas carros é de 50 camisas, e de se produzir apenas camisas e de 150 
carros. O custo de oportunidade de sair da faixa C para a faixa D de produção seria de 30 carros, ou 
seja, para se produzir mais camisas (ponto D) só seria possível em detrimento da produção de carros. 
Assim, custo de oportunidade pode ser entendido como o sacrifício de se transferir os recursos de 
uma atividade para outra. 
Porém, para que o conceito de custo de oportunidade seja válido, é necessário que duas 
condições sejam satisfeitas: 1) os recursos sejam limitados, e; 2) haja pleno emprego dos recursos. 
Caso não seja satisfeita a segunda condição, ou seja, caso não haja pleno uso dos recursos e haja 
recursos em desemprego (como homens desempregados, terras inativas, ou máquinas sem serem 
utilizadas – capacidade ociosa nas empresas), as possibilidades de produção ficarão aquém da curva de 
possibilidade de produção, representados, por exemplo, pelo ponto G do gráfico exibido anteriormente. 
Neste caso, não existe custo de oportunidade para se atingir qualquer ponto em cima da curva de 
possibilidade de produção. 
Já o ponto H é um ponto que não é possível ser atingido, justamente por estar fora das 
possibilidades de produção. Este ponto, contudo, só pode ser atingido com uma mudança na curva de 
transformação, o que seria possível apenas com a ampliação da disponibilidade de recursos 
 
 
 
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produtivos na economia, ou com uma mudança na tecnologia, que permitisse produzir mais com a 
mesma quantidade de recursos disponíveis. 
 
 
 
1.4. Os fatores de produção e suas remunerações 
 
 
Os recursos produtivos, também denominados de fatores de produção, são elementos utilizados 
no processo de fabricação dos mais variados tipos de mercadorias as quais, por sua vez, serão utilizados 
para satisfazer as necessidades humanas. Os fatores produtivos e suas respectivas remunerações estão 
discriminados no quadro abaixo: 
 
 
Terra  aluguel 
Trabalho  salário 
Capital  juros 
 
 
 
Segundo Sandroni (2001, p. 235) os fatores de produção são: 
 
 
Elementos indispensáveis ao processo produtivo de bens materiais. 
Tradicionalmente, desde Say, são considerados fatores de produção a terra 
(terras cultiváveis, florestas, minas), o homem (trabalho) e o capital (máquinas, 
equipamentos, instalações, matérias-primas). Atualmente, costuma-se incluir 
mais dois fatores: organização empresarial e o conjunto de ciência/técnica 
(pesquisa). De modo geral, os fatores de produção são limitados e, por isso, 
eles se combinam de forma diferente conforme o local e a situação histórica. 
 
Desta forma, o recurso terra se refere a todos os recursos naturais, como as florestas, os 
minerais e os recursos hídricos. O recurso trabalho é o nome dado para designar todo o esforço 
humano, seja físico ou mental, despendido na produção de bens e serviços (é um fator limitado pelo 
tamanho da população). O recurso capital é o conjunto de bens fabricados pelo homem e que não se 
destina à satisfação das necessidades através do consumo, mas que são utilizados no processo de 
produção de outros bens. Todos estes recursos são limitados, ou seja, são escassos e são também, de 
alguma forma, remunerados, ou seja, é pago um preço pela utilização dos serviços dos fatores de 
produção, se constituindo, desta forma, em renda para os proprietários dos fatores. 
 
 
 
 
 
 
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1.5. Áreas de estudo da economia 
 
Segundo Sandoval de Vasconcellos (2002, pp. 35-36) a economia pode, grosso modo, ser 
dividida em quatro grandes áreas, a saber: 
a) Microeconomia: estuda o comportamento de consumidores e produtores e o mercado no 
qual interagem. Preocupa-se com a determinação dos preços e quantidades em mercados específicos; 
b) Macroeconomia: estuda a determinação e o comportamento dos grandes agregados, como 
PIB, consumo nacional, investimento agregado, exportação, nível geral de preços, etc., com o objetivo 
de delinear uma política econômica. Tem um enfoque conjuntural, isto é, preocupa-se com a resolução 
de questões como inflação e desemprego, a curto prazo. 
c) Desenvolvimento Econômico: estuda modelos de desenvolvimento que levem à elevação do 
padrão de vida (bem-estar) da coletividade. Trata de questões estruturais, de longo prazo (crescimento 
da renda per capitã, distribuição da renda, evolução tecnológica). 
d) Economia Internacional: estuda as relações de troca entre países (transações de bens e 
serviços e transações monetárias).Trata da determinação da taxa de câmbio, do comércio exterior e das 
relações financeiras internacionais. 
No próximo capítulo abordam-se os elementos relacionados à microeconomia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. PRINCÍPIOS DE MICROECONOMIA 
 
Os objetivos gerais desta seção é o de compreender a função do estudo da microeconomia, os 
fatores que determinam a oferta e a demanda de bens, a noção de elasticidades assim como sua forma 
de cálculo e o funcionamento das principais estruturas de mercado, focando a questão da determinação 
dos preços e das quantidades. 
 
 
2.1. Conceito e aplicação da microeconomia 
 
Mas afinal, o que é a microeconomia? Para que serve esta área de estudo da Ciência 
Econômica? Segundo Sandoval de Vasconcellos (2002, p. 47), a microeconomia (ou também chamada 
de teoria dos preços) é uma vertente da economia que se preocupa fundamentalmente em estudar o 
comportamento econômico das unidades individuais, tais como os consumidores, as empresas e os 
proprietários de fatores de produção. Preocupa-se em estudar como e porque os agentes econômicos 
agem de determinadas formas. Dentre muitas perguntas, a microeconomia procura respostas para as 
seguintes questões: 
- O que determina o preço dos bens e serviços de uma economia? 
- O que determina o quanto cada mercadoria será produzida? 
- O que determina a maneira pela qual um indivíduo gasta sua renda? 
Conforme apontado em Pinho & Sandoval de Vasconcellos (1998, p. 69): 
 
Genericamente, a microeconomia é concebida como o ramo da Ciência 
Econômica voltado ao estudo do comportamento das unidades de consumo 
representadas pelos indivíduos e/ou famílias (estas desde que caracterizadas 
por um orçamento único), ao estudo das empresas, suas respectivas produções 
e custos e ao estudo da geração e preços dos diversos bens, serviços e fatores 
produtivos. 
 
Contudo, Sandoval de Vasconcellos (2002) pondera que a microeconomia não pode ser 
entendida como uma área da economia que foca apenas a empresa, mas sim um ramo em que se dedica 
a estudar o mercado no qual as empresas e consumidores interagem. É por isto que se diz que a 
microeconomia procura estudar o comportamento dos agentes econômicos em um determinado 
mercado, ou seja, como as unidades tomam decisões econômicas e como as políticas econômicas 
 
 
 
 
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governamentais podem influenciar a decisão de tais agentes (PINDYCK & RUBINFELD, 1999, pp. 
03-04). 
O estudo da microeconomia se baseia muito na condição “coeteris paribus”. Como se pode 
verificar no dia a dia de nossas vidas, um determinado fenômeno (inclusive os econômicos) ocorre 
devido a diversos fatores determinantes que atuam sobre ele simultaneamente. Esta simultaneidade 
com que os fatores atuam sobre um determinado fenômeno dificulta a análise e o entendimento de 
como cada um desses fatores atua isoladamente. 
É neste sentido que a condição “coeteris paribus” se torna importante. É uma expressão em 
latim que significa “tudo o mais permanecendo constante”. Assim, ao se adotar esta condição, pode 
verificar como a demanda (ou até mesmo a oferta) é influenciada pelo preço, permanecendo os demais 
fatores (como hábitos, renda, dentre outros) constantes (ou melhor, inalterados). 
Conforme ressalta Sandoval de Vasconcellos (2002, p. 69): 
 
A Microeconomia é parcial. Para poder analisar um mercado isoladamente, 
supõe todos os demais mercados constantes. Ou seja, supõe que o mercado em 
estudo não afeta nem é afetado pelos demais. Essa condição [coeteris paribus] 
serve também para verificarmos o efeito de variáveis isoladas, independente 
dos efeitos de outras variáveis; ou seja, quando queremos, por exemplo, saber 
o efeito isolado de uma variação de preço sobre a procura de determinado bem, 
independente do efeito de outras variáveis que afetam a procura, como a renda 
do consumidor; gastos e preferências, etc. 
 
Mas antes de se prosseguir no estudo das teorias de oferta e demanda, faz-se necessário 
explicitar um conceito importante na microeconomia – o conceito de mercado. 
Conforme apontam Pindyck & Rubinfeld (1999, p. 09), as unidades econômicas podem ser 
divididas em dois grandes grupos – os compradores e os vendedores. É a partir da interação destes dois 
grupos que surgem os mercados: Um mercado é, pois, um grupo de compradores e vendedores que, por 
meio de suas reais ou potenciais interações, determina o preço de um produto ou um conjunto de 
produtos. 
Importante esclarecer ainda que mercado não é a mesma coisa que industria. Uma indústria é 
um conjunto de empresas que vende o mesmo produto ou produtos correlatos. Assim, uma indústria 
corresponde apenas a um dos lados (o lado dos vendedores) que compõem um mercado. Segundo 
Pindyck & Rubinfeld (1999, p. 12), o conhecimento do conceito de mercado e sua abrangência é 
importante, pois: 
Uma empresa, por exemplo, precisa saber quem são seus reais e potenciais 
competidores nos produtos que ela vende ou possa vir a vender no futuro. Uma 
 
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empresa também precisa conhecer as características que definem um produto 
específico e as fronteiras geográficas de um determinado mercado, para que 
seja capaz de fixar preços, determinar as verbas de publicidade e tomar 
decisões de investimento. 
A definição do mercado é igualmente importante para a escolha de políticas 
públicas. Deve o governo permitir as fusões e incorporações de companhias 
que produzem produtos similares? A resposta depende do impacto disso na 
competição futura e nos preços; ora, isso freqüentemente só pode ser avaliado 
definindo mercado. 
 
Na próxima seção se estudará a teoria da oferta, da demanda e como é possível através destes 
dois conceitos se chegarem a uma situação de equilíbrio de mercado. 
 
 
2.2. Teoria da oferta, da demanda e o equilíbrio de mercado 
 
 
A teoria da oferta e da demanda é a base de muitos conceitos econômicos, não somente na área 
de estudo da microeconomia. Contudo, nesta seção se estudará o conceito e os determinantes da teoria 
da oferta e da demanda, assim como estes dois conceitos unidos permitem se chegar a uma situação de 
equilíbrio de mercado, conceito teórico este que é muito importante para a Ciência Econômica. 
 
 
 
LEI DA DEMANDA 
A demanda (ou também conhecida como procura) de um indivíduo por um determinado bem ou 
serviço refere-se à quantidade desse bem (ou serviço) que este indivíduo está disposto e capacitado a 
comprar, por unidade de tempo. 
Conforme aponta Sandoval de Vasconcellos (2002, p. 49): 
 
Demanda (ou procura) é a quantidade de determinado bem ou serviço que os 
consumidores desejam adquirir, num dado período. 
Assim, a chamada demanda é um desejo, um plano. Representa o máximo que 
o consumidor pode aspirar, dada sua renda e os preços no mercado. 
A escala de demanda indica quanto o consumidor pode adquirir, dada várias 
alternativas de preços de um bem ou serviço. (...) a demanda não representa a 
compra efetiva, mas a intenção de compra, a dados preços. 
 
Fatores determinantes da demanda 
 
Segundo Sandoval de Vasconcellos (2002, p. 53) a demanda é influenciada por diversos fatores. 
Os principais fatores seriam: 
 
 
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a) preço do bem: normalmente, é de se esperar que o consumidor deseje adquirir uma 
quantidade maior de um bem quanto menor for o seu preço. Assim, o preço do bem tem uma relação 
negativa com a quantidade demanda. 
b) renda do consumidor: na maioria dos bens, é de se esperar que uma elevação na renda do 
consumidor esteja associada a uma elevação nas quantidades compradas desses bens. Um exemplo é o 
caso da carne de primeira. Se vocêpassa a ganhar mais, você provavelmente irá passar a comer mais 
carne de primeira do que antigamente. Estes tipos de bens são chamados de bens normais (ou seja, 
quando se eleva a renda e eleva-se também a demanda deste bem). Porém, existem algumas exceções a 
esta regra, ou seja, existem aqueles produtos e serviços cujo consumo varia inversamente à variação da 
renda, dentro de certa faixa de renda. Isso significa dizer que a quantidade adquirida desse tipo de 
produto diminui com o aumento da renda, ou, caso haja uma diminuição da renda, a quantidade 
adquirida desse produto aumenta. Esse tipo de bens e serviços com relacionamento negativo com a 
renda são denominados de bens inferiores. São chamados desta forma, pois o aumento da renda 
substitui estes bens por outros de qualidade superior. É o caso, por exemplo, da carne de segunda com a 
carne de primeira, ou ainda das roupas usadas pelas roupas novas. Quando há uma elevação da renda 
do indivíduo, ele tende a substituir o consumo da carne de segunda por uma carne de melhor qualidade 
ou ainda deixar de comprar roupas usadas para comprar roupas novas. Existem ainda os bens de 
consumo saciado, que são aqueles na qual mesmo a renda se elevando, o consumo deste bem não se 
modificará. Este é o caso, em geral, dos alimentos básicos como o açúcar, o sal, o arroz, o feijão, do 
papel higiênico, etc. Este último caso refere-se aqueles em que a renda não exerce influência sobre a 
demanda dos produtos. Sandoval de Vasconcellos (2002, p. 58) pondera ainda que tudo isto depende da 
classe de renda a qual um determinado consumidor pertence. Segundo este autor, para os consumidores 
de baixa renda praticamente não existem bens inferiores. Assim, quanto mais elevada a renda, maior o 
número de produtos que passam a ter a possibilidade de serem classificados com bens inferiores ou de 
consumo saciado. 
c) gosto e preferências do consumidor: a demanda depende também dos hábitos de consumo e 
das preferências individuais, que conseqüentemente, dependem do sexo, da idade, da tradição cultural e 
religiosa e até mesmo do nível educacional de cada indivíduo. 
d) preço dos bens relacionados: não é somente o preço do bem (ou serviço) que influencia a 
sua quantidade demandada. Os preços de outros bens também o influenciam. Neste sentido, a demanda 
de um bem pode ser influenciada pelas alterações nos preços de seus bens complementares ou de seus 
bens substitutos. Os bens complementares são aqueles que tendem a ser utilizado em conjunto, ou 
 
 
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seja, quando o preço de um se eleva, ocorre a redução da quantidade demandada do outro, como por 
exemplo, o caso da margarina e do pão, ou ainda o efeito do aumento do preço dos automóveis sobre a 
demanda de gasolina. Já com os bens substitutos ocorre o contrário. São aqueles cujo consumo pode 
substituir o consumo de outro, ou seja, a elevação do preço de um bem pode elevar a quantidade 
demanda do outro. Alguns exemplos: é o caso da manteiga e a maionese ou margarina, da carne de 
frango, vaca e peixe, da viagem de trem ou de ônibus, da Coca-cola com o Guaraná (coeteris paribus, 
ou seja, considerando que as outras condições como as preferências do consumidor são constantes). 
e) questão populacional: quando aumenta o número de pessoas em um determinado mercado, 
ou seja, um maior mercado consumidor, faz com que gere a tendência de elevar a quantidade 
demandada dos bens. 
No quadro a seguir é descrito sinteticamente os efeitos de tais variáveis sobre a demanda. 
 
 
Quadro - Causas do deslocamento da demanda 
Aumento da demanda Diminuição da demanda 
 
Aumento da renda dos consumidores Diminuição da renda dos consumidores 
 
Mudança de gosto favorável a um bem Mudança de gosto desfavorável a um bem 
 
Aumento no preço de bens substitutos Diminuição no preço de bens substitutos 
 
Queda no preço dos bens 
complementares Aumento no preço dos bens complementares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Além dos fatores apontados nesta seção, as expectativas em relação ao futuro, a facilidade de 
crédito (disponibilidade, taxa de juros e prazos), a propaganda, fatores climáticos e sazonais também 
exercem influência sobre a demanda e são fatores que devem ser levados em consideração. 
 
 
 
 
 
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(R
$
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n
id
.)
 
 
 
Relação quantidade demandada e preço 
 
Segundo Passos & Nogami (2001, pp. 49-50), a partir de uma escala de demanda individual, ou 
seja, de quanto cada consumidor estará disposto a adquirir de um determinado bem a diferentes preços, 
é possível construir a curva de demanda, que auxilia na ilustração da Lei da Demanda. 
 
 
Escala de demanda por Leite 
 
Preço Qtde. 
(R$/Unid.) Litros/Semana 
Ponto 
 
4.00 2 A 
3.00 4 B 
2.00 6 C 
1.00 8 D 
 
Gráfico – Demanda por Leite 
4.50 
 
4.00 
 
3.50 
 
3.00 
 
2.50 
 
2.00 
 
1.50 
 
1.00 
 
0.50 
 
0.00 
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 
Qtde. (litros/semana) 
 
No gráfico é possível verificar que ao preço de R$ 3,00, o consumidor estará disposto a adquirir 
uma quantidade máxima de 4 litros de leite por semana. A curva de demanda é desenhada (como ilustra 
o gráfico) de cima para baixo, da esquerda para direita, e sua inclinação negativa indica que a 
quantidade demandada aumenta a medida que o preço cai. Esta é a Lei da Demanda e é aplicável a 
praticamente a todos os bens de uma economia. Neste sentido, a Lei Geral da Demanda enuncia que: 
 
 
 
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A quantidade demandada de um bem ou serviço varia inversamente ao seu 
preço, pressumindo-se que tudo o mais que possa afetar a demanda permaneça 
o mesmo, ou seja, sob a condição “coeteris paribus” (PASSOS & NOGAMI, 
2001, p. 50). 
 
A relação negativa da curva de demanda ocorre devido dois efeitos básicos: 
a) efeito substituição: enuncia que irá ocorrer a substituição de um determinado bem por outro 
similar devido à elevação do preço do primeiro. Assim, o bem fica mais barato relativamente aos 
concorrentes, com o que a quantidade demandada aumenta. Exemplo: Se o preço da pêra aumentar, irei 
substituí-la por maça. 
b) efeito renda: supondo-se que a renda do consumidor, em termos nominais, permaneça a 
mesma, quando o preço de um bem diminui, a renda dos consumidores, em termos reais, se eleva, 
tornando o consumidor “mais rico” e fazendo com que ele possa aumentar o consumo deste bem. Com 
a queda do preço, o poder aquisitivo do consumidor aumenta, e a quantidade demandada do bem deve 
aumentar. Isto é, ao cair o preço de um bem, mesmo com sua renda não variando, o consumidor pode 
comprar mais mercadorias. Assim, preços mais baixos induzem as pessoas que já adquiriam a 
mercadoria a demandar maiores quantidades da mesma. Esse é o efeito renda, provocado pela queda do 
preço. 
É importante notar ainda que os pontos do gráfico referem-se às quantidades demandadas a 
diferentes níveis de preços e não às alterações na curva de demanda, pois esta só sofrerá alterações se 
outros fatores se alterarem, como exposto anteriormente. 
 
 
LEI DA OFERTA 
A oferta pode ser entendida como a quantidade de um determinado bem que o produtor deseja 
vender no mercado, por unidade de tempo. Assim como descreve Sandoval de Vasconcellos (2002, p. 
66), a oferta representa (assim como a demanda) uma intensão e não a venda efetiva. As quantidades 
ofertadas referem-se aos pontos em que os vendedores estão minimizando seus custos. 
Assim como a demanda, pode ser influenciada por inúmeros fatores, como descrito a seguir: 
 
Fatores determinantes da oferta 
 
Os fatores determinantes da oferta, grosso modo, dizem respeito ao aspecto de custos de 
produção e o lucro do empresário. Assim, todosos itens que direta ou indiretamente podem 
influenciar o custo e o lucro de um determinado produto, podem também influenciar sua oferta. Dentre 
os principais fatores que podem influenciar o custo de produção e o lucro do empresário estão: 
 
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a) preço do bem: espera-se que quanto mais elevado for o preço de um bem (ou serviço), maior 
será o estímulo do produtor para aumentar sua produção (pois maiores serão seus lucros), e assim, 
elevar a quantidade oferecida desse bem no mercado. 
b) preço dos fatores de produção: a oferta de um determinado bem no mercado depende dos 
custos relativos a sua produção e conseqüentemente, do preço pago aos fatores de produção (como os 
salários – como pagamento da mão de obra e os aluguéis – como pagamento do uso da terra). Desta 
maneira, quando o preço dos fatores de produção se reduz (e conseqüentemente os custos de produção), 
a produção torna-se mais lucrativa. Esta maior lucratividade pode gerar dois efeitos: i) estimular as 
empresas existentes a produzirem mais, ou; ii) estimular a entrada de novas empresas concorrentes no 
mercado. O que é importante notar é que independentemente do efeito, ocorrerá a elevação da oferta. 
c) tecnologia: a tecnologia é um outro fator que se relaciona diretamente com os custos de 
produção e produtividade e conseqüentemente com a oferta. Assim, avanços tecnológicos que 
permitem obter um volume maior de produção a custos menores, aumentando a lucratividade das 
empresas produtoras do bem em cujo processo houve a evolução tecnológica, ocorrerá a elevação da 
oferta. 
d) preço de outros bens: a oferta também pode ser influenciada por produtos substitutos ou 
complementares da produção. No caso dos bens substitutos, são aqueles que poderiam ser produzidos 
com aproximadamente a mesma quantidade de recursos. Um exemplo disto seria a empresa de 
processamento de soja. Essa mesma empresa possui uma estrutura que poderia processar qualquer 
outro tipo de grão. Assim, um aumento no preço do milho, por exemplo, tornaria essa cultura mais 
atraente para a empresa processadora de grãos, que substituiria o processamento da soja pelo 
processamento do milho, que iria lhe trazer, possivelmente, um maior retorno. Assim, ocorreria neste 
caso uma redução da oferta de soja processada em função de um aumento no preço do milho. Já no 
caso dos bens complementares, ocorre o inverso, ou seja, o aumento no preço de um determinado bem 
estimula a quantidade ofertada do outro. É o caso, por exemplo, da carne com o couro e miúdos. Um 
aumento no preço da carne poderá provocar o estímulo de se abater mais animais (na busca de um 
maior lucro), que por decorrência ira provocar um aumento na oferta de couro e de miúdos bovinos. 
e) clima: o clima exerce também grande influência na oferta de alguns produtos, especialmente 
os agrícolas. Um exemplo clássico para este tipo de fator é o sorvete, que em temporada de clima frio 
tem sua oferta reduzida, elevando-se significativamente no período de calor. 
A seguir um quadro síntese de como estes fatores influencia a oferta. 
 
 
 
 
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Quadro - Causas do deslocamento da oferta 
Aumento da oferta Diminuição da oferta 
 
Diminuição no preço dos fatores de produção Aumento no preço dos fatores de produção 
 
Diminuição no preço dos bens substitutos na 
produção 
 
Aumento no preço de bens complementares 
na produção 
Aumento no preço dos bens substitutos na 
produção 
 
Diminuição no preço de bens complementares 
na produção 
 
Mudança tecnológica favorável Mudança tecnológica desfavorável 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Relação quantidade ofertada e preço 
 
Aqui será analisada a maneira pelas quais as alterações no preço afetam a disposição e a 
capacidade do produtor em ofertar bens e serviços para a população. Assim, a partir de uma escala de 
oferta, ou seja, da quantidade de um bem (ou serviço) que um produtor estará disposto a oferecer a 
diferentes preços possíveis, pode-se estudar a curva e a Lei da Oferta. No quadro a seguir está um 
exemplo de escala de oferta de camisas. 
Escala de oferta de camisas 
 
Preço Qtde. 
(R$/Unid.) (camisas por mês) 
Ponto 
 
100,00 400 A 
80,00 300 B 
60,00 200 C 
40,00 100 D 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Gráfico – Oferta de Camisas 
 
120,00 
 
 
100,00 
 
 
80,00 
 
 
60,00 
 
 
40,00 
 
 
20,00 
 
 
0,00 
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 
Qtde de camisas 
 
 
A partir deste gráfico elaborado com os dados de escala da oferta é possível verificar que a um 
preço de R$ 80,00 as empresas estariam dispostas a ofertar no máximo 300 camisas por mês. 
Normalmente a curva de oferta é desenhada de baixo para cima, da esquerda para a direita, e sua 
inclinação positiva indica que a quantidade ofertada aumenta quando o preço do produto se eleva. Esta 
é a Lei da Oferta, que diz: 
 
A quantidade ofertada de um bem geralmente varia diretamente com seu preço, 
pressumindo-se quer todos os outros fatores que influenciam a oferta 
permaneçam constantes, ou seja, dada a condição “coeteris paribus”. 
 
A seguir, a partir dos conceitos apreendidos sobre a Lei da oferta e da demanda é possível tecer 
comentários gerais sobre como o mercado pode chegar ao equilíbrio, ou seja, descreve-se no tópico a 
seguir o processo de ajustamento do mercado. 
 
 
 
EQUILÍBRIO DE MERCADO (O PROCESSO DE AJUSTAMENTO) 
 
Primeiramente, é preciso ressaltar que o equilíbrio que se estará tratando é aquele existente em 
um mercado competitivo, caracterizado por muitos compradores e vendedores e que de maneira 
isolada nenhum deles tem a capacidade de influenciar sozinho o preço e a quantidade de mercado. 
Como se verá mais adiante, outras estruturas de mercado (como oligopólios e monopólios) possuem 
um esquema de equilíbrio diferente. 
 
 
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Neste sentido, segundo Passos & Nogami (2001, p. 63) o equilíbrio em um mercado 
competitivo é o ponto na qual a oferta se iguala a demanda. Para isso, portanto, é necessário se unir 
às curvas de oferta e de demanda em um único gráfico. Os dados do quadro a seguir ilustram este 
processo. 
 
Escalas de oferta e demanda do mercado de camisas 
Qtde. 
Preço Demandada Qtde. Ofertada Excesso Oferta (+) Pressão sobre o preço 
 
(R$/unid.) (camisas/mês) (camisas/mês) Excesso Demanda (-) 
100.00 1000 11000 10000 descendente 
90.00 2000 10000 8000 descendente 
80.00 3000 9000 6000 descendente 
70.00 4000 8000 4000 descendente 
60.00 5000 7000 2000 descendente 
50.00 6000 6000 Equilíbrio nenhuma 
40.00 7000 5000 -2000 ascendente 
30.00 8000 4000 -4000 ascendente 
20.00 9000 3000 -6000 ascendente 
10.00 10000 2000 -8000 ascendente 
 
Gráfico – Equilíbrio no mercado de camisas 
120.00 
 
 
100.00 
 
 
80.00 
Excesso de Oferta 
 
 
60.00 
 
E - ponto de equilíbrio 
 
40.00 
 
Excesso de Demanda 
20.00 
 
 
0.00 
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 
Qtdes demandadas e ofertadas 
Oferta Demanda 
 
 
 
 
 
 
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Como se pode observar no exemplo ilustrativo do mercado de camisas, existe apenas um preço 
em que a quantidade demandada é exatamente igual a quantidade ofertada. Este é o chamado preço de 
equilíbrio. A quantidade correspondente a este preço é chamada de quantidade de equilíbrio. 
Este ponto de equilíbrio indica o preço em que os consumidores estariam dispostos a 
pagar e os ofertantes dispostos a receber sem que houvesse, contudo, excesso de oferta nem 
excesso de demanda. Em outras palavras, seria o preço em que tudo o que fosse vendidoseria 
comprado pelos consumidores (não existindo, porém relação de causalidade entre a oferta e a procura). 
O alcance deste ponto, no entanto, não é algo tão simples de ser alcançado como se parece. 
Depende de tempo e de um processo de tentativa e erro, na qual, a partir da interação entre 
compradores e ofertantes ocorreriam os ajustes até alcançar o ponto de equilíbrio. 
Para ilustrar este processo interativo, vamos supor que os produtores estabeleçam vender suas 
camisas a R$ 70,00. A este preço eles colocariam a disposição no mercado cerca de 8000 camisas, 
contudo, os compradores só estariam dispostos a comprar 4000 delas, gerando um estoque para os 
produtores de outras 4000 unidades. 
Certamente, o acúmulo de estoque, período após período, não é uma coisa interessante para os 
produtores, uma vez que precisam pagar suas despesas e não possuem receitas suficientes. Ou seja, o 
acúmulo de estoque desfalca o caixa para fazer jus às despesas e dívidas adquiridas. Esta situação de 
insolvência faz com que os produtores coloquem uma quantidade inferior de produtos no mercado a um 
menor preço. Vamos supor, portanto, que estes ofertantes decidem cobrar R$ 40,00 por suas camisas e 
colocam a disposição cerca de 5000 unidades no mercado. Porém, a este preço, a demanda se eleva 
para 7000 camisas, ou seja, na verdade faltarão 2000 unidades. Esta situação de excesso de demanda é 
caracterizada pela falta de produto de mercado, ou seja, nem todos conseguirão encontrar camisas no 
mercado. Esta situação ainda fará com que os produtores novamente reajustem seus preços e suas 
quantidades ofertadas para satisfazer o excesso de demanda. 
Assim, o processo de tentativa e erro continua até o momento em que não houver mais excesso 
de oferta, nem excesso de demanda. Mas o que se tem na realidade é que este é um processo 
constante, ou seja, não tem fim, pois, a todo instante, existem outros fatores (além do preço do bem) 
que influenciam e deslocam a curva de demanda e de oferta para cima ou para baixo, fazendo com que 
os pontos de equilíbrio que foram uma vez atingidos precisem ser reajustados. 
 
 
 
 
 
 
 
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2.3. Teoria da Firma 
 
Assim como visto anteriormente, um mercado é composto por vendedores e compradores. Até o 
momento estudou-se de maneira um pouco mais aprofundada a teoria do consumidor, onde foi 
detalhado os motivos que levam um consumidor a optar, dada uma restrição orçamentária e os preços 
vigentes no mercado, por uma determinada cesta de produtos. Estudou-se ainda a lei da oferta, que se 
refere ao lado da produção. Como foi destacado, assim quando se iniciou o estudo da Lei da Oferta, os 
vendedores buscam em sua essência a redução dos custos e, em conseqüência, o aumento da 
lucratividade. 
Nesta seção, se estudará com maiores detalhes a teoria da produção e dos custos, tópicos que 
compõem a chamada Teoria da Firma, com o intuito de entender a racionalidade que assenta a oferta de 
um determinado produto. Sinteticamente, a teoria da produção e a teoria dos custos indicam o seguinte: 
 
A teoria da produção que passaremos a analisar refere-se às relações 
tecnológicas, físicas, entre a quantidade produzida e as quantidades de insumos 
utilizados na produção, enquanto a teoria dos custos inclui os preços dos 
insumos (SANDOVAL DE VASCONCELLOS, 2002, p. 118). 
 
Como exposto em Pinho & Sandoval de Vasconcellos (1998, p. 143), a Teoria da Firma trata 
“(...) do problema da produção, dos custos de produção e dos rendimentos da firma”. A Teoria da 
Firma divide-se, neste sentido, em Teoria da Produção e Teoria dos Custos, tópicos a serem abordados 
a seguir: 
 
 
TEORIA DA PRODUÇÃO 
Assim como exposto por Pinho & Sandoval de Vasconcellos (1998, p. 144) a teoria da 
produção fornece conceitos e princípios que norteiam a análise de preços e emprego dos fatores de 
produção, constituindo-se na base para a análise dos custos e da oferta dos bens produzidos. 
Antes de se prosseguir com a teoria da produção é importante esclarecer alguns conceitos 
importantes como o que é firma e o que são fatores de produção. Segundo Pinho & Sandoval de 
Vasconcellos (1998, p. 145), firma é uma unidade técnica que produz bens, enquanto que fatores de 
produção são bens e serviços transformáveis em novos itens. Estes últimos (fatores de produção) 
podem ser classificados em primários, ou seja, aqueles que não são produzidos por outras empresas 
(como os recursos naturais, por exemplo) e os secundários, cuja existência deriva do processo 
produtivo realizado por outras empresas. 
Outro conceito importante é o de produção, definido como: 
 
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(...) o processo pelo qual uma firma transforma os fatores de produção [seja os 
primários ou secundários] em produtos ou serviços para a venda no mercado. 
Assim, a firma é uma intermediária: compra insumos (inputs, fatores de 
produção), combina-os segundo um processo de produção escolhido e vende 
produtos (outputs) no mercado (SANDOVAL DE VASCONCELLOS, 2002, 
p. 118). 
 
O esquema apresentado a seguir ilustra o conceito apresentado acima: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O processo de produção pode ser capital-intensivo, mão de obra intensivo ou terra-intensivo, 
dependendo da quantidade do fator de produção mais utilizado no processo. 
Com estes conceitos gerais em mente, inicia-se o desenvolvimento da teoria da produção a 
partir do entendimento do que é uma função de produção. Segundo Pinho & Sandoval de Vasconcellos 
(1998, p. 145) a função de produção: 
 
Identifica a forma de solucionar os problemas técnicos da produção por meio 
da apresentação das combinações de fatores que podem ser utilizados para o 
desenvolvimento do processo produtivo. Podemos conceituá-lo como sendo a 
relação que mostra qual a quantidade obtida do produto, a partir da quantidade 
utilizada dos fatores de produção. 
 
Nesta altura do campeonato, é necessário distinguir a diferença de processo de produção com o 
conceito de função de produção. Ainda segundo Pinho & Sandoval de Vasconcellos (1998, p. 146): 
 
É possível perceber pelos conceitos apresentados, que a função de produção 
indica o máximo de produto que se pode obter com as quantidades dos fatores, 
uma vez escolhido determinado processo de produção mais conveniente. A 
diferença entre os conceitos de função de produção e processo de produção é 
extremamente sutil. O processo de produção, na realidade, indica quanto de 
cada fator se faz necessário para obter certa quantidade de produto. Por seu 
turno, a função de produção indica o máximo de produto que se pode obter a 
partir de uma dada quantidade de fatores, mediante a adequada escolha do 
 
 
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processo de produção. Em outras palavras, podem existir diversas formas de 
combinar os fatores para se obter certa quantidade de produto. Cada uma 
dessas formas caracteriza um processo de produção. Por conseguinte, quando 
se fala em função de produção no sentido genérico, admite-se implicitamente 
que o processo ou a forma escolhida de combinar os fatores é a mais eficiente. 
Todas as demais formas ou processos menos eficientes já foram desprezados. 
 
Exposta a diferença, uma função de produção é descrita da seguinte maneira: 
 
q = f(N, K, T, Mp) 
 
Uma função, portanto, indica o grau de dependência (ou causalidade) entre alguns itens. No 
caso expresso acima, a função de produção indica que a quantidade de produto fabricado (q) depende 
(é uma função) da quantidade de fatores de produção como a mão de obra (N), capital físico (K), terras 
(T) e matérias primas (Mp) utilizadas no processo de produção. 
Os fatores de produção podem ainda ser fixos ou variáveis. Os fatores de produção fixos são 
aqueles que permaneceminalterados mesmo quando ocorre variação na produção, enquanto que, os 
fatores de produção variáveis se alteram juntamente com as variações nas quantidades produzidas. São 
exemplos de fatores fixos o capital fixo e as instalações da empresa, e de fatores variáveis a mão de 
obra e as matérias primas utilizadas (SANDOVAL DE VASCONCELLOS, 2002, p. 120). 
Com estes aspectos gerais sobre a função de produção em mente, pode-se definir dois outros 
conceitos importantes: o conceito de curto e longo prazo. Assim, curto prazo em microeconomia é o 
período no qual existe pelo menos um fator de produção fixo, enquanto que, no longo prazo todos os 
fatores de produção variam. Assim, tem-se, por exemplo, que o curto prazo para uma empresa 
metalúrgica é maior do que o de uma fábrica de biscoitos, dado que as alterações de um equipamento 
ou instalação de uma metalúrgica requerem mais tempo para acontecer do que em uma fábrica de 
biscoitos. A seguir, estuda-se mais detalhadamente a questão da produção no curto e no longo prazo. 
 
 
 
Função de produção no CURTO prazo 
 
Supondo uma função de produção simplificada, em que o nível de produto pode ser 
determinado apenas pela utilização de mão de obra e capital e que a mão se obra seja o fator variável e 
o capital o fator fixo, tem-se a seguinte situação: 
 
q = f(N, K) 
 
 
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Como K é fixo (ou constante no curto prazo), a função de produção desta firma pode ser 
reescrita da seguinte forma: 
 
q = f(N) 
 
Ou seja, o nível de produto varia apenas em função das mudanças na quantidade de mão de obra 
utilizada. Com estas idéias introdutórias, é possível calcular a chamada produtividade média e 
produtividade marginal do fator variável. Assim, a produtividade média do fator variável é o 
resultado do quociente da quantidade total produzida (q) pela quantidade utilizada deste fator (que no 
exemplo acima é a mão de obra N). É dada pela seguinte expressão: 
 
Produtividade média (PMe) = q / N 
 
Por produtividade marginal entende-se como a relação entre as variações no produto total e as 
variações nas quantidades utilizadas do fator variável. E dada pela seguinte expressão: 
 
Produtividade marginal (PMg) = Δq / ΔN 
 
Para ilustrar tais cálculos, segue um exemplo numérico. 
 
 
Capital M.O Produto 
K N q 
Pme PMg 
 
10 0 0 - - 
10 1 3 3,00 3 
10 2 8 4,00 5 
10 3 12 4,00 4 
10 4 15 3,75 3 
10 5 17 3,40 2 
10 6 17 2,83 0 
10 7 16 2,29 -1 
10 8 13 1,63 -3 
 
 
Observa-se que no ponto máximo de produção (q) a produtividade marginal (PMg) da mão de 
obra (N) é igual a zero. Antes deste ponto a PMg é positiva, porém, após este ponto torna-se negativa. 
Uma PMg negativa significa dizer que os acréscimos de mão de obra estão tendo um impacto negativo 
no produto, ou seja, estão diminuindo a quantidade de bens produzidos (q). 
Outro exemplo simples para explicar porque isto acontece é o seguinte: suponha uma fábrica 
com 10 máquinas e que cada máquina empregue 1 pessoa (N) e produza, quando funcionando, 20 itens 
de produto (q). Assim, se apenas 1 máquina estiver funcionando, serão produzidas 20 unidades de 
 
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produto (q), o que implicará em uma Produtividade Média da mão de obra (PMe) = 20 / 1 = 20 e uma 
produtividade marginal (PMg) igual a 20 também. Como a empresa esta operando com capacidade 
ociosa, é possível contratar mais mão de obra para trabalhar nas máquinas paradas. Assim esta empresa 
decide empregar mais um funcionário para operar com mais uma máquina. Esta empresa passará a 
produzir q = 40 e terá agora 2 funcionários. A produtividade média desta empresa será 40/2 = 20 (não 
se alterou) e a produtividade marginal será Δq / ΔN = (40-20)/(2-1) = 20. Como o mercado esta 
crescendo, a empresa decide utilizar toda sua capacidade instalada, ou seja, emprega mais 8 pessoas e 
passa a utilizar as 10 máquinas existentes. Sua produção passa a ser, portanto, 200 unidades, o que 
implica em uma produtividade média igual a 200/10 = 20 e uma produtividade marginal igual a 20 
também. Porém, o dono da empresa possui um amigo que esta em uma situação difícil, sem emprego e 
para ajudar este amigo, decide contratá-lo para fazer parte do corpo de funcionários da empresa. Porém 
a empresa já esta trabalhando com sua capacidade total, ou seja, produzindo q = 200 unidades. Porém 
agora a produtividade média será igual a 200/11 = 18,18 (a produtividade média esta se reduzindo) 
enquanto que a produtividade marginal será igual a (200-200)/(11-10) = 0. Assim, este novo 
funcionário nada contribuiu para o crescimento da produção da empresa, visto que a empresa já estava 
operando com capacidade total instalada. Para que este funcionário não prejudicasse o desempenho da 
empresa seria necessário comprar uma nova máquina para que ele pudesse contribuir na produção e 
manter as taxas de produtividade média e marginal iguais às observadas anteriormente. 
Isto ocorre em virtude da lei dos rendimentos decrescentes. Segundo Sandoval de Vasconcellos 
(2002, p. 124), a lei dos rendimentos decrescentes implica que: 
 
Ao aumentar o fator variável [que no caso do exemplo é a mão de obra – N], 
sendo dada a quantidade do fator fixo [no exemplo, é dada o número de 
máquinas e suas capacidades de produção], a PMg do fator variável cresce até 
certo ponto e, a partir daí, decresce, até tornar-se negativo. 
 
Esta lei, contudo, só é válida se um dos fatores de produção é mantido fixo, ou seja, só é válida 
em uma análise de curto prazo. A seguir, estuda-se o funcionamento da função de produção no longo 
prazo. 
 
 
Função de produção no LONGO prazo 
 
Como indicado anteriormente, na análise de longo prazo todos os fatores de produção podem 
variar, ou seja, no longo prazo não existem fatores fixos de produção. De maneira simplificada, 
 
 
 
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-N
 
 
 
supõem-se novamente dois fatores de produção (mão de obra e capital), em que a função de produção 
poderia ser expressa da seguinte forma: 
 
q = f(N, K) 
 
Assim, como existem dois fatores de produção e ambos podem variar, a função de produção 
pode ser representada por uma isoquanta. Segundo Sandoval de Vasconcellos (2002, p. 125) o 
conceito de isoquanta é semelhante ao conceito de curva de indiferença, anteriormente estudado. 
Assim: 
 
Isoquanta significa igual quantidade e pode ser definida como sendo uma linha 
na qual todos os pontos representam infinitas combinações de fatores, que 
indicam a mesma quantidade produzida. Ou seja, a isoquanta expressa os 
vários métodos ou processos alternativos de produção, que proporcionam a 
mesma quantidade produzida. 
 
Abaixo segue um exemplo numérico para ilustrar o significado de uma isoquanta. 
 
 
Capital M.O Produto 
K N q 
6 50 0 
4 80 3 
2 150 8 
160 
 
140 
 
120 
 
100 
 
80 
 
60 
 
40 
 
20 
 
0 
0 1 2 3 4 5 6 7 
Capital - K 
Isoquanta 
 
 
No tópico a seguir estuda-se a segunda teoria que compõem a teoria da firma – a teoria dos 
custos de produção. 
 
 
 
 
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TEORIA DOS CUSTOS 
 
O objetivo de toda firma é maximizar os resultados através de sua atividade produtiva, ou seja, 
procurar o máximo de produção com uma certa combinação de fatores. Contudo, ela não consegue 
adquirir tais fatores de maneira gratuita, assim, toda firma tem também que pagar para adquirir bens 
que são utilizados no processo de produção para criar outros bens. É neste sentido que o estudo dos 
custos da empresa se torna de fundamental importância. Assim, a quantidade utilizada de cada fator, 
multiplicado pelo seu preço constituirá os custos da empresa, denominado de custo total de produção 
(PINHO & SANDOVALDE VASCONCELLOS, 1998, p. 158). 
Em outras palavras, o custo total de produção é o total das despesas realizadas pela firma com a 
utilização da combinação mais econômica dos fatores por meio da qual é obtida uma determinada 
quantidade de produto. Os custos totais podem ser divididos em dois: os custos fixos e os custos 
variáveis. Os custos fixos são as despesas que não dependem da quantidade produzida, sendo 
decorrentes dos fatores fixos de produção como o aluguel, por exemplo. Já os custos variáveis são 
parcelas dos custos totais que dependem necessariamente da quantidade produzida. Representam as 
despesas que dependem dos fatores variáveis de produção. 
Assim como realizado na Teoria da Produção, a teoria dos custos também é analisada no curto e 
no longo prazo, conforme se estudará a seguir. 
 
 
 
Custos de produção no CURTO prazo 
 
No curto prazo apenas os fatores variáveis afetam o custo. O custo total no curto prazo é 
descrito da seguinte forma: 
 
 
CT = CV + CF 
 
Na qual: CT = custo total; CV = custo variável (preço X quantidade do fator variável utilizado 
no processo de produção) – o custo variável é o mesmo que a soma dos custos marginais (CMg); CF = 
custo fixo (preço X quantidade do fator fixo utilizado no processo de produção). Com isto, tem-se: 
 
CT = pv . Qv + pf . Qf 
 
Assim, o custo total de produção no curto prazo depende diretamente do nível de produção 
estabelecido pela firma, pois é a partir das mudanças do nível de produção que ocorrerão as mudanças 
 
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nos fatores variáveis utilizados no processo. A figura abaixo ilustra a relação existente entre o custo 
total com o custo variável e com o custo fixo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Além dos custos totais, fixos e variáveis, a microeconomia se interessa por outras análises. 
Neste sentido, faz-se importante analisar também os custos médios e os custos marginais a partir das 
fórmulas descritas a seguir: 
 
CTmédio (ou custo unitário) = CT / q 
 
CVmédio = CV / q 
 
CFmédio = CF / q 
 
Assim como exposto por Pinho & Sandoval de Vasconcellos (1998, p. 161): 
 
(...) o custo variável total é uma despesa de produção diretamente relacionada 
com o andamento desta última [a produção]. Portanto, a medida que a 
produção cresce, o custo variável total aumenta. O custo variável médio, por 
sua vez, é inicialmente decrescente, após atingir um mínimo, torna-se 
crescente. 
Por seu turno, o custo fixo total é constante para cada intervalo de produção. 
Em decorrência desse fato o custo fixo médio é decrescente à medida que a 
produção aumenta. 
 
Existe ainda a análise dos custos marginais que se refere à variação do custo em resposta a uma 
variação na quantidade produzida. As formas de cálculo são apresentadas a seguir: 
 
CTmarginal = ΔCT / Δq 
 
 
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Q
td
e
fa
to
rx
2
 
 
 
CVmarginal = ΔCV / Δq 
 
Como o custo fixo não se altera no curto prazo, não existe a necessidade de se calcular e 
analisar o custo fixo marginal. 
 
 
 
Custos de produção no LONGO prazo 
 
No longo prazo, todos os insumos são variáveis, não existindo, portanto, custos fixos de 
produção. Em outras palavras, todos os custos são variáveis. 
Neste sentido, como todos os fatores de produção podem se alterar, torna-se relevante o 
conceito de isocusto. Isocusto, segundo Pinho & Sandoval de Vasconcellos (1998, p. 167), é uma linha 
onde todos os pontos indicam combinações de quantidades utilizadas dos fatores adquiridos pela firma 
que representam sempre o mesmo custo total. O exemplo numérico a seguir ilustra este novo conceito. 
 
 
Preço fator Qtde fator CT Preço fator Qtde fator CT CT 
x1 x1 x1 x2 x2 x2 CTx1 + CTx2 
6,0 20,0 120,0 4,0 0,0 0,0 120,0 
6,0 18,0 108,0 4,0 3,0 12,0 120,0 
6,0 14,0 84,0 4,0 9,0 36,0 120,0 
6,0 10,0 60,0 4,0 15,0 60,0 120,0 
6,0 6,6 39,6 4,0 20,1 80,4 120,0 
6,0 3,2 19,2 4,0 25,2 100,8 120,0 
6,0 0,0 0,0 4,0 30,0 120,0 120,0 
 
35,0 
 
30,0 
 
25,0 
 
20,0 
 
15,0 
 
10,0 
 
5,0 
 
0,0 
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 
Qtde fator x1 
Isocusto = R$ 120,00 
 
 
 
 
 
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2.4. Elasticidade 
 
Como visto na teoria da oferta e da demanda estudado anteriormente, a quantidade consumida 
e/ou ofertada de um bem ou serviço é influenciado por diversos fatores, dentre eles o próprio preço dos 
bens e serviços. Assim, diz-se que a demanda e/ou a oferta são sensíveis às mudanças de preços (e de 
outros fatores, como a renda, por exemplo). 
Verificou-se até o momento a direção da relação entre os diversos fatores e a quantidade 
consumida e ofertada, ou seja, no estudo realizado até aqui sabe-se que a elevação do preço de um 
produto reduz sua demanda, porém eleva sua oferta. Contudo, não se conhece a magnitude numérica 
desta relação, ou seja, se o preço do produto aumentar 10% em quanto a demanda e a oferta irão se 
alterar? O conceito de elasticidade permite justamente responder esta pergunta, ou seja, a elasticidade 
fornece um indicador numérico da relação entre diversos fatores com a quantidade demandada e 
ofertada. 
Neste sentido, o conceito de elasticidade permite verificar qual a oferta/demanda de produtos e 
serviços que são mais sensíveis às alterações de preços (ou outros fatores) do que outros. É a partir do 
conceito de elasticidade que se pode medir esse grau de sensibilidade de um produto em relação à 
alteração de preço ou da renda (ou de outros fatores que sejam mensuráveis). Desta maneira, a 
elasticidade pode ser entendida como um número que indica se um bem ou serviço é sensível ou 
não às alterações de um determinado fator como o preço ou a renda. 
Conforme aponta Sandoval de Vasconcellos (2002, p. 78), o conceito de elasticidade é aplicável 
em diversas áreas da Economia e não somente na Microeconomia. 
 
 
 
FORMA DE CÁLCULO E CLASSIFICAÇÃO DA ELASTICIDADE 
 
A fórmula básica para medir o grau de sensibilidade de um produto em relação às alterações de 
um fator qualquer (como o preço, a renda ou qualquer outro que seja mensurável) e dada pela seguinte 
expressão: 
 
 
Variação Percentual da Qtde. demandada/ofertada 
E = 
Variação Percentual do fator determinante em questão 
 
Ou mais detalhadamente: 
 
 
 
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E = 
Qtde. demandada/ofertada final – Qtde demandada/ofertada inicial 
Qtde demandada/ofertada inicial 
Valor final do determinante – Valor inicial do determinante 
 
Valor inicial do determinante 
 
Os dados abaixo permitem exemplificar este procedimento de cálculo. Suponha a seguinte 
escala de demanda, dada pela relação entre quantidade demanda e o preço do produto, conforme 
demonstrado pela tabela abaixo: 
 
Tabela – Exemplo (Escala de Demanda de Trigo) 
 
Preço do Trigo 
Quantidade
 
Demandada
 
de
 
Trigo (ton) 
50.00 89 
55.00 75 
 
75 – 89 
 
E = 
 
 
 
 
 
 
E = 
 
 
 
 
 
 
E = 
89 
55 – 50 
50 
 
-14 
89 
5 
50 
 
 
-0,1573 
 
0,1000 
 
 
E = -1,5730 
 
Neste exemplo, as variáveis relacionadas são preço e quantidade demandada. O coeficiente 
calculado acima, por relacionar estas duas variáveis chama-se de coeficiente de elasticidade de 
elasticidade-preço da demanda. Caso as variáveis relacionadas fossem a renda e quantidade 
demanda, teríamos um coeficiente denominado de elasticidade-renda da demanda. 
 
 
 
 
 
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O que se pode notar a partir do exemplo acima é que o preço do produto teve um crescimento 
de 10% (de R$ 50,00 para R$ 55,00), enquanto que a quantidade demanda se reduziu em 15,73% (de 
89 para 75 toneladas) gerando um coeficiente de elasticidade-preço da demandaigual a -1,5730. 
O sinal negativo indica uma relação negativa das variáveis em questão. No exemplo, o sinal 
negativo confirma a idéia por trás da teoria da demanda, ou seja, quando eleva-se o preço, reduz a 
quantidade demanda de um determinado produto. Caso o sinal do coeficiente fosse positivo, indicaria 
uma relação positiva, ou seja, um aumento no preço, elevaria também a quantidade. 
A partir do valor em módulo (ou seja, dos valores positivos) destes coeficientes, pode-se 
classificar um bem ou serviço em 3 tipos básicos de elasticidade: 
1) ELÁSTICA (quando |E > 1|): significa que uma mudança (em termos percentuais) no preço 
(ou na renda ou em qualquer outro fator) provoca uma mudança (em termos percentuais) da quantidade 
(demandada ou ofertada) maior que a mudança do preço. Significa dizer que um produto ou serviço é 
muito sensível às alterações que ocorrem em um determinado fator determinante. 
2) INELÁSTICA (quando |E < 1|): significa que uma mudança (em termos percentuais) no 
preço (ou na renda ou em qualquer outro fator) provoca uma mudança (em termos percentuais) da 
quantidade (demandada ou ofertada) menor que a mudança do preço. É o mesmo que dizer que a 
quantidade (demanda/ofertada) de um determinado produto é pouco sensível às alterações que ocorrem 
em um determinado fator determinante. 
3) ELASTICIDADE UNITÁRIA (quando |E = 1|): significa que uma mudança (em termos 
percentuais) no preço (ou na renda ou em qualquer outro fator) provoca uma mudança (em termos 
percentuais) da quantidade (demandada ou ofertada) igual que a mudança do preço. É o mesmo que 
dizer que um produto não é sensível, ou não é influenciado pelas alterações neste fator determinante 
em questão. 
No exemplo realizado anteriormente o coeficiente de elasticidade-preço da demanda foi igual a 
-1,5730, que em módulo seria igual a 1,5730, ou seja, superior a 1, indicando que a demanda de trigo é 
elástica ao preço do produto. Em outras palavras, a quantidade consumida de trigo é muito sensível às 
mudanças que ocorrem no preço do produto. 
Exemplo ilustrativo: suponha que o preço de um determinado produto sofra uma redução de R$ 
8,00 para R$ 6,00 e que a quantidade demandada passe de um valor de 25 para 30 unidades. Qual o 
valor do coeficiente de elasticidade? 
Aplicando a fórmula básica de cálculo, teria-se a seguinte situação: 
 
 
 
 
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E = 
 
 
 
 
 
 
E = 
 
 
 
 
 
 
E = 
30 – 25 
25 
6 – 8 
8 
 
5 
25 
-2 
8 
 
 
0,2000 
 
- 0,2500 
 
 
E = -0,8000 
 
 
Neste exemplo, percebe-se que a quantidade demandada sofreu uma variação de 20% (de 25 
para 30 unidades) enquanto que a variação no preço foi de -25% (de R$ 8,00 para R$ 6,00), permitindo 
criar um coeficiente igual a -0,80, que em módulo é igual a 0,80. Como este valor é menor que 1, 
indica-se que a demanda deste produto é inelásticas (ou pouco sensível) as mudanças no preço do 
produto. Isto fica claro com a simples visualização da variação na quantidade demandada e no preço do 
produto. A variação na quantidade demandada foi de 20% enquanto que a variação no preço foi de 
25%, ou seja, ΔQ< ΔP. 
A mesma lógica de análise pode ser feita quanto se relacionada quantidade ofertada e preço, 
quantidade demanda e renda e quantidade ofertada e renda, dentre outras inúmeras possibilidades. 
 
 
 
FATORES QUE INFLUENCIAM A ELASTICIDADE DE UM DETERMINADO BEM OU 
SERVIÇO 
 
Os fatores que podem influenciar a elasticidades dos produtos, segundo Passos & Nogami 
(2001, pp. 126-127) são: 
a) grau de essencialidade dos produtos: quanto mais essencial for o produto ou o serviço, 
mais inelástico ele será, ou seja, por ser muito essencial, um grande aumento no preço, dificilmente irá 
 
 
 
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reduzir na mesma magnitude a quantidade demandada deste produto. São os casos, por exemplo, de 
itens de consumo cotidiano, como o arroz e o sal, ou ainda como remédios. 
b) possibilidade de substituição: quanto mais produtos substitutos uma mercadoria tiver, mais 
elástica ela se torna às variações nos preços, ou seja, grandes aumentos nos preços provocam grandes 
reduções nas quantidades demandadas destes produtos. Um exemplo pode ser encontrado na 
concorrência entre Coca-Cola e Guaraná. 
c) importância relativa do bem no orçamento do consumidor: quanto menor for o peso de 
um bem no orçamento do consumidor, mais inelástico este produto será. Por exemplo, o fósforo, por 
ser um item que tem pequeno peso no orçamento familiar tem uma demanda mais inelástica (ou seja, 
menos sensível às alterações de preço) do que a carne, que tem um grande peso no orçamento familiar. 
d) o tempo: com o passar do tempo, novos produtos e novos hábitos de consumo surgem, 
fazendo com que a demanda dos produtos se tornem mais elástica, ou seja, mais sensíveis e suscetíveis 
às alterações de preço. 
 
 
2.5. Estruturas de mercado 
 
 
Neste tópico pretende-se estudar a forma pela quais são determinados os preços dos produtos e 
as quantidades oferecidas nas diversas estruturas de mercado. Porém tais mercados são estruturados de 
maneiras diferenciadas. Conforme apontam Passos & Nogami (2001, p. 228), dois fatores básicos 
diferenciam estas estruturas de mercado, a saber: i) o número de firmas produtoras atuando, e; ii) a 
homogeneidade/diferenciação existente entre os produtos. 
A partir destes dois itens, a estrutura dos mercados pode ser classificada em: a) concorrência 
perfeita; b) monopólio; c) concorrência monopolista, e d) oligopólio. A figura abaixo indica a 
localização de cada estrutura de mercado segundo o critério do número de empresas que compõem o 
mercado e o grau de homogeneidade (igualdade) dos produtos de cada mercado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A seguir apresentam-se mais detalhadamente as características gerais de cada uma das 
estruturas indicadas anteriormente e como funciona o processo de determinação de preço e quantidade 
produzida em cada uma delas. 
 
 
 
CONCORRÊNCIA PERFEITA 
 
Como apontam Passos & Nogami (2001, p 229), a concorrência perfeita é uma estrutura que 
visa mostrar qual deveria ser o funcionamento ideal de uma economia, servindo de base comparativa 
para outras estruturas. Apesar de ser uma construção teórica, existem algumas situações que se 
aproximam a ela, como é o caso do mercado dos produtos agrícolas, ou de uma feira livre. 
A concorrência perfeita é a situação de mercado caracterizada pela existência de um grande 
número de compradores e vendedores, e que são tão pequenos que nenhum deles, de maneira 
isolada, é capaz de influenciar o preço de mercado, ou seja, tantos os produtores como os consumidores 
são tomadores de preço. 
Neste tipo de mercado, os produtos são homogêneos, ou seja, não existem diferenças entre 
eles, sendo assim, perfeitos substitutos entre si. A partir disso, tem-se que os compradores são 
indiferentes quanto a que empresa irá recorrer para efetuar a compra do produto. 
Uma terceira hipótese básica deste tipo de estrutura de mercado é a inexistência de barreiras 
legais e econômicas tanto para a entrada como para a saída das empresas do mercado. Esta 
hipótese torna-se importante, pois é a partir dela que se garante que não haverá um pequeno número de 
empresas controlando o mercado e se destacando das demais empresas. É bem sabido, contudo, que 
esta é uma hipótese extremamente forte, pois existem diversas barreiras para as empresas entrarem 
como até mesmo para saírem de um determinado mercado, como os aspectos burocráticos, necessidade 
de grandes investimentos, capital imobilizado de pequena liquidez, dentre outros. 
Existe ainda neste tipo de mercado umagrande transparência, no sentido de que tanto os 
compradores como os vendedores têm informações perfeitas sobre o funcionamento do mercado. 
Ou seja, existe pleno conhecimento dos custos e lucros das empresas concorrentes, dos preços 
praticados no mercado, enfim, plena existência de informações. 
Apesar de serem hipóteses extremamente rígidas e irrealistas, são elas que garantem o pleno 
funcionamento do mercado. Apesar deste tipo de estrutura de mercado dificilmente ocorrer na 
realidade, ele é de grande importância, pois serve de comparativo-base para as demais estruturas no 
estudo do relaxamento das hipóteses apresentadas. 
 
 
 
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MONOPÓLIO 
 
O monopólio é uma estrutura totalmente diferente da concorrência perfeita. Na verdade é seu 
extremo oposto. É uma situação de mercado em que existe um só produtor de um bem (ou serviço) 
que não tenha substituto próximo, ou seja, o produto não é homogêneo. Em outras palavras, o grau 
de diferenciação do produto é pleno. Com isto, a empresa monopolista exerce grande influência na 
determinação do preço a ser cobrado pelo seu produto e das respectivas quantidades que estará 
oferecendo ao mercado. 
As principais características desta estrutura de mercado são: a) um determinado produto é 
suprido por uma única empresa; b) não existem substitutos próximos para este produto, e; c) existem 
obstáculos à entrada de novas firmas no segmento. 
Contudo, para que o monopólio exista é necessário manter as concorrentes em potencial 
afastadas do mercado através de barreiras que impeçam ou desestimulem o surgimento de novas 
competidoras. Estes obstáculos podem ser oriundos do: a) monopólio natural; b) controle sobre o 
fornecimento de matérias primas; c) proteção de patentes; d) processo burocrático do sistema, ou ainda; 
e) monopólios legais (como é o caso da Petrobrás – que tem direito exclusivo do governo para operar 
no país). 
 
 
 
CONCORRÊNCIA MONOPOLISTA 
 
A concorrência monopolista é uma estrutura de mercado que contém elementos da 
concorrência perfeita e do monopólio, ficando em uma posição intermediária entre as duas. Assim 
como na concorrência perfeita, existe na concorrência monopolista um grande número de empresas 
respondendo por apenas uma pequena fração da produção total e tendo a possibilidade de ingressar ou 
abandonar o mercado com relativa facilidade. 
O que irá diferenciar a concorrência monopolista é o afrouxamento da hipótese de 
produtos homogêneos, ou seja, na concorrência monopolista, as firmas produzem produtos 
diferenciados, porém substitutos próximos. Na realidade, cada produtor procura diferenciar seu 
produto a fim de torná-lo único no mercado. 
A diferenciação do produto pode ser classificada em diferenciação real ou diferenciação 
ilegítima. A primeira representa as diferenças reais nas características dos produtos enquanto a segunda 
são diferenças superficiais, como marcas, design, embalagens, ou seja, a composição do produto fica 
praticamente intacta. 
 
 
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E essa diferenciação no produto que dá ao produtor o poder de monopólio, uma vez que 
somente ele produz aquele tipo de bem, existindo assim, alguma liberdade para que os produtores 
possam fixar seus preços. Exemplos deste tipo de estrutura de mercado podem ser encontrados no 
setor de serviço como academias de ginástica, salões de beleza, padarias, etc. 
 
 
OLIGOPÓLIO 
 
É o tipo de estrutura que prevalece nos dias atuais (principalmente no mundo ocidental). Esta 
estrutura é caracterizada pela existência de poucas empresas controlando a oferta de um 
determinado bem (ou serviço). 
O oligopólio pode ser classificado como puro (ou perfeito) ou diferenciado. O oligopólio puro 
é aquele em que o grupo (de poucas) empresas oferece exatamente o mesmo produto homogêneo. Este 
é o caso encontrado, por exemplo, na indústria de cimentos, alumínio e outros minerais. No caso dos 
produtos não serem homogêneos, o oligopólio é classificado como diferenciado, como é o caso da 
indústria de automóvel e cigarros. 
 
 
 
MONOPSÔNIO E OLIGOPSÔNIO 
 
O monopsônio é uma situação caracterizada pela existência de muitos vendedores e um único 
comprador. É uma situação que pode prevalecer especialmente no mercado de trabalho. É o caso, por 
exemplo, da empresa que se instala em uma determinada cidade do interior e, por ser única, torna-se a 
demandante exclusiva de mão de obra. 
O oligopsônio, por sua vez, é uma forma de mercado onde existem poucos compradores, que 
dominam o mercado, para muitos vendedores. 
 
 
 
SITUAÇÕES OLIGOPOLISTAS (CARTEL E MODELO DE LIDERANÇA DE PREÇO) 
 
O cartel é uma organização formal de produtores dentro de um setor. Essa organização formal 
determina as políticas para todas as empresas do cartel, objetivando aumentar os lucros totais do 
mesmo. Por ser uma prática ilegal (pelo menos no Brasil), o cartel ocorre sem que haja qualquer 
documento explicitando o comportamento. Um exemplo do dia a dia é a pratica de preço dos postos de 
gasolina. Mesmo que estes jurem de pés juntos que não existe organização entre os postos, os preços 
são praticamente os mesmos. Este tipo de comportamento é prejudicial aos consumidores, pois impede 
a concorrência via preço. 
 
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próximo 
difícil
 
 
 
O modelo de liderança de preço é uma forma de conluio imperfeito em que as empresas do 
setor decidem, sem acordo formal, estabelecem o mesmo preço, aceitando a liderança de preço de uma 
empresa da indústria. A firma líder – a empresa que fixa o preço - pode tanto ser a firma de custo 
mais baixo, como também a maior firma do mercado. Todas as firmas que conseguem seguir os 
preços adotados pela líder maximizam o lucro reconhecendo a interdependência que têm entre si 
Este modelo pressupõe que a liderança decorre do fato de uma das firmas rivais possuírem 
estrutura de custos mais baixos que as demais. Por esta razão consegue se impor como líder do grupo. 
De início, os preços podem ser diferenciados. O mercado, entretanto, preferirá o produto que esteja 
sendo oferecido a preços mais baixos. Desta forma, resta à firmas que oferecem o produto a preços 
mais elevados duas possibilidades: ou mantêm o preço, perdendo aos poucos mercado e e como 
conseqüência são obrigadas a abandoná-lo, ou aceitam o preço praticado pela rival de menores custos, 
e continuam no mercado, sem maximizar os lucros. 
Assim é que a firma líder de preços fica, através de um acordo tácito (ou seja, um acordo 
não formal), responsável pela determinação do nível de venda do produto. As firmas menos 
favorecidas em termos de preço tornam-se seguidoras dos preços fixados pela empresa líder. 
O Quadro a seguir sintetiza as principais características das quatro principais estruturas de 
mercado estudadas neste tópico e a influência de tal estrutura sobre os preços praticados. 
 
 
Quadro– Resumo das estruturas de mercado 
 
Estrutura Nº de Empresas Diferenciação do produto 
Condição de 
entrada e 
saída 
Influência sobre 
o preço 
 
Concorrência 
perfeita 
muitas
 
produto
 
homogêneo
 
fácil
 
nenhuma
 
 
Monopólio uma produto único sem substituto forte 
 
Concorrência 
monopolística 
muitas
 
produto
 
diferenciado
 
fácil
 
leve
 
Oligopólio poucas homogêneo ou diferenciado difícil considerável 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3. PRINCÍPIOS DE MACROECONOMIA 
 
O objetivo geral desta seção é descrever o foco de estudo da macroeconomia e indicar as 
principais ferramentas que um governo tem para intervir na economia de modo a atingir determinados 
objetivos macroeconômicos. 
 
 
3.1. Conceitos gerais

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