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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Pós-graduação em Direito Público 
	
Resenha do Caso Adiana, Inc., e o desenvolvimento de um dispositivo de esterilização feminina
 
Helenice Costa Cornelio
Aluna
Trabalho da disciplina Constitucionalização do Direito.
Tutora: Profª. Mariana de Freitas Rasga
Resende – RJ
2018
Referência: EATON, Margaret. Adiana, Inc., and the Development of a Female Sterilization Device. Leland Stanford Junior University. Março/2014.
Adiana, Inc., e o desenvolvimento de um dispositivo de esterilização feminina
O caso em comento trata-se do desenvolvimento de um novo dispositivo de esterilização feminina de uma empresa fundada por Peter Breining e Doug Harrington, em 1997, chamada Adiana Inc. de dispositivos médicos. Os dois fundadores viram uma oportunidade de capturar o mercado de esterilização feminina com um novo dispositivo de cateter descartável que era colocado na vagina e entrava pela cérvice até o útero por um histeroscópio e guiado pelo médico até uma das duas trompas de falópio com a finalidade de interromper o contato entre o gameta feminino e o gameta masculino.
O novo dispositivo de cateter da Adiana, oferecia diversas vantagens aos métodos convencionais, tal quais o procedimento que durava em torno de cinco minutos e não era necessária anestesia.
Após analisar o procedimento e valores do cateter de esterilização da Adiana, e contar um pouco da história do fundador da empresa, o autor faz uma referência histórica sobre a evolução da contracepção feminina por esterilização cirúrgica entre os anos de 1960 e 1999, destacando o procedimento esterilizante permanente, a ligadura de trompas cirúrgica.
O autor ainda apresenta os efeitos adversos da ligadura de trompa cirúrgica, a sua efetividade e logo após apresenta alternativas à esterilização feminina.
 	Ocorre que, durante o desenvolvimento desse procedimento, os fundadores e médicos envolvidos no projeto tiveram que se deparar com várias dificuldades, dentre elas: alto custo do procedimento em relação à outros métodos contraceptivos, cobertura médica da assistência norte-americana; os experimentos humanos da Adiana; o processo regulatório da agência estatal responsável pelo aval da comercialização do dispositivo, além da abordagem acerca das questões éticas e legais relacionadas à eficácia dos experimentos.
Goeld chega a uma conclusão, se hipoteticamente acontecesse a gravidez após o procedimento, a empresa pagaria pelo aborto, caso desejasse a mulher, e/ou pagaria pelo custo de um procedimento cirúrgico de ligadura de trompa tradicional, caso também a mulher desejasse, mas declinou da responsabilidade moral e financeira, caso a mulher escolhesse seguir com a gestação, não havia qualquer prestação financeira referentes à cuidados pré-natal e pós-natal. Caso o bebê nascesse com problemas congênitos, os Advogados seriam convocados para elaborar a tese de defesa, pois não acredita que o procedimento possa ser responsável por qualquer deformidade do tipo.
Mas ao se falar em experiências científicas em seres humanos, a pergunta que se faz é a seguinte: a pessoa humana pode ser objeto de experimentações científicas?
O princípio da autonomia responde essa pergunta, pois revela a capacidade que a pessoa humana possui em decidir buscar o que julga melhor para si. A relação entre a empresa e o testado, se baseia na própria autonomia e no consentimento deste para a realização dos procedimentos, devendo a empresa fornecer ao testado toda e qualquer informação necessária, principalmente os riscos do procedimento, possibilitando que este tenha a capacidade de tomar uma decisão. 
O presente caso gera questões difíceis de serem analisadas, em que somente a utilização dos métodos da hermenêutica clássica não é capaz de solucionar. Nada obstante, junto a essa questão estão atreladas tantas outras questões complexas que merecem nossa atenção e análise, principalmente no que se refere à responsabilização da empresa norte-americana na condução de estudos clínicos de pré-comercialização em mulheres mexicanas, em como deve ser conduzido o processo de recrutamento e consentimento para os estudos de eficácia do novo dispositivo, bem como quais são as responsabilidades da Adiana em relação às mulheres  que ficarem grávidas durante os estudos iminentes de eficácia.
Ademais, a responsabilidade jurídica da empresa vai além do simples custeio de cirurgia abortiva ou da cirurgia de ligadura, caso contrário, faz-se necessária a adoção das medidas processuais cabíveis visando a indenização por perdas e danos, salvo quando a mulher optar por continuar a gestação.

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