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Microbiologia e Imunologia

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UNIVERSIDADE DA REGIÃO
 DA CAMPANHA
Microbiologia
	
e
 Imunologia
Prof. Laercio Rodrigues dos Santos
2015
Microbiologia e Imunologia
I Microbiologia
I.I BACTERIOLOGIA GERAL
1. Introdução ao estudo da Microbiologia
2. Morfologia e citologia bacteriana
3. Nutrição e metabolismo bacterianos (Cultivo bacteriano)
4. Genética bacteriana
5. Taxonomia bacteriana
6. Métodos de esterilização e desinfecção (Controle de microrganismos)
7. Antimicrobianos	
I.II VIROLOGIA
1. Introdução ao estudo dos vírus
2. Estruturas dos virus
2. Principais doenças virais 
I.III MICOLOGIA GERAL
1. Estudo dos fungos
2. Micoses superficiais 
3. Micoses cutâneas
4. Micoses subcutâneas
5. Micoses sistêmicas 
6. Micoses Oportunistas 
II. IMUNOLOGIA
1. Introdução ao estudo da imunologia
2. Sistema imune
3. Antígenos
4. Imunoglobulinas
5. Sistema complemento
6. Complexo de histocompatibilidade principal
7. Imunofisiologia: interações e funções celulares
8. Hipersensibilidade
9. Imunologia dos transplantes
10. Tolerância Imunológica
11. Doenças auto-imunes
12. Imunoprofilaxia e Imunoterapia
I.I BACTERIOLOGIA GERAL
1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA MICROBIOLOGIA
 A palavra microbiologia deriva de três palavras gregas - mikros “pequeno”; bios “vida”; logos “ciência”.
A microbiologia é o ramo da biologia dedicado ao estudo dos microrganismos e dos vírus em seus aspectos estruturais, genéticos, fisiológicos e ambientais, suas atividades, relações entre si, com plantas, animais e o homem, incluindo sua utilidade na pesquisa científica, na saúde e na indústria. 
Os microrganismos (bactérias, vírus, fungos, protozoários, etc.) são uma forma de vida que não pode ser visualizada sem auxílio de um microscópio. Estão em todos os lugares e viabilizam a nossa vida. Os microrganismos vivem em íntimo contato com seres vegetais e animais e grande parte deles é importante, ou mesmo essencial, para o correto funcionamento dos organismos multicelulares. 
A Microbiologia nasceu por causa do impacto das doenças infecciosas sobre a vida das pessoas e muitas vezes de grandes populações. O homem primitivo não entendia as doenças e não tinha noção alguma sobre a transmissibilidade das doenças infecciosas.
Conhecimentos básicos de microbiologia são importantes para a vida das pessoas, pois regem hábitos fundamentais de higiene, esterilização, manipulação e conservação dos alimentos, ecologia, entre outros aspectos. São também instrumentos para pesquisa científica visando entendimento dos mecanismos moleculares da vida celular, fornecendo instrumentos biotecnológicos estratégicos, para o tratamento de diversas doenças microbianas ou não. Por exemplo, as bactérias, há algum tempo, são manipuladas geneticamente para sintetizar insulina e outros hormônios de humanos, usados no tratamento da diabetes e outros distúrbios endócrinos, respectivamente.
2. MORFOLOGIA E CITOLOGIA BACTERIANA
2.1 Forma e arranjo
	De acordo com a sua morfologia, as bactérias são classificadas em três grupos básicos: cocos (formas esféricas), bacilos (bastonetes retos ou encurvados) e espiroquetas (espiral).
	Os cocos são redondos, mas podem ser ovais, alongados ou achatados em uma das extremidades. As bactérias, em forma de cocos, ao se dividirem podem permanecer unidas umas às outras formando pares (diplococos), cadeias (estreptococos) e cachos (estafilococos).
	Os bacilos se dividem no plano sobre seu eixo menor de tal forma que são poucos arranjos ou agrupamentos: diplobacilos (pares) e cadeias (estreptobacilos).
	O termo bacilo significa determinada forma, e o termo Bacillus significa o gênero que esta forma tem.
	As bactérias espiraladas podem ter um ou mais espirais. Quando têm o corpo rígido e são como vírgulas, são chamadas de vibriões, espirilos quando têm a forma de saca-rolhas e espiroquetas as de corpo flexível.
	A forma das bactérias é uma característica genética e geralmente as bactérias são monomórficas, ou seja, mantêm uma única forma. Entretanto, algumas condições ambientais e de cultivo podem fazer com que os organismos apresentem formas ou arranjos diferentes.
2.2 Ordem de grandeza
	O tamanho das bactérias é da ordem de milésimos de milímetro (mícron, pl. micra; abreviadamente: μ).
A maioria das bactérias é do tamanho de 0.5 μ, sendo que algumas como estafilococos medem de 0,5 a 1 μ, o bacilo tífico, 0,5 μ de diâmetro por 2 a 3 μ de comprimento, e outras como a Campylobacter chegam a 0.3 μ ou menores ainda.
2.3 Reações tintoriais
		As bactérias têm afinidade para um grande número de corantes, em particular os derivados básicos da anilina (azul de metileno, violeta de genciana, fucsina básica, etc.).
Uma vez que os microrganismos são transparentes, é freqüente o uso de corantes para facilitar a visualização da forma e do tipo de arranjo. Os métodos de coloração mais empregados em bacteriologia são os de Gram e de Ziehl-Neelsen.
O método de Gram se baseia no fato de que, quando certas bactérias são coradas pela violeta de genciana e depois tratadas pelo iodo (solução de lugol), forma-se um composto de coloração escura entre o iodo e a violeta genciana, o qual é fortemente retido pelas bactérias e não pode ser removido pelo tratamento subseqüente com álcool. Bactérias Gram-positivas tomam o Gram. As bactérias que não tomam o Gram são descoradas facilmente pelo álcool e são chamadas de Gram-negativas. Para estas últimas faz-se uma coloração de fundo usando a fucsina a qual dará a elas uma tonalidade vermelha. 
O método de Ziehl-Neelsen é amparado no fato de que certas bactérias, como os bacilos da tuberculose e da lepra, quando tratadas pela fucsina fenicada a quente, resistem ao descoramento subseqüente por uma solução de ácido forte e, assim sendo, permanecem coradas em vermelho; outras não resistem ao descoramento e tomam a coloração de fundo que é feita utilizando o azul de metileno. Os bacilos que resistem à descoloração pela solução de ácido forte são chamados de bacilos álcool - ácido resistentes (BAAR). Assim, ao serem observadas após coloração, mediante fucsina fenicada, e contraste, com azul de metileno, encontraremos as bactérias:
Álcool - ácido resistentes: coradas de vermelho. 
Não álcool - ácido resistentes: coradas de azul. 
2.4 Estruturas bacterianas e suas funções
	A célula bacteriana apresenta várias estruturas. Algumas delas estão presentes apenas em determinadas espécies, enquanto outras, classificadas como essenciais, são encontradas em todas as bactérias.
	Estruturas de uma célula bacteriana típica.
2.4.1 Membrana citoplasmática
	
É uma estrutura de aproximadamente 8 nm de espessura. Forma uma barreira responsável pela separação do meio interno (citoplasma) e externo da célula.
Estrutura química
	Como a maioria das membranas biológicas, a membrana das bactérias é composta de proteínas (60%) imersas em uma bicamada fosfolipídica (40%). As proporções dos componentes são variáveis, dependendo da espécie bacteriana e das condições de cultivo.
 Os ácidos Graxos dos lipídios são responsáveis pela condição hidrofóbica da porção interna da membrana enquanto a parte hidrofílica dos mesmos fica exposta ao meio externo aquoso.
Funções
►Transporte de solutos: atua como barreira altamente seletiva, impedindo a passagem livre de moléculas e íons, possibilitando assim a concentração de metabólitos específicos dentro da célula. Além disso, a excreção de substâncias inúteis à célula também é feita através da membrana. 
►Produção de energia por transporte de elétrons e fosforilação oxidativa: 
►Biossíntese: as enzimas de síntese dos lipídios da membrana e de várias classes de macromoléculas componentes de outras estruturas externas à membrana (petidioglicano, ácidos teicóicos, lipopolissacarídeios e polissacarídeos extracelulares) estão ligadas à membrana citoplasmática.Uma vez sintetizadas, estas macromoléculas são permeadas para o lado externo pelos canais chamados junções de Bayer.
►Duplicação do DNA: algumas proteínas do complexo de duplicação de DNA estão localizadas na membrana plasmática.
►Secreção: a membrana está envolvida na secreção de enzimas hidrolíticas que têm como função romper as macromoléculas do meio fornecendo subunidades que servirão como nutrientes. Outras macromoléculas, como toxinas, bacteriocinas e penicilinases, podem ser secretadas através da membrana plasmática.
2.4.2 Mesossomo
A membrana citoplasmática pode apresentar invaginações múltiplas que formam estruturas especializadas denominadas mesossomos. Existem dois tipos: 
a) septal: desempenha importante papel na divisão celular, pois, após a duplicação do DNA, ao qual se encontra ligado, atua como o fuso no processo de divisão da célula eucariótica, separando os dois cromossomos e conduzindo-os para os pólos da célula. Além disso, participa também da formação das paredes transversais.
b) lateral: encontrado em determinadas bactérias, parece ter como função concentrar enzimas envolvidas no transporte eletrônico, conferindo à célula maior atividade respiratória ou fotossintética. 
2.4.3 Parede celular
Geralmente a pressão osmótica do interior das bactérias (15 a 20 atmosferas) é muitas vezes superior à do meio externo, de maneira que a tendência da célula a intumescer é grande e, se não fosse a presença da parede celular, as bactérias estourariam. A manutenção da forma bacteriana (bacilo, coco, etc.) é devida a esta estrutura. Além disso, a parede desempenha um papel importante na divisão celular como primer para sua própria biossíntese, dando origem ao septo que separa as duas novas células oriundas da divisão celular. 
Peptideoglicano (mureína ou mucopeptídeo) é um composto exclusivamente encontrado no domínio Bacteria, sendo o responsável pela rigidez da parede celular. O peptideoglicano corresponde a um enorme polímero complexo que, em bactérias Gram-positivas pode formar até 20 camadas, enquanto em células Gram-negativas está presente, formando apenas uma ou duas camadas.
O peptidioglicano, responsável pela forma das células e proteção do citoplasma frente às diferenças de pressão osmótica entre os meios externo e interno, confere rigidez ao corpo bacteriano.
Nas bactérias Gram-positivas, aproximadamente 90% da parede são compostos de peptidioglicano.
Além desta macromolécula, encontramos proteínas e ácidos teicóicos (ácidos teicoicos e ácidos lipoteicoicos) que podem apresentar até 50% da massa seca da parede.
Nas bactérias Gram-negativas, a parede celular está composta por uma camada de peptidioglicano e três outros componentes que a envolvem externamente; lipoproteína, lipopolissacarídeo e membrana externa. 
A lipoproteína está ligada de modo covalente ao peptidioglicano e não covalente à membrana externa; sua função, inferida de estudos realizados com amostras mutantes, é estabilizar a membrana externa e ancorá-la à camada de peptídioglicano. A membrana externa é uma dupla camada, contendo fosfolipídeos e proteínas apresentando, em sua camada externa, o lipopolissacarídeo (LPS).
O LPS é constituído de um lipídio complexo (lipídio A), ao qual está ligado um polissacarídeo chamado antígeno O. Os açúcares que formam a cadeia lateral deste polissacarídeo variam de espécie para espécie e, por isso, são responsáveis pelas características antigênicas em bactérias Gram-negativas. O LPS é também chamado de endotoxina, pois é tóxico, provocando muitas vezes respostas fisiológicas, como febre em animais, incluindo o homem.
	Como a maioria das membranas biológicas, a membrana externa das bactérias Gram-negativas é formada por dupla camada lipídica. Caracteristicamente, possui camada interna composta basicamente de fosfolipídios, e uma externa contendo lipopolissacarídeos e proteínas.
Diferentemente das citadas anteriormente, há bactérias com paredes de composição química diferente ou sem parede 
Arqueobactérias – Peptidioglicanos típicos com ácido murâmico e D-aminoácidos, característicos das eubactérias. Algumas possuem paredes exclusivamente de N-acetilglicosamina e outras apenas de proteínas. 
Micoplasmas – Não possuem parede celular e seu citoplasma é limitado apenas por uma bicamada fosfolipídica associada a proteínas e alta concentração de esteróis. 
Formas L – Células sem parede originadas de bactérias Gram positivas ou Gram negativas selecionadas pelo uso de agentes que destroem a parede (lisozima ou penicilina). Uma vez isoladas, podem ser estáveis (permanecem sem parede na ausência do agente) ou instáveis (quando voltam a sintetizar a parede). 
2.4.4 Cápsula
Bactérias Gram-positivas e Gram-negativas podem construir uma camada viscosa constituída de uma combinação de polissacarídios e proteínas denominada “cápsula”. As cápsulas variam em espessura e podem atingir duas vezes o volume da célula produtora. 
A cápsula provavelmente confere proteção contra compostos tóxicos que não se difundam facilmente na matriz polissacarídica e, nos processos infecciosos, dificultam a captura e destruição das bactérias pelas células do sistema imunológico do hospedeiro.
2.4.5 Flagelos
O flagelo bacteriano confere movimento à célula e é formado de uma estrutura basal, um gancho e um longo filamento externo à membrana. O filamento é composto de um único tipo de proteína chamado de flagelina.
2.4.6 Pili ou fímbrias
Muitas bactérias Gram negativas são dotadas de apêndices filamentosos protéicos que não são flagelos. A tais apêndices chamamos fímbrias. São menores, mais curtos e mais numerosos que os flagelos e não formam ondas regulares. As fímbrias podem ser vistas apenas sob microscopia eletrônica. Não desempenham nenhum papel relativo a mobilidade, pois são encontradas tanto em espécies móveis como em espécies imóveis. Há, contudo, várias funções associadas com diferentes tipos de fímbrias. Um tipo, conhecido como fímbria F, serve como porta de entrada de material genético durante a conjugação bacteriana.
2.4.7 Nucleóide
O nucleóide procariótico ou DNA bacteriano, quando devidamente corado, pode ser visualizado com o auxílio do microscópio óptico. Micrografias eletrônicas revelam a ausência de uma membrana nuclear e de um aparelho mitótico. A região nuclear é preenchida por fímbrias de DNA dupla hélice na forma de uma única molécula de aproximadamente 1mm de comprimento (desdobrada) e peso molecular de 2 a 3 x 109 D. O DNA com carga negativa é neutralizado, pelo menos parcialmente, por poliaminas pequenas e pelo íon magnésio. Entretanto, recentemente foram descobertas proteínas semelhantes às histonas de mamíferos e, provavelmente, elas desempenham um papel semelhante ao das histonas na cromatina eucariótica. 
2.4.8 Plasmídios
Estes são compostos por DNA extra-cromossômico, usualmente presentes em múltiplas cópias freqüentemente codificam fatores de virulência e fatores de resistência a antibióticos. Algumas formas estão envolvidas na replicação bacteriana. 
2.4.9 Citoplasma
O citoplasma da célula bacteriana é uma solução aquosa limitada pela membrana plasmática. Imersas no citoplasma existem partículas insolúveis, algumas essenciais (ribossomos e nucleóide) e outras encontradas apenas em alguns grupos de bactérias, nas quais exercem funções especializadas como os grânulos e os vacúolos gasosos. 
2.4.10 Ribossomos
Partículas citoplasmáticas responsáveis pela síntese protéica, compostas de RNA (60%) e proteína (40%). Em procariotos possuem coeficiente de sedimentação de 70S e são compostos de duas subunidades 30S e 50S. Embora a estrutura e a biossíntese dos ribossomos sejam bastante diferentes entre procariotos e eucariotos, sua função é a mesma.
2.4.11 Esporos
Os endósporos são estruturas formadas por algumas espécies de bactérias Gram-positivas, particularmente as dos gêneros Bacillus e Clostridium, quando o meio se torna carente de água ou de nutrientes essenciais.3. NUTRIÇÃO E METABOLISMO BACTERIANOS (CULTIVO BACTERIANO)
3.1 Introdução
As bactérias têm os mesmos requerimentos nutricionais básicos de todas as formas de vida, que incluem primariamente fontes de energia, compostos orgânicos e inorgânicos. As bactérias são encontradas em grandes números em quase todos os ambientes do planeta onde haja disponibilidade de água. Existem grupos bacterianos adaptados para viverem sob os mais diversos ambientes: solo, água doce, água salgada, gelo, trato alimentar dos animais e até em tanques de combustível de aeronaves. As bactérias metabolizam desde os nutrientes mais comumente assimiláveis a todos os seres vivos como açúcares, proteínas, gorduras, celulose, até os menos usuais como antibióticos, penas de aves, petróleo, asfalto, gasolina, plásticos e minerais como ferro, enxofre e manganês.
3.2 Fontes de Energia 
	A grande maioria das bactérias é quimiotrófica, ou seja, obtêm energia à custa de reações químicas onde substratos adequados são oxidados. As litotróficas oxidam compostos inorgânicos, enquanto as organotróficas oxidam compostos orgânicos.
	Para que as bactérias possam crescer e multiplicar-se, sintetizando a sua própria matéria orgânica, é necessário que disponham de fontes de carbono, hidrogênio, nitrogênio, enxofre e fósforo.
	Fontes de carbono. Para as bactérias autotróficas, a única fonte de carbono é o CO2 ou o íon bicarbonato a partir dos quais conseguem sintetizar todos os compostos orgânicos de que necessitam. A maioria das bactérias é heterotrófica, exigindo fontes orgânicas de carbono; destas, as mais comuns são os carboidratos (glicose, amido, celulose, aminoácidos, lipídios, etc)
	Fontes de Nitrogênio. Algumas bactérias retiram o nitrogênio diretamente da atmosfera e o convertem a nitrogênio orgânico. Outras bactérias exigem fontes orgânicas de nitrogênio (aminoácidos). A maioria das bactérias utiliza compostos inorgânicos de nitrogênio (sais de amônio, nitratos).
	Além de carbono e nitrogênio, as bactérias exigem uma série de outros elementos tais como: fósforo, minerais (sódio, potássio, enxofre, magnésio), cálcio, ferro, zinco, cobalto e outros, requeridos em quantidades mínimas. 	
3.3 Água
 Não é um nutriente, mas é indispensável para o crescimento e é múltiplo o seu papel. As bactérias se nutrem pela passagem de substâncias em solução através da membrana citoplasmática. Exerce função na regulação osmótica e térmica. A maior parte das bactérias, quando não esporuladas, morre rapidamente pela dessecação.
3.4 Oxigênio atmosférico
	Como a água, o oxigênio atmosférico não é um nutriente e funciona apenas como receptor final de hidrogênio nos processo de respiração aeróbica. As bactérias têm comportamento diferente na presença de O2 livre: aeróbias exigem a presença de oxigênio livre; entretanto, algumas o exigem em pequena quantidade, são as microaerófilas; anaeróbias estritas não toleram presença de oxigênio livre, morrendo rapidamente nessas condições; anaeróbias não estritas que não utilizam o oxigênio atmosférico, mas este não é tóxico, e facultativas que tanto podem crescer na presença de como na ausência de oxigênio livre.
3.5 Meios de cultura
Nas condições artificiais do laboratório, o crescimento de bactérias é obtido pela semeadura das mesmas em meios de cultura. Por não haver um meio de cultura universal, a composição deste deve ser compatível com a fisiologia da bactéria em estudo, pois cada microorganismo duplicado ou multiplicado deve possuir todos os componentes da célula original. 
3.5.1 Composição dos meios de cultura
	Basicamente existem dois grandes grupos de meios de cultura:
a) meios sintéticos: a composição química é qualitativa e quantitativamente conhecida; e
b) meios complexos: composição química não perfeitamente definida.
3.5.2 Estado físico dos meios de cultura
	Um meio de cultura pode ser sólido, semi-sólido ou liquido, quanto à consistência. São classificados quanto ao estado físico em sólidos, quando contém agentes solidificantes, principalmente ágar, polissacarídeo extraído de algas, que funde a 100ºC e solidifica ao redor de 45ºC. A adição de 1,5 a 2,0 % de ágar ao meio de cultura líquido é suficiente para solidificação deste. Os meios semi-sólidos são obtidos quando a quantidade de ágar e ou gelatina acrescida ao meio líquido é de 0,075 a 0,5 %, dando uma consistência intermediária, de modo a permitir o crescimento de microrganismos em tensões variadas de oxigênio ou a verificação da motilidade e também para conservação de culturas. Os líquidos não têm agentes solidificantes e apresentam-se como um caldo.
3.5.3 Classificação dos meios de cultura de acordo com a finalidade
De acordo com a finalidade, os meios de cultura podem ser classificados em:
a) Meios de Enriquecimento - quando proporcionam nutrientes adequados ao crescimento de microrganismos presentes usualmente em baixos números ou de crescimento lento, bem como microrganismos exigentes Ex. Caldo Tetrationato e Selenito-Cistina para cultivo de Salmonelas (líquidos). Ex. Caldo Tetrationato e Selenito-Cistina para cultivo de Salmonelas;
b) Diferenciais - são aqueles que conferem características especiais especiais às colônias que, em condições normais, seriam idênticas. Assim, bactérias fermentadoras de lactose, semeadas em meio contendo lactose e um indicador, dão colônias de cor diferente das não-fementadoras, pois, crescendo, fermentam a lactose, originando ácido lático, que faz “mudar” o indicador. Exemplo: Teague, Eozina Azul de Metileno, etc.;
c) Seletivos - os que contém substâncias que inibem o desenvolvimento de determinados grupos de microrganismos, permitindo o crescimento de outros. Exemplo: o meio de ágar MacConkey contém substâncias que inibem o crescimento de bactérias Gram-positivas, assim, é destinado ao crescimento de bactérias Gram-negativas. 
d) Identificação - prestam-se para a realização de provas bioquímicas e verificação de funções fisiológicas de organismos submetidos a identificação. Exemplo: Ágar Citrato, Sulfito Indol Motilidade, etc.; 
e) Dosagem - empregados nas determinações de vitaminas, antibióticos e aminoácidos;
f) Contagem - empregados para a determinação quantitativa da população microbiana (Agar de Contagem em Placas, etc.); e
g) Estocagem ou manutenção - utilizados para conservação de microrganismos no laboratório para garantir a viabilidade de microrganismos (Ágar Sabouraud, Ágar Sangue, Ágar Simples, etc.). 
3.5.4 Outros fatores envolvidos na nutrição bacteriana
a) Temperatura: cada bactéria tem um ótimo de temperatura para absorção de nutrientes que está intimamente relacionado ao crescimento e ao desenvolvimento das culturas. Assim, as bactérias psicotrófilas crescem e absorvem melhor entre as temperaturas de 0 e 18ºC; mesófilas entre 25 e 40ºC e as termófilas entre 50 e 80ºC.
b) Concentração hidrogeniônica: os valores de pH em torno de 7,0 são os mais adequados para absorção de nutrientes, embora existam algumas bactérias adaptadas a viver em ambientes ácidos.
c) Enzimas: a membrana citoplasmática não permite a passagem de nutrientes de elevado peso molecular, no entanto sabemos que elas podem utilizar amido, proteínas, gorduras e outras macromoléculas. A quebra destas para posterior absorção é feita à custa de enzimas extracelulares ou exoenzimas.
3.6 Metabolismo microbiano
Metabolismo é o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. Estas reações são responsáveis pelos processos de síntese e degradação dos nutrientes na célula e constituem a base da vida, permitindo o crescimento e reprodução das células, mantendo as suas estruturas e adequando respostas aos seus ambientes.
NUTRIENTES --------- METABOLISM0--------SUBUNIDADES ESTRUTURAIS: 
						 ENERGIA: 
 CRESCIMENTO BACTERIANO 
3.7 Crescimento bacteriano
 	O crescimentoé um somatório dos processos metabólicos progressivos, que normalmente conduz à divisão (reprodução) com concomitante produção de duas céluas-filha a partir de uma. A grande maioria, de fato, divide-se dando origem a duas céluas-filha iguais (divisão binária), embora algumas espécies formem brotos que crescem até atingir o tamanho da célula-mãe e, então, destacam-se. 
3.7.1 Curva de crescimento
	Embora as bactérias desenvolvam-se bem em meios de cultura sólidos, os estudos de crescimento são feitos essencialmente em meios líquidos.
	Quando uma determinada bactéria é semeada num meio líquido de composição apropriada e incubada em temperatura adequada, o seu crescimento segue uma curva definida e característica. Esta curva de crescimento pode ser arbitrariamente dividida em quatro fases.:
a) Fase lag: ocorre aumento de massa e, praticamente, não ocorre divisão celular.
b) Fase logarítmica: ocorre divisão regular em velocidade máxima e constante, porém, quando as condições do meio se alteram pela atividade metabólica das bactérias, esta fase termina.
c) Fase estacionária: a velocidade de multiplicação diminui gradualmente até que se anule, isto se deve à falta de nutrientes e ao acúmulo de materiais tóxicos no meio.
d) fase de declínio: gradualmente os microorganismos diminuem em número até que a cultura se torne estéril.
Lag: síntese; Log: crescimento exponencial; Estacionária: taxa de 
divisão celular é muito próxima da taxa de morte celular.
3.7.2 Fatores que afetam o crescimento bacteriano
 
 Entre os diversos fatores que afetam o crescimento bacteriano, podem ser destacados: temperatura de incubação, natureza do meio, aeração do meio, concentração de íons hidrogênio e natureza do organismo.
3.7.2.1 Temperatura de incubação
	Os diferentes microrganismos apresentam, conforme seu hábitat natural, diferentes ótimos de temperatura, onde suas enzimas estão na forma mais ativa. Assim, obedecida essa temperatura ideal, o tempo de geração será menor.
3.7.2.2 Natureza do meio
	Em geral, o desenvolvimento bacteriano é mais eficiente em meios complexos do que em meios quimicamente defenidos. Por exemplo, Escherichica coli apresenta tempo de geração de 20 minutos em caldo comum e 50 minutos em caldo sintético(glicose + sais). Assim, as contribuições do meio de cultura para a velocidade de crescimento são sua concentração e presença de todos os nutrientes essenciais.
3.7.2.3 Aeração do meio	
	A influência da presença ou não do O2 no meio depende diretamente das vias pelas quais os organismos obtêm energia. Assim, a aeração acelera o crescimento de microrganismos aeróbios estritos e de facultativos fermentativos e é completamente tóxica para os anaeróbios estritos.
3.7.2.4 Concentração de íons hidrogênio
	O pH do meio de cultura é um fator muito importante para a atividade enzimática. De maneira geral, o pH neutro é requerido para o melhor desenvolvimento da cultura em termos de velocidade. Porém, dentro de certos limites, uma alteração de pH não afeta consideravelmente o tempo de geração. 
3.7.2.5 Natureza do organismo
	Dependendo das características metabólicas do microrganismo, seu tempo de geração será maior ou menor. As variações se estendem desde dez minutos para uma bactéria marinha até semanas para algumas espécies do gênero Mycobacterium.
	Foi observado que mesmo microorganismos altamente patogênicos têm seu tempo de geração diminuído quando se desenvolvem in vivo. 
	A fase logarítmica termina quando as condições do meio de cultura se alteram pela atividade metabólica das bactérias, que não mais as condições adequadas ao crescimento uniforme. 
4. GENÉTICA BACTERIANA
	O processo de evolução biológica de todo organismo vivo é produto de alterações no seu material genético. A informação contida neste material está codificada na grande maioria dos organismos pelo ácido desoxirribonucléico (DNA). 
	A molécula de DNA é geralmente uma dupla fita. O DNA possui em vários organismos as mesmas propriedades ou funções, as quais incluem a capacidade de replicação e transmissão das moléculas hereditárias durante a divisão celular.
	O DNA em bactérias é uma macromolécula em forma de dupla fita circular, com um comprimento de aproximadamente 1,1 mm, altamente empacotado e dobrado para se manter dentro da célula, que mede de 1 a 2µm de comprimento.
4.1 Recombinação genética nas bactérias
	A reprodução das bactérias ocorre por fissão binária, um processo assexuado que não envolve eventos de recombinação e resulta na formação de duas células filhas idênticas à célula mãe. Entretanto, diversos grupos de bactérias possuem a capacidade de troca e recombinação genética com outros organismos. A permuta genética entre bactérias ocorre por meio de um dos seguintes mecanismos: transformação, transdução, e conjugação.
 
Transformação
	Processo que envolve a incorporação de DNA livre no meio circundante. As células fisiologicamente capazes de captar e incorporar DNA livre em seus genomas são denominadas competentes. A competência usualmente é um estado transitório que ocorre no final da fase de crescimento exponencial.
 Figura -Transformação
Transdução
	Refere-se à permuta de informação genética por meio de bacteriófagos (vírus que infectam bactérias). Alguns bacteriófagos (ou simplesmente fagos) são líticos, isto é, após infectarem a célula bacteriana, os genes reguladores do bacteriófago “assumem o controle” do mecanismo de biossíntese celular, resultando na expressão dos genes estrutruais do fago e na produção de novas partículas do fago, as quais são liberadas devido a lise e morte da bactéria hospedeira. Com bacteriófagos temperados, o material genético do bacteriófago é incorporado ao DNA da célula hospedeira como um “profago” e se reproduz junto com o cromossomo bacteriano. 
	A transferência de informação genética durante a transdução por ser generalizada, processo em que o vírus leva DNA bacteriano, ou especializada, processo em que ocorre a transferência de genes bacterianos específicos.
Figura - Transdução
Conjugação 
	É o único mecanismo de troca genética entre bactérias que requer contato célula a célula. As bactérias gram-negativas capazes de participar na conjugação possuem plasmídeo denominado F, que codifica para um pilus sexual. Este pilus especializado atua como veículo para estabelecer contato com a outra célula bacteriana, como “tubo” através do qual o DNA passa durante o processo de conjugação. As células que possuem o plasmídeo F são referidas como F+ e as que não apresentam este plasmídeo são denominadas F-. Assim que o contato de uma célula F+ com uma célula F- é estabelecido através de um pilus sexual, o plasmídeo circular F começa a ser replicado. Durante este processo uma das cadeias simples de DNA plasmidial passa para a célula receptora através do pilus.
 Figuras - Conjugação
 
4.2 Mutações
	As alterações na estrutura química ou física no DNA são conhecidas como mutações. Estas podem ser ocasionadas por agentes físicos ou químicos chamados mutágenos ou agentes genotóxicos. O organismo não exposto a um mutágeno é chamado tipo selvagem, enquanto o organismo com alterações resultantes da ação destes agentes é um mutante. De acordo com o agente, as mutações podem ser espontâneas ou induzidas.
a) Espontâneas: podem ser causadas por erros durante a replicação do DNA ou pla exposição do organismo a influência extracelulares do meio ambiente, como radiações ou agentes químicos.
b) Induzidas: são produto de uma ação deliberada na qual o orgnismo é exposto à ação de um genotóxico.
5. TAXONOMIA BACTERIANA
	Taxonomia ou Sistemática é o ramo da microbiologia que é responsável pela caracterização e designação dos microorganismos, bem como pela organização dos mesmos em grupos. A taxonomia bacteriana compreende três atividades diferentes: nomenclatura, classificaçãoe identificação.
5.1 Nomenclatura
	A nomenclatura das bactérias é regulamentada pelo “Código internacional para a nomenclatura de procariontes” e compreende as regras, os princípios e as recomendações para a descrição de uma nova unidade de classificação (ou taxon, no plural taxa), ou seja, espécie, gênero ou família. De acordo com essas regras, o nome de uma espécie bacteriana baseia-se no sistema binomial desenvolvido pelo taxonomista sueco Carl von Linné para plantas e animais. Nesse sistema, o nome de uma espécie bacteriana é sempre dado como uma combinação em latim constituída de duas partes, o nome do gênero e o nome específico que denota a espécie. Por exemplo, uma das bactérias que habitam o intestino de mamíferos é designada de Escherichia coli (nome de gênero seguido do nome da espécie). Apenas a primeira letra do nome do gênero é escrita com letra maiúscula e o nome completo deve ficar em itálico ou sublinhado. A raiz para o nome de uma espécie ou de um táxon pode ser derivada de qualquer língua, mas a terminação deve ser em latim. Por exemplo, na bactéria Staphylococcus aureus, o nome de gênero é derivado das palavras de origem grega staphyle (cacho de uva) e coccus (semente), a terminação “us” é oriunda do latim e corresponde a uma das terminações utilizadas para substantivos (Staphylococcus) e adjetivos (auereus) masculinos.
5.2 Classificação
	A classificação é responsável pelo agrupamento de bactérias que compartilham certas características comuns em grupos taxonômicos denominados taxa (singular táxon).
	Os sistemas de classificação podem ser artificiais ou naturais. Os artificiais baseiam-se em características fenotípicas, principalmente morfológicas e fisiológicas dos microrganismos. Os sistemas naturais amparam-se nas relações filogenéticas das bactérias pela comparação de sequências de várias macromoléculas ou genes que as codificam. Embora filo ou divisão, subfilo, classe, subclasse, ordem, subordem e superfamília sejam, de modo progressivo, grupos taxonômicos (taxons) mais inclusivos nos reinos das plantas superiores e dos animais, os taxons que abrangem família, gênero e espécies são os níveis de classificação mais comumente utilizados para bactérias, protozoários e fungos patogênicos. A espécie é a unidade taxonômica básica, ou seja, é o menor e mais mais definitivo nível de divisão, embora algumas espécies possuam categorias de subespécies que são baseadas em variações fenotípicas menores.
	
5.3 Identificação
	A identificação consiste na determinação da espécie ou de outra unidade taxonômica de uma bactéria recém-isolada. Por exemplo, os microbiologistas de alimentos necessitam determinar a presença ou não de bactérias como Salmonella ou de outras bactérias patogênicas em aliementos.
	O processo de identificação primeiro assume que a bactéria de interesse já tenha sido descrita e nomeada. 
	As características usadas para a identificação bacteriana são fenotípics baseadas no emprego de uma série de testes bioquímicos e as genotípicas amparadas na detecção de sequências genéticas específicas pelas sondas genéticas ou Reação em cadeia pela Polimerase (PCR).
6. MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO E DESINFECÇÃO
(CONTROLE DE MICRORGANISMOS)
	O controle de microorganismos é um tema amplo e de inúmeras aplicações práticas envolvendo toda a microbiologia e visa, principalmente: prevenir a transmissão de doenças, evitar a decomposição de alimentos e a contaminação da água e do ambiente.
	O controle de microorganismos é possível graças às ações de agentes físicos e químicos que apresentam propriedades que podem matá-los ou impedir a reprodução dos mesmos.
	Precedendo o tópico sobre os agentes físicos e químicos encontram-se a seguir algumas definições utilizadas no controle de microrganismos:
Esterilizar: destruir ou remover todas as formas de vida.
Desinfectar: inibir, matar ou remover vários microorganismos patogênicos e saprófitas sem eliminar todas as formas de vida.
Sanitizar: reduzir o número de microorganismos a níveis seguros.
Anti-séptico: produto utilizado em tecidos para evitar infecção, seja matando os microrganismos, inibindo a reprodução ou o metabolismo.
Desinfetante: agentes anti-sépticos aplicados em materiais inanimados, em ambientes e em excretas. 
Germicida: agente que mata microorganismos, exceto endósporos.
 “Cida”: qualquer agente que promova a morte 
“Stático”: qualquer agente que promova a inibição do crescimento.
 	
6.1 Métodos físicos de controle microbiano
Os principais agentes físicos que promovem o controle microbiano são: calor, filtração e radiações.
	Por ser eficaz, barato e prático, o método mais empregado para a esterilização e/ou desinfecção é o calor. O efeito letal produzido pelo calor sobre os microorganismos resulta de um processo de desnaturação e subseqüente coagulação de proteínas. O calor pode ser empregado sob duas formas: seco e úmido.
6.1.1 Calor seco
	A forma mais simples de esterilização, empregando o calor seco, e a flambagem. A incineração, empregada para queimar sacos e copos de papel, plástico, carcaça de animais, materiais descartáveis que já foram utilizados, entre outros, é também uma forma de esterilizar.
	Outra forma de esterilização empregando calor seco é feita em fornos (estufas de esterilização) e, nestes, o binômio tempo e temperatura dever ser observado atentamente.
6.1.2 Calor úmido	
	Uma das formas mais freqüentes de redução do número de microorganismos é a fervura (100ºC), que mata todas as formas vegetativas dos patógenos, muitos vírus, fungos e seus esporos em até 15 minutos. Entretanto, alguns vírus e alguns endósporos bacterianos não são destruídos tão rapidamente. 
	A esterilização empregando calor úmido requer temperaturas acima de fervura da água (120ºC). Estas temperaturas são conseguidas nas autoclaves e este é o método preferencial de esterilização desde que a substância ou o material a ser esterilizado não sofra alteração pelo calor úmido ou umidade. A autoclavação é um método eficaz de esterilização e, neste, a atenção deve estar no trinômio tempo, temperatura e pressão. A esterilização é mais facilmente alcançada quando os organismos são submetidos ao calor úmido em uma temperatura de 121ºC e pressão de 15 libras/polegada quadrada por cerca de 15 minutos.
6.1.3 Pasteurização
A pasteurização é um método criado, em 1864, por Louis Pasteur. É o processo usado em alimentos para destruir bactérias patogênicas e reduzir o número de todos os microorganismos ali existentes. Consiste em aquecer o produto a uma dada temperatura num dado tempo e, a seguir, resfriar bruscamente. 
6.1.4 Filtração
	Processo muito útil na esterilização de materiais termolábeis, sendo empregado para líquidos e gases. A passagem de soluções ou gases através de filtros, poros suficientemente pequenos para reter bactérias e fungos. Entretanto, os vírus não são retidos.
6.1.5 Radiações 
	As radiações têm seus efeitos dependentes do comprimento de onda, da intensidade, da duração e da distância da fonte. Os dois tipos de radiações empregados no controle de microorganismos são: ionizantes e não-ionizantes.
	As ionizantes, como, por exemplo, as radiações gama, têm comprimento de onda mais curto que as não-ionizantes e carregam mais energia. O principal efeito da radiação ionizante é a ionização da água, formando radicais super-reativos (superóxidos) e estes reagem com componentes celulares orgânicos, dentre eles o DNA, matando ou inativando os microrganismos. 
	As não-ionizantes têm comprimento de onda mais longo que as anteriores sendo a mais empregada a luz ultravioleta (UV). O UV provoca a formação de ligações químicas entre as timinas adjacentes e estes dímeros alteram a replicação do DNA no momento da reprodução.
6.1.6 Outros agentes físicos
Temperaturas baixas: a refrigeração ou o congelamento reduzem ou interrompem o metabolismo dos microorganismos.
Dessecação: liofilização ou dessecamento natural.6.2 Métodos químicos de controle microbiano
	Os agentes químicos empregados no controle dos microorganismos podem ser esterilizantes ou desinfetantes. Os esterilizantes matam todos os microorganismos e os desinfetantes reduzem a carga microbiana de tal forma que o material tratado deixa de representar um risco à disseminação de microorganismos.
	Os principais grupos de agentes químicos usados no controle de microorganismos são: álcoois, aldeídos, halogênios, metais pesados, agentes oxidantes e agentes de superfície.
6.2.1 Álcoois
	São baratos, facilmente obtidos e bactericidas diante das formas vegetativas. Exercem ação bactericida rápida através da desnaturação de proteínas, processo que necessita de água. 
De todos os álcoois, o álcool etílico é o mais empregado, principalmente em situações que levam à ruptura da integridade da pele, sendo em solução a 70%. O álcool isopropílilico é mais eficiente que o etanol na redução da tensão superficial das células bacterianas e na desnaturação de proteínas. É menos sensível à interferência da diluição e apresenta poder germicida, quando puro, superior ao do álcool etílico.
6.2.1 Aldeídos e derivados
	Deste grupo, o mais empregado ainda é o aldeído fórmico. Por ser facilmente solúvel em água, é empregado sob a forma de solução aquosa em concentrações que variam de 3 a 8 %. 
	Face aos bons resultados, o aldeído glutárico em soluções aquosas alcalinas a 2% tem substituído o aldeído fórmico.
	A metenamina é um anti-séptico urinário que deve sua atividade à liberação do aldeído fórmico.
	Os aldeídos agem mediante a alquilação direta dos grupos funcionais das proteínas, tais como aminas, carboxilas e hidroxilas, formando hidroximetilderivados inativos.
6.2.3 Fenóis e derivados
	O fenol é um desinfetante fraco, tendo interesse apenas histórico, pois foi o primeiro agente a ser utilizado como tal na prática médica e cirúrgica.
	Os fenóis atuam sobre qualquer proteína, mesmo aquelas que não fazem parte da estrutura do protoplasma do microorganismo, significando que, em meio orgânico protéico, os fenóis perdem sua eficiência por redução da concentração atuante. Para exercerem uma atividade bactericida in vivo, é necessário concentração de 0,2 a 1%, dependendo da espécie microbiana. 
	A seguir encontram-se exemplos de agentes químicos pertencentes a este grupo:
a) cresóis: empregados em mistura contendo os três isômeros sendo que o metacresol e o mais ativo;
b) creolina: mistura dos cresóis, é utilizada na desinfecção de pisos, vasos sanitários, etc.;
c) timol: é cerca de 30 vezes mais ativo que o fenol e tem menor toxicidade;
d) triclosan: anti-séptico halogenado, tem atividade bacteriostática ampla bem como fungistática. Por não ser tóxico e serem raros os casos de sensibilização, quando aplicado na pele, entra na composição de muitos sabões medicinais, desodorantes e cremes dentais.
6.2.4 Halogênios e derivados
 Os halogênios atuam tanto como anti-sépticos quanto como desinfetantes. O iodo, sob a forma de tintura, é um dos anti-sépticos mais utilizados na prática cirúrgica. As soluções alcoólicas a 2% de iodo exercem ação imediata sendo bactericida, esporocida e fungicida. O mecanismo de ação é a combinação com irreversível com proteínas, provavelmente, através da interação com aminoácidos. 
 O cloro elementar é usado para desinfetar utensílios, piscinas, água postável e até tecidos. Pode ser aplicado na forma de gás, hipoclorito de sódio ou de cálcio, que gera ácido hipocloroso. Então, o oxigênio nascente promove a oxidação de certas enzimas vitais.
 
6.2.5 Ácidos inorgânicos e orgânicos
	Provavelmente, um dos ácidos orgânicos mais populares como anti-sépticos seja o ácido bórico.
	Outros ácidos utilizados são: 
a) ácido acético, ácido lático, ácido benzóico e seus derivados: preservação de alimentos
b) ácido mandélico e ácido nalidíxico: anti-sépticos das vias urinárias
c) ácido undecilênico e capróico: antifúngicos usados topicamente.
6.2.6 Agentes oxidantes
	A propriedade comum destes agentes é a liberação de oxigênio nascente, que é extremamente reativo e oxida, entre outras substâncias, os sistemas enzimáticos indispensáveis para a sobrevivência dos microorganismos. Os agentes oxidantes mais usados são: peróxido de hidrogênio (água oxigenada) e permanganato de potássio.
6.2.7 Esterilizantes gasosos
	Neste grupo encontra-se o óxido de etileno que é empregado com sucesso na esterilização de instrumentos médico-hospitalares que não podem ser expostos ao calor ou a agentes esterilizantes líquidos (por exemplo. O óxido de etileno reage com a parte sulfídrica da proteína do sítio ativo no núcleo do microrganismo, impedindo assim sua reprodução.		 
7. ANTIMICROBIANOS
7.1 Introdução
	O homem e os microorganismos partilham uma vida em comum que se perde na sombra do tempo, e, certamente, desde a pré-história os microorganismos provocam doenças no homem. Entretanto, as causas destas doenças só começaram a ser descobertas no século XIX, a partir de 1878, graças, sobretudo, aos trabalhos de Pasteur e Koch e seus contemporâneos, que demonstraram a origem infecciosa de várias enfermidades do homem e de outros animais.
	Quimioterapia é o tratamento de moléstias com substâncias químicas. Algumas são sintetizadas em laboratório e, por isso, são chamadas quimioterápicos; outras são produzidas por seres vivos e são chamadas antibióticos..
	Quimioterápicos e antibióticos podem ter ação antibacteriana, antifúngica, antiviral e ainda antiblástica. Esta ação pode levar à inibição do crescimento, à inativação ou à morte do agente infeccioso.
	Como conceito mais importante da terapia antimicrobiana tem-se o da toxicidade seletiva, ou seja, a inibição seletiva do crescimento do microorganismo sem danos ao hospedeiro. 
	
7.2 Principais grupos de agentes antibacterianos
	A estrutura química dos antimicrobianos (quimioterápicos e antibióticos) é bastante variada pelo fato serem compostos orgânicos cíclicos. A seguir serão analisados os principais grupos: 
,
7.2.1 Penicilinas
	Assim como as cefalosporinas as penicilinas pertencem ao grupo dos antibióticos Betalactâmicos. Todos possuem em comum o anel beta-lactâmico.
	A diferença existente entre as várias penicilinas está no radical R ligado ao ácido 6-amino-penicilânico. Algumas penicilinas são sintetizadas integralmente pelos fungos do gênero Penicillium, outras são sintetizadas a partir do ácido 6-amino-penicilânico, previamente produzido pelo fungo e posteriormente modificado. 
	Algumas penicilinas podem ser inativadas por enzimas chamadas penicilinases ou beta-lactamases quem rompem o anel beta-lactâmico.
	As penicilinas mais utilizadas na terapêutica são: penicilina G, penicilina V, benzilpenicilina benzatina (benzetacil), ampicilina e amoxicilina. 
Mecanismo de ação
A ação antibacteriana das penicilinas se deve à interferência na síntese do peptidioglicano, importante constituinte da parede celular, mediante a inibição da enzima transpeptidase, que catalisa a biossíntese da última etapa da formação da parede celular, conseqüentemente ocorre aumento da pressão interna da bactéria e causa ruptura da parede com subseqüente morte do microrganismo.
7.2.1.2 Usos terapêuticos
 As penicilinas, em sua maioria, somente atuam sobre microrganismos Gram-positivos devido à suscetibilidade da parede celular que estes apresentam em relação àquelas. São indicadas no tratamento e na profilaxia de infecções causadas por cocos, bacilos, e alguns microrganismos Gram-negativos, bem como para o tratamento da sífilis.
7.2.1.3 Mecanismo de resistência
	As bactérias se tornam resistentes às penicilinas através da produção das beta-lactamases. Estas enzimas são capazes de hidrolisar o anel beta-lactâmico, transformando os antibióticos correspondentes em produtos inativos.
7.2.2 Cefalosporinas
Produzidas por fungos pertencentes ao antigogênero Cephalosporium, hoje Acremonium. Têm sido sucessivamente modificadas gerando produtos de primeira, segunda, terceira e quarta geração. 
Algumas das cefalosporinas mais utilizadas na terapêutica são: cefalexina, cefaclor, ceftriaxona, etc.
 
		
Mecanismo de ação
A ação antibacteriana das cefalosporinas é semelhante à das penicilinas, mediante a inibição da transpeptidase, enzima que catalisa a biossíntese da última etapa da formação da parede celular, interferem na síntese do peptidioglicano, importante constituinte da parede celular.
7.2.2.2 Usos terapêuticos
São indicadas no tratamento e na profilaxia de infecções causadas por microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos.
7.2.2.3 Mecanismo de resistência
	As bactérias se tornam resistentes às cefalosporinas de forma assemelhada às penicilinas. 
7.2.3 Tetraciclinas
 A característica deste grupo de antibióticos, produzidos por bactérias do gênero Streptomyces, é o tetra anel, e as diferenças residem nos grupos químicos ligados a ele.
 As tetraciclinas mais utilizadas na terapêutica são: tetraciclina, oxitetraciclina, minociclina, doxiciclina, etc.
7.2.3.1 Propriedades
	
As tetraciclinas têm propriedades quelantes. Estas possibilitam que as tetracilinas formem complexos insolúveis com sais de ferro, cálcio, magnésio e alumínio sendo eliminados como quelatos inativos nas fezes. Para uma boa absorção é recomendável que as mesmas não sejam administradas com leite e seus derivados, antiácidos e demais produtos ricos nestes sais. 
7.2.3.2 Mecanismo de ação
Difundem-se para o interior das células e inibem a síntese protéica bacteriana, provavelmente ligando-se ao ribossoma 30S da bactéria e impedindo a fixação do ARN de transporte. Assim, interfere no aporte e ligação dos aminoácidos formadores das proteínas.
7.2.3.3 Usos terapêuticos
	São antibióticos de amplo espectro de ação, ativos contra bactérias aeróbias e anaeróbias gram-positivas e gram-negativas, clamídias, micobactérias e outros microrganismos.
7.2.3.4 Mecanismo de resistência
	De um modo geral as bactérias tornam-se resistentes às tetraciclinas por aquisição de plasmídeos de resistência. A resistência é bastante difundida entre as bactérias gram-negativas e gram-positivas e se manifesta principalmente por alterações no sistema de transporte da célula, o que impede a acumulação do antibiótico no seu interior.
7. 2.4 Cloranfenicol
 Produzido por Streptomyces venezuelae, o cloranfenicol tem uma estrutura química relativamente simples. Atualmente já sintetizada integralmente em laboratório, assim como seu análogo, o tianfenicol.
 Os três fármacos mais empregados do grupo são: cloranfenicol, tianfenicol e cetofenicol.
Mecanismo de ação
Promove a inibição da síntese protéica. Penetra rapidamente nas células bacterianas, provavelmente por processo de difusão facilitada. Atua fundamentalmente por ligação reversível com a subunidade ribossômica 50S inibindo a ação de peptidil-transferases e bloqueando a união dos aminoácidos na formação do polipeptídio.
7.2.4.2 Usos terapêuticos
É um antibiótico de amplo espectro. Indicado no tratamento de infecções causadas microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos.
7.2.4.3 Mecanismo de resistência
	O principal mecanismo bioquímico da resistência ao cloranfenicol consiste na sua inativação enzimática.
 A impermeabilidade do microorganismo à droga constitui um outro mecanismo de importância na resistência.
7.2.5 Aminoglicosídeos/Aminociclitóis
	Constituem uma classe de antibióticos de estrutura química complexa, ativos contra os bacilos gram-negativos, com ação bactericida sobre os microorganismos sensíveis por interferirem em sua síntese protéica. O principal antibiótico deste grupo é a estreptomicina, produzida desde a década de 1940 a partir de culturas de Streptomyces griseus. Os outros antibióticos do grupo são: canamicina, neomicina, gentamicina, tobramicina e amicacina.
 Estreptomicina
 
 
7.2.5.1 Mecanismo de ação
	 São primariamente bactericidas, por causarem alterações nas proteínas formadas pela célula bacteriana, ao ligarem-se ao ribossoma bacteriano. Podem agir também como drogas bacteriostáticas, ao inibirem a síntese de proteínas. 
7.2.5.2 Usos terapêuticos
	São antibióticos ativos principalmente contra as bactérias gram-negativas aeróbias da família das enterobactérias.
7.2.5.3 Mecanismo de resistência
	A resistência bacteriana pode ocorrer em virtude da falta de permeabilidade da parede bacteriana ao fármaco, baixa afinidade deste pelo ribossoma do microorganismo ou inativação por enzimas bacterianas.
7.2.6 Rifamicinas
São antibióticos produzidos pelo Streptomyces mediterranei. A rifampicina, obtida em laboratório a partir da rifamicina, é o fármaco mais importante deste grupo.
Rifampicina
7.2.6.1 Mecanismo de ação
	O alvo primário das rifamicinas é a síntese do RNA. Estes antibióticos exercem sua atividade antibacteriana por inibirem a síntese protéica em todos os seus estágios, impedindo a formação do RNA mensageiro, RNA ribossomal e RNA de transporte. Esta ação resulta de sua ligação com a RNA polimerase impedindo sua atividade. 
7.2.6.2 Usos terapêuticos
	A rifampicina apresenta atividade superior às dos outros membros do grupo. Apresenta amplo espectro de ação, mostrando-se ativa contra bactérias gram-positivas, cocos gram-negativos, micobactérias, clamidias e vários bastonetes gram-negativos, entre os quais a Escherichia coli, Proteus e Klebsiella.
7.2.6.3 Mecanismo de resistência
	Diversas espécies de bacilos gram-negativos são naturalmente resistentes à rifampicina, entre eles Pseudomonas aeruginosa, Enterobacter e Serratia. A resistência consiste principalmente na presença de uma ARN-polimerase que se mostra refratária à inibição pela rifampicina. Outro mecanismo possível reside na impermeabilidade das membranas à penetração do antibiótico.
7.2.7 Macrolídeos
	O principal representante deste grupo é a eritromicina, produzida pelo Streptomyces erythreus. Outros membros utilizados na terapêutica são: azitromicina e claritromicina. A estrutura destes fármacos é constituída por um anel lactônico ligado, através de pontes glicosídicas, a aminoaçúcares.
 
 aminoaçúcar 
 
	
Anel lactônico
7.2.7.1 Mecanismo de ação
	São agentes bacteriostáticos que inibem a síntese protéica através de ligação reversível com as subunidades ribossômicas 50S de microorganismos sensíveis.	 
7.2.7.2 Mecanismo de resistência
A resistência bacteriana pode ocorrer pela falta de permeabilidade ao antibiótico, pela modificação no ribossoma 50S, de tal maneira que o antibiótico não possa ligar-se ao seu receptor e alterar a síntese protéica, e por mecanismo de efluxo no qual a droga é retirada da célula bacteriana logo após a sua penetração. 
7.2.7.3 Usos terapêuticos
	Processos infecciosos nos quais os microorganismos são sensíveis, tais como infecções das vias aéreas, tecidos moles, pele etc.
	
7.2.8 Quinolonas
As quinolonas são um grupo de antimicrobianos obtidos a partir da degradação de alcalóides. O primeiro membro do grupo a ser usado contra infecções bacterianas foi o ácido nalidíxido. Posteriormente, diferentes centros de pesquisa interessaram-se em obter substâncias com características químicas semelhantes e que pudessem ter melhor atividade antimicrobiana e farmacocinética mais favorável. Dentre os vários derivados descobertos encontram-se: norfloxacino, ciprofloxacino, levofloxacino, gatifloxacino, etc.
7.2.8.1 Mecanismo de ação
	
	Atuam inibindo a subunidade A e, provavelmente, também a subunidadeB da enzima DNA-girase, além da topoisomerase IV que são essenciais para a síntese do DNA bacteriano.
7.2.8.2 Mecanismo de resistência
A resistência adquirida às quinolonas, entre outros mecanismos, tem origem cromossômica, resultando de um processo de mutação em única ou duas etapas, manifestando-se pela existência de DNA-girases modificadas que não sofrem inibição pelas drogas, redução da difusão da droga para o interior da bactéria e existência de mecanismo de efluxo.
7.2.8.3 Usos terapêuticos
	São empregadas, frequentemente, para combater infecções das vias urinárias e respiratórias provocadas por bactérias gram-negativas ou gram-positivas.
7.2.9 Sulfonamidas
As Sulfonamidas são um grupo de antimicrobianos sintéticos usados no tratamento de doenças infecciosas devidas a microorganismos. Entre as sulfonamidas destacam-se o sulfametoxazol, a sulfadiazina e a sulfamerazina.
7.2.9.1 Misturas
	O sulfametoxazol é frequentemente utilizado com trimetoprima, para infecções bacterianas, e a sulfadiazina com pirimetamina para combater a toxoplasmose.
7.2.9.2 Mecanismo de ação
	As sulfonamidas são inibidoras competitivas da enzima bacteriana diidropteroato-sintetase que é responsável pela incorporação do ácido para-aminobenzóico (PABA) no ácido diidropteróico, precursor imediato do ácido fólico. Pirimetamina e trimetoprima, por serem análogos do ácido fólico, tomam o lugar deste na enzima diihidrofolato redutase bacteriana, consequentemente impedem a bacteria de usar o ácido fólico.
7.2.9.3 Mecanismo de resistência
	As bactérias resistentes produzem enzimas não inibidas pelas sulfonamidas ou produzem maior quantidade de PABA.
	
7.2.9.4 Empregos terapêuticos
São eficazes numa grande quantidade de doenças causadas por microorganismos gram-positivos e gram-negativos, sendo que algumas sulfonamidas são também ativas contra vários vírus dos gêneros Bedsonia – Miyagawanella e Chlamydozoon e algumas espécies de protozoários.
I.II VIROLOGIA
1. Introdução ao estudo dos vírus
2. Principais doenças virais 
1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS VÍRUS
Propriedades gerais
Antes do estabelecimento da teoria dos germes, acreditava-se que muitas doenças eram causadas por venenos. O termo latim para veneno é vírus. 
Vírus são parasitas intracelulares e podem ser encontrados em duas formas, uma dentro das células e outra fora destas. Na forma extracelular, o vírus é uma partícula submicroscópica conhecida como vírion ou partícula viral. Esta apresenta, para cada tipo de vírus, algumas características especiais, entre elas diferentes tamanhos e formas. Quando o vírus penetra na célula hospedeira, inicia-se o estado intracelular ocorrendo a replicação viral.
Os vírus estão entre os menores agentes infecciosos que existem, podendo medir entre 18 a 300nm (0,018 a 0,3µm). Assim, como o poder de resolução do microscópio óptico é de cerca de 200nm, os vírus só podem ser visualizados por microscópio eletrônico.
Estrutura viral
Os vírus não possuem uma organização tão complexa quanto a de células, tendo de fato uma estrutura bastante simples. Eles consistem basicamente de ácido nucléico, DNA ou RNA, envolvido por uma capa protéica, denominada capsídeo ou cápside e, em alguns casos, de uma membrana lipoprotéica, denominada envelope ou envoltório. Essa simplicidade faz com que os vírus sejam incapazes de crescimento independente em meio artificial, podendo replicar somente em células animais, vegetais ou microrganismos. Na verdade, vírus são seres que se utilizam da maquinaria celular para sua reprodução, sendo, por isso, parasitas intracelulares obrigatórios, representando uma forma bastante sofisticada de parasitismo.
1.2.1 Ácido nucléico
	Os vírus contém, em geral, apenas um tipo de ácido núcléico, DNA ou RNA, que é o portador das informações genéticas para sua propagação. É importante destacar que todas as células vivas possuem DNA, na forma de dupla fita, como material genético. Entretanto, nos vírus, tanto o DNA quanto o RNA podem ser encontrados na forma de fita simples (ss: single stranded) ou fita dupla (ds: double stranded). Assim, os quatro tipos de genomas virais(DNA fita dupla - dsDNA, DNA fita simples - ssDNA; RNA fita dupla - dsRNA, RNA fita simples - ssRNA) são encontrados tanto como parasitas de hospedeiros eucariontes (por exemplo, animais e vegetais) quanto procariontes (bactérias). A quantidade de ácido nucléico dos vírus pode variar de 2 a 380 mil pares de bases.
1.2.2 Vírus de DNA
	Virus que possuem DNA como material genético, similar às células, podem empregar diretamente a maquinaria celular para transcrição de seus genes, sua replicação e reparo de seu DNA. Isso permite a alguns vírus ter um genoma grande, como os herpesvírus, que tem um genoma de 125 a mais de 240 mil pares de bases e evoluiram de forma a produzir alguns genes próprios (como para síntese de nucleótideos e polimerases próprias), ficando mais independentes do metabolismo celular. As moléculas de DNA podem ser encontradas na forma linear ou circular, dependendo do vírus. Por exemplo, o vírus de macacos conhecidos como SV40, da família Polyomaviridae, possui um genoma de 5.243 pares de bases de dsDNA circular, enquanto os herpesvírus têm genoma dsDNA linear.
1.2.3 Vírus de RNA
	Como o genoma celular normalmente metaboliza DNA, os vírus de RNA devem conter ou sintetizar enzimas próprias para serem processadas, como por exemplo RNA transcriptases e replicases. Os RNAs virais também podem ser de fita dupla ou simples e lineares ou circulares.
	Os vírus que têm genoma dsRNA, como os rotavírus, em geral, possuem em sua estrutura uma enzima com função de transcriptase, que produz o RNA mensageiro(mRNA) necessário à síntese de protéinas, e uma replicase capaz de replicar o genoma de RNA.
	Genomas cujo RNA de fita simples tem a mesma polaridade do RNA mensageiro (mRNA) e são traduzidos diretamente nos ribossomos são, por definição, denominados RNA+, ou RNA de polaridade positiva, como é o caso dos poliovírus. Os retrovírus, como o HIV, também são vírus contendo RNA+, mas, ao entrarem nas células, são processados para DNA pela enzima transcriptase reversa. Vírus com genomas de polaridade contrária ao mRNA, denominados RNA-, ou RNA de polaridade negativa, como, por exemplo, os vírus da raiva, devem primeiro transcrever uma fita complementar de mRNA, antes de sua tradução pela maquinaria celular.
	
1.2.4 Capsídeo 
	Os vírus têm o seu genoma protegido por uma capa protéica, chamada capsídeo ou cápside. O agrupamento das proteínas virais dá ao capsídeo sua simetria característica, normalmente icosaédrica ou helicoidal. O genoma em conjunto com o capsídeo constitui o nucleocapsídeo.
	Devido a limitações no tamanho do genoma viral, os vírus não podem codificar um grande número de proteínas diferentes. Assim, o cápside viral tem que ser formado de subunidades idênticas, chamadas protômeros, que se agrupam formando subunidades maiores, os capsômeros. Em cápsides mais complexas, as facetas triangulares de um icosaédro são subdivididas em um número progressivamente maior de triângulos. Assim, um cápside pode ser composto por centenas de capsômeros, mas ainda baseado em um simples modelo icosaédrico. O número total de capsômeros é característico de cada grupo viral.
	Vale ainda salientar que alguns vírus apresentam uma estrutura mais complexa sendo compostos de várias partes. É o caso de alguns bacteriófagos que apresentam uma cauda acoplada à cabeça poliédrica.
1.2.5 Envelope viral
	Alguns vírus possuem, além do ácido nucléico e do cápside, estruturas complexas de membrana envolvendo o nucleocapsídeo. O envelope viral consiste em uma bicamada lipídica com proteína, em geral glicoproteínas, embebidas nesta. A membrana lipídica provém da célula hospedeira, muito embora as proteínas sejam codificadas exclusivamente pelo vírus. Devido à presença de lípides no envelope, os vírus envelopados são éter sensíveis, isto é, em presençade éter, os lípides são dissolvidos e o vírus perde a infectividade. É importante salientar que as glicoproteínas do envelope, por estarem expostas na superfície viral, constituem os principais antígenos virais.
1.2.6 Enzimas
Os vírus não realizam processos metabólicos, e, em geral, são inertes fora da célula. Entretanto, algumas partículas virais contêm enzimas que têm grande importância no processo infeccioso. Para exemplificar, há os retrovírus, que carregam na partícula viral a transcriptase reversa, necessária para sua replicação. Alguns vírus possuem enzimas necessárias para ajudar a entrada na célula. É o caso de alguns bacteriófagos, que possuem uma enzima, lisozima, necessária para fazer uma perfuração na parede celular para a penetração do genoma viral. 
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1.3 Replicação viral
	A replicação viral corresponde à fase de multiplicação do material genético viral e de produção das proteínas virais. Apesar de haver uma série de características comuns a todas as infecções virais, as diferenças anatômicas e fisiológicas entre os animais, plantas e bactérias determinam algumas diferenças fundamentais quanto à sua interação com os vírus que os parasitam. Muitas das evidências experimentais sobre as fases da replicação viral derivam da pesquisa com bacteriófagos.
	Embora os vírus sejam diferentes no número de genes que contêm, o genoma viral deve codificar para três tipos de funções que são expressas pelas proteínas que sintetizam. Estas funções são: a) alterar a estrutura e/ou função da célula infectada; b) promover a replicação do genoma viral; e c) promover a formação de partículas virais.
	As fases da infecção viral seguem, basicamente, os seguintes passos:
1 – Adsorção
2 – Penetração
3 – Desnudamento
4 – Replicação do genoma viral
5 – Maturação ou montagem dos virions e liberação da célula hospedeira
1.3.1 Adorção
	É o fenômeno da aderência de um vírion à superfície de uma célula hospedeira viva mediante interação de suas proteínas de ligação ou ligantes com receptores celulares específicos. É o primeiro estágio da infecção para todos os tipos de vírus. Este termo descreve o contato inicial célula-vírus. Trabalhos com diferentes vírus animais, envelopados ou não envelopados, levam à seguinte visão geral da adsorção viral: os virions colidem ao acaso com sítios na superfície celular e, aproximadamente, uma em cada 1000 ou 10000 colisões leva à união complementar entre um sítio da célula (receptor) e uma proteína da superfície viral (anti-receptor). 
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1.3.2 Penetração
	Após a ligação irreversível do vírus à superfície da célula susceptível, o próximo passo da infecção leva à entrada na célula de parte ou de todo o virion e na liberação do material genômico viral. Os mecanismos de penetração nas células são:
a) Injeção do ácido nucléico: muitos bacteriófagos são capazes de, após o processo de adsorção, introduzem o seu ácido nucléico no citoplasma da célula.
b) endocitose: proceso semelhante à fagocitose onde os vírus, após a sua ligação ao receptor, são englobabos pela membrana plasmática.
c) fusão do envelope viral: processo pelo qual os vírus envelopados, através de seu envelope, fundem-se com a membrana celular, liberando o nucleocápside para dentro da célula.
d) Translocação: a partícula viral inteira é translocada através da membrana citoplasmática, porém, é um processo raro e carente de esclarecimentos.
	
1.3.3 Desnudamento
 É a desintegração do capsídeo com exposição do genoma viral. Esta fase só ocorre quando o vírion penetra inteiro na célula. O fenômeno acontece nos primeiros minutos após a infecção. A desagregação das subunidades protéicas do capsídeo pode ocorrer espontaneamente ou pela ação de enzimas digestivas dos lisossomos celulares. Após o desnudamento, o vírion deixa de existir como entidade infecciosa. O ácido nucléico viral é usualmente liberado na forma de um complexo nucleoprotéico. Essa associação é importante porque muitas proteínas são requeridas para a síntese do ácido nucléico viral ou permitem a ligação do RNAm viral aos ribossomos.
1.3.4 Replicação do genoma viral
A infecção viral leva à produção de centenas ou milhares de novas partículas virais por célula infectada. A essência deste tipo de multiplicação viral é dupla: replicação do ácido nucléico viral e produção de cápsides para conter o ácido nucléico produzido.
Após a adsorção, há um período de tempo em que não há aumento do número de partículas virais infecciosas. Este período é chamado período de latência ou eclipse. O número muito baixo de partículas infecciosas, demonstrável durante o período de latência, é atribuído à pequena porção do inóculo que não está participando ativamente do processo infeccioso. As partículas virais ativamente engajadas no processo de infecção são degradadas (eclipsadas) durante o período de latência, para que seja iniciada a transcrição do ácido nucléico viral.
Duas importantes funções dos genomas virais são a trasncrição do ácido nucléico para a formação do RNA mensageiro, que em seguida é traduzido para a síntese de proteínas, e a replicação deste genoma viral de forma a sintetizar novos genomas, que são incorporados à progênie viral.
1.3.4.1 Transcrição do ácido nucléico viral
	A síntese de todas as macromoléculas virais exige, antes de qualquer coisa, a tradução do RNA-mensageiro viral em proteínas específicas do vírus. Os vírus que contêm DNA de fita dupla sintetizam o mRNA da mesma forma que a célula do hospedeiro, utilizando uma RNA-polimerase DNA-dependente. Entretanto, os vírus de RNA devem sintetizar seu mRNA a partir do RNA, o que envolve um mecanismo diferente. 
Vírus ssRNA
	Para os vírus de RNA de fita simples de polaridade positiva (+RNA), a estratégia mais simples de tradução consiste em o ácido nucléico do vírion funcionar diretamente como mRNA. Após a sua penetração na célula do hospedeiro, o mRNA é traduzido, para produzir as várias proteínas virais. Desta forma, não é necessária a penetração na célula de enzimas da partícula viral: estas enzimas são sintetizadas logo que o ácido nucléico penetra na célula, atuando em seguida na transcrição de novos RNA. Os retrovírus (como o HIV) contêm RNA de fita simples (+), porém utilizam uma estratégia peculiar de replicação, que utiliza um intermediário de DNA. O DNA viral de fita simples (+) atua como molde para uma DNA-polimerase RNA-dependente do vírion (transcriptase reversa). A seguir, o DNA é integrado no DNA cromossômico do hospedeiro, onde pode permanecer por um longo perírodo de tempo. A exemplo do DNA cromossômico, a transcrição do DNA viral integrado é efetuada pelas RNA-polimerase da célula hospedeira. 
	O RNA dos vírus de fita simples de polaridade negativa (-RNA) não trasnporta seqüências de codificação para proteínas, o que só é feito pela sua fita complementar. Por conseguinte, esses vírus devem utilizar uma estratégia diferente para a formação do RNA mensageiro. Nesse caso, o genoma é replicado por um RNA intermediário de fita simples (+) que, a seguir, serve de molde para a síntese de mais RNA genômico de fita simples (-). Como as células dos mamíferos não possuem enzimas que utilizam o RNA como molde para a formação de RNA, os vírus que empregam essa estratégia devem conter uma RNA-transcriptase em seu vírion, a qual é traduzida na célula do hospedeiro durante a infecção. 
Vírus dsRNA
	Nos vírus de RNA de fita dupla, à semelhança do DNA, a informção contida no RNA de fita dupla deve ser inicialmente copiada numa fita simples (+) de RNA para atuar como RNA mensageiro. Devido à presença dessa fita dupla, o RNA do vírion não pode funcionar direntamente como mRNA (apesar de possuir uma fita [+]). Os vírus com genoma de RNA de fita dupla contêm uma RNA-transcriptase codificada pelo vírus que transcreve os RNA de fita simples (+) a partir das fitas (-) do genoma viral. O genoma de RNA de fita dupla é sempre encontrado na forma de segmentos, cada um dos quais resulta em um mRNAindividual.
	Há vírus de RNA que se replicam através de um intermediário de DNA. Os retrovírus (como o HIV) contêm RNA de fita simples (+), porém utilizam uma estratégia peculiar de replicação, que utiliza um intermediário de DNA. O RNA viral de fita simples (+) atua como molde para uma DNA-polimerase RNA-dependente do vírion (transcriptase reversa). A seguir, o DNA é integrado no DNA cromossômico do hospedeiro, onde pode permanecer por um longo período de tempo. A exemplo do DNA cromossômico, a transcrição do DNA viral integrado é efetuada pelas RNA-polimerases da célula hospedeira.
Vírus DNA 
	Em geral, os vírus que contêm DNA sintetizam o mRNA utilizando estratégias semelhantes às das células eucarióticas. Nas células infectadas por papovavírus (por exemplo, vírus de verrugas), adenovírus e herpesvírus, a transcrição do DNA viral em mRNA ocorre no núcleo da célula do hospedeiro e depende de enzimas da própria célula hospedeira. No caso dos papovavírus (por exemplo, vírus símio oncogênico, denominado SV40), as proteínas iniciais produzidas após a infecção são denominadas antígenos T (antígenos tumorais). Por serem as primeiras proteínas virais a serem sintetizadas, os antígenos T são também denominados proteínas iniciais. Alguns antígenos T intensificam a replicação do DNA através de sua ligação próximo ao sítio de iniciação da replicação do DNA. Subsequentemente, ocorre transcrição dos mRNA que codificam os polipeptídios do capsídeo (proteínas tardias). No vírus SV40, os mRNA iniciais originam-se apenas de uma das duas fitas do DNA viral (denominada fita I ou fita Inicial), enquanto os mRNA tardios provém da outra fita ( a fita T ou Tardia). 
	Os mRNA individuais para a síntese de proteínas tanto iniciais quanto tardias frequentemente correspondem a sequência do DNA viral (exons), separadas por seqüências espaçadoras denominadas introns. Os produtos de transcrição consistem em moléculas de RNA cuja seqüência é idendtica à do DNA. A seguir, essas moléculas de mRNA imaturas são amplamente clivadas e emendadas, o que remove os introns intervenientes. Em muitos vírus, os mRNA são sintetizados a partir de regiões superpostas do DNA viral. Essa redundância diminui a quantidade de DNA viral necessária para codificar algumas proteínas virais e fornce outro exemplo de economia genética entre os vírus.
1.3.5 Maturação ou montagem dos vírions e liberação da célula hospedeira
	Após terem sido sintetizados, as proteínas e o ácido nucléico viral têm de ser unidos para formar partículas virais maduras, processo geralmente chamado de maturação viral, e liberados das células hospedeiras. A montagem dos vírus sem envoltório e do núcleocapsídio dos vírus com envoltório frequentemente ocorre por auto-organização dos capsômeros virais em arranjos semelhantes a cristais. Uma vez formado, o capsídeo é preenchido com ácido nucléico viral para produzir um virion viável.
	Em geral, os vírions sem envoltório são liberados quando ocorre a lise da célula. Os eventos que levam à ruptura da célula incluem inibição da síntese de macromoléculas e lipídios da célula hospedeira, desorganização do citoesqueleto e alteração da estrutura da membrana da célula hospedeira.
	Tipicamente, os vírus com envoltório são liberados das células infectadas por brotamento. Esse processo pode ou não ser letal para a célula. Em todos os casos, as proteínas específicas do vírus inseridas nas membranas da célula hospedeira deslocam alguns de seus componentes protéicos normais, resultando na reestruturação da membrana.
1.4 Infecção latente
	Quando um vírus infecta uma célula e não há produção de partículas virais infecciosas, esta infecção é definida como infecção latente. Alguns vírus animais (herpesvírus, adenovírus, etc) podem integrar seu genoma ao da célula hospedeira, dando origem a infecções latentes. O genoma viral integrado ao genoma celular é chamado provírus.
1.5 Agentes subvirais ou vírus defeituosos
	Alguns agentes infecciosos apresentam algumas características gerais de vírus, mas por outro lado são estruturalmente mais simples. Duas dessas entidades são as que assumem maior importância na atualidade: prions e viróides.
	Os prions (proteína infecciosa) são agentes transmissíveis contstituídos, provavelmente, apenas de um tipo de proteína, sem ácido nucléico. Eles causam doenças neurodegenerativas, fatais, de progressão lenta. Atualmente, este agente infeccioso tem se tornado muito conhecido por causar uma epidemia no gado inglês, encefalopatia espongiforme de bovinos (BSE) ou a síndrome da vaca louca.
	Os viróides são moléculas pequenas(300 a 400 nucleotídeos de comprimento) de RNA simples fita, circular, sem nenhuma forma de capsídeo. Isto é, o viróide é constituído apenas de RNA, que aparentemente não codifica nenhuma proteína. Portanto, o viróide é completamente dependente das funções celulares para a sua replicação. Os viróides replicam-se em algumas espécies de plantas, causando doenças provavelmente por interferência no metabolismo de regulação gênica da célula hospedeira. 
1.6 Nomenclatura e classificação dos vírus
	Os vírus, seguindo regras próprias, não se classificam de acordo com os princípios de classificação científica utilizados para plantas e animais. Os critérios mais importantes para a classificação dos vírus são: morfologia da partícula viral e tipo de ácido nucléico. De acordo com a simetria do cápside, os vírus podem ser classificados em virions icosaédricos ( polígono de 20 faces triangulares, 12 vértices e 30 arestas, que apresenta três eixos de simetria), virions helicoidais (os capsômeros dispõem-se em torno do ácido nucléico, de acordo com uma estrutura em forma de hélice) e virions de estrutura complexa (os que não podem ser classificados como icosaédricos ou helicoidais). Outros critérios incluem o tamanho, as características físico-químicas, as proteínas virais, os sintomas da doença, a antigenicidade e outras. Uma das classificações possíveis, usada por alguns autores, e fundamentada nas características do genoma viral é a seguinte:
a) Classe I - DNA de banda (ou fita) dupla. 
b) Classe II - DNA de banda simples. 
c) Classe III - RNA de banda dupla. 
d) Classe IV - banda simples de RNA positivo.
e) Classe V - banda simples de RNA negativo.
f) Classe VI - banda simples, positiva, de RNA, com DNA como intermediário na formação das proteínas. 
g) Classe VII - banda dupla de DNA com um RNA intermediário na replicação. 
	No esquema universal desenvolvido pelo Comitê Internacional de Taxonomia dos Vírus (International Committee on Taxonomy of Viruses – ICTV), as características dos vírus são consideradas como critérios para agrupá-los em ordens (virales), famílias (viridae), em alguns casos, subfamílias (virinae), gêneros (vírus) e espécies ( nome do vírus em inglês). A nomenclatura de vírus e de agentes subvirais é independente de outras nomenclaturas biológicas, e são reconhecidas como exceção no Código Internacional de Bionomenclatura. Assim, a classificação dos vírus não utiliza os termos binomiais em latim, empregados para outros organismos.
	Os nomes de ordens, famílias, subfamílias, gêneros e espécies aprovados pelo ICTV são escritos em itálico com a primeira letra maiúscula. Os nomes ainda não aprovados são apresentados entre aspas, em tipo comum. Os nomes tentativos de espécies, estirpes, sorotipos, genótipos e isolados são impressos em tipo comum. A tabela abaixo exemplifica o enunciado acima:
	Família 
	Gênero
	Espécie Tipo
	Simetria do capsídeo
	Ácido nucléico
	Doença ou vírus de importância médica
	Subfamília
	
	Herpesviridae
Alphaherpes-virinae
	
Simplexvirus
	
Human herpesvirus 1
	
Icosaédrica
	
ds-DNA
	
Herpes simplex 1 e 2
	Togaviridae
	Rubivrus
	Rubella virus
	Icosaédrica
	ss-RNA
	Vírus da rubéola
	Retroviridae
Orthoretrovirinae
	
Lentivirus
	
Human immunodeficiency virus 1
	
Icosaédrica
	
DNA e RNA com transcriptase reversa
	
HIV1 e HIV2
	Hepadnaviridae

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